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Índice

Introdução........................................................................................................................................2
A introdução ao pensamento geográfico.........................................................................................3
Evolução do pensamento geográfico...............................................................................................3
Pré-história da geografia..............................................................................................................3
A geografia na Antiguidade Clássica...........................................................................................3
Época grega..............................................................................................................................3
Época romana...........................................................................................................................4
A geografia na idade média.........................................................................................................4
A geografia no renascimento.......................................................................................................5
A geografia na era moderna.........................................................................................................6
As grandes correntes geográficas.................................................................................................6
Corrente determinista ou determinismo geográfico.................................................................6
Corrente possibilista ou possibilismo geográfico.....................................................................6
Corrente corológica..................................................................................................................7
Método de estudo do possibilismo...........................................................................................7
Criticas do possibilismo geográfico.........................................................................................7
Método do determinismo..........................................................................................................8
Contribuição e aplicação do determinismo..............................................................................8
Conclusão........................................................................................................................................9

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Introdução
O presente trabalho tem o objectivo de apresentar um breve estudo sobre a história do
pensamento geográfico, especialmente, apontar as principais características das fundamentais
correntes de pensamento.

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A introdução ao pensamento geográfico
Evolução do pensamento geográfico
À semelhança do que aconteceu noutras áreas do conhecimento científico, a evolução da
geografia reflectiu e acompanhou as progressivas transformações operadas na sociedade.
Desde a criação do termo pelos gregos, durante o período da Antiguidade Clássica, ate meados
do século XIX, apenas se podia falar de um pensamento com incidência geográfica. Só nos
meados do século XIX, é que a geografia adquire o estatuto de ciência autónoma, concretizando-
se a sua institucionalização em 1870.

Pré-história da geografia
Com o aparecimento da humanidade, surgiram os primeiros sinais de preocupação quanto à
distribuição dos fenómenos. Cruz (1990) e Ferreira e Simões (1992) referem que as migrações
dos antigos nómadas, motivadas pelas alterações climáticas, pela procura de alimentos ou pelas
actividades guerreiras, motivada pela curiosidade de obtenção lucro.
A história da exploração da superfície terrestre iniciou-se muito antes da Grécia Antiga. Com
efeito, os achados pré-históricos, como, por exemplo, as pinturas rupestres, utensílios diversos,
esqueletos, entre outros, indiciam vestígios da presença humana em todas as partes do globo.
O mapa mais antigo que se conhece data de 2500 a.C. e foi desenhado numa placa de argila. Foi
descoberto durante as escavações da cidade de Ga Sur, a 300 quilómetros a norte da Babilónia.
Foram ainda encontradas outras placas com a representação de povoações ou de toda a babilónia,
o que sugere a importância da cartografia na Antiguidade Clássica.

A geografia na Antiguidade Clássica


Época grega
É igualmente justo afirmar que a geografia surgiu logo após o nascimento do homem. Com
efeito, considera-se que os gregos foram os organizadores e sistematizadores de um conjunto de
informações e anotações de carácter geográfico que ainda hoje tem impacto na vida da
humanidade.
Este era mais pequeno e estava confinado às regiões litorais dos três continentes, que se
encontravam bordejadas pelo mar mediterrâneo, nomeadamente, a parte meridional da Europa, o
Sudoeste da Ásia e a zona setentrional de África.
Um dos factores que contribuíram largamente para que os gregos da antiguidade clássica se
impusessem foi sua localização geográfica privilegiada no mundo de então, o que permitiu a sua
expansão política, militar e comercial para outros territórios.
Estes conhecimentos foram registados nos périplos, antigos documentos de natureza geográfica
contendo relatos, itinerários e esquemas onde se descreve de forma pormenorizada o trajecto das

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viagens efectuadas a um cabo, a um porto ou a outro local qualquer da costa, no mundo
anteriormente conhecido.
Foi então que surgiram e se desenvolveram duas vias no que se refere à maneira de pensar e de
estudar a geografia, nomeadamente:
 A via descritiva, regional, que assenta nas características das paisagens, nas
particularidades dos habitantes e nas respectivas civilizações;
 A via matemática, que se baseia na localização precisa dos lugares e que conduziu à
produção de cartas geográficas e à busca de explicações para a influencia que a forma da
terra exerça nos diferentes climas (Cruz, 1990).
Os primeiros pensadores gregos foram determinantes para o surgimento do espírito geográfico.
Destacam-se os seguintes:
 Heródoto (482-425 a.C.) – natural de Halicarnasso, é considerado o pai da história,
contextualizando sempre geograficamente os conhecimentos históricos adquiridos.
 Eratóstenes (276-196 a.C.) – foi o primeiro filósofo a autonomizar-se geógrafo, alem de
poeta, foi matemático e geómetra;
 Hiparco (190-126 a.C.) – é o astrónomo mais notável da Antiguidade.
Época romana
Os romanos compilaram e desenvolveram os conhecimentos geográficos dos gregos, de entre os
quais podemos destacar:
 Estragão (64 a.C-21 d.C.) – historiador e viajante, elaborou a obra geografia;
 Ptolomeu (90-168bd.C) – considerado o último dos grandes geógrafos da Antiguidade,
foi também astrónomo e matemático e autor de várias obras, destacando-se de entre estas
Geographike Syntaxis.

A geografia na idade média


A idade média, também conhecida por idade das trevas, é marcada pelo recuo do conhecimento
científico na Europa. Isto deveu-se à influência e predominância das explicações religiosas sobre
as explicações científicas, de tal modo que as respostas às questões colocadas pelos estudiosos
deixaram de ser dadas pela ciência e passaram a ser dadas pela bíblia.
Embora na idade média o conhecimento geográfico tenha conhecido uma relativa estagnação na
Europa ocidental, confinado ao domínio eclesiástico, foram produzidos os mapas OT (orbis
terrarum).
O povo árabe adoptou os conhecimentos greco-romanos e aperfeiçoou-os, traduzindo do grego a
obra de Ptolemeu. Destacam-se também os viajantes árabes Al-Idrisi e Ibn-Batutha que
contribuíram para o desenvolvimento do conhecimento geográfico e da cartografia.

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O desenvolvimento da navegação marítima conduziu ao abandono da cartografia religiosa e ao
regresso à cartografia real e utilitária. Surgiram, então, os mapas portulanos, que introduziram a
rosa-dos-ventos, onde se procurava assinalar com exactidão os acidentes geográficos, como, por
exemplo, cabos, baias e rios.

A geografia no renascimento
As grandes descobertas marítimas realizadas entre os séculos XV e XVI, os descobrimentos,
contribuíram para a recuperação do pensamento geográfico clássico. Tais descobertas deveram-
se essencialmente à utilização da bússola e do astrolábio. Assim os factores de natureza
cientifica, motivados pela influencia da ciência grega e por Ptolemeu, existiram outros que
contribuíram para que os descobrimentos se concretizassem e que passaremos a enunciar:
 Factores de natureza técnica – estão relacionados com o desenvolvimento da
navegação marítima e da astronomia, nomeadamente a navegação em alto-mar com a
utilização da caravela, pois a vela triangular permitia navegar contra o vento, da bússola,
do astrolábio e dos portulanos, que substituíram os périplos;
 Factores de natureza comercial – a procura de novas rotas ou caminhos para a
promoção de trocas comerciais;
 Factores de natureza religiosa – a propagação do cristianismo.
Os descobrimentos são essencialmente obra de povos costeiros europeus, destacando-se
inicialmente os Portugueses e os Espanhóis, em seguida os Franceses, os Ingleses e os
Holandeses. Os mais notáveis dos descobrimentos foram:
 Cristóvão Colombo, que descobriu um novo continente – a América (1492);
 Vasco da Gama, que descobriu o caminho marítimo para Índia, contornando o continente
africano 1479-1498);
 Pedro Alvares Cabral, que descobriu o Brasil (1500);
 Fernão de Magalhães, que fez a primeira viagem de circum-navegação à volta da terra
(1519-1522).
Considera-se que obra de Ptolemeu encerra a primeira etapa do desenvolvimento da geografia,
uma vez que a execução de mapas entrou em declínio ate ao século XIV.
Bernardo Vrenio (1620-1658), em 1650, através da sua obra geografia geral, apresenta a
estrutura da geografia como disciplina científica. Distingue claramente dois ramos da geografia:
a geografia geral e humana.
Entre os séculos XVII e XIX, observa-se um amplo movimento de exploração dos oceanos, de
produção de material cartográfico, de desenvolvimento das ciências físicas e naturais e das
ciências do homem, que vão preparando o caminho para a emergência e desenvolvimento da
geografia moderna.

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No século XVIII, destacam-se as viagens de James Cook e a expedição de La Perousse no
oceano Pacifico. O século XIX é considerado o século das expedições ao interior dos
continentes, marcando profundamente o desenvolvimento do conhecimento geográfico.
Kant (1724-1804) foi um filósofo na ciência contemporânea e também foi professor de
geografia. Ao estudar a classificação e a separação das ciências, apresentou a divisão das
mesmas da seguinte forma: ciências sistemáticas (biologia, geologia e outras), ciências históricas
e ciências geográficas.

A geografia na era moderna


Na era moderna, a geografia deixou de ser descritiva e começou a apresentar explicações para os
fenómenos e favos geográficos. Os principais fundadores da geografia moderna são:
 Alexandre Von Humboldt (1769-159) – naturalista e geógrafo alemão, era dotado de
um excelente sentido de observação e foi autor da obra Cosmos;
 Karl Ritter (1779-1859) – professor universitário, relacionou a história e a geografia.
Com Humboldt e Ritter foram fixados os objectivos da geografia moderna, nomeadamente:
 Determinar as relações entre os três estados da matéria: gasoso, líquido e sólido e a sua
evolução;
 Localizar fenómenos na sua extensão e dimensão espacial;
 Encarar a natureza e os seus fenómenos na sua diversidade, realidade, extensão e
conexão, e não como algo morto.

As grandes correntes geográficas


Corrente determinista ou determinismo geográfico
Entre os finais do século XIX e os princípios do século XX, surge pela primeira vez a explicação
do comportamento humano em função da acção do ambiente.
A corrente geográfica proposta por Frederico Ratzel (1844-1904), na sua obra intitulada
Antropogeografia (geografia humana), defende que o meio natural exerce uma acção dominadora
sobre o homem, transformando-o num ser passivo perante a natureza e determinando as suas
condições de vida. Ratzel, influenciado por Darwin (teoria da evolução), aplica a sociedade
humana os conceitos biológicos da teoria evolucionista.
Corrente possibilista ou possibilismo geográfico
Esta concepção geográfica surgiu no final do século XIX, fruto da filosofia historicista, e foi
exposta por Paul Vidal de La Blache (1845-1918), em oposição ao determinismo. Vidal é
considerado o pai da escola geográfica francesa.

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A essência desta corrente assenta nos seguintes pressupostos:
 O homem é um elemento activo no meio natural;
 O homem é capaz de reagir contra determinadas influências do meio, modificando-o e
adaptando-o as suas necessidades;
 A geografia devia continuar a estudar a relação Homem-Meio, mas enquanto relação
biunívoca, ou seja, considerando que as relações entre o homem e a natureza são
recíprocas.
Para La Blache, o homem modifica o meio adaptando-o as suas necessidades. Os possibilistas
defendem o estudo do meio natural, pois o relevo, o clima, a vegetação, entre outros objectos
físico-geograficos, continuam sendo elementos privilegiados da investigação geográfica.
Corrente corológica
É uma concepção geográfica que começa a desenhar-se na Antiguidade e que adquire alguma
consistência no século XIX, com Alfred Hettner (1859-1941), Hettner é o precursor do conceito
de geografia como ciência que estuda a diferenciação regional. Este defende que a geografia
possui uma dimensão corológica ou espacial, tal como, por analogia, a história possui uma
dimensão temporal.
A concepção corológica advoga que o ambiente não determina a vida do homem vice-versa, mas
influencia nas inter-relações dos fenómenos existentes no espaço.
Método de estudo do possibilismo
O possibilismo deu muita importância ao método historicista e indutivo analítico. Por isso, Vidal
de La Blache estruturou o seu estudo na análise do meio físico, segundo pelo estudo das formas
de ocupações e finalmente o impacto da integração do homem no seu habitat.
Para Vidal de La Blache e observação, localização e interpretação de cada paisagem com ajuda
do método historicista e o seu resultado conduzem a elaboração demográfica que resultam as
regiões vidalianas.
Criticas do possibilismo geográfico
Vários círculos científicos opuseram-se ao possibilismo geográfico, particularmente na gestão de
criar dois objectos de estudo para a geografia e por negar a formulação de leis gerais mesmo para
os fenómenos físicos.
Por outro lado, critica-se no possibilismo o facto de prestar mais atenção a análise das zonas
rurais em desabrimentos das cidades numa altura em que a cidade já era o pólo de
desenvolvimento da humanidade.
Consideram os críticos do possibilismo que os seus estudos têm oposição ideológica, ameaçaram
a unidade da geografia.

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Método do determinismo
A corrente determinista foi muito marcada pelos métodos comparativos, apoiando-se nos
princípios da casualidade e de extensão, recorrendo a explicação dedutiva-comparativa, para
formação de leis e verificação das relações causa-efeito.
Contribuição e aplicação do determinismo
As ideias de Frederico Ratzel tiveram eco nos círculos científicos e políticos da Europa e da
América do Norte, particularmente os políticos, que encontraram na base teórica a justificação
do expansionismo colonial, ao defender que os estados fortes deviam aumentar os seus espaços a
custa dos estados fracos; as raças fortes deviam dominar as fracas e submeter povos tropicais a
dominação colonial, expandindo assim a civilização europeia de orientação cristã.
Embora pode se fazer várias criticas ao determinismo geográfico, é lícito que se destaque algum
mérito para esta teoria na medida em que permitiu:
 Manter a unidade entre a geografia física e humana;
 Sistematizar a geografia e criar um objecto único da geografia;
 Garantir o cientismo e unidade de geografia;
 Estabelecer que as relações Homem-Meio são básicas para a análise geográfica e
formulação de leis gerais para Geografia.

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Conclusão
Este trabalho teve como objectivo abordar o processo de desenvolvimento do pensamento
geográfico e suas principais correntes. Conforme pudemos verificar, a Geografia tem sua história
que data desde o surgimento do homem na face da Terra, e não apenas quando ela surge
enquanto ciência no século XIX, na Europa.

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