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1. Introdução....................................................................................................................................3
4. Formação das estruturas coloniais na África Austral..................................................................4
5. Factores que contribuíram para a conquista colonial na África Austral......................................5
5.3. Factor missionário.....................................................................................................................6
6. Tipos de iniciativas e de resistências na África austral................................................................7
7. A conquista dos europeus aos Ndebele........................................................................................8
8. Iniciativas e reacções africanas 1895-1914................................................................................10
8.1. O chimurenga dos Ndebele-Shona..........................................................................................11
8.2. O papel dos Sacerdotes e Profetas tradicionais (o significado de Chimurenga).....................12
9. Conclusão...................................................................................................................................13
10. Bibliografia.............................................................................................................................14
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1. Introdução
Para um bom entendimento das resistências na África Austral foi necessário uma análise
adequada das correlações de forças que actuaram na sua formação social. Isso implica
contextualizá-la estrutural e conjunturalmente para compreendermos o processo de colonização
bem como as resistências, cujo a colonização empreendida pelos europeus e pur sua vez as
resistências pelos africanos.
Neste trabalho focalizamos a formação das estruturas coloniais na áfrica meridional como o
conteúdo inicial. Neste tentamos também, ilustrar as conquistas dos europeus logo a seguir
atacamos a matéria essencial. Esperamos que o mesmo satisfaça os anseios de conhecimentos
dos usuários
2. Objectivos
2.1. Geral
2.2. Específicos
3. Metodologia.
Para a realização do trabalho que se apresenta, o grupo cingiu-se na consulta bibliográfica, que
consistiu em pesquisar várias obras que abordam acerca do tema, em seguida através do método
do trabalho em grupo, fez-se a análise e discussão da informação e posteriormente a sua
respectiva compilação.
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Segundo LEFORT (1978:20) Os conflitos com as populações autóctones que ocupavam essas
terras foi questão de tempo. As populações indígenas combatidas viram-se pura e simplesmente
massacradas antes que pudessem fugir para o norte (bushmen) ou fustigadas com um sistema que
se identifica ao de razzias, subordinadas e progressivamente reduzidas à escravatura
(Hotentotes).
Para LEFORT (1978:20), a Bíblia foi o alicerce que, desde o século XVIII, forjou a
especificidade bôer. Essa distinção requerida ficaria evidente com o nome que esses colonos
passariam a se autodenominar (afrikaner) e a língua derivada do holandês que eles criaram
(afrikaans). Em século e meio, a zona do Cabo tornou-se, pois, uma colónia de povoamento, a
primeira da África, onde existe já uma comunidade que não se considera como um simples
apêndice da Europa, mas antes como uma vanguarda autóctone da civilização cristã sobre o
continente negro”.
Com a progressiva interiorização os bóeres não demoraram a se chocarem com os grupos bantos,
aos quais costumavam designar pelo nome cafre, que significa infiel em árabe.
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Foi nesse contexto que entrou em cena a Inglaterra como um novo e fundamental protagonista.
Com o objectivo de assegurar o controle da rota das Índias, a Inglaterra ocupou o Cabo em 1795.
Nesse momento a Inglaterra já consolidara sua supremacia económica e militar nas guerras
napoleónicas assumindo o controle da colonização no sul da África. Com isso inauguraram uma
nova fase na história da África.
Segundo KI-ZERBO (1999:432). No princípio do século XIX tinham tomado os seus lugares os
três principais protagonistas de uma evolução dramática: os três B (Bantos, Bôeres e Britânicos),
que daí por diante ficarão em estado quase permanente de conflito triangular. Os escravos negros
receberam garantias dos ingleses contra os maus tractos dos bôeres e em 1833 foi abolida em
definitivo a escravidão. Esse foi o estopim para o que ficou conhecido como A Grande Jornada
(The Great Trek) de 1835 a 1837.
Por volta de 1880, havia na Africa meridional quatro entidades politicas brancas: de um lado, a
Colonia do Cabo e Natal, com maioria de população branca e de língua inglesa (respectivamente,
185 mil e 20 mil almas), e, de outro lado, a Republica Sul- Africana e o Estado Livre de Orange,
que, juntos, contavam mais de 50 mil brancos de língua holandesa. Posteriormente, outra colonia
inglesa foi fundada: Mashonalandia (12 de Setembro de 1890). Nessas cinco colonias de
povoamento, a grande massa de autóctones africanos era dominada por minorias brancas.
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Nos termos da Convenção de Sand River (1852), britânicos e afrikaners tinham acordado não
vender armas de fogo as populações autóctones da Africa meridional. O acordo privava os
africanos de um meio de que necessitavam para sua autodefesa e para uma resistência eficaz.
Embora fecundas, essas transformações tão fundamentais causaram perdas imensas em recursos
humanos e naturais. Calamidades como a seca, epidemias e fome acompanharam a violência e
agravaram profundamente os efeitos das destruições provocadas por aqueles acontecimentos.
Essa situação de conflitos e de desastres contínuos gerou um sentimento permanente de
insegurança e de desespero no seio das pequenas comunidades tributarias, fracas e pacificas.
BOAHEN (2010:224) sustenta que, de modo geral, houve três tipos bem distintos de iniciativas e
de reacções:
o conflito armado, levado pelos Zulu, Ndebele, Changanana, Bemba, Yao e Nguni, assim
como pelas chefias dos Mangwende, Makoni e Mutasa;
O protetorado ou a tutela, escolhidos pelos Sotho, Swazi, Ngwato, Tswana e Lozi, que
possuiam todos eles Estados independentes, não tributários, e procuraram a protecção dos
britânicos contra os bóeres e os Zulu, Ndebele, Bemba e Nguni;
No entanto Havia rivalidades históricas entre reinos novos e expansionistas, bem como conflitos
de interesses que opunham diferentes grupos culturais e dinastias dentro desses mesmos reinos.
Cada dirigente, cada sociedade e mesmo cada individuo reagia as crescentes usurpações dos
europeus em função do contexto de relações e realidades inter-regionais existente antes da
chegada dos brancos. Os colonizadores europeus não deixaram de explorar essa situação.
Estudaram os sistemas políticos da Africa daquela época, o que muitas vezes lhes permitiu
prever as formas de reacção e de resistência africanas.
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Segundo BOAHEN (2010:229), de 1870 a 1890, Lobengula, seguiu com êxito uma estratégia
diplomática bem concebida, para proteger os interesses vitais da nação Ndebele. Regulamentou a
imigração e informou aos estrangeiros brancos que não desejava abrir-lhes o pais para a
prospecção mineira ou para a caca. Alem disso, desenvolveu diversas tácticas, como a de se
deslocar constantemente de uma capital para outra e de jogar dois países, duas empresas ou dois
europeus um contra o outro. Sua estratégia, a longo prazo, consistia em procurar uma aliança
militar e o estatuto de protectorado junto do governo britânico, a fim de se opor aos alemães, aos
portugueses e aos afrikaners, freando a descontrolada expansão colonial da Africa do Sul.
Essas formas de resistência diplomática parecem ter sido eficazes ate 1888, quando o financista
sul-africano Cecil John Rhodes persuadiu o alto- Comissario Sir Hercules Robinson, bem como
Sir Sidney Shippard, comissario delegado para a Bechuanalandia, a apoiar os esforços do
reverendo John Smith Moffat. Este deixara a Matabelelandia em 1865, tendo fracassado
completamente na tentativa de converter os Ndebele.
Moffat ambicionava ardentemente ter êxito na colonização dos Ndebele, Alem disso, guardava
vivo rancor de Mzilikazi, de Lobengula e do conjunto dos chefes políticos que tao
vitoriosamente haviam resistido ao cristianismo. Assim, impulsionado por sentimentos
mesclados de vingança, orgulho e racismo, Moffat tornou-se advogado convicto da destruição do
Estado Ndebele.
Moffat optou por dar apoio a Rhodes e a Chartered Company porque, conforme observou, a
companhia provocaria necessariamente a conquista e o desmantelamento da nação Ndebele, onde
inicio, Moffat fingiu-se de conselheiro espiritual, interessado não por dinheiro, manobras ou
conquistas, mas em dar conselhos amistosos a um velho amigo. Aconselhou Lobengula a aliar-se
antes aos britânicos do que aos afrikaners, portugueses ou alemães. Também fez crer a
Lobengula que se tratava apenas de renovar simplesmente o antigo tratado anglo-ndebele
concluído em 1836 entre seu pai, Mzilikazi, e Sir Benjamin d’Urban, antigo governador inglês
da Africa do Sul. Desse modo, no dia 11 de Fevereiro de 1888, Lobengula assinou a convenção
desde então conhecida pelo nome de tratado Moffat.
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Nos termos desse acordo, o rei prometia abster-se de toda correspondência ou conclusão de
tratado com qualquer potencia estrangeira com vistas a vender, alienar, ceder, permitir ou
ratificar alguma venda, alienação ou cessão de todo ou de parte do território por ele controlado,
sem haver antecipadamente solicitado e recebido a autorização do alto-comissário de Sua
Majestade na Africa do Sul. Por força desse tratado, começou a ocupação britânica da Rodesia.
Moffat colocara a Matabelelandia e a Mashonalandia sob influencia inglesa directa. Aos olhos do
direito internacional europeu de final do seculo XIX, Lobengula tinha se submetido ao
colonialismo britânico. Portanto, os Ndebele dai em diante só podiam tratar com os ingleses.
Agora já não lhes era possível continuar fazendo seu jogo diplomático, colocando as nações
europeias umas contra as outras.
Em compensação, Rhodes obteve uma carta real que lhe dava o monopólio da colonização na
área. Em começos de 1890, seus pioneiros marcharam da Africa do Sul através da
Matabelelandia para a Mashonalandia, hasteando a Union Jack em Salisbury no dia 12 de
Setembro de 1890. De Setembro de 1890 a Outubro de 1893, a nação Ndebele e os colonos da
Mashonalandia não cessaram de se espreitar.
Em vez de lançar seu exercito, estimado em 20 mil homens, num combate suicida contra os
colonos, fortemente armados, e seus auxiliares africanos, Lobengula preferiu evacuar a
Matabelelandia e fugir com seu povo para a Rodesia do Norte, morreu durante a fuga, não se
sabe se de varíola ou de problema cardíaco. Sem seu chefe, a nação Ndebele se decompôs. Um
apos outro, os induna renderam- se a Jameson ao pé da arvore dos indaba (de reunião do
conselho). Os colonos cuidaram imediatamente de delimitar e registrar suas novas explorações e
concessões mineiras. A companhia confiscou mil cabeças de gado dos Ndebele, guardando 240
mil e distribuindo o resto aos soldados brancos e a alguns bons africanos.
BOAHEN (2010:242), diz que no final da década de 1890, praticamente todos os povos da
Africa meridional tinham sido total ou parcialmente colonizados e em toda a parte sofriam
diversas formas de opressão – económica, politica e religiosa. Os europeus não tardaram a
introduzir o imposto de palhota, o trabalho forcado, a rigorosa proibição dos costumes e das
crenças tradicionais e, principalmente, o confisco das terras. A intervenção tornava- se cada vez
mais pesada devido a necessidade crescente dos colonos de mão de obra autóctone barata para
suas fazendas e minas e a tentativa da administração de cobrir com o imposto, se não a
totalidade, ao menos parte de suas despesas. Os africanos eram constrangidos a deixar sua pátria
para ceder lugar aos colonos brancos e servir como voluntários do exercito.
Segundo BOAHEN (2010:243) O Chimurenga, foi um nome que os Shona deram a sua
resistência armada, que começou em Março de 1896 na Matabelelandia e em Junho do mesmo
ano na Mashonalandia. O primeiro morto foi um policial africano, empregado da companhia, no
dia 20 de Março. O primeiro ataque contra europeus ocorreu em 22 de Março, na cidade de
Essexvale, e causou a morte de sete brancos e dois africanos. Depois, o Chimurenga se propagou
como rastilho de pólvora a todo o território da Matabelelandia e da Mashonalandia. Em menos
de uma semana, 130 brancos encontraram a morte na Matabelelandia.
Se o Chimurenga foi essencialmente uma guerrilha, a estratégia empregada pela tropa estava
baseada no cerco e no emprego de dinamite. Os soldados destruíam igualmente as colheitas dos
africanos e roubavam- lhes a maior parte do gado, as cabras, os carneiros, as galinhas e as
reservas de cereais, para privar os rebeldes de alimentos e para se enriquecerem.
Em Agosto, os Ndebele estavam cercados nas colinas de Matapo e, como a batalha se eternizasse
e Rhodes fizesse generosas ofertas de paz, aceitaram finalmente negociar. Ai se seguiram varias
conversações entre Rhodes e os induna Ndebele, que se prolongaram de agosto de 1896 ate
Janeiro de 1898, data em que Rhodes nomeia seis chefes do Chimurenga (os induna Dhliso,
Somabulana, Mlugulu, Sikombo, Khomo e Nyamanda) entre as dez autoridades africanas
apontadas pela companhia. Atribuiu-lhes terras, ofereceu-lhes 2300 toneladas de cereais e
prometeu fazer justiça a suas queixas contra a companhia.
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BOAHEN (2010:245) salienta que O Chimurenga, tem sido qualificado por historiadores
eurocentristas como um movimento atávico e milenarista, por causa do importante papel
desempenhado pelos sacerdotes e profetas tradicionais conhecidos pelo nome de svikiro. Os
principais svikiro eram Mukwati, na Matabelelandia, Kagubi, no oeste da Mashonalandia, bem
como Nehanda (mulher), no centro e norte da Mashonalandia, a quem se juntava uma infinidade
de profetas locais de menor importância. Os svikiro afirmavam aos Ndebele e aos Shona que os
brancos eram a causa de seus sofrimentos como: o trabalho forcado, o imposto, os castigos
corporais (chicote) e ate dos flagelos da natureza: pragas de gafanhotos, peste bovina, secas.
Convenceram grande numero de africanos de que o deus dos Shona, Mwari (Mlimo, em
sindebele), comovido com os sofrimentos de seu povo, decretara que os brancos deviam ser
expulsos do pais e que os africanos nada tinham a recear, pois Mwari estava a seu lado, e tornaria
as balas do homem branco inofensivas como água. Ao todo, foram muitos os africanos a
acreditar que os svikiro falavam em nome de Mwari e que recusar-lhes obediência acarretaria
mais infortúnios para sua terra e novos sofrimentos para os indivíduos.
Os svikiro eram, antes de tudo, profetas revolucionários que articulavam as causas fundamentais
do Chimurenga e a opinião geral da população, sem a qual teriam pouca credibilidade e pouca
influencia. Alem disso, enquanto guardiães das tradições shona e autoridades reconhecidas no
tocante a numerosos aspectos da vida comunitária, temiam ser suplantados pelos missionários
europeus. Mais importantes, os svikiro só apareciam como dirigentes do movimento em razão da
divisão dos Ndebele e, em particular, dos Shona, tanto no plano politico como no militar.
Efectivamente, os svikiro eram as únicas autoridades cuja influencia transcendia os limites das
circunscrições. Os feudos espirituais de Mukwati, Nehanda e Kagubi englobavam mais de uma
circunscrição. Diferente dos chefes dessas soberanias, os svikiro dispunham de uma rede
extensa, mas secreta, de comunicações, que lhes permitia transmitir continuas mensagens e
coordenar eficazmente sua acção.
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9. Conclusão
Chegados a este ponto concluímos que no decurso da primeira década do seculo XX, os Estados
autóctones soberanos tinham praticamente desaparecido da Africa meridional.
A grande maioria dos africanos havia então entrado na terceira fase da resistência, caracterizada
pela luta em prol de um modus vivendi favorável sob a dominação politica, económica e cultural
dos colonos, dando a Inglaterra um papel de destaque nesse processo, onde os seus domínios se
estenderam por todo planeta, principalmente pela necessidade de matérias-primas. Na África
Austral sua actuação se efectiva no século XIX, e é a partir desse período que se demarca um
marco cronológico.
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10. Bibliografia
BOAHEN A. ADU, História Geral Da África VII, África sob dominação colonial, 1880-1935,
Brasil. UNESCO. 2010