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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE

HISTÓRIA
2º Ano

Disciplina: HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ SÉCULO XV


Código:
Total Horas/5 Semestre 2o:
Créditos (SNATCA):
Número de Temas: IV

INSTITUTO SUPER
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED
ISCED - CURSO: História ; 20 Ano Disciplina/Módulo: HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ SÉCULO XV
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Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade doInstituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED), e


contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros, sem permissão expressa de entidade editora (Instituto
Superior de Ciências e Educação à Distância-ISCED.

A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos


judiciais em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


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Beira - Moçambique
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Website:www.isced.ac.mz

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Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) agradece a colaboração das


seguintes individualidades e Instituições na elaboração deste manual:

Autor MSC: ALBINO CARLOS NINCA

Direcção Académica do ISCED


Coordenação
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)
Design
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia
Financiamento e Logística
(IAPED)
Revisão Científica e
Linguística Luís Manuel Chazoita
Ano de Publicação 2019
Local de Publicação ISCED – BEIRA

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Índice

Visão geral 1
Bem-vindo à Disciplina/Módulo de História da África Ocidental até Século XV ....................... 1
Objectivos do Módulo ................................................................................................................ 1
Quem deveria estudar este módulo .......................................................................................... 1
Como está estruturado este módulo ......................................................................................... 2
Ícones de actividade ................................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ................................................................................................................ 3
Precisa de apoio? ....................................................................................................................... 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .......................................................................................... 6
Avaliação .................................................................................................................................... 7
PRINCIPAIS TEMAS E OBJECTIVOS DO MÓDULO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ
AO SÉCULO XV Erro! Marcador não definido.
TEMA – I: INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ AO SÉCULO XV. 9
UNIDADE Temática 1.1.Introdução à História da África Ocidental até ao Século XV............. 9
Introdução .................................................................................................................................. 9
1.1 África Ocidental: Localização e Características Físico-Geográficas..………...……………………...9
1.1.1 Situação Geográfica……………………………………………………………………………………......…………..9
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ………………………………………………………………….…...14
Exercícios para AVALIAÇÃO…………………………………………………………………….……...14
Exercícios do TEMA...............................................................................................................................15
UNIDADE TEMÁTICA 2.1.A EVOLUÇÃO POLÍTICA DAS CIVILIZAÇÕES DA HISTÓRIA DA ÁFRICA
OCIDENTAL ATÉ AO SÉCULO XV………………………………………………………………...……...17
Introdução…………………………………………………………………………………………..…17
2.1 A Origem e a Formação dos Estados:…………………………………………...……………………………….17
2.2. O Estado do Ghana...........................................................................................................19
2.2.1. A Origem e a Formação do Estado.................................................................................19
2.2.2 A Organização Política e Administrativa.........................................................................22
2.2.3 Apogeu e Declínio...........................................................................................................23
2.3 O Estado do Mali................................................................................................................24
2.3.1 A Origem e a Formação do Estado..................................................................................24
2.3.2 A Organização Política e Administrativa.........................................................................26
2.3.3 Apogeu e Declínio...........................................................................................................27
2.4 O Estado de Songhay.........................................................................................................28
2.4.1 A Origem e a Formação do Estado.................................................................................28
2.4.2 A Organização Política e Administrativa........................................................................29
2.4.3 Apogeu e Declínio..........................................................................................................31
2.5 Os Estados de Haúças.......................................................................................................31
2.5.1 A Origem e a Formação do Estado.................................................................................31
2.5.2 A Organização Política e Administrativa........................................................................32
2.5.3 Apogeu e Declínio..........................................................................................................33
2.6 O Estado de Kanem – Bornu.............................................................................................33
2.6.1 A Origem e a Formação do Estado................................................................................33
2.6.2 A Organização Política e Administrativa.......................................................................34
2.6.3 Apogeu e Declínio.........................................................................................................34

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2.7 O Reino de Yorubas..........................................................................................................34


2.7.1 A Origem e a Formação do Estado...............................................................................34
2.7.2 A Organização Política e Administrativa……………………………………………………………………36
2.7.3 Apogeu e Declínio.........................................................................................................37
2.8 O Reino do Benim.............................................................................................................37
2.8.1 A Origem e a Formação do Estado................................................................................37
2.8.2 A Organização Política e Administrativa.......................................................................37
2.8.3 Apogeu e Declínio.........................................................................................................37
2.9 Resumo............................................................................................................................40
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO............................................................................................40
Exercícios para AVALIAÇÃO...................................................................................................41
Exercícios do TEMA...............................................................................................................43
UNIDADE Temática 3.0.A Evolução Económica das Civilizações da História da África
Ocidental até ao Século XV............................................................................................45
Introdução............................................................................................................................45
3.1. O Comércio Pré-histórico e os Primeiros Estados da África ocidental..........................45
3.2 A Economia do Estado do Ghana...................................................................................48
3.2 A Economia do Estado do Mali......................................................................................50
3.3 A Economia do Estado do Songhay................................................................................52
3.4 A Economia do Estado dos Haúças................................................................................55
3.5 A Economia do Estado do Kanem-Bornu.......................................................................59
3.6 A Economia do Estado do Youruba................................................................................61
3.7 A Economia do Estado do Benim....................................................................................63
3.8 Resumo...........................................................................................................................68
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO............................................................................................69
Exercícios para AVALIAÇÃO...................................................................................................69
Exercícios do TEMA...............................................................................................................72
UNIDADE Temática 4.1.A Evolução Sócio- Cultural das Civilizações da História da África
Ocidental até ao Século XV...................................................................................................73
Introdução..............................................................................................................................73
4.1 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Ghana........................................................73
4.2 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Mali............................................................74
4.3 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Songhay.....................................................76
4.4 A Organização Sócio-Cultural do Estado dos Haúças.....................................................78
4.5 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Kanem-Bornu............................................80
4.6 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Youruba....................................................80
4.7 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Benim.......................................................82
4.8 Resumo..........................................................................................................................84
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO........................................................................................................84
Exercícios para AVALIAÇÃO..................................................................................................84
Exercícios do TEMA..............................................................................................................86
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................88

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Visão geral
Bem-vindo à Disciplina/Módulo de História da África
Ocidental até Século XV

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de História da África Ocidental


até Século XV deverá ser capaz de: Localizar a região da África
Ocidental, conhecer as condições climáticas e o relevo, conhecer a
origens dos habitantes da região, a organização política –
administrativa, as actividades económicas e sócio – culturais
desses povos.

 Analisar a origem dos primeiros habitantes da região da África


Ocidental e as condições climáticas e o Relevo;

 Conhecer a dinâmica dos povos da na África Ocidental até o


Objectivos Século XV;
Específicos
 Explicar as relações entre os povos da África ocidentais e os
outros povos;

 Examinaras dinâmicas relacionadas ao desenvolvimento social,


cultural, político e económico da África Ocidental até ao século
XV.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de


licenciatura em Ensino de História do ISCED e outros, etc. Poderá
ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e
consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-

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vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá


adquirir o manual.

Como está estruturado este módulo

Este módulo de História, para estudantes do 2º ano do curso de


licenciatura em Ensino de História, à semelhança dos restantes do
ISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como
componente de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e
actividades práticas, incluído estudo de caso.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si,


num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos
relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-
ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital
moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus
estudos.

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Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa,
uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes
eeficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos

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que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos


estudos, procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou


as de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando. estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em
cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; Deve
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler


e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos
conteúdos de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades), ou seja, que
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos
das actividades obrigatórias.

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Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo,
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página
trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR),
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.

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Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes


(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indicada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que lhe permite situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).
1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/tutor! Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudose
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os examespesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

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TEMA – I: INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ AO


SÉCULO XV.

UNIDADE Temática 1.1.Introdução à História da África Ocidental até ao Século


XV.

Introdução

Nesta Unidade temática 1.1. estudamos e discutimos


fundamentalmente Introdução à História da África Ocidental até ao
Século XV, vamos ficar a saber que a África Ocidental é uma região
muito vasta que se estende desde o Golfo da Guine até ao Sahara.
Nesta região há diferentes tipos de vegetação, o relevo é de planaltos
e também possui pequenas cadeias montanhosas, com clima
equatorial, tropical e semi – desserto.
Com uma população organizada em tribos, com uma vida sedentária
praticando a agricultura, pecuária, a mineração e o comércio.

A localização Geográfica e a Origem dos Primeiros Habitantes na África


Ocidental, limites, clima, relevo, a origem dos primeiros habitantes, a
prática da agricultura e pastorícia, os recursos minerais e actuais
Países membros da região da África Ocidental.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Localizar geograficamente a região da África Ocidental, O Clima e o Relevo;

 Conhecer a Origem dos Primeiros Habitantes na região da África Ocidental;


Objectivos
 Identificar as Primeiras Actividades Económicas;
Específicos
 Caracterizar os Primeiros Habitantes.

Introdução à Estudo da História da África Ocidental até ao Século XV.


1.1 África Ocidental: Localização e Características Físico - Geográficas
1.1.1 Situação Geográfica
A África Ocidental é uma região muito vasta que se estende desde o
Golfo da Guine até ao Sahara, ou seja, a Africa Ocidental é uma região
no Oeste da Africa, que inclui os paises na Costa Oriental do Oceano
Atlantico e alguns que partilham a parte Ociental do deserto do
Sahara.
Os paises que são normalmente considerados parte da Africa
Ocidental são Benim, Burkina Fasso, Cabo Verde, Costa do Marfim,
Gambia, Gana, Guine Bissau, Liberia, Mali, Mauritania, Niger, Nigeria,

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Senegal, Serra Leoa e Togo.

Nesta região há diferentes tipos de vegetação: a zona das savanas


formadas por grupos de árvores e capins altos, com chuvas regulares;
a zona das estepes, onde chove pouco e é formada por plantas
rasteiras e pequenos arbustos e, por fim, a zona das florestas, com
grandes quantidades de árvores de variados tamanhos e onde chove
mais.

“Destas três, a zona das savanas é a mais rica e fértil para a prática da
agricultura e a criação de animais”. (KI-ZERBO, 2009, p.134)
A região compreendida entre oásis saharianos a norte, a floresta
equatorial a sul, a região do Sudão a leste e a costa atlântica a oeste.
“A África Ocidental consiste sobretudo numa vasta zona de savana,
compreendida entre Sahara e a floresta equatorial”. (SELLIER, 2004, p.
82)
A savana apresenta aspectos diversos: a norte, na proximidade do
deserto, dá lugar uma estepe semi-árida, o Sahel; a sul de clima
húmido e floresta densa, em contra partida permaneceu muito nítido
até à época contemporânea.

1.1.2 Limites
-A norte, Marrocos, Argélia e a Líbia;
-A sul, oceano Atlântico;
-A este, os Camarões e o Chade;
-A oeste, o oceano Atlãntico.

1.1.3 Revelo
A região da África ocidental possui dois tipos de relevo
predominantes: planalto no interior, com destaque para o planalto de
Jos, e uma planície no litoral, larga, no Senegal. A principal cadeia
montanhosa é a da Futadjalon, na Guiné.

1.1.4 Clima
Existe os seguintes tipos de clima: Equatorial, em pequenas áreas do
litoral; o tropical, que é predominantemente; a norte deste aparece
uma faixa com clima semi-desértico.
As precipitações na área são nitidamente sazonais: no sul, elas
predominam de Abril a Outubro (com máxima em Julho e Outubro);
no norte, de Junho a Setembro. Essas chuvas são trazidas pelos ventos

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de sudoeste, que se enchem de humidade no Atlântico. Porém, a


frente inter-tropical corta a África ocidental de leste a oeste,
separando a massa de ar tropical marítima, formada sobre o sul do
Atlântico, da massa de ar continental e seca do Sahara. A posição da
frente vária de acordo com as estações do ano. Em Janeiro, está no
extremo sul, de modo que os ventos alísios do nordeste, vindos da
massa setentrional doar seco, descem directamente na costa da
Guiné, provocando um grande declínio de humidade. (KI-ZERBO, 2010,
p.729)
O principal rio é o Níger, o mais comprido da zona ocidental africano,
que desagua por um delta no oceano atlãntico, cujos os afluentes são:
Sokoto, Benue. Outros rios: Senegal, Volta, Gâmbia, Komoé,
Sassandra. Um outro rio importante é o Hadejia, que desagua no logo
Chade, que limita a nordeste, esta zona com a África Central.

1.1.5 Os Primeiros Habitantes


Na segunda metade do Iº milénio, a população da savana, muito
dispersa, repartia-se em pequenos grupos ou comunidades atónomas
com base na linhagem. Algumas delas associavam-se sob a autoridade
de um chefe.
Assim disseminado o mundo da savana, vivem num circulo fechado, o
que não exclui as trocas comerciais a média distância.
Os principais povos que ai habitaram eram os Sarakolé, os Malinke, os
Songhay e os Yuruba. Eles estavam organizados em Tribos,
representados por um âncião.
Muitos outros povos ocuparam também as savanas, como por
exemplo os Berberes e os Árabes Muçulmanos.
“Foi através do sahara que os povos da savana mantiveram o essencial
da suas relações com o mundo exterior, na ocorrência num mundo
muçulmano”.(SELLIER, 2004, p. 82)
Em contrapartida os povos da floresta viram-se confrontados com as
empresas europeias a partir do final do século XV. O tráfico de
escravos atlântico efectuou-se sobretudo à sua custa.
Por volta do I milénio, os principais grupos de povos que hóje existem
já estavam, por assim dizer no local. Numa perspectiva histórica
dividem-se em grupos.

1.1.6 A Agricultura e a Pastorícia


Como na maioria das regiões africanas, a população desta zona
dedicam-se da agricultura, produzindo inhame, café, cacau,
amendoim, milho, óleo de palma, mapira, paralelamente à criação do
gado bovino, caprino, ouvino e o camelo para o transporte de pessoas
e bens de mercadorias. Existiam

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também minas de ouro, sal, cobre, ferro, e algumas delas continuam


ainda hóje a serem exploradas.

1.1.7 Recursos Minerais


Os principais recursos minerais são:
-Diamante (Serra Leoa, Ghana, Libéria);
-Petróleo (Nigéria);
-Estanho (Nigéria);
-Ouro (Ghana);
-Alumínio (Guine);
-Ferro (Libéria).

1.1.8 Paises Membros da Região Ocidental Africana

Países Superfície População Densidade Capital

Nigéria 923.678 116.900.000 126,6 Lagos

Níger 1.267.000 11.200.000 8,8 Niamey

Benin 112.622 6.400.000 56,8 Cotonou

Togo 56.785 4.700.000 82,8 Lomé

Ghana 238.537 19.700.000 82,6 Accra

Costa de Marfim 322.463 16.300.000 50,5 Abidjan

Burquina Faso 274.200 11.900.000 43,4 Ouagadougou

Libéria 111.369 3.100.000 27,8 Monróvia

Sérra Leoa 71.740 4.600.000 64,1 Freetown

Guiné – Conacri 245.859 8.300.000 33,8 Conacri

Guiné – Bissau 36.125 1.200.000 33,2 Bissau

Gâmbia 11.295 1.337.000 118,4 Banjul

Senegal 196.192 9.700.000 49,4 Decar

Mali 1.240.000 11.700.000 9,4 Bamako

Cabo Verde 4.033 437.000 108,4 Praia

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RASD 286.000 272.000 1 El Aiún

Mauritânia 1.030.700 2.700.000 2,6 Nouakchott

S.Tomé e Príncipe 964 165.000 2800 São Tomé

SantaHelena e dep. - - - Jamestown

Fonte: FNUAP, 2011

Estes povos, foram crescendo a partir do seu próprio desenvolvimento


interno. Uma das principais causas do seu desenvolvimento foi por
causa da utilização do ferro, o qual pode ter começado em 300 da n.e,
nesta região. Contribuindo para o desenvolvimento da prática da
agricultura, criação de animais e pesca, tais como: charuas, enxadas,
catanas, foices, machados, ancinhos, anxois, arpas, facas, etc.
“As armas de ferro, foram usadas para a caça de animais, protecção
dos inimigos, através das conquistas juntando as populações vencidas,
e mais tarde formando unidades políticas centralizadas e complexa”.
(KI-ZERBO, 2009, p.136)
Estes povos seguiram as mesmas linhas de evolução, mas não
ocorreram exactamente no mesmo lugar nem ao mesmo tempo.

1.1.9 Resumo
A África Ocidental é uma região compreendida entre os oasis
saharianos a norte a floresta equatorial a sul e entre o Sudão, a leste e
a costa atlântica a oeste, a sul o deserto de sahara e a norte o magreb.
Os principais povos que ai habitaram eram os Sarakolé, os Malinke, os
Songhay e os Yuruba. Eles estavam organizados em Tribos,
representados por um âncião.
Estes povos viviam em grupos linhageiros, clã ou tribos, com um seu
representante chamado ancião, cuja a sua missão era de organizar,
distribuir as terras para a prática da agricultura e criação dos animais,
a resolução dos problemas e a realização das cerimónias mágicas e
religiosas, para invocar os seus antepassados e o sucesso da boa
colheita da sua comunidade.
Os tais povos cresceram a partir do seu próprio desenvolvimento
interno. As principais causas da evolução foram: o uso do ferro, o qual
pode ter começado em 300 n.e. nesta região. Com o ferro foram
transformando em instrumentos de trabalhos, criando assim a
sedentarização, o desenvolvimento da agricultura e criação de animais
e mais tarde a expecialização dos trabalhos.

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas
1-Como é composta a savana nas regiões da África Ocidental?
A-Por grupos de árvores e capins altos, com chuvas regulares;
B-Por grupos de árvores e capins altos, com chuvas;
C-Por grupos de árvores e capins altos;
D-Por grupos de árvores e capins.

2 – As regiões da África Ocidental a zona das estepes, onde?


A-Chove pouco e é formada por plantas rasteiras;
B-Chove pouco e é formada por plantas rasteiras sem arbustos;
C-Chove pouco e é formada por plantas rasteiras e pequenos arbustos;
D-Chove pouco e é formada por plantas rasteiras e grandes arbustos.

3 -As regiões da África Ocidental a zona das florestas, tem?


A- Grandes quantidades de árvores de variados tamanhos e onde
chove menos;
B- Grandes quantidades de árvores de variados tamanhos e onde
chove mais;
C- Grandes quantidades de árvores de variados tamanhos e onde não
chove;
D- Grandes quantidades de árvores de variados tamanhos.

RESPOSTAS VAI EXIGIR DA LEITURA ATENTA DO ESTUDANTE NESTE


MÓDULO E EOUTRAS BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS

Exercícios para AVALIAÇÃO

Perguntas
1-Climas da África Ocidental, caracteriza-se por ser:
A-Equatorial, Tropical e Semi-Árido;
B-Equatorial, Tropical e Árido;
C-Equatorial, Tropical e Temperado;
D-Equatorial, Tropical e Húmido.

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2-A maioria da população das regiões da África Ocidental, dedicam-


se da agricultura, produzindo:
A-Inhame, café, cacau, amendoim, milho, óleo e mapira;
B-Inhame, café, cacau, amendoim, milho, óleo de palma e mapira;
C-Inhame, café, cacau, amendoim, milho, óleo, trigo e mapira;
D-Inhame, café, cacau, amendoim, milho, óleo, trigo feijão e mapira.
3-Os animais criados pela maioria da população das regiões da África
Ocidental são
A - Gado bovino, caprino, ouvino, suino, burro, cavalo e o camelo;
B - Gado bovino, caprino, ouvino, suino, burro e o camelo;
C - Gado bovino, caprino, ouvino, suino e o camelo;
D - Gado bovino, caprino, ouvino e o camelo.
4-Fazem parte dos Paises Membros da Região Ocidental Africana:
A-Ghana, Senegal, Costa de Marfim, Mali, Benim e Egipto;
B-Ghana, Senegal, Costa de Marfim, Mali, Benim e Mauricias;
C-Ghana, Senegal, Costa de Marfim, Mali, Benim e Niger;
D-Ghana, Senegal, Costa de Marfim, Mali, Benim e Congo.
5- A população das regiões da África Ocidental, começaram a utilizar
o ferro no século?
A-200 n.e; B-300 n.e; C-400 n.e; D-500 n.e.

RESPOSTAS VAI EXIGIR DA LEITURA ATENTA DO ESTUDANTE NESTE


MÓDULO E EOUTRAS BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS

Exercícios do TEMA

Perguntas
1-Os principais povos que habitaram na região da África Ocidenatal
foram?
A-Os Sarakolé, os Malinke, os Songhay e os Halmorávidas;
B-Os Sarakolé, os Malinke, os Bornus e os Yuruba;
C-Os Sarakolé, os Malinke, os Haúças e os Yuruba;
D-Os Sarakolé, os Malinke, os Songhay e os Yuruba.

2-Os Primeiros Povos Sedentários da África Ocidental viviam em:


A-Grupos de Aldeias, Clãs e Tribos;
B-Grupos Linhageiros, Clãs e Tribos;
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C-Grupos de Aldeias, Clãs e Povoamento;


D-Grupos de Linhagens, Clãs e Povoamento.
3-O principal rio da região da África Ocidental é o rio Níger, os outros
são?
A- Rios: Senegal, Volta, Gâmbia, Congo e Sassandra;
B- Rios: Senegal, Volta, Gâmbia, Komoé e Nilo;
C- Rios: Senegal, Volta, Gâmbia, Komoé e Sassandra;
D- Rios: Senegal, Volta, Gâmbia, Komoé e Benim.
4-O principal rio da região da África Ocidental é Níger e as suas águas
desaguam no:
A-Oceano Índico; B-Mar Mediterâneo;
C-Oceano Pacífico; D-Oceano Atlântico.
5- Os principais recursos minerais da África Ocidental são:
A-Diamante, Petróleo, Ouro, Estanho, Aluminio e Cobre;
B-Diamante, Petróleo, Ouro, Estanho, Aluminio e Ferro;
C-Diamante, Petróleo, Ouro, Estanho, Aluminio e Chumbo;
D-Diamante, Petróleo, Ouro, Estanho, Aluminio e Carvão Mineral.

RESPOSTAS VAI EXIGIR DA LEITURA ATENTA DO ESTUDANTE NESTE


MÓDULO E EOUTRAS BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS

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TEMA II: A EVOLUÇÃO POLÍTICA DAS CIVILIZAÇÕES DA HISTÓRIA DA


ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ AO SÉCULO XV.

UNIDADE Temática 2.1.A Evolução Política das Civilizações da História da África


Ocidental até ao Século XV.

Introdução

Nesta unidade Temática, discutiremos sobre a Evolução, a Organização


Política e a Formação dos Primeiros Estados Centralizados na Região
da África Ocidental até Século XV.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Descrever A Evolução, a Organização Política e a Formação dos Primeiros


Estados Centralizados na Região da África Ocidental.
 Analisar a Evolução Política dos Primeiros Estados da África Ocidental;
Objectivos
 Conhecer As Políticas Administrativas dos Primeiros Estados da África
específicos
Ocidental;
 Comparar As Formas da Administração dos Primeiros Estados da África
Ocidental;
 Avaliar As Causas da Decadência dos Primeiros Estados da África Ocidental.

2.1 A Origem e a Formação dos Estados: caso do Impérios de Gana,


Mali Songhay, Haúças, Kanem-Bornu, Benim e Cidades Yorubas

Durante o período que chamamos de Idade Média, sec. V a XV,


poderosos Estados se desenvolveram na África Ocidental, e por serem
detentoras de riqueza, se tornaram o principal eixo de comércio entre
o Mar Mediterrâneo e o interior da África (In: Erica Turci).

“No decurso do Iº milénio, os nómadas berberes do sahara ocidental


utilizavam o dromedário com animal de carga nas caravanas. Dai
resultavam várias consequências para a savana”.(SELLIER, 2004, p. 83)

Em troca do sal, explorado no sahara e muito necessário na savana, a


África do oeste propõe milho-miúdo e acessórios de ouro, pedidos
pelos comerciantes magrebinos. Assim estabeleceram-se itinerários
comerciais a grandes distâncias.
“A comunidade devia pagar-lhe tributos em produtos ou mesmo em
trabalhos. De entre os restantes grupos sociais, destacam-se os
comerciantes (entre os Dioula, os Haussa e os Fula), os camponeses os
pastores (entre os Fulani) e os escravos domésticos”. (KI-ZERBO, 2009,
p.137)
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Todos estavam envolvidos no complexo comércio a longa distância


que incluía a travessia do deserto com caravanas de mercadorias.
Foi adaptada a religião islâmica, mas a maioria da população não se
converteu ao islamismo. A classe dominante, contudo, aceitava esta
religião sobretudo por interesses nas relações comerciais com os
árabes.
Foi a partir do século IV da n.e que se começaram a formar as
primeiras sociedades de exploração na região da África Ocidental. Elas
foram se formando através do resultado do crescimento económico
desigual no seio das tribos.
Os contactos comerciais com povos da África do norte, Ásia e Europa,
contribuíram para aumentar as desigualdades, criando as condições
para o nascimento da exploração e das classes sociais.

Nestas sociedades de classe, que nós chamamos Estados, a forma


principal de exploração era o tributo. Alguns destes Estados, durante
o seu desenvolvimento, alargaram o seu território, dominaram os
povos vizinhos, através de confronto militar, compra de algumas
terras, exigindo-lhe tributos.

A sociedade estava dividida em diferentes classes sociais. A classe


dominante classe dominante era constituída pelo rei, governadores
das províncias, administradores, chefes das aldeias e conselheiros que
decidiam na resolução dos problemas, quer da origem política,
económica e sócio – cultural.

O Estado de Ghana, o Mali, o Benin, Kanem-Bornu, Yoruba, Haúças e o


Songhay etc, foram alguns Estados da África Ocidental. A maneira de
origem, organização, assim como a forma de exploração destes
Estados, eram muito semelhantes.

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Fig.1-Grupos linguísticos, Povos e Reinos da África Ocidental

Fonte: MOHAMMED, 2010, p.146

2.2. O Estado do Ghana


2.2.1. A Origem e a Formação do Estado

Iniciemos o estudo do Estado de Ghana com este resumo conclusimo e


mais abaixo vamos aos detahes.

Império Ghana foi o mais antigo Estado negro que se conhece,


fundado no século IV, e conquistou uma grande área onde exerceu
dominação política e econômica, ao sul do que hoje conhecemos por
Mauritânia, Senegal e Mali. Foi um núcleo formado pelos povos
conhecidos como soninkê.

Inicialmente Ghana era o título dado ao governante que atribuía sua


soberania aos povos dominados. Ghana conheceu seus tempos áureos
após 790, quando o poder esteve sob o controle da dinastia Cissê
Tunaka, exercido de forma matrilinear. Do século IX ao século XI a
hegemonia de Ghana foi reconhecida.

A base econômica deste império baseava-se no recolhimento de


tributação, imposta aos povos conquistados e aos produtos que
circulavam em seus domínios. Além disso atividades de subsistência
como a pesca, a pecuária e a agricultura formavam parte importante
de sua economia. Além de um

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ISCED - CURSO: História ; 20 Ano Disciplina/Módulo: HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ SÉCULO XV
20

poderoso exército, os soberanos tinham também ao seu dispor uma


gama variada de funcionários.

A localização e seu poder hegemônico garantiam um fluxo comercial


contínuo, articulando saarianos e sul saarianos, ou seja, conseguiam
explorar uma importante região de comercio. Assim, do Norte vinham
o cobre, cauris (os búzios), tecidos de seda e algodão e o sal, que eram
trocados por marfim, escravos e ouro.

Com esta grande articulação comercial Ghana conseguiu se manter


como império até o século XI, quando foram derrotados diante de
tropas de cavaleiros e muçulmanos do Marrocos que estavam em
guerra contra os pagãos, como o povo de Ghana. Ghana foi, portanto,
a última barreira para a entrada do Islã na região.

De forma detalhada avancemos em referir que na região entre os rios


Senegal e Níger, os Soninques, desde sec.IV, fundaram pequenas
cidades, mas já no sec.VII, a região era conhecida como Império de
Gana.
Os Soninques chamavam a sua região de Wagadu, mas os berbere
(povos de Magrebe), vindouros no sec.VIII, a chamavam de Ghana,
pois era esse o titulo do rei da região (ghana: ´´rei guerreiroˮ). Por ter
grandes jazigos de ouro, Ghana também teve a designação ´´ Terra de
Ouro´´.

O Ghana, reino Soninké, a primeira menção conhecida do Ghana, em


finais do século VI, emana dos Berberes de Tahert. O seu centro
situava-se no sudoeste da actual Mauritânia, sem dúvida em Kumbi-
Saleh, capital do Império de Ghana. O Estado do Ghana, enriqueceu

20
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com o comércio do Ouro, proveniente do Bambouk (perto do Alto


Senegal), trocando com Berberes o sal e outras mercadorias no
mercado de Aoudaghost, o ouro seguia em direcção a Sidjilmasa.

Segundo KI-ZERBO (2009, p.133), “Este é o primeiro império negro


conhecido com bastante precisão, dispomos por isso em primeiro lugar
das fontes árabes, as principais das quais são Ibn Hawkal e Al Bakri. O
primeiro, que provavelmente viajou de Bagdade – Iraque, médio
oriente até a margem do rio Níger em todo caso até Awdaghost em
970, e não hesitou em dizer do imperador do Ghana é o mais rico do
mundo por causa do ouro”.

“Ghana, diz nos ele: é chamado assim por causa do título dos seus
soberanos, significava rei, sultão. Pouco a pouco, o título real acabará
por designar o próprio País”.(SELLIER, 2004, p. 83)

O Estado do Ghana, estava localizada na região da África Ocidental, ao


norte das duas curvas divergente do Senegal e do Níger. Compreendia
essencialmente o Auker ao norte e o Hodh ao sul. Este estado era
chamado com frequência o Uagadu (o Estado dos rebanhos).

Ghana foi um reino mais antigo, que surgiu e floresceu na região da


África Ocidental. O actual Estado do Ghana tomou o nome do antigo
reino, embora se localize exactamente no mesmo sítio. Por volta do
século IV, Ghana era uma confederação de Clãs pertencendo às
populações Sarakolés. Os clãs eram grupos de famílias descendentes
do mesmo antepassado comum e que usavam o mesmo nome (os
Cissé, os Dramé, os Kandé, os Sylla).

A divisão em Clâs correspondia por vezes à divisão do trabalho. Por


exemplo os Kandé eram ferreiros, tendo formado mais tarde, o reino
dos Sossos.

Havia laços de parentesco entre um Clâ e outro. Não havia igualdade


entre os Clâs. Havia Clâs mais importantes que outros.
O chefe do Clâ dominante dos Cissé, passou a ser o chefe de todos os
outros Clâs.

Este alargamento das suas funções exigiam a montagem de um


aparelho de Estado. Iniciou-se um processo de Centralização do Poder.
Montando o aparelho de Estado, o chefe Cissé iniciou novas
conquistas para alargamento do seu território. Os guerreiros usavam
armas de ferro, o que permitiu o reino do Ghana constituir-se como
uma potência militar na região, visto que as populações vizinhas ainda
não conheciam este tipo de armas. Entrou no trono o rei negro (Kaya
Maghan), o senhor do Ouro, que teria fundado a dinastia dos Cisses.

Ghana ou “o País de Ouro”, assim conhecido devido às minas de Ouro

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ISCED - CURSO: História ; 20 Ano Disciplina/Módulo: HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ SÉCULO XV
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existente na parte sul do seu território. Este reino, estendeu o seu


domínio aos povos vizinhos Tekrur, Mandinga e Songhay, tornando –
se assim num império.

A sua capital chamava-se Kumbi – Saleh. Kumbi – Sale subdividia-se


em duas partes distintas. Uma a cidade comercial, onde habitavam os
comerciantes árabes e berberes vindos do norte do continente
africano.
Tinham casas de pedra. Outra, a cidade real, onde se encontravam a
floresta sagrada, o palácio real, os sacerdotes mágicos – religiosos, a
caverna que obrigava o cragadou – Bida, a serpente génio protectora
dos Cissé (Clâ Dominante), os túmulos reais. Na cidade real mantinha-
se a cultura tradicional, incluindo o culto dos antepassados.

A residência do rei, compunha-se de um palácio e de várias cubatas de


tecto arredondado, tudo envolvido por uma cerca semelhante a um
murro. O palácio real estava ornado de esculturas, de pinturas e
possuía janelas envidraçadas.

No centro encontrava-se uma larga praça e as ruas secundárias iam-se


cruzar com uma avenida na direcção sudoeste. O pavimento de todos
os compartimentos estava minuciosamente lajeado com grandes
placas de 2metros de cumprimentos. As paredes estavam dispostos de
nichos triangulares, para neles se colocavam os utensílios, as
lanternas, etc.

2.2.2 A Organização Política e Administrativa


O Reino de Ghana ocorreu no século IV, embora só tenha ganhado
representatividade no século VII, em especial devido à riqueza em
ouro que a área possuía, o que atraiu, e muito, o interesse dos árabes.
Foi nessa época que o comércio se intensificou em Ghana, que criou o
primeiro cargo de “ministro do comércio”, sendo este responsável por
controlar e taxar as importações e exportações.

Esse era um reino notável pela organização administrativa, com


subdivisões no governo, sistema de cobrança de impostos, espécies de
províncias e organização política. Na economia local, as principais
actividades eram o comércio com os árabes, a agricultura, a pecuária e
a mineração. O Reino de Ghana esteve no governo até o ano de 1240,
que foi quando o Rei Sundiata Keita, do Reino de Mali, conquistou o
poder.

O chefe do Ghana anteriormente chefe do seu clã Cissé, passa a dirigir


os destinos os Sarakolés, com um aparelho de Estado Administrativo
Centralizado.

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Eles acumulavam todos poderes nas suas mãos, tais como: Políticos,
Mágicos – Religiosos, Económicos, Administrativos e sócio – culturais.
Ele era o dono do Ouro, era ele que repartia entre as famílias, na
estação seca, os lugares auríferos a serem explorados e se encarregava
das cerimónias religiosas necessárias para afastar os malefícios ligados
à exploração do ouro.

Tinha ainda a primazia sobre as Pepitas e direito a um imposto sobre o


ouro em pó.
“O chefe supremo e os chefes locais faziam parte da classe dominante.
Os membros da comunidade, camponeses, artesãos, mineiros,
criadores de animais, ferreiros, pescadores, etc, trabalham muito e
viviam por vezes numa situação precária”. (KI-ZERBO, 2009, p.138)

Pagavam tributos em tributos ou em trabalhos aos chefes.


Todas as manhãs, o soberano (Tunka), numa espécie de ronda da
justiça, saia a cavalo acompanhado de todos seus oficiais e dava uma
volta pela capital, parando para ouvir as possíveis queijas dos seus
súbditos mais humildes e para lhes mandar logo fazer justiça.

A ronda da noite, em contrapartida não devia ser interrompida. A


sucessão do poder era matrilinear, isto é, era o filho da irmã do rei que
lhes sucedia, isto para assegurar que o sucessor fosse sempre de
sangue real, assim se sentia seguro.

O imperador manifestava uma tolerância benevolente em relação aos


muçulmanos, pois os intérpretes, ou tesoureiros e a maioria dos
ministros eram escolhidos entre eles, sem dúvida por causa da sua
competência técnica. A corte do Tunka, brilhava pela magnífica
profusão de ouro.

2.2.3 Apogeu e Declínio


O século X n.e, foi de apogeu para o Ghana, com os mercadores a
circular pelo País e as cidades desenvolveram-se.
Todavia, lá pelos finais do século XI n.e, o Império de Ghana começou
a mostrar sinais de enfraquecimentos.
Os invasores muçulmanos conhecidos por Almorávidas, atacaram o
Ghana na tentativa de difundir a sua religião. Eles tinham intenção de
controlar o comércio a longa distância.
Controlavam os depósitos de sal no deserto, mas também queriam
controlar as fontes de ouro para saquear.
O Berbere Ibn Yassin, pregador Muçulmano, contribuiu para a
conversão de milhares de pessoas dentro e fora do reino do Ghana.
Empreendeu mais tarde uma guerra Santa de expansão para espalhar
a fé Islâmica por toda região.
Esta guerra abalou profundamente as estruturas políticas –
administrativas da classe dominante do reino do Ghana em 1076,
sobretudo as províncias meridionais do Estado já não eram muito

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ISCED - CURSO: História ; 20 Ano Disciplina/Módulo: HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ SÉCULO XV
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leias. Em fim, certos notáveis muçulmanos empregados pelo Tunka,


não estavam ali de conveniência.
“A guerra destruiu Kumbi – Saleh e as comunidades locais foram
convertidas à força ao islamismo e obrigados a pagar aos invasores
muçulmanos Almorávidas, marcando assim o fim do império do
Ghana”. (KI-ZERBO, 2009, p.147).

Sublinha-se que com o processo de islamização dos povos africanos(os


primeiros convertidos foram os berberes), o Império de Ghana, que se
recusava a converter se ao Islão, foi perdendo força ate que em 1076,
os Amorávidas, dinastia berbere, conquistaram e saquearam Kumbi-
Saleh, transformando a cidade em um reino tributário. A partir dai,
todo o Império se fragmentou o que possibilitou as incursões de vários
povos vizinhos(In: Erica Turci ).

2.3 O Estado do Mali


2.3.1A Origem e a Formação do Estado
Foi constituído pela actual republica de Mali e algumas regiões dos
actuais Senegal e Guiné, o reino no século XIV, expandiram-se por
meio da anexação das cidades de Tombuctu, Gao e Djenne;
A cidade de Tombuctu era o principal centro de cultura no continente
africano;
A cidade de Gau criou obstáculos sobre o comércio de Mali;

A cidade de Tombuctu era repleta de cultura (bibliotecas, madrasas


(universidades) e magníficas mesquitas. Passou a ser o ponto de
encontro de artistas do oriente médio.
O Império de Mali foi o mais rico da África nos séculos XIII e XIV tendo
declinado na metade do século XV (1600). Suas principais cidades
foram: Niani, a capital, Kumbi-Saleh, antiga capital do império de
Gana, Walata, Tombuctu, Djenné, Kirina e Gao.

A população da capital Niani, era de aproximadamente 100 mil


pessoas, e estima-se que o império de Mali tenha comportado 40 a 50
milhões de habitantes em 400 cidades que formavam o império.
Nas ruínas do Ghana encontramos os fundamentos das origens do
Mali. As Províncias do País Sarakolé tornaram-se independentes e
transformaram-se em reinos distintos.“Os fundadores do Mali,
pertenciam ao grupo linguístico Mandé. Este grupo tinha como
elemento de união ao nível da vida social, a religião.
Deste grupo Mandé faziam parte os Soninké, os Madingas, os
Bambáras, os Dogos. Antes da formação deste império, os habitantes
encontravam-se agrupados em aldeias dirigidas por um ancião (Fa)”.
(KI-ZERBO, 2009, p.164).

“A fundação do Império do Mali, pelos Mandé, data de meados do


século XIII, estes soberanos
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ISCED - CURSO: História ; 20 Ano Disciplina/Módulo: HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ SÉCULO XV
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professavam o Islão, retiravam grande parte das suas riquezas do


comércio transahariano e apoiavam-se num poderoso
exército”.(SELLIER, 2004, p. 24 ).

Ora vejamos, o Reino de Mali era, a princípio, uma região do Império


de Ghana habitadas pelos mandingas.
Após anos de guerra entre os soninques de Ghana e os Almoravidas e
os Sossos entre os sec.XI e XII, Mali conseguiu sua independência e
adoptou o islamismo.
O nome que os mandingas davam ao seu império era Manden Kurufa;
o nome Mali era usado por seus vizinhos, os fulas, para se referir ao
grande império.

Os clãs mais importantes foram Traoré, Camara, Konaté e Keita.


Algumas populações Mandé viviam subjugados pelos Sossos do
Ghana. Foi na luta contra os Sossos que um dirigente do grupo Mandé,
do Clâ Keita, Sundiata Keita, “O Leão do Mali”, tomou o poder
derrotando os Sossos na batalha de Kerina (1235), século XIII. Ele
conquistou o seu território e dos seus vizinhos, cujos chefes lhe
concederam o título de “Mansa”, que significa imperador.
Os Mandé do Mali, estenderam suas autoridades a todo o vale
superior do rio Níger (até Gão), uma parte do Sahara (Walata), ao
Bumbuk e a toda a região costeira compreendida entre o rio Senegal e
o rio Geba.
O Império do Mali, senhor das zonas auríferas do alto Senegal e do
alto Níger, impôs sobre toda a Senegambia uma hegemonia, que não
sobrevivera a crise que a ira atingir um século mais tarde. Mas, mais
ao sul, da Gâmbia aos contrafortes do Futa‑Djalon, sua obra foi
duradoura, por se basear num povoamento novo e na transformação

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profunda das sociedades indígenas. (DJIBRIL, 2010, p.346)

Sundiata destruiu a antiga capital do Ghana e fundou a sua capital em


Niani. Como Kumbi-saleh do Ghana, Niani contava com duas cidades:
Uma Cidade Real, onde se situavam as residências do Soberano e da
sua corte, as dos Sacerdotes, os Túmulos dos antepassados, o palácio
real, a floresta Sagrada. Na cidade comercial residiam os comerciantes
vindo do norte, os Árabes e os Berberes.
“Sundiata Keita, tornou-se o senhor do Estado do Mali, tomando o
título de Mansa “Chefe Supremo”, estendendo o seu Império até a
região do oceano atlântico. Foi o primeiro mansa a fazer uma
peregrinação a Meca, marcando o apogeu do Império do
Mali”.(SELLIER, 2004, p. 84)

O coração do Império situava-se no vale do rio Níger, mais


precisamente na curva a partir de Gao e na parte ocidental do rio, que
se alargou num delta interior, planície inundável e muito fértil.

2.3.2 A Organização Política e Administrativa


Para a maioria da população Mande, ligada às crenças ancestrais, o
Mansa continuava a ser descendente do herói Sundiata.
“A autoridade do Mansa assentava no seu exército de 100 mil homens
e numa importante cavalaria e o edifício central mantinham as
autoridades central a permanecer sólida”.(SELLIER, 2004, p. 84)

O Sistema Administrativo do Governo era descentralizado. O Império


estava dividido em Províncias, dirigidas pelo Farin(Governador). As
Províncias estavam subdivididas em Concelhos – Os Kofos – e em
aldeias –Dugu– onde a autoridade se repartia muitas vezes entre um
chefe político e um chefe religioso.
“Os reinos vassalos eram administrados através dos seus Clâs
tradicionais, por vezes controlados por um representante residente.
Este era encarregado de recolher os tributos e de garantir a defesa”.
(KI-ZERBO, 2009, p.169)

À semelhança do Ghana, os Clâs eram especializados por profissões


(artesões e agricultores).
Para governar este imenso império, que tinha cerca de 400cidades e
vilas, os reis do Mali, adoptaram um sistema muito descentralizado.
Este reino estava subdividido em províncias, distritos, concelhos e em
aldeias. A autoridade da aldeia, era por vezes um chefe de terras
religioso e um chefe político.
Tais províncias ainda estavam portanto, orgânicas e fortemente
ligadas ao grande corpo do império.

Os reinos subordinados reconheciam a hegemonia do imperador e


exprimiam mandando regularmente presente. Eram em suma,

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protectorados cuja ligação e adesão ao poder central dependia do


vigor deste.
O ministro residente fiscalizava as actividades do chefe local. Recolhia
o tributo pago por ele e podia, em caso de guerra, requisitar tropas
entre as suas gentes.

Os escravos eram incorporados nas grandes famílias de comerciantes,


ou destacados para o trabalho do palácio real.
O Poder e os privilégios pertenciam apenas à Classe Dominante. O
resto da sociedade vivia em diferentes níveis de Pobreza.
Era um rei muito piedoso que fazia peregrinação, para fazer a sua
descentralização do império, foi marcada pela instalação de grandes
generais. Alargou ainda os limites do império, tanto a leste, no
território do reino nascente de Gao, como a oeste até a Tekrur.

O Império de Mali foi o maior produtor de ouro na África. Seu povo


praticava a agricultura e a pecuária de subsistência, sendo que o
artesanato era uma atividade de grande importância para a economia
e a cultura.

Por Tombuctu circulavam sal e ouro das minas do Império Mali,


tecidos, grãos e noz-de-cola das flores, além de peles, plumas, marfim
e instrumentos de metal. Ao longo do século XIV, Tombuctu se
transformou num importante centro intelectual do mundo, reunindo
cerca de 150 escolas com muitos estudantes oriundos de outras partes
do território africano. O poder político era exercido pelo Imperador,
embora possuísse uma espécie de regime democrático, já que o povo
tinha acesso a este por meio das chamadas reclamações. A estrutura
política do império foi estabelecida pela Carta de Kurukan Fuga. O
Mansa vestia-se com artefatos de ouro e usava uma túnica vermelha
(mothanfas). O trono do imperador era o pempi, uma poltrona feita de
ébano.

2.3.3 Apogeu e Declínio


O Império de Mali se tornou herdeiro do Império de Ghana, pois
passou a controlar todo o comércio local. O ouro extraído por Mali, no
reinado de Mansa Mussa, sustentava grande parte do comércio do
Mediterrâneo.
Sob o reinado de Mussa, a cidade de Tombuctu se tornou uma das
mais ricas e importantes da região. Sua universidade era um dos
maiores centros de cultura muçulmana da época, e produziu várias
traduções de textos gregos que ainda circulavam nos sec. XIV e XV.

A partir de 1360, no finais do século XIV, as lutas pela sucessão


dividem os Queitas e o poder do Estado do Mali, começa a declinar.
“Por volta de 1460, nos finais do século XV, o Estado do Mali, já não
controlava o seu território de origem nem o itinerário comercial que
conduzia a Oulata”.(SELLIER, 2004, p. 84)

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O êxito do Mali parece dever-se ao seu sistema descentralizado, que


permitia controlar as províncias conquistadas. Os vários povos
estavam unidos sob a direcção dum único chefe.
A grande tolerância religiosa muçulmana também contribuiu para o
seu apogeu.
“No entanto, apesar da sua organização, o império entrou em declínio,
quando as rotas comerciais se deslocaram do oeste para leste,
favorecendo a ascensão do vizinho reino de Gão”. (KI-ZERBO, 2009,
p.173)

Após o século XIV, dominado pela figura notável do mansa Kanku


Mūsā, o Mali entrou num período de declínio gradual. Os séculos XV e
XVI foram marcados pela mudança progressiva do centro de interesse
do império para o oeste. Enquanto o monopólio comercial muçulmano
permanecia intacto nos demais países do sul do Sahara (Songhai,
Kanem etc.), o comércio do Mali, até então também orientado para o
mundo árabe, a partir de meados do século XV voltou‑ se
parcialmente para o litoral. Os mercados de Sutuco e de Djamma Sura
(Djagrancura), as margens do rio Gâmbia, substituíram os de
Tombuctu e de Djenne, agora controlados pelos Songhai.(DJIBRIL,
2010, p.193)

Após o século XIV, as relações do Mali com a África setentrional


intensificaram‑se, em consequência da célebre peregrinação do
mansaKanku Mūsā a Meca. Dessa peregrinação resultou intenso
desenvolvimento económico e cultural, responsável pela expansão da
influência do Mali para além de suas fronteiras. No entanto, a
introdução maciça da cultura islâmica perturbou os costumes do País.
Enquanto o governo esteve em mãos de mansa enérgicos, como
Kanku Mūsā e Solimao, tudo correu bem. Entretanto, no reinado de
seus sucessores, líderes de menor envergadura, multiplicaram‑se as
intrigas na corte. O século XIV, durante o qual se assistiu ao apogeu do
império, terminou com o enfraquecimento do poder central. (DJIBRIL,
2010, p.195).

O Império de Mali entrou em decadência a partir do final do sec.XIV,


em função das disputas politicas internas e das incursões dos
Tuaregues (povo berbere), sendo conquistado no sec. XV pelos
Songais.

2.4 O Estado de Songhay


2.4.1A Origem e a Formação do Estado
“O Estado do Songhay localizava-se nas margens do vale do rio Níger.
A dinastia Songhay, provavelmente iniciada no século VIII e durou até
nos finais do século XV, e teve como a sua capital Koukya”.(SELLIER,
2004, p. 84)

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Songhay foi um dos últimos impérios Sudaneses. Foi construído pelos


camponeses Gabibis e os pescadores Sorko das margens do rio Níger.
Estes clãs foram dominados pelo império do Mali, por mais de 50
anos, pagando-lhe tributos.
“Mas nos meados do século XIV, eles resistiram aos ataques dos Mossi,
dos Mali e dos Tuareg do deserto. Nos finais do século XIV, eles
começaram a expandir a sua área de domínio. Deste modo o Estado de
Songhay foi constituído fundamentalmente por camponeses e
pescadores”. (KI-ZERBO, 2009, p.187)

Ao fim de longa evolução de cerca de oito séculos, os Songhai,


estabelecidos nas duas margens do médio Níger, erigiram um
poderoso Estado e unificaram grande parte do Sudão, permitindo
assim o desabrochar de brilhante civilização, em gestação durante
todo esse tempo. (DJIBRIL, 2010, p.210)

No século XV, o Estado de Songhay começou a desenvolver-se. O mais


importante governante foi Sunny Aly, que tomou o poder em 1464 e
fez do Songhay o mais poderoso Estado daquela época. As Cidades do
Tumbuctu, Djenné e Gâo eram as mais importantes do Império.
Em 1493 tomou o poder Askia Mohamed, que iniciou a dinastia dos
Askias. Mohamed estendeu as conquistas dos seus predecessores: A
Oeste ele estendeu a sua autoridade até ao rio Senegal e acabou por
isolar o que restava do Mali, cujos reinos foram obrigados a deslocar-
se para o Alto Níger e para o Sul de Gâmbia; a Leste ele submeteu uma
parte do território dos Haussa e apoderou-se de Agadéz, que se
tornou a Capital.

2.4.2 A Organização Política e Administrativa


O Império Songhai foi profundamente original quanto a organização
política e administrativa. A forte estruturação do poder, a
centralização sistemática e o absolutismo real são características que
atribuíram uma coloração moderna a Monarquia de Gao,
distinguindo‑a do sistema tradicional de federação de reinos, vigente
nos impérios de Gana e do Mali.(DJIBRIL, 2010, p.218)

A monarquia de Gao sob os askiya, herdeira de longa tradição de


governo, fundava‑se nos valores islâmicos e consuetudinários.
Segundo os antigos costumes sudaneses e songhai, o toi (rei) era o pai
do povo, dotado de poderes semis sagrados, fonte de fecundidade e
prosperidade. Quem dele se aproximasse, tinha de se prostrar em
sinal de veneração. Já a tradição islâmica estipulava que o monarca de
Gao, muçulmano desde o século XI, devia governar segundo os
preceitos do Alcorão.

A organização política era mais elaborada que a do Mali, com um


imperador que no dia da sua entronização recebe (um selo, uma
espada e um alcorão como insígnias) e uma corte faustosa.

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Com a morte do soberano, sucedia‑lhe o irmão mais velho. De fato,


decidia‑se a sucessão pela força, dai as crises periódicas. O novo
askiya era proclamado pela sunna e entronizado na antiga capital de
Kūkya.
O governo era constituído por ministros e conselheiros nomeados, que
podiam ser demitidos pelo askiya, e obedeciam a uma hierarquia
segundo a sua função. Pode‑ se distinguir o governo central do askiya
e o das províncias.
“O Askia Mahomed, nomeava e demitia os Ministros e Governadores,
possuía grupos de elite e controlava toda a região de Goa, habitada
por camponeses que se dedicavam à criação de gado e à rizicultura”.
(KI-ZERBO, 2009, p.189)

Os funcionários do governo central formavam o conselho imperial,


que debatia todos os problemas do império. Um secretario chanceler
redigia as atas do conselho, tratava da correspondência do soberano,
da redacção e da execução de suas leis. Outros funcionários, cujas
tarefas eram mais ou menos conhecidas, cuidavam dos vários
departamentos administrativos.
Havia um exército profissional com lanças e zagaias com pontas
envenenadas e sabres, além de uma equipa de altos funcionários a
dirigir o império. A administração era muito centralizada. (DJIBRIL,
2010, p.222)

Muitos grupos populacionais como os Fulas, Tekrurs, Songhays,


Berbers, Mandingas, Sarakolés, Haussas, prestavam serviços ao
Askia.Em cada cidade, o chefe do mercado, o chefe da polícia
(mundio) e comissário para os estrangeiros, estavam dependentes do
poder central.
Djenné, Tumbucto, Walata, Gao e outras Cidades antigas desta região,
eram também grandes centros de estudos religiosos. Os professores
(Marabuts) ensinavam nas mesquitas, e doutores escritores célebres
do Magreb atravessavam o deserto para ir dar e receber cursos em
Tumbuctu ou em Djenné. Estas cidades eram capitais políticas e focos
económicos poderosos e também capitais de Erudição e ciências
Islâmicas, irradiando em todas as direcções e suas influências.
Askia Mohammad criou um exército profissional que melhorou a
qualidade dos guerreiros e libertou o povo para a produção agrícola,
artesanal e comercial. Os exércitos estavam divididos em vários
corpos, um dos quais servia de guarda imperial, sendo outros
repartidos entre os governos provinciais. Os guerreiros eram
equipados de lanças, zagaias, com pontas envenenadas.

O império era dividido por uma equipa de altos funcionários, alguns


dos quais tinham uma competência puramente funcional, tais como:
Ministro da defesa, das finanças, governadores, administradores e
chefe do concelho da aldeia.
“A justiça consuetudinária concernia a maior parte do império, e,

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mesmo nas grandes cidades muçulmanas, as pessoas resolviam seus


conflitos em família ou com o chefe do grupo étnico, de acordo com
seus próprios costumes”.(DJIBRIL, 2010, p.226)

Em Gao, o conselho imperial mantinha um tribunal para julgar os


casos de Estado, geralmente de conspiradores – príncipes e seus
cúmplices. Para combater a licenciosidade e, particularmente, o
adultério, um flagelo na refinada sociedade da curva do Níger, o askiya
Ishāk II instituiu um tribunal de adultério que punia severamente os
casos de flagrante.

2.4.3 Apogeu e Declínio


Foi após o grande progresso de prosperidades registado entre os
séculos XIII até XVI, que Marrocos apercebendo-se do valor das minas
de sal de Teghazza, chave do comércio oeste africano, começou a
pressionar o Askia.
Após de várias recusas do Askia em ceder as minas, Marrocos
organizou em 1590, uma campanha militar a Gao e às terras do Níger,
tendo demorado 05 anos de lutas, até quebrar com a resistência dos
Songhays. Os soldados Marroquinos acabariam por ganhar autonomia
na região, passando a eleger os seus próprios chefes. Com o tempo
fundiram-se na população local.

2.5 Os Estados de Haúças


2.5.1A Origem e a Formação do Estado
A zona tradicionalmente habitada pelos Haússa (Hawsa) situa‑se na
região que vai dos montes Air (Azbin), ao norte, até as bordas
setentrionais do planalto de Jos, ao sul, e da fronteira do antigo reino
do Bornu, a leste, até o vale do Níger, a oeste. Nesta área, o haússa é a
única língua indígena conhecida, desde tempos muito antigos.
Era chamado simplesmente de Kasar haúsa, ou seja, o território de
língua haússa. Acrescentando‑se as migrações e a assimilação, a área
na qual o haússa era empregado como língua principal de
comunicação expandiu‑se para o sul e para oeste; pelo norte, alguns
povos não Haússa, sobretudo os tuaregues, os Zabarma (Djerma) e os
Fulbe (“Fulani”), penetraram e se instalaram no território.
“A língua Haússa é actualmente a dominante na zona das savanas do
Sudão central”.(DJIBRIL, 2010, p.299)

É falado por vários grupos que, miscigenando‑se ao longo dos séculos,


acabaram por ter a mesma identidade cultural. Juntos, deram origem
a uma brilhante civilização.
As Cidades – Estados Haúças situadas entre o rio Níger e o Chade
encontram-se numa grande encruzilhada.
“Construíram-se, por volta do século XII, em redor das vias comerciais
que ligavam Trípolis e o Egipto à floresta tropical, por um lado, e por
outro lado, o Níger ao alto vale do rio Nilo pelo Darfur”. (KI-ZERBO,
2009, p.192)

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Com a reconstrução piedosa, depois da conversão ao islamismo e da


subjugação pelo suserano Bornuano, a rainha Daurama que sucedeu
nove (09), outras rainhas.
Daura era considerada a cidade mãe ou a Capital do Estado. Mais
tarde foram integrados no mundo dos Haúças, outras cidades tidas
como menos autênticas por serem fundadas por fugitivos retirados da
região sul e oeste.
A classe dominante dos Haúças eram povos da raça negra. Foi com a
chegada de migrantes árabes e alguns negros, criou-se a sua mistura
com povos autóctones, criando uma fusão de várias correntes étnicas
e culturais.
As cidades Haúças foram as primeiras fortalezas, nestas vastas
extensões da região do Sudão central, expostas e abertas a todos os
influxos, a todas as irrupções, as todas as pilhagens. Onde os
camponeses encontravam ai refúgio em caso de guerras.

2.5.2 A Organização Política e Administrativa


A aparição de Estados centralizados parece estar intimamente ligada
ao estabelecimento de grandes cidades chamadas birane (singular:
birni), como centros de poder político. A importância das cidades
haúça variou, conforme a época.
A rainha Daurama, organizou também a administração dividindo o País
em Distritos. O rei ou a rainha era eleita, e tinha que ser alguém muito
responsável. Tinha que ser um homem trabalhador, colaborador com
os chefes do exército, os administradores, os imãs e Cádis, o
astrónomo especialista do ciclo lunar, o chefe do protocolo, os
guardas das portas (cargos particularmente importantes).

No campo político, o Islão apoiou o processo de centralização em


muitos Estados Haúça, ajudando a enfraquecer a estrutura política
tradicional, baseada no controle dos locais importantes de culto. Antes
do surgimento dos Estados centralizados, o controle político nas
pequenas chefaturas ligava ‑ se estreitamente aos actos religiosos dos
dirigentes.
Apesar das diferenças regionais, a organização política haúça seguiu
uma linha semelhante, nas diversas etapas de sua formação e
desenvolvimento, baseada na identidade cultural e sócio económica,
que se exprimia, sobretudo, por uma língua comum.
Ao mesmo tempo, o sistema administrativo surgido nos Estados
haúça, desde o século XIV, teve a influência do Kanem‑Bornu, de onde
vieram os modelos de muitas instituições e funções – por vezes
conservando seus nomes kanuri/kanembu.
Por outro lado, a estrutura política administrativa haúça, em todos os
níveis, excepto no mais elevado, era original e só dependia das
circunstâncias locais.

Os factores que parecem ter sido decisivos para a formação das


birane, como sedes de novo tipo de poder político, eram, em primeiro

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lugar, a multiplicidade de recursos agrícolas e artesanais do território


haúça, em segundo, a expansão do comércio de longa distância,
principalmente no século XV, e, finalmente, a existência de muralhas,
que protegiam a população urbana e agrícola das cidades‑Estado
durante as guerras.
As birane eram notáveis pelo carácter cosmopolita da população
resultante do comércio, e também pela lentidão com que parecem
ter‑se estabelecido.
A frente do País, o sarki (rei) tinha poder absoluto. Sua pessoa física
era sagrada, ao menos teoricamente, pois o destino do reino estava
ligado a ela.
Em geral, era escolhido dentre os membros das linhagens reinantes.
Apesar da sucessão do poder de pai para filho ser comum.

2.5.3 Apogeu e Declínio


Foi após o grande progresso de prosperidades registado entre os
séculos XIV até XVI. Em 1554, devido das ambições de ostentar muitos
bens de prestígios da classe dominante, perderam o controlo político –
militar, e a cavalaria de Askia resistia heroicamente, vencendo assim
os Haúças criando assim a sua decadência.

2.6 O Estado de Kanem – Bornu


2.6.1A Origem e a Formação do Estado
Foi devido a conjunção e o casamento dos nómadas Zaghawas
tuaregues ou bérbers e dos sedentários, que teriam chegado na região
de Ghana por volta do século IX.
Os povos nativos sedentários eram negros puros, que mais tarde
emigraram para ocidente fundaram numerosos reinos, e o primeiro é
de Zaghawa, situada numa zona chamada Kanem.
Um dos primeiros reis conhecidos é Dugu Bremi, descendente de um
chamado Saif, que se instala em Njimi, a leste do Chade nos anos 800.
Em 635 de Hégira (1257) século XIII, o rei dos negros torna-se
soberano do Kenem o senhor de Bornu, cidade situada no meridiano
de Tripolis.
A oeste, a expansão estendia-se até ao Níger pela dominação sobre os
Haúças. A leste, o Kanem lutou contra os Bulalas. Para o sul a
conquista foi frenada pelos temíveis Saos, nas regiões pantanosas do
logone e pelas montanhas do Adamawa.
“A sua influência, no seu período de maior esplendor, estendia-se da
Tripolitânia, na região do Egipto até ao norte dos Camarões, Níger até
ao rio Nilo”.(KI-ZERBO, 2009, p.197)

O Reino do Kanem Bornu, formou-se quando o clâ dos Sayf se impós


nas grandes batalhas derrotando os seus inimigos e alastrando o seu
estado.
O rei usava o título de Mai, no século XI, converteu-se ao Islamismo, o
que não impedia a realeza de conservar características tipicamente
africanas até à sua queda.

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No século XII, a maior parte da região do lago Chade era dominada


pelo poderoso reino do Kanem. Nessa época certamente existiam
outros reinos na área, mas a maior parte dos habitantes ainda vivia
organizada em clãs e grupos étnicos independentes.
A principal exportação transahariana consistia em escravos capturados
a todos os anos no sul.

2.6.2 A Organização Política e Administrativa


O Kanem – Bornu, Mali e o Songhay, foi um dos mais vastos impérios
dos grandes séculos africanos na região da África Ocidental. A
organização política e administrativa eram semelhante do Estado do
Mali sobretudo do Estado do Songhay.
Tratava-se de uma Monarquia do tipo Feudal Descentralizada, tendo
no cume o Sultão (MAI), reverenciado como um deus e que no
decurso das audiências Públicas, este sempre oculto por uma cortina.
Os assuntos correntes eram tratados por um conselho privado. O
conselho do Estado (notiena) era formado por doze (12) Príncipes ou
emires, com uma competência territorial ou funcional. Assim o Yerima
(Província do Yeri) ao norte, o Galadima (Província do oeste), o Futima
(Província da Capital), o Kaigamma (Província do sul), Mestrema a
(Província do leste).
“O soberano Kanem, era auxiliado por Conselheiros, Ministro da
defesa, governadores, administradores e chefes das aldeias”. (KI-
ZERBO, 2009, p.201)

O exército era composto por 100.000 cavaleiros, 180.000 de Homens a


pé, soldados de ofício e guardas dos palácios. Os palácios eram de
construções de tijolos cozidos, com técnicas dos ferreiros e arquitectos
(são).

2.6.3 Apogeu e Declínio


O Estado de Kanem – Bornu, teve o seu apogeu desde os séculos IX-
XIII. Nos finais do século XIII, iniciaram revoltas criadas pelos rivais
(Bulalas), e exílios ou migrações em massa.
Com efeito, no Kanem a guerra civil entre o clã dos Idrisas e o dos
Dauds, vieram complicar ainda. Finalmente os Idrisas levaram a
melhor, mas o seu poder permaneceu instável, e ai as lutas
continuaram culminando assim com a decadência total do Estado
Kenem – Bornu.

2.7 O Reino de Yorubas


2.7.1A Origem e a Formação do Estado
A partir do Sec.IX formaram se as cidades da civilização Yoruba, na
actual região da Nigéria, já habitada por esse povo desde o sec. IV.
Os Yorubas nunca unificaram suas cidades, mas mantiveram a mesma
cultura (língua, religião).

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A cidade Yoruba mais importante era Ifé, considerada sagrada, por ser
o berço dos Yorubas e outra cidade era Oyo.
Apesar do cristianismo e do islamismo terem chegado aos Yorubas, a
maioria desse povo se manteve fiel as antigas tradições politeístas
locais, sendo os orixás os seus deuses.

No entanto, no decurso do Iº milénio, os Yorubas iniciaram a


desbravar a floresta. As clareiras assim abertas acabaram por se
juntar, e deram à origem ao nascimento de grupos de aldeias.
“Os povos Yoruba – que, historicamente, talvez constituíam o grupo
mais importante de toda a área, embora se analisou a dialectal de sua
língua indicam que a migração desse povo se orientou da floresta para
a savana”. (DJIBRIL, 2010, p.387)

O conjunto de Estados que agrupava os povos de língua yoruba era o


mais importante da região, pois estendia‑se do Atakpame, a oeste,
até Owo, a leste; de Ijebu e Ode Itsekiri, ao sul, até Oyo, ao norte. Suas
origens são mais obscuras que as dos Estados ijaw, pois o prestígio de
dois Estados yoruba – Ife e Oyo impregnou as tradições dos outros.

Yoruba é o nome dado as sociedades onde não havia poder


centralizado, nas quais os clãs ou as linhagens viviam lado a lado, em
completa independência. A autoridade do patriarca ou chefe do grupo
de linhagem não era absoluta, e cada grupo explorava área mais ou
menos vasta do território. Algumas técnicas agrícolas eram
rudimentares e a procura de bons solos provocava migrações.
No período aqui abordado, nota‑ se um crescimento da população
associado ao progresso técnico e ao surgimento de regime alimentar
mais rico. Por isso, não se pode dissociar a cultura intensiva do inhame
e a abundância de dendezeiros do estabelecimento maciço dos lbo na
floresta a leste do Níger. Em certos pontos do território Ibo, as
derrubadas chegaram a provocar a devastação da floresta.
Essa expansão também teve como resultado a exploração mais
intensiva do solo e o surgimento de grandes aglomerações em aldeias.
Sem que se possa explicar como, dessas aldeias originaram-se se
Estados, cidades bem estruturadas, com uma autoridade política bem
individualizada.

Uma vez estabilizada, a aldeia crescia rapidamente, se o solo fosse


fértil, tornando‑se uma comunidade importante; a partir de então,
fazia‑se necessário montar uma organização militar eficaz. E bem
provável que, mesmo nas regiões florestais, as rotas e os intercâmbios
comerciais tenham sido importantes para o desenvolvimento das
cidades. Uma vez constituída, a cidade se tornava um centro
económico activo, que atraia comerciantes. Tudo leva a crer que as
cidades se formaram num clima de rivalidade, quando não de
hostilidade. As mais combativas aumentaram seu território

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ISCED - CURSO: História ; 20 Ano Disciplina/Módulo: HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ SÉCULO XV
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absorvendo outras cidades e outros territórios.

Entre os Ibo, muitas linhagens mantiveram-se se independentes,


contrastando com outras sociedades, onde o grupo de linhagem era
dirigido por um poder central – um rei com corte e funcionários.
As mais importantes, começam a dispor de um centro (mercado), que
mais tarde era rodeado de muros e tomava o aspecto de uma cidade
embora as populações mantinham na sua grande maioria camponesa.
“Cada cidade obrigava artesãos, cujas produções depressa ganharam
fama, tais como (pérola de vidro, tecidos, pulseiras, colares,
etc)”.(SELLIER, 2004, p. 91)

A sudoeste da Nigéria actual constituíram-se o poderoso dinâmico


grupo Ibo entre os séculos XI à XIII. Possuíam uma estrutura Ultra-
democrática, que favorecia a iniciativa individual.
A unidade sócio-política era a aldeia. As aldeias agrupavam-se por
vezes sob a égide de uma mesma divindade e de um chefe de
linhagem.
Um Estado yoruba típico tinha dimensões bem modestas, sendo quase
sempre formado por uma única cidade e as aldeias próximas.
Em meio a essa multidão de pequenos Estados, a grande excepção foi
o reino de Oyo, embora seu carácter “imperial” só tenha se
desenvolvido um tanto tarde, talvez no começo do século XVII.

Os mercados principais cujas vias de acessos, eram objectos de


trabalhos colectivos e anuais, os cultos comuns, como o de grande
Orákulo, cujos adeptos, ferreiros itinerantes faziam uma propaganda
muito activa.
“De facto, os Yurubas, como muitos outros povos, vieram sem dúvida
do nordeste, talvez do alto Nilo, por vagas sucessivas, entre os
séculos IV à XI, com paragens em particular na região do Kanem”. (KI-
ZERBO, 2009, p.202)

2.7.2 A Organização Política e Administrativa


As características dos Países Yurubas é a organização em base
municipal, através da federação das cidades que, a partir da época
pré-colonial, atingiram várias centenas de milhares de habitantes.
A cada cidade era submetida à sua autoridade tinha uma organização
autónoma, com carácter meio democrático e meio aristocrático,
gozando as cidades mais afastadas do reino dos Yurubas, de uma
autonomia mais acentuada.
“O rei era assistido por um conselho do Estado de 7 sete membros,
chamados os Oyo-mesis, que eram os grandes eleitores do sucessor
do rei como no Mossi, eram não nobres, também era composto por
senado, comandante do exército, ministro das finanças,
governadores, chefe das aldeias”. (KI-ZERBO, 2009, p.203)

Logo depois da sua eleição o rei Balé, devia jurar estar a todo

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momento à disposição do povo, e em particular dos mais pobres, dos


doentes e distribuía a justiça com uma imparcialidade que não tivesse
em conta as categorias sociais.
Agente do Oyo, por intermédio dos seus chefes do bairro e da família,
tinham do resto, um terrível meio de controlo sobre o rei. Quando se
tornava culpado de execução ou de um crime escandaloso.

2.7.3 Apogeu e Declínio


O Reino de Oyo manifestou um notável dinamismo conquistador ao
longo de toda a sua História. A obrigação que incumbia ao chefe do
exército o Katanfo, de se suicidar de preferência a regressar a Oyo
após uma derrota talvez não seja estranhas às suas vitórias militares.
Pois no século XV, com numerosas guerras, por vezes também o chefe
derrotado, o Oyo refugiou-se no Borgu, onde veio a morrer.
A partir do Sec.XV, as cidades Yorubas iniciaram seu processo de
declínio. Acredita se que a falta de unidade politica foi uma das causas
desse declínio.

2.8 O Reino do Benim


2.8.1A Origem e a Formação do Estado
O Reino do Benim, está ligado a Ifé pelo seu fundador lendário
Oranyan, filho de Oduduwa, o mesmo que foi o primeiro rei de Oyo.
Mas este príncipe vivia no meio de um povo com costumes diferentes.
O soberano Oba, era um monarca absoluto, mas observado de perto.
O rei na sua tomada de posse, estava submetido a numerosos ritos.
“Da mesma maneira a dinastia do Benim, exercia um monopólio sobre
as transacções comerciais com a costa próxima, ao passo que Oyo
praticava um regime liberal e se contentava em cobrar direitos de
barreiras”. (KI-ZERBO, 2009, p.206)

Localizado a sudoeste de Ife, acredita‑se que o Benim tenha-se


tornado reino bem cedo, talvez desde o século XII. No século XV, ele
parece ter sofrido uma transformação que, em certos pontos, lembra
a de Ife no século XVI. Não se exclui que tenha existido uma espécie de
Estado entre os Edo (Bini) antes do século XIII, mas tanto a tradição do
Benim como a dos Yoruba atribuem o estabelecimento definitivo de
um reino a um descendente da prestigiosa família reinante em
Ife.(DJIBRIL, 2010, p.393)

Benim era uma cidade que excedia um urbanismo na época do que a


maior das cidades europeias. Era uma cidade com planta rectangular,
cercada por um grande murro de terra e um fosso profundo.

2.8.2 A Organização Política e Administrativa


O rei instituiu um colégio eleitoral de 7 sete membros a partir do
século XIII. Reforçou as autoridades do Oba, proibindo o conselho de
nomear os funcionários os chefes de ficarem de pena sua presença e
os seus conselheiros de trazerem espadas diante dele.

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Na segunda metade do século XIII, orei construiu, as fortificações do


Benim e mandou vir do Ifé um mestre fundidor que foi venerado como
um semi deus depois da morte.

Ewuare reconstruiu a capital de acordo com novo plano e deu‑lhe o


nome de Edo, denominação que permanece até hoje. No centro da
cidade, como em Ife, escavaram‑se enormes fossos e construíram-se
muralhas, cujo traçado não levava em conta as construções mais
antigas. No interior dos muros, uma grande avenida separava o palácio
da “cidade”, ou seja, dos bairros onde habitavam membros de
numerosas corporações de artesãos e especialistas do ritual, a serviço
do soberano.

O palácio propriamente dito comportava três departamentos: o


guarda‑roupa, os servidores pessoais do soberano e o harem, servidos
por um pessoal dividido, por sua vez, em três categorias, análogas as
classes de idade das aldeias edo.

Cada corporação da “cidade” estruturava‑se do mesmo modo e era


filiada ao departamento correspondente do palácio. O pessoal mais
graduado do palácio recebia títulos vitalícios. Há motivos para crer que
Ewuare convocava para serviços palacianos todos os súbitos nascidos
livres, impondo‑lhe sum período de trabalho obrigatório nos postos
mais baixos. Após ter completado esse serviço, a maioria voltava as
suas aldeias. Ewuare impunha aos súbitos nascidos livres uma
escarificação facial – que lhes conferia a qualidade de “servidores do
oba” – para reforçar o laço pessoal que os unia ao soberano.

Remodelado por Ewuare, o governo do Benim era composto pelo


soberano e três grupos de dignitários: os uzama, cujo cargo era
hereditário, os chefes de palácio, e uma ordem (criada por Ewuare) de
chefes de “cidades”. Esses dignitários do topo da hierarquia
constituíam o conselho, que deliberava com o soberano qualquer
assunto que lhe fosse submetido. Cada um se encarregava do controle
de certo número de unidades tributárias em que o reino estava
dividido.

Os súbditos de categoria inferior eram os mensageiros, os efectivos do


exército, ou executavam, de várias maneiras, a vontade do rei. Entre
outros princípios constitucionais que passaram a ser adoptados nessa
época, convêm citar o direito de sucessão ao trono por primogenitura;
Ewuare conferiu ao seu herdeiro presuntivo o título de edaiken, que
ele acrescentou a ordem dos uzama. Também no campo da religião,
Ewuare, que era tido como grande mágico, reforçou o poder místico
atribuído ao soberano, ao introduzir a comemoração anual da festa
Igue, durante a qual suas forças vitais eram renovadas.

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Outra realização de Ewuare – a criação de um grande reino –


envolveu‑o em guerras constantes contra os vizinhos. A frente das
tropas, submeteu outras populações edo, grande parte dos lbo que
viviam a oeste do Níger e alguns Yoruba do sector oriental, inclusive,
diz‑se, as cidades de Akure e Owo.

Entre os territórios conquistados, os mais distantes conseguiram


preservar certo grau de autonomia, pagando tributos ao Benim; a
outros, Ewuare impôs governos calcados no modelo do Benim, tendo
a frente príncipes de sua família; apenas os povos que viviam num raio
de aproximadamente 60 km da capital estavam sob o controle directo
do Benim. Nessa região central, só o rei tinha o poder de condenar
alguém a pena de morte.

A tradição não diz se Ewuare reformou radicalmente o exército, o que


poderia explicar o sucesso dessa expansão. Talvez o segredo de suas
vitórias fosse a capacidade de mobilizar os súbitos, que lhe permitiu
reunir forças superiores as dos adversários. No entanto, para integrar
grande número de súbitos fisicamente fortes a máquina de guerra,
era‑lhe também necessário empreender numerosas expedições, cujo
butim e tributos obtidos se destinavam a manutenção do exército.
Durante mais de um século, os sucessores guerreiros de Ewuare
organizaram regularmente incursões militares nas províncias limítrofes
ou mesmo mais distantes.

2.8.3 Apogeu e Declínio


É no século XV, que o Benim atinge o apogeu com o rei Ewaré-o-
Grande, que foi ao mesmo tempo notável, médico e soldado. Tendo
subido ao trono por volta de 1440, conquistou ao que se diz, 200
cidades e aldeias, abriu belas e largas estradas do reino, embelezou a
cidade do Benim e colocou nas 9 nove portas feiticeiros para as
defenderem.

Mandou vir escultores para trabalharem o marfim e a madeira entre


ele o célebre Eghoghomagan. Foi assim que pela morte dos seus 2
filhos, ordenou luto nacional de 3 três anos. Durante os tais anos,
ninguém podia trazer vestes, nem tomar banho, nem ter filhos.
No século XV, profundas agitações internas transformaram em
autocracia essa monarquia de poder limitado, e o pequeno Estado
tornou‑se um grande reino.

A tradição atribui essa transformação a um soberano chamado


Ewuare, que se apoderou do trono, expulsando e assassinando um
irmão mais novo; conta‑se que a luta provocou a destruição de grande
parte da capital. Essa explicação dos acontecimentos – em termos de
um primogénito e sucessor legitimo lutando contra um irmão mais
novo usurpador – e suspeita, na medida em que parece uma tentativa
de preservar a legitimidade

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indispensável a genealogia de uma dinastia que, em todos os outros


pontos, nesse momento, já estava desacreditada.
Seguiu-se uma revolta a qual o rei Ewaré-o-Grande, só conseguiu
escapar graças ao seu antigo escravo Edo. A agitação que se seguiu a
este reinado apenas se extinguirá verdadeiramente com o 16º Oba,
Okpamé, conhecido por Ozobwa, que fez conquistas no País Egba e
toma contactos com os Portugueses em 1684, século XVII.

2.9 Resumo
Nesta região da África ocidental, desenvolveram-se grandes e bem
organizados políticas, os Impérios ou Estados entre os séculos IV-XVI,
tais como: Ghana, Mali, Songhay, Benim, Yoruba, Kenem-Bornu,
Haúças, Gao, Oyo, Mandeus, etc. Estes impérios seguiram as mesmas
linhas de evolução mas não ocorreram exactamente no mesmo lugar
nem ao mesmo tempo.

Os seus sistemas políticos administrativos estiveram ligados aos vários


factores, tais como: O imperador ou o rei era figura máxima do Estado,
com um poder centralizado.

A sociedade estava dividida em duas classes sociais: dominantes e


dominadas. As classes dominantes eram constituídas pelo rei e a sua
família, conselheiros, comandante do exército, governadores
Provinciais, administradores e chefes das aldeias, com missão de
governar e administrar o território e a cobranças de impostos para
alimentar a corte e a construção das infra-estruturas.
A classe dominada era composta por: camponeses, criadores de
animais, pescadores, caçadores de elefantes, carpinteiros, pedreiros,
oleiros, ferreiros, escravos etc, com missão de alimentar a classe
dominante.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas
1-Os Estados formados na África Ocidental foram:
A-Ghana, Mali, Songhay, Benim, Kanem-Bornu e Congo;
B-Ghana, Mali, Songhay, Benim, Kanem-Bornu e Marave;
C-Ghana, Mali, Songhay, Benim, Kanem-Bornu e Merina;
D-Ghana, Mali, Songhay, Benim, Kanem-Bornu e Yoruba.
2-A Classe Dominante era composta pelo:
A-Rei, Conselheiros, Governadores, Administradores e Ancião;
B-Rei, Conselheiros, Governadores, Administradores e Chefe da
Aldeia;

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C-Rei, Conselheiros, Governadores, Administradores e Régulo;


D-Rei, Conselheiros, Governadores, Administradores e Chefe do Posto.
3-A Formação do Estados da África Ocidental inicia no Século?
A-VI; B-V; C-IV; D-III.

RESPOSTAS VAI EXIGIR DA LEITURA ATENTA DO ESTUDANTE NESTE


MÓDULO E EOUTRAS BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS

Exercícios para AVALIAÇÃO

Perguntas
1-Os Estados da África Ocidental, Classe Dominada era composta
pelos:
A-Camponeses, Caçadores, pescadores, ferreiros e Chefe da Aldeia;
B-Camponeses, Caçadores, pescadores, ferreiros e Administradores;
C-Camponeses, Caçadores, pescadores, ferreiros e Governadores;
D-Camponeses, Caçadores, pescadores, ferreiros e Escravos.
2-O Chefe Cisséde Ghana, nas conquistas para alargamento do seu
território. Os guerreiros usavam:
A-Flechas; B-Armas de Ferro;
C-Cavalos e Zagaias; D-Camelos e Catanas.
3- A Capital do Estado de Ghana chamava-se:
A-Kumbi-Ghana; B-Kumbi – Sale;
C-Kumbi – Kenem; D-Kumbi-Cissé.
4-As Políticas Administrativas dos Estados da África Ocidental eram:
A-Militares; B-Descentralizadas;
C-Centralizadas; D-Liberais.
5-Os Períodos de Apogeu e Declínio do Estado de Ghana foram:
A-Séculos –X-XI; B-Séculos –IX-XI;
C-Séculos –VI-XV; D-Séculos –IX-XV.
6- Os clãs mais importantes do Estado do Mali eram:
A-Traoré, Camara, Konaté e Madingas;
B- Traoré, Camara, Konaté e Soninké;
C- Traoré, Camara, Konaté e Mandé;
D- Traoré, Camara, Konaté e Keita.

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7-O Título atribuído ao Rei do Mali Sundiata Keitaera:


A-Imperador do Mali; B-O Rei do Mali;
C-O Leão do Mali; D-O Tigre do Mali.
8-As Cidades mais importantes do Estado do Mali eram:
A-Tumbuctu, Djenné e Kanem;
B-Tumbuctu, Djenné e Gâo;
C-Tumbuctu, Djenné e Bambuk;
D-Tumbuctu, Djenné e Teghazza.
9- As características da organização política e administrativa do
Estado do Songhay eram:
A-A Centralização sistemática e o absolutismo real;
B- A Centralização sistemática e o absolutismo;
C- A Descentralização sistemática e o absolutismo real;
D- A Descentralização sistemática e o absolutismo.
10-Nos Estados da África Ocidental, Administração territorial estava
dividido de seguinte forma:
A-Províncias, Distritos, e Postos Administrativos;
B-Províncias, Distritos, e Localidades;
C-Províncias, Distritos, e Aldeias;
D-Províncias, Distritos, e Municípios.
11- No Estado de Kanem – Bornu, o exército era composto por:
A-100.000 cavaleiros, 150.000 de Homens soldados a pé;
B- 100.000 cavaleiros, 160.000 de Homens soldados a pé;
C- 100.000 cavaleiros, 170.000 de Homens soldados a pé;
D- 100.000 cavaleiros, 180.000 de Homens soldados a pé.
12-Estado Yoruba é o nome dado as sociedades onde não havia
poder:
A – Centralizado; B – Descentralizado;
C – Político; D – Militar.
13- As Características dos Países Yurubas é a organização em base:
A-Municipal, através da Democracia das cidades;
B-Municipal, através da Federação das cidades;
C-Municipal, através da Confederação das cidades;
D-Municipal, através da Governo local das cidades.
14- A cada cidade dos Yorubas era submetida à sua autoridade tinha

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e uma organização:
A- Autónoma, democrático e meio federal;
B- Autónoma, democrático e meio militar;
C- Autónoma, democrático e meio aristocrático;
D- Autónoma, democrático e meio político.
15-No Estado Yoruba, algumas técnicas agrícolas eram:
A- Rudimentares; B- Tradicionais;
C- Mecanizadas; D- Modernas.
16-No Estado Yoruba, a unidade sócio-política era:
A-Distrito; B-Posto Administrativo;
C-Localidade; D- Aldeia.
17-No Estado Yoruba,o rei Balé, devia jurar estar a todo momento à
disposição do povo, e em particular dos mais:
A-Ricos; C-Nobres;
B- Pobres, D-Comerciantes.
18-Estado do Benim era uma cidade que excedia na época:
A-Um Centro Comercial; B-Um Centro Urbanismo;
C-Um Centro Populoso; D-Um Centro Político.
19-Estado do Benimera uma cidade com planta:
A-Circular; B-Quadrada;
C-Triangular; D-Rectangular.
20- No Estado do Benim o rei instituiu um colégio eleitoral de:
A-5 Cinco membros; B-6 Seis membros;
C-7 Sete membros; D-8 Oito membros.

Exercícios do TEMA

Perguntas
1-A Classe Dominante dos Haúças eram povos da Raça?
A- Indiana; B- Mulatos; C- Negra; D- Branca.
2- Os camponeses encontravam ai refúgio em caso de guerras nas
cidades Haúças, porque eram?
A-Eram cidades expostas; B-Eram cidades extensas;
C-Eram cidades abertas; D-Eram cidades fortalezas.
3- No Estado dos Haúças, o rei ou a rainha era eleita, e tinha que ser
alguém:

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A- Responsável, trabalhador e educado;


B- Responsável, trabalhador e colaborador;
C- Responsável, trabalhador e civilizado;
D- Responsável, trabalhador e religioso.
4- Apesar das diferenças regionais, a organização política haúça
seguiu uma linha semelhante em:
A-Identidade político, cultural e sócio económico;
B-Identidade político, cultural e sócio religioso;
C-Identidade político, cultural e sócio militar;
D-Identidade político, cultural e sócio comercial.
5-A Origem e a Formação do Estado de Kanem – Bornu
foi devido a conjunção de:
A- O casamento dos nómadas Zaghawas, tuaregues ou negros;
B- O casamento dos nómadas Zaghawas, tuaregues ou árabes;
C- O casamento dos nómadas Zaghawas, tuaregues ou mulatos;
D- O casamento dos nómadas Zaghawas, tuaregues ou bérbers.

RESPOSTAS VAI EXIGIR DA LEITURA ATENTA DO ESTUDANTE NESTE


MÓDULO E EOUTRAS BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS

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TEMA III: A EVOLUÇÃO ECONÓMICA DAS CIVILIZAÇÕES DA HISTÓRIA


DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ AO SÉCULO XV.

UNIDADE Temática 3.0.A Evolução Económica das Civilizações da História da


África Ocidental até ao Século XV.

Introdução

Nesta unidade temática, discutimos fundamentalmente A Evolução, a


Organização Económica dos Primeiros Estados Centralizados na Região
da África Ocidental até Século XV.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Descrever A Evolução, a Organização económica dos Primeiros Estados


Centralizados na Região da África Ocidental.
 Analisar: As formas de evolução económica do Estados da África Ocidental;
Objectivos
 Conhecer: Os principais produtos económicos da região da África Ocidental;
específicos
 Comparar: Os níveis de desenvolvimentos de cada Estado da África
Ocidental;
 Avaliar: As políticas económicas adoptadas para o desenvolvimento dos
Estados da África Ocidental.

3.1. O Comércio Pré-histórico e os Primeiros Estados da África


ocidental
Os objectos descobertos em túmulos do Fezzan indicam que, entre os
séculos I e IV da Era Crista, mercadorias romanas eram importadas
para a região da África Ocidental.
“Após tomarem o lugar dos cartagineses na costa tripolitana durante a
segunda metade do século II antes da Era Crista, os romanos ao que
parece passaram a importar, por sua vez, marfim e escravos do Sudão,
tendo os Garamantes como intermediários”.(GAMAL, 2010, p.689)

As fontes literárias também se referem a expedições da caça e a


invasões no sul, e descobriram‑se objectos de origem romana ao
longo da “rota dos carros” no sudoeste do Fezzan. Após o declínio de
Roma, o comércio decaiu, mas posteriormente se reactivou com a
reconquista bizantina, após +533 e antes da invasão do Fezzan pelos
árabes.

Pesquisas arqueológicas recentes mostram claramente a importância,


nos tempos pré-históricos, das relações comerciais de longa distância

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com as populações do Sahara e da África setentrional. O que de modo


algum justifica afirmações como a de Posnansky, segundo a qual,
“para descobrir as origens do comércio de longa distância na África
ocidental, nossas pesquisas devem começar nas areias do Sahara”. Por
mais bem-intencionada que fosse tal asserção, a ênfase esta errada e
pode ter consequências nefastas.

Ela tende a ignorar o fato de que um sistema interno de comércio de


longa distância existiu na África ocidental muito tempo antes do
comércio transahariano e favoreceu o desenvolvimento deste último.
Segundo o autor, as provas recolhidas testemunham a existência, a
partir do início da Idade do Ferro, de uma complexa e ampla rede de
comércio de longa distância, alimentada pelos produtos de indústrias
locais (principalmente peixe e sal), entre as populações do litoral e os
agricultores do interior de um lado e entre essas populações
meridionais e as sociedades do norte, mais voltadas para a criação, do
outro. Esse comércio assentava em importantes produtos locais, como
o ferro e a pedra (para utensílios e armas), couro, sal, cereais, peixe
seco, tecidos, cerâmica, madeira trabalhada, nozes de kola e
ornamentos pessoais de pedra e de ferro.

Como o próprio Posnansky admite, em numerosas comunidades


agrícolas da África ocidental, os machados de pedra polida
(conhecidos em Gana sob o nome de nyame akume) e as cerâmicas
eram transportados por distâncias de centenas de quilómetros desde
o Neolítico e a Idade do Ferro. Os raladores de pedra da “cultura” de
Kintampo, datados em torno de -1500, eram feitos de uma magra dolo
mítica manifestamente transportada por grandes distâncias, uma vez
que foi encontrada tanto na planície de Acra como no norte do Ghana.
No Rim, perto de Ouahigouya, os níveis da Idade do Ferro/Neolítico
são associados a existência de manufacturas de machados, e o sítio
parece ter sido um centro importante para o fornecimento de
machados a áreas desprovidas da matéria-prima necessária.

Outra prova de um comércio local de matérias-primas datando da


Idade do Ferro e fornecida pela presença de argilas estranhas a região
onde foram encontradas no material utilizado para a fabricação de
vasos. E, sem dúvida, esse comércio local revela certos aspectos do
mecanismo dos principais factos económicos, sociais e políticos
inerentes a fundação do antigo Império do Ghana.

E certo que sua importância não se limita a indicar contactos culturais


em escala regional e a demonstrar que pouquíssimas sociedades
agrícolas foram totalmente independentes.

As modalidades de desenvolvimento do comércio e do artesanato


(indústrias) na África ocidental determinaram e mantiveram rotas
comerciais entre essa parte da África e o Sahara. Esse comércio

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interior favoreceu igualmente a formação de povoados e cidades de


maiores dimensões durante o Neolítico Recente e a Idade do Ferro.

Informações arqueológicas cada vez mais numerosas, inclusive para as


regiões florestais da África ocidental, continuam a indicar que o
aparecimento posterior dos reinos Ashanti, Ioruba e do Benin, assim
como a cultura de Igbo Ukwu, dependeram essencialmente de uma
exploração muito bem‑ sucedida do meio ambiente por povos
primitivos que conheciam – ou, em certos casos, ignoravam – o uso do
ferro. (GAMAL, 2010, p.690)

Porém, a história da produção e do consumo do sal na savana e na


floresta permaneceu a ser escrita e esta produção, provavelmente,
escapou, a pressão do Norte. O Sul não tinha maior necessidade de
cobre, contrariamente ao que se pensava há vinte anos, nem de ferro,
produto já existente, de modo disperso mas suficiente. Em caso de
demanda, ela existiu em maior grau no Norte que no Sul da África
Ocidental. (MOHAMMED, 2010, p.449)

Os dez últimos anos do século X marcam uma profunda mudança na


cunhagem em ouro na esfera ocidental muçulmana, com a ascensão
da cunhagem espanhola e o início de um despertar sem precedentes
das regiões da África Ocidental, as mais próximas do Atlântico, para a
circulação internacional.

Para termos uma ideia completa deste comércio de luxo transahariano


destinado a satisfazer uma clientela norte da África instalada no Sahel,
acrescentou-se o trigo, as tâmaras e passas, as cerâmicas e aos vidros,
a prata, cujo trabalho era igualmente assegurado em Tegdaoust e,
provavelmente também as pedras preciosas ou semipreciosas, as
quais, por sua vez, circulavam além de Awdaghust. (MOHAMMED,
2010, p.490)

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Fig.2 - Mapa das Principais Rotas Comerciais Transahariana

Fonte: DJIBRIL, 2010, p.177

3.2 A Economia do Estado do Ghana


A vida económica do Estado de Ghana era bastante organizada. O seu
mercado era sempre muito animado. A multidão era tão densa, o calor
tão forte, as compras eram pagas em recursos minerais “o Ouro em
pó”, pois não existia moeda de prata.

A presença de poços e de numerosos jardins denota um certo bem-


estar agrícola dedicando-se a maioria da população ao cultivo da terra
e a criação do gado.

Cultivava-se mexoeira, arroz, algodão e hortícolas. E criava-se o boi,


ovelha, cabra, o camelo e o cavalo
O uso de instrumentos de ferro, permitiu o desenvolvimento da
agricultura, criação de animais e mais tarde a especialização das
actividades.
A riqueza do Estado de Ghana, provinha essencialmente do comércio e
antes de tudo, do ouro e do sal. O ouro provinha de regiões da floresta
situadas ao sul, nas minas de Galam, Bambuk e Buré.
O ouro chegava ao Estado de Ghana, por meio de intermediários
Ghanenses, os Wangara, os intermediários da África do norte, os
Berberes e os Árabes, porém, com o intuito de evitar estes
intermediários Wangaras, iam eles próprios aos jazigos auríferos e
praticavam trocas com os habitantes locais.

O estado controlava o trânsito de caravanas do comércio exigindo um


imposto pela sua passagem através do território de Ghana.

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O soberano exercia uma espécie de monopólio, que consistia em


apropriar-se de todas as pepitas descobertas, a fim de restringir a
massa do ouro em circulação e evitar a desvalorização.
Além do ouro em pó, os mercadores levavam para o norte marfim,
goma e escravos.

“Vinham os povos, Sumérios, Fenícios, Babilónicos, Cartagineses,


Egípcios, Sírios, etc, para o território do Estado de Ghana. À chegada
faziam muito barulho, com gongos e tambores para alerta os
eventuais clientes e, a seguir desembalavam as mercadorias, tais
como: os tecidos de lã, de algodão, de seda e de púrpura, ou mais
correntemente, anéis de cobre, pérolas azuis, sal, tâmaras e figos”. (KI-
ZERBO, 2009, p.141)

O acordo definitivo e geral era celebrado por um grande concerto de


tambores. Confiança cega de ambas partes. Não nos é dito se com
frequência foi iludida, mas o interesse recíproco bem compreendido
impedia que o fosse.

No comércio, para os produtos produzidos localmente e em grandes


quantidades, as taxas não eram pesadas. Mas pelos produtos
estrangeiros pagavam-se taxas muito pesadas.
Ora o Tunka, cobrava um dinar (moeda de ouro criada pelos califas),
por cada burro carregado de sal que penetrasse no seu território e
dois dinares por cada burro que saísse com mercadorias no seu
território.
Este astucioso tratamento discriminatório tendia, sem dúvida, a favor
as importações sobretudo as do mais precioso condimentos: o sal.

A cidade de Salaga, norte de Ghana era uma das cidades comerciais,


vinham muitas mercadorias de Tumbuctu, de Cano, povos asiáticos e
europeus.
“O desenvolvimento contínuo do comércio transariano acompanhou-se
por uma progressão do Islão ao sul do Sahara, sobretudo entre os
comerciante africanos, que se integravam assim numa comunidade
aberta a largos horizontes”.(SELLIER, 2004, p. 23)

Os reis do Kanem-Bounu, abraçaram o islamismo a partir do século IX,


através dos navegadores muçulmanos (sobretudo os Árabes), que
praticavam o comércio com povos da região da África Ocidental.
O Estado de Ghana controlava o comércio transahariano, que
continuava a basear-se na exportação de escravos, ouro e marfim.

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3.2 A Economia do Estado do Mali


O império do Mali era conhecido, no estrangeiro, por sua riqueza em
ouro; no entanto, a economia repousava essencialmente na
agricultura e na criação de animais, que ocupavam a maior parte da
população. (DJIBRIL, 2010, p.181)

Os imperadores perceberam que as campanhas militares para a


obtenção de despojos não era suficiente. Era fundamental
desenvolver a economia. Por isso, desenvolveram nas áreas
conquistadas as culturas de feijão, algodão e papaia, para além da
criação do gado.

A cada colheita, uma parte, ainda que simbólica, deveria ser oferecida
ao Imperador ou a seus representantes; a negação da sua autoridade
manifestava‑se pela recusa em lhe dar tais primícias. Era velha
tradição, no Manden, reservar os primeiros frutos do inhame ao chefe
em sinal de respeito, razão pela qual o Imperador punia severamente
os ladrões de inhame. A cultura do algodão era muito difundida no
império no final do século XV.

A tecelagem também florescia, movimentando grande comércio de


tecidos de algodão que eram exportados em rolos das províncias para
o sul. Os tecidos tingidos com índigo logo se converteram na
especialidade dos Tukuloor e dos Soninke.

As receitas do Estado, consistiam, além do tributo ou impostos sobre


as colheitas e sobre o gado, na requisição de pepitas de ouro, nas
taxas de trânsito de mercadores e despojos de guerra.
“Uma actividade que dava riqueza e força ao Estado era o comércio
sahariano. O cauris, o ouro em pó e sal eram as moedas mais comuns.
O comércio transariano só tinha a ganhar com o poderio e a segurança
do império”.(KI-ZERBO, 2009, p.180)

O Império do Mali, que sobreviveu até a primeira metade do século


XVII,
voltava‑se para a imensidão das savanas e para o controle do
comércio transahariano. Provavelmente o comércio de longa distância
– principalmente o de nozes‑de‑cola e o de escravos – despertou o
interesse do império pelas rotas do sul que levavam a borda da
floresta, mas ao que parece, não houve controlo político continuou
além da linha que ia de Kurussa a Kankan. No entanto os soberanos
sempre estiveram empenhado sem estabelecer boas relações com os
chefes da região da floresta.

O ouro, o sal, o cobre e as nozes‑ de‑cola desempenharam papel


importantíssimo na economia do Mali. O império possuía numerosas
minas de ouro, o que o tornava o maior produtor de metais preciosos
do Velho Mundo: explorava o ouro do
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Burem – Província limítrofe do Manden cuja população se dedicava


unicamente a extracção do metal – do Bambuku, do Galam (no alto
Senegal) eda região de Niani.(DJIBRIL, 2010, p.187)

O sal extraído em Teghazza e Idjil era vendido no varejo pelos Diula


(comerciantes), em todas as partes do império; as regiões costeiras da
Senegambia produziam sal marinho, mas este não chegava até as
terras do interior. Takedda constituía, então, o maior centro de
produção e comercialização do cobre; fundido em hastes, o metal era
exportado para o sul, onde era mais apreciado que o próprio ouro.

A riqueza do Estado do Mali, resultava antes de mais do comércio do


ouro para o norte, por um itinerário sahariano mais central, uma vez
que o Mali, controlava a principal jazida da época (Bouré).
Em sentido inverso chegavam o sal e produtos de luxo ou de interesse
militar, tais como os cavalos, por outro lado, as guerras travadas pelo
Estado conduziam à captura de numerosos prisioneiros, reduzidos a
escravaturas.
“Os comerciantes do Estado também negociavam noz de cola, original
da floresta e muito apreciado na savana, tanto mais que o seu
consumo não era proibido pelo Islamismo”.(SELLIER, 2004, p. 84)

As minas de ouro do Burem continuavam sob o domínio dos mansado


Mali; alem disso, os comerciantes Wangara iam até a região ashanti a
procura desse metal. De tempos em tempos, caravanas chegavam a
costa para trocar ouro por cobre, tecidos de algodão pretos e azuis,
linho, tecidos da índia, fibras vermelhas ou vestimentas ornadas de
ouro e de prata. Frequentemente, os Wangara tinham mais ouro do
que valiam as mercadorias trazidas pelas caravelas e voltavam a sua
região com o restante do metal. Eram, de fato, hábeis comerciantes,
que usavam balanças e pesos e não se contentavam com estimativas
incertas, conseguindo, assim, o máximo de lucro com seu ouro.
“As florestas galerias ao longo das margens abrigavam muita caça; no
interior delas, onde a mata era menos densa, viviam enormes
manadas de elefantes, cujas presas alimentavam o comércio do
marfim”.(DJIBRIL, 2010, p.199)

A caça era inseparável da religião: um caçador reputado deveria,


necessariamente, ser grande conhecedor da floresta, e esse
conhecimento achava‑se associado a magia.
Novas rotas orientais para a Líbia, (pela fezânia e o Egipto),
acrescentavam o seu tráfego a rota ocidental do Tafilalet ao Tekrur.
O Sidjilmasiano, como fiel da balança, informa-os da alta dos preços e
tinha-os ao corrente, por correspondência, do que faziam os
comerciantes e das novidades do País, de tal modo que os seus bens
comuns aumentaram e os seus negócios adquiriram uma importância
considerável. Pois levavam mercadorias muito baratas e traziam o
ouro em pó, metal do que tudo depende neste mundo.

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Este comerciante, estavam em ligação com o imperador do Mali, que


nas suas cartas, lhes chamavam companheiros muito queridos e
amigos muito íntimos.

3.3 A Economia do Estado do Songhay


Por sua localização geográfica no centro do Sahel sudanês, o Estado
Songhai era uma região privilegiada para os intercâmbios comerciais
transaharianos. O Níger, que o atravessava de oeste para leste,
facilitava as comunicações, e seu vale fértil era intensamente
cultivado. Assim, distinguiam‑se dois sectores económicos, um rural e
tradicional, e o outro urbano e comercial.

Esta espécie de prudente descentralização não nos deve iludir sobre a


rigidez da administração do Estado do Songhay, que era muito
estreita.
As famílias dos Marabus eram proprietários de várias terras. Os Askias
lançaram trabalhos de canalização das terras em volta do rio Níger e
mandaram vir cultivadores judeus para melhorar a produção local. O
ouro, sal e couris, eram as moedas correntes nos comércios
centralizado nas cidades populosas, todas elas com um chefe do
mercado.

De fato, grande parte dos produtos agrícolas (cereais, peixe, carne)


alimentava o comércio e permitia a população rural obter produtos de
primeira necessidade, como o sal.
O comércio interno sudanês baseava‑se nos produtos locais. Em todas
as aglomerações importantes, havia um mercado, lugar de encontro
dos camponeses, que trocavam produtos agrícolas e compravam sal,
tecidos e demais mercadorias de mascotes vindos do norte.

As cidades do Sahel sudanês –Walata, Tombuctu, Djenne, Gao –


,centros do grande comércio transahariano, tinham contacto com os
grandes mercados do Sahara e com as regiões mais longínquas, como
a Europa mediterrânica. Do vale do Níger, partiam caravanas
transaharianas, estabelecendo rotas em direcção ao norte.
As minas de sal de Sidjilmasa; eram de grande importância económica
para o império de Songhay. Raro na região, o sal era extraído e
difundido através da rota sahariana, que passava por Sidjilmasa.
Esta mina era dominada por um castelo cujas paredes, salas, ameias e
torreões eram construídas com pedaços de sal.
Os mercados não paravam de afluir, por causa das minas de ouro e sal,
cujo os trabalhos não se interrompiam nunca cuja a receita era
enorme.
“Calcula-se que um domínio de 200 escravos deviam produzir
1000Sunus (cerca de 25 toneladas) de arroz e o rei Askia fornecia as
sementes e os sunus, grandes sacos de cerca de 250 quilogramas, que
carregados nas flotilhas do kabara-boy, eram encaminhados para os
celeiros imperiais. A estrutura da
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produção era, portanto nesse momento, baseada no trabalho servil.


Mas em tempo normal, a massa campesina ou servil não era muito
reprimida”. (KI-ZERBO, 2009, p.187)

Em meados do século XV, o comércio de longa distância a sul de


sahara, estava nas mãos de associações de mercadores Mande, elas
próprias ligadas aos religiosos e aos letrados muçulmanos, muito
influente em Gao, Tumbuctu e Djenné.

O soberano de Gao era rico e poderoso. A monarquia dispunha de


recursos seguros e permanentes, arrecadados em todo o império e
geridos por grande número de funcionários administrativos, sob a
direcção do kalissa farma. Havia diversas fontes de renda imperial: os
rendimentos das propriedades pessoais do soberano, o zakāt, dízimo
colectado para o sustento dos pobres, os impostos sobre as colheitas,
o gado e a pesca, pagos em espécie, as taxas e os direitos
alfandegários sobre a actividade comercial, as contribuições
extraordinárias arrecadadas dos comerciantes das grandes cidades e,
principalmente, o butim de guerra quase anual. O soberano dispunha,
portanto, de rendas inesgotáveis, que gastava como queria. Grande
parte era utilizada para a manutenção da corte e do exército
permanente. O askiya também contribuía para a construção e
restauração de mesquitas, para o sustento dos pobres do Estado, para
as esmolas e os presentes dados aos grandes marabus.
“A prosperidade geral trouxe grandes lucros ao askiya, que chegou a
amealhar um tesouro com o numerário proveniente das taxas sobre o
comércio e as terras imperiais. Seus armazéns recebiam milhares de
toneladas de cereais recolhidos através do império”.(DJIBRIL, 2010,
p.217)

Concluindo, o comércio favoreceu o enriquecimento das cidades do


vale do Níger bem como a instalação de um padrão de vida razoável
no campo. Infelizmente, só envolvia pequena parte dos produtos
locais, agrícolas ou artesanais. As mercadorias essenciais eram
produtos de extracção mineral ou colecta. Em suma, o comércio
transahariano apontava antes para um sistema de trocas de produtos
que para uma verdadeira economia do mercado baseada na produção
local. Não podia, assim, provocar mudança nas estruturas sociais nem
favorecer a revolução tecnológica, permitindo, no entanto, certo
progresso material nas condições de vida das populações nigerianas e
a ascensão de uma refinada aristocracia.

3.3.1 As Cidades Manufactureiras


As cidades manufactureiras, muitas ligadas à penetração muçulmana,
aparecem também associadas ao comércio e as pequenas
comunidades de artesãos especializados e indispensáveis no apoio ao
comércio: ferreiros, trabalhadores de couro, tintureiros, armeiros,

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joalheiros trabalhando em ouro e prata.

Fixavam-se entre as populações e misturavam-se gradualmente com


elas. Foram eles os primeiros portadores do Islamismo, preparando o
terreno para a futura expansão da fé islâmica.
O artesanato centrou-se depois em cidades, onde as corporações
artesanais se especializaram em diversos ramos. Cada cidade tornava-
se assim, conhecida pelas suas manufacturas neste ou naquele ramo,
normalmente entregues a grupos de artesãos islamizados.

Nas cidades de Benim e Oyo, por exemplo, havia corporações de


ferreiros, ourives, escultores, sapateiros, serralheiros, tecelões,
fabricantes de batuques, bordadores, etc., trabalhando numa base
familiar, mas sob monopólio real.

Em Bida havia mineiros, ferreiros, joalheiros, pedreiros, marceneiros,


escultores, tecelões, vidreiros, fabricantes de pérolas, oleiros, etc.
Kanno possuía manufacturas e associações de ferreiros, de
vendedores de sal, de mineiros, de fabricantes de bebidas, de
produtores de remédios; eram famosas pelas suas indústrias de couro,
pela tecelagem, pela tintura e pelo preparo de tecidos, possuía
corporações de escultores, de joalheiros, de fabricantes de pérolas,
ocupando bairros especiais.

Djenné era produtora de artigos que se trocavam por produtos


saharianos: barrinhas de ouro puro, couros secos, chumbos,
braceletes de mármores, antimónio para a maquilhagem dos olhos,
barras de índigo, cestos de nozes de cola, barras de ferro, peixe seco,
cobertores, tâmaras de Tuat, barras de sal e escravos.
Possuíam representantes de negócios em numerosos centros de
compra e venda e tinha também uma ampla organização de
transportes.

3.3.2 O Comércio
De modo geral, o comércio dependia da paz e da estabilidade política
da região, pois as cortes imperiais eram os principais clientes do
comércio exterior.
A segurança das rotas dependia da própria corte. Por essa razão, os
reis procuravam dominar sempre um dos centros, ou até os dois, do
tráfego caravaneiro: as minas de sal no norte e as minas de ouro no
sul.
Estes comerciantes do Mande, muçulmanos abriram no século XIV, o
itinerário comercial, ligando Djenné aos Estados do Acan, rico em noz
de cola e em ouro. Este comércio transitava pelo grande mercado de
Begho, onde estavam instalados numerosos Dioulas.
Em contrapartida a cidade de Kong permanecia como um grande
centro comercial e intelectual (Islâmico), até à sua destruição do
Samory.

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3.3.3 As Rotas Comerciais Saharianas


A estabilidade das trocas manteve praticamente inalteráveis, durante
séculos, as estruturas económicas da África Ocidental.
As trocas comerciais faziam-se através das rotas do deserto, e já os
Estados do Ghana e do Mali, se preocupavam com a sua segurança, de
modo a permitir a rápida circulação dos produtos que abasteciam
tanto os portos fluviais Sudaneses como os centros litorais do Golfo da
Guiné. As rotas Saharianas eram percorridas por nómadas em
caravanas de camelos.

O nomadismo foi um factor decisivo na propagação do Islamismo e do


Comércio. Eram os nómadas Berberes, proprietários de camelos, que
executavam um tipo de comércio nómada, protegidos por um sistema
de salvo-conduto e de protecção comercial que permitiam a passagem
do tráfego e asseguravam a imunidade contra roubo e banditismo.
Eram eles que levavam do Sudão o ouro e nele introduziam os artigos
de luxo vindo do Magreb, atravessando o deserto.

No século XV, as caravanas chegavam a compor-se de 12mil camelos


transportando escravos e cobre, e eram muitas vezes atacadas por
salteadores e por tempestades de areia.
Mas outros produtos, eram também comercializados pelos
caravaneiros: marfim, nozes de cola, goma, peles, sal, tecidos, armas,
pérolas, couris, penas de avestruz, ouro, cavalos e manuscritos.
O camelo, a que chamavam “o barco do deserto”, tornava possível
esta imensa circulação mercantil.

3.4 A Economia do Estado dos Haúças


Além disso, desta primeira divisão do trabalho resultou muito em
breve uma outra. A cidade protegida, tornou-se naturalmente o
mercado em que os camponeses podiam trocar os seus produtos
entre si próprios, mas sobretudo por artigos dos artífices instalados na
fortaleza.

O rei Zaria, recolhia todos os lucros do comércio e expandiu-se


magnificamente durante 34anos do reinado. E o rei Abdulaya Bardjia,
aproveitou consideravelmente do comércio crescente da noz de cola
que vinha do reino Gondja e das incursões lavadas a cabo contra as
populações do sul para conseguir escravos.
“As cidades dedicavam-se antes de tudo, o comércio e o artesanato.
Desempenhavam um papel frutuoso de intermediário entre a África
Negra e os seus vizinhos do Norte, e do Leste”. (KI-ZERBO, 2009, p.195)

Gobir, por exemplo que servia de tampão às cobiças das tribos


Tuaregues, aproveitava amplamente esta posição para comprar o
cobre de Takedda em troca de arroz e alimentar assim as suas oficinas
de ferreiros.
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O sistema fiscal muito elaborado e com frequência inspirado no


alcorão, compreendia impostos sobre o rendimento (zakat), o gado, as
terras, os produtos de luxos e certas profissões (carniceiros,
tintureiros, prostitutas, etc).

Os Estados Haúças, realizaram excepcionalmente entre as


colectividades de África Negra, um tipo de economia complexo, em
que a agricultura e o comércio era judiciosamente combinados com as
actividades do tipo pré – industrial, em verdadeiras manufacturas de
tecelagem, de calçados, de artigos de metal, etc.

Saiu dali uma espécie de Burguesia mercantil, burguesia


empreendedora e aberta as inovações, criadora em suma.
Os Haúças extraiam portanto do comércio do oeste Africano, lucros e
certos constituíam a burguesia das principais cidades, com os produtos
de todas as origens, espelhavam também as ideias e técnicas novas.
Além disso, eram igualmente os vectores da fé islâmica, utilizavam
sobretudo os burros e os bois, até o carregamento à cabeça, o que
agravava enormemente os custos de transportes, obrigando assim os
negociantes a só expedirem para longas distâncias as mercadorias que
tivessem elevado preço por um fraco peso.

As possibilidades de desenvolvimento económico no território haúça


podem ser resumidas desta forma:
Em primeiro lugar, as jazidas de minério de ferro eram ricas e bem
distribuídas, como atestam não somente (para a própria região de
Kano), como também pesquisas arqueológicas em outras áreas. A
maioria destas jazidas, exploradas na época, localizavam‑se perto das
regiões florestais, onde se produzia, em abundância, madeira para
aquecimento e carvão de madeira, próprio para a fundição do minério.
O ferro do monte Dala contribuiu, com certeza, para o
desenvolvimento da aglomeração que, mais tarde, tornou‑se a cidade
de Kano.

Em segundo lugar, os solos de quase todas as áreas do território haúça


eram ricos e férteis; os primeiros documentos sublinham que a
agricultura era a actividade económica mais importante dos Estados
haúça, o que é confirmado em todos os estudos anteriores.
Em terceiro lugar, apesar de não dispormos de dados estatísticos
sobre a densidade demográfica haúça, podemos estimar, pelas
inúmeras cidades e vilas dos vários Estados haúça, que o território era
bastante povoado. A distribuição da população era regular, de forma
que nãohavia excessiva concentração demográfica numa só região do
País.
Um quarto factor seria a localização geográfica do território haúça,
entre o Sahel e o Sahara ao norte, a savana e a floresta tropical ao sul;
podia, desta forma, ser intermediário no intercâmbio de mercadorias

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entre estas regiões.

Graças a estes factores, o território haúça logo desenvolveu o


artesanato e comércio de longa distância.
Apesar de ter‑se a impressão de que os Haúça se dedicavam
sobretudo ao comércio, foram, na verdade, antes de mais nada,
agricultores, sendo a agricultura o centro da vida económica do País. A
terra, utilizada sob a supervisão de um chefe, pertencia a comunidade
(aldeia, vila, cidade). Nunca era vendida, e seu usufruto cabia aos que
a cultivavam. Os estrangeiros a comunidade podiam comprar um lote
e explorá‑lo, desde que autorizados pelo chefe comunal. Mais tarde,
com o progresso do feudalismo, o sarki passou a ter a possibilidade e o
direito de doar terras a qualquer indivíduo, autóctone ou estrangeiro.

A cultura de plantas industriais, como o algodão e o índigo, era


particularmente importante no Estado de Kano.
Depois da agricultura, o artesanato era a actividade mais importante
para a economia haúça a, desde bem antes do século XIV. Graças a
divisão do trabalho e a especialização, alcançou se nível de produção
relativamente alto.

A industria têxtil ocupava o primeiro lugar e, desde sua origem,


fabricavam - se vestuários de algodão no território haúça. Todas as
etapas do processo de fabricação descaroçamento, cardagem, fiação,
tintura e tecelagem – eram lã executadas.
Os artesãos em couro e sapateiros do território háúça produziam
vasta gama de artigos (vários tipos de bolsas e calçados, selas,
almofadas etc.), que supriam não somente os países do Sudão, como
também os mercados da África setentrional.

O trabalho em metal era artesanato muito antigo, e os ferreiros


tinham papel muito importante. A fundição de metal era feita
derramando‑ se, nos fornos, grande quantidade de pedregulhos
ferruginosos, que os Haúça denominavam marmara. A partir desta
matéria-prima, os ferreiros – os de Kano eram particularmente
célebres – fabricavam todos os instrumentos necessários a
comunidade: utensílios de cozinha, instrumentos agrícolas, facas,
machados, flechas, lanças etc. Também a cerâmica era fabricada
normalmente, e fornecia os recipientes necessários para a
conservação de líquidos e de cereais.
As guildas geriam grande parte das actividades artesanais. Seus chefes
eram nomeados pelo rei, que, as vezes, acatava as indicações dos
membros destas corporações. Tinham como função arrecadar as
várias taxas que os artesãos deviam ao fisco, e também controlar o
ingresso na guilda, os métodos de produção, os critérios de trabalho e
os preços. O local preferido para os intercâmbios comerciais era o
mercado (kasuwa). Na medida em que o comércio foi se tornando
uma das actividades mais importantes da população urbana, o

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mercado passou a acumular outras funções:

Apesar da importância do mercado, as transacções eram


frequentemente efectuadas em outros locais. No caso dos artesãos,
por exemplo, os clientes iam aos ateliês, instalados nas próprias casas,
para comprar o que necessitavam. Por outro lado, as mercadorias, na
maioria das vezes importadas, eram entregues nas residências dos
representantes das classes dirigentes, ou na corte, pois a posição
social destes superiores não permitia que fossem ao mercado. Outra
característica do sistema comercial haúça era o papel das mulheres,
que, casadas ou solteiras, geriam barracas de comestíveis, próximas ao
mercado, ou vendiam produtos de algodão.
“Como em todos os Países de negros, usava‑se como moeda, para
comprar pequenos objectos, uma espécie de concha marinha muito
branca; o ouro, por causa de seu peso, e trocado por mercadorias
trazidas pelos comerciantes”.(DJIBRIL, 2010, p.335)

No século XV, quando se iniciou, ao que parece, a transformação da


economia do território, os Haúça começaram a desenvolver seus
negócios e assumiram algumas rotas, principalmente as que levavam
ao sul. O desenvolvimento de Kano e Katsina, assim como sua
rivalidade, estavam estreitamente ligados a ascensão de um comércio
de longa distância e a crescente participação dos Haúça neste ramo.
Na verdade, o comércio fluía em várias direcções, aproveitando a
localização geográfica do território e a diversidade de produtos
carentes em outras regiões.

De modo geral, o eixo principal, a princípio, foi o norte–sul; a expansão


lateral só ocorreu muitos séculos depois, em direcção a leste.
O desenvolvimento do comércio enriqueceu a classe dirigente dos
Estados haúça. A opulência das cortes, a partir do século XV, reflectia
essa prosperidade, graças a qual Rumfa empreendeu vastos projectos
de construção e numerosas reformas administrativas, politicase
religiosas.

Comercializavam ao longo de todo o caminho, mas estavam sujeitos a


uma série de impostos e de portagens estabelecidos pelos chefes
locais, em particular à passagem dos principais rios.
Os autóctones não se coibiam, alias de aumentar os preços de géneros
alimentícios quando se aproximava as caravanas. Era portanto intensa
a luta entre comerciantes ambulantes e comerciantes locais.
“Os primeiros porém, eram profissionais, que ainda por cima, tinham
conhecimentos de um mercado mais vasto, com oportunidades mais
numerosas, conjunturas mais variadas, as quais lhe ofereciam ganhos
mais substanciais”.(KI-ZERBO, 2009, p.223)

Os mercadores e artífices Yorubas, tinham o seu culto e os seus


interditos animistas. O mercador Diúla, era com frequência

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acompanhado por um Marabu, a menos que ele próprio fosse.


Quando a caravana Mossi, que ia trocar os animais e peças de tecidos
pela cola de salaga, era guardada por um chefe animista considerado
capaz de neutralizar qualquer possível adversário.
Enquanto outros membros da caravana estavam armados até aos
dentes, ele só trazia amuletos. Era detentor de distintivo mágico, o tim
soba. Com efeito, fora da esfera de influência directa das grandes
feiras do Sahel, ou dos reis da savana e mais tarde da floresta, não
faltava os salteadores.

3.5 A Economia do Estado do Kanem-Bornu


Além dos escravos, as caravanas que se destinavam ao Fezzān e aos
centros mediterrânicos também transportavam alguns produtos
exóticos, como presas de elefantes, penas de avestruz e até animais
vivos.
“Kanem‑Bornu devia sua prosperidade a agricultura em expansão, a
criação de animais e as minas de sal, mais que aos rendimentos
proporcionados pelo comércio de escravos”.(DJIBRIL, 2010, p.281)

As importações consistiam principalmente em cavalos, que eram


procurados em função de seu valor militar.
No século XIV, a tecelagem local já se desenvolvera o bastante para
que os habitantes do Kanem utilizassem faixas de algodão como
medida de valor nas trocas comerciais.

Por outro lado, pode‑se supor que entre as mercadorias vendidas ao


Sudão central também estivesse o cobre. No século XIV esse metal era
extraído, provavelmente em quantidades pequenas, de minas situadas
na região de Takedda. Nessa época, provavelmente começou-se a
explorar as jazidas de estanho do planalto nigeriano.
O volume de trocas norte‑sul dependia muito da segurança existente
no grande eixo caravaneiro do Sahara central.

A prosperidade do reino – ou, pelo menos, a do rei – dependia mais


imediatamente dos rendimentos oriundos do comercio transahariano
que do aumento da produção agrícola ou pastoril. Ora, os escravos
constituíam a principal “mercadoria” que se podia trocar pelos
produtos importados do norte e eram obtidos através de incursões
dirigidas contra os povos não muçulmanos do sul. Os reis do Kanem,
por conseguinte, não tinham interesse em facilitar a expansão do Islão
além de certos limites.
“Os assuntos correntes eram tratados por um conselho privado. As
finanças reais eram alimentadas pelos impostos em espécies, pelos
tributos pagos com frequência em géneros ou pelos tráficos de
escravos”. (KI-ZERBO, 2009, p.201)

De facto, as estruturas económicas da África Ocidental não sofreram


por vezes qualquer modificação
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fundamental durante séculos, por causa da estabilidade das técnicas.


Os factos mais importantes, são a selecção no próprio local ou o
recebimento do exterior de novos géneros agrícolas, a elaboração e a
difusão das técnicas novas em matéria de artesanato, de manufactura,
e em fim, a transformação gradual das trocas comerciais e expansão
das rotas do deserto e em proveito dos centros do litoral no golfo da
Guine.

Uma das condições do comércio era a segurança das vias de


comunicação. Essa segurança parece ter sido perfeitamente lançada
pelo Estado do Ghana, Estado do Mali, que no entanto não dispunham
de exércitos permanentes.

Estes impuseram em seguida aos Soberanos do Sudão, por causa do


desenvolvimento do poder central, que tinha necessidade de levar a
cabo intervenções rápidas e imediatas em qualquer ponto do império.
Por outro lado, as armas tornavam-se cada vez mais dispendiosas,
assim como a cavalaria. As armas de fogo eram muito caras e de
conservação delicada. Tratava-se de investimento considerável que,
para serem rentáveis, deviam ser confiados a soldados de profissão,
submetidos a um treino adequado e ao controlo directo do soberano.
O contingente da elite, constituída o núcleo do grosso das tropas
mobilizadas pelo alistamento em massa.

As artérias transarianas foram os primeiros laços de oeste Africano


com o exterior. Tratava-se sobretudo de vias meridionais, cujo o
desenvolvimento estava ligado aos da caravana de camelos, mas
também a conservação dos Oásis que deviam fornecer, de escala em
escala, as dezenas ou centenas de toneladas de água necessária para o
consumo de uma caravana média. Um camelo pode, com efeito, beber
100 litros de Água num oásis e as caravanas contava com centenas de
camelos e até milhares.

As rotas seguidas conhecemo-las pelos viajantes ou geógrafos Árabes,


seja porque receberam de outros as suas informações, seja porque,
como Ibn Batuta e Leão-o-Africano, tenham muitos antes dos
exploradores europeus, tomado parte, eles próprios, nas caravanas.

3.6 A Economia do Estado do Youruba


Do século XI à XIX, verificou-se uma espécie de translação rotas
meridionais do deserto. Do século VIII ao século XII, aproximadamente
a rota do Marrocos para o Sudão, conheceu uma grande actividade.
“Esta rota de 90 dias (porque se calculavam as distâncias em dias),
segundo Ibn Khaldun, ligava os 2 dois portos, de Tamedelt no Norte e
de Awdaghost no Sul”. (KI-ZERBO, 2009, p.211)

A partir no momento em que o Estado do Ghana entrou em

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decadência viu-se a decrescer o seu movimento em proveito de uma


rota mais segura a Oeste.

A importância desta rota provêm de facto de ela drenar para o Sudão


o Sal-gema de Teghazza, que era comprado a peso de Ouro. Com
efeito, as populações Sudanesas não dispunham de minas e utilizavam
em substituição do Sal, produtos extraídos de cinza de certos caules.
Ora o Sal marinho explorado em Awlil, na Costa da Mauritânia, não
penetrava suficientemente no interior.

A rota de Teghazza, tornou-se portanto, a grande artéria entre o Mali


e o Exterior. Os peregrinos seguiam-na para se dirigir a Meca,
passando pelo Tuat. A partir do século XIV, foram muitas vezes
cortadas pelas depredações das Tribos Berberes. Foram então
exploradas rotas mais para Oriente, cujo o traçado não estava
nitidamente definido, tendo em conta múltiplas bifurcações e desvios
que os guias seguiam conforme as circunstâncias e as necessidades
desta cidade ambulante que era a caravana.

A rota de Ghadamés à Fazânia por Ghat passava também por Air, que
desempenhava assim um papel de ponto central do comércio
caravaneiro, tendo como fulcro principal Agades. A rota da Fazânia ao
Chade, por Bilma e Kawar, era sem dúvida, a velha estrada Romana,
seguida pelos Generais sétimo 7º Flaco e Júlio Materno no Século I da
era Crista, na sua marcha para o Sul. Esta estrada passava entre as
encostas do Hoggar e do Tibést e seguia Talvegues onde as toalhas
freáticas são poucas profundas. E tinha vantagens de comportar uma
sucessão de oásis próspero que faziam dela uma via relativamente
fácil.
Bilma, em particular, no meio das minas de Sal do Kawar, continuava a
ser o ponto de partida do Azalai, de camelos que, aos milhares todos
os anos transportavam as barras de Sal do Air para Goa.

No século XV, segundo Ibn Khaldun, sa caravanas passavam pelo


Hoggar chegavam a compor-se por vezes, de 12.000 Mil camelos. Estas
caravanas encontravam no Bornu o Cobre que vinha do Wadai e do
Darfur e traziam numerosos escravos.
A rota transariana mais oriental era o famoso Darb-el-Arbain, ou rota
dos 40 dias, que ligava o Egipto a Kobé, no Darfur. Pista dos escravos,
era muito isolada pelas tempestades de arreia e pelos salteadores.

Nas extremidades destas pistas meridionais, rotas transversais muito


activas ligavam aos portos caravaneiros, como a de Walata para
vermelho (Suakin, Zeila), depois para Meca ou Oceano Índico.

Os géneros drenados pelas rotas do Norte, permaneciam quase


sempre os mesmos. Do País dos Negros partiam o Ouro, Escravos, Noz
de cola, marfim, goma, pimenta, peles de animais, etc. Do Magreb e

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do Leste iam o Sal, barras de ferro ou de cobre, tecidos, pérolas


manuscritas, etc.
Foi largamente sublinhada a importância destas vias transarianas. De
factos estas vias constituíam durante séculos, em matéria da abertura
para o exterior, o pulmão do oeste Africano.

Pretendia-se contudo, que os diversos Estados, Reinos ou Impérios


Africanos, da região ocidental, não passavam da expressão política
destas transacções económicas. De facto, houve uma interacção
destes factores económicos, associados aos políticos e sócio-culturais.
O progresso político estava ligado a prosperidade económica na
medida em que os reis depressa organizavam o comércio em seu
proveito, como no Ghana.

Mas o próprio comércio dependia estreitamente da paz e da


estabilidade política, pois a corte constituía um dos principais clientes
do comércio externo. Acontecia assim com muita frequência que as
mercadorias só eram expostas a disposição público depois de os
funcionários públicos do rei ou a classe dominante, haverem retirado a
parte que ao rei cabia.

Para mais a segurança das rotas, dependia directamente da


autoridade política. Isto não impediam que os reis tivessem sempre
procurado dominar um dos pólos, pelo menos, senão os dois, do
tráfego das caravanas, ou seja as minas de sal do norte e as minas de
ouro do sul.
O facto de o Mali, haver atingido este duplo objectivo, não é estranho,
sem dúvida, ao seu excepcional esplendor. Além disso, o esgotamento
das minas de ouro e abertura de mais jazigos cada vez mais a leste e
ao sul na savana e até na floresta, contribuíram também, por seu
turno, para a translação do poder político do Oeste para Leste através
do Sahel. A verdade é que este comércio trazia certos produtos, como
o sal, vestuários que eram do consumo corrente.

3.7 A Economia do Estado do Benim


É provável, porém que, tendo em conta o movimento bastante fraco e
a difusão bastante lenta, a maioria parte dos africanos da região
ocidental comercializavam mais o Ouro e Sal, e era considerado um
tesouro em certas regiões da África Negra.
Por outro lado, os verdadeiros senhores do negócio trans-desértico
não era os mercadores negros. Eram os senhores do negócio do
Magrebe e os príncipes Berberes que organizavam as caravanas,
reuniam os produtos e os entregavam no Sudão por intermédios dos
seus agentes ou dos vendedores a grosso ou dos retalhistas locais. (KI-
ZERBO, 2009, p.215)

Só eles conheciam o preço de compra ou de custo dos produtos do


Magrebe. Também conheciam o valor
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do ouro e dos escravos no Magrebe e os custos aproximados dos


transportes, que comportava naturalmente os seus riscos, sem contar
que eles iam por vezes até às fontes dos produtos negro-africanos.
Eles estavam em condições de calcular bastante razoavelmente a
margem dos lucros e as modalidades da troca, eram a maior parte das
vezes a seu favor.

Para além dos géneros de grande consumo que satisfaziam as


necessidades da massa dos clientes, as categorias sociais privilegiadas
essencialmente a corte e altos funcionários do Estado, tirava o seu
proveito, os artigos de luxo, como: os tecidos de seda, de púrpura, as
armas tauxiadas, as tâmaras, etc. Outros tinham também a sua parte
nos lucros.

As relações económicas também adquiriram maior intensidade e


complexidade: o palácio do soberano, com suas necessidades de
suprimento e serviços especializados, foi um factor determinante
dessa evolução. Alem disso, os Estados estavam melhor equipados
para organizar um comércio exterior, suprir mercados, organizar a
colecta e transporte de produtos e garantir a segurança dos
comerciantes que viajavam para longe. Os Estados ijaw mandavam
grandes almadias para bem longe no interior, com o objectivo de
trocar o sal que eles manufacturavam por géneros alimentícios que
não podiam produzir.
O rei do Benim podia organizar um comércio de escravos, marfim e
pimenta em grande escala. Os tecidos de Ijebu eram fornecidos para
os mercados de uma vasta região. Graças a sua posição entre os
Estados da região florestal e os da savana, Oyo controlava grande
parte do comércio entre uns e outros.

Eram os mercadores que faziam a ligação entre o espaço económico


mediterrâneo e a massa dos produtores e os consumidores que
formigavam nas savanas e nas florestas do oeste africano.
O comércio interno do oeste africano, era uma parte autónoma e em
parte orientados para as trocas com o Magrebe. A exuberância da
natureza tropical apagava os caminhos com mais segurança que a
arreia do erg.
A parte porém, as pequenas povoações distantes, ou as zonas dos
pântanos ao longo da costa ou ainda os sectores montanhosos como o
Atakora, onde só existia a economia de subsistência, podia-se
distinguir 3 três níveis de distribuição: Local, Regional e Internacional.

Localmente os mercados da aldeia, efectuavam-se todos os 3 três ou 5


cinco dias, com um sistema de alternância que permitia os
camponeses abastecerem-se em diferentes direcções e até visitarem
os seus devedores ou parentes. O mercado, com efeito a este nível,
sobretudo é um fenómeno tanto social assim como económico.

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Pelo menos nos Estados que não estavam muito islamizados,


ofereciam uns aos outros num dos cantos do mercado, rodadas de
inevitável cerveja de milho ou vinho de palma, cujos os vapores sobem
a cabeça para abafarem as amarguras e as preocupações do labor
quotidiano.
Os géneros eram apresentados em pequenos lotes, bem arrumados
em cima de uma esteira, um pano ou uma pele, e em cada compra o
vendedor acrescentava sempre ritualmente um suplemento, cuja a
importância era a função da quantidade comprada. Este circuito local
era tocado esporadicamente pela passagem de mercadores mais
importantes.

O circuito regional era porém, muito mais regularmente. Tratava-se


de centros importantes, de capitais reais ou de pontos de cruzamentos
naturais, como certas cidades do Senegal, do Mali, como Bobo
Diulasso, Uagadugu, Kumasi, Oyo, Benim, as Cidades Hauças, etc.
Nestes mercados, os comércios efectuavam-se quase todos os dias,
mesmo se houvesse periodicamente uma grande feira, em que os
negócios atingissem o máximo, além do camponês que vinha fazer
algum dinheiro ou procurar algum género e de artífice que era o
vendedor. Mas também o camponês encontrava gentes que viviam do
comércio ou de artesanato que habitava com frequência em bairros
especializados.

Ao contrário os vendedores dos mercados locais, essa gente não


praticava essencialmente trocas, o que a embaraçaria com géneros
mais ou menos sujeitos a deterioração. A moeda consistia em
pequenas barras de ferro ou de cobre, por vezes lindamente forjadas,
em Ouro em Pó, sobretudo em Cauris, conchas do oceano indico que
afluíam ao oeste africano principalmente pelo mar vermelho e pela
rota oriental do Egipto.

O Couri era pesado, tinha pelo menos a vantagem de não se prestar a


falsificações.
A dominação dos chefes e dos reis fazia-se nitidamente sentir nestes
mercados regionais. Os artífices do Djolof tinham um chefe que era o
seu porta-voz junto do bur (rei). Em Uagadagu, por exemplo, andava
pelos mercados dois recebedores principais dos impostos. Um
ocupava-se das taxas sobre os animais abatidos (Koss-naba), outro dos
impostos dizia respeito aos restantes produtos. Consoante as
mercadorias, o imposto era satisfeito em géneros (por exemplo para
os cereais, as oleaginosas, as especiarias), ou em espécie, por exemplo
para um animal vivo ou abatido. Por um cativo vendido pagavam-se
mil cauris.
Bobo-Diulasso, era também um mercado muito frequentado onde se
transaccionava sobretudo o Ouro, a noz de cola e os tecidos de
algodão com frequência manufacturados ali mesmo.

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Em Benim e Oyo, existiam corporações de ferreiros que trabalhavam o


ferro e o latão de ourives, de escultores em madeira e marfim, de
sapateiros de serralheiros, de fabricantes de batuques, de tecelões, de
bordadores, etc.

Os Yorubas, tinham um teor horizontal, com pedais accionados por


Homens para fazerem tiras de tecidos ou de tear vertical manual que
as mulheres empregavam para peças mais largas. Certas, dessas
associações, como seja, o grupo de artífices que trabalhavam a latão
ou o marfim, embora com base familiar, estavam sob estatuto do
monopólio real.

No mercado ande a chama dançante de milhares de pequenas


lâmpadas de óleo fazia sair das trevas rostos sempre aprazíveis de
vendedores obstinados, na esperança de uma boa oportunidade. As
transacções prosseguiam com frequência pela noite dentro. Os
mercados Yorubas distinguiam-se e distinguem-se ainda hoje pelo
grande números de mulheres, as quais está reservada a venda de
certos produtos.

Por cima destes números de centros regionais, encontrava-se um


pequeno número de cidades mercantis que viviam literalmente de
negócios e cuja a função económica consistiu em unir as diferentes
regiões em particular em ligar a savana com floresta e o conjunto de
Oeste Africano com os mercados mediterrânicos e orientais. Tratava-
se de metrópoles do comércio internacional cosmopolítica. Eram
assim, Bida, Cano, Jena, Mopti. A partir do século XIII, Bida era a
capital económica do Estado do Nupé. Os seus habitantes
especializavam-se em manufacturas e no comércio, tal como:
mineiros, ferreiros, joalheiros em latão, ouro, prata, pedreiros,
marceneiros, carpinteiros, escultores em madeiras e marfim, tecelões,
vidreiros, fabricantes de pérolas, oleiros, etc. Pululavam no Estado ou
reino, por vezes com uma rede monopolista, cujas secções locais eram
controladas pelos chefes em nome do rei ou imperador. Mas a maioria
parte, das vezes a profissão encontrava-se largamente aberta.

O quadro da linhagem não impedia que fossem admitidos candidatos


exteriores, desde que passassem nas suas provas e observassem os
cultos e os interditos religiosos, assim como os regulamentos
profissionais da corporação em matéria da qualidade e do preço dos
artigos.

A organização era por vezes mais aperfeiçoada ainda e chegava à


empresa com um regime assalariado, como por exemplo: quando o
chefe dos fabricantes de pérolas se ocupava em colocar o seu pessoal,
de controlar a sua produção e lhe entregava um parte das somas que
recebiam pelo trabalho que esse pessoal havia feito.

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Em Bida, a capital existia 6 seis mercados próximos da 3 três


residências reais, 2 dois pequenos mercados perto da porta Oeste da
cidade e no Bairro dos estrangeiros e, enfim o mercado de noite, que
era prodigiosamente bem abastecido e animado e não se praticava
permutas.

Os Cauris, tinham curso por toda parte. Também quase não se


regateava, pois os preços eram quase sempre fixos, salvo quando as
flutuações dos produtos da estação e as relações entre a oferta e a
procura impunham a necessidade de ajustamentos. Tinham também
em conta o transporte.

Os mercadores do Bida, encontravam-se organizados em associações,


cujo o presidente era eleito pelos membros e confirmado pelo rei.
Cada caravana, à chegada devia ser inspeccionada por ele, a fim de
reservar eventualmente a parte comprada pelo Príncipe. Depois com a
permissão real, os chefe dos mercadores dava livre acesso aos artigos
importados e velava para que todos os mercadores se pudessem
abastecer sem descriminação.

Certos mercadores que exerciam as funções de agentes de compras


recebiam comissões bem regulamentadas. Estas associações de
mercadores, mais ainda que as de artífices, estavam isentas de
qualquer limitação de linhagem e de parentesco. Tinham atingido sem
sombra de dúvida, a noção moderna de uniões dos profissionais.
Cano é, desde a idade média até aos nossos dias, a grande cidade de
negócio dos Haúças. Incluindo numerosas manufacturas, associações
de ferreiros, de vendedores de sal, de mineiros, de fabricante de
bebidas, de produtores de remédios.

Cano era famosa sobretudo pelas suas indústrias de Couros, pela


tecelagem, pela tintura e pelo preparo de tecidos de várias qualidades.
Também existiam corporações de escultores em madeiras e marfim,
de joalheiros de ouro, prata e latão, de fabricantes de pérolas, etc.
Estes grupos ocupavam bairros especiais.
Nos mercados de Cano e de Katsina, que eram diários, encontrava-se
sempre mercadorias vindas dos Países Árabes, Ásia, Europa, e doutros
cantos da África. Os negociantes eram ai, muito reputados pela sua
probidade e as suas mercadorias vinham a revelar defeitos ao serem
usadas. O regulamento de mercadorias, obrigava-os ao reembolso.
Estes negociantes não ignoravam de modo nenhum a lei da oferta e da
procura, pois não hesitavam em retirar do mercado uma parte da
mercadoria e em armazená-la, aguardando melhores preços.

Eram aceites moedas muito variadas e as cidades tinham os seus


cambistas. O mais singular é que o País Haúça, pelas suas grandes
cidades, se comportava como um centro industrial, comprando
matérias primas nos Estados ou Reinos que os rodeavam, como o

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cobre de Takkeda ou de Bornu, algodão de Djerma ou de Borgu e


vendendo os seus tecidos nos Oasis Saharianos até Tripoli no Oeste
Africano e até à costa do Senegal.

Tumbucto e Jena eram desde o século XIII, cidades economicamente


gémeas. Tumbucto era o porto do deserto, quase sem recursos
próprios, mas em contacto directo com o sahara, do qual recebia 50
mil carregamentos de sal por ano, e por vezes com a Europa.

A cidade de Jena, na margem do Bani, afluente do rio Níger,


desempenhava o papel do produtor e colector dos artigos que deviam
ser trocados por produtos transarianos ou espelhados através de todo
Oeste Africano, tais como: Baguettes de ouro puro, couros secos,
chumbo, braceletes de mármores com veios dos montes, antimónio
para maquilhagem dos olhos, hena para as mãos e para os pés das
elegantes, barras de índigo, cestos de nozes de cola, barras de ferro,
peixe seco, que era a especialidade da sua vizinha Mpti, cobertores
que os Bambaras embelezavam por múltiplos processos de atingir ou
descolorir (como a pasta de arroz, a cera quente, os detercivos),
tâmaras do Tuat, barras de sal aos milhares, bem brancas, sem sinais
de silicato, escravos, etc.

Os negociantes de Jena, eram grandes homens de negócios que


tinham representantes em numerosos centros de compras ou vendas.
Os vendedores itinerantes informavam o seu patrão a respeito das
flutuações dos preços e recebiam uma comissão sobre as transacções
efectuadas.
Representantes conhecidos e especializados por produtos, passavam
nas casas a oferecer amostra. A chegada das caravanas desencadeava-
se verdadeiras febres de especulações. Não faltava também as fraudes
e os Askias, tiveram de tomar disposições para fixar os pesos e as
medidas.
Os transportes eram organizados numa vasta escala. A grande piroga
do Jena, era formada de chapas de madeiras fixadas com sólidas
cordas de cânhamo, resultando dai barcos para cerca de 30 toneladas,
ou seja o equivalente de uma caravana de 1000 mil carregadores ou
200 camelos.

As mercadorias eram ai empilhadas por ordem de fragilidade e era


deixado um espaço para os passageiros, assim como para despejar
água em caso de filtração. A vida urbana era brilhante em Jena, nas
vastas casas dos burgueses com terraço, opulentas e frescas.
Os negociantes convidavam com frequência os amigos ou parentes,
assim como eruditos de passagem, em conformidade com o preceito
da hospitalidade. “O hóspede era um presente de deus”. As damas
também assistiam e para elas, talvez queimavam-se tanto incenso,
espelhava-se tanta essência de rosas na casa, que já à entrada da
porta aquilo subia à cabeça.

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Trincavam nozes de cola, comia-se cuscuz de carneiro gordo ou de


pombo, saboreavam-se tâmaras deliciosas, bolos de frumentos e bolos
de mel, enquanto se falavam de acontecimentos da cidade, se ouviam
as reflexões dos letrados ou muito simplesmente as notícias de Cano e
do Chade, de Marrocos e de Tripoli, que chegavam a Jena ao ritmo
obstinado e fleumático dos passos do dromedário. Não é para admirar
que Jena era um dos maiores mercados do mundo muçulmano. (KI-
ZERBO, 2009, p.220)

Estes grandes centros de projecção internacional, estava portanto


ligados aos centros regionais e drenavam os produtos cuja a direcção
principal era o norte e sul e inversamente, assegurando Assim trocas
entre zonas naturais complementares. Do norte iam, além dos
produtos do Magrebe, os tecidos, as barras e braceletes metálicos, os
couris, a marroquinaria. Do sul iam o ouro, a noz de cola, o marfim e
os escravos.
Era por isso que as zonas estratégicas deste comércio do oeste
africano se encontravam centradas em tornos dos jazigos auríferos ou
de reservas de homens.

3.8 Resumo
A vida económica desses Estados da África ocidental eram bastante
organizada. Os seus mercados eram sempre muito animado. Estes
povos da África ocidental comercializavam os seus produtos com os
árabes, almorávidas e povos da África do norte.
Os estados controlavam o trânsito de caravanas do comércio exigindo
um imposto pela sua passagem através do seu território. Os soberanos
exerciam uma espécie de monopólio, que consistia em apropriar-se de
todas as pepitas descobertas, a fim de restringir a massa do ouro em
circulação e evitar a desvalorização.
As receitas do Estado, consistiam, além do tributo ou impostos sobre
as colheitas e sobre os animais, marfim, na requisição de pepitas de
ouro, nas taxas de trânsito de mercadores e despojos de guerra.
As relações económicas também adquiriram maior intensidade e
complexidade: os palácios dos soberanos, com suas necessidades de
suprimento e serviços especializados, foi um factor determinante
dessa evolução. Alem disso, os Estados estavam melhor equipados
para organizar um comércio exterior, suprir mercados, organizar a
colecta e transporte de produtos e garantir a segurança dos
comerciantes que viajavam para longe.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

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Perguntas
1-O Enriquecimento do Estado de Ghana deveu-se ao:
A-Desenvolvimento da Agricultura;
B-Desenvolvimento da Criação de Animais;
C-Desenvolvimento do Comércio de Ouro;
D-Desenvolvimento do Sal e Armas de ferro.
2-As Minas de Ouro do Estado de Ghana, localizavam-se naparte:
A-Norte; B-Sul; C-Este; D-Oeste.
3-As Moedas Usadas pelos Estados da África Ocidental, eram:
A-Ouro em pó e sal; B-Ouro em pó e prata;
C-Ouro em pó e diamante; D-Ouro em pó e cobre.

Exercícios para AVALIAÇÃO

Perguntas
1-O Estado de Ghana, devido das suas minas era conhecido por:
A-O País de Diamante B-O País de Petróleo;
C-O País de Ferro; D-O País de Ouro.
2-A vida económica do Estado de Ghana era bastante:
A- Desorganizada; B- Organizada;
C- Fácil; D- Difícil.
3-A maioria da população do Estado de Ghana dedicavam-se ao:
A-Cultivo da terra e a Criação do gado;
B-Cultivo da terra e o Comércio;
C-Cultivo da terra e a Mineração;
D-Cultivo da terra e a Mineração do Ouro.
4- Apopulação do Estado de Ghana Cultivavam:
A-mexoeira, arroz, algodão e trigo;
B-mexoeira, arroz, algodão e hortícolas;
C-mexoeira, arroz, algodão e mapira;
D-mexoeira, arroz, algodão e milho-miúdo.
5- A riqueza do Estado de Ghana, provinha essencialmente do
Comércio de:
A- Ouro e do sal; B- Ouro e do marfim;

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C- Ouro e da prata; D- Ouro e de produtos agrícolas.


6- No Estado de Ghana, o comércio, para os produtos produzidos
localmente e em grandes quantidades.
A - As taxas não eram altas; B - As taxas eram altas;
C - As taxas eram pesadas; D - As taxas não eram pesadas.
7- No Estado do Mali, desenvolveram nas áreas conquistadas as
culturas de:
A- Feijão, algodão e tâmaras; B- Feijão, algodão e papaia;
C- Feijão, algodão e milho; D- Feijão, algodão e banana.
8-No Estado do Mali, a cada colheita, uma parte, ainda que
simbólica, deveria ser oferecida ao:
A- Chefe da aldeia B- Administrador;
C- Governador; D- Imperador.
9- Era velha tradição, no Mali, reservar os primeiros frutos do inhame
ao chefe em sinal de:
A- Direito; B- Respeito;
C- Imposto ; D- Hábitos e Costumes.
10-No Estado do Mali, uma das culturas agrícolas para o comércio
mais difundido nos finais do século XV, foi:
A-Mapira; B-Mexoeira; C-Algodão; D-Trigo.
11- No Estado do Mali, as receitas do Estado, consistiam em:
A- Tributo, Taxas de impostos, colheitas e o gado;
B- Tributo, Taxas de impostos, colheitas e o camelo;
C- Tributo, Taxas de impostos, colheitas e o cavalo;
D- Tributo, Taxas de impostos, colheitas e o burro.
12- As importantes fontes riquezas que desempenharam o papel na
economia do Estado do Mali, eram:
A-O ouro, o sal, o cobre e animais;
B-O ouro, o sal, o cobre e produtos agrícolas;
C-O ouro, o sal, o cobre e tecidos;
D-O ouro, o sal, o cobre e as nozes‑ de‑cola.
13-No Estado do Mali, as minas de ouro do Burem continuavam sob
o domínio do:
A – Os Mineiros; B- O Rei Mansa;
C- Comerciantes de Ouro; D - Classes Dominantes.

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14- No Estado do Mali, o Homem fiel responsável pela balança dos


produtos comerciais chamava-se?
A- fezânia; B- Tafilalet; C- Sidjilmasa; D- Tekrur.
15-O Estado do Songhay era uma região privilegiada Por causa de:
A- Intercâmbio de pessoas transahariano;
B- Intercâmbio de animais transahariano;
C- Intercâmbio de produtos agrícolas transahariano;
D- Intercâmbio de produtos comerciais transaharianos.
16-No Estado do Songhay distinguiam‑se dois sectores económicos:
A- Um rural e tradicional, e o outro urbano e comercial;
B- Um rural e agrícola, e o outro urbano e comercial;
C- Um rural e mineiro, e o outro urbano e comercial;
D- Um rural e criação de animais, e o outro urbano e comercial.
17-No Estado do Songhay, a Administração era:
A – Descentralizada e rígida;
B- Descentralizada, rígida e estreita;
C- Centralizada e rígida;
D- Centralizada, rígida e estreita.
18 -A partir do século XIII, a capital económica do Estado do Nupédo
Benim era:
A-Bida; B-Cano; C- Jena; D-Mopti.
19-No Estado dos Haúças, o sistema fiscal era muito elaborado e com
frequência inspirado:
A-Na Bíblia; B-No alcorão;
C-Nas Leis; D-Nas políticas do Rei.
20- No Estado dos Haúças realizavam um tipo de economia:
A-Simples; B-Difícil; C-Complexo; D-Normal.

RESPOSTAS VAI EXIGIR DA LEITURA ATENTA DO ESTUDANTE NESTE


MÓDULO E EOUTRAS BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS

Exercícios do TEMA

Perguntas
1-No Estado do Songhay, centros do grande comércio transahariano
eram:
A- Walata, Tombuctu, Djenne e Gao;
B- Walata, Tombuctu, Djenne e Sidjilmasa;
C- Walata, Tombuctu, Djenne e Taghazza;
D- Walata, Tombuctu, Djenne e Sahel.
2- No Estado do Songhay, colectado do zakāt, dizimo era para o
sustento:

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A-Da população; B- Dos Pobres;


C- Dos Comerciantes; D-Da Classe Dominante.
3- De modo geral, o sucesso do comércio dependia da:
A- Paz e da instabilidade política da região;
B- Paz e da instabilidade económica da região;
C- Paz e da estabilidade política da região;
D- Paz e da estabilidade sócio - cultural da região.
4-O nomadismo foi um factor decisivo na propagação do:
A- Islamismo e da língua Árabe; B- Islamismo e do Cultura Árabe;
C- Islamismo e das Mesquitas; D- Islamismo e do Comércio.
5- O camelo, tornava possível esta imensa circulação mercantil, a que
chamavam:
A -O barco do deserto;
B- O carro do deserto;
C- O avião do deserto;
D-O transporte do deserto.

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TEMA IV: A EVOLUÇÃO SÓCIO- CULTURAL DAS CIVILIZAÇÕES DA


HISTÓRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL ATÉ AO SÉCULO XV.

UNIDADE Temática 4.0 A Evolução Sócio- Cultural das Civilizações da História da


África Ocidental até ao Século XV.

Introdução

Nesta unidade temática, discutimos sobre a Evolução, a Organização


Sócio-Cultural dos Primeiros Estados Centralizados na Região da África
Ocidental até Século XV.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

A Evolução, a Organização Sócio - Cultural dos Primeiros Estados Centralizados


na Região da África Ocidental.

Objectivos  Analisar: As manifestações sócio-culturaldos Estados da África Ocidental


específicos
até século XV.

 Comparar: As manifestações sócio-cultural do Estados da África Ocidental


até século XV.

4.1 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Ghana


O Imperador e o seu povo praticavam o culto dos antepassados e
adoravam alguns animais. Isto é seguiam uma religião animista.
“O imperador era animista, assim como a maioria dos seus súbditos. O
principal culto era o do deus – serpente do Uagadu (Uagadu - Bida),
antepassado-totem dos Cissés. Saia da toca no dia da entronização dos
reis e recebia em sacrifício anualmente a mais bela rapariga da terra”.
(KI-ZERBO, 2009, p.138)

Quando morria o soberano, construía-se uma espécie de cúpula em


madeira, na qual se colocava o corpo, num estrado guarnecido de
tapetes e de almofadas. Junto do corpo dispunha - se os ornamentos e
as armas dos defuntos, assim como os pratos e as cabeças em que ele
costumava comer e beber cheios de vitualhas. Eram postos também
junto de defunto alguns dos seus cozinheiros e copeiros. Em seguida
cobria-se o edifício com esteiras e estofos e toda aquela gente junta-
lhe e atirava a terra para cima, de maneira a formar uma grande
colina, que se rodeava em seguida de um fosso, deixando só uma via
de acesso.

No entanto, os Muçulmanos que viviam no Estado do Ghana, tinham a


liberdade de praticar a sua religião
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Islâmica. Construíram muitas mesquitas e constituíam uma classe


ligada ao comércio.
A maioria da população não se converteu facilmente ao Islamismo,
porque se recusavam em aceitar uma religião e uma cultura
Estrangeira. Mas a classe dominante aceitava o Islamismo por causa
dos interesses económicos, facilidades no comércio com os Árabes, o
que ajudava a manter no poder.

4.2 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Mali


“A família estava baseada na descendência matrilinear. Como entre os
Soninke de Gana, as crianças pertenciam a linhagem da mãe, o que, no
plano político, se traduzia na sucessão matrilinear”. (DJIBRIL, 2010,
p.199)

A população vivia em aldeias por grupos de linhagem reunidas, por sua


vez, em kafu ou jamana, pequenas unidades territoriais com carácter
de Estado, que sem dúvida não são anteriores ao Império do Mali, mas
cuja permanência é notável. No âmbito das aldeias, a base da vida
política eram as grandes sociedades de iniciação (jow).
O Islão, embora minoritário em número de adeptos, não pode ser
desconsiderado, pois estava ligado ao comércio de longa distância,
fazendo‑ se presente em toda parte.
“A estratificação social era relativamente bem desenvolvida, e a
tradição de organização estatal como superstrutura arrecadadora de
tributo dos kafu, bastante generalizada”.(DJIBRIL, 2010, p. 346)

As crenças religiosas constituíam outras características dos Manden


ocidentais, profundamente “animistas. Nos processos, as acusações
sempre mencionavam a feitiçaria. Praticamente todos os casos de
doença eram imputados a essa prática.

O acusado era citado perante o farin, que se valia, como prova, do


chamado “julgamento da água vermelha”: as duas partes eram
obrigadas a beber água avermelhada pelas raízes da Khaya
senegalenses; o que vomitasse antes, ganhava o processo; o perdedor,
assim reconhecido como feiticeiro, era jogado as feras ou posto em
cativeiro, juntamente com os familiares. Para os chefes, tratava‑se,
evidentemente, de processo bastante cómodo de obter escravos.

Assim, em Casamance, o mansa muçulmano tinha o hábito de solicitar


ao imã que consultasse os adivinhos, antes de se engajar numa guerra.
Também em Casamance, o chefe muçulmano nunca bebia vinho ou
dolo sem derramar algumas gotas no chão, como oferenda aos
mortos. Nos campos, estacas emplastradas com farinha de arroz e de
milho, sangue de bode ou vitela deveriam assegurar boas colheitas. O
culto agrário era poderoso. Mais para o interior, no rio Casamance e
no Rio Grande, o reino Manden do Gabu (Kaabu) permaneceu muito
apegado a religião tradicional.

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O reino foi fortemente influenciado pelos comerciantes do Sarakolés


e Dioulas, ambos com longos contactos com a religião Islâmica, os
quais espalharam tanto o Alcorão, como as mercadorias vindas do
norte do continente Africano. Os Mansas tornaram-se Muçulmanos e
maioria parte deles fizeram peregrinação a cidade de Meca.
“Em muitos pontos da costa, circulavam marabus que proibiam a
carne de porco e distribuíam amuletos”.(DJIBRIL, 2010, p.201)

Eles trouxeram a Niani, Djenné e Tumbucto, sábios Árabes,


Marroquinos e Egípcios. Mas só as populações das cidades é que
praticavam a religião Islâmica. A população rural continuava fiel à
religião tradicional animista.
“Embora islamizados, o Império do Mali é o tipo característico destes
grandes reinos negro-africanos, que funcionava quase segundo as
mesmas regras desde África Ocidental até Estado do Mwenemutapa,
na África Austral”. (KI-ZERBO, 2009, p.174)

A religião dos príncipes não devia ser muito profunda, porque segundo
Al – Omari, Kanku Mussa, ignorava a interdição alcorânica de ter mais
de (04 ), quatro mulheres.
As mulheres cobriam-se de belas vestes brancas todas as 6ª feiras. E
obrigavam as crianças a aprender o alcorão, não se hesitava em pô-las
a ferro.

Com efeito, os grupos mais profundamente imbuídos da fé alcorânica


eram estes comerciantes Sarakholés e Diúlas, que estavam a muito
tempo em contacto com o Islão. Encontravam-se desligados de uma
terra fixa e dos seus deuses, a sua mobilidade, a sua abertura de
espírito, em suma o seu próprio ofício, faziam deles missionários natos
da fé nova.

Na pista da Gâmbia, na orla da floresta, como no País dos Haúças, em


Cano e Katsina estes mercadores Wangaras, espalhavam o Islamismo
ao mesmo tempo que os produtos do norte e a sua rede, Ténue, mas
persistente, foi sem dúvida, um dos melhores factores de integração
do Império do Mali. Por outro lado, os escravos do palácio, sobretudo
quando –lhes era dada a liberdade, ocupavam com frequência postos
de confianças muito elevados.

O rei dirigia este conjunto era um soberano magnífico, saudado como


um deus. Na posição do homem que se prosterna para a sua
organização, os súbditos batiam com força a terra com os (02) dois
cotovelos e lançavam pó para cima da cabeça e das costas, quando da
sua entronização, era levantada uma plataforma coberta de uma pele
fresca de touro.

O Estado do Mali, atingiu um estado de civilização em que a grandeza

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era bastante forte para dominar a violência e a injustiça. Era contra os


abusos do poder que os feiticeiros, postando-se diante do soberano,
como nó-los.

4.3 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Songhay


Sua originalidade baseava‑se no desenvolvimento de uma economia
comercial, a qual deu origem a uma sociedade urbana com actividades
diferenciadas, por sua vez um tanto marginal em relação ao conjunto
da sociedade, fundamentalmente rural.
“Na cidade ou no campo, a sociedade songhay definia‑ se pela
importância atribuída aos laços de parentesco. O elemento básico que
coloria todas as instituições sociais na vida quotidiana era a
família”.(DJIBRIL, 2010, p.201)

A característica fundamental da sociedade songhay era a


hierarquização, que dividia a população em nobreza, homens livres,
membros de castas de ofícios e escravos. No Sudão ocidental, a
nobreza se distinguia claramente das demais classes, por dedicar‑se
quase exclusivamente a administração e as armas. Os escravos,
bastante numerosos, cumpriam tarefas domésticas ou trabalhavam
nos campos, tendo papel político e militar subalterno.

Fora do vale do Níger, onde se encontravam as cidades comerciais, os


Songhay e os demais povos do império viviam de actividades rurais.
Agrupados em aldeias de cabanas redondas, os camponeses dos
séculos XV e XVI eram pouco diferentes dos actuais; as estruturas
fundamentais não foram modificadas por revolução técnica ou de
qualquer outra natureza. Sem dúvida, as condições devida
transformaram‑se.
Também se encontravam artesãos divididos em castas (ferreiros,
carpinteiros, ceramistas etc.), mas seu trabalho era temporário e a
maior parte deles tirava o sustento das actividades agrícolas. O mesmo
devia ocorrer com os pescadores do Níger.

Eram, geralmente, cidades abertas, sem muralhas. O mercado ficava


no interior da cidade, e uma população móvel residia em tendas e
cabanas nos subúrbios. No centro, encontravam‑se casas de alvenaria,
no estilo sudanês, de um ou dois andares; um vestíbulo dava acesso a
um pátio interno, para o qual abriam‑se os quartos.

O mundo urbano era constituído por uma sociedade hierarquizada


segundo o modelo sudanês, mas entre os Songhay o critério de
diferenciação era económico. A sociedade urbana compreendia três
elementos básicos, os comerciantes, os artesãos e os religiosos, que
viviam todos, directa ou indirectamente, do comércio.

Os comerciantes eram, na maioria, estrangeiros; os artesãos e


pequenos comerciantes, camada
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dinâmica e activa, agrupavam‑se em corporações, com suas regras e


costumes. Os intelectuais – marabus, estudantes, pessoas de maneiras
requintadas, gozavam de grande consideração social.

Implantado no Sudão ocidental desde o século XI, o Islão progrediu


lenta e desigualmente, acabando por se impor na curva do Níger e na
região do Sahel.

A cidade de Djenné, Tumbuctu, Walata, Gao e outras cidades desta


região, eram também grandes centros de estudos religiosos. Os
professores (Marabuts), ensinavam nas mesquitas, as madraças os
Doutores e escritores célebres do Magrebe, atravessavam o deserto
de sahara para ir dar ou receber cursos em Tumbuctu ou em Djenné.
“Estas cidades eram capitais de erudição e ciência islâmica irradiando
em todas as direcções a sua influência. Os números das escolas
alcorânicas da cidade de Tumbuctu elevou-se para 180. E os
professores ensinavam nas mesquitas. Doutores e escritores célebres
do Magrebe atravessavam o deserto para ministrar cursos ou seguir os
dos seus colegas Berberes ou negros de Sankoré (Bairro de Tombuctu
ou de Jena). Na realidade os universitários eram acarinhados”. (KI-
ZERBO, 2009, p.190)

O Sudão nigeriano conheceu grande florescimento intelectual nos


séculos XV.
A religião e a arte, na região da África Ocidental, intimamente ligadas.
Foram ambas concebidas pelas populações que se sentiam esmagadas
pelas forças da natureza e que olhavam a floresta e o deserto como 2
dois gigantes a modificar e explorar.
Respeitavam os antepassados e os espíritos, erguendo-lhes altares e
oferecendo-lhes sacrifícios. Consideravam os vivos apenas uma
minoria sujeitas a servidões e a castigos (seca, a fome, a esterilidade
ou a morte).

Quando surgiu o Islamismo, as reacções foram diferentes. Enquanto


nuns lugares não se faziam esforços para converter a população,
noutros tudo se fazia para espalhar a nova fé, recorrendo-se mesmo a
violência. Vindo do norte para o sul, o avanço do Islamismo foi
facilitado pela deslocação, no mesmo sentido, do comércio e das
migrações.

Mas a mensagem muçulmana apelava mais às elites urbanas do que


aos povos dos campos, acabando este por fazer as suas próprias
misturas religiosas, combinando os ritmos muçulmanos com ritmos
ancestrais animistas.
Os Berberes Islamizados, deram o poder homens vivos e seus
descendentes, gerando-se também um culto de “santos vivos”, dos
quais se pensava terem qualidades para fazer milagres e adivinhar o
futuro.

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4.4 A Organização Sócio-Cultural do Estado dos Haúças


Por falar a mesma língua, observa-se os mesmos costumes, obedecer
as mesmas instituições políticas, os Haúça formam um dos grupos
étnicos mais importantes da África ocidental. Atraídos por sua cultura,
muitos povos vizinhos abandonaram a própria língua e seus costumes
para fazer parte dos Haúça.

Originariamente, o termo hawsa concernia apenas a língua materna


dos habitantes do território haúça, onde as pessoas se auto
denominavam hausawa,ou seja, os que falam haussa. Por vezes,
porém, empregavam o termo hawsa para se referir somente ao
território formado pelos antigos reinos de Zamfara, de Kebbi e do
Gobir.

Uma prova de que o emprego generalizado do termo hawsa como


etnónimo e de origem relativamente recente, e o fato de que
actualmente certos grupos não muçulmanos da Nigéria e do Níger, de
cultura e língua exclusivamente haúça, recusam‑se a ser chamados de
Haúça.

Na Republica Federal da Nigéria, chamam a si mesmos e são chamados


pelos outros Haúça de Maguzawa (ou Bamaguje), enquanto na
Republica do Níger são conhecidos pelo nome de Azna ou Arna,
palavras haúça para designar pagão.(DJIBRIL, 2010, p.303)

As relações com o Kanem‑Bornu foram de grande importância para a


história do território haúça, pois esse Estado forneceu muitos
elementos culturais e ideias novas, que se tornaram parte integrante
da cultura e civilização haúça.
“A expansão das cidades (cidades-estados), Haúças teve início no
século XIV, ao mesmo tempo que a sua islamização”.(SELLIER, 2004, p.
24)

Não se pode excluir a possibilidade de negociantes muçulmanos


provenientes do oeste (Mali e Songhay) terem difundido o Islão entre
os comerciantes e parte da elite dirigente haúça, antes da chegada dos
Wangarawa – eruditos e missionários muçulmanos imigrantes, que
mais tarde contribuíram para instaurar uma tradição islâmica mais
forte e extensa.

Por outro lado, apesar de o Islão estar bastante disseminado pelo


território haúça no século XIV, continuava sendo sobretudo a religião
dos comerciantes expatriados, de pequenos grupos de mercadores
locais e da elite dirigente, pois as massas continuavam, em geral,
apegadas as crenças tradicionais. Contudo, parece ter sido
exactamente no século XV que uma forte tradição islâmica começou a
se estabelecer, principalmente em Kano e Katsina, tendência

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reforçada não somente pelos eruditos wangarawa, como também por


religiosos muçulmanos fulbe, que traziam novos livros sobre a teologia
e a lei.
As actividades de ensino destes eruditos parecem ter marcado a
emergência de Kano como cidade muçulmana; sua “conversão”foi
simbolizada pelo corte das árvores sagradas.

Os Estados Haúças a partir do século XIV, com o reinado de Yadji (1349


- 1385), converteram-se ao Islamismo. Os povos Bosques, sagrados
dos animistas foram derrubados e em seu lugar construíram-se belas
mesquitas. O mês de ramadane, era celebrado com brilho, até o
género de vida do próximo oriente se impôs na sociedade muçulmana.
“O rei era eleito por notáveis e era responsáveis perante eles,
característica que se afasta dos sistemas políticos negro-africanos, a
comparar com o desenvolvimento económico e sócio-cultural”. (KI-
ZERBO, 2009, p.196)

A religião muçulmana continuava repleta de tenazes elementos


animista. Traduzia, assim o carácter específico da civilização Haúças,
feita de sínteses de todos os níveis.
De modo geral, a islamização limitou‑ se a elite dirigente e a grupos de
negociantes durante este período; a religião muçulmana só teve
impacto nas cidades e grandes centros e, mesmo neste caso, a maioria
dos que se diziam muçulmanos não era por inteiro, e continuava a crer
em outros deuses, invocados perto de árvores e de rochas sagradas
em seus santuários.

Pode‑se afirmar que o Islão se integrou nos esquemas religiosos


africanos porque não era considerado religião estrangeira, ou
incompatível com a visão religiosa haúça, e – o que e mais importante
– porque a sociedade muçulmana não reivindicava, nessa época,
exclusividade para sua ideologia religiosa, estando disposta a
acomodar muitos traços das crenças e costumes tradicionais.

Esta foi, provavelmente, a atitude da maioria dos conversos e seus


descendentes; a elite restrita de eruditos expatriados (ou seus
discípulos) esforçava-se, no entanto, por seguir mais estritamente as
leis e costumes islâmicos. Por outro lado, a população rural continuou
a observar a religião tradicional e a empregar a magia e a feitiçaria
ainda por muito tempo. Aparentemente, não houve qualquer oposição
a nova religião, ao menos enquanto os juristas muçulmanos não
exigiram a transformação de certas normas sociais e culturais antigas.

Outro efeito da difusão do Islão foi o afluxo de grande número de


eruditos e religiosos de varias regiões da África, o que motivou a
propagação de novas ideias políticas, sociais, culturais, e o
desenvolvimento da alfabetização – ou melhor, da capacidade de
escrever e ler em árabe, e depois em haúça, empregando o alfabeto

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árabe (sistema ajami).

Estes factores contribuíram, por sua vez, para melhorar a


administração do Estado, e também para aperfeiçoar várias práticas e
operações comerciais. Enfim, a introdução e a difusão do Islão ligaram
o território haúça mais estreitamente a uma área cultural mais vasta e
desenvolvida.

4.5 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Kanem-Bornu


Os príncipes do Kanem, estavam profundamente presos aos cultos
animistas. A dinastia do Kanem conservava um “feitiço venerado”
chamado muné ou moni. Era segundo alguns, o espírito dos
antepassado simbolizado numa efígie de carneiro, o que estabelecia
um laço cultural prodigioso com a prática semelhante de Méroe, dos
Países Akans (Ghana) e de Kuba (Congo).

Para outros era uma espécie de vaso sagrado que continha relíquias,
como o tibo mossi e que ninguém devia destapar.
“O Muné, era um dos elementos essenciais do culto que os Kanembus
prestavam ao seu rei, considerado um deus pelo menos no período
pré-islâmico. Este rei era responsável pela chuva e pelo bom tempo,
assim como pela saúde dos seus súbditos”. (KI-ZERBO, 2009, p.200)

Matava a sede com hidromel, mas admitia-se que não precisava de


comer, e ai daquele que visse o camelo a levar em segredo as
provisões reais para o palácio! Era logo exterminado.
Algumas pessoas, quer da classe dominante e a população aceitaram a
conversão ao Islamismo por causa dos interesses económicos,
facilidades no comércio com os Árabes, o que ajudava a manter no
poder. As mulheres cobriam-se de belas vestes brancas, todas as 6ª
feiras em direcção para mesquita para rezar na missa do Namaz do
Juma . E obrigavam as crianças a aprender o alcorão.

4.6 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Youruba


Pode‑se, portanto, distinguir as sociedades baseadas em grupos de
linhagem das cidades‑Estado e dos reinos, cujo poder politico era mais
elaborado. A forma de sociedade mais comum e a “comunidade
dispersa, definida por território”, resultado de uma conjuntura em que
a reserva de terras periféricas disponíveis para uma população em
expansão e insuficiente; para se fixarem em novas terras, alguns
grupos precisavam separar‑se dos parentes mais próximos e
solicita‑las a outros grupos, com os quais tinham poucos ou nenhum
laço de parentesco. (DJIBRIL, 2010, p.384)

Na nova aldeia de pescadores, composta de várias linhagens sem laços


de parentesco e em competição com outras aldeias pela ocupação de
terras insuficientes, a idade deixou de ser critério para o exercício da
autoridade e foi substituída pela

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competência pessoal e pelo fato de se pertencer a linhagem


dominante, geralmente a do ancestral fundador.
Além de propiciar o surgimento de novas formas de organização, a
aldeia favoreceu o surgimento de instituições que se contrapunham a
afiliação a linhagens.

As mais comuns eram as classes de idade e as sociedades secretas. As


primeiras reuniam os homens e, bem mais raramente, as mulheres,
em grupos etários que serviam ao conjunto comunitário da aldeia. Os
habitantes de sexo masculino eram divididos basicamente em dois
grupos: os jovens e os mais velhos. Por vezes, havia um sistema
tríplice, no qual se distinguia, alem dos jovens e adultos maduros (que
constituíam as forças combatentes da aldeia), o grupo dos mais
velhos, que formavam o conselho de governo. As cerimónias de
iniciação, que precediam a entrada em cada classe etária, permitiam
afirmar a solidariedade em nível de aldeia, em contraste com a
solidariedade em nível de linhagem; também contribuíram bastante
para libertar os membros das sociedades secretas de seus vínculos
familiares, levando‑os a privilegiar a fidelidade ao corpo social.

Assim como a felicidade do grupo familiar era – acreditado-se


garantisse os espíritos dos antepassados, a quem o decano da
linhagem rendia homenagem em nome de sua família, também o
chefe da aldeia mantinha relações privilegiadas com as forças
espirituais que poderiam trazer o bem ou o mal a toda a comunidade.
Os cultos de Ama‑teme‑ suo e Amakiri, entre os Ijaw, ilustram bem
como se deu a emergência de conceitos religiosos especificamente
relacionados a comunidade. O de Ama‑teme‑suo e particularmente
impressionante, pois encarna “a verdadeira essência e a alma da
própria comunidade, e pode‑se dizer que dele dependia o destino da
aldeia.
A aldeia, como estrutura social, era comum no século XIII? O fato de os
Estados territoriais mais antigos de que temos algum conhecimento
terem se formado por volta dessa época atesta que, pelo menos em
certas regiões, principalmente na floresta seca, as aldeias já estavam
bem estabelecidas.

A disseminação da prática desse estilo por vastas áreas poderia


testemunhar a grande influência exercida por Ife, mas é possível que
se trate simplesmente de fenómeno cultural difundido entre os
Yoruba, mais associado a ritos religiosos que a realeza de Ife.

A liderança perde seu carácter transitório, as linhagens fundadoras


adquiriram maior autoridade, assistiu‑ se o surgimento de instituições
com um espírito comunitário, e não mais familiar, e os princípios de
integração política, baseados na residência e legislação comuns,
tornaram-se se fundamentos do principio de soberania.

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Para os povos do Estado do Youruba, o ilé Ifé, era o centro local de


dispersão, foi reconhecido por todos os Yourubas, como a fonte
mística do poder e da legitimidade: o lugar donde partia a consagração
espiritual (sendo o Oni, chefe de ifé, o grande pontífice) e aonde
retornavam os restos mortais e as insígnias de todos os reis, da
religião africana animista.

Exactamente como a cidades santas de Tabaida para os Faraós e


Gambaga para os Mossis
Oranyan, fundador de Oyo (Old Oyo), teria tido como sucessor um dos
seus filhos, chamado Shango. Este último era tão fogoso, que quando
falava, lhe saiam chamas da boca e fumos pelas narinas.

Havendo tentado atrair e dominar os raios por processos mágicos,


acabou por consegui-los para a infelicidade da sua casa e acabou por
se enforcar. Shango, que se tornou deus dos raios, é ainda hoje
venerado em toda a Costa do Benim.
“Mas tarde a classe dominante e a população que via nas cidades
aceitaram a conversão ao Islamismo por causa dos interesses
económicos, facilidades no comércio com os Árabes, o que ajudava a
manter no poder”. (KI-ZERBO, 2009, p.202)

4.7 A Organização Sócio-Cultural do Estado do Benim


“Em geral, a escultura em madeira dominava a arte negro‑africana, de
forma que a maior parte das peças que extasiam os estetas e de época
recente; a brilhante excepção e a da civilização de Ife‑ Benim, onde se
encontravam obras de arte em terracota e bronze: dai a importância
dessa região na evolução geral da arte negro‑africana. (DJIBRIL, 2010,
p.397)

Os objectos em latão eram ou forjados, ou feitos pela técnica da cera


perdida, conhecida em Ife, provavelmente, desde antes do século XIII.
A luz de pesquisas mais recentes, uma ligação natural une a arte da
terracota de Ife, ilustrada por figuras naturalistas, principalmente
cabeças humanas, a cultura de Nok, que remonta a Idade do Ferro (no
século V antes da era crista). Isso e essencial e sublinha a grande
difusão da cultura nok, que não deve ser circunscrita aos planaltos de
Bauchi; além disso, temos provas de intercâmbios e contactos
contínuos entre os Países da savana, ao norte, e os da floresta, ao sul.
Assim, os célebres objectos em bronze e latão de Ife e do Benim são o
resultado da evolução.

A tradição afirma ter o oba do Benim requisitado e recebido do oni um


hábil escultor, que iniciou os artesãos do Benim na técnica da
moldagem de bronzes; assim, Ife e verdadeiramente a cidade‑mae de
onde vieram a religião e a arte com a qual se presta homenagem aos
ancestrais. Como o culto dos antepassados era o fundamento da
religião tradicional, Ife criou uma arte

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para perpetuar a lembrança “daqueles que velam pelos vivos”. O


grande número de figuras encontradas nos templos também sugere
que algumas fossem objectos de culto nos próprios santuários, não se
destinando a serem enterradas. Essa arte, porem, não ficou
circunscrito a área do Ife‑Benim. Foram feitas descobertas, não
somente no delta do Níger mas ate no norte, nos confins de Nupe.

O soberano (oba), era um monarca absoluto, mas observado de perto.


O rei deificado, estava submetido a inúmeros ritos. As suas refeições, e
até o seu sono, eram codificados pelo costume.
Quando em raríssimas ocasiões, aparecia meticuloso e pomposo, era
como que o detentor supremo dos segredos mágicos que se supunha
deverem engendrar a prosperidade do País.
Em Benim a promoção dos títulos de corte ou de cidade dependia da
vontade do rei, ou em todo o caso, como para os Orizamas, se
transmitia por primogenitura.

Na morte do rei, cavava-se um sepulcro no seu palácio, um sepulcro


tão fundo que os trabalhadores acabam por cair na água e se afogam.
Quando se está prestes a lançar o corpo nesta cova, apresentavam-se
todos os favoritos e os servidores do príncipe defunto e ofereciam
para acompanhar o seu senhor e para o irem servir no outro mundo.
Disputavam longamente entre eles este privilégio e levavam a melhor
aqueles de quem ele mais gostava em vida. Uma vez que estes fiéis
cortesãos tenham descido para o túmulo, fazia-se rolar uma pedra
para tapar a abertura.

Ifé e Benim, tornaram-se célebres em todo o mundo pela descoberta


de obras-primas de bronze (latão), ou de terracota. Trata-se de uma
arte de corte com veia naturalista e que a celebração dos fastos do
reino. A arte do Ifé é a mais antiga, provém sem dúvida, da cultura de
Nok. O quadro da linhagem não impedia que fossem admitidos a
candidatos externos, desde que passassem nas suas provas e
observassem os ocultos e os interditos religiosos, assim como os
regulamentos profissionais da corporação em matéria de qualidade e
de preços dos artigos.
“No Estado do Benim, a população aceitou a conversão ao Islamismo.
As mulheres cobriam-se de belas vestes brancas, todas as 6ª feiras em
direcção para mesquita para rezar na missa do Namaz deJuma . E as
crianças a aprendiam o alcorão na Madrassa”. (KI-ZERBO, 2009, p.217)

Neste contexto, outra população continuou a praticar as suas crenças


mágicas e religiosas africanas (animistas) e outros converteram-se ao
islamismo, fruto dos contactos com os comerciantes Árabes e outros
povos da África do norte.

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4.8 Resumo
A característica fundamental das sociedades da África ocidental era a
hierarquização, que dividia a população em nobreza, homens livres,
membros de castas de ofícios e escravos. Isto é classe dominante e
dominada.
Os Imperadores e o seu povo praticavam o culto dos antepassados e
adoravam alguns animais. Isto é seguiam uma religião animista.
Mais tarde, a classe dominante aceitou o Islamismo por causa dos
interesses económicos, facilidades no comércio com os Árabes, o que
ajudava a manter no poder.

A maioria dos Estados da África ocidental, atingiram um estado de


civilização em que a grandeza era bastante forte para dominar a
violência e a injustiça. Era contra os abusos do poder que os feiticeiros,
postavam diante dos seus soberanos.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas
1-As Cidades antigas do Estado do Songhay de centros de estudos
religiosos eram:
A- Djenné, Tumbucto, Walata, Kamara;
B- Djenné, Tumbucto, Walata, Konaté;
C- Djenné, Tumbucto, Walata, Dao;
D- Djenné, Tumbucto, Walata, Gao.
2-No Estado de Songhay, os professores (Marabuts) ensinavam nas
mesquitas, eram:
A- Doutores, Escritores e Célebres;
B- Doutores, Escritores e Sábios;
C- Doutores, Escritores e Inteligentes;
D- Doutores, Escritores e Profissionais.
3- No Estado de Ghana, quando morria o soberano, construía-se uma
espécie de cúpula em:
A- Cimento; B- Madeira; C- Ferro; D- Ouro.

Exercícios para AVALIAÇÃO

Perguntas
1- A sucessão do poder era por via matrilinear, isto é:
A- Era o filho da irmã do rei; B- Era o filho do irmão do rei;

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C- Era o filho do primo do rei; D- Era o filho da tio do rei.


2-No Estado de Ghana, o imperador e o seu povo praticavam o culto
dos antepassados. Isto é seguiam uma religião:
A- Muçulmana; B- Católica;
C- Politeísta; D- animista.
3- No entanto, os Muçulmanos que viviam no Estado do Ghana,
tinham a liberdade de praticar a sua religião:
A- Crista; B- Islâmica; C- Animista; D- Metodista.
4- No Estado do Mali, a população vivia em aldeias por grupos de:
A-Clã; B- Tribo; C- linhagem; D- Família.
5-A estratificação social no Estado do Mali era relativamente:
A-Bem desenvolvida; B-Menos desenvolvida;
C-Pouco desenvolvida; D-Não desenvolvida.
6- No Estado do Mali, o acusado de feitiçaria era citado perante o
farin, que se valia, como prova, do chamado “julgamento da água:
A- Preta; B- Limpa; C- Vermelha; D- Castanha.
7- No Estado do Mali, nos processos, as acusações sempre
mencionavam:
A – Azar; B– Feitiçaria;
C– Ancião; D– Conselheiro do Rei.
8- O Rei do Mali, nunca bebia vinho ou dolo sem derramar algumas
gotas no chão, como oferenda aos:
A- Aos vivos; B- Ao povo;
C- Ao deus; D – Aos mortos.
9-No Estado do Mali, os Mansas tornaram-se Muçulmanos e maioria
parte deles fizeram peregrinação para a cidade de:
A – Paquistão; B – Índia; C – Meca; D – Egipto.
10- O Estado do Mali, atingiu um nível de civilização em que a
grandeza era bastante forte para dominar a:
A- Violência e a injustiça; B- Violência e a justiça;
C- Conflitos e a injustiça; D- Guerras e a injustiça.
11- A característica fundamental da sociedade Songhay era a:
A -Clã; B - Hierarquização;
C - Tribo; D – Linhagem.
12- No Estado do Songhay, a sociedade urbana compreendia em:
A- Cinco elementos básicos;
B- Quatro elementos básicos;

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C- Três elementos básicos;


D- Dois elementos básicos.
13-No Estado do Songhay, conheceu grande florescimento intelectual
nos séculos:
A- XII; B- XIII; C- XIV; D- XV.
14- Sobre Estado dos Haúças. A palavras haúça designa:
A- Pagão; B- Crente;
C- Animista; D- Religioso.
15- A dinastia do Estado de Kanem – Bornu, conservava:
A- Feitiço mágico; B- Feitiço venerado;
C- Árvore sagrada; D- Culto religioso.
16- No Estado de Kanem – Bornu, o rei era responsável pela chuva e
pelo bom tempo, assim como pela saúde dos seus:
A –Munícipes; B– Cidadãos;
C– Súbditos; D– Comerciantes.
17- No Estado de Kanem – Bornu, o vaso sagrado continha relíquias,
como o tibo mossi e que ninguém deveria:
A – Abrir; B – Tapar; C – Fechar; D - Destapar.
18-No Estado do Yurubas, os habitantes de sexo masculino eram
divididos basicamente em dois grupos:
A- Os jovens e os adultos; B- Os jovens e os mais velhos;
C – Crianças e jovens; D – Crianças e rapazes.
19 –No Estado do Benim, Em geral, a escultura em madeira dominava
a arte:
A – Ocidental africana; B – Oriental africana;
C – Negro africana; D – Arte africana.

20 -No Estado do Benim, o rei estava submetido a inúmeros ritos. As


suas refeições, e até o seu sono, eram codificados:
A - Pelo costume; B – Pela tradição;
C – Pela magia; D –Pela religião.

Exercícios do TEMA

1- No Estado do Mali, a população rural continuava fiel à religião


tradicional:
A - Crista; B - Muçulmana; C - Animista; D - Católica.
2- No Estado do Mali, o rei era um soberano magnífico, saudado
como:

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A- Um deus; B- Um filho deus;


C- Um Anjo; D- Um curandeiro.
3- No Estado dos Haúças, os eruditos e missionários muçulmanos
imigrantes, contribuíram para instaurar duma tradição islâmica mais
forte e:
A- Intensa; B- Extensa; C- Rígida; D- Radical.
4-No Estado de Kanem – Bornu, as crianças eram de carácter
obrigatório aprender o alcorão na:
A – Na escola; B – Na Igreja;
C – Na mesquita; D – Na madrassa.
5-No Estado do Yurubas, a idade deixou de ser critério para o
exercício da autoridade e foi substituída pela/o:
A - Competência pessoal; B – Competência intelectual;
C - Conhecimento da magia; D – Conhecimento da tradição.

RESPOSTAS VAI EXIGIR DA LEITURA ATENTA DO ESTUDANTE NESTE


MÓDULO E EOUTRAS BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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