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Moçambique até ao
Século XV
Curso de Licenciatura em Ensino de História
Departamento de História
Universidade Pedagógica
Rua João Carlos Raposo Beirão nº 135, Maputo
Telefone: (+258) 21-320860/2 ou 21 – 306720
Fax: (+258) 21-322113
Primeira Edição
© Todos os direitos reservados. Não pode ser publicado ou reproduzido em nenhuma forma ou meio – mecânico ou
eletrónico- sem a permissão da Universidade Pedagógica.
Índice
Visão Geral do Módulo 1
Ícones de Actividades 4
Lição n° 1 11
As Fontes históricas do período anterior ao século XV.................................................. 11
Lição n° 2 16
A Arte Rupestre em Moçambique .................................................................................. 16
Lição n° 3 39
As Comunidades de Caçadores e Recolectores .............................................................. 39
Lição n° 4 42
Os povos pré-Bantu, os KhoiSan .................................................................................... 42
Lição n° 5 47
A caça e a recolecção como actividades dominantes...................................................... 47
Lição n° 6 50
Organização social das comunidades de caçadores e recolectores ................................. 50
Lição n° 7 53
As manifestações culturais dos Khoisans ....................................................................... 53
Lição n° 8 61
O processo migratório e a fixação Bantu ........................................................................ 61
Lição n° 9 69
Teorias e rotas da expansão Bantu na África Austral e Oriental .................................... 69
Lição n° 10 75
A fixação dos povos de línguas bantu: Da economia de caça e recolecção à economia
agrícola............................................................................................................................ 75
Lição n° 11 79
Relação e contactos entre os agricultores e as comunidades de caçadores e
recolectores ..................................................................................................................... 79
Lição n° 12 82
Consequências do povoamento Bantu ............................................................................ 82
Lição n° 13 87
A Sistematização da Agricultura e o seu impacto social em Moçambique .................... 87
Lição n° 14 93
Os Grupos Étnicos de Moçambique ............................................................................... 93
Unidade 4: Formação dos Primeiros Estados de Moçambique e o comércio com os árabes (séc.
IX a XV) 103
Lição n° 15 105
O Estado do Zimbabwe................................................................................................. 105
Lição n° 16 110
O Estado de Monomotapa............................................................................................. 110
Lição n° 17 115
O Estado do Monomotapa: A economia e a cultur ....................................................... 115
Lição n° 18 120
O comércio no litoral de Moçambique e o seu impacto ............................................... 120
1
Objectivos do Módulo
Quando terminar o estudo do Módulo de História de Moçambique
até ao século XV você deverá ser capaz de:
Estrutura do Módulo
O módulo está organizado em unidades de aprendizagem. Cada unidade tem uma
introdução, objectivos de aprendizagem, auto-avaliação da unidade e resumo.
Cada unidade está organizada em lições. Cada lição tem uma Introdução, a
indicação do que deverá aprender (Objectivos), o conteúdo a ser estudado, as
Actividades de aprendizagem, Exercícios, questões de debate, orientações para
a tomada de notas e outros elementos que variam em cada módulo. No fim de
cada lição encontra uma proposta de Auto-avaliação e Comentários tanto para a
Auto-avaliação como para as Actividades e Exercícios para lhe ajudar a verificar
e orientar a sua aprendizagem.
Este módulo é constituído por quatro unidades de aprendizagem que, por sua vez
estão subdivididas em lições, distribuídas da seguinte forma:
2
Unidade Lições Tempo
previsto
1. A problemática das 1ª As fontes históricas do período anterior
Fontes da História de ao século XV;
Moçambique no 2ª A Arte Rupestre em Moçambique. 10h
período anterior ao
século XV
2. Moçambique no 1ª As comunidades de caçadores e recolectores;
período de Caçadores 2ª Os povos pré-Bantu, os Khoisans;
e Recolectores 3ª A caça e a recolecção como actividades
dominantes; 15h
4ª Organização social dos caçadores e
recolectores;
5ª As manifestações culturais dos Khoisans.
3. O Povoamento de 1ª O processo migratório e a fixação Bantu;
Moçambique e os 2ª Teorias e rotas da expansão Bantu para a
Primeiros Estados África austal e oriental;
Bantu (séculos III/IV- 3ª A fixação dos povos de línguas bantu: da
XV) economia de caça e recolecção para a
economia agrícola;
4ª Relação e contactos entre agricultores e 35h
as comunidades de caçadores e
recolectores;
5ª Consequências do povoamento bantu;
6ª A Sistematização da Agricultura e o seu
impacto social em Moçambique;
7ª Os Grupos Étnicos de Moçambique.
4. Formação dos 1ª O Estado do Zimbabwe;
primeiros estados em 2ª O Estado do Monomotapa;
Moçambique e o 3ª O Estado do Monomotapa: a economia e
20h
comércio com os a cultura;
árabes (Sécs. IX a 4ª O comércio no litoral de Moçambique e
XV) o seu impacto.
3
A quem se destina o Módulo
Este Módulo foi concebido para os estudantes da Universidade
Pedagógica inscritos no 1º ano do Curso de Licenciatura em Ensino
de História na modalidade de Ensino á Distancia. Poderá ocorrer,
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus
conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos.
Avaliação
Ao longo deste módulo encontrará várias tarefas que acompanham o seu estudo.
Tente sempre realizá-las.
Para além das tarefas de auto-avaliação você será avaliado através da realização
de trabalhos individuais e de grupo, dois testes escritos e um exame no fim do
estudo do módulo. A data e local de realização do exame serão indicados pelos
seus tutores.Vamos iniciar pelo estudo da problemática das fontes da história de
Moçambique para o período anterior ao século XV. A fraca produção de
documentos escritos e a debilidade das pesquisas arqueológicas fazem com que
o estudo deste período seja feito com algumas dificuldades.
Ícones de Actividades
4
que a figura representa e a descrição do que cada um deles indica no
módulo:
[peneira]
[colher de pau com
[enxada em actividade] alimento para provar]
4. Exemplo/estudo de 5. Debate 6. Trabalho em grupo
caso
[Jogo Ntxuva]
[fogueira] [mãos unidas]
7. Tome nota/Atenção 8. Objectivos 9. Leitura
[sol]
[embondeiro]
5
13. Terminologia 14. Video/Plataforma 15. Comentários
Glossário
[Dicionário] [computador]
[Balão de fala]
6
11. Tempo – O sol indica o tempo aproximado que deve dedicar á
realização de uma tarefa ou actividade, estudo de uma unidade ou
lição.
12. Resumo – Representado por pessoas sentadas à volta da fogueira
como é costume fazer-se para se contar histórias. É o momento de
sumarizar ou resumir aquilo que foi tratado na lição ou na unidade.
13. Terminologia/Glossário – Representado por um livro de consulta,
indica que se apresenta a terminologia importante nessa lição ou
então que se apresenta um Glossário com os termos mais
importantes.
14. Vídeo/Plataforma – O computador indica que existe um vídeo para
ser visto ou que existe uma actividade a ser realizada na plataforma
digital de ensino e aprendizagem.
15. Balão com texto – Indica que existem comentários para lhe ajudar a
verificar as suas respostas às actividades, exercícios e questões de
auto-avaliação.
7
Conteúdos A problemática das
Fontes da História de
Moçambique no período
anterior ao século XV
UNIDADE
Lição n° 1
As Fontes históricas do período anterior ao
século XV ............................................................................. 11
Lição n° 2
A Arte Rupestre em Moçambique ............................ 16
16
11
1
Pág. 10 - 35
9
Introdução
O período mais antigo da História de Moçambique corresponde à fase das
comunidades de caçadores e recolectores, os Khoisan ou, também designados de
pré-bantu. São poucos os dados para uma recuperação integral da história desse
primeiro período. Das fontes históricas para este período tão recuado somente a
arqueologia é compatível com a natureza das evidências encontradas.
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
10
Lição n° 1
As Fontes históricas do período anterior ao século XV
Introdução
Esta lição aborda as dificuldades de fontes para este período da
História de Moçambique, devido, principalmente, a escassez de
registos escritos sobre as primeiras comunidades. O recurso a outras
ciências, como a arqueologia, a geografia, constitui uma das
alternativas para complementar os conhecimentos sobre este período
mais antigo da história de Moçambique.
Tempo
11
parece a mais apropriada para reconstituir a história de
Moçambique anterior ao século XV?
12
São fontes arqueológicas, apesar da sua escassez. Não há fontes
orais sobre este período remoto.
13
Fonte: Arte rupestre. Macua org. https://Portal do professor.
14
arqueológicas são escassas e dispendiosas e ainda não foi feito um
trabalho mais sistemático sobre as fontes arqueológicas que
poderiam ajudar a reconstituir a história mais antiga. A partir do
século IX, já há uma recorrência aos documentos escritos persas e
árabes que fazem referência a algumas regiões de Moçambique,
principalmente ao longo da costa oriental.
Auto-avaliação
1. Elabore um quadro com as principais pinturas rupestres,
distribuidas pelas províncias de Moçambique.
2. Explique as razões da escassez de fontes históricas sobre o
período anterior ao século XV.
15
Lição n° 2
A Arte Rupestre em Moçambique
Introdução
No prosseguimento do estudo sobre as fontes da história de
Moçambique anterior ao século XV, vamos estudar a arte rupestre
em Moçambique. Já fizemos referência a esta arte como uma das
possibilidades para estudar o modo de vida e características dos
povos que habitaram a região de Moçambique antes do século XV.
Tempo
16
Fonte: Arte rupestre. https://Portal do professor
http://macua.org/rupestre/foto20.html
http://macua.org/rupestre/foto16.html
17
da Costa Namíbia (Oeste) e o segundo estilo localiza-se entre o
Transvaal central ao Malawi, sendo neste estilo onde se enquadra a
arte rupestre de Moçambique.
18
A primeira referência às pinturas rupestres em Moçambique data de
1721, pelo então prelado de Moçambique, na Academia Real da
História em Lisboa. Em 1905, Portugal Durão voltaria a falar da
existência de pinturas entre o Limpopo e o Niassa. Entretanto,
atribuía aos fenícios, uma acção que estava ligada ao pensamento
eurocentrista da época, que nada podia admitir que os africanos eram
capazes de desenvolver uma arte com uma maior abstracção. Carl
Wiese terá também descoberto as pinturas em Chifumbaze,
entretanto seria Mendes Correia que em 1926 atribuiria as pinturas
rupestres aos Bosquímanos. Na mesma altura, Santos Júnior iria
também descobrir pinturas rupestres no Norte de Moçambique. Nos
anos 50/60 seriam levados a cabo estudos por Roza Octávio de
Oliveira principalmente no norte da Moçambique.
19
sociedades de agricultores. Cada tipo de pintura está associado a um
tipo específico de infra-estrutura económica.
20
Para eles, desenhavam o que gostariam de obter (por exemplo
mulher bonita) ou que um objecto poderia ser obrigado a actuar
conforme os desejos do artista. Aliás, entre os nativos não se conhece
o significado e a finalidade bem como quem as fez, atribuindo-as às
forças sobrenaturais ou a antepassados anões. Por causa disso
desenvolvem-se como locais de cultos colectivos ou individuais.
21
A grandiosidade de alguns murais (alguns são de tamanho
excepcionalmente grande, como por exemplo o de Campote em
Nampula) aventa-se que elas foram o resultado de uma obra
colectiva (dado que a sua execução só podia ser o resultado da
colaboração dos membros) e devia servir para legar algo ou deixar
um retrato para a posteridade.
Os Seus Criadores
Não só pintavam nas rochas lisas, como também nas paredes e tectos
dos abrigos ou cavernas sob rochas. A opinião de que os homens
começaram a decorar as paredes dos seus abrigos como meio de
expressão embelezando a sua casa ou apenas para passar o tempo
para repouso forçado, é hoje aceite por muitos historiadores.
22
O Significado da Arte Rupestre
23
frequentemente dando impressão de terem carregado bolsas de
couro, provavelmente, destinadas ao transporte de alimentos para o
acampamento.
Além dos locais que se podem citar nos diferentes pontos do mundo,
em Moçambique foram igualmente executadas pinturas rupestres em
muitos locais, que nos servem de mais um testemunho sobre a nossa
história desde a comunidade primitiva como são:
1-Pintura de Mavitas
24
2- Pinturas de Chinhamapere
Fonte: http://www.macua.org/rupestre/rupestre04.html
25
área de 3 m2 que enquadra as manifestações artisticas com duas
sobre-posições distintas(Ibd).
3- Pinturas de Chifumbaze
26
4- Pinturas de Chicolone
Fonte: http://www.macua.org/rupestre/rupestre04.html
27
5-Pinturas de Riane
Fonte: http://www.macua.org/rupestre/rupestre04.html
6- Pinturas de Campote
28
7-Pinturas de Monte Molembwé, Lussembague e Lua
1
Na óptica de Marques de Oliveira significa muitos escritos na pedra.
29
Figura 6: Pintura rupestre da caverna francesa de Font-du-Gaume
Fonte: https://fr.wikipedia.org/
30
9. Outras Pinturas Rupestres de Moçambique
Fonte: http://www.macua.org/rupestre/rupestre04.html
31
representação de figuras humanas e de animais idênticos aos
existentes nas pinturas do Zimbabwé.
Fonte: : http://www.macua.org/rupestre/rupestre04.html
32
As pinturas realizadas pelos bosquimanos são idênticas em assunto,
técnica e desenho ás dos homens pré-históricos aurignacianos das
cavernas da Espanha e França (Roza, s/d).
Resumo da Lição
As pinturas rupestres constituem uma das fontes usadas para a
reconstituição da história mais antiga de Moçambique. A sua
representação revela aspectos económicos, sociais e mágico-
religiosos de cada complexo social.
Auto-avaliação
1. Com recurso a bibliografia recomendada, identifique os locais
de pinturas rupestres em Moçambique.
2. Explique a importância dessa arte para a reconstituição da
História de Moçambique.
3. Estabeleça uma relação entre as representações das pinturas
rupestres e as actividades das comunidades mais antigas que
habitaram a região de Moçambique.
33
Leituras complementares
Para consolidar o que aprendeu nesta unidade consulte as
seguintes obras:
34
2. Comentário da Auto-avaliação da lição 2:
Resumo da Unidade
Nesta unidade introdutória ao estudo da história de Moçambique
até ao século XV vimos a escassez de fontes escritas para estudar
este período. O recurso a fontes arqueológicas e a outras ciências
têm sido alternativas usadas para reconstituir a história desse
período. As pinturas rupestres, de grande valor arqueológico em
Moçambique constituem um dos recursos.
Auto-avaliação
Para verificar a sua aprendizagem do proposto neste unidade volte
a responder ás questões de auto-avalaição propostas em cada lição.
35
Conteúdos
Moçambique no período
dos primeiros Caçadores
e Recolectores
UNIDADE
Lição n° 3 39
As Comunidades de Caçadores e Recolectores39
2
Lição n° 4 42
Os povos pré-Bantu, os KhoiSan............................. 42
Lição n° 5 47
A caça e a recolecção como actividades
dominantes .......................................................................47
Lição n° 6 50
Organização social das comunidades de
caçadores e recolectores ......................................... 50
Lição n° 7 53
As manifestações culturais dos Khoisans .......... 53
Pág. 36 - 58
37
Introdução
A segunda unidade da História de Moçambique caracteriza o período
em que Moçambique era habitado predominantemente por grupos ou
comunidades de caçadores e recolectores. Essas comunidades são
consideradas como um dos mais primitivos habitantes do território
moçambicano.
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
Caracterizar as comunidades primitivas de caça e
recolecção (Khoisan).
Descrever os aspectos sociais e culturais dessas
comunidades
Explicar as formas de sobrevivência dos Khoisan, também
designados de ou pré-bantu.
38
Lição n° 3
As Comunidades de Caçadores e Recolectores
Introdução
Nesta primeira lição sobre as comunidades de caçadores e
recolectores vamos realçar a sobrevivência dos primeiros habitantes
do espaço moçambicano, com base em duas actividades; a caça e a
recolecção. Estas duas actividades constituem, nos tempos actuais,
recursos para as populações rurais do nosso país.
Tempo
Leia o texto:
39
Podemos considerar a caça e a recolecção como modos de
produção? Apesar de serem actividades básicas de subsistência
elas exigem um esforço e a utilização de instrumentos de
trabalho.
40
agricultura é uma actividade que requer a presença dos
agricultores, levando a sedentarização dos mesmos.
Resumo da Lição
A caça e a recolecção são as mais antigas actividades de
sobrevivência. Pelas suas características, estas duas actividades
impunham uma deslocação a procura de recursos oferecidos pela
natureza. Estes grupos populacionais eram nómadas ou semi-
nómadas, pois deslocavam-se a procura de frutos e animais. Para
o caso de Moçambique, estas actividades correspondem ao
período dos Khoisans.
Auto-avaliação
1. Explique a importância da caça e da recolecção para as
comunidades antigas.
2. Relacione estas duas actividades com o nomadismo que
caracterizava essas sociedades.
41
Lição n° 4
Os povos pré-Bantu, os KhoiSan
Introdução
Caro estudante!
Objectivos
Tempo
42
Moçambique faz parte duma região habitada por povos
anteriores aos bantu. Eram pequenas comunidades de caçadores
e recolectores, os Khoisans.
43
Os khoisans possuem o mais elevado grau de diversidade do ADN
mitocondrial de todas as populações humanas, o que indica que eles
são uma das mais antigas comunidades humanas. O seu
cromossomaY também sugere que, do ponto de vista evolucionário,
os khoisans se encontram muito perto da raiz evolutiva da espécie
humana2.
2
ADN mitocondial e cromossoma Y são categorias da genética, como ciência,
usadas para pesquisas relacionadas com a origem e antiguidade dos grupos
populacionais.
44
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Khoisan
45
Resumo da Lição
Os Khoisans são considerados como um dos habitantes mais
antigos de Moçambique, vivendo da caça e da recolecção. Estes
povos possuíam uma estrutura elementar que garantia a sua
sobrevivência.
Auto-avaliação
1. Caracterize a estrutura elementar de sobrevivência dos
Khoisans.
2. Explique as razões de se considerar que essas comunidades
estavam muito dependentes da natureza.
46
Lição n° 5
A caça e a recolecção como actividades dominantes
Introdução
A caça e a recolecção eram as principais actividades de
sobrevivência para os Khoisans. Nesta lição vamos aprender como
estas actividades eram realizadas.
Objectivos
Tempo
Leia o texto:
47
água. Eles caçavam e colectavam alimentos durante uma parte do
tempo.
Não havia fronteiras claras para áreas de terra nas quais os diferentes
grupos viviam, mas cada grupo defendia ferozmente a sua terra de
caça contra seus vizinhos. Estes grupos faziam seus instrumentos e
armas a partir da pedra. Assim, dizemos que estes africanos estavam
a viver na idade da pedra. Estes eram os San e os Khoikhoi. Os
desertos, montanhas e rios desta enorme parte do continente africano
cortou-lhes a comunicação com outros grupos de populações. Assim,
elas não adquiriram novos pensamentos que fariam mudar o seu
modo de vida para melhor. Como consequência, os Khoisan
continuaram a viver principalmente na idade da pedra.
48
A sobrevivência dos Khoisans era garantida pela natureza que
oferecia frutos, raízes, animais para a sua alimentação. A sua
dependência em relação à natureza era muito forte, pois eles não
produziam os seus alimentos. Apenas recolhiam o que a natureza
Comentários da actividade
oferecia, frutos, tubérculos, animais. Estas actividades ainda são
praticadas nos tempos actuais, mas elas são complementadas pela
agricultura, principal meio de produção de alimentos, e outras
actividades.
Resumo da Lição
A caça e a recolecção eram as principais actividades de
subsistência dos Khoisans. A sua sobrevivência estava muito
dependente do que a natureza oferecia. Pela natureza das suas
actividades de subsistência, os Khoisans eram nómadas.
Auto-avaliação
1. Descreva as actividades de subsistência dos Khoisans.
2. Explique a seguinte frase: A sua sobrevivência estava muito
dependente do que a natureza oferecia.
49
Lição n° 6
Organização social das comunidades de caçadores e recolectores
Introdução
Os Khoisans ou comunidades de caçadores e recolectores, pela
natureza das suas actividades de subsistência foram criando laços de
familiaridade e de distribuição de trabalho que caracteriza a sua
estrutura social. Com base nas suas actividades de subsistência esta
estrutura social era ainda embrionária e muito simples. O
nomadismo ou semi-nomadismo e as dificuldades de sobrevivência
não permitiam que os grupos fossem numerosos e coesos.
Objectivos
Tempo
50
Voltemos a olhar para a caça e a recolecção como base da sua
estruturação social.
Leia o texto:
Não havia fronteiras claras para áreas de terra nas quais os diferentes
grupos viviam, mas cada grupo defendia ferozmente a sua terra de
caça contra seus vizinhos. Alguns grupos possuiam manadas de
gado. Usualmente, matavam os seus animais não para comer, mas
para celebrar costumes e rituais importantes, como casamento.
Mantinham relações de troca de produtos com populações indígenas
e, mais tarde, com os europeus.
51
As mulheres faziam os trabalhos menos pesados como a recolha de
frutos, tubérculos, vegetais. A confecção das refeições poderia
também estar a cargo das mulheres, assim como os cuidados
reservados a crianças e velhos. As relações sociais começam a
delinear-se a partir das ocupações que cabiam aos homens e as
Comentários da actividade
mulheres.
Havia uma divisão do trabalho por sexo e por idade; as mulheres e
as crianças faziam a apanha de tubérculos, vegetais e frutos e os
homens caçavam. O vestuário era feito de peles de carneiro, gato
selvagem, e outros animais.
As condições geográficas da região dificultaram a comunicação
com outros grupos populacionais e fizeram com que os Khoisan
vivessem em comunidades fechadas e com fraco intercâmbio de
conhecimentos.
Resumo da Lição
Os Khoisans estavam organizados por laços familiares e dirigidos
por um chefe que organizava as actividades do grupo. As suas
actividades de caça e recolecção conduziram a uma divisão do
trabalho por sexo e por idade.
Auto-avaliação
1. Apresente, esquematicamente a organização social dos
Khoisans.
2. Explique a importância dum chefe para a realização das suas
actividades de subsistência.
52
Lição n° 7
As manifestações culturais dos Khoisans
Introdução
Ao finalizar a nossa unidade de aprendizagem sobre os habitantes
mais antigos de Moçambique, os Khoisans, que viviam da caça e da
recolecção, vamos estudar as suas manifestações culturais. Da sua
relação com a natureza e das suas necessidades de sobrevivência
estas comunidades foram criando e adoptando práticas culturais.
Objectivos
Tempo
53
Vamos, através do texto, explicar como foi a construção cultural
dos Khoisans:
54
Na definição de cultura pode recorrer a autores de referência na
área ou a consulta na internet. Repare que em cada momento
histórico a cultura tem os seus traços marcantes. As actividades de
subsistência levam a determinados comportamentos, valores e
Comentários da actividade
práticas.
Resumo da Lição
As manifestações culturais dos Khiosans estavam ligadas as suas
actividades de subsistência e a sua relação com a natureza. A
escassez de estudos sistemáticos sobre essas comunidades limita
os nossos conhecimentos.
Auto-avaliação
1. Caracterize as manifestações culturais dos Khoisans.
2. Relacione essas manifestações culturais com as suas
actividades de subsistência.
55
Comentários das Auto-avaliações da unidade 2
Comentário da auto-avaliação da lição 3:
56
2. O chefe desempenhava um papel importante na organização
das actividades, na distribuição do fruto do trabalho e na
deslocação do grupo para zonas de caça e recolecção.
Resumo da Unidade
Nesta unidade de aprendizagem intitulada “Moçambique no
período dos primeiros Caçadores e Recolectores” estudamos os
Khoisans que constituíram as primitivas comunidades, vivendo
basicamente da caça e da recolecção. Com base nessas
actividades elas foram se organizando socialmente e criando
alguns valores culturais.
Auto-avaliação da Unidade
Para a auto-avaliação desta unidade de aprendizagem elabore um
texto único sobre as comunidades de caçadores e recolectores,
estruturado de acordo com as lições da unidade. Considere os
khoisans como primeiros habitantes de Moçambique, as suas
actividades de subsistência, a organização social e as práticas
culturais.
57
Comentários da Auto-avaliação
Para verificar se o texto está completo e descreve correctamente
essas comunidades volte às lições e consulte as obras
recomendadas.
Leituras complementares
DUARTE, Ricardo Teixeira. A Expansão Bantu e o Povoamento
do Sul de Moçambique - algumas hipóteses. Maputo, 1976.
58
Conteúdos
O Povoamento de
Moçambique e os
Lição n° 8 61 primeiros Estados Bantu
O processo migratório e a fixação Bantu ............ 61 (séc. III/IV - XV)
Lição n° 9 69
UNIDADE
Teorias e rotas da expansão Bantu na África
Austral e Oriental ......................................................... 69
3
Lição n° 10 75
A fixação dos povos de línguas bantu: Da
economia de caça e recolecção à economia
agrícola ..............................................................................75
Lição n° 11 79
Relação e contactos entre os agricultores e as
comunidades de caçadores e recolectores....... 79
Lição n° 12 82
Consequências do povoamento Bantu .................. 82
Lição n° 13 87
A Sistematização da Agricultura e o seu impacto
social em Moçambique................................................ 87
Lição n° 14 93
Os Grupos Étnicos de Moçambique ........................ 93
Pág. 60 - 102
59
Introdução
Vamos iniciar o estudo da nossa terceira unidade de aprendizagem
da História de Moçambique. Esta unidade traz-nos a fixação de
povos designados por bantu que, foram gradualmente ocupando as
bacias fluviais costeiras, as encostas e os planaltos do interior. Este
estudo permite-nos compreender a nossa origem étnica e cultural.
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
Compreender as transformações ocorridas em Moçambique
com o povoamento bantu;
Analisar o impacto;
60
Lição n° 8
O processo migratório e a fixação Bantu
Introdução
Nesta primeira lição da unidade 3 vamos estudar o processo de
migração e fixação bantu em Moçambique. Este processo de
migração ficou conhecido por expansão bantu. A palavra bantu tem
uma conotação exclusivamente linguística. A palavra "bantu" é
derivada da palavra ba-ntu, formado por ba (plural) e nto ou muntu,
que significa "pessoa" ou "ser humano”
Tempo
61
língua que é uma ramificação ou um idioma duma mesma língua
matriz.
Na sua língua materna como se diz gente? Procure saber dos seus
colegas e vizinhos que tenham linguas maternas diferentes da sua
como se diz nessas linguas e compare as palavras. (Veja mais
Actividade 8.1 adiante uma lista com a grafia da palavra em algumas linguas
nacionais).
62
Figura 10: Movimentos e distribuição populacional, a partir das
migrações bantu
Fonte: https://blogdojuarezsilva.files.wordpress.com/2014/06/povos-africanos.jpg
63
A ideia de migração bantu surgiu, quando em 1862, o linguista
alemão Bleek conseguiu notar que na África ao sul do equador
existiam línguas aparentadas (cerca de 300) em termos de
vocabulário e estrutura. Estudos posteriores nas áreas de etnografia
e antropologia confirmaram esta teoria.
Gitonga: ba-thu
Swahili: wa-tu
Nhanja: wa-nthu
Nyungwe: wa-nthu
Shona: va-nhu
Changana: va-nhu
Yao: vaa-ndu
Makonde: va-nu
64
por perto de 220 milhões de pessoas numa vasta região da África
contemporânea que se estende a sul de uma linha que vai desde os
Montes Camarões, (a sul da Nigéria), junto a costa do Atlântico, até
a foz do rio Tana ( Quénia), abrangendo os seguintes países: África
do Sul, Angola, Botswana, Burundi, Camarões, Comores, Congo,
Gabão, Guiné Equatorial, Lesotho, Madagáscar, Malawi,
Moçambique, Namíbia, Quénia, República Democrática de Congo,
Ruanda, Suazilândia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbabwé
(NGUNGA, 2004: 30).
Comentários da actividade
65
quilómetros, o que representa uma marcha de 2 ou 3 dias. Este pro-
cesso, embora lento, permitiu assim deslocações a grande distância.
66
Aumento demográfico,
Crescimento do deserto de Saara,
Demanda de novas terras propícias à pastorícia e culturas.
No campo político estes povos foram atraídos por uma situação mais
vantajosa militarmente e que permitia uma melhor defesa. As
ameaças de conquista militar provocaram deslocações para evitar a
morte ou escravatura.
Actividade 8.2
67
Organize as motivações por ordem económica, potítica e
sociocultural. Para verificar se a sua esquematização das
ramificações das migrações está completa consulte o mapa da
Resumo da Lição
Os povos bantu são considerados como originários da África
ocidental, onde existia o seu núcleo proto-bantu. Eles tiveram
uma dispersão rápida e explosiva para a região austral do
continente africano, as migrações de povos de línguas bantu
foram motivadas por diversas razões, destacando-se as de cariz
económica. A procura de terras para praticar a agricultura
constituiu uma das motivações principais. Nesse processo de
migração os povos de língua bantu tomaram direcções diversas,
difundindo o uso do ferro e a prática da agricultura.
Auto-avaliação
1. Indique as razões económicas das migrações de povos bantu.
2. As migrações tiveram outras motivações. Quais foram?
68
Lição n° 9
Teorias e rotas da expansão Bantu na África Austral e Oriental
Introdução
As migrações dos povos de línguas bantu são explicadas por
diferentes teorias. Essas explicações baseiam-se nas descobertas
arqueológicas e nas tentativas de interpretação das mesmas. Vamos
estudar essas teorias e rotas da expansão bantu pela África austral.
Tempo
69
meridionais da África Equatorial Oriental, isto é, para a região entre
os rios Rovuma e Zambeze. Como vimos, parece possuir sérios
fundamentos a hipótese segundo a qual os primeiros bantos a atingir
o sul de Moçambique seguiram uma rota próxima do litoral. Como
se explica esta opção por uma rota próxima do litoral?
Fonte: https://www.quora.com/Why-were-the-Bantu-migrations-so-important-to-
the-cultural-development-and-cohesion-of-early-African-civilizations
3
Pesquisas baseadas em análises e comparação das proteínas sanguíneas.
70
seus ascendentes faziam parte dos primeiros grupos bantu que se
espalharam pelo subcontinente.
71
cordilheiras montanhosas, o caminho foi seguido por um conjunto
de lagos, atingindo o bordo sul do Tanganhica, onde a rota se
bifurcou nos seguintes:
72
que este povo adquirisse características culturais diferenciadas,
senão vejamos:
Resumo da Lição
Como vimos, os bantus seguiram três principais rotas durante as
migrações e foram ocupando espaços territoriais na região da
África austral e oriental. Uma parte desses territórios constituem
hoje o espaço moçambicano.
73
Auto-avaliação
1. Esquematize, através de setas, as três rotas das migrações dos
povos de línguas bantu na região da África austral e oriental.
2. Quais foram as vagas de migração para o território
moçambicano.
74
Lição n° 10
A fixação dos povos de línguas bantu: Da economia de
caça e recolecção à economia agrícola
Introdução
Esta lição visa dar continuidade ao processo de passagem duma
economia predadora para uma economia agrícola, que traz diversas
alterações na vida das primeiras comunidades moçambicanas. A
fixação dos povos de línguas bantu permitiu a difusão da produção
de instrumentos de trabalho feitos de ferro e a prática da agricultura.
Tempo
75
Como é que a agricultura contribuiu para um maior domínio
sobre a natureza?
76
aceitando que foram produzidas ou introduzidas por povos que os
cultivavam (CRUZ, 1910).
77
consumido por altura da fome quando as colheitas fossem
deficientes; ser trocado com os vizinhos em tempo de crise.
Resumo da Lição
A passagem da economia de caça e recolecção para a economia
agrícola contribuiu para a melhoria das condições de vida da
população. A agricultura e a utilização de instrumentos de
trabalho mais resistentes permitiram a criação do excedente de
produção e o incremento das trocas comerciais.
Auto-avaliação
1. Explique porque se considera a prática da agricultura como
uma verdadeira revolução para as comunidades de caçadores
e recolectores.
2. Indique as características da sociedade de economia agrícola.
3. Explique o significado da agricultura para a complexidade da
sociedade.
78
Lição n° 11
Relação e contactos entre os agricultores e as
comunidades de caçadores e recolectores
Introdução
Esta lição leva-nos a compreender o processo de convivência e
posterior absorção das comunidades de caçadores e recolectores
pelas comunidades agrícolas. Esse processo foi ocorrendo de forma
gradual em que se assistiu à sobreposição da prática agrícola,
relegando a caça e a recolecção para a posição de actividades
complementares.
Tempo
79
Numa comunidade rural actual pode-se observar a prática da
agricultura e as suas implicações para a população. Também pode-
se observar que a caça e a recolecção sao actividades
complementares. A agricultura, essencialmente de subsistência, é
Comentários da actividade
praticada com enxada de cabo curto e com técnicas rudimentares.
80
Os khoisans actuais podem ser descendentes de povos caçadores-
colectores que habitavam toda a África Austral e que desapareceram
com a chegada dos bantu a esta região, há cerca de 2 000 anos. É
mais provável que a redução do seu território de caça, derivado da
instalação dos agricultores bantu, tivesse sido uma causa para a
redução do seu número e da sua área habitada.
Resumo da Lição
As relações e os contactos entre os Khoisans e os povos agrícolas
caracterizaram-se pela sobreposição das práticas agrícolas, apesar
da permanência da caca e recolecção, como actividades
complementares. Alguns grupos de Khoisans sobreviveram como
criadores de gado e colectores de produtos florestais.
Auto-avaliação
1. Descreva o processo de transição da economia de caça e
recolecção para a economia agrícola.
2. Explique as transformações ocorridas com o advento da
agricultura.
81
Lição n° 12
Consequências do povoamento Bantu
Introdução
Nesta lição vamos estudar as consequências do povoamento bantu,
na região em que Mocambique se localiza. A introdução de novas
formas e técnicas de produção conduziu a mudanças significativas
na estrutura da sociedade. Pelas suas exigências e ciclo de trabalho,
a agricultura cria novas relações de produção e, consequentemente,
relações sociais mais complexas.
Objectivos
Tempo
82
Veja se na sua resposta conseguiu contemplar aspectos sobre o
melhoramento das condições de vida, tais como instrumentos de
trabalho mais consistentes e resistentes, construção de habitação,
83
criação da riqueza e do excedente (mais do que era necessário para
subsistência) como pastores, mineiros, ferreiros ou mercadores. Os
homens justificavam este controlo do excedente como resultado do
seu poder físico.
E a especialização do trabalho?
84
As classes sociais formaram-se na idade do ferro, porque alguns
grupos, por exemplo, os comerciantes, caçadores de elefantes e
pescadores, começaram a produzir um excedente, isto é, mais do que
eles precisavam para a sua própria subsistência. Igualmente, alguns
estavam a produzir excedente agrícola e na criação de animais. Havia
a classe dos chefes e os camponeses, homens livres e escravos
domésticos.
85
Reflicta sobre o papel das crenças mágico-religiosas como
instrumentos do poder. Como é que as práticas mágico-religiosas
se relacionam com o poder político: Qual era o papel dos dirigentes
Actividade 12.3 nessas práticas? Havia uma hierarquia entre os dirigentes
religiosos? Como se manifestava?
Resumo da Lição
Pelo estudado nesta lição podemos ver que as sociedades
agrícolas foram-se tornando cada vez mais complexas pela
especialização do trabalho, pela criação do excedente de produção
e pela própria estruturação da sociedade. Duma forma geral,
houve transformações profundas e uma nova dinâmica na
sociedade.
Auto-avaliação
1. Identifique as principais transformações ocorridas a partir do
povoamento bantu.
2. Caracterize a estrutura social das sociedades agrícolas.
3. Elabore um texto sobre o impacto do povoamento bantu.
86
Lição n° 13
A Sistematização da Agricultura e o seu impacto
social em Moçambique
Introdução
Nesta lição vamos estudar a sistematização da agricultura que vai conduzir a
formação de unidades sociopolíticas mais estruturadas. Como já vimos, é a partir
da produção agrícola que se assiste a uma maior complexidade da sociedade que
caracteriza-se pelo surgimento de estados na região de Moçambique.
Tempo
87
A leitura do texto a seguir vai ajudar-lhe a encontrar as
respostas para essas questões:
88
criador, operaram‑ se transformações mais ou menos profundas nos
meios naturais, bem como na quantidade e qualidade dos seus
produtos.
89
materna a norte. A terra era património das linhagens, podendo ser
usada, mas na alienada. O chefe da linhagem tinha a função de
distribuir periodicamente a terra pelos diversos membros das células
produtivas. O conjunto desses chefes constituía a classe dominante
da sociedade.
90
A sociedade foi-se estruturando para uma divisão de classes, com
relações de subordinação entre elas.
Resumo da Lição
A sistematização da agricultura foi um processo longo que
permitiu a criação de condições para uma vida sedentária. . Esta
actividade foi complementada pela criação de animais que
constitui também uma fonte de renda. A agricultura, bem como
as actividades complementares (criação de animais, artesanato)
criaram condições para o incremento das trocas comerciais,
visando responder as novas necessidades da população que se
foram tornando cada vez mais complexas. O desenvolvimento da
agricultura e das actividades complementares conduziram a
estratificação social e a criação de relações de subordinação.
Auto-avaliação
91
1. Explique o processo de sistematização da agricultura.
2. Desenhe uma pirâmide representando a organização social
desse período.
92
Lição n° 14
Os Grupos Étnicos de Moçambique
Introdução
Nesta lição vamos debruçar-nos sobre a formação dos primeiros
grupos étnicos de Moçambique, como resultado do desenvolvimento
da agricultura e da criação de gado.
Tempo
93
A pluralidade étnica e cultural de Moçambique tem as suas raízes
na miscegenação entre Khoisans e povos de línguas bantu e na
diversidade destes últimos. Vários factores ecológicos,
94
Acompanhe a descrição dos grupos étnicos de Moçambique:
95
Em linhas gerais temos distintos grupos etno-linguísticos distintos
que caracterizam a diversidade cultural de Moçambique.
Comentários da actividade
Fonte: http://macua.blog.co
96
Este mapa apresenta os principais grupos étnicos de Moçambique,
mas deve-se considerar que a população moçambicana integra
também descendentes de asiáticos e portugueses.
Resumo da Lição
Os grupos étnicos de Moçambique formaram-se a partir das vagas
de migração bantu e das características específicas de cada região
onde se fixaram. Com base nas suas actividades de subsistência
foram criando características peculiares que os distinguem uns
dos outros.
97
Auto-avaliação
1. Preencha o quadro seguinte:
98
Resumo da Unidade
Nesta unidade intitulada “As Primeiras Sociedades Sedentárias
em Moçambique” vimos como é que a agricultura tornou-se
numa das principais actividades de subsistência. Essa
actividade agrícola contribuiu para mudanças na estrutura social
da população e, de acordo com as características específicas de
cada região levou à formação de grupos etno-linguísticos
diversos, de acorddo com o texto e o mapa.
Auto-avaliação da Unidade
1. Como é que a evolução da agricultura opera transformações
na sociedade?
2. Indique as transformações ocorridas a partir da introdução
da actividade agrícola
3. Relacione a introdução da agricultura com o surgimento de
novas unidades sociopolíticas.
99
Comentários das Auto-avaliações
Comentário à auto-avaliação da lição 8:
100
Comentário à auto-avaliação da lição 12:
101
Comentário à auto-avaliação da unidade:
Leituras complementares
Para complementar o estudo desta unidade recomenda-se a leitura
das seguintes obras:
102
Conteúdos
Formação dos Primeiros
Estados de Moçambique e
o comércio com os árabes
(séc. IX a XV)
UNIDADE
4
Lição n° 15 105
O Estado do Zimbabwe ...............................................105
Lição n° 16 110
O Estado de Monomotapa........................................... 110
Lição n° 17 115
O Estado do Monomotapa: A economia e a
cultur ................................................................................. 115
Lição n° 18 120
O comércio no litoral de Moçambique e o seu
impacto ............................................................................ 120
Unidade 4: Formação dos Primeiros Estados de Moçambique e o comércio com os árabes (séc. IX a XV)
103
Introdução
Nesta unidade vamos estudar a formação dos primeiros estados e o
comércio com os árabes, no período entre os séculos IX e XV. Já ouviu
falar sobre os estados de Zimbabwe e de Monomotapa. Eles constituem
uma referência no continente africano pelas suas construções e pela sua
organização social e política.
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
Compreender a formação dos primeiros estados;
Analisar a organização socioeconómica, política e
cultural dos primeiros estados.
104
Lição n° 15
O Estado do Zimbabwe
Introdução
Nesta lição vamos estudar o Estado do Zimbabwe, um dos primeiros
estados da região de Moçambique. A sua fundação é explicada por teorias
diferentes, mas tudo indica que tenha surgido a partir do desenvolvimento
da actividade comercial.
Objectivos
Tempo
105
O que são santuários? Qual é a relação entre a mineração e o culto dos
ancestrais?
Pelo facto de não ter sido implantado numa zona aurífera, sugere-se que
teve diferente base económica, o poder que permitiu aos respectivos
dirigentes fundar uma unidade política de tipo estadual e controlar a
exportação do ouro produzido algures. Aconteceu, possivelmente, que uma
das dinastias do povo “Gumanye”, graças à sua excepcional riqueza em
gado bovino, adquiriu tal preponderância que conseguiu dominar as rotas
comerciais entre os portos fluviais e marítimos e os campos auríferos do
sudoeste explorados pelos representantes da cultura que os arqueólogos
designam por “Leopard'sKopjie”.
106
O local de implantação dessa capital parece, não ter obedecido a quaisquer
propósitos deliberados. Também não há provas de que constituísse um
santuário religioso, embora tenham sido ali encontrados objectos de
presumível significado ritual. Há, apenas, a sugestão de ter existido nas suas
cercanias suficiente ouro de aluvião que facilitou o inicial esforço de
arranque económico.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Zimbabwe
107
da grande quantidade de mão-de-obra indispensável à extracção,
aparelhagem, transporte e sobreposição dos paralelepípedos de granito. As
muralhas asseguravam a defesa, a distinção e a privacidade dos dirigentes.
Até a sua olaria se diferenciava da dos súbditos. Também dispunham de
cerâmica importada e de uma notável variedade de outros produtos
ultramarinos, incluindo sedas e bordados. Entregavam parte do ouro a
artífices especializados que confeccionavam jóias de apurado gosto.
108
O grande Zimbabwe começou a ser abandonado pela sua população, no
século XV, em direcção ao vale do Zambeze ocorreu. Possivelmente
assumiu mais a forma de graduais deslocações de linhagens dominantes,
com os seus parentes e aderentes, do que migrações envolvendo grandes
massas populacionais.
Resumo da Lição
O estado do Zimbabwe foi fundado no contexto do incremento
das trocas comerciais ao longo da costa oriental africana. O
desenvolvimento da actividade comercial permitiu a construção
de amuralhados e o enriquecimento da classe dominante.
Auto-avaliação
1. Explique as motivações da fundação do estado do
Zimbabwe.
2. Caracterize a sua estrutura económica.
3. Descreva as razões da decadência desse estado.
109
Lição n° 16
O Estado de Monomotapa
Introdução
O Estado do Monomotapa constitui uma das referências dos primeiros
estados da região de Moçambique. Este estado foi formado a partir do
processo de conquista e integração de populações da região de
Moçambique e outros territórios. Vejamos a sua história.
Objectivos
Tempo
110
Pouco a pouco, os Makaranga estenderam o seu território formando uma
liga ou aliança de tribos Chona, que estendia-se do Zambeze ao Limpopo e
do Deserto de Kalahari ao Oceano Indico.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Zimbabwe
111
Vemos que neste Estado o poder político e a própria organização da
sociedade torna-se mais complexa. Porquê?
Fonte: https://pt.wikipédia.org
112
Entre os edifícios mais importantes está um forte no extremo da colina e
um templo circular com uma torre cónica de 11 metros de altura.
Actividade 16.1
Assim conseguiu estabelecer-se que haveria uma vida citadina (da cidade)
para os ricos e poderosos, onde vemos a existência do senhor máximo, dos
militares que eram ao mesmo tempo funcionários do rei, dos artesãos que
trabalhavam o ouro, o ferro e o cobre nas forjas e nos fornos que pertenciam
ao senhor máximo, dos comerciantes que faziam a troca dos produtos locais
com os mercadores árabes e portugueses ambos vindos da costa, e
finalmente uma camada da população que se dedicava à agricultura e à
pastorícia, mas vivendo para além dos limites da cidade.
113
Resumo da Lição
O estado do Monomotapa foi fundado, no século XV, por um
grupo karanga dirigido por Matope. A estratificação social era
nítida nesse estado. O Monomotapa governava como um grande
senhor, submetendo os estados satélites. Tinha uma estrutura
social que reflectia as actividades desenvolvidas.
Auto-avaliação
1. Explique o processo de fundação do estado do Monomotapa.
2. Caracterize a sua estrutura social.
3. Apresente esquematicamente a hierarquia do poder político
nesse estado.
114
Lição n° 17
O Estado do Monomotapa: A economia e a cultur
Introdução
Dando continuidade ao estado de Monomotapa, vamos estudar a economia
desse estado. O nosso ponto de partida é que a agricultura, uma das suas
actividades económicas, foi o ponto de partida para a sua formação. Foi a
partir das actividades desenvolvidas, principalmente da mineração e do
comércio que esse estado manteve um poder hegemónico na região.
Tempo
115
Quais eram as principais actividades económicas do estado de
Monomotapa?
O rei era o chefe supremo de tudo que havia no reino: a terra, as plantas, os
rios e lagos, as árvores e o próprio povo. Os agricultores, os mineiros e os
trabalhadores de ferro todos trabalhavam para o rei. Ele era proprietário de
tudo.
116
Monomotapa, embora dominassem lá os mercadores árabes e tivessem um
sultão que no entanto pagava tributos de vassalagem ao Monomotapa.
Actividade 17.1
117
orientava os rituais ligados às chuvas e controlar as relações com os
antepassados. Os mambos eram considerados garantes da fertilidade e
depositários da estabilidade, bem-estar e tranquilidade.
Resumo da Lição
No estado do Monomotapa praticava-se a agricultura que garantia
a sobrevivência dos camponeses. A classe dirigente que cobrava
tributos aos camponeses, estava mais virada para a actividade
comercial que permitia obter bens de prestígio. Sofala foi um dos
portos principais para o escoamento dos produtos das trocas
comerciais.
118
Auto-avaliação
1. Descreva as principais actividades económicas do estado de
Monomotapa.
2. Infira sobre a importância do comércio para esse estado.
3. Explique o papel das crenças mágico-religiosas na
manutenção do poder político.
4. Descreva uma cena de invocação de espíritos com base na
realidade actual da sociedade moçambicana.
119
Lição n° 18
O comércio no litoral de Moçambique e o seu impacto
Introdução
O desenvolvimento da actividade comercial ao longo da costa oriental
africana, considerando os espaços que correspondem a Moçambique, foi
um aspecto marcante na história do país. Pelo acesso facilitado por via
marítima, mercadores provenientes, principalmente do Golfo Pérsico e de
outros lugares da costa oriental africana foram realizando o comércio à
longa distância.
Tempo
Vamos iniciar a nossa lição com uma breve reflexão sobre o comércio nos
Estados do Zimbabwe e Monomotapa. Qual foi a importância dessa
actividade para os dois estados? Que impacto teve?
Leia o texto:
120
A partir do século IX, há evidências de uma progressiva e lenta fixação de
comerciantes asiáticos ao longo da costa oriental africana, fundando
entrepostos comerciais, destacando-se o de Sofala. Os comerciantes
asiáticos trocavam tecidos indianos por ouro e outros metais. Os espólios
arqueológicos estudados, até ao presente, levam a concluir que, nessa
época, os contactos com o mundo exterior afectavam unicamente a região
aurífera planáltica entre o Limpopo e o Zambeze — e respectivas rotas
comerciais — tendo Sofala como seu principal porto marítimo.
121
Faça um reumo sobre o comércio à longa distância, considerando
os seguintes aspectos: como era realizado, os principais
intervenientes e produtos trocados.
Actividade 18.1
Comentários da actividade
122
Como se forma a cultura Swahili?
123
frequentemente ao consumo de peixes, frutos do mar e moluscos pela
população local.
124
Figura 17: Mapa de Sofala em 1574, com a presença portuguesa
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Monomotapa
Fontes árabes mais antigas também citam Sofala, de onde era exportado o
ouro. Comparando-se as informações, é possível localizar esses sítios na
região de Kilwa.
O comércio parece ter alcançado o apogeu no século XIV. Os produtos de
exportação eram sobretudo o marfim e o ouro, além de escravos, presas de
rinocerontes, âmbar cinzento, pérolas, conchas e, nas regiões setentrionais,
peles de leopardo. Outra mercadoria importante, que era em parte
importada e, em parte, fabricada na região, eram os tecidos de algodão, que
representavam, aparentemente, grande volume na massa de intercâmbios.
Sabe-se que no século XV quantidades consideráveis de tecidos de algodão
chegavam a Mombaça e a Kilwa, de onde eram reexpedidas para Sofala. O
comércio marítimo que ligava a costa da África oriental e as ilhas aos países
da costa setentrional do oceano Indico favoreceu os contatos entre os
125
habitantes dessas regiões, enriquecendo-os. Existia contato entre o litoral e
os territórios auríferos do interior, próximos do lago Niassa; dali vinha o
ouro que chegava a Kilwa. A partir do século XIV, algumas regiões
auríferas de Sofala passaram para o domínio dos sultões de Kilwa, que
começaram a nomear governadores para a região.
Resumo da Lição
A partir do século IX desenvolveu-se um intenso comércio ao
longo da costa oriental africana que contribuiu para
transformações de vária ordem. Comerciantes asiáticos e
islamizados foram fixando-se ao longo da costa, bem como no
interior, dando origem a novos povoamento e centros
urbanizados.
126
A actividade comercial, o islão foram os principais meios de
ligação entre essas comunidades.
Auto-avaliação
1. Descreve o comércio ao longo da costa oriental africana.
2. Identifique os principais intervenientes e os produtos
trocados.
3. Descreva o processo de formação da cultura Swahili.
4. Caracterize economicamente essa cultura.
5. Explique o papel do Islão para a coesão da cultura Swahili.
127
grupos sociais como mineiros, artesãos, militares. Politicamente o
estado revelava a existência de relações de subordinação dos
estados satélites e outros grupos e territórios conquistados.
128
A cultura ou civilização swahili formou-se como resultado da
miscigenação de valores locais, asiáticos e islamismo. E nesta
cultura o comercio era uma actividade de destaque que permitia
um intercâmbio entre os centros comerciais da costa oriental
africana. Outras actividades eram a agricultua, o artesanato e a
mineração. O islão era a base cultural dessa civilização,
contribuindo para criar uma unidade entre os seus membros.
Resumo da Unidade
Nesta unidade temática intitulada “formação dos primeiros
estados de Moçambique e o comércio com os árabes (séc. IX a
XV)” que se subdividiu em 6 lições estudamos os estados do
Zimbabwe e do Monomotapa e o comércio ao longo da costa
oriental africana que provocou uma nova dinâmica dos estados e
também levou a formação da cultura Swahili.
Auto-avaliação da Unidade
1. Descreva a formação dos primeiros estados em
Moçambique.
2. Caracterize os estados de Zimbabwe e de Monomotapa,
económica, política, social e culturalmente.
3. Explique como se constituiu a cultura swahili e os seus
principais traços.
129
Comentários da Auto-avaliação
Os primeiros estados formaram-se a partir do desenvolvimento
da actividade agrícola, da criação de excedente de produção e da
diversificação de actividades económicas. Essa situação permitiu
a criação de grupos hegemónicos que controlavam o poder
político e militar e criaram relações de subordinação a diferentes
niveis. A população camponesa ficou submetida a um conjunto
de obrigações que mantinham e reproduziam o poder dos
dirigentes. Os estados de Zimbabwe e Monomotapa atingiram
uma complexidade de actividades económinas, com destaque
para o comérci á longa distância. Ao nível social e cultural as
relações de subordinação foram-se tornando cada vez mais
nítidas e hierarquizadas.
Leituras complementares
Para esta unidade leia as obras:
130
BEACH, David N. A evolução das tradições da dinastia
Mutapa. Arquivo n° 16. Maputo, AHM, 1994.
Tome nota!
Com esta lição terminamos a unidade 4 do nosso programa e
o módulo de História de Moçambique até ao século XV. Os
temas estudados permitem também criar bases para o estudo
dos posteriores módulos de História de Moçambique.
131
Referências bibliográficas
ADAMOWICZ, Leonard. “Projecto Cipriana”, 1981 – 1985:
contribuição para o conhecimento da arqueologia entre os rios Lúrio e
Ligonha, Província de Nampula. In: Trabalhos de Arqueologia e
Antropologia n° 8 (1987); UEM, Departamento de Arqueologia e
Antropologia, p. 47-144.
CHITTICK, H. Neville, The East Africa and the Orient: Ports and trade
before the arrival of the Portuguese. In UNESCO, Historical relations
across the Indian Ocean: reports and papers of the meeting of experts
organized by UNESCO at Port Louis, from 15 to 19 July 1974, Paris,
UNESCO, 1980: 13-22.
132
DUARTE, Ricardo Teixeira. A Expansão Bantu e o Povoamento do Sul
de Moçambique - algumas hipóteses. Maputo, 1976.
DUARTE, Ricardo Teixeira. Arqueologia da idade do ferro em
Moçambique. Trabalhos de Arqueologia e Antropologia, n°5, 1988.
FINS DE LAGO, História 1º Ano Pré- História Antiguidade Oriental e
Clássica, Porto Editora, Porto, 1974.
133
OBENGA, Théophile (dir). Les peuples bantous, migrations, expansion
et identité culturelle. ActesduColloque International. Libreville,1989.
OLIVER, Roland. The problem of Bantu expansion.Journal of African
History. Vol. VII, n° 3
OLIVEIRA, Octávio Rozade. Gravuras e Pinturas Rupestres de
Moçambique (pré-história de Moçambique), [Moçambique]: [s.n., s.d.].
PHILLIPSON, David W. Início da Idade do Ferro na África Meridional.
InMokhtar (coord.). História Geral de África. Vol.2. S. Paulo, Ática,
Paris, Unesco, 1983. PORTÉRES, R. e BARRAU, J. Origens,
Desenvolvimento, Expansão das técnicas agrícolas. In: J. KI-ZERBO,
(coord). História Geral de África. Vol.1. São Paulo, Ática, Paris,
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PIGGOT, Stuart, A Europa Antiga. Do início da Agricultura à
Antiguidade Clássica. Edição Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa,
1959.
134