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Manual de Curso de licenciatura em Ensino

de Geografia – 3o ano

Geografia Agrária e
Industrial
G0213

24 Unidades

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino a Distância
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Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente
manual, dr. Heitor Simão Mafanela Simão, gostariam de agradecer a colaboração dos
seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela coordenação e revisão final dra. Sidónia José Manuel Albino

Elaborado Por: dr. Heitor Simão Mafanela Simão

Licenciado em Ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica – Beira


Mestrando em Ciências e Sistemas de Informação Geográfica
Gestor do Programa de Quelimane – CED
hsmsimao@ucm.ac.mz

Coordenação e Revisão Final: dra. Sidónia José Manuel Albino

Licenciada em Ensino de Geografia pela Universidade Pedagógica – Beira


Mestrando em Gestão Ambiental
Coordenadora do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia no CED
sjalbino@ucm.ac.mz
O camponês
O camponês dá carinho à sua terra,

como carinho dá o filho à sua mãe.

O camponês, tempos atrás cultivava seu sustento,

hoje o que faz sustenta o banco e mais alguém...

O camponês bebia água da fonte.

Hoje tem sede, a fonte secou também.

O camponês ainda cultiva sua fé, olha pro céu pra ver se ajuda

vem... O camponês se une com outros roceiros. Se organizando,

algum dinheiro até que vem... Se a coisa aperta o camponês

busca outras terras onde há promessa de uma vida que convém.

Se não dá certo, o camponês vai pra cidade, ser favelado,

bóia-fria, zé-ninguém.

Lembra da terra, sua mãe, o camponês, e reforma agrária

ele quer fazer também.

Se não conquista a terra, o camponês morre de tédio,

pois a cidade para ele dá desdém.

Mas, quando morre, o camponês conquista terra,

embora sejam poucos palmos que lhe convêm.

Mas pouco tempo pra usá-la tem o camponês, já que

logo outros roceiros também vêm, disputam a terra

pra descansar também...

(Poema extraído do livro "Geografia em Poesias: tempos, espaços, pensamentos..." do autor


Luiz Cralos Flávio)
Geografia Agrária e Industrial i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo a Geografia Agrária e Industrial GO213 ...................................................... 1
Objectivos do curso ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 2
Como está estruturado este módulo................................................................................ 2
Ícones de actividade ...................................................................................................... 3
Habilidades de estudo .................................................................................................... 3
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5
Avaliação ...................................................................................................................... 5

Unidade I 7
Introdução a Geografia Agrária ..................................................................................... 7
Introdução ............................................................................................................ 7
Sumário ....................................................................................................................... 14
Exercícios.................................................................................................................... 15

Unidade II 17
A Evolução da Agricultura .......................................................................................... 17
Introdução .......................................................................................................... 17
Sumário ....................................................................................................................... 25
Exercícios.................................................................................................................... 25

Unidade III 26
Factores condicionantes do Espaço Agrário ................................................................. 26
Introdução .......................................................................................................... 26
Sumário ....................................................................................................................... 38
Exercícios.................................................................................................................... 38

Unidade IV 40
Paisagens Agrárias no Mundo...................................................................................... 40
Introdução .......................................................................................................... 40
Sumário ....................................................................................................................... 49
Exercícios.................................................................................................................... 50

Unidade V 51
Localização do Espaço Agrícola .................................................................................. 51
Introdução .......................................................................................................... 51
ii Índice

Sumário ....................................................................................................................... 56
Exercícios.................................................................................................................... 57

Unidade VI 58
Os Sistemas Agrários .................................................................................................. 58
Introdução .......................................................................................................... 58
Sumário ....................................................................................................................... 64
Exercícios.................................................................................................................... 64

Unidade VII 65
A Agricultura da Ásia das Monções............................................................................. 65
Introdução .......................................................................................................... 65
Sumário ....................................................................................................................... 68
Exercícios.................................................................................................................... 68

Unidade VIII 69
A Agricultura Moderna ............................................................................................... 69
Introdução .......................................................................................................... 69
Sumário ....................................................................................................................... 75
Exercícios.................................................................................................................... 76

Unidade IX 77
A Pecuária ................................................................................................................... 77
Introdução .......................................................................................................... 77
Sumário ....................................................................................................................... 87
Exercícios.................................................................................................................... 88

Unidade X 89
Silvicultura .................................................................................................................. 89
Introdução .......................................................................................................... 89
Sumário ....................................................................................................................... 93
Exercícios.................................................................................................................... 93

Unidade XI 94
Localização das principais espécies agrícolas cultivadas e a sua complementaridade ... 94
Introdução .......................................................................................................... 94
Sumário ....................................................................................................................... 98
Exercícios.................................................................................................................... 99

Unidade XII 100


Os problemas ambientais provocados pela agricultura ............................................... 100
Introdução ........................................................................................................ 100
Geografia Agrária e Industrial iii

Sumário ..................................................................................................................... 105


Exercícios.................................................................................................................. 106

Unidade XIII 107


Protecção e Conservação dos Solos ........................................................................... 107
Introdução ........................................................................................................ 107
Sumário ..................................................................................................................... 109
Exercícios.................................................................................................................. 110

Unidade XIV 111


A origem da Indústria ................................................................................................ 111
Introdução ........................................................................................................ 111
Sumário ..................................................................................................................... 115
Exercícios.................................................................................................................. 115

Unidade XV 116
Revolução Industrial e o Espaço Geográfico .............................................................. 116
Introdução ........................................................................................................ 116
Sumário ..................................................................................................................... 123
Exercícios.................................................................................................................. 124

Unidade XVI 125


Classificação das indústrias ....................................................................................... 125
Introdução ........................................................................................................ 125
Sumário ..................................................................................................................... 127
Exercícios.................................................................................................................. 127

Unidade XVII 128


O papel dinamizador da Indústria na economia mundial ............................................ 128
Introdução ........................................................................................................ 128
Sumário ..................................................................................................................... 132
Exercícios.................................................................................................................. 133

Unidade XVIII 134


Factores de localização industrial .............................................................................. 134
Introdução ........................................................................................................ 134
Sumário ..................................................................................................................... 138
Exercícios.................................................................................................................. 138

Unidade XIX 139


As grandes regiões industriais no mundo ................................................................... 139
Introdução ........................................................................................................ 139
iv Índice

Sumário ..................................................................................................................... 151


Exercícios.................................................................................................................. 152

Unidade XX 153
A Indústria, a tecnologia e modernização................................................................... 153
Introdução ........................................................................................................ 153
Sumário ..................................................................................................................... 156
Exercícios.................................................................................................................. 157

Unidade XXI 158


Industrialização no Sul .............................................................................................. 158
Introdução ........................................................................................................ 158
Sumário ..................................................................................................................... 159
Exercícios.................................................................................................................. 160

Unidade XXII 161


O crescimento da produção industrial e a gestão dos recursos .................................... 161
Introdução ........................................................................................................ 161
Sumário ..................................................................................................................... 168
Exercícios.................................................................................................................. 169

Unidade XXIII 170


A exploração dos recursos naturais ............................................................................ 170
Introdução ........................................................................................................ 170
Sumário ..................................................................................................................... 173
Exercícios.................................................................................................................. 173

Unidade XXIV 175


A indústria e os problemas ambientais globais no Mundo .......................................... 175
Introdução ........................................................................................................ 175
Sumário ..................................................................................................................... 179
Exercícios.................................................................................................................. 179
Geografia Agrária e Industrial 1

Visão geral
Bem-vindo a Geografia Agrária e
Industrial GO213
O Módulo que ora se apresenta, Geografia Agrária e Industrial,
abordará a agricultura, que é a base alimentar de todos os povos, e
a indústria, que é o motor de desenvolvimento das nações. Sendo
elas as principais actividades económicas o seu estudo revela-se
pertinente para os formandos em Ensino de Geografia e áreas afins.
A cadeira enquadra-se na Geografia Económica.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Geografia Agrária e Industrial GO213 será
capaz de:

 Conceptualizar a Geografia Agrária e Industrial;

 Reconhecer a importância da agricultura e industria no


crescimento económico;
Objectivos
 Descrever as diferentes etapas da evolução da agricultura e
indústria;

 Identificar os principais factores da produção agrária e


industrial;

 Explicar os factores da localização agrária e industrial;

 Analisar a repartição geográfica das espécies cultivadas e


domesticadas pelo homem;

 Caracterizar as paisagens agrárias;

 Caracterizar os sistemas agrários;

 Compreender os conceitos básicos da pecuária;


2 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Compreender os conceitos básicos da silvicultura;

 Identificar os problemas ambientais decorrentes da actividade


agrícola e industrial;

 Propor medidas de prevenção e mitigação dos problemas


ambientais decorrentes da actividade agrícola e industrial;

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que
queiram ser professores da disciplina de Geografia, que estão a
frequentar o curso de Licenciatura em Ensino de Geografia, do
Centro de Ensino a Distância na UCM. Estendese a todos que
queiram consolidar os seus conhecimentos sobre a Geografia
Agrária e Industrial

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.
Geografia Agrária e Industrial 3

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente
de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
4 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com


música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma duvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de
expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem
a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
Geografia Agrária e Industrial 5

O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor\docentes.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os
mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.
O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)
palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões
presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e
1 (exame).
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como
ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referencias utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Geografia Agrária e Industrial 7

Unidade I
Introdução a Geografia Agrária
Introdução
Sendo esta a unidade inicial do módulo abordaremos o historial da
Geografia Agrária, os principais conceitos inerentes a actividade
agrária e a importância da agricultura.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conceptualizar a Geografia Agrária;

 Narrar a origem e evolução da Geografia Agrária;


Objectivos
 Definir os principais conceitos básicos relacionados a actividade
agrária;

 Mencionar a importância da agricultura.

Introdução a Geografia Agrária


O estudo da relação homem-natureza acompanha o
desenvolvimento da Geografia desde a sua origem. A análise das
regularidades na localização do homem e de suas actividades
procurou desvendar sempre a lógica dessa distribuição sobre a
superfície terrestre.
Se essa distribuição tem implícita uma variação no espaço, objecto
de estudo da Geografia, ela apresenta também uma lógica temporal,
ou seja, a relação homem-natureza varia também no tempo.
Neste sentido, a Geografia se preocupa não somente com o espaço,
entendido como o local de actuação da sociedade, mas também
com a conotação temporal, que imprime uma configuração
diferenciada, no decorrer do tempo, a cada evento geográfico, seja
ele um rio, uma fábrica, uma propriedade agrícola, uma cidade.
8 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Nessa perspectiva, o interesse geográfico pelo estudo do meio rural


desenvolveu-se de forma bastante particular e alcançou um papel
de destaque no contexto da ciência geográfica, sendo
contemporâneo ao desenvolvimento da Geografia Científica do
século XIX e início do XX.
Considerando-se que a agricultura é a actividade económica mais
antiga da sociedade e que, quando de sua sistematização, a
Geografia surge em meio a uma sociedade agrária, na qual o
económico era o rural e o tipo de organização espacial mais visível
e dominante era a rural, a ênfase nos estudos rurais foi, de certa
forma, natural.
A Geografia Agrária apresenta uma história muito particular no
tocante ao desenvolvimento da Geografia: conhecer a superfície da
terra e detectar as formas de exploração (cultivos, técnicas) como a
primeira forma de analisar a agricultura.
Definida como actividade económica praticada pelo homem e que
visa à produção de alimentos e matéria-prima, assim como o
extrativismo vegetal e a pesca, a agricultura é tema bastante antigo
da Geografia. Sem constituir propriamente uma escola, o estudo da
agricultura dá-se em um contexto no qual ela é considerada um
elemento da paisagem e, portanto, de interesse de cronistas e
viajantes mais que (propriamente) de geógrafos.

O estudo geográfico da agricultura foi realizado ao longo do tempo


por diferentes enfoques que produziram uma diversidade de
definições, as quais reflectiam o modo de pensar do momento.
Assim, em princípio, a Geografia Agrária era desenvolvida como
“parte” da Geografia Económica, e os estudos económicos em
Geografia tinham, na agricultura, seu foco principal.
Apesar disso, a denominação Geografia Agrária não era adequada,
considerando-se que o conteúdo destes estudos voltava-se,
prioritariamente, para a análise da produção agrícola, da
Geografia Agrária e Industrial 9

distribuição dos cultivos e pouca importância era dedicada às


questões sociais.
Entre as décadas de 1930 e 1940 a prioridade era dada aos estudos
económicos que tinham na agricultura o interesse principal. A
hegemonia da agricultura fez com que não houvesse necessidade de
definir um campo de estudo específico. O papel prioritário
desempenhado pela actividade agrícola, no período, colocou-a
como temática principal dos trabalhos.
A partir da década de 1950, o desenvolvimento do sistema urbano-
industrial e a concretização da divisão social do trabalho colocaram
a cidade e a indústria como precursores de uma nova realidade
económica. A complexidade das relações que se estabeleceram
levou à necessidade de definição de novos campos, e a agricultura,
de hegemónica, passou a ser coadjuvante num sistema económico
constituído por muitos elementos ou partes. A agricultura é uma
delas. Então, consequentemente, surgiram novos ramos do
conhecimento, sendo necessária a definição exacta do campo de
estudos de cada um. A Geografia Económica preocupa-se com a
análise estatística e quantitativa da actividade agrícola, estudando o
volume de produção, o emprego dos produtos e a circulação.
Seguindo a mesma tendência em definir papel específico para a
Geografia Agrária e a Geografia Económica, Pierre George (1978)
define poeticamente o objecto da Geografia Agrícola: o “milagre
anual da colheita sempre renovada, que é, no fundo, o próprio
milagre da vida, repetido ao infinito em todos os campos do
mundo, entre os homens negros, debaixo do sol dos Trópicos e até
além do círculo polar em certos pontos”.
A prioridade, como observamos, é dada à descrição e à distribuição
dos diferentes factos agrícolas que ocorrem no mundo. “Compete à
Geografia económica calcular as colheitas das diversas partes do
mundo, proceder às classificações de produtores e consumidores,
definir as correntes de transporte dos produtos agrícolas”.
10 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Assim, encontramos uma diferenciação importante nas colocações


de Pierre George (1978), definindo, para o estudo dos aspectos
agrícolas, três campos diferentes. A Geografia Agrícola,
preocupada com a descrição e a distribuição dos eventos agrícolas;
a Geografia Económica, com a produção e o transporte dos
cultivos; e a Geografia Social, com o tratamento dos agrupamentos
humanos e das civilizações envolvidas com o trabalho da terra.

Outro autor que trata da Geografia Agrária na década de 1950 é


Erich Otremba (1955). Segundo este estudioso, a economia agrária
e a economia industrial estão interligadas, mas devem ser
consideradas de forma distinta. A economia agrária está submetida
à acção dos factores naturais e sua variedade é resultado da
dependência das características geográficas, contrariamente à
economia industrial. Assim, Otremba (1955) fala da existência de
um método agrogeográfico e de outro industrial-geográfico.
As colocações de Otremba (1955) revelam dois aspectos
importantes: primeiro, a função determinista, que o autor estabelece
para o meio físico com relação à agricultura. Em seguida, a análise
comparativa que traça entre a Geografia Agrária e a Industrial,
buscando definir o papel de cada uma.
Fica evidente no trabalho deste autor a diferenciação de ramos que
deveria compor os estudos geográficos. Como dissemos
anteriormente, nos anos 50, a referência à indústria e à cidade passa
a fazer parte dos estudos de Geografia, e Otembra (1955) destaca
tal fato quando diferencia economia industrial e economia agrária.
Podemos dizer que o geógrafo (agrário) estava preocupado em
estudar a actividade agrícola evidenciada na paisagem e distribuída
distintamente pela superfície da terra em função dos condicionantes
naturais, dos sistemas económicos (sistemas de cultivos) e da
população (habitat, modo de vida). Esta é a Geografia Agrária da
década de 1950: imprecisa quanto à sua definição, representativa
como campo de interesse e numerosa quanto à produção científica.
Geografia Agrária e Industrial 11

Para a década de 1970, grandes mudanças revelam um objecto de


estudos modificado. O processo de modernização da agricultura
levou ao campo novas formas de produzir, relações de trabalho
mais apropriadas à lógica do sistema capitalista, numa situação na
qual a indústria passa a ser produtora de insumos para a agricultura
e consumidora de bens agrícolas. MENDONÇA (2006:9)

A agricultura permanece como a actividade fundamental das


sociedades humanas, a nível global. Consiste nomeadamente, no
cultivo dos campos, no trabalho da terra com vista à produção de
bens alimentares ou respondendo a outras necessidades humanas,
como fibras têxteis, plantas ornamentais, produções energéticas e
lenhosas, mas consiste igualmente a criação de animais que
asseguram alimentos, couros e peles e garantem energia de tracção
e transporte. CAVACO (2005:80)

Como processo, a agricultura é uma combinação intencionalizada


dos seguintes elementos: o material biológico, o contexto
económico, o meio ambiente, as técnicas e as práticas de produção
e as ferramentas de trabalho, situados em relações de escalas de
tempo e espaço. Percebido desta forma, o processo de produção
agrícola mobiliza quatro tipos de componentes básicos: humanos,
mecânicos, edáficos e biológicos.

Conceitos básicos
Agricultura: do latim: “agri” – do campo, e “cultura” – cultivo,
aproveitamento, portanto, agricultura consiste no cultivo ou
aproveitamento dos campos.
A agricultura é a ciência que tem por finalidade produzir, em
condições económicas, plantas úteis ao homem. Por extensão,
também se ocupa pela criação dos animais domésticos e das
indústrias que utilizam os produtos do campo como matéria-prima.
12 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Espaço Rural – diz respeito ao campo e a todas a áreas que não


existem cidades e vilas. Não se deve confundir rural com agrário.
Rural se refere a não urbano e agrário as actividades primárias
(agricultura, pecuária e extrativismo).

Espaço agrário – áreas ocupadas com a produção agrícola,


pastagens e florestas, habitações dos agricultores e ainda infra-
estruturas, e equipamentos associados à actividade agrícola;

Espaço agrícola – área utilizada para a produção vegetal e/ou


animal;

Diferença entre agrícola e agrário


Em poucas palavras, a questão agrícola diz respeito aos aspectos
ligados às mudanças da produção em si mesma: o que se produz,
onde se produz e quanto se produz. Já a questão agrária esta ligada
às transformações nas relações sociais e trabalhistas na produção:
como se produz, de que forma se produz.
No equacionamento da questão agrícola as variáveis importantes
são as quantidades e os preços dos bens produzidos. Os principais
indicadores da questão agrária são outros: a maneira como se
organiza o trabalho e a produção; Qualidade de renda e emprego
dos trabalhadores rurais, a progressividade das pessoas ocupadas
no campo, etc.

Superfície agrícola utilizada (SAU) – área do espaço agrícola


ocupada com culturas.

Rendimento agrícola - é a razão entre a produção e a área cultivada,


num determinado período de tempo (Neumann & Silveira,
1998:10), ou seja, é a relação entre a produção e a superfície
cultivada (kg/ha; t/ha; hl/há). Actualmente, utiliza-se a expressão
rendimento agrícola, no sentido económico – rendimento da
actividade e rendimento do agricultor, em valor monetário.
Geografia Agrária e Industrial 13

- Exprime-se em toneladas/hectare (ou kg/m2, conforme a


dimensão da área cultivada).

çã
. =
Á

Produtividade agrícola - é a razão entre a produção e a mão-de-obra


utilizada, num determinado período de tempo.

- Exprime-se em toneladas per capita (ou kg/per capita, conforme a


produção obtida.).

çã
. =
ã

Sistemas de cultura - conjunto de plantas cultivadas, forma como


esta se associam e técnicas utilizadas no seu cultivo – são
diferentes de região para região, devido, essencialmente, a factores
relacionados com o relevo, o clima e os solos.

No espaço rural, as diferentes culturas, a forma e o arranjo dos


campos, a malha dos caminhos e o tipo de povoamento dão origem
a diferentes paisagens agrárias.

Plantações: em sua história, as Plantações eram grandes extensões


agrícolas que tinham mão-de-obra escrava e empenhava-se em
monocultura para exportação. Actualmente, as Plantações são
sistemas intensivos de capital (ainda monocultores), onde há
muitos investimentos em mecanização, fertilização, agro tóxicos e
mão-de-obra assalariada, além de tecnologia em pesquisas para
aumentar a produtividade.

Agroecologia - foi definida por Altieri (1987) como as "bases


científicas para uma agricultura alternativa". Ela se apresenta como
um conjunto de conhecimentos, técnicas e saberes que incorporam
14 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

princípios ecológicos e valores culturais as práticas agrícolas, que


foram abandonados com a racionalidade tecnológica.

Importância da Agricultura
“Não há profissão que se possa comparar em importância à
agricultura, porque dela depende a alimentação dos homens e dos
animais domésticos; nela repousam a saúde e o desenvolvimento
da espécie humana e a riqueza dos Estados” (Liebig)

A importância actual da agricultura traduz-se em termos de


produção, de superfície ocupada, de mudanças e de desafios: a
nível mundial, ocupa cerca de 11% da superfície dos continentes
(ou 25% se incluirmos prados e pastagens permanentes embora não
as florestas, que cobrem uma superfície equivalente,
aproximadamente 26%), emprega cerca de 46% da população
activa mundial, assegura 5% do PIB mundial e 10% do valor do
comércio mundial. CAVACO (2005:80)

Sumário
A Geografia Agrária preocupa-se com a distribuição da actividade
agrícola pela superfície terrestre, estando a sua origem e
desenvolvimento directamente relacionada as diferentes formas de
exploração da terra ao longo dos tempos. Os conceitos básicos na
análise dessa área do saber são: Agricultura, Espaço Rural, Espaço
Agrário, Espaço Agrícola, diferença entre Agrícola e Agrário,
Superfície agrícola utilizada (SAU), Rendimento agrícola,
Produtividade agrícola, Sistemas de cultura, Plantações e
Agroecologia.

A agricultura e a actividade humana básica da qual o homem extrai


os alimentos para a sobrevivência e crescimento económico.
Geografia Agrária e Industrial 15

Exercícios

1. Descreva, resumidamente, as principais fases da evolução


da Geografia Agrária.

2. Estabeleça a diferença entre espaço agrícola e espaço


agrário.

3. Com base em indicadores distinga produtividade de


rendimento.

4. Debruce-se sobre a importância da agricultura.

Entregue os exercícios 2 e 4
Geografia Agrária e Industrial 17

Unidade II
A Evolução da Agricultura
Introdução
Nesta unidade abordaremos a evolução da agricultura desde o
paleolítico/neolítico até a época contemporânea, caracterizando
cada uma das fases por ela atravessada.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar as diferentes etapas da evolução da agricultura;

 Abordar a origem e domesticação das principais espécies


Objectivos cultivadas;

 Demonstrar a influência capitalista no desenvolvimento da


agricultura.

Etapas do desenvolvimento da agricultura

A agricultura registou uma longa evolução no tempo, desde o


nomadismo pastoril, a protocultura e a agricultura itinerante sobre
queimada e com pousio florestal a agricultura científica e técnica,
desenvolvida com a mais recente Revolução Agrícola, que tem tido
lugar nos últimos dois séculos. (BOSERUP, 1970)

Na Bíblia
“...E PLANTOU o Senhor Deus um jardim no Éden, ao Oriente...
Do solo fez brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boa
para alimento... E saia um rio do Éden p/ regar o jardim e dali se
dividia em quatro braços: Fisom, Geon, TIGRE e
EUFRATES...Tomou, pois, o Senhor Deus o homem e o colocou no
18 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Jardim do Éden p/ que o cultivasse.” (Gênesis, 1, 11-12, 29a. 2, 8-


15a)

“...Abel era pastor de ovelhas e Caim cultivava o solo.” (Gênesis,


2, 2)

PARA A CIÊNCIA (Evolução da agricultura no tempo)


Surgimento da espécie humana: 500.000 a.C.

Paleolítico: 600.000 até 10.000 a.C.

 Nenhum vestígio que indique a presença de plantas


cultivadas
 O homem era totalmente dominado pela natureza
 Sobrevivia da caça, pesca e colecta de frutos, sementes e
raízes
 Eram nómadas e viviam em grupos
 Não conheciam a agricultura nem a criação de animais
 As mulheres eram responsáveis pela colecta e preparo dos
alimentos e os homens pela caça e pesca

Fonte: Pereira (Agricultura Geral)


Geografia Agrária e Industrial 19

Neolítico: 10.000 até 5.000 a. C.

Com a dificuldade para a obtenção de alimentos o homem passou a


semear os primeiros grãos. Saindo de nómada/colector e
caçador/pescador para sedentário/pastor e lavrador.
 Indícios da presença de plantas cultivadas
 Passagem da actividade colectora para a agrícola
 Deixou de ser nómada e passou a ser sedentário
 Com a agricultura homem e mulher mudam suas
actividades. Nas sociedades agrícolas, a mulher era quem
semeava, colhia e preparava os alimentos, ficando os
homens fora da produção directa - criação de animais
(pecuária).

“Um grão caído na terra começa a germinar e é observado em seu


crescimento por algumas mulheres que estão colectando na área:
aí temos, provavelmente, a base da transformação”.

Transformação lenta

Os vegetais germinam e
crescem se plantados

Organizar uma plantação


racional e rentável

Seleção de grãos
selvagens: características
desejáveis,tamanho,
quantidade produzida,
sabor, etc.

Domesticação das plantas


20 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

As principais áreas agrícolas localizavam-se:


- Golfo Pérsico: nos vales dos rios TIGRES e EUFRATES (Antiga
Mesopotâmia)
- No vale do rio Nilo (Egipto).

Fonte: Pereira (Agricultura Geral)

Acredita-se também que a agricultura surgiu em três outras regiões


sem nenhuma comunicação com a região do Crescente Fértil:
China, sudoeste da Ásia (Índia), América Tropical. As primeiras
civilizações que se tem conhecimento e registos históricos surgiram
nas seguintes regiões: Oriente médio às margens dos rios Nilo,
Tigre e Eufrates, na China às margens dos rios Amarelo e Huang-
ho e nas Américas nos planaltos do México e Peru.

Origem e domesticação das principais espécies cultivadas

Mediterrâneo oriental (Crescente Fértil):


 O trigo e cevada (Carbohidratos)
 Lentilha e a Ervilha (Proteínas)
Geografia Agrária e Industrial 21

 Outras (grão de bico, oliveira, tamareira, romã e parreira)

China
 Arroz (6.000 a. C.): 11% das terras cultivadas do mundo
 Soja (3.100 a. C.)

Regiões tropicais da Ásia


 Inhame: rizomas que são caules subterrâneos

 Banana: amplamente cultivada na América Central e Latina.

África
 Sorgo, quiabo, cará e o cafeeiro
 O dendê e a Cana-de-açúcar

Novo Mundo (Américas)


 Cucurbitáceas: melão, melancia e abóbora (10.000 a. C.)
 Milho (como fonte de carboidratos)
 Feijão comum (fonte de proteína)
 Amendoim
 Tomate, fumo, cacaueiro, abacaxi e o abacateiro (méxico)
 Batata inglesa (andes)
 Girassol (domesticado por nativos EUA a 3.000 a. C.)

 Mandioca (Regiões secas da América do Sul)


22 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Mapa das primeiras culturas e animais domesticados

No final do século XVIII, intensifica-se a adopção de sistemas de


rotação de culturas com plantas forrageiras (capim e leguminosas) /
pecuária e agricultura se integram. Esta fase é conhecida como
Primeira Revolução Agrícola.

No final do século XIX e início do séc. XX, os problemas de


escassez de alimentos na Europa intensificam-se.
Descobertas científicas e tecnológicas: fertilizantes químicos,
melhoramento genético, máquinas e motores à combustão.
A actividade rural passa a ser chamada de Agricultura Industrial
(AI), Agricultura Convencional ou Agricultura Química. Esta fase
é chamada de Segunda Revolução Agrícola.

O desenvolvimento alargado das trocas, sobretudo desde os finais


do século XIX: os mercados de bens alimentares essenciais perdem
então o seu carácter local e regional e ganham dimensão regional,
internacional e mundial, com as inerentes especializações de
Geografia Agrária e Industrial 23

produção e dos fluxos, pelas suas vantagens comparativas naturais,


estruturais, de localização e adquiridas, que se traduzem nos custos
unitários de produção e venda, em detrimento de outras regiões e
de outras estruturas e sistemas de produção.

Quer dizer, o sentido das transformações capitalistas é elevar a


produtividade do trabalho. Isso significa fazer cada pessoa ocupada
no sector agrícola produzir mais, o que só se consegue aumentando
a jornada e o ritmo de trabalho das pessoas, e intensificando a
produção agropecuária. E para conseguir isso o sistema capitalista
lança mão dos produtos da sua indústria: adubos, máquinas,
defensivos, etc. Ou seja, o desenvolvimento das relações de
produção capitalistas no campo se faz "industrializando" a própria
agricultura. MENDONÇA (2006:9)
Essa industrialização da agricultura é exactamente o que se chama
comummente de penetração ou "desenvolvimento do capitalismo
no campo". O importante de se entender é que é dessa maneira que
as barreiras impostas pela Natureza à produção agropecuária vão
sendo gradativamente superadas. Como se o sistema capitalista
passasse a fabricar a natureza que fosse adequada à produção de
maiores lucros. Assim, se uma determinada região é seca, tome lá
uma irrigação para resolver a falta de água; se é um brejo, lá vai
uma draga resolver o problema do excesso de água; se a terra não é
fértil, aduba-se e assim por diante. A tecnologia adoptada é
apropriada aos interesses do grande capitalista contra aos dos
pequenos produtores.
Mas isso não é próprio do sistema capitalista. É importante voltar a
lembrar que o objectivo das transformações capitalistas na
agricultura (como em toda a economia é o de aumentar a
produtividade do trabalho. Isto é, fazer com que cada pessoa possa
produzir mais, durante o tempo em que está trabalhando. No
sistema capitalista, quando o trabalhador produz mais, quem ganha
é o patrão. É ele que aumenta seus lucros. Por isso, o sistema
capitalista acumula riqueza de um lado e miséria de outro.
24 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Mas o desenvolvimento das relações capitalistas na agricultura tem


particularidades em relação ao da indústria. A principal delas é que
o meio de produção fundamental na agricultura a terra - não é
susceptível de ser multiplicado (reproduzido) ao livre arbítrio do
homem, como o são as máquinas e outros meios de produção e
instrumentos de trabalho.
É exactamente por ser a terra um meio de produção relativamente
não reprodutível - ou pelo menos, mais complicado de ser
multiplicado que a forma de sua apropriação histórica ganha uma
importância fundamental.
Com o desenvolvimento da produção capitalista na agricultura (ou
seja, nas transformações que o capital provoca na actividade
agropecuária), tende a haver um maior uso de adubos, de
insecticidas, de máquinas, de maior utilização de trabalho
assalariado, o cultivo mais intensivo da terra, etc. Em resumo, a
produção se torna mais intensiva sob o controle do capital.

Na década de 60 esse modelo de agricultura começou a dar sinais


de exaustão: desflorestamento, diminuição da biodiversidade, da
fertilidade dos solos e aumento da erosão. A água, os animais
silvestres e os agricultores estavam sendo contaminados por agro
tóxicos em decorrência da produção agrícola.

Para Cavaco (2005:80) os grandes motores das mudanças recentes


da agricultura e das suas paisagens são, pois, as transformações
tecnológicas e o desenvolvimento das trocas.

A história da agricultura tem sido marcada pela introdução de


inovações tecnológicas, mecânicas, químicas e biológicas,
traduzida em inputs, infra-estruturas e equipamentos diversos e que
opõem agricultura tradicional e agricultura moderna.
Geografia Agrária e Industrial 25

Sumário
A agricultura e uma das actividades económicas que mais evoluiu,
tendo a sua origem no neolítico, época do nomadismo e da
recolecção, passando pela domesticação e divulgação geográfica
das culturas, o “boom” agrícola causado pela revolução das
máquinas, ate a mecanização e automação do cultivo, bastante
influenciada pelo modo de produção capitalista.

Exercícios
1. Mencione as características elementares das principais fases
da evolução da agricultura.

2. Apresente a distribuição geográfica das principais espécies


cultivadas, com base no local de origem e na domesticação.

3. Demonstre o impacto do capitalismo sobre a actividade


agrícola ao longo dos tempos.

Entregue os exercícios 1 e 3
26 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade III
Factores condicionantes do
Espaço Agrário
Introdução
Esta unidade dedica-se aos factores que influenciam, positiva e
negativamente, o espaço agrário, sendo eles físico-naturais e
socioeconómicos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os factores naturais e socioeconómicos que


influenciam a organização do espaço rural;
Objectivos  Explicar a influência dos factores naturais na actividade
agrícola;

 Explicar a influência dos factores humanos na actividade


agrícola.

 Conhecer os procedimentos adoptados para combater os factores


naturais e socioeconómicos adversos à prática agrícola.

A influência dos factores físico-naturais no desenvolvimento


agrícola

O Clima

O Clima é considerado o factor mais importante na produção


agrícola porque condiciona a distribuição geográfica das espécies
vegetais e as variedades cultivadas. A temperatura, a humidade, a
luz solar e o vento intervêm nas funções vitais das plantas.
Geografia Agrária e Industrial 27

A influência climática é a mais importante, exercendo-se tanto em


consequência das variações da temperatura quanto da humidade.
Existem plantas tropicais, como a cana-de-açúcar, o cacau, o café,
que não podem ser cultivadas em outro clima, o mesmo ocorrendo
com plantas do clima temperado, como o trigo, a cevada etc., e
plantas do clima frio, como a aveia. Quando as plantas são de ciclo
vegetativo curto, isto é, levam menos de seis meses entre o plantio
e a colheita, podem adaptar-se a vários tipos de climas. Assim, o
fumo, planta típica do clima tropical, às vezes é cultivado em
regiões de clima temperado, desde que a semeadura se faça na
primavera e a colheita no verão, justamente no período em que as
regiões de climas temperados apresentam temperaturas elevadas. O
trigo, produto típico dos climas temperados, é cultivado em regiões
frias, quando a variedade cultivada é de ciclo vegetativo curto,
como ocorre nas planícies canadenses e russas.

A temperatura influencia a fotossíntese, a respiração e a


transpiração das plantas. Cada espécie agrícola tem um limite de
tolerância para lá do qual podem morrer. Exemplos: trigo - não
resiste a temperaturas inferiores a - 17° C; - A temperatura mínima
de floração é de 14°C; - A temperatura mínima de maturação é de
20° C. Nas regiões frias, ficando o solo coberto por uma camada de
gelo durante parte do ano, é natural que só poucas plantas que se
adaptam às baixas temperaturas e que tenham ciclo vegetativo
curto possam sobreviver.
28 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Temperaturas amenas Temperaturas severas (deserto)

A luz solar tem um papel importante na realização da fotossíntese.


Cada espécie vegetal tem exigências próprias no que respeita à
duração e intensidade da luz solar.

Exposição a luz solar (fotossíntese)

A humidade é o elemento fertilizador da terra e dissolve os sais


minerais do solo para que estes possam ser assimilados pelas
plantas. As exigências de água variam com as espécies agrícolas e
com as fases do seu ciclo evolutivo. Ainda depende da humidade
do ar a extensão das áreas cultivadas; nos desertos e nas regiões
semi-áridas, a agricultura só pode ser feita com irrigação e com
plantas que se adaptem bem aos climas secos – a tamareira, a
Geografia Agrária e Industrial 29

figueira – ou que, tendo um ciclo vegetativo muito curto – o sorgo,


sejam cultivadas na curta estação chuvosa. Daí serem ainda hoje
muito pequenas as áreas desérticas cultivadas, apesar dos trabalhos
de recuperação feito nas regiões secas.

Perca de Culturas pela carência em humidade Crescimento saudável pela abundância em humidade

O vento pode exercer dois tipos de acções: positiva,


desempenhando um papel fundamental na polinização; negativa,
podendo destruir as culturas e contribuir para a erosão do solo.

Oliveira resistindo ao vento Polinização pelo vento


30 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Procedimentos adoptados para combater os obstáculos colocados


pelo clima adverso: Para combater a secura e temperaturas
reduzidas e acelerar o desenvolvimento das plantas recorre-se à
irrigação artificial e às estufas. Para combater os solos húmidos
recorre-se à drenagem dos solos e para combater a violência dos
ventos recorre-se à construção de vedações em torno das culturas.

Recursos hídricos

A existência destes é fundamental para a agricultura, pois esta


torna-se mais fácil e abundante, nas áreas onde a precipitação é
mais regular. Em locais onde a precipitação é menor, é necessário
recorrer a sistemas de rega artificial

Fonte natural de rega Rega artificial

Solo

A fertilidade do solo (natural e criada pelo homem), influência


directamente a produção em quantidade e em qualidade. O tipo de
solos também influencia as produções agrícolas porque serve de
suporte para as plantas se fixarem, através das suas raízes.
Fornecem os nutrientes que as plantas necessitam para a sua
alimentação. Assim, os solos ricos em matéria orgânica e sais
minerais revelam uma maior aptidão para o uso agrícola. Os solos
Geografia Agrária e Industrial 31

mais férteis são os solos castanhos das regiões temperadas e os das


planícies aluviais. Os solos menos férteis são os solos salinos ou
argilosos porque são pobres em matéria orgânica e sais minerais.

Solo fértil Solo Infértil

Procedimentos adoptados para combater os obstáculos colocados


pelo solo: para aumentar a fertilidade deve-se corrigir os solos com
adubos correctivos e fertilizantes (naturais ou químicos). Para
facilitar a circulação da água/ ar/ nutrientes deve-se eliminar as
ervas daninhas, cavar, sachar e lavrar a terra. Para combater as
pragas e doenças deve-se colocar herbicidas, pesticidas ou recorrer
a insectos (ex: joaninha) ou utilizar plantas aromáticas que afastem
as pragas das culturas

Relevo

Quando plano, a fertilidade dos solos é geralmente maior, assim


como a possibilidade de modernização das explorações. Se este é
mais acidentado, a fertilidade dos solos torna-se mais fraca, e há
maior limitação no uso da tecnologia agrícola e no
aproveitamento/organização do espaço.

Em geral: As áreas planas de baixa e média altitude são mais


favoráveis à prática agrícola porque são espaços onde o solo é
geralmente mais fértil. A utilização de máquinas é mais fácil em
terrenos planos.
32 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Relevo plano (mecanização facilitada) Relevo acidentado (culturas em socalcos)

O trabalho do Homem torna-se mais difícil devido à dificuldade em


utilizar máquinas agrícolas em terrenos com declives acentuados.
Em geral: As áreas montanhosas de elevada altitude e declives
acentuados são pouco propícias à prática da agricultura porque: a
maior inclinação das vertentes reduz a fertilidade do solo, uma vez
que as águas das chuvas arrastam consigo os nutrientes minerais e
orgânicos empobrecendo-o. A temperatura diminui tornando os
solos gelados a partir de determinados limites de altitude.

Para combater os declives acentuados das vertentes recorre-se à


construção de Socalcos - patamares construídos nas vertentes das
elevações.

A influência dos factores socioeconómicos no desenvolvimento


agrícola

Passado histórico

É um dos factores que permite compreender a actual ocupação e


organização do solo. Aspectos como a maior ou menor densidade
populacional e acontecimentos ou processos históricos reflectem-
se, ainda hoje, nas estruturas fundiárias (dimensão e forma das
propriedades rurais).
Geografia Agrária e Industrial 33

Objectivo da produção

É outro factor que influencia a ocupação do solo. Quando a


produção se destina ao auto consumo, as explorações são
geralmente de menor dimensão e, muitas vezes, continuam a
utilizar técnicas artesanais. Se a produção se destina ao mercado, as
explorações tendem em ser maiores, utilizam tecnologia moderna
(máquinas, sistemas de rega, estufas) e são mais especializadas em
determinados produtos – o que contribui para uma maior
produtividade do trabalho.

Políticas agrícolas

Orientações e medidas legislativas – quer nacionais quer


comunitárias (U.E, SADC, CEDAO), são actualmente factores de
grande importância, uma vez que influenciam as opções dos
agricultores relativamente aos produtos cultivados, regulamentam
práticas, como a utilização de produtos químicos, incentivos
financeiros, apoiam a modernização das explorações, entre outras.

Desenvolvimento tecnológico

Os países mais desenvolvidos têm possibilidade de utilizar técnicas


mais avançadas na agricultura ultrapassando muitos dos problemas
causados por factores de ordem natural. Máquinas sofisticadas
aumentando a produtividade e produtos químicos para aumentar o
rendimento agrícola. Os países menos desenvolvidos não têm as
técnicas utilizadas pelos países desenvolvidos devido à falta de
meios económicos.

Vejamos:

Estufas - onde é possível controlar a temperatura e a humidade,


permite um desenvolvimento rápido das culturas agrícolas e a sua
protecção face a condições climáticas adversas.
34 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Estufa

A análise da composição química e física dos solos permite


seleccionar as culturas agrícolas que melhor se adaptam às
características do solo e permite determinar quais os adubos e
correctivos a aplicar para suprir as carências diagnosticadas.

Modernos processos de irrigação controlada (rega por aspersão,


por pivot, e gota-a-gota) permite um aproveitamento racional dos
recursos hídricos disponíveis.

Irrigação artificial

Mecanização - a utilização de diversos tipos de máquinas agrícolas


(tractores, ceifeiras-debulhadoras, semeadores, máquinas de colher
frutos e legumes, aviões-pulverizadores, atomizadores,) permitem o
aumento da produtividade agrícola.
Geografia Agrária e Industrial 35

Mecanização da agricultura

Modificação genética, por ex: o peixe oriundo de águas frias,


geneticamente preparado para o efeito, cede os seus genes ao
tomate, que passa a ser resistente à geada e, mesmo, a temperaturas
até -4 ºc. Esta modificação genética permite a plantação do tomate
mais cedo e em climas mais rigorosos. Depois da apanha, o tomate
conserva-se rijo e viçoso durante mais tempo. Hidroponia, algumas
culturas agrícolas, sobretudo as herbáceas, podem ser feitas em
soluções aquosas que fornecem às plantas todos os nutrientes de
que necessitam (culturas hidropónicas). Estas culturas têm-se
expandido, principalmente, nas regiões onde o solo arável é escasso
ou considerado impróprio para a agricultura.

Modificação genética

A utilização de adubos e correctivos permite aumentar a fertilidade


dos solos e, consequentemente, um acréscimo da produção
agrícola. As acaricidas, fungicidas, insecticidas e herbicidas
36 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

permitem combater as doenças, pragas e infestantes que afectam as


culturas agrícolas.

Uso de produtos químicos

Solarização - técnica que consiste na cobertura do solo com


plástico previamente humedecido e que, por intermédio da energia
solar, combate os patogénicos do solo e as infestantes das culturas.

Solarização
Geografia Agrária e Industrial 37

Desenvolvimento económico

Nos países desenvolvidos o desenvolvimento económico e social é


elevado, a população agrícola é, normalmente, bem informada e
com boa formação científica e técnica, fazendo a escolha adequada
dos adubos e sementes em função da natureza dos solos e do clima.
Nos países em desenvolvimento o desenvolvimento económico e
social é baixo, o agricultor tem, normalmente, uma formação
utilizando técnicas e tecnologias pouco apropriadas, pelo que
dificilmente consegue ultrapassar os problemas causados pelos
factores de ordem natural na prática da agricultura.

Instabilidade política e social na prática agrícola

Nas regiões onde ocorrem conflitos violentos, a população é,


muitas vezes, compelida a refugiar-se noutras regiões,
abandonando as áreas rurais. Este abandono traduz-se numa
diminuição drástica da produção agrícola e conduz à erosão dos
solos abandonados e desprotegidos.

A diminuição da população activa na agricultura, deve-se a:

 Progressos tecnológicos, sobretudo ao nível da mecanização


dos campos;
 Ao êxodo rural, motivado pela procura de trabalho noutros
sectores de actividade (primeiro a industria e depois nos
serviços e comercio);
 Ao envelhecimento da população agrícola;
 Á fraca capacidade atractiva deste sector sobretudo da
população jovem;
 Á redução do nº de explorações
38 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
Factores condicionantes do espaço agrário são todos
fenómenos/processos/barreiras e incentivos que a natureza ou a
acção humana infringem ao desenvolvimento das culturas.

Factores naturais são os condicionantes que a natureza coloca a


actividade agraria, entre eles destacam-se: o Clima (temperatura,
luz solar, humidade e vento), Recursos hídricos, Solo e Relevo.

Factores socioeconomicos são os condicionantes que a acção


antropica coloca a actividade agraria, entre eles destacam-se:
passado histórico, objectivo da produção, políticas agrícolas,
desenvolvimento tecnológico (estufas, análise da composição
química e física dos solos, modernos processos de irrigação
controlada, mecanização, modificação genética, adubos e
correctivos e solarização), desenvolvimento económico e
instabilidade política e social.

Exercícios
1. Mencione os principais factores que condicionam a prática
da agricultura.
2. Explica de que modo o relevo pode influenciar a prática e o
desenvolvimento da agricultura e indica os procedimentos
adoptados para combater os declives acentuados e favorecer
a formação de solo arável.
3. Explica de que modo o clima influencia a prática agrícola e
indica os procedimentos adoptados para combater os
obstáculos colocados pelo clima adverso.
4. Explica a importância que os solos têm na prática agrícola e
indica os procedimentos adoptados para torná-los mais
produtivos.
Geografia Agrária e Industrial 39

5. Quanto ao desenvolvimento tecnológico fale, em breves


palavras, das estufas e do uso dos adubos e correctivos na
agricultura.
6. Demonstre a influência das políticas agrícolas no
desenvolvimento da agricultura.

Entregue os exercícios 3, 4 e 6

.
40 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade IV
Paisagens Agrárias no Mundo
Introdução
Nesta unidade falaremos sobre as diferentes paisagens agrárias no
mundo, tendo em conta a morfologia, o povoamento, o sistema de
cultura, entre outros aspectos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar a morfologia agrária;

 Relacionar o tipo de povoamento e a forma de organização e


Objectivos exploração do espaço para fins agrícolas;

 Estabelecer a relação entre os sistemas de cultura e a paisagem


agrária;

 Diferenciar as paisagens agrárias nos diferentes continentes.

Paisagens agrárias no mundo

As paisagens agrárias são uma construção ecológica mas também


histórica e cultural, uma herança do passado e o produto de novas
dinâmicas. Apresentam uma grande diversidade, traduzida todavia
em grandes tipos a escala mundial. Nessa diversidade jogam os
objectivos de produção, regimes de propriedade da terra, sistemas
sucessórios, estruturas produtivas, lógicas e estratégias de
produção, graus e condições de inserção no mercado.

Numa escala mais global, são de considerar muitos outros tipos de


paisagens, como os campos cerealíferos do Novo Mundo, de largos
horizontes e acentuada monotonia, as paisagens das regiões
tropicais, marcadas pela monocultura intensiva de espécies
Geografia Agrária e Industrial 41

orientadas para a exportação distante, embora com estruturas


variadas, em relação com a dimensão das explorações, e num outro
extremo, as paisagens das policulturas tradicionais de autoconsumo
familiar nas regiões marginais e de montanha do mundo
desenvolvido e sobretudo em África, Ásia e América Latina. Em
todas estas paisagens a agricultura domina. Segundo Cavaco in
Finisterra, XL, 79 (2005:76)

A agricultura tem pois, um papel fundamental na génese de muitas


paisagens rurais. Nos elementos destas paisagens releva-se a
morfologia, que se refere a dimensão das explorações e à dimensão,
forma e organização das parcelas de cultivo, que podem ser abertas
ou fechadas de diversos modos, sempre em relação com o meio
biofísico, as condições fundiárias e sociais, as culturas e as
técnicas, ou seja, a estrutura agrária, respeitante as condições
fundiárias, e a estrutura agrícola, respeitante a organização espacial
das culturas e das pecuárias, intensivas e/ou extensivas.

A morfologia agrária é o aspecto apresentado pelos campos


atendendo à forma e à dimensão das propriedades, disposição das
parcelas, redes de caminhos, bosques e pastagens; quanto à
dimensão distinguem-se:

 Minifúndios - explorações de pequena dimensão


constituídas por varias parcelas de forma irregular e quase
sempre vedadas, com muros, arvores/arbustos, que
delimitam a propriedade e protegem as culturas do vento e
da invasão do.
42 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Minifúndio

 Latifúndios - explorações de média e grande dimensão e


vastas parcelas de forma regular, sem qualquer vedação.

Latiifúndio

Quanto à vedação podemos encontrar campos abertos (openfield) e


campos fechados (bocage).
Geografia Agrária e Industrial 43

Openfield Bocaje

A terra, o capital imobiliário, é alias pouco móvel, as ofertas


fundiárias são tradicionalmente limitadas e as estruturas agrárias
relativamente estáveis a curto e médio prazo: património familiar a
conservar, como segurança de recursos de sobrevivência ou em
termos de prestígio; investimento das burguesias urbanas contra a
erosão e especulação financeira ou mesmo com pretensões
nobiliárquicas. idem (2005:77)

Nos elementos da paisagem releva-se de igual modo o


povoamento: dos assentos de lavoura isolado aos sítios; das
localizações, dimensões e formas das aldeias aos materiais de
construção das casas de habitação e dos anexos das lavouras, às
redes de caminhos de serventia dos campos, matos e baldios e de
estradas assegurando acessibilidades externas.

Para Barros (1982) as densidades humanas podem ser muito


elevadas, como na Holanda, onde a terra é um bem escasso mas
onde o povoamento rural não é necessariamente agrícola, e
sobretudo no Japão, e mais ainda nos países menos desenvolvidos
do sudeste da Ásia, onde o pequeno campesinato permanece
largamente associado aos cultivos e deles dependendo para a sua
sobrevivência, mesmo sem posse plena da terra. Mas também
44 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

podem ser rarefeitas, como em África e na América Latina, onde as


formas de distribuição e posse da terra agrícola ou de direitos de
uso são bastante desiguais e sobrevivem sistemas de organização
da economia agrícola de dependência fundiária.

Associadas às estruturas agrárias diferenciadas encontramos assim


densidades agrícolas e rurais também contrastantes. As mesmas
densidades traduzem-se e dificuldades diferentes, nas sociedades
tradicionais ou nas modernas: por um lado, fortes densidades rurais
associando problemas da fragmentação sempre crescente das
explorações agrícolas, como no delta do Ganges, claramente
insuficientes para assegurar a vida de uma família e possibilitar o
uso adequado de formas de trabalho mecânico, apesar da
disponibilidade pela industria de instrumentos adaptados as
pequenas dimensões fundiárias e empresariais e do possível uso em
comum dos mesmos, por via associativa e mesmo cooperativa
(CUMA, cooperativas de utilização de material agrícola); situação
oposta nas áreas das estepes exploradas pelo nomadismo pastoril,
de grande pobreza de recursos naturais e de população escassa;
densidades também muito baixas no mundo rural desenvolvido
onde predomina a grande exploração moderna, altamente
mecanizada e pouco intensiva no uso do solo, como no interior da
Austrália ou na Nova Zelândia, onde entre os problemas mais
sentidos pelos agricultores figuram o isolamento, o acesso e o custo
dos serviços privados.
Geografia Agrária e Industrial 45

Vejamos agora o quadro resumo das paisagens agrárias.

Paisagens agrárias

A estrutura fundiária pode ser um obstáculo ao desenvolvimento


agrícola e as parcelas, além de fragmentadas são muitas vezes
distantes umas das outras o que dificulta a deslocação do agricultor
e máquinas, elevando os custos de produção.

Para minimizar este problema, para aumentar a produtividade e o


rendimento, aumentar a mecanização e diminuir os custos de
produção, é necessário criar explorações adequadamente
dimensionadas – emparcelamento.

O emparcelamento simples passa pelo agrupamento de pequenas


explorações, mas no sentido do ordenamento do território, o
emparcelamento é mais complexo, promovendo o melhoramento
dos caminhos agrícolas e dos sistemas de drenagem, reconversão
de culturas, desenvolvimento do turismo rural e protecção do
ambiente.
46 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sistemas de culturas

É o modo de produção das plantas numa parcela agrícola,


nomeadamente tipo de técnicas utilizadas no seu cultivo e forma
como se associam na exploração. São caracterizados em função da:

 Variedade de culturas: monocultura ou policultura;

Monocultura do trigo Policultura

 Em função da necessidade de água: regadio e sequeiro;

Batata de sequeiro Sistema de regadio


Geografia Agrária e Industrial 47

 E em função do aproveitamento do solo: intensivo ou


extensivo.

O sistema intensivo tem normalmente elevados rendimentos e


produtividades, pois o solo é continuamente ocupado; é comum em
solos férteis e onde a água é abundante. Pelo facto do solo ser
submetido continuamente a grande pressão de cultivo, ele pode
acabar por esgotar-se se não for compensado com a utilização de
fertilizantes orgânicos.

O sistema extensivo caracteriza-se pela rotação de culturas e


utilização de pousio; domina nas regiões de solos pobres e com
poucos recursos hídricos, onde a excessiva exploração do solo
poderia reduzir a sua aptidão agrícola.
48 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Vejamos agora um exemplo de paisagens agrárias em Portugal

Extraído de:
http://www.japassei.pt/subcanais_n1.asp?id_subcanal_n1=415&id_canal=10
9
Geografia Agrária e Industrial 49

Principais Paisagens Agrícolas Europeias

Campos Abertos (Openfield)

 Paisagem do leste da Europa


 Latifúndios (grandes espaços)
 Não vedados
 Campos grandes
 Agricultura extensiva ou intensiva com solos mais férteis
 Culturas temporárias
 Povoamento concentrado

Campos Fechados (Bocage)

 Paisagem ocidental da Europa


 Minifúndios
 Paisagem clima marítimo, com chuvas intensas
 Policultura com espécies diversificadas
 Campos de pasto

As paisagens agrícolas e rurais são construídas com destruição dos


ecossistemas naturais e com construção de uma maneira
domesticada, humanizada: desarborização, arroteias e queimadas
com vista a cultivos e pastos, erosão dos solos, desaparecimento de
espécies vegetais e animais, avanço dos processos de
desertificação, como na África das estepes e savanas,
nomeadamente sob crescentes pressões demográficas, ate pelo
quase inevitável aumento dos consumos de material combustível
para preparação dos alimentos, e cargas pecuárias excessivas.

Sumário
As paisagens agrárias resultam do encontro entre o meio natural, a
densidade agrícola, o tipo de sociedade, o povoamento, a
50 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

morfologia agrária, o sistema de cultura e de criação de gado e as


técnicas de cultivo. São paisagens sempre muito variadas, pela
diversidade da agricultura, regional e no quadro das próprias
explorações, mas também em relação com a diversidade de
actividades, de populações e de funções do espaço e suas
dinâmicas.

Exercícios
1. Forme o conceito de paisagem agrária.

2. Mencione e caracterize os principais elementos da paisagem


agrária.

3. Quanto a morfologia agrária diferencie Minifúndios de


Latifúndios

4. Quanto à vedação diferencie campos abertos (openfield) de


campos fechados (bocage).

5. Quanto ao sistema de cultura diferencie monocultura de


policultura.

6. Quanto ao aproveitamento do solo diferencie sistema


intensivo do extensivo.

Entregue os exercícios 2, 4 e 6
Geografia Agrária e Industrial 51

Unidade V
Localização do Espaço Agrícola
Introdução
Cabe a presente unidade analisar as teorias que norteiam a
localização de espaços, com o menor custo possível e maiores
rendimentos, para o desenvolvimento da actividade agrícola, com
enfoque para a abordagem de alemão Von Thunen.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar os fundamentos da teoria da localização agrícola de


Von Thunen
Objectivos  Descrever a actuação dos diferentes elementos (naturais e
humanos) que condicionam a localização agrícola;

 Conceptualizar a renda económica.

Os fundamentos da Teoria da Localização Agrícola: VON


THÜNEN
Foi necessário esperar três quartos de século para que um autor
alemão colocasse em primeiro plano os problemas de ocupação do
espaço e as implicações económicas. Foi em 1826 que apareceu,
em Hamburgo, a primeira parte da obra de Von Thünen, intitulada
“Der isolierte staat in Beziehung auf Landwitschaft und
Nationalokonomie” (O Estado Isolado), que representa um grande
esforço de abstracção para, a partir de um exemplo concreto,
definir princípios gerais explicativos da localização de culturas e da
delimitação de áreas de mercado. É necessário relembrar que a
análise feita é anterior ao aparecimento do caminho-de-ferro e
portanto existiam custos elevados e grandes demoras nos
52 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

transportes, o que condicionava a localização das diferentes


produções agrícolas face ao seu escoamento. No entanto, mesmo
com a introdução de novos meios de transporte, o rigor e a
qualidade do raciocínio desenvolvido mantêm-se válidos num
processo analítico que vai levar à teoria, agora clássica, dos
círculos concêntricos.
No seu modelo, os produtores agrícolas entram apenas em
concorrência na localização óptima das suas culturas, e as
necessidades do sistema produtivo (trabalho e matérias primas) são
consideradas disponíveis em qualquer ponto
(Derycke, 1995, p. 3).

o esquema teórico dos círculos concêntricos


Partindo da hipótese de um espaço agrícola perfeitamente
homogéneo, plano, contínuo e isolado do resto do mundo por um
deserto, igualmente fértil em toda a sua extensão, com facilidades
de comunicações equivalentes em todas as direcções e no centro do
qual se encontra uma cidade que desempenha o papel de mercado,
pretende-se definir como se localizarão aqui as culturas.
O elemento determinante da localização será a maximização da
renda fundiária, que neste caso depende da distância dos diversos
locais de produção ao mercado. Para cada categoria de produtos, as
culturas vão-se localizar de forma a reduzir os custos devidos ao
transporte que são função da distância a percorrer e do peso a
transportar. Sendo este custo, por hipótese, constante em todas as
direcções, as zonas de culturas são definidas por círculos
concêntricos, em torno da cidade. RAMOS & MENDES (2001:4)

De acordo com os seus estudos, Von Thünen definiu o seguinte


esquema:
 A primeira zona, correspondente à periferia da cidade, é
destinada às culturas leguminosas e à produção de leite,
produtos de transporte delicado e caro;
Geografia Agrária e Industrial 53

 A segunda zona é destinada à silvicultura, então muito


rentável devido à grande necessidade de madeira, e uma vez
que o seu transporte era difícil e também dispendioso;
 Os três círculos seguintes são destinados à produção de
cereais; em função do tipo de exploração, os preços são
estabelecidos de modo a cobrirem os custos mais elevados
de exploração e transporte, das quantidades necessárias à
satisfação de toda a procura;
 O último círculo é destinado à pastorícia.

Fonte:
http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/TratInfEspacial_MatosGM_1.pdf

1º Anel - horticultura e criação de gado leiteiro;


2º Anel - silvicultura, com produção de madeiras;
3º Anel - rotação de culturas;
4º Anel - rotação de culturas com pastagens e pousios curtos;
5º Anel - sistema de afolhamento com pastagens e pousios
dominantes;
54 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

6º Anel - criação extensiva de gado, com outras produções para


auto-consumo.

Distorção do espaço real


Em seguida, o autor reintroduz os elementos que inicialmente tinha
retirado, com o fim de simplificação, mas que provocam distorções
não desprezáveis. A presença de uma via fluvial navegável, que
permite transportes menos dispendiosos, tem como resultado o
alongamento das áreas concêntricas acompanhando a direcção do
rio; a existência de diversas povoações em vez de uma única,
estabelecem diversos centros de círculos que se entrecruzam.
Outros elementos, diversos valores de taxas e fertilidade dos
terrenos não homogénea, traduzem-se em deformações do modelo
primitivo.
Os resultados apresentados só podem ser válidos nas condições
históricas que presidiram à definição das bases do estudo. Mas o
raciocínio efectuado e os princípios básicos considerados podem-se
considerar de certo modo generalistas.
No entanto, foi necessário aguardar o fim do século para fazer a sua
aplicação às novas condições de uma economia alterada pela
segunda revolução industrial.

Renda económica
Para RAMOS & MENDES (2001:55) citando Wrigth (1982) e
outros autores conceituados na matéria, von Thünen não aceitava a
ideia de Malthus e Ricardo de que um aumento nos salários dos
trabalhadores causaria um aumento populacional forçando uma
redução nos salários ao nível inicial de subsistência.
Thünen desenvolveu a teoria de rendas económicas e a teoria
marginalista dos retornos do capital e do trabalho, utilizando o
cálculo diferencial para determinar o salário que maximiza os
retornos para os trabalhadores e para os capitalistas (“Salário
Natural”), que foi citado anteriormente.
Geografia Agrária e Industrial 55

Segundo Clark (1992), von Thünen desenvolveu suas próprias


teorias de custos de transporte, renda económica e uso da terra,
discordando de Malthus e Ricardo em alguns pontos importantes. O
ponto principal da divergência entre as teorias de renda
desenvolvida por Ricardo e von Thünen é que Ricardo não fazia
distinção entre os produtos agrícolas, ele utilizava apenas um tipo
de produto com a fertilidade variável. Já Thünen apontava o custo
de transporte como a causa, e a renda como consequência, de
importantes diferenciações dos produtos agrícolas (lacticínios,
grãos, hortaliças) de acordo com a distância do mercado. Através
do modelo de localização agrícola proposto por Von Thünen seria
possível aumentar a produtividade agrícola e maximizar os lucros,
gerando uma solução para os problemas discutidos por Malthus e
Ricardo.
Assim como Ricardo, Von Thünen faz uma diferenciação entre o
conceito de “renda da terra” e o lucro do capital investido em uma
actividade agrícola. O conceito de renda da teoria de Ricardo se
baseia na Lei dos Rendimentos Decrescentes, cujas idéias
precursoras são atribuídas a sir Eduard West e ao pastor Thomas
Robert Malthus. De acordo com a teoria ricardiana, a “renda
económica” é considerada como todo excedente que é adicionado a
um factor de produção, além do que é necessário exclusivamente
para mantê-lo em sua ocupação (FERREIRA, 1975).
Von Thünen afirmava que a renda da terra deve ser diferenciada
dos rendimentos de uma propriedade, pois a renda da terra é a parte
da receita da propriedade que é derivada apenas da terra. Já que
uma propriedade pode estar aparelhada com construções, cercas,
árvores e outros equipamentos, é necessário separar o valor da
receita relativo à terra do valor da receita relativo ao capital
representado por estes objectos de valor.
De acordo com Ferreira (1975, p.115), “toda teoria da renda
contém o gérmen de uma teoria da localização. Mas, é a Teoria da
‘Renda de Localização’ ou ‘Renda de Situação’ de Von Thünen
56 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

(baseada na hipótese de fertilidade uniforme para toda a terra


disponível e que enfatiza o excedente apropriado pelo dono da terra
em razão de uma localização privilegiada, em relação a outros
locais) que ressalta especificamente tanto a formação desse tipo
particular de remuneração de factores de oferta limitada, quanto o
papel da renda no processo de distribuição das actividades
económicas sobre o espaço geográfico.”

Sumário
O modelo de Von Thünen é baseado em uma situação hipotética na
qual deve-se distribuir a produção de produtos agrícolas em uma
planície isotrópica, isolada do mundo exterior, com custos
constantes de produção e transporte e que possui um único mercado
consumidor localizado ao centro, de forma que se obtenha uma
maximização dos lucros da produção agrícola.
A distância do centro urbano é, de facto, um factor importante a ser
considerado já que o produto deve ser transportado para ser
consumido no mercado. Assim, quanto maior for a distância entre o
local de produção e o mercado consumidor, maior será o custo para
se fazer este transporte.
O preço que se paga para ocupar terras mais próximas do centro
urbano assume o conceito de “renda económica” ou “renda da
terra”, ou ainda, “renda de localização”.
Geografia Agrária e Industrial 57

Exercícios
1. Apresente os pilares da teoria de localização de Von
Thünen.

2. Fale sobre o esquema teórico dos círculos concêntricos,


particularmente sobre os anéis.

3. Em que consiste a renda económica.

4. No seu entender, quais são os critérios básicos a serem


seguidos para a localização agrícola?

Entregue os exercícios 1 e 4
58 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade VI
Os Sistemas Agrários
Introdução
Nesta unidade, sobre os sistemas agrários daremos enfoque a
Agricultura Tradicional e as suas formas. Quanto a Agricultura
Moderna será debatida na unidade VIII.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar a agricultura tradicional;

 Descrever a Agricultura Itinerante sobre Queimada;


Objectivos
 Descrever a Agricultura Sedentária de Sequeiro;

 Descrever a Agricultura do tipo Oásis ou Irrigada.

Agricultura Tradicional

Em muitas regiões da terra existem práticas da agricultura


assentes nas técnicas ancestrais completamente dependentes das
condições naturais, é chamada por isso de agricultura de
subsistência cujas características são:

 Elevada percentagem de população agrícola. Os activos


destes países menos desenvolvidos ultrapassam os 70%;
 O facto das tarefas agrícolas serem exclusivamente
manuais ou através de animais, vê-se pela ausência de
maquinação;
 A produção para a auto-suficiência, pois estes não
exportam as suas plantações para os mercados ou se por
vezes exportarem, é em quantidades reduzidas;
Geografia Agrária e Industrial 59

 Organizações de tipo familiar ou tribal das explorações,


com as tarefas sendo feitas pelos vários elementos desta;
 Policultura, para possibilitarem a produção de vários e
diversos tipos de produtos anuais e assim respondendo às
necessidades da família ou do grupo;
 Agricultura extensiva, ou seja, o elevado número de terras
incultas, já que a ocupação do espaço é apenas a
necessária para a auto-suficiência do grupo;
 A falta de conhecimento dos agricultores que utilizam
técnicas agrícolas primitivas e recorrem quer a
instrumentos, quer a técnicas arcaicas e isto provoca baixa
produtividade.

Distribuição geográfica da Agricultura Tradicional. Fonte: http://www.slideshare.net/susybarreiros/agricultura3

Algumas formas de Agricultura Tradicional


60 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Agricultura Itinerante sobre Queimada


 Agricultura Sedentária de Sequeiro
 Agricultura do tipo Oásis ou Irrigada

 Rizicultura da Ásia das Monções: esta forma será discutida na


unidade VII

Agricultura Itinerante sobre Queimada

É a forma de agricultura mais primitiva, pratica-se nos países em


vias de desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, nas
áreas de floresta e savana. Existe nomeadamente nas áreas de fraca
densidade populacional. Este processo de cultivo consiste na
queimada da floresta para o arroteamento de terás e aproveitamento
de cinzas. A organização das terras é comunitária, as técnicas e os
instrumentos são arcaicos e em relação ao número de culturas é
policultura.

No sistema de agricultura itinerante, as queimadas destroem


imensas áreas de floresta e de savana, e os solos, depois de
esgotados, são simplesmente abandonados. Desprotegidos, ficam
então expostos à forte insolação que destrói os microrganismos que
transformam a matéria vegetal em húmus e este em elementos
minerais nutritivos absorvíveis pelas plantas. Nestas condições, os
solos tornam-se estéreis e as águas de escorrência acabam por
destruí-los por erosão.
Geografia Agrária e Industrial 61

Técnica de queimadas para abertura de campos Instrumentos rudimentares

Resumindo:
 Zona Quente – Florestas Equatorial e Tropical; Savana
 Sistema de cultura extensivo – porque há um abandono dos
campos ao fim de 2-3 anos de cultivo
 Esgotamento do solo
 Não recorrem a fertilizantes
 Ignoram a criação de gado
 Deslocação de aldeia
 Fraca produtividade agrícola
 Fraco rendimento agrícola
 Policultura
 Destino da produção: autoconsumo
 Mão-de-obra: familiar/comunitária
 Agricultura muito primitiva

 África Central, América do Sul, Indonésia

Agricultura Sedentária de Sequeiro

Desenvolve-se nas regiões de maior densidade populacional, no


continente africano. A fertilização dos solos é feita com o recurso
a criação de gado, aproveitando adubo natural (estrume) destes.
62 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Agricultura Sedentária de Sequeiro

 Zona Quente – Floresta Tropical e Savana;


 Predomina o sistema de cultura intensivo: ocupação
permanente dos campos;
 Utilização de fertilizantes – criação de gado;
 Não há rotação da aldeia mas há rotação de culturas;
 Não existe recurso a qualquer tipo de rega (sequeiro);
 Fraco rendimento agrícola;
 Fraca produtividade agrícola;
 Policultura;
 Destino da produção: autoconsumo

 África Central (Ruanda, Burundi, Quénia)


Geografia Agrária e Industrial 63

Agricultura do tipo Oásis ou irrigada


Verifica-se no norte de África, nas regiões de oásis, caracteriza-se
pela intensidade de ocupação do solo, no sistema Policultura e na
extrema divisão da propriedade.

Agricultura dos Oásis

 Zona Quente;
 Existência de lençóis freáticos
 Sistema de cultura intensivo – ocupação permanente dos
campos;
 Pequenas parcelas;
 Protecção contra tempestades de areia: sombra das árvores e
muros;
 Fraco rendimento agrícola;
 Fraca produtividade agrícola;
 Policultura;
 Destino da produção: autoconsumo
 Rega por canais – irrigada
64 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
A Agricultura Tradicional apresenta técnicas rudimentares, ou
então pouco desenvolvidas, e depende maioritariamente das
condições naturais para o desenvolvimento das culturas, sendo
basicamente de subsistência ou para alimentar o mercado
doméstico. Ela tem como principais formas Agricultura Itinerante
sobre Queimada, Agricultura Sedentária de Sequeiro, Agricultura
do tipo Oásis ou Irrigada e Rizicultura da Ásia das Monções, sendo
bastante difundida nos países em vias de desenvolvimento, em que
a falta de capital dificulta a mecanização.

Exercícios
1. Caracterize a Agricultura Tradicional, não se esquecendo de
apresentar a sua distribuição geográfica.

2. Quais são as técnicas usadas na Agricultura Itinerante sobre


Queimada?

3. Quais são as culturas e os instrumentos predominantes na


Agricultura Sedentária de Sequeiro?

4. Diferencie Agricultura do tipo Oásis ou Irrigada da


Rizicultura da Ásia das Monções.
Geografia Agrária e Industrial 65

Unidade VII
A Agricultura da Ásia das
Monções
Introdução
A unidade aborda o tipo de agricultura praticada na região da Ásia
das monções, particularmente a rizicultura.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Relacionar o fenómeno das monções ao cultivo do arroz na


Ásia;
Objectivos  Caracterizar a agricultura da Ásia das monções;

 Explicar as técnicas usadas na agricultura praticada da Ásia das


monções;

 Mencionar as fases do cultivo do arroz.

A agricultura da Ásia das monções

No sul e sudeste da Ásia, nas vastas planícies e vales fluviais de


clima tropical, o arroz é o principal alimento há milénios. O ciclo
produtivo da rizicultura acompanha o fenómeno das monções.

Monções são ventos que sopram, durante o verão, do Índico para a


Ásia Meridional e, durante o inverno, da Ásia Meridional para o
oceano Índico.
66 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Comportamento das monções no inverno e verão na Ásia

A importância das Monções está directamente relacionada à


sobrevivência do povo asiático ligado à cultura do arroz
(rizicultura)

As massas de ar se deslocam dos centros de alta pressão para os de


baixa pressão. O aquecimento diferencial da Terra durante as
diferentes estações do ano provoca o deslocamento desses centros.

No inverno do hemisfério norte, os centros de alta pressão geram


massas polares no continente asiático. Essas massas de ar secas
(porque foram formadas sobre o continente) se deslocam para o
sul, em direcção aos centros de baixa pressão provocando
estiagens ou secas prolongada. São as monções de inverno também
conhecidas como Continentais.

No verão forma-se um centro de baixa pressão sobre o continente.


As massas equatoriais e tropicais se deslocam para o norte, em
direcção a esse centro. Nesse deslocamento, passam pelo Oceano
Índico e ganham humidade. Por isso, provocam chuvas de verão
torrenciais no sul e sudeste do continente causando enchentes e
inundações. São as monções de verão também conhecidas como
Marítimas.
Geografia Agrária e Industrial 67

O arroz é semeado durante a estação de chuvas (Junho a Outubro),


pois as variedades de arroz comuns na Ásia meridional requerem
água em abundância. A maior parte da produção origina-se de
pequenos lotes de terras, nos quais se utiliza intensivamente a mão-
de-obra.

A agricultura da Ásia das monções

Etapas da cultura do arroz

1º. As sementes são semeadas num viveiro;

2º. Enquanto as sementes germinam o arrozal é trabalhado;

3º. Depois de inundados os arrozais, os “pés” de arroz são


transplantados segundo a técnica de recipagem;

4º. Enquanto o arroz se desenvolve o campo é sachado;

5º. Depois é ceifado;

6º. O arroz é agora tratado e colocado em molhos a secar,


entretanto este ciclo recomeça novamente.

Resumindo:

 Zona Quente;
68 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Requer elevadas TºC, elevada humidade e solo húmido


(argiloso);
 Ásia das Monções: Japão, China, Índia, Indochina,
Indonésia;
 Áreas densamente povoadas;
 Sistema de cultura intensivo;
 Cultura de planície ou fundo de vale/ vertentes – socalcos
inundados – diques;
 Fertilizantes naturais: estrume e excrementos humanos;
 2 a 3 colheitas anuais;
 Fraca produtividade agrícola;
 Elevado rendimento agrícola;

Sumário
A agricultura da Ásia, das monções ou rizicultura é a forma de
agricultura mais comum na Ásia, directamente relacionada as
monções. Aqui pratica-se o cultivo do arroz, este é produzido
em sistemas de monocultura através de técnicas simples e a
necessidade de obter várias culturas por ano, leva a que o arroz
seja semeado em viveiros e depois transplantado para os
arrozais, o que faz com que hajam grandes produções por ano.

Exercícios
1. Explique o papel das monções na agricultura da Ásia das
monções.

2. Apresente as principais características associadas a


agricultura da Ásia das monções.

3. Mencione as fases do cultivo do arroz.


Geografia Agrária e Industrial 69

Unidade VIII
A Agricultura Moderna
Introdução
Após falarmos da Agricultura Tradicional é chegada a vez de
abordarmos a Agricultura Moderna, suas características, formas e
distribuição geográfica.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Analisar a Agricultura Moderna

 Caracterizar a agricultura na Europa;


Objectivos
 Caracterizar a agricultura norte americana;

 Explicar a manifestação da agricultura moderna na África e Ásia

Agricultura Moderna

A agricultura moderna apoiou-se na Revolução Industrial e tem


como principal objectivo o maior número de produção possível
abastecendo os vários circuitos comerciais, para isso houve uma
enorme evolução e modernização desta, começando pelos
fertilizantes, maquinações e até mesmo o modo de trabalho mais
moderno. Recai principalmente nos países industrializados da
Europa como: América do Norte, Japão, Austrália e Nova
Zelândia, recaindo também na Argentina e África do Sul.
70 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Distribuição geográfica da Agricultura Tradicional. Fonte: http://www.slideshare.net/susybarreiros/agricultura3

A agricultura moderna apresenta as seguintes características:

Agricultura científica: recorre à investigação científica.

Utiliza técnicas extremamente sofisticadas como uso de


fertilizantes, sistemas de irrigação adequados às culturas,
correcção dos solos, atribuindo-lhes produtos químicos para
corrigir as suas características, uso de estufas e
selecção/manipulação de sementes.

Agricultura de mercado

É principalmente nos agricultores bem informados que saibam


qual é o modo de cultivo mais adequado de maneira a obter o
maior lucro possível. Actualmente os agricultores são
Geografia Agrária e Industrial 71

empresários e frequentam cursos de formação. Apresenta um


elevado rendimento e produtividade agrícola.

Agricultura mecanizada

É onde todo o processo de produção é feito mecanicamente, com


reduzida mão-de-obra.

Agricultura especializada

Existente nas regiões de exploração agrícola com produções


adaptadas ao clima, relevo e solo com o objectivo de produzir o
máximo com menor custo, havendo uma elevada produtividade,
predomina o latifúndio, sistema de cultura intensivo, os
agricultores são empresários com formação agrária, fortes
investimentos – necessidade de recorrer ao crédito bancário e a
seguros (salvaguardar o negócio).

Agricultura multisectorial
 Sector primário
 Sector secundário - fornecimento de tecnologia agrícola
indústria alimentar
 Sector terciário - redes de distribuição comercial

Agricultura ligada à indústria

Fornece a esta actividade matérias-primas, ou seja, são indústrias


relacionadas com a actividade agrícola, uma vez que,
transformam produtos agrícolas ou garantem a conservação
destes.

Em resultado da extensa aplicação de um modelo de


desenvolvimento agrário baseado no consumo massivo de inputs
químicos e na utilização de técnicas intensivas que romperam a
harmonia entre o agricultor e o seu entorno natural (E. Moyano,
72 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

95: 342), e fizeram com que os camponeses deixassem de ser,


como sempre haviam sido, parte integrante dos agro ecossistemas,
para se transformarem em meros produtores de mercadorias.

Regida por uma lógica produtivista e mercantil, a modernização


traduziu-se basicamente na adopção crescente de modos industriais
de produzir e transformar os produtos agrários, com o que se
lograram benefícios sociais de um alcance e uma dimensão sem
qualquer paralelo histórico.

Agricultura na Europa

É uma agricultura praticada em terras de pequena e média


dimensão, é bastante mecanizada e recorre muito a fertilizantes
químicos. A agricultura europeia tem tido inúmeras transformações
e com progressos para uma especialização cada vez mais
acentuada, tendo em mente corrigir o excesso de produção em
determinados aspectos. Esta tendência acentuou-se com a criação
da PAC (política agrícola comum) que através de subsídios tentou
diminuir as produções excedentárias e fundar outras actividades
complementares como por exemplo o artesanato, a caça, a pesca.

Mecanização da agricultura fertilizantes químicos


Geografia Agrária e Industrial 73

O aumento espectacular das produtividades e das produções


agrárias, do rendimento dos agricultores, e por via deles, a
incontestável redução, nalguns casos mesmo erradicação, da
desesperante pobreza rural que às portas da década de 50 deste
século ainda afectava muitas áreas da Europa Ocidental (A. J.
Fielding, 94: 296), contam-se entre os mais convincentes
argumentos da história do enorme sucesso da agricultura moderna.
Manuela Ribeiro (1999)

Na Europa Ocidental, a evolução dos campos fechados para o


sistema de campos abertos, com a destruição das vedações, tem
levado ao desaparecimento de grandes áreas arborizadas,
principalmente na França. Claro que, na falta de barreiras naturais
(árvores e arbustos) que sirvam de "pára-ventos", a erosão eólica
provoca grandes estragos nos solos, o que se acentua com a acção
da água das chuvas, cuja escorrência sobre os campos de cultura é
mais fácil nos campos abertos.

Agricultura norte-americana

 Grandes explorações agrícolas


 Especialização regional:- «corn-belt», «cotton-belt»,
«tobacco-belt»
 Elevada mecanização
 Fortes apoios financeiros estatais
 Forte produtividade agrícola
 Forte rendimento agrícola
 Sistema de cultura intensivo
 Agricultura de mercado
 É o «Ex libris» da Agricultura Moderna
74 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Agricultura Norte - Americana

Agricultura na Ásia e África

 Praticada essencialmente em Países em Desenvolvimento


 Localização litoral
 Forte ligação a um passado colonial
 Zona intertropical
 Culturas adaptadas às características naturais
 Agricultura intensiva
 Agricultura de mercado – vocacionada para exportação
 Grandes explorações monoculturais
 Mão-de-obra local
 Mão-de-obra especializada: técnicos estrangeiros
 Explorações: grandes multinacionais Norte-americanas e
europeias
 Principais produtos: café, chá, frutos tropicais, tabaco,
borracha, algodão

Para NDIAYE com a introdução das culturas de exportação no


período colonial, as populações agrárias africanas foram forçadas a
participar aos projectos de modernização agrícola. Pacotes
tecnológicos da Revolução Verde que estavam fazendo sucesso no
mundo ocidental foram importados para atingir altas
Geografia Agrária e Industrial 75

produtividades. Variedades híbridas foram introduzidas, serviços


de extensão criados para iniciar os agricultores ao uso intensivo da
terra e de insumos tais como fertilizantes sintéticos e maquinarias.
Os métodos e as ferramentas agrícolas destas populações foram
julgados, e foram abandonados. Os subsídios e a exoneração nos
impostos se apresentaram como mecanismos financeiros para
incentivar os agricultores a investir mais na agricultura comercial.
Em suma, sistemas tradicionais de produção passaram para uma
agricultura consumidora de insumos externos.

Após as independências nos anos 50-60, os governantes locais não


acharam a necessidade de se desfazer com modelos agrícolas
intensivos, implementados pelos colonizadores. Ao contrário, as
políticas agrícolas reforçaram a vontade de se modernizar a modo
ocidental e se focalizar nas culturas comerciais, as necessidades
alimentares das populações sendo supridas pelas importações,
comprometendo a segurança alimentar de grande parte da
população dos novos estados.

Sumário
A agricultura moderna, ao contrário da tradicional, não esta
dependente das condições naturais, ela recorre a mecanização,
fertilização, modifica a natureza para o rápido desenvolvimento
das culturas e esta virada ao mercado, fazendo com que apresenta
as seguintes características: é uma agricultura científica, de
mercado, mecanizada, especializada, multisectorial e bastante
ligada à indústria. Sendo predominante na Europa, continente
norte-americano e ocorrendo em alguns países da Ásia e África,
com apoio do capital externo, privilegiando a monocultura.
76 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios
1. O que difere a Agricultura Moderna da Tradicional?

2. Apresente os pontos fortes e fracos da mecanização e


fertilização excessiva.

3. Caracterize a agricultura na Europa.

4. Como se manifesta a agricultura moderna na Ásia e África?

Entregue os exercícios 2 e 3
Geografia Agrária e Industrial 77

Unidade IX
A Pecuária
Introdução
A par do cultivo de plantas para a alimentação e industria o homem
cria animais para diversos fins – pecuária. Tendo em conta os tipos,
as formas de produção, as principais espécies de gado e a relação
com o meio ambiente.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conceptualizar a pecuária;

 Diferenciar os tipos de pecuária e as formas de producao;


Objectivos
 Identificar as principais espécies de gado;

 Estabelecer a relação, harmónica e desarmónica, entre a pecuária


e o meio ambiente.

A palavra pecuária vem do latim pecus, que significa


cabeça de gado. Ela é praticada desde o período Neolítico
(Idade da Pedra Polida), quando o homem teve a
necessidade de domesticar o gado para a obtenção de carne
e leite.

A pecuária corresponde a qualquer actividade ligada a


criação de gado. Portanto, fazem parte da pecuária a criação
de bois, porcos, aves, cavalos, ovelhas, coelhos, búfalos,
entre outros. A pecuária ocorre, geralmente, na zona rural e
é destinada a produção de alimentos, tais como, carne, leite,
couro, lã, entre outros.
78 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Tipos de Pecuária

Pecuária de corte: destinada à criação de rebanhos com


objectivo de produção de carne para o consumo humano.
Na intensiva, o gado é criado preso ou em pequenos
espaços, alimentado com ração específica. Neste tipo de
criação, a carne produzida é macia e de boa qualidade para
o consumo. Na extensiva o gado é criado solto e alimenta-
se de capim ou grama. A carne produzida é dura, pois o
gado desenvolve uma musculatura rígida.

Pecuária leiteira: destinada à produção de leite e seus


derivados (queijos, iogurtes, manteigas, etc).

Pecuária extensiva: é realizada em imensas explorações de milhares


de hectares e com dezenas de milhares de cabeças de gado. Não há
utilização de fertilizantes para regenerar o solo, sem grande
aplicação de recursos tecnológicos, investimentos financeiros nem
recursos veterinários importantes, o que faz com que os
rendimentos sejam muito baixos. Apesar disso, constitui a maior
reserva de carne do mundo. Abarca extensas zonas do oeste dos
Estados Unidos, o norte do México, a área mais seca dos pampas
argentinos, diversas regiões do Brasil e os espaços mais secos da
Austrália e da República da África do Sul.

É uma pecuária de ovelhas e gado bovino dedicada basicamente à


produção de carne, lã e couro. O leite não pode ser aproveitado, por
falta de uma rede de transporte adequada para sua distribuição. As
crias e parte do rebanho são vendidas no início da estação seca,
quando os pastos começam a se tornar escassos.

Pecuária intensiva: aquela que é praticada utilizando-se recursos


tecnológicos avançados, tais como: gado confinado, reprodução
através de inseminação artificial, controle via satélite.
Geografia Agrária e Industrial 79

A diferença fundamental com o sistema extensivo é que o período


de deficit dos pastos é compensado pela produção de forragens, o
que permite completar a alimentação do gado nos períodos de frio
mais intenso. A pecuária intensiva localiza-se na zona de clima
temperado oceânico do oeste da Europa (Alemanha, Países Baixos,
Dinamarca, Escandinávia, Reino Unido e França), na Nova
Zelândia, no nordeste dos Estados Unidos e no sudeste do Canadá.
As precipitações, regulares e pouco intensas, e a suavidade do
clima permitem a existência de pradarias permanentes onde o gado
pode pastar ao ar livre em grande parte do ano.
Essas condições naturais são especialmente adequadas para o
desenvolvimento do gado bovino leiteiro.
Com esse tipo de pecuária são obtidos altos rendimentos, devido à
utilização de técnicas mais modernas de criação e selecção do gado

Factores de produção pecuária


Os sistemas agropecuários estão em constante evolução. Essas
dinâmicas frisam a necessidade de contar com alternativas para a
gestão desses sistemas no presente e no futuro, assim como para o
uso sustentável dos recursos genéticos conexos.
O desenvolvimento do sector pecuário responde a uma série de
factores que induzem mudanças nos sistemas de produção.
Em escala mundial, o mais importante desses factores é a crescente
demanda por alimentos de origem animal. O consumo global de
carne e de leite tem aumentado rapidamente desde o início da
década de 1980. Os países em desenvolvimento são responsáveis
por boa parte desse crescimento. A influência que o poder
aquisitivo exerce sobre os hábitos de consumo é maior em
populações de baixa e de média renda. A urbanização é outro factor
que contribui para as mudanças no sector pecuário.
Também há modificações qualitativas como no estilo de vida e nas
tendências alimentares gerais, o que favorece o consumo de
alimentos processados e pré-preparados. O facto mais recente é o
80 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

surgimento (sobretudo em países mais ricos) de um número


significativo de consumidores cujas decisões de compra são
influenciadas por preocupações relativas à saúde, ao meio
ambiente, à ética, ao bem-estar animal e ao desenvolvimento social.
O comércio internacional de animais e de produtos de origem
animal aumentou acentuadamente nas últimas décadas.
Companhias transnacionais dos sectores de processamento e varejo
estão transformando as cadeias de abastecimento de alimentos que
ligam os produtores aos consumidores. Os mercados globalizados e
a integração vertical das cadeias de abastecimento impõem novas e
frequentemente maiores demandas de produtos de melhor
qualidade, uniformidade e segurança. Caso não atendam esses
requisitos, os pequenos produtores e aqueles não organizados
acabam, em muitos casos, sendo excluídos do mercado.
Os avanços nas tecnologias de transporte e de comunicação
promoveram o desenvolvimento de mercados mundiais e
facilitaram o estabelecimento de unidades de produção animal
geograficamente separadas das áreas de cultivo que são sua fonte
de alimento. Outros avanços tecnológicos – em nutrição, em
melhoramento e em infraestrutura – permitiram que os pecuaristas
aumentassem o controlo sobre os ambientes de produção em que os
animais são mantidos.

As mudanças nas condições ambientais também influenciam os


sistemas de produção. A adaptação às mudanças climáticas globais
provavelmente representará uma grave ameaça para muitos
pecuaristas nas próximas décadas. A contribuição da pecuária à
emissão de gases de efeito estufa é uma preocupação muito séria e
exige muita atenção. Os sistemas de pasto das áreas secas do
mundo estão entre os mais vulneráveis, pois as mudanças
climáticas estão provocando uma enorme degradação dos recursos
naturais. Nesses sistemas onde os animais dependem em grande
parte da produtividade das pastagens naturais, a previsão é de que
Geografia Agrária e Industrial 81

estas venham a diminuir, e que sua produção seja errática. De


maneira geral, é provável que as mudanças climáticas acarretem
problemas para os sistemas de produção nos quais os recursos
naturais sejam mais pobres e os pecuaristas tenham maiores
dificuldades em adaptar-se a tais mudanças.
As políticas públicas que afectam a pecuária são factores adicionais
de mudança. Entre as importantes medidas políticas que afectam a
pecuária estão: regulações de mercado (afectam, por exemplo, o
investimento estrangeiro directo ou os direitos de propriedade
intelectual); políticas que afectam a propriedade e o acesso à terra e
à água; políticas que afectam o movimento de populações; apoios
com incentivos e subsídios; políticas sanitárias e comerciais; e
regulamentações ambientais.
Os factores acima expostos fazem com que a os sistemas de
pecuária variem ao longo da superfície terrestre, como ilustra o
mapa abaixo.

Distribuição dos sistemas de produção animal


82 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Principais espécies de gado


Gado Bovino (vacas) – grande valor económico pela produção de
carne, leite e couro, passa actualmente por uma situação de crise,
por causa da “doença das vacas loucas”. Os principais produtores
são os EUA, a Rússia, a Argentina e o Brasil, pois têm uma grande
extensão territorial. A Suíça, a Dinamarca e os países baixos
destacam-se como produtores de leite. A produção de carne faz-se
de uma forma extensiva, enquanto a de leite é em regime de
estábulos.

Gado bovino

Gado Suíno (porcos) – é muito rendível, pois exige poucos


cuidados, a China, Rússia e EUA, que registam maiores produções.

Gado Suíno
Geografia Agrária e Industrial 83

Gado Ovino (Ovelhas, Cabras) – importante, pois produz lã, carne


e leite, os maiores produtores são a Rússia, a Austrália e a China,
ao nível de produção de lã, a Nova Zelândia e o Reino Unido são
grandes produtores.

Ovelhas Cabras

A Pecuária e Meio Ambiente

O relatório da FAO (Agência para a Alimentação e Agricultura das


Nações Unidas), disponível em
http://www.fao.org/ag/magazine/0612sp1.htm, refere que a
produção pecuária é uma das principais causas para os problemas
ambientais actuais, incluindo o aquecimento global, a degradação
do solo, a poluição do ar e da água e a perda da biodiversidade.
Usando uma metodologia que tem em consideração toda a cadeia
produtiva, é estimado que a produção pecuária é responsável por
18% das emissões dos gases de efeito de estufa, o que constitui
uma maior percentagem do que a do sector dos transportes. No
entanto, o relatório diz que a potencial contribuição do sector da
pecuária para resolver os problemas ambientais é igualmente
grande, e que muitas das melhorias podem ser alcançadas com um
custo razoável.

Desflorestação: O sector da pecuária é de longe o maior utilizador


antropogénico de terra. Actualmente, o pasto ocupa 26% da
superfície terrestre, enquanto que a produção de colheitas
84 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

directamente para consumo humano requer cerca de 1/3 de toda a


terra arável. A expansão do terreno de pasto para a pecuária é uma
das principais causas para a desflorestação na América Latina -
cerca de 70% da antiga área florestal da Amazónia é agora usada
como pasto, e as colheitas para consumo do gado cobrem agora
uma vasta área. Cerca de 70% de toda a área de pasto é considerada
degradada, sobretudo devido ao excesso de pasto, compactação e
erosão atribuíveis à actividade pecuária.

Aspecto da aniquilação da vegetação pelo pastoreio. Em volta do bebedouro a


vegetação foi completamente devorada pelo gado.

Aquecimento Global: Simultaneamente, o sector da pecuária


assumiu um papel, frequentemente não reconhecido, no
aquecimento global. Usando uma metodologia que tem em
consideração toda a cadeia produtiva, a FAO estimou que a
pecuária é responsável por 18% das emissões de gases de efeito de
estufa, mais do que percentagem emitida pelo sector dos
transportes. É também responsável por 9% das emissões
antropogénicas de dióxido de carbono, em grande parte devido à
expansão de pastos e do terreno arável para colheitas (para a
alimentação do gado). A pecuária gera ainda grandes emissões de
gases com um elevado potencial
de aquecer a atmosfera (contribuindo para o efeito de estufa): mais
Geografia Agrária e Industrial 85

de 37% de metano antropogénico, a maior parte resultante da


fermentação entérica dos ruminantes, e 65% de óxido nitroso,
maioritariamente proveniente dos dejectos dos animais.

Emissões de gases pela pecuária

Contaminação dos Recursos de Água: A produção pecuária


também tem um grande impacto sobre o abastecimento de água do
planeta, gastando mais de 8% da água global que o ser humano usa,
maioritariamente para a irrigação de colheitas para a alimentação
do gado. A evidência sugere que a pecuária é o sector que gera
mais poluentes da água, tais como os dejectos dos animais, os
antibióticos dados aos animais, os químicos resultantes do curtume,
fertilizantes, pesticidas e sedimentos erodidos provenientes do
pasto. É estimado que só nos EUA o pasto e a agricultura são
responsáveis por cerca de 37% do uso de pesticidas, 50% do uso de
antibióticos e 1/3 das descargas de nitrogénio e de fósforo nos
recursos naturais de água. O sector também gera quase 2/3 da
amónia antropogénica que contribui significativamente para a
ocorrência de chuva ácida e para a acidificação dos ecossistemas.
86 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Possível foco de contaminação da água

Ameaça à Biodiversidade: A quantidade de animais criados para


consumo humano também constitui uma ameaça à biodiversidade
terrestre. A pecuária constitui 20% da biomassa terrestre total e a
quantidade de terra que agora ocupa foi antes o habitat da vida
selvagem. Em 306 de 825 eco-regiões terrestres identificadas pelo
Fundo Mundial para a Natureza (Worldwide Fund for Nature), a
pecuária é identificada como “uma ameaça actual” uma vez que 23
dos 35 pontos de conservação global - caracterizados por elevados
níveis de perda de habitat - estão a ser afectados pela produção
pecuária.

Biodiversidade
Geografia Agrária e Industrial 87

Duas Exigências: A FAO afirma que “o futuro da relação pecuária


- ambiente será decidido dependendo da forma como resolvermos
as duas exigências: os produtos de origem animal de um lado e do
outro lado os serviços ambientais”. Uma vez que os recursos
naturais são finitos, a imensa expansão do sector da pecuária
requerida para responder ao aumento das exigências deve ser
acompanhada de uma redução substancial do seu impacto no
ambiente.

Sumário
Pecuária é a criação de animais para produzir alimentos e materiais
para fabricar roupas, sapatos e outros utensílios. Os animais que se
destacam na produção pecuária são os gados bovinos (bois e
vacas), suíno (porcos), caprino (cabras e bodes), ovino (ovelhas e
carneiros), bufalinos (búfalos) e aves para a produção de ovos e
carnes. Ela pode ser Pecuária de corte, leiteira, extensiva e
intensiva, sendo influenciada por diversos factores de produção
como a crescente demanda por alimentos de origem animal, a
urbanização, as mudanças nas condições ambientais, as políticas
públicas, entre outros.

O pastoreio, sobretudo quando os rebanhos são demasiado


numerosos para a capacidade das terras de pastagens, constitui,
com frequência, um autêntico flagelo para o meio ambiente, na
medida em que contribui na desflorestação, aquecimento global,
contaminação da água, ameaçando à biodiversidade.
88 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios
1. Forme o conceito de pecuária e mencione a sua
importância.

2. Diferencie os tipos de pecuária que estudaste.

3. Escolha dois (2) factores de produção e demonstre a sua


influência na pecuária.

4. Mencione os impactos da pecuária sobre o meio ambiente e


explique resumidamente apenas dois (2).

Entregue os exercícios 3 e 4
Geografia Agrária e Industrial 89

Unidade X
Silvicultura
Introdução
A presente unidade abordara a silvicultura, nomeadamente o
conceito, a importância socioeconómica e ambiental e a
conservação e protecção das florestas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conceptualizar a silvicultura;

 Reconhecer a importância socioeconómica e ambiental;


Objectivos
 Delinear estratégias de conservação e protecção das florestas

Silvicultura é a ciência que se ocupa do cuidado, aproveitamento,


exploração e manutenção racional das florestas, em função do
interesse ecológico, científico, económico e social de que elas são
objecto. Seu objectivo principal é cultivar povoamentos florestais
que satisfaçam as necessidades do mercado e produzam riqueza,
garantidas a continuidade e a boa qualidade da produção.
90 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Silvicultura

O campo de estudo da silvicultura é multidisciplinar e interessa a


várias áreas científicas, como a botânica, a ecologia, a fitopatologia
(investigação das causas e variáveis que levam ao aparecimento de
doenças nas plantas), a edafologia (estudo do solo), a fitogeografia
(distribuição das plantas) e a economia.

Com o desenvolvimento da civilização e o crescimento das


populações só fez aumentar o consumo de produtos da floresta.
Por séculos as florestas foram à única forma de combustível;
diretamente sobre a forma de madeira ou convertida em carvão. A
madeira foi também importante na construção de casas, móveis,
navios, etc; por muitos anos antes da descoberta e uso de carvão de
pedra, óleo, gás e eletricidade, a madeira foi o único combustível
de que se dispunha.

Importância socioeconómica da silvicultura

Biomassa e biogás – os produtos da floresta constituem um enorme


potencial para a produção de energia e, para além destes, é ainda
possível utilizar os resíduos da agricultura, como o das podas das
vinhas, olivais e árvores de frutos, para a obtenção de energia. O
biogás tem origem nos efluentes agro-pecuários, da agro-indústria e
urbanos (lamas das estações de tratamento dos efluentes
Geografia Agrária e Industrial 91

domésticos) e ainda nos aterros. Resulta da degradação biológica


anaeróbica (sem oxigénio) da matéria orgânica.

Biocombustíveis líquidos – são produzidos a partir das culturas


energéticas, de onde se obtém o biodiesel, a partir de óleos de colza
e de girassol, e o etanol, pela fermentação de hidratos de carbono
provenientes da cana-de-açúcar, da beterraba e dos resíduos
florestais.

Entre as funções desempenhadas pela floresta, destacam-se:

 A função económica, produzindo matérias-primas e frutos,


fornecendo emprego e gerando riqueza;
 A função social, fornecendo ar puro e espaços de lazer;
 A função ambiental, sendo fundamental na conservação dos
solos, contribuindo para conservar a água e regular o ciclo
hidrológico, armazenando carbono, combatendo a
desertificação e preservando a biodiversidade.

Para que o desenvolvimento da silvicultura seja real e possa tornar-


se um contributo para o aumento do rendimento das populações, é
necessário:

 Promover o emparcelamento;
 Criação de instrumentos de ordenamento e gestão florestal;
 Simplificação dos processos de investimento;
 A promoção do associativismo, da formação profissional e
da investigação florestal;
 A prevenção de incêndios, através da limpeza de matos,
povoamentos e desbastes; melhoria e construção da rede
viária e de linhas corta-fogo; optimização dos pontos de
água; campanhas de sensibilização, entre outras.
92 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Conservação e protecção das florestas

As florestas não apenas produzem grande quantidade de matérias


básicas para o homem (madeiras, resinas, frutos etc.), como são
também fundamentais para o equilíbrio do planeta, tanto pela
abundância e variedade de seres vivos que abrigam, como por sua
influência no clima, na conservação do solo e na qualidade
paisagística de uma região. Funcionam também como termostato,
evitando os extremos de temperatura verificados em territórios
desérticos.

Nas últimas duas décadas, a floresta tem sofrido fortemente com o


impacto dos incêndios florestais. O clima mediterrâneo favorece os
incêndios, principalmente em dias muito quentes, secos e ventosos.
Para além disso, tem-se assistido ao abandono de algumas áreas
florestais, o que provoca o aumento de silvas e matos, para além do
aumento da desertificação de algumas regiões e a falta de acessos,
principalmente em áreas de serra. Não podemos também esquecer a
"mão criminosa" responsável por gigantescas áreas ardidas.

Incendios Florestais Clareiras provocadas pelo desmatamento

Com as políticas florestais implementadas, nomeadamente ao nível


da obrigação de limpeza de matas, da abertura de novos caminhos
florestais, construção de pontos de água, melhoria dos meios de
vigilância e combate, maior responsabilização de entidades, a
implementação de planos de defesa da floresta de nível mundial,
Geografia Agrária e Industrial 93

continental, nacional, distrital e municipal, tem-se assistido a


melhorias significativas na prevenção de incêndios florestais.

Sumário
Silvicultura é a ciência dedicada ao estudo dos métodos naturais e
artificiais de regenerar e melhorar os povoamentos florestais com
vista a satisfazer as necessidades do mercado e, ao mesmo tempo, é
aplicação desse estudo para a manutenção, o aproveitamento e o
uso racional das florestas.

A importância da floresta para a vida e a economia motivou o


homem a se interessar por sua exploração sistemática. À medida
que se tornaram mais conhecidas às complexas relações que regem
esses ecossistemas, e depois que o corte abusivo de árvores fez
desaparecer extensas massas florestais em muitos países, a
silvicultura tornou-se fundamental para proteger a floresta e, ao
mesmo tempo, assegurar seu aproveitamento económico.

Exercícios
1. Forme o conceito de silvicultura e mencione a sua
importância.

2. Quais são as funções desempenhadas pela floresta?

3. Mencione as formas de degradação das florestas.

4. Debruce-se sobre as estratégias para a conservação e


protecção das florestas.
94 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade XI
Localização das principais
espécies agrícolas cultivadas e a
sua complementaridade
Introdução
Uma das tarefas da Geografia Agrária é estudar a distribuição
geográfica das culturas pela superfície terrestre, pelo que a presente
unidade abordara a localização das principais espécies agrícolas e
sua complementaridade, nomeadamente a agropecuária na
América, Europa, África e Ásia.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Localizar as principais espécies agrícolas e sua


complementaridade;
Objectivos  Localizar as principais espécies agrícolas América

 Localizar as principais espécies agrícolas Europa

 Localizar as principais espécies agrícolas África

 Localizar as principais espécies agrícolas Ásia

Localização das principais espécies agrícolas cultivadas e a sua


complementaridade

Agropecuária na América
América Anglo-Saxônica (EUA e Canadá): países de colonização
de povoamento, actividade bastante desenvolvida, voltada para o
mercado interno, com grandes investimentos de capital e tecnologia
na produção, agricultura extremamente mecanizada, clima
temperado e mínima quantidade de mão-de-obra.
Geografia Agrária e Industrial 95

Canadá: a principal área agropecuária se localiza no sul do Canadá


(região das pradarias).
EUA: maior produtividade do globo, a agropecuária dos EUA se
localiza na região das planícies centrais, divididos em cinturões, os
Belts (trigo, algodão, soja, milho).
América Latina (México até Argentina): foram colónias agrícolas
de exploração, caracteriza-se por agricultura de subsistência e de
mercado externo (bóias-frias em latifúndios monocultores), há uma
grande importação, clima tropical e equatorial.
México: Apresenta apenas 10% de área agricultável, sendo o milho
e a pecuária extensiva as mais importantes produções agropecuárias
voltadas para o mercado interno. O México foi o primeiro país da
América a realizar uma efectiva reforma agrária, com a criação de
propriedades colectivas chamadas de éjidos, que ainda hoje
predominam no país.
América Central: Apresenta solo fértil, clima tropical quente e
húmido. A actividade agrícola é praticada em forma de plantations
(latifúndios com grande mecanização e mão-de-obra abundante,
voltados para produção de produtos tropicais de exportação).
América Andina e Guianas: São os países situados na Cordilheira
dos Andes (Chile, Peru, Equador, Venezuela, Colômbia e Bolívia),
além da Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Nestes países
predomina dois tipos de agricultura: Plantations, de grande
produtividade para o mercado externo e, mais pobre, voltada para o
mercado interno. A excepção a esta regra é o Chile, com
importante e moderna fruticultura.
América Platina: Paraguai: Cultura de algodão e soja para o
mercado externo; Uruguai: Destaca-se a pecuária intensiva (de
corte) de bovinos e ovinos para a produção de lã; Argentina:
Destaca-se a região dos pampas, de clima temperado húmido e solo
fértil, para o cultivo do trigo, nesta região ainda existe a pecuária
intensiva de ovinos (ovelhas) e bovinos (bois).
96 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Agropecuária na Europa
Caracteriza-se por alta mecanização, voltada para o mercado
interno de alimentos e produção de matérias-primas da agro-
indústria. Utiliza-se pouca mão-de-obra, que, no entanto, é
altamente qualificada.
França: Maior produtor agrícola da Europa, com clima temperado
e topografia plana. A bacia parisiense é principal área de produção
de cereais (trigo, centeio, cevada). No oeste e sul destaca-se a
vinicultura. A produção pecuária mais importante é de suínos e
bovinos (para produção de queijos).
Península Ibérica: As condições não são tão favoráveis, pois há
extensos trechos de clima semi-árido (Espanha). O destaque da
agricultura ibérica fica para as produções de frutas cítricas e as
vinhas e as oliveiras.
Alemanha: adopta inúmeros recursos tecnológicos para a melhoria
de solo, sementes e mecanização. O principal produto é a batata, e,
na região do Reno, a indústria vinícola. Quanto a pecuária, destaca-
se o gado leiteiro e os suínos.
Penínsulas Itálica e Balcânica: o clima mediterrâneo favorece o
desenvolvimento dos cultivos de vinhas e oliveiras. Não utiliza-se
mecanização devido ao relevo acidentado.
Rússia e Ucrânia: de clima extremamente frio, a vegetação
predominante é a estepe, e os solos são um dos mais férteis do
planeta, com agricultura variada.

Agropecuária na Ásia
É o continente mais populoso do planeta, onde a agricultura tem
papel social, pois alimenta mais de 2,5 bilhões de pessoas (quase
metade da população mundial).
China: devido a enorme quantidade de mão-de-obra disponível a
agropecuária chinesa é fundamentalmente manual, o país é o maior
produtor mundial de arroz, algodão, trigo e batata e está entre os
maiores de soja, feijão e cana-de-açúcar. A pecuária possui o maior
Geografia Agrária e Industrial 97

rebanho de suínos, equinos e aves do mundo; é o maior produtor


mundial de carne e ovos. As regiões mais importantes são
Manchúria, no vale do rio Huang-Ho e no vale do rio Yang-Tsé-
Kiang.
Sul e Sudeste da Ásia: localizam os países da Índia, Bangladesh,
Vietnã, Laos, Camboja e Tailândia. O clima de grande parte da
região é o clima tropical de Monções, que se caracteriza por
elevadas temperaturas o ano todo e ventos que sopram no sentido
mar-terra no verão (chuvas intensas) e sentido terra-mar no inverno
(estiagem).
Agricultura de Jardinagem: Produção de arroz em propriedades
muito pequenas com excesso de mão-de-obra voltada para o
consumo da população local.

Agropecuária na África
Distingue-se em duas porções: África Branca (norte do deserto do
Sahara) e África Negra (sul do deserto do Sahara).
O continente inteiro, com a excepção da África do Sul, adopta
mecanismos de subsídios a agricultura tão significativos que esta
actividade tornou-se dependente de recursos proteccionistas
governamentais, agravando ainda mais o problema da fome.
Na porção setentrional destaca-se duas regiões agrícolas: Vale do
Nilo (cheias anuais fertilizam o solo, possibilitando o cultivo de
cereais) e o Noroeste do continente (favorecido pela humidade
mediterrânea, permite o cultivo de cítricos, vinhos e olivas – para
exportação, plantations).
As condições sociais no interior do continente africano são tão
miseráveis que o sistema de agricultura itinerante, de baixa
produtividade, ocupa cerca de 80% da PEA, prejudicando o meio
ambiente.

Vejamos agora um quadro ilustrativo das principais espécies


agrícolas e sua complementaridade
98 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
As espécies cultivadas apresentam uma distribuição geográfica
distinta, dependendo de vários factores naturais e humanos,
fazendo com que haja uma interdependência entre os países, sendo
complementares. Assim sendo a Europa, América, África, Ásia e
Austrália desenvolvem culturas peculiares, promovendo o
comércio e a especialização agrícola dos países.
Geografia Agrária e Industrial 99

Exercícios
1. Em que consiste a especialização agrícola dos países?

2. Localize as principais espécies na Europa.

3. Apresente a distribuição geográfica das culturas na Ásia.

4. Diferencie o tipo de culturas características da América e


África.

Entregue os exercícios 1 e 4
100 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade XII
Os problemas ambientais
provocados pela agricultura
Introdução
Todas as actividades humanas influem, positiva e negativamente,
no equilíbrio ecológico, ao que nesta unidade falaremos do impacto
da agricultura sobre o meio ambiente.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as causas da degradação ambiental pela agricultura;

 Descrever as consequências da agricultura sobre o ambiente;


Objectivos
 Analisar as estratégias de prevenção e mitigação dos problemas
ambientais derivados da agricultura.

Problemas ambientais provocados pela agricultura


Segundo Manuela Ribeiro são, no dizer de L. Contreras (1995:45),
o produto das inovações tecnológicas que esta agricultura mobiliza,
as quais, puseram nas mãos dos produtores umas possibilidades de
exploração da Natureza que vai muito para além da capacidade
desta para se defender, ou dito pelas palavras, quiçá mais incisivas,
de Mielgo e S. Gúzman (1995:95), o produto da forçagem
crescente da Natureza para se conseguirem acréscimos de
produtividade, num processo de subordinação daquela à
racionalidade do lucro, atentando assim de forma muitas vezes
irreversível contra a sua capacidade de renovação.
Geografia Agrária e Industrial 101

Inquestionável na sua essência, a relação Agricultura/Natureza, só


bem recentemente, com efeito, começou a ser posta em questão,
ganhando rápida e justificadamente um enorme destaque no
conjunto das grandes preocupações da Humanidade, neste virar de
milénio.

Manuela Ribeiro argumenta que a história da Humanidade é, em


muito larga medida, a história de uma actividade agrária informada
e orientada pelo que se pode considerar como uma racionalidade
ecológica, isto é, uma actividade que se apropria dos recursos
naturais, através de sistemas de produção e de transformação
implantados e geridos, por forma a respeitar os seus mecanismos e
dinâmicas de renovação e reprodução, como condição necessária à
mesma reprodução e sobrevivência dos grupos humanos que a
praticam e dela dependem.

Seguindo os passos de Ballarin Marcial (1990:41), Sans Jarque


(1971:117) e Delgado de Miguel (op.cit:p362-366) pode-se afirmar
que e indubitável que o desenvolvimento tecnológico, modifica
hábitos e escalas produtivas da agricultura moderna e que a
concorrência dos preços e dos mercados produtores fazem com que
haja massiva exploração. Entretanto esta normativa não pode ser
dirigida contra o meio ambiente e somente a favor do lucro, pois
este com certeza ao longo das práticas será diminuído e a
destruição dos solos, agua e ar terão efeitos nefastos sem
precedentes ao longo dos anos, convertendo num total prejuízo
quantitativo e qualitativo dos alimentos e das condições de vida em
geral.
102 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Desflorestação Esgotamento e Erosão dos solos

Há que se pensar que os recursos podem ou não ser renováveis.


Deve-se passar a pensar numa concepção mais administrativista,
com a qual a Administração publica passa mais a intervir na gestão
dos recursos, em substituição a concepção civilista, onde o
proprietário mensura a importância económica em detrimento da
ambiental.

A associação dos elementos da função social é vital para a


preservação solo, regeneração do ar e qualidade da água o que
constitui um novo biótipo de plantas e animais.
A actividade agrária funcionando desta maneira, com preocupações
ecológicas pode oferecer melhor produção de alimentos. Em
sintonia com uma produção natural mais rentável, o espaço rural
ganha novos perfis onde a sustentabilidade passa a fazer parte,
contribuindo desta forma para a diminuição do esgotamento do
solo.
Outros factores podem aqui ser incluídos: a contaminação biológica
e causadora de doenças ao homem, sendo evitada propicia saúde
maior e minimização de gastos públicos neste sector. A
contaminação química derivada do uso indiscriminado de agentes
contaminantes do ar gera alterações climáticas, doenças e poluição
das águas, alterando sectores diversos como fauna, flora atingindo
o homem na sua totalidade.
Geografia Agrária e Industrial 103

Contaminação por pesticidas

Caminham ao contrário das legislações modernas que clamam por


um direito sustentável, que preserve a terra para as gerações
presente e futuras. Estas legislações que desde o tratado de Roma,
conferências internacionais sobre o meio ambiente da década de
setenta insistem no direito ambiental para garantir a melhor
qualidade de vida numa visão holística, visam acima de tudo a
cooperação dos Estados em geral para “conservar as zonas rurais
com o fim de salvaguardar seu potencial agroalimentar de
assegurar o equilíbrio ecológico, das paisagens, de proteger o
património cultural e natural que estes representam e permitir as
actividades de recreio enquanto são compatíveis com os fins
citados “ Delgado de Miguel (1993:350)
O autor espanhol consegue nesta definição juntar meio rural,
produção, preservação ambiental e turismo demonstrando que estes
104 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

elementos vivem no sector agrário em comum e em boa vizinhança


e que o sucesso de um pode ser o sucesso de todos os demais
elementos, exemplificando: quem produz de forma saudável tem
alimentos de qualidade preserva o meio ambiente.

Nos países colonizados as mudanças políticas e económicas


acompanharam-se de perturbações nas estratégias de gestão dos
recursos naturais. Surgiram novos problemas ambientais tais
erosão, salinização e perda da fertilidade dos solos. Processos de
desmatamentos e de desertificação também se aceleraram. As
políticas de modernização deixaram milhares de áreas agrícolas
improdutivas, acentuando a pobreza no meio rural quando se sabe
que muitas populações rurais dependem ainda destes recursos
naturais para se manter fisiologicamente e socialmente. Em suma, o
modelo de desenvolvimento agrícola predominante baseado na
agricultura comercial não foi capaz de atingir os mais pobres, nem
de resolver as questões ambientais. Também ao longo do processo
de desenvolvimento, os valores cultural, religioso e moral,
atribuídos aos recursos naturais pelas populações agrárias foram
ignorados, se concentrando apenas em ganhos económicos. A
globalização acentuou ainda mais esta tendência com a
padronização dos sistemas produtivos agrícolas indiferenciados em
todas as regiões do mundo, independentes das especificidades
culturais.

A noção de “Sustentabilidade” postula que a construção do


conhecimento tecnológico se dê através de situações específicas da
realidade, como forma de produzir “respostas” adequadas às
condições singulares. Neste sentido, vem crescendo a tomada de
consciência entre pesquisadores de que muitos dos problemas nos
programas e projectos de desenvolvimento agrícola decorrem de
um conhecimento insuficiente das condições e modalidades de
produção existentes, bem como da consequente inadequação das
Geografia Agrária e Industrial 105

alternativas propostas aos agricultores. NEUMANN & SILVEIRA


(1998:6)
Adoptando-se uma visão positiva para o processo de construção da
sustentabilidade na produção agrária, devemos ter bem claro um
dos principais dinamismos de sua lógica: a pretensão de gerir
sistemas de produção que mantenham médias de produtividade
similares ao longo do tempo. Portanto, conhecer como evolui e
quais elementos condicionam a produção agrária em uma região
determinada é pré-requisito para se construir novas propostas ao
desenvolvimento agrário regional.

Sumário
A destruição exagerada e, quase sempre, desnecessária das
formações vegetais, a degradação dos solos, a poluição das águas e
até da atmosfera e os efeitos negativos (por vezes desastrosos) para
a fauna são as principais consequências para o meio ambiente da
prática da agricultura, quer tradicional quer moderna.

Tendo em vista a maximização do lucro, aos empresários interessa


mais, por lhes ser mais económico, a destruição das formações ve-
getais para obtenção de novos solos virgens do que preservar e
conservar os que vêm ocupando, já relativamente empobrecidos
pelo seu uso contínuo. É evidente que, depois de alguns anos de
ocupação, os novos solos acabam também por ser abandonados
quando já não se torna rendível cultivá-los. Desprotegidos e, por
isso, expostos às intempéries, os solos abandonados são
rapidamente destruídos por erosão, transformando-se, muitas vezes,
em autênticos areais, completamente estéreis, uma vez que as águas
arrastaram a matéria orgânica e os elementos minerais nutritivos
106 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios
1. Mencione os principais problemas ambientais derivados da
agricultura.

2. Identifique as causas e consequências da desflorestação.

3. De que maneira a agricultura contribui para a poluição das


aguas e da atmosfera?

4. Que medidas adoptar para a prevenção e mitigação dos


impactos ambientais causados pela agricultura?

Entregue os exercícios 3 e 4
Geografia Agrária e Industrial 107

Unidade XIII
Protecção e Conservação dos
Solos
Introdução
Sendo o solo o principal recurso explorado pela agricultura,
reservamos a sua analise para a presente unidade, de maneira
distinta, abordaremos entre outros aspectos a legislação que rege e
protege esse recurso indispensável a manutenção da biodiversidade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as causas da degradação dos solos;

 Demonstrar as consequências da degradação dos solos;


Objectivos
 Analisar a legislação inerente a protecção e conservação dos
solos;

 Apresentar medidas de mitigação dos efeitos negativos causados


pela acção humana sobre os solos.

Protecção e conservação dos solos

Polanyi (1980:181) aborda tal problemática, partido do


reconhecimento de que "a função económica é apenas uma entre as
muitas funções vitais da terra. Esta dá estabilidade à vida do
homem; é o local da sua habitação, é a condição da sua segurança
física, é a paisagem e as estações do ano"

Mas para que tudo isto aconteça mister se faz que o direito
contribua com normas actualizadas e com modificações legislativas
108 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

constantes que acompanhem as demandas sociais. Faz necessário


que o direito ambiental, o direito de propriedade, as obrigações
contratuais, a responsabilidade objectiva imponham novas sanções
e novas directrizes que conduzam a se pensar um novo direito que
valorize o meio rural sem preconceitos ou proteccionismo.
O direito espanhol, o direito francês, o direito italiano e outros
tantos com visão agro-ambiental tem-se constituído em criar e
observar uma serie de instituições dirigidas a evitar os ataques ao
meio ambiente, a prever a existência de medidas que impeçam o
dano ambiental preservando o meio agrário quer na paisagem quer
na produção de alimentos a fim de que se evite os abusos do
direito, os delitos ecológicos a lesão do meio ambiente em qualquer
de suas formas.
Os recursos naturais que de que a agricultura vive ar, solo, água
estão cada vez mais afectados pelas disposições ambientais e de
fundamental importância se torna as opções de modelos agrícolas a
serem desenvolvidos. Devera haver equilíbrio entre as opções
estatais para a agricultura e as questões de preservações ambientais.
Não combinam legislações ambientais de preservação do solo agua
e ar, com monocultura, pecuária extensiva em áreas de reserva,
devastação de florestas para madeiras, erosão de solo causada por
adubos e pesticidas. A política agrícola e social deve traçar metas
de anseios económicos, industriais, para dimensionar a qualidade
alimentar em equilíbrio com o meio ambiente.

Delgado de Miguel aponta algumas questões de ordem fundamental


para que haja esta simbiose, no ponto de vista de produção agrária:
 Não estimulo da produção agrícola sob o ponto de vista
quantitativo e incentivo a qualidade;
 Obrigação dos Estados de financiar os excedentes agrícolas
em medida proporcional a quantidade de produtos de venda
do próprio território;
Geografia Agrária e Industrial 109

 Incentivo aos agricultores que se distinguem na melhora do


meio ambiente e da produção.

O mesmo autor afirma sob o ponto de vista ambiental:


 A protecção dos solos reflecte a protecção das águas e do
ar, provocando regeneração em todos os processos
ecológicos;
 Ao preservar a diversidade genética de que dependem os
programas de cultivo melhoram-se as plantas cultivadas;
 Ao permitir o aproveitamento sustentado das espécies se
favorece o uso racional dos recursos naturais bem como a
diversidade dos aproveitamentos.

Como corolário desta constatação, aponta-se a diversificação das


actividades geradoras de emprego e de rendimento, ou seja, a
diversificação das estruturas económicas regionais e locais, através
do fomento e apoio à criação de alternativas económicas dentro e
fora das explorações agrícolas.

Neste contexto, a sociedade requer cada vez mais que o processo


produtivo agrícola seja sustentável, garantindo a oferta alimentar
no presente e preservando os recursos naturais para as gerações
futuras.

Sumário
A actividade agrícola, quando não sustentável, pode contribuir para
a degradação dos solos, através da contaminação por herbicidas,
insecticidas, pesticidas e outros produtos químicos, erosão,
salinização, infertilização, entre outras formas de redução da
capacidade vital deste recurso. Por isso, urge a necessidade de se
desenharem/implementarem políticas e técnicas de protecção e
110 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

conservação dos solos e a promoção da legislação do uso e


aproveitamento da terra.

Exercícios
1. Quais são as principais formas de degradação dos solos?

2. Por que é pertinente estudar as formas de protecção e


conservação dos solos?

3. Fale sobre a importância da legislação na protecção dos


solos;

Entregue os exercícios 2 e 3
Geografia Agrária e Industrial 111

Unidade XIV
A origem da Indústria
Introdução
Após falarmos da agricultura, pecuária e silvicultura abordaremos
nesta unidade a origem da indústria, passando pelas diferentes fases
da sua evolução.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conceptualizar a indústria;

 Explicar a origem da indústria;


Objectivos
 Caracterizar as diferentes fases da sua evolução.

Quase tudo o que o homem moderno consome ou utiliza, desde os


alimentos e mesmo os utensílios em que são preparados e servidos,
passa por algum processo de industrialização. O progresso da
indústria, paralelo ao da ciência e da tecnologia, dá a medida da
riqueza material de um país.

Denomina-se indústria o conjunto de actividades produtivas que o


homem realiza, de modo organizado, com a ajuda de máquinas e
ferramentas. Dentro dessa ampla definição se enquadram os mais
diversos afazeres, em diferentes lugares e épocas. De modo geral,
toda actividade colectiva que consiste em transformar matérias-
primas em bens de consumo ou de produção, com auxílio de
máquinas, é industrial.
112 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Nascimento e evolução da indústria

Já em tempos pré-históricos, o homem elaborou seus utensílios e


armas mediante a transformação dos materiais de que dispunha,
como o sílex e, mais tarde, os metais. À medida que avançou a
civilização, a especialização no trabalho aumentou e originou-se
um grupo social, os artesãos, que se encarregavam de produzir os
objectos de que a sociedade necessitava, como objectos de
cerâmica, tecidos, armas etc.

No fim da Idade Média, os artesãos das florescentes cidades


europeias agruparam-se em corporações, nas quais se configuraram
as categorias de aprendizes, oficiais e mestres e onde os
conhecimentos técnicos se transmitiam de pai para filho. A
produtividade dessas oficinas era baixa, pois a maior parte do
trabalho se realizava manualmente e não existia a divisão técnica
do trabalho, isto é, cada produto era realizado totalmente, de início
a fim, por um só artesão. Somente em poucas actividades utilizava-
se a força de animais de carga, de quedas de água e do vento para
mover máquinas rudimentares como os moinhos.

Nesse precário grau de evolução da indústria, teve especial


relevância a invenção da máquina a vapor pelo britânico James
Watt, depois de outras pesquisas como as de Thomas Newcomen,
inventor da bomba de água (movida a vapor), e as de Denis Papin,
que estudou a força elástica do vapor de água. A máquina a vapor
permitiu aproveitar a força mecânica e foi o fundamento das
indústrias naval e ferroviária.

Considerando-se indústria como fabricação de bens com emprego


de máquinas, a primeira notável modernização da actividade
ocorreu na Grã-Bretanha, com a revolução industrial, nas últimas
décadas do século XVIII. Nessa época, avanços técnicos como a
lançadeira rápida de tear, na indústria têxtil, reformularam as bases
sobre as quais se assentava esse sector da economia.
Geografia Agrária e Industrial 113

Também no Reino Unido começou, no século XIX, um processo de


industrialização baseado na melhora do aço com que se construía
grande variedade de máquinas. Logo o processo estendeu-se pela
Europa e pelos Estados Unidos, que começaram a produzir
industrialmente artigos manufacturados. Um dos sectores
produtivos mais tradicionais, a indústria de armas, cresceu
enormemente durante a primeira guerra mundial e provocou a
renovação de toda a infra-estrutura da indústria metalúrgica, devido
ao enorme volume de produção demandado pela guerra.

A década de 1920 foi de intensa industrialização na Europa, nos


Estados Unidos e no Japão, onde a produtividade do trabalho
aumentou muito em virtude da mecanização, que se estendeu a
grande número de actividades, e à electrificação das fábricas. Do
ponto de vista da organização e dos métodos empregados, o
trabalho foi sistematizado, principalmente nas grandes linhas de
montagem, estabelecidas pela primeira vez na indústria
automobilística, pelo americano Henry Ford.

A indústria conforma o sector económico secundário, enquanto a


agricultura constitui o sector primário e os serviços, o terciário.
Nessa época, o sector secundário já se encontrava estruturado em
forma semelhante à da actualidade. Assim, surgiram novas formas
de financiamento e se ampliaram as sociedades anónimas e outras
sociedades de capital. Também com frequência se formavam
grandes complexos industriais que permitiam regular e controlar a
produção e as relações entre os diferentes ramos que dela
participavam.

No período compreendido entre as duas guerras mundiais, os


Estados Unidos, a Alemanha e o Japão já estavam na liderança da
indústria mundial. A segunda guerra mundial, embora tenha sido
um conflito devastador que prejudicou as actividades de vastas
áreas industriais, ocasionou também um grande progresso da
114 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

pesquisa e da tecnologia, o que permitiu a países como a Alemanha


e o Japão apresentar grande desenvolvimento após a derrota.

O crescimento manteve-se persistente a partir da década de 1950,


até o sector industrial transformar-se no motor da renda nacional
nos países avançados. Chegou-se assim à chamada segunda
revolução industrial, na qual a produção em série e a automatização
desempenharam papel determinante. Nas últimas décadas do século
XX, questões como a degradação ambiental, o esgotamento de
recursos naturais e a persistência do desequilíbrio económico entre
países industrializados e subdesenvolvidos levaram o mundo todo a
questionar a industrialização sem controle e a formular propostas
de desenvolvimento sustentado, ou seja, utilização racional dos
recursos disponíveis.

No final do século XX, o ritmo do crescimento industrial passou a


ser questionado pelos governos de alguns países e por organizações
da sociedade civil empenhadas na preservação ambiental, na
melhora da qualidade de vida e na distribuição mais equitativa das
riquezas. Ganhou força a tese do "crescimento zero", que designa
uma taxa de crescimento nula obtida pelo crescimento negativo dos
sectores poluidores e expansão dos sectores não poluidores.

Essa nova tendência põe em dúvida o dogma segundo o qual a


produção baseada no princípio do crescimento permanente conduz
a uma sociedade melhor e mais igualitária. Isso porque, embora a
indústria se tenha convertido no principal factor de riqueza dos
países adiantados, seus benefícios atingem apenas uma pequena
parte da população do planeta. De acordo com esse ponto de vista,
o equilíbrio ecológico deveria tornar-se uma preocupação política e
o crescimento ser partilhado de maneira mais justa por países ricos
e pobres.
Geografia Agrária e Industrial 115

Sumário
A indústria sempre acompanhou o quotidiano do homem, desde os
primórdios, com o uso de instrumentos elementares, passando pela
Idade Média, a máquina a vapor, as diferentes fases da revolução
industrial, a automação da época contemporânea.

Exercícios
1. Como terá surgido a indústria?

2. Como se manifestou a actividade industrial na idade media?

3. O que representa a maquina na evolução da industria?

4. O que caracteriza a intensa industrialização na Europa na


década de 1920?
116 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade XV
Revolução Industrial e o Espaço
Geográfico
Introdução
O principal marco da evolução da indústria é sem dúvida a
Revolução Industrial, que impulsionou a industrialização mundial e
o desenvolvimento económico. Nesta unidade falaremos sobre os
seus antecedentes, a origem na Inglaterra, as suas etapas e o seu
impacto no espaço geográfico.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os antecedentes da Revolução Industrial;

 Caracterizar as diferentes etapas da Revolução Industrial;


Objectivos
 Analisar o impacto da industrialização no espaço geográfico.

Desde a Pré-História o homem tem transformado matérias-primas


(pedras, barro, peles, lã, trigo, etc) em produtos úteis à sua
sobrevivência. Trata-se de um antigo método de transformação a
que denominou artesanato. Nesse sistema o artesão trabalhava por
contra própria, possuía os instrumentos (meios de produção)
necessários à confecção do produto, dominando todas as etapas da
transformação, da matéria-prima até chegar ao produto final.
Tomando o sapateiro da Idade Média como exemplo, verificamos
que era ele quem preparava o couro, que lhe pertencia, cortava-o
com sua tesoura ou faca e costurava-o com linhas e agulhas
próprias, até ter ponto o sapato (produto final), que ele venderia a
algum interessado.
Geografia Agrária e Industrial 117

Já na Idade Moderna, buscando-se produzir crescentemente para o


mercado, os trabalhadores urbanos foram muitas vezes reunidos
num mesmo local de trabalho, cada um desempenhando uma
actividade específica, utilizando principalmente as mãos para
transformar a matéria-prima, fazendo surgir o que se denominou
manufactura. Esse sistema de produção caracterizou-se
basicamente pela divisão do trabalho e aumento da produtividade.
Dessa forma, numa fábrica manufactureira de tecidos do século
XVII, por exemplo, um trabalhador fiava, outro cortava até que a
peça de pano ficasse pronta.
Finalmente, como o desenvolvimento da economia capitalista, a
produção de artigos para o mercado passou a ser feita em série com
máquinas, dando origem às maquinofaturas industriais. Os
trabalhadores passaram a participar do processo produtivo apenas
com a força de trabalho que aplicavam na produção, já que os
meios de produção (instalações, máquinas, capitais, etc) pertenciam
à elite industrial, à classe burguesa.
O uso de máquinas em grande escala foi implantado na Inglaterra a
partir de 1760, aproximadamente. Teve profunda influência sobre a
economia mundial, ocasionando significativas mudanças sociais,
políticas e culturais para o homem contemporâneo. A esse processo
de alteração estrutural da economia, que marcou o início da Idade
Contemporânea, chamamos de Revolução Industrial. Para a sua
eclosão, porém, foi decisiva a acumulação de capitais verificada
entre os séculos XV e XVIII.
Graças à Revolução Industrial, o capitalismo da Época Moderno
pôde amadurecer e constituir-se num sistema económico,
suplantando definitivamente os vestígios do feudalismo.

Assim, plenamente constituído, o capitalismo caracteriza-se


basicamente pela separação entre o produtor e os meios de
produção, visto que é a burguesia que detém as máquinas
necessárias à transformação das matérias-primas, e o produtor,
118 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

detentor apenas de sua força de trabalho, vê-se obrigado a vendê-la


no mercado em troca de salário. A economia capitalista é, então,
uma economia de mercado, na qual a própria mão-de-obra
converteu-se em mercadoria.

O pioneirismo inglês
As principais razões do início da Revolução Industrial na Inglaterra
foram:
 Possuía uma burguesia muito capitalizada em função dos
lucros auferidos com as actividades comerciais da época
mercantilista;
 Desde o século XVII, controlava a oferta de
manufacturados nos mercados coloniais;
 Contava com um regime de governo (parlamentarismo) que
favorecia o desenvolvimento capitalista. Desde a Revolução
Gloriosa de 1688 os entraves mercantilistas haviam sido
abolidos da economia britânica e o Estado, dominado pela
burguesia, actuava no sentido de corresponder aos
interesses dessa camada social;
 Possuía grandes jazidas de carvão e ferro, matérias-primas
indispensáveis à confecção de máquinas e geração de
energia;
 Concentrava abundância de mão-de-obra nas cidades,
resultado do forte êxodo rural verificado na Idade Moderna.
Nesse período, a lã inglesa conquistou um espaço
considerável no mercado europeu e muitas das antigas
propriedades agrícolas comunais transformaram-se em
cercamentos, isto é, áreas cercadas de criação de ovelhas.
Tal actividade, porém, demandava reduzido número de
trabalhadores, expulsando a mão-de-obra excedente, que se dirigia
às cidades. A grande oferta de mão-de-obra provocava seu
Geografia Agrária e Industrial 119

barateamento e, consequentemente, reduzia os custos da produção


industrial, ampliando os lucros.

As Fases da Revolução Industrial


A primeira fase da Revolução Industrial correspondeu ao período
que se estende de 1760 a 1850; nesse período a Inglaterra liderou o
processo de industrialização. O desenvolvimento técnico-científico,
implementando a modernização económica, foi significativo;
surgiram então as primeiras máquinas feitas de ferro que utilizam o
vapor como força motriz. Por outro lado, a existência de um amplo
mercado consumidor para artigos industrializados - América, Ásia
e Europa - estimulava a mecanização da produção.

Na primeira fase da Revolução Industrial, a indústria têxtil foi a


que mais se desenvolveu. A grande oferta de matéria-prima (o
algodão, cujo maior produtor era os Estados Unidos) e a
abundância de mão-de-obra barateavam os custos da produção,
gerando lucros elevados, os quais eram reaplicadas no
aperfeiçoamento tecnológico e produtivo. Assim, também o sector
metalúrgico foi estimulado, bem como a pesquisa de novas fontes
de energia.
Algumas invenções foram de fundamental importância para activar
o processo de mecanização industrial, entre as quais podemos
destacar:
 A máquina de Hargreaves (1767), capaz de fiar, sob os
cuidados de um só operário, 80 kg de fios de algodão de
uma só vez;
 O tear hidráulico de Arkwright (1768);
 A máquina Crompton, aprimorando o tear hidráulico
(1779);
 O tear mecânico de Cartwright (1785);
120 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 A máquina a vapor de Thomas Newcomen, aperfeiçoada


depois por James Watt (1769);
 O barco a vapor de Robert Fulton (1805 - Estados Unidos);
 A locomotiva a vapor de George Stephenson (1814).

Para facilitar o escoamento da produção industrial e o


abastecimento de matérias-primas, também os sectores de
transportes e comunicações tiveram que se modernizar. Surgiram o
barco a vapor, a locomotiva, o telégrafo, o telefone, etc.

A expansão industrial logo activaria a disputa por novo mercados


fornecedores de matérias-primas e consumidores de géneros
industrializados resultando no que se denominou neo-colonialismo.

A segunda fase da Revolução Industrial iniciou-se em 1850. Foi


quando o processo de industrialização entrou num ritmo acelerado,
envolvendo os mais diversos sectores da economia, com a difusão
do uso do aço, a descoberta de novas fontes energéticas, como a
electricidade e o petróleo, e a modernização do sistema de
comunicações.

Outro acontecimento de grande importância dessa fase foi a


efectiva difusão da Revolução Industrial. Em pouco tempo,
espalhou-se por todo o continente europeu e pelo resto do mundo,
atingindo a Bélgica, a França, a Itália, a Alemanha, a Rússia, os
Estados Unidos, o Japão, etc.

Na década de 1970, a crise do petróleo fez com que emergisse para


o mundo algo que já vinha sendo gerado no decorrer do século XX,
a 3ª Revolução Industrial, também chamada de Revolução
tecnocientífica informacional.

Esta por sua vez correspondia aos avanços tecnológicos em


especial da informação e dos transportes, representado por
Geografia Agrária e Industrial 121

invenções como por exemplo Internet, e os aviões supersónicos. Os


avanços nesses sectores tornaram o mundo menor, encurtaram as
distâncias e em alguns casos aniquilaram o espaço em relação ao
tempo, como o que vemos com a telefonia, dentre tantos outros
exemplos.

Tudo isso gerou e tem gerado transformações colossais no espaço


geográfico mundial, as indústrias buscam a inovação, investem em
novas tecnologias, em especial naquelas que poupem mão-de-obra
como a robótica, o desemprego estrutural se expande. Antigas
regiões industriais entram em decadência com o processo de
desconcentração industrial, surgem novas regiões industriais. Surge
a fábrica global, que se constitui na estratégia utilizada pelas
grandes empresas internacionais de produzir se utilizando das
vantagens comparativas que oferecem os variados países do
mundo. A terciarização, também torna-se algo comum, como o que
ocorre com empresas de calçados como a NIKE, que não tem um
único operário em linhas de produção, pois não produz apenas
compra de empresas menores.

Fruto também da revolução tecnocientífica informacional, surgem


os chamados Tecnopólos, locais, que podem ser cidades ou até
mesmo bairros onde se instalam empresas de alta tecnologia como
uma Microsoft, em geral associadas a instituições de pesquisa
como universidades. É o caso do Vale do Silício nos EUA,
Tsukuba no Japão, e cidades como Campinas e São Carlos no
Brasil.

Resultados da Revolução Industrial


O século XIX significou o século da hegemonia mundial inglesa.
Durante a maior parte desse período o trono inglês foi ocupado pela
rainha Vitória (1837-1901), daí ter ganho a denominação de era
vitoriana. Foi a era do progresso econômico-tecnológico e,
122 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

também, da expansão colonialista, além das contínuas lutas e


conquistas dos trabalhadores.

Na busca de novas áreas para colonizar, a Revolução Industrial


produziu uma acirrada disputa entre as potências, originando
inúmeros conflitos e um crescente armamentismo que culminariam
na Primeira Guerra Mundial, iniciada em 1914.

A era do progresso industrial possibilitou a transformação de todos


os sectores da vida humana. O crescimento populacional e o
acelerado êxodo rural determinaram o aparecimento das grandes
cidades industriais: Londres e Paris, que em 1880 já contavam,
respectivamente, com 4 e 3 milhões de habitantes. Esses grandes
aglomerados humanos originaram os mais variados problemas de
urbanização: abastecimento de água, canalização de esgotos,
criação e fornecimento de mercadorias, modernização de estradas,
fornecimento de iluminação, fundação de escolas, construção de
habitações, etc.

No aspecto social, estabeleceu-se um distanciamento cada maior


entre o operariado (ou proletariado), vivendo em condições de
miséria, e os capitalistas. Separavam-se em quase tudo, no acesso à
modernidade, nas condições de habitação e mesmo nos locais de
trabalho: nas grandes empresas fabris e comerciais, os proprietários
já não estavam em contacto directo com os operários, delegando a
outros administradores as funções de organização e supervisão do
trabalho.

O mercado de trabalho, a princípio, absorvia todos os braços


disponíveis. As mulheres e as crianças também eram atraídas,
ampliando a oferta de mão-de-obra e as jornadas de trabalho
oscilavam entre 14 e 18 horas diárias. Os salários, já insuficientes,
tendiam a diminuir diante do grande número de pessoas em busca
Geografia Agrária e Industrial 123

de emprego e da redução dos preços de venda dos produtos


provocada pela necessidade de competição. Isso sem contar que as
inovações tecnológicas, muitas vezes, substituíam inúmeros
trabalhadores antes necessários à produção.

Aumento das horas de trabalho, baixos salários e desemprego


desembocavam frequentemente em greves e revoltas. Esses
conflitos entre operários e patrões geraram problemas de carácter
social e político, aos quais, em seu conjunto, se convencionou
chamar de questão social. Os trabalhadores organizaram-se, então,
em sindicatos para melhor defenderem os seus interesses: salários
dignos, redução da jornada de trabalho, melhores condições de
assistência e segurança social, etc. Diante desse quadro surgiram as
novas doutrinas sociais, pregando a criação de uma nova sociedade,
livre da miséria e da exploração reinante.

Sumário
A Europa foi palco da Revolução Industrial, nela encontram-se as
mais antigas áreas industriais do mundo. Vários fatores
contribuíram para isso:

- abundância de mão-de-obra (com o crescimento das


cidades), e ampliação do mercado consumidor, estimularam
a criação de indústrias.

- o acúmulo de riquezas oriundas da exploração


colonial que forneceram durante séculos, ouro e prata
para o continente, seguido do fornecimento de
matérias-primas industriais.

Ela apresenta várias fases:


Século XVIII e XIX - I Revolução industrial (1776 – Máquina a
vapor - Reino Unido). Século XIX, XX - II Revolução Industrial
124 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

(1860 – Invenção do motor a combustão, utilização do petróleo e


da energia eléctrica) Século XX e XXI - III Revolução Industrial
(Pós-2ª Guerra – Informática, telecomunicações, robótica).

Exercícios

1. Com relação à industrialização do mundo, da fase original


ou clássica até a revolução técnico-científica, analise os
itens a seguir.
I. A indústria moderna, que surgiu com a Revolução Industrial
(segunda metade do século XVIII), caracteriza-se por uma grande
divisão do trabalho, com a consequente especialização do
trabalhador em uma determinada actividade.
II. A Segunda Revolução Industrial teve como destaque as
indústrias siderúrgica, metalúrgica, petroquímica e automobilística,
que utilizavam máquinas complexas, aumentando a produção.
III. A passagem da Segunda Revolução Industrial para a Terceira
Revolução Industrial fez com que o modelo industrial que
predominou durante quase todo o século XX passasse por um
progressivo declínio, perdendo terreno para os sectores de
informática, robótica, biotecnologia, telecomunicações e outros,
cujo centro está nos países desenvolvidos.
É correcto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) III, apenas.

e) I, II e III.

2. Apresente os principais resultados da Revolução Industrial.

Entregue o exercício 1
Geografia Agrária e Industrial 125

Unidade XVI
Classificação das indústrias
Introdução
A unidade debaterá a classificação das indústrias: indústria de bens
de produção ou de base (pesada), indústria de bens de capital,
indústria de bens de consumo (leves), indústrias germinativas,
indústrias de ponta, indústrias tradicionais, indústrias dinâmicas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Distinguir os diferentes tipos de indústria;

 Analisar a classificação de acordo com a natureza dos bens


Objectivos produzidos;

 Analisar a classificação segundo a função;

 Analisar a classificação segundo a tecnologia.

Classificação das Indústrias

A localização das indústrias também depende do tipo de indústria a


ser instalada.

Indústria de bens de produção ou de base (pesada): transformam


matérias-primas ou energia em produtos que vão ser usados pelas
indústrias de bens de capital ou de consumo. Por isso elas se
localizam perto das fontes fornecedoras ou dos postos e ferrovias,
onde fica fácil a recepção das matérias e a saída da produção. Ex:
as siderúrgicas, as metalúrgicas e as petroquímicas.

Indústria de bens de capital: esse tipo de indústria produz


máquinas e equipamentos que serão utilizados pelas indústrias
126 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

leves ou pesadas. Essas indústrias se localizam principalmente


perto de seus consumidores, nos centros industriais.

Indústria de bens de consumo (leves): produzem produtos duráveis


(móveis, electrodomésticos, automóveis, etc) ou não-duráveis
(alimentos, bebidas, etc). Essas indústrias abrigam a maior parte
dos trabalhadores, e atinge um amplo mercado consumidor.
Portanto, encontra-se nas cidades médias, ou em centros urbanos. A
produção destina-se a população em geral.

Então vimos que, dependendo do tipo de indústria, leve ou pesada,


ela pode se instalar nos centros urbanos ou não. Sempre é
necessário se localizar em regiões que atingirá mais facilmente os
consumidores.

Essa classificação, de acordo com a natureza dos bens produzidos,


é a mais utilizada. Mais existe outras formas de se classificar as
indústrias. Vejamos:

Segundo a função:

Indústrias germinativas: elas geram o aparecimento de outras


indústrias, como a petroquímica.

Indústrias de ponta: são as indústrias dinâmicas, que comandam a


produção industrial. Ex: automobilística

Segundo a tecnologia:

Indústrias tradicionais: são empresas que ainda estão ligadas com a


primeira revolução industrial. Geralmente são empresas familiares,
e existem algumas dessas ainda no Brasil.

Indústrias dinâmicas: usam muita tecnologia e capital, e pouca


força de trabalho. Está ligada com o desenvolvimento mais recente
da química e electrónica. Operam em economia de escala.
Geografia Agrária e Industrial 127

Sumário
As indústrias podem ser classificadas com bases em vários
critérios, em geral o mais utilizado é o que leva em consideração o
tipo e destino do bem produzido: indústrias de base, indústrias de
bens de capital ou intermediárias e indústrias de bens de consumo
que subdividem-se em bens duráveis e bens não duráveis.

Se levarmos em consideração outros critérios como por exemplo:

1-Maneira de produzir: indústrias extractivas, indústrias de


processamento ou beneficiamento, indústria de construção,
indústria de transformação ou manufactureira.

2-Quantidade de matéria-prima e energia utilizadas: indústrias


leves, indústrias pesadas.

3-Tecnologia empregada: indústrias tradicionais, indústrias


dinâmicas.

Exercícios
1. Mencione os critérios para a classificação das indústrias.

2. Classifique a indústria de acordo com a natureza dos bens


produzidos;

3. Classifique a indústria segundo a função;

4. Classifique a indústria segundo a tecnologia.

Entregue os exercícios 1 e 2
128 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade XVII
O papel dinamizador da Indústria
na economia mundial
Introdução
A presente unidade falará sobre a influência económica da indústria
no mundo, visto ser ela a principal actividade económica
dinamizadora do desenvolvimento.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar o papel da indústria no desenvolvimento económico;

 Demonstrar a influência da indústria na economia nas diferentes


Objectivos fases da sua evolução;

 Analisar comparativamente os monopólios e oligopólios.

As origens do processo de industrialização remontam ao século


XVIII, quando na sua segunda metade, emergem na Inglaterra,
grande potência daquele período, uma série de transformações de
ordem económica, política, social e técnica, que convencionou-se
chamar de Revolução Industrial.

Hoje esse processo já é conhecido como 1ª Revolução Industrial,


pois nos séculos XIX, e no XX, novas transformações geraram a
emergência das 2ª e 3ª Revoluções Industriais.

As transformações de ordem espacial a partir da indústria foram


enormes, podemos citar como exemplo as próprias mudanças
ocorridas na Inglaterra do século XIX, onde a indústria associada a
modernização do campo, gerou a expulsão de milhares de
camponeses em direcção das cidades, o que gerou a constituição de
Geografia Agrária e Industrial 129

cidades industriais que nesse mesmo século ficaram conhecidas


como cidades negras, em decorrência da poluição atmosférica
gerada pelas indústrias. Além disso, ocorreu uma grande mudança
nas relações sociais, as classes sociais do capitalismo ficaram mais
claras, de um lado os donos dos meios de produção (burguesia),
que objectivavam em primeiro lugar lucros cada vez maiores,
através da exploração da mão-de-obra dos trabalhadores que
ganhavam salários miseráveis, e trabalhavam em condições
precárias, esses por sua vez constituindo o chamado proletariado,
(classe que vende sua força de trabalho em troca de um salário),
que só vieram conseguir melhorias a partir do século XX, e isso
fruto de muitas lutas, através de greves que forçaram os patrões e
Estados a concederem benefícios a essa camada da sociedade.

O avanço da indústria, especialmente a partir do século XIX, deu-


se em direcção de outros países europeus como a França, a Bélgica,
a Holanda, a Alemanha, a Itália, e de países fora da Europa, como
os EUA na América e o Japão na Ásia, a grosso modo esses países
viriam a ser no século vindouro, as potências que iriam dominar o
mundo, em especial os EUA, que hoje sem sombra de dúvidas são
a maior potência não apenas económica, industrial, mas também
militar do planeta.

A partir do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial,


países do chamado terceiro mundo, também passaram por
processos de industrialização, como é o caso do Brasil. Nesses
países foi muito marcante a presença do Estado nacional no
processo de industrialização, e das empresas multinacionais
(empresas estrangeiras), que impulsionaram esse processo, e
fizeram que alguns países da periferia do mundo hoje sejam
potências industriais. Só que diferentemente do que ocorreu nos
países do mundo desenvolvido, a industrialização não resultou
necessariamente na melhoria de vida das populações, ou no
desenvolvimento do país, pois esse processo nos países
subdesenvolvidos se deu de forma dependente de capitais
130 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

internacionais, o que gerou um aprofundamento da dependência


externa, como o que é expresso através das dívidas externas, além
do que, as indústrias que para cá vieram por já serem relativamente
modernas não geraram o número de empregos necessários para
absorver a mão-de-obra cada vez mais numerosa que vinha do
campo para as cidades, isso fez com que ocorresse um processo de
metropolização acelerado, que não foi acompanhado de
implantação de infra-estrutura e da geração de empregos, o que
gerou um dos maiores problemas dos países subdesenvolvidos hoje
o inchaço das grandes cidades, com os problemas decorrentes do
mesmo.

Oligopólios e Monopólios

Segundo Miranda (2011) Em economia, monopólio (do grego


monos, um + polien, vender) é como se denomina a situação em
que uma empresa detém o mercado de um determinado produto ou
serviço, impondo preços aos que comercializam. Uma forma
evoluída de monopólio são os chamados oligopólios.
Os monopólios podem surgir, devido a características particulares
de mercado ou devido a regulamentação governamental, também
conhecido como monopólio coercivo.
O monopólio existe quando há um vendedor no mercado para um
bem ou serviço que não tem nenhum substituto e quando há
barreiras na entrada de empresas que tencionem vender o mesmo
bem ou um bem substituto. Estas barreiras protegem o vendedor da
concorrência. Tal como no caso de concorrência perfeita os
exemplos de monopólio na sua forma pura são raros, mas a teoria
do monopólio elucida o comportamento de empresas que se
aproximam de condições de monopólio puro. Ter o poder de
monopólio significa simplesmente o vendedor ter algum controle
sobre o preço do produto.
Geografia Agrária e Industrial 131

A fonte básica de monopólio puro é a presença de barreiras de


entrada, de onde se destacam: a) economias de escala; b) patentes;
e c) propriedade exclusiva de matéria-prima.
Existe a economia de escala quando empresas novas tendem a
entrar em mercados a níveis de produção menores do que empresas
estabelecidas. Se a indústria é caracterizada por economias de
escala (custos médios decrescem com o aumento no volume de
produção), os custos médios da empresa nova serão mais altos do
que os custos médios de uma empresa estabelecida.
Propriedade exclusiva de matéria-prima significa a protecção às
empresas da entrada de novas empresas, pelo seu controle das
matérias-primas.
Para De Plácido e Silva o vocábulo monopólio é “derivado do
latim monopolium, de origem grega (monos – só e poliem –
vender), quer exprimir o regime em que se dá o direito ou a
faculdade a uma pessoa ou a um estabelecimento para que, com
exclusividade, produza e venda certas espécies de produtos.
O monopólio, assim, que tanto pode ser de direito, como de fato,
visa a subtrair uma soma de negócios ou de operações ao regime
da livre concorrência ou à lei da procura e da oferta, facultando
ao monopolizador em se tornar o exclusivo senhor da praça.
O monopólio diz-se de direito, quando é fundado numa autorização
legal. É de fato, quando resulta de circunstâncias de ordem
económica ou administrativa”. SILVA (2004:927)
A palavra monopólio quer dizer posse, direito ou privilégio de
somente uma pessoa ou empresa.
O monopólio é então uma forma de mercado nas economias
capitalistas, no qual uma empresa domina a produção e a oferta, de
certo produto ou serviço que só ela tem.
A empresa fica com um poder muito grande no mercado. Como
somente ela possui ou vende determinado produto, estabelece o
preço de acordo com seus interesses de lucro, que geralmente são
muito elevados. Isso prejudica os compradores. Às vezes a empresa
132 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

exige, dos compradores que desejam adquirir o produto, o


pagamento antecipado e não determina com precisão o prazo de
entrega.
Percebe-se que o monopólio é um abuso. É prejudicial ao mercado
consumidor.
Assevera De Plácido e Silva que o oligopólio “designa a situação
do mercado dominada por reduzido número de produtores, cada
qual bastante forte para influenciá-lo, mas não o suficiente para
desprezar a concorrência”. SILVA (2004:980)
Oligopólio é uma situação de mercado nos países capitalistas onde
existem poucos e grandes produtores de certa mercadoria ou
serviço.
O oligopólio se forma principalmente nas actividades económicas
que exigem grandes investimentos, ou aplicações de dinheiro.
Quando as empresas que constituem um oligopólio se juntam
através de acordo e decidem, tirar o maior proveito para si do
mercado consumidor, elas formam um cartel. Com isso elas obtêm:
a) maiores lucros, pois combinam entre si o preço de venda ao
consumidor; não há entre elas diferenças de preço de venda,
obrigando assim o comprador a não discutir preço; b) controle das
fontes de matérias-primas. Nesse caso, combinam entre si o preço
que devem pagar ao vendedor de matéria-prima; c) dividem entre si
o espaço territorial que cabe a cada empresa do cartel para realizar
seus negócios.

Sumário
As diferentes fases da evolução da indústria marcaram,
respectivamente, diferentes estágios de desenvolvimento
económico dos países e blocos regionais, pelo facto da
industrialização ser o motor do crescimento económico e por sua
vez o crescimento económico promover a ampliação do horizonte
industrial.
Geografia Agrária e Industrial 133

As regras de mercado proporcionam o surgimento do monopólio


(uma empresa controla a venda de determinado produto, criando
barreiras as outras) e oligopólios (um grupo de empresas une-se
para controlar o mercado, partilhando os benefícios).

Exercícios
1. Explique o papel da indústria no desenvolvimento
económico.

2. Demonstre a influência da indústria na economia nas


diferentes fases da sua evolução;

3. Analise comparativamente os monopólios e oligopólios.


134 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade XVIII
Factores de localização industrial
Introdução
A escolha do local para a instalação dos diferentes tipos de
indústrias obedece a determinados critérios de localização, que
serão debatidos nesta unidade, com destaque para a teoria de
localização de Alfred Weber, que em simultâneo abordou o
conceito de renda económica.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os principais factores da localização industrial;

 Explicar a teoria da localização industrial de Alfred Weber;


Objectivos
 Analisar as vantagens e desvantagens comparativas dos
diferentes factores na escolha do local para instalação da
indústria.

Factor de localização industrial é toda a circunstância que


influencia a localização das indústrias.

Os fundamentos da teoria da localização industrial: Alfred


Weber
Alfred Weber (1909) pretendeu definir uma teoria da localização
industrial, tal como Von Thünen tinha pretendido definir uma da
localização agrícola. Ele definiu-a como sendo parte de um
problema geral de repartição no espaço das actividades económicas
e prolonga-a para uma teoria da evolução das estruturas locais e
regionais.
Geografia Agrária e Industrial 135

Os factores de localização das indústrias


Segundo Ramos & Mendes (2001:6) Weber ao Analisar os factores
que podiam influenciar a localização das indústrias, separou três
que considerou principais, denominando-os de: ponto mínimo de
custos de transporte; distorção do trabalho; forças de aglomeração
ou desaglomeração.
a) O ponto mínimo de custos de transporte é determinado
geometricamente, tendo em conta os dois elementos que
condicionam esse custo, isto é, o peso e a distância. A decisão de
localização tomada pelos responsáveis das empresas depende, em
grande medida, da comparação de preço entre o transporte das
matérias-primas e dos produtos finais. O ponto óptimo que
minimiza estes custos é determinado pelo método dos “triângulos
de localização”, formados pelas linhas que ligam as fontes de
matérias-primas e os centros de consumo. No interior desta
superfície exercem-se forças concorrentes que correspondem umas
à atracção das matérias-primas e outras à atracção dos produtos
finais. No ponto em que se equilibram estas forças, atinge-se o
menor valor das despesas de transporte. Pode ser definido um
“índice de materiais” que corresponde à relação:

Se este índice for superior à unidade, é a atracção das matérias-


primas que é predominante; se for inferior é a atracção dos
produtos finais que condiciona. No entanto, algumas alterações
podem ser admitidas, tendo em atenção o factor mão-de-obra.
b) A distorção do trabalho corresponde à atracção exercida por
centros vantajosos em mão-de-obra. Esta distorção depende
essencialmente das diferenças entre os níveis salariais dos
diferentes locais, considerando a mão-de-obra imóvel e a oferta
ilimitada. A influência deste factor sobre os produtos, por unidade
de peso, mede-se através de um “índice de custo do trabalho”, que
será tanto maior e provocará uma maior distorção, quanto maior for
136 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

o peso da mão-de-obra no processo de produção. Coeficientes de


trabalho elevados, levam a que as indústrias se concentrem
geograficamente e quanto mais baixos forem, maior dispersão
haverá nas indústrias.
c) O nível de concentração atingido cria, por si só, um campo de
forças de aglomeração ou de desaglomeração. O primeiro consiste
em economias de aglomeração, resultantes do reagrupamento
geográfico das empresas em termos de produção e de escoamento
(existência de preços mais favoráveis, melhores adaptações às
condições do mercado, integração de maior número de unidades
fabris). O segundo traduz-se num aumento das rendas fundiárias
provocado por uma concentração excessiva, que reduz os locais
disponíveis e faz aumentar o preço dos solos.
O resultado da intervenção destas forças definirá a “densidade
industrial” e poderá provocar variações relativamente à localização
que os dois primeiros factores, transportes e trabalho, teriam
tornado preferencial. A sua influência será maior nas indústrias
com produtos de grande valor acrescentado e poderá ser medida
por um “coeficiente de produção”. De uma maneira geral, as
indústrias de elevado coeficiente de produção têm tendência para se
aglomerarem.

Diante desse contexto são observados diversos factores para a


criação e implantação de uma indústria, dentre os principais estão:
Capitais: não é possível instalar e colocar em funcionamento uma
indústria sem recursos financeiros, pois são esses que dão subsídio
para a construção da edificação, para obter a área, aquisição de
equipamentos e máquinas e todos os recursos necessários para o
início da produção.

Energia: para a execução da prática industrial é indispensável à


utilização de energia para mover as máquinas e equipamentos, ao
escolher um local para instalação de um empreendimento é preciso
verificar qual fonte enérgica está disponível e a quantidade
Geografia Agrária e Industrial 137

oferecida, uma vez que essa tem que ter um número abundante,
pois o custo de instalação é muito elevado e não pode haver falta de
tal recurso no processo produtivo.

Mão-de-obra: além dos itens citados, outro elemento que é de


extrema importância nesse processo é a mão-de-obra, pessoas que
vendem sua força de trabalho em troca de um salário que deve
garantir a manutenção do trabalhador e de sua família, devido a
essa dependência humana as indústrias geralmente se encontram
estabelecidas em grandes centros urbanos que aglomeram um
grande contingente populacional, isso se torna favorável, pois
quanto maior a oferta de proletários menores são os salários pagos
(lei da oferta e da procura), pois temendo perder os empregos
muitos se submetem a receber baixas remunerações. Outro motivo
que favorece a implantação de empreendimentos industriais em
grandes núcleos urbanos é a existência de trabalhadores com
qualificação profissional, pois nas cidades maiores estão os
principais centros de difusão de informação e tecnologia como as
emissoras de TV, rádio, além de universidades e centros de
pesquisas.

Matéria-prima: esse item ocupa um lugar de destaque no processo


produtivo, pois é a partir dessa que será agregado um valor
correspondente ao resultado do trabalho e automaticamente o lucro
da produção. Diante da importância, essa deve permanecer o mais
próximo possível, pois quanto mais perto ela se encontra menores
serão os custos com o transporte entre a fonte fornecedora e a
processadora, esse fato diminui o custo final e garante o aumento
da lucratividade que é a intenção e objectivo maior, principalmente
se tratando da sociedade capitalista.

Mercado consumidor: a escolha em estabelecer-se próximo aos


núcleos urbanos é proveniente da proximidade entre a indústria e os
possíveis consumidores em potencial, desse modo evitam grandes
138 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

gastos com transporte, além de dinamizar o seu fluxo até os centros


de distribuição.

Meios de transporte: um sistema de transportes é de extrema valia


para a produção e distribuição industrial, nesse caso é preciso que
haja uma boa infra-estrutura que possibilite uma logística dinâmica
e que atenda a demanda de fluxo de matéria-prima até às indústrias
e dessas até o consumidor. A integração de todos os meios de
transporte é primordial para o processo de globalização, pois
oferece condições de circulação de pessoas, capitais, mercadorias e
serviços.

Sumário
O crescimento industrial implicou diretamente na questão de se
buscar a melhor localização industrial (produzir mercadoria pelo
menor custo e com o maior lucro).

Dentre os cinco fatores fundamentais para a localização


industrial: transporte, matéria-prima, energia, mão-de-obra e
mercado consumidor, o transporte foi decisivo para determinar
a localização da maior parte das indústrias.

Exercícios
1. Identifique os principais factores da localização industrial.

2. Apresente os fundamentos da teoria da localização


industrial de Alfred Weber;

3. Analise as vantagens e desvantagens comparativas dos


diferentes factores na escolha do local para instalação da
indústria. A comparação tem de ser feita com base em dois
(2) factores de cada vez

Entregue os exercícios 2 e 3
Geografia Agrária e Industrial 139

Unidade XIX
As grandes regiões industriais no
mundo
Introdução
Nesta unidade falaremos sobre os focos da industrialização do
mundo, particularmente na Europa, América e os Tigres Asiáticos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as grandes regiões industriais do mundo;

 Explicar o rápido progresso industrial na Europa;


Objectivos
 Caracterizar as economias industriais na América;

 Compreender a formação e o papel dos Tigres Asiáticos.

As grandes concentrações industriais na Europa

O trecho ocidental da Europa, que envolve principalmente a


França e o Reino Unido, é considerado uma das regiões mais
industrializadas de todo o planeta. Vários aspectos beneficiam o
grande desenvolvimento económico industrial desses países. Entre
eles destaca-se e presença de recursos minerais e energéticos, como
as jazidas de carvão mineral no Reino Unido, os depósitos de
petróleo no mar do Norte e as jazidas de ferro e bauxita na França.
Este país conta ainda com uma grande capacidade hidroeléctrica
disponível, a partir dos rios que descem dos Alpes e dos Pireneus.
Os principais centros industriais dessa parte da Europa estão
instalados junto a grandes cidades, como Londres e Manchester, no
Reino Unido, e Paris, Lyon e Marselha, na França, e contam com
as mais diversas actividades industriais – siderurgia, metalúrgica,
140 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

química, e petroquímica, aeronáutica, electrónica, têxtil e


alimentícia.

Na porção central da Europa, o país que mais se destaca é a


Alemanha, actualmente o mais industrializado de todo o continente.
Com mais de 80 milhões de hab. E intensamente urbanizado, é
considerado um dos países mais desenvolvidos do planeta, com
uma renda per capita que supera a marca dos 25.000 dólares anuais.
O mais importante recurso natural existente na Alemanha, que
favoreceu todo o seu processo de desenvolvimento industrial, é o
carvão mineral. As jazidas distribuem-se por diferentes pontos do
país, porém com maior concentração na região drenada pelas águas
do rio Reno e de seu afluente, o Ruhr.
Graças à presença dessa importante fonte de energia é que a região
conhecida como Vale do Rhur se tornou a de maior concentração
industrial da Alemanha, em particular do sector siderúrgico. Nesse
Geografia Agrária e Industrial 141

vale, com pouco mais de 5 mil Km2 e 8 milhões de habitantes,


localizam-se importantes pólos urbanos industriais, como Colônia,
Dortmund e Essen. Na verdade, em todo o Vale do Reno
observamos hoje a expansão do parque industrial alemão, com uma
grande variedade de sectores industriais: metalúrgico, mecânico, de
máquinas e equipamentos, químico, petroquímico, automobilístico,
electrotécnico e farmacêutico, entre outros.

Na porção meridional do continente europeu, o país mais


industrializado é a Itália, cujo desenvolvimento industrial ocorreu
de forma acelerada no período do pós-guerra, apesar de seu
território não contar com importantes recursos naturais que
pudessem favorecer a industrialização.
A rapidez da industrialização italiana só foi possível pela
participação directa e efectiva do Estado, que facilitou o processo
através de medidas de estímulo fiscal e da criação de infra-
estrutura, bem como por meio da instalação de grandes empresas
142 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

industriais estatais, particularmente voltadas para os sectores da


indústria de base, como a siderurgia e a petroquímica.
Tudo isso esteve aliado `a entrada maciça de capitais estrangeiros
na forma de investimentos directos, com a instalação de indústrias
transnacionais, e de investimentos indirectos, na forma de
aplicações no mercado financeiro italiano.
Também muito contribuiu para esse desenvolvimento industrial a
entrada de divisas por meio do turismo, uma das actividades mais
significativas da economia italiana.
A principal área de concentração industrial da Itália, responsável
por cerca de 70% de toda a produção industrial do país, é o Vale do
Pó, no norte, uma extensa planície cortada de oeste para leste pelo
rio Pó. Aí se destacam importantes pólos indústrias, como Milão,
Turim e Génova, com produções diversificadas, a exemplo dos
sectores siderúrgicos, químicos, petroquímico, de pneumáticos,
automobilístico e outros.
No leste da Europa existem dois países que se destacam na
actividade industrial: a Rússia e a Ucrânia, cuja produção ainda
reflecte o longo período – mais de 70 anos – em que essas duas
nações tiveram economia socialista. Assim, o parque industrial se
volta fundamentalmente para o sector de bens de produção, e as
indústrias de base se espalham por todo o território, especialmente
junto às áreas mais ricas em recursos minerais e de fontes de
energia.
Geografia Agrária e Industrial 143

De união soviética a Rússia: ascensão e queda de uma


superpotência

Na década de 70, as economias capitalistas desenvolvidas, movidas


por acirrada competição, protagonizaram saltos tecnológicos,
principalmente com a robótica e a informática, atingindo um
elevado grau de produtividade e de competitividade. Como
resultado da chamada Terceira Revolução Industrial ou revolução
técnico-científica, esses países, com destaque para os Estados
Unidos, Japão e Alemanha, passaram a produzir bens cada vez
mais sofisticados e baratos. Na União Soviética, a economia era
planificada e estatizada, portanto, não concorrencial e cada vez
mais burocratizada. Além disso, o país historicamente priorizou a
indústria de base e o sector bélico e aeroespacial, não
acompanhando os rápidos avanços atingidos pelos países
capitalistas desenvolvidos. Apresentava, portanto, uma crescente
defasagem nos indicadores de produtividade. A escassez de bens de
consumo provocava enormes filas e a população reclamava
também da péssima qualidade dos bens à venda. Na década de 80, a
crise já era muito grave. Com a eleição de Ronald Reagan, os
144 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Estados Unidos elevaram muito seus gastos com armas, forçando a


União Soviética a fazer o mesmo, agravando ainda mais a crise que
o país atravessava. Gorbatchev, ao assumir o cargo de secretário-
geral do PCUS, diferentemente de seus antecessores, passou a
admitir publicamente que o país vivia uma grave crise. Em seu
livro Perestroika – novas ideias para o meu país e o mundo, ele fez
uma crítica ao regime soviético e defendeu uma série de mudanças.
Logo em seguida, anunciou várias reformas de cunho
modernizante, tanto no plano político como no económico.
Perestroika designava um conjunto de medidas económicas de
cunho reformista idealizadas para reestruturar a combalida
economia soviética, modernizando-a.

As principais concentrações industriais na Rússia estão na região


de Moscou, capital do país, onde está o maior mercado consumidor
e a maior concentração de mão-de-obra, com predominância de
indústrias de bens de consumo, e na região dos Montes Urais,
devido à grande disponibilidade de recursos minerais, com a
predominância de indústrias de base.

Industrialização na América

Estados Unidos: o processo de industrialização da superpotência

Uma combinação de factores de ordem política, social, económica,


cultural e natural explica a industrialização dos Estados Unidos,
concentrada inicialmente no nordeste do país. A hegemonia política
e económica do modelo de sociedade originado das colónias de
povoamento, a hegemonia da burguesia nortista após a Guerra de
Secessão, leis que favoreceram a entrada de imigrantes, que
constituíram uma ampla reserva de mão-de-obra e um amplo
mercado consumidor, a enorme disponibilidade de minérios e
combustíveis fósseis, o fortalecimento da ética do trabalho entre a
população, a facilidade de escoamento da produção pelos Grandes
Geografia Agrária e Industrial 145

Lagos, ligados com o oceano através de rios, entre outros factores.


O fato de o norte das treze colónias ter nascido sem importância
para o Reino Unido fez com que essa metrópole exercesse um
controle pouco rígido sobre a região, em comparação ao que
exercia em suas outras colónias, como a Índia ou as da África e do
Caribe, muito mais importantes do ponto de vista económico. Isso
ocorreu porque o norte das treze colónias não tinha muita coisa
valiosa a oferecer aos colonizadores. Não tinha clima tropical para
a introdução de plantations, não tinha metais preciosos, nem era
estratégico, daí o controle flexível. Isso foi de suma importância
para os Estados Unidos, pois acabou criando as condições para a
separação e, posteriormente, para a industrialização dessa região,
que, com o passar do tempo, tornou-se a mais importante dentro do
território norte-americano.

O fim da Guerra de Secessão, com a vitória nortista, marcou a


hegemonia da burguesia urbano-industrial ascendente sobre a
aristocracia rural-agrária do sul. Com a vitória nortista, a burguesia
impôs seu modelo de sociedade e seus interesses ao restante do
país. Passou a controlar o Estado norte-americano e, interessada em
ampliar o mercado consumidor para seus produtos, acabou com a
escravidão, desenvolveu uma política de doação de terras no Oeste,
uma política de modernização do campo etc. Essas medidas
colaboraram para a industrialização do país.

As principais concentrações industriais estão no nordeste do país,


desde a costa litorrânea até o sul dos Grandes Lagos. Apesar da
descentralização recente, essa ainda é a região mais industrializada
dos Estados Unidos.Com o exagerado crescimento das megalópoles
do nordeste dos Estados Unidos, gradativamente foi havendo uma
elevação dos custos gerais de produção. A descentralização no pós-
guerra é uma tentativa de baixar custos de produção, garantindo,
portanto, maiores lucros. As regiões que mais se beneficiaram
dessa tendência foram o Sul e o Oeste. As cidades que mais têm
crescido nos Estados Unidos são Orlando, Dallas, Houston, Seattle,
146 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Phoenix, Portland, Atlanta etc. As indústrias de alta tecnologia-


microeletrônica, informática, biotecnologia etc – típicas da actual
revolução técnico-científica, tendem a se localizar em torno de
centros de pesquisa e de universidades, pois necessitam de mão-de-
obra altamente qualificada. Poderíamos citar como exemplo o
tecnopólo do Vale do Silício, a maior concentração mundial dessas
indústrias, localizado ao sul de São Francisco (Califórnia), que se
desenvolveu em torno da Universidade Stanford.

Os tigres asiáticos

Os tigres asiáticos são expressões usadas para designar países


asiáticos com desempenho económico excepcional a partir da
década 80 e que estruturaram suas economias no sentido de uma
grande participação no mercado externo. Actualmente fazem parte
dos tigres asiáticos oito países sendo que Singapura, Indonésia,
Malásia, Tailândia e Vietna estão localizados no sudeste asiático. E
no extremo oriente se encontram Coreia do Sul, Taiwan e Hong
Kong.

No inicio eram considerados integrantes dos Tigres Asiáticos


somente quatro países (Singapura, Coreia do Sul, Taiwan e Hong
Kong), posteriormente ingressaram os “Novos Tigres” Indonésia,
Malásia, Tailândia e Vietna. Contudo, os Tigres Asiáticos não
formam um bloco económico, pois não possuem bases
institucionais constituídas, como a União Europeia. O crescimento
dessa região se deu por politicas económicas estratégicas, pois fazia
parte de uma espécie de cinturão estratégico, com a qual os Estados
Unidos procuram barrar o aumento da influencia da China
Socialista a partir da década de 60 mas isso não diminui a
importância e a dinâmica do grupo quanto as questões económicas,
comerciais e politicas da região.
Geografia Agrária e Industrial 147

A China e a Coreia do Norte ameaçavam o equilíbrio de poder na


região, por serem países socialistas, o fato de se destacarem na Ásia
representava uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos em
relação ao Japão e seus parceiros. O Japão teve o seu “boom”
económico na década de 1980, quando seu crescimento assombroso
chamou a atenção do mundo para o Extremo oriente. Depois disso,
a ligação entre as nações asiáticas e o Japão, além do carácter
comercial e tecnológico, ganhou nova dimensão: de integração
regional e de interesses comuns. Assim, alguns países se
beneficiaram de uma política de apoio promovida
principalmente pelos Estados Unidos e pelo Japão, os chamados
“Tigres Asiáticos”. Esses países apresentaram em comum,
basicamente, alguns factores que favoreceram a atracção de
recursos externos, o desenvolvimento industrial e a acumulação do
capital.

 A posição estratégica em relação aos países socialistas;


 A super exploração da força de trabalho, favorecida pela
inexistência da maior parte dos direitos trabalhistas
conhecidos no Ocidente, além da restrição à associação
sindical;
 Grande intervenção estatal na economia, principalmente no
sector financeiro;
 Presença de governos autoritários, com cerceamento da
liberdade política;
 Concentração de capital, com formação de poucos
conglomerados, em oligopólios em todas as etapas do
processo produtivo e nos diferentes sectores da economia.

Japão: do nascimento da potência à crise

A era Meiji, que se estende de 1868 a 1912, foi de fundamental


importância para o Japão, porque foi nesse período que o país se
148 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

modernizou. Tendo o Estado como agente indutor do processo de


modernização-industrialização, o Japão emergiu como potência já
no início do século XX. Nesse período, o Estado encarregou-se de
abrir o país ao exterior, de investir em educação, de implantar a
infra-estrutura necessária para a industrialização, de abrir as
primeiras fábricas (que com o tempo foram vendidas aos clãs mais
poderosos do país), de investir na sua capacitação bélica, etc.

No início do século XX, o processo de industrialização japonês


deparou com um problema estrutural que, se não fosse resolvido,
poderia inviabilizá-lo: a escassez crónica de matérias-primas e de
fontes de energia, a limitação de seu mercado interno e a
exiguidade das terras agricultáveis. Na tentativa de solucionar esses
problemas, o Japão trilhou o mesmo caminho já seguido pelos
europeus e norte-americanos, ou seja, procurou expandir-se
territorialmente. O imperialismo japonês apoderou-se de vastos
territórios no leste e sudeste da Ásia: Manchúria e outras partes da
China, Coreia, Hong Kong, Filipinas, Indochina etc. A fase de
maior expansão territorial coincidiu com a Segunda Guerra
Mundial, que, no entanto, também marcou o fim do imperialismo
japonês após a sua derrota. Teve um papel fundamental no
processo de recuperação do Japão no pós-guerra a intervenção
norte-americana, durante o período de ocupação, impondo aos
japoneses uma série de reformas de cunho modernizante, ao mesmo
tempo em que canalizava 2,5 bilhões de dólares (entre 1947-50), a
título de ajuda. Além disso, o país dispunha de numerosa mão-de-
obra, barata e qualificada, que durante muito tempo foi bastante
explorada, possibilitando altos lucros aos industriais.
Paralelamente, o Estado investiu maciçamente em educação,
pesquisa, desenvolvimento e infra-estrutura, actuando ainda na
economia como agente planeador. A reconstrução das fábricas e da
infra-estrutura em bases mais modernas permitiu, num curto
período de tempo, um grande aumento de produtividade. O Japão é,
devido à limitação de seus recursos, um grande importador de
Geografia Agrária e Industrial 149

matérias-primas agrícolas, minerais e fósseis, de energia e de


alimentos, que são, em geral, mercadorias baratas. A muitos desses
produtos primários agrega capitais, tecnologia sofisticada, mão-de-
obra qualificada e bem remunerada, produzindo bens de capital e
de consumo que são exportados em grande escala por preços
relativamente muito maiores, o que lhe permite obter grandes
vantagens no comércio externo. O Japão é um grande exportador
de automóveis, produtos electrónicos em geral, navios, relógios,
motocicletas, produtos fotográficos e cinematográficos, máquinas,
aço etc. As principais concentrações industriais aparecem no eixo
da megalópole japonesa, especialmente no sudeste da ilha de
Honshu. Deve-se destacar, no entanto, as regiões de Tóquio e
Osaka, que juntas concentram cerca de metade da produção
industrial do país.6. O principal tecnopólo japonês é a Cidade da
Ciência de Tsukuba, localizada a uns 60 quilómetros a nordeste de
Tóquio. Sua implantação desde o início (anos 60) ficou sob a
responsabilidade do governo japonês, que ao longo dos anos 70 e
80 construiu diversos centros de pesquisas. Essa é a principal
diferença em comparação com o Vale do Silício, nos Estados
Unidos. Enquanto Tsukuba foi um projecto governamental, no
início toda banca do pelo Estado japonês, o Vale do Silício é, desde
o início, um empreendimento eminentemente privado, dominado
por grandes corporações norte-americanas, como a HP e a Intel.
Actualmente há em Tsukuba 46 institutos governamentais de
educação e pesquisa, entre os quais a Agência Nacional Espacial do
Japão (Nasda), o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
Industrial Avançada (AIST) e a Universidade de Tsukuba. Desde
meados dos anos 80 muitas empresas privadas também têm se
instalado nesse tecnopólo.
150 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

China: “a economia socialista de mercado”

Após a Revolução Chinesa de 1949, com a vitória dos comunistas,


sob a liderança de Mao Tse-tung, implantou-se na China um
regime muito parecido com o da então União Soviética,
superpotência que apoiou o movimento no início. Como resultado,
surgiu a República Popular da China, também conhecida como
China Comunista. Politicamente, estruturou-se uma ditadura de
partido único, com o poder centralizado em Pequim. As actividades
económicas foram quase totalmente estatizadas e planificadas.
Derrotados pelos comunistas, os nacionalistas, sob a liderança de
Chiang Kai-shek e sob a proteção norte-americana, refugiaram-se
em Formosa, fundando a República da China, também conhecida
como Taiwan. Sob a ditadura militar do Kuomintang, organizou-se
na ilha uma das economias capitalistas mais dinâmicas da região,
pois Taiwan é um dos Tigres Asiáticos.Com a morte de Mao Tse-
tung, em 1976, Deng Xiaoping foi indicado para substituí-lo como
secretário-geral do PCC, passando a ser o homem forte do regime.
A partir de 1978, Deng deu início a um processo de abertura
económica que se aprofundou a partir de 1982, com a criação das
primeiras zonas económicas especiais. “Economia socialista de
mercado” é o nome dado pelos líderes chineses a um sistema que
tenta compatibilizar uma economia cada vez mais aberta aos
investimentos estrangeiros e que, por isso, tem de conviver com a
iniciativa privada e mesmo com a propriedade privada, mas que
continua, porém, sob o controle do Estado. As zonas económicas
especiais são porções do território chinês localizadas nas províncias
litorrâneas, onde os capitais privados têm grande liberdade de
actuação. Essas zonas oferecem muitas vantagens ao capital
estrangeiro, que aflui em grande quantidade com o objectivo de
auferir altos lucros. São as regiões mais dinâmicas da economia
chinesa e produzem basicamente bens de consumo para exportação.
A China é a economia que mais cresce no mundo, devido às
grandes vantagens que oferece aos capitais estrangeiros,
Geografia Agrária e Industrial 151

notadamente nas zonas económicas especiais. Os custos de


produção são muito baixos no país, portanto os lucros são muito
altos, devido à enorme disponibilidade de mão-de-obra muito
barata, relativamente qualificada e disciplinada; aos incentivos
fiscais concedidos pelo regime; às facilidades concedidas aos
exportadores; à boa infra-estrutura; ao baixo custo da terra, da
energia, das matérias-primas, entre outros factores. Enquanto a
China como um todo tem crescido a uma média de quase 10% ao
ano desde o início da década de 80, as zonas económicas especiais
têm apresentado taxas maiores de crescimento.

Sumário
 Região Nordeste (EUA) - Também conhecida como manufaturing
Belt. Indústria pesada (siderurgia-aço) e a manufactura, é a mais
extensa e mais antiga.

 Região Renana (Alemanha) - deu início a um forte processo de


industrialização, beneficiando-se de uma grande fonte carbonífera,
favorecendo o desenvolvimento industrial.
 Norte da Itália - O tripé industrial, Turim, Milão, Gênova, mais
Bolonha e Veneza produzem material químico, mecânico e
hidráulico.

 Vale do São Lourenço (Canadá) - É a principal área industrial do


Canadá. Nessa região se produz 70% do volume industrial do país e
concentra metade da população absoluta canadense.

 Ilha de Hondo (Japão) - Nessa ilha, a maior e principal, abriga a


maior concentração industrial do país, onde localizam-se Tóquio,
Nagóia, Osaka. Sendo que as indústrias bordejam o litoral, para
receber matéria -Prima.
152 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Planícies Orientais da China - presença de indústrias leves, fabril,


electrónico e informática. Essa área apresenta facilidade à
exportação (portos) e liberdade alfandegária ZPEs.

Também destacam-se na actividade industrial os Tigres Asiáticos


que são oito países sendo que Cingapura, Indonesia, Malasia,
Tailandia e Vietna estão localizados no sudeste asiático e Coreia do
Sul, Taiwan e Hong Kong no extremo, sendo de realçar o seu papel
no crescimento económico da região.

Exercícios

1. Identifique as grandes regiões industriais do mundo.

2. Explique o rápido progresso industrial na Europa (Reino Unido,


Alemanha, Itália e França).

3. Caracterize a economia industrial dos EUA.

4. Qual é a influencia dos Tigres Asiáticos na economia mundial?

5. É um dos oito “Tigres Asiáticos”. Destaca-se na produção de


bens de alta tecnologia e sectores da computação e das
telecomunicações. Sua expansão industrial foi muito rápida, a
entrada maciça de capital estrangeiro e condições estruturais de
desenvolvimento, favoreceram este quadro. Hoje, é um dos mais
poderosos países emergentes.

O texto acima se refere à:


a) Coreia do Sul b) Hong Kong c) Taiwan
d) Cingapura e) Tailândia
Entregue os exercícios 2, 3 e 4
Geografia Agrária e Industrial 153

Unidade XX
A Indústria, a tecnologia e
modernização
Introdução
A unidade abordará a relação entre a indústria, a tecnologia e a
modernização, visto que estas áreas andam sempre em
consonância, o crescimento de uma implica o crescimento da outra.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Relacionar a indústria, tecnologia e modernização;

 Caracterizar a produção enxuta;


Objectivos
 Descrever o caminho que esta sendo trilhado para a quarta
revolução industria.

A Industria, a tecnologia e modernização

O sistema de produção em massa disseminou-se da indústria


automotiva para outras indústrias e se tornou padrão incontestado
em todo o mundo como a melhor maneira de conduzir os assuntos
empresariais e comerciais. Enquanto o "método americano"
desfrutava de um sucesso irrestrito nos mercados mundiais nos
anos 50, uma empresa automobilística japonesa, lutando para
recuperar-se da II Guerra Mundial, experimentava uma nova
abordagem à produção – cujas práticas operacionais eram tão
diferentes daquelas da produção em massa, quanto esta era dos
primeiros métodos artesanais de produção. A empresa era a Toyota
e seu novo processo gerencial era denominado de produção enxuta.
O princípio básico da produção enxuta é combinar novas técnicas
154 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

gerenciais com máquinas cada vez mais sofisticadas para produzir


mais com menos recursos e menos mão-de-obra.
A produção enxuta além de combinar a vantagem da produção
artesanal e de massa, evita o alto custo da primeira e a
inflexibilidade da última. Para alcançar esses objectivos de
produção, a gerência reúne equipes de trabalhadores com várias
habilidades em cada nível da organização, para trabalharem ao lado
de máquinas automatizadas, produzindo grandes quantidades de
bens com variedades de escolha. A produção é enxuta porque usa
menos de tudo se comparada com a produção em massa – metade
do esforço humano na fábrica, metade do espaço físico, metade do
investimento em equipamentos.
O modo japonês da produção enxuta começa com a eliminação da
tradicional hierarquia gerencial, substituindo-a por equipas
multiqualificadas que trabalham em conjunto, directamente no
ponto da produção. O modelo clássico de Taylor de administração
científica, que defendia a separação do trabalho mental do trabalho
físico e a retenção de todo o poder de decisão nas mãos da
gerência, é abandonado em favor de uma abordagem de equipe
cooperativa, projectada para aproveitar a capacidade mental total e
a experiência prática de todos envolvidos no processo da fabricação
do automóvel.
O conceito de aperfeiçoamento contínuo (chamado de kaizen) é
considerado a chave do sucesso dos métodos japoneses de
produção.
Que, ao contrário do antigo modelo americano, no qual as
inovações eram feitas raramente e, em geral, de uma só vez, o
sistema de produção japonês é constituído para encorajar mudanças
e aperfeiçoamentos constantes, como parte das operações diárias.
Para alcançar o kaizen, a gerência aproveita a experiência colectiva
de todos os seus trabalhadores e valoriza a solução de problemas
em conjunto.
Geografia Agrária e Industrial 155

Emprestando o modelo da produção enxuta dos japoneses, as


empresas americanas e europeias começaram a introduzir suas
próprias modificações na estrutura organizacional, para acomodar
as novas tecnologias da informática. Sob o título amplo de
reengenharia, as empresas estão achatando suas tradicionais
pirâmides organizacionais e delegando, cada vez mais, a
responsabilidade pela tomada de decisão às equipes de trabalho. O
fenómeno da reengenharia está forçando uma revisão fundamental
no modo como os negócios são conduzidos e, com um corte
profundo na folha de pagamento e no processo, eliminando milhões
de empregos e centenas de categorias de trabalho. Enquanto os
trabalhos não qualificados e semiqualificados continuam a ser
cortados com a introdução de novas tecnologias de informação e de
comunicação, outras posições da hierarquia corporativa também
estão sendo ameaçadas de extinção. Nenhum grupo está sendo mais
duramente atingido do que a gerência média. Tradicionalmente, os
gerentes médios tem sido responsáveis pela coordenação do fluxo
acima e abaixo na escada organizacional. Com a introdução de
novas e sofisticadas tecnologias de computador, esses cargos se
tornam cada vez mais desnecessários e caros.
As novas tecnologias da informação e da comunicação têm tanto
aumentado o volume, quanto acelerado o fluxo de actividade em
cada nível da sociedade. A compressão de tempo requer resposta e
decisões mais rápidas para continuar competitivo. Na era da
informação, "tempo" é uma mercadoria crítica e as corporações,
atoladas nos antiquados esquemas gerenciais hierárquicos, não
podem esperar tomar decisões com rapidez suficiente para
acompanhar o fluxo de informações que requerem resolução.
Vejamos o seguinte exemplo: No Victor Company, no Japão,
veículos automatizados entregam componentes de filmadoras e
outros materiais a 64 robôs que, por sua vez, executam 150 tarefas
diferentes de montagem e inspecção. Apenas dois seres humanos
estão presentes no ambiente de fabricação. Antes da introdução das
156 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

máquinas inteligentes e robôs, eram necessários 150 empregados


para fabricar as filmadoras na Victor.

Rumo à Quarta Revolução


As novas máquinas são capazes de realizar funções que vão desde a
extracção de matéria-prima até a distribuição do produto final e a
realização de serviços. Os computadores e robôs não são usados
para criar novos produtos, como os teares a vapor ou os tornos
movidos a motor eléctrico, mas, sim, para desempenhar actividades
antes executadas por pessoas.
As empresas multinacionais e de informatização, ao substituírem a
mão-de-obra humana, contribuem para a eliminação de postos de
trabalho, o que amplia o desemprego. Em muitos ramos, quase
desapareceram os operários tradicionais. Em outras palavras, as
novas tecnologias de produção, somadas a diversas razões de
ordem económica e social, podem levar ao fim de uma sociedade
organizada com base no trabalho humano.
Vale lembrar que, actualmente, o mundo ruma na direcção da
Quarta Revolução Industrial. Estamos ingressando numa revolução
que mobiliza as ciências da vida, sob a forma da biotecnologia,
assim como várias áreas das ciências exactas e de outros ramos do
conhecimento, e que responde pelo nome de nanociência ou
nanotecnologia.

Sumário
O desenvolvimento tecnológico tende a dinamizar o crescimento
industrial e por sua vez a indústria capitaliza novos apetrechos
tecnológicos, financiando pesquisas e absorvendo as novas
invenções, fazendo com que o processo de modernização se torne
célere.
Geografia Agrária e Industrial 157

Exercícios
1. Relacione a indústria, tecnologia e modernização.

2. Caracterize a produção enxuta.

3. Descreva o caminho que esta sendo trilhado para a


quarta revolução industria.

Entregue o exercício 1
158 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade XXI
Industrialização no Sul
Introdução
A presente unidade fala sobre as vicissitudes pelas quais passa a
indústria nos países considerados periféricos, ou seja, a
industrialização no Sul.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever o processo de industrialização no Sul;

 Caracterizar o desenvolvimento industrial nos países periféricos;


Objectivos  Explicar a actuação das multinacionais nos países periféricos;

No contexto de relações multilaterais mundo afora, nota-se que,


dependendo do tipo de indústria, os agentes económicos, ou
empresas como queiram, buscam seus mercados fornecedores de
recursos naturais em recortes precisos, chamados por Raffestin de
Zonas Trunfo (1993).

Uma das características apresentada pela Divisão Internacional do


Trabalho, DIT, é mostrar a especialização de cada nação com base
na sua corrente de comércio (exportação/importação), podendo ser
de acordo com Rosseti (2002:886), matérias-primas, semi-
elaborados ou de utilização final. Com efeito, é perceptível que
aqueles que se enquadram na venda de commodities (matérias-
primas) e compra de industrializados (utilização final), saem
desfavorecidos nesta relação. Ademais, um factor evidenciado na
venda de produtos primários é o impacto que esta exploração pode
Geografia Agrária e Industrial 159

trazer ao ambiente, caso seja de forma descontrolada e


insustentável.

Empresas multinacionais irão buscar seus objectos em outros


recortes territoriais, ocasionando várias consequências negativas
para aquele ocupado, como contaminação de rios, desertificação,
alterações climáticas, e outras tantas por uma necessidade
principalmente económica extra-local. Estes recursos naturais são,
em sua maioria, retirados de países considerados periféricos.

De acordo com Moraes (2005:83), Estados periféricos vivenciam


com frequência uma soberania meramente formal sobre seu
território, não sendo raros os casos de ingerência estrangeira directa
em seus domínios. A situação de subordinação a outros Estados
mais poderosos (de quem se tornam uma espécie de protectorado
informal) e a organismos supranacionais também aparece como
frequentes na periferia.

A condição de periferia se revela na dependência econômica vivida


pelos países periféricos e suas subunidades, que têm interesses
externos. Esse controle político sobre a periferia tem como um de
seus objetivos a utilização atual ou futura de recursos, raros e/ou
escassos, demandada essa possibilidade de acesso aos patrimônios
naturais localizados, em sua maior parte, nos territórios periféricos.

Sumário
O desenvolvimento industrial nos países periféricos difere bastante
dos países desenvolvidos, pois ele é caracterizado por fraco capital
e forte influência estrangeira, com enfoque para as multinacionais.
160 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios
1. Descreva o processo de industrialização no Sul.

2. Caracterize o desenvolvimento industrial nos países


periféricos.

3. Explique a actuação das multinacionais nos países


periféricos;
Geografia Agrária e Industrial 161

Unidade XXII
O crescimento da produção
industrial e a gestão dos recursos
Introdução
A unidade abordará a dicotomia crescimento industrial versus
gestão dos recursos naturais, frisando-se a adopção de políticas que
visem o desenvolvimento sustentável. Este assunto está na ordem
do dia pelo facto do desenvolvimento económico estar intimamente
ligado a exploração massiva dos recursos naturais e a necessidade
de gerir de maneira sustentável os mesmos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Analisar a relação entre o crescimento industrial e a gestão dos


recursos naturais;
Objectivos  Diferenciar os recursos renováveis dos não renováveis;

 Compreender as medidas de gestão dos estoques de recursos


naturais;

 Conceptualizar o custo de uso.

O crescimento da produção industrial e a gestão dos recursos

Ao estabelecermos a relação entre o crescimento da produção e a


gestão dos recursos naturais temos necessariamente que diferenciar
os recursos renováveis e não renováveis.
162 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Recursos Renováveis

Recursos naturais capazes de se regenerarem num curto espaço de


tempo, isto é, à escala da vida humana.

Exemplo de fontes de energia renovável:


 O sol – Energia solar.
 O vento – Energia eólica.
 Os rios e correntes de água doce – Energia hidráulica.
 Os mares e oceanos – Energia mareomotriz e energia das
ondas.
 A matéria orgânica – Biomassa.
 O calor da terra – Energia geotérmica.

As energias renováveis são consideradas alternativas às tradicionais


energias renováveis, tanto pela sua capacidade de regeneração
como pelo seu menor impacto ambiental aquando da sua utilização.

Recursos Não Renováveis

Recursos naturais que uma vez consumidos, não podem ser


repostos, pela natureza, num espaço de tempo razoável,
comparativamente à escala da vida humana. São produtos
resultantes de processos extremamente lentos da litosfera. Tanto os
combustíveis fosseis como os minerais metálicos e não metálicos
são considerados não renováveis, porque a sua capacidade de se
renovarem é muito reduzida comparada com a utilização que deles
fazemos. As reservas destes recursos, ao ritmo que estão a ser
utilizadas, irão ser esgotadas num futuro não muito longínquo.
As energias não renováveis são actualmente as mais utilizadas,
como o petróleo, o carvão e o gás natural. A sua combustão liberta
dióxido carbono (CO2) para a atmosfera, causando o aumento do
Efeito de Estufa, característico do nosso planeta, originando
consequentemente um fenómeno designado por Aquecimento
Global.
Geografia Agrária e Industrial 163

A discussão sobre exaustão de recursos naturais apresenta duas


vertentes de análise, uma financeira e outra social, que irão
determinar sua velocidade de exploração. A primeira centra-se na
maximização de lucros financeiros, a segunda no bem-estar social,
que não é um senso comum entre os diferentes grupos de interesse.
Para alguns, a mensuração é feita via renda, para outros deve-se
levar em consideração factores subjectivos, que são difíceis de
serem quantificados monetariamente. Assim, a gestão de estoque
de recursos naturais pode ter objectivos diversos, como: explorá-lo
de forma a maximizar os lucros de curto prazo; explorá-lo para
obter uma renda sustentável; explorá-lo o mínimo no sentido de
preservá-lo e não explorá-lo a fim de conservá-lo, mudando os
actuais padrões de consumo da sociedade.

Deve-se levar em conta também o tipo de recurso, se renovável ou


não renovável, pois ambos podem ser exauríveis. Alguns recursos
naturais têm uma finalidade específica, entretanto, outros sugerem
usos alternativos. Por exemplo, o petróleo e os recursos minerais,
em geral, possuem uma finalidade económica determinada: servir
como insumo para diferentes produtos. De outra forma, uma
floresta tem diversos usos alternativos: ser totalmente derrubada,
cedendo lugar à agricultura; ser utilizada para o extrativismo ou ter
o crescimento de determinada espécie vegetal estimulado para fins
farmacêuticos ou cosméticos, preservando o ecossistema original (o
que também poderia ser feito com a extracção selectiva e manejada
de madeiras nobres), conjugando esta última actividade com o
turismo ecológico. Logo, a finalidade da exploração dos recursos
naturais terá uma influência na forma de gerir seus estoques.

O gerenciamento de estoques de recursos naturais, que são tratados


como capital, uma vez que geram um rendimento, necessita de um
instrumento teórico analítico independente dos objectivos dos
164 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

grupos de interesse. O conceito de custo de uso pode ter uma


enorme validade nesse sentido.
Dado que o custo de uso é uma variável expectacional, ele será
maior ou menor conforme o objectivo final da gestão do estoque de
capital, determinando sua velocidade de exploração.

Segundo Lustosa (1998:7), citando Keynes, os recursos naturais


podem ser tratados como um equipamento de capital, no sentido
keynesiano, logo são passíveis de aplicação do conceito de custo de
uso. Keynes explicita que é fundamental a utilização do conceito de
custo de uso quando se trata de matérias-primas. “No caso das
matérias-primas, a necessidade de levar em conta o custo de uso é
óbvia; se uma tonelada de cobre for utilizada hoje, não poderá ser
utilizada amanhã, e o valor que o cobre teria para os propósitos de
amanhã deve ser considerado como uma parte do custo marginal”
A exploração será mais acelerada quanto menor for o custo de uso
do conjunto de produtores, contrariamente, quanto maior for média
do custo de uso para os produtores, tanto mais reduzida será a
exploração. São diversos factores que influenciam tais
expectativas.
A indefinição dos direitos de propriedade de alguns recursos
naturais, aliada à falta de regulamentações, torna o custo de uso
muito baixo ou até mesmo negativo, fazendo com que os
produtores o explorem ao máximo, a fim de obterem renda máxima
no curto prazo. As concessões para exploração de determinado
recurso natural, seja ele renovável ou não renovável, podem reduzir
seu custo de uso. Se o tempo da licença de exploração for reduzido
ou a licença estiver para caducar, a empresa que a detém irá
usufruir ao máximo do recurso natural, haja vista que no futuro não
mais poderá fazê-lo. O custo de uso, nesse caso, pode ser negativo.
As concessões devem estar atreladas à preservação do recurso
natural, para que não levem rapidamente ao seu desgaste, ou então
ter prazos longos, tornando-os quase uma propriedade privada.
Geografia Agrária e Industrial 165

A incerteza é, certamente, outro factor que terá influência nas


expectativas dos produtores e repercussão na magnitude do custo
de uso. A possibilidade de substituição do recurso natural por outro
de custo mais baixo, reduz o custo de uso e aumenta a velocidade
de exploração. As pesquisas para descobertas de novas reservas
têm efeito inverso. Dada a incerteza quanto ao resultado das
explorações de novas reservas, o custo de uso eleva-se, pois a
extracção no presente significa exaustão no futuro.
O custo de uso de recursos naturais não renováveis será tanto mais
alto quanto maior forem a sua escassez e a sua necessidade. O
petróleo é um bom exemplo. A partir do momento em que várias
economias capitalistas dependiam da energia gerada por
combustível fóssil e que sua escassez foi comprovada, seu custo de
uso tornou-se alto. Ou seja, aumentaram as expectativas de
rendimentos futuros em relação ao presente. Entretanto, na medida
em que novas reservas de petróleo foram descobertas, inclusive
pela viabilização da extracção por novas tecnologias, e que a matriz
energética dos países foram modificadas, tornando-se menos
dependentes do petróleo, o custo de uso foi caindo.

Em relação aos recursos renováveis, na maioria dos casos, a


magnitude do custo de uso será de acordo com sua velocidade de
renovação. Uma actividade puramente extractiva pode se deparar
com um custo de uso positivo por vários períodos, a depender do
recurso que pretende explorar, pois a exploração actual pode levar
à exaustão futura. Um recurso pesqueiro, como a lagosta, terá um
custo de uso positivo durante sua fase de desova e crescimento. O
desmatamento para extrair madeiras nobres tem um custo de uso
positivo, no sentido de que quanto mais desmatamentos
desordenados, menos madeiras nobres estarão disponíveis e isso
elevará seu custo de uso.
Entretanto, se a terra de uma região de florestas tiver um valor
muito alto, ou uma expectativa de valorização no curto prazo, a
166 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

floresta terá um custo de uso negativo, pois o desmatamento faz


com que a terra seja explorada de outra forma, ou seja, a terra sem
floresta é incorporado ao estoque de capital, considerada um
investimento. É o que ocorreu na Amazónia com a expansão da
fronteira agropecuária, onde o desamamento “tornou a terra
produtiva”, pois o indivíduo adquiria direito de propriedade e
subsídios para implantar a actividade agropecuária.
Como foi visto, o custo de uso pode aumentar ou diminuir de
acordo com as características e finalidades do recurso natural,
entretanto essas alterações podem se dar de maneira artificial, como
numa política onde o objectivo fosse preservar o recurso natural em
questão, a elevação propositada do seu custo de uso teria como
consequência, a curto prazo, a redução de sua exploração e o
aumento de seu preço. No longo prazo, a persistência do preço
mais alto (resultado de manter o custo de uso elevado por vários
períodos de produção) estimularia o desenvolvimento de
tecnologias mais eficientes no uso desse recurso ou o
desenvolvimento de novos materiais que o substituísse.

Pode-se questionar o custo social de tal política, uma vez que o


aumento artificial do preço de um recurso natural elevaria também
o preço dos bens que o tivesse como insumo. Entretanto, esse preço
mais alto seria o preço que a sociedade pagaria por não exaurir o
recurso natural, podendo dar a ele usos alternativos que não
levassem a sua destruição, ou fazendo com que sua conservação
não alterasse o equilíbrio natural do ecossistema ao qual pertence.
A título de ilustração, se uma floresta onde o governo adoptasse
uma política de estímulo à proliferação de mudas de madeiras
nobres, o custo de uso do recurso natural (a madeira nobre) seria
elevado, pois a exploração das madeiras no futuro teria maior
rentabilidade que a extracção de madeiras de baixo valor comercial,
estimulando sua preservação.
Geografia Agrária e Industrial 167

Em relação aos recursos não renováveis, a descoberta de poços de


petróleo no Texas (EUA), nos anos 30, modificou as expectativas
entre os produtores, que passaram a considerar o custo de uso
negativo. O resultado foi um aumento muito rápido na taxa de
exploração do petróleo, fazendo o preço cair em relação ao seu
custo. Assim, o governo teve de actuar no sentido de reverter a
expectativa de custo de uso negativo para estabilizar a produção e
preços da indústria petrolífera norte-americana.
No cálculo do custo de uso, a taxa de desconto intertemporal
utilizada para trazer ao presente o valor do rendimento potencial de
datas futuras, a fim de compará-lo com o valor esperado do
rendimento no presente, é decisiva para a determinação da
velocidade de exploração dos recursos naturais. Há uma taxa de
desconto social, que leva em conta a distribuição dos recursos
naturais entre várias gerações, e a taxa de desconto privada, que
considera os interesses individuais dos empresários. Assim, esta
última é sempre maior que a primeira, levando a um custo de uso
menor e consequentemente a uma exploração mais rápida dos
recursos naturais.

A taxa de juros também terá influência na velocidade de exploração


dos recursos naturais, na medida em que for utilizada como a taxa
de desconto para calcular o custo de uso. Como visto
anteriormente, uma taxa de juros elevada reduz o valor presente do
rendimento esperado se comparado com uma taxa de juros menor.
Ou seja, a taxa de juros guarda uma relação inversa com o custo de
uso, quanto maior a primeira, menor o segundo e vice-versa. Com
um custo de uso baixo, influenciado por altas taxas de juros, há
uma tendência à aceleração da exploração dos recursos naturais, e
uma taxa de juros baixa pode levar a um custo de uso alto,
desestimulando a exploração de tais recursos.
168 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

No caso dos recursos renováveis pode-se identificar, dependendo


de determinadas condições, quatro tipos de custo de uso. O
primeiro é o custo de uso inerente a todas as matérias-primas, que
no caso do recurso renovável vai depender de sua capacidade de
regeneração. Se esta for muito lenta, será considerado um estoque
fixo e assemelha-se aos recursos não renováveis. Entretanto, se
apresentar uma velocidade alta de regeneração, esse tipo de custo
de uso será positivo quando a velocidade de extracção for maior
que a velocidade de regeneração, caso contrário, será negativo. Se
as velocidades se igualarem, significa que o custo de uso inerente a
todas as matérias-primas é zero.

Nesse contexto, a análise do custo de uso de recuperação final


(“user cost of ultimate recovery”), será semelhante à anterior, ou
seja, se a velocidade de extracção for mais alta do que a velocidade
de renovação, haverá um desgaste mais rápido do recurso, gerando
um custo de uso positivo.
Caso contrário, quando a regeneração é mais rápida do que a
extracção, o custo de uso será negativo. Se forem iguais, esse tipo
de custo de uso é zero.
O custo de uso de captação (“user cost of the rule of capture”) será
negativo caso o recurso seja de propriedade indefinida.
Há um quarto tipo de custo de uso, presente em recursos naturais
renováveis que possuem uso alternativo, que será denominado de
custo de uso de utilização secundária. Ou seja, é custo que se tem
por utilizar um recurso abrindo mão não somente de um produto,
mas também por deixar de utilizá-lo em actividades secundárias.

Sumário
O debate sobre crescimento económico e a degradação dos recursos
naturais (renováveis e não renováveis) abrange a questão do gestão
de estoques desses recursos.
Geografia Agrária e Industrial 169

O conceito de custo de uso pode ser aplicado na análise de gestão


de estoques de recursos naturais, pois esses últimos podem ser
considerados um estoque de capital, pois além de gerarem um fluxo
de rendimentos, estão sujeitos a decisões de torná-los líquido
(transformando-os em moeda) ou conservá-los (mantendo o activo
ilíquido).
De maneira geral, se há uma expectativa de rendimentos futuros, o
custo de uso é positivo e haverá maior preocupação com a
preservação para uma futura exploração. Reversamente, se o custo
de uso é negativo, reflectindo uma expectativa de baixos
rendimentos futuros, a exploração do recurso será acelerada para
obter o maior rendimento possível no presente.

Exercícios
1. Analise a relação entre o crescimento industrial e a gestão
dos recursos naturais;

2. Diferencie os recursos renováveis dos não renováveis.

3. Apresente as medidas de gestão dos estoques de recursos


naturais.

4. Fale resumidamente sobre o custo de uso.

Entregue os exercícios 1 e 4
170 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade XXIII
A exploração dos recursos
naturais
Introdução
Nesta unidade, continuamos a abordar a exploração dos recursos
naturais para alimentar os diferentes tipos de indústrias, com o
risco de degradação caso sejam ignoradas as medidas de
conservação.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar a exploração dos recursos naturais para fins


industriais;

Objectivos  Demonstrar as consequências da exploração não sustentável dos


recursos naturais;

 Explicar o papel dos estados e das multinacionais na exploração


dos recursos naturais.

A partir do final do século XIX, começam a surgir os primeiros


trustes (modalidade de concentração e centralização do capital), os
quais dão origem a empresas multinacionais, que correspondem
aquelas que se expandem para além das fronteiras onde surgiram,
algumas tornando-se verdadeiras empresas globais, como é o caso
da Coca-cola.

A grande arrancada das multinacionais em direcção dos países


subdesenvolvidos se deu a partir do pós 2ª Guerra mundial, quando
Geografia Agrária e Industrial 171

várias empresas dos EUA, Europa e Japão, passaram a se


aproveitar das vantagens locacionais oferecidas por esses países.

Hoje a presença de multinacionais já faz parte do quotidiano de


milhões de pessoas no mundo todo, elas comandam os fluxos
internacionais, e em alguns casos chegam a administrar receitas
muito superiores a de vários países do mundo.

As maiores multinacionais do mundo são dos EUA, seguidas de


japonesas e europeias. Empresas desse tipo surgidas em países do
mundo subdesenvolvido ainda são poucas, e não tão poderosas
como dos primeiros.

Na região da África Austral esta sendo desenvolvido um Programa


do NIZA (Instituto Holandês para a África Austral): Paz, Princípios
e Participação – responsabilidade social das multinacionais e
exploração dos recursos naturais na África Austral. Argumenta-se
que “Apesar dos nossos países serem ricos em recursos naturais, a
maioria dos nossos povos sofre por causa da exploração destes
recursos, isto em vez de ela usufruir dos benefícios gerados por
estas riquezas.”
Conjuntamente, tanto no Sul como no Norte, continuaremos a
melhorar e a dar realce ao nosso trabalho para nos tornarmos
participantes mais efectivos na nossa actuação com os governos no
processo de tomadas de decisão, com indústrias e Instituições
Internacionais (União Africana, SADC, EU, o Banco Mundial, o
FMI) de maneira a criar igualdade na governação e diminuir o
poder das multinacionais em influenciar na governação. Isto para
assegurar que indústrias e governos prestem contas e sejam tidos
como responsáveis pelas consequências dos seus actos. Juntos
aspiramos ao seguinte:
Paz: Terminar os conflitos violentos e estabelecer um ambiente
estável e propício a um erradicar da pobreza por meios de um
desenvolvimento socioeconómico justo, equilibrado e sustentável.
172 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Princípios: Desenvolver um conjunto de normas morais e/ou legais


a que os vários actores económicos têm de cumprir, e sob as quais
se lhes possa pedir que prestem contas, conduzindo isto a uma paz
sustentável e a uma justiça económico-social.
Participação: Envolver a sociedade civil nos debates sobre os
efeitos das actividades económicas sobre os meios de subsistência
comunitários e na partilha dos rendimentos gerados pela exploração
dos recursos naturais.
O Programa de ‘Empowerment’ Económico do NiZA tem por
objectivo apoiar as organizações da sociedade civil dos países da
SADC activas na esfera de influenciar e de melhorar as políticas
socioeconómicas de desenvolvimento nos seus países de maneiras a
que estas se tornem social e economicamente mais equilibradas.
O solo, as águas e as florestas dos países da África Austral são
muito ricos em recursos naturais, mas a maioria da população sofre
por causa da exploração destes mesmos recursos em vez de
beneficiar deles.
O ‘Programa de Paz, Princípios e Participação: Responsabilidade
Social das multinacionais e Exploração dos Recursos Naturais’ (o
Programa PPP) pretende melhorar a capacidade das organizações
da sociedade civil na África Austral de modo a permiti-las serem
mais efectivas em lidar com problemas relacionados com a
exploração dos recursos naturais. Isto para promover nas
multinacionais um comportamento social e um sentido de
responsabilidade, e ao mesmo tempo fazer com que haja um
envolvimento das comunidades neste sector para que como
participantes se tornem mais efectivos no processo de tomada de
decisões junto aos governos, organizações internacionais e as
indústrias extractivas que operam nos seus países.
O Programa PPP acredita que os recursos naturais deveriam
contribuir para um desenvolvimento socioeconómico justo e
sustentável na África Austral em vez de servir para financiar
guerras e desigualdades.
Geografia Agrária e Industrial 173

Contudo a extracção do petróleo, do ouro, da madeira e de


diamantes raramente tem servido de motor de crescimento
socioeconómico e de estabilidade. Pelo contrário, muitas vezes a
presença destes recursos naturais tem contribuído para
desigualdades, instabilidade, falta de transparência e conflitos.
Há muitos actores implicados nas consequências da exploração dos
recursos naturais nestes países. Por um lado há um grupo diverso
de governos nacionais, grupos rebeldes, países vizinhos,
organizações multilaterais, como o Banco Mundial, poderes
internacionais como os governos dos EUA ou do RU, companhias
multinacionais potentes, e pequenas companhias dúbias (locais)
que não prestam contas a ninguém. Por outro lado há o grupo de
actores que advoga um comportamento mais responsável no sector
extractivo também é bastante diverso; partindo das Nações Unidas
até às redes de contactos internacionais de advocacia, sindicatos
locais de mineiros, grupos ecológicos, institutos de pesquisas,
empresas de consultorias e organizações de base.

Sumário
O debate sobre a exploração e degradação dos recursos naturais
tem sido a tónica das principais conferências sobre o ambiente e
biodiversidade. A necessidade de um instrumento analítico que
trate a questão de maneira intertemporal, numa economia
monetária e com incertezas, faz resgatar o conceito de custo de uso
elaborado por Keynes. Os recursos naturais, tratados como
estoques de capital, estão sujeitos a decisões de torná-los líquidos
ou de conservá-los ilíquidos, a depender da avaliação ex-ante da
opção de utilizá-los na produção actual ou no futuro.

Exercícios
1. Caracterize a exploração dos recursos naturais para fins
industriais.
174 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

2. Demonstre as consequências da exploração não sustentável dos


recursos naturais.

3. Explique o papel dos estados e das multinacionais na exploração


dos recursos naturais.

Entregue o exercício 1
Geografia Agrária e Industrial 175

Unidade XXIV
A indústria e os problemas
ambientais globais no Mundo
Introdução
Sendo a ultima unidade do módulo falaremos sobre os principais
problemas ambientais causados pela industria e as estratégias que
tem vindo a ser adoptadas para a prevenção e mitigação dos
mesmos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Analisar, individualmente, os principais problemas ambientais


causados pela indústria;
Objectivos  Demonstrar o carácter finito dos recursos naturais;

 Descrever os métodos de prevenção e mitigação.


A indústria altera mais ou menos profundamente o meio ambiente,


especialmente nas regiões onde ela é particularmente desenvolvida.
Substitui e transforma as velhas paisagens agrárias, suscita o
nascimento e a expansão das cidades e implica um grande
desenvolvimento das vias de comunicação (construção de estradas,
vias férreas, canais, túneis, pontes, entre outras).

Mas o grande e grave problema da indústria é o da poluição, nos


seus diversos aspectos: da atmosfera, das águas e do solo, a que se
junta a poluição sonora.
176 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Complexo industrial petroquímico no Sul dos Estados Unidos (Baton Rouge)

As centrais térmicas a carvão, as refinarias de petróleo e a


petroquímica lançam na atmosfera grandes quantidades de gases
tóxicos, nomeadamente óxidos de carbono e anidrido sulfuroso,
enquanto as siderurgias e as fábricas de cimento «vomitam»
extraordinárias quantidades de fumos e poeiras, tornando a
atmosfera pesada e quase irrespirável. Por sua vez, muitas indús-
trias químicas empestam o ar com gases que exalam um cheiro
nauseabundo.

Absorvendo os gases libertados pelas indústrias, as chuvas tornam-


se demasiado ácidas (chuvas ácidas), com a consequente
degradação da vegetação e dos solos.

As paisagens negras

As indústrias ligadas ao carvão e ao ferro geraram paisagens


inconfundíveis, vulgarmente conhecidas por paisagens negras.
Como todos sabemos, dado o elevado peso daqueles produtos e a
consequente dificuldade do seu transporte, que se torna muito caro,
as indústrias que os utilizavam instalaram-se nas proximidades dos
locais de extracção. Assim, as minas de carvão e de ferro,
sobrepujadas de estruturas metálicas e cercadas de montões de
carvão e de escória e de enormes construções fabris, com as suas
altas chaminés a libertar constantemente espessos fumos negros,
Geografia Agrária e Industrial 177

simbolizaram (e ainda simbolizam em muitas regiões) as paisagens


industriais clássicas, de que são exemplo o Centro da Grã-
Bretanha, O Norte da França, o Rur, o Nordeste dos Estados
Unidos, a Ucrânia e muitas outras. Estabelecidas nas proximidades
das minas, as primeiras indústrias (siderurgia, principalmente)
passaram a constituir uma enorme força de atracção para muitas
outras, como as construções mecânicas e a química pesada, esta
última com os seus fumos muitas vezes coloridos e odores às vezes
difíceis de suportar. Deste modo se construíram e alargaram vastos
complexos industriais feios e tristes e envolvidos por uma
atmosfera irrespirável. Vias-férreas utilizadas por longas filas de
vagões, num vaivém incessante, e estradas sobrecarregadas de
camiões criam um ambiente de grande actividade e ruidoso. A
impressão de gigantismo e de estranheza é agravada ainda pela
projecção de fumaças incandescentes e fagulhas, pelo escorrer do
ferro em fusão, pelo martelamento dos lingotes e pelo constante
apitar das locomotivas. Num tecido industrial sombrio, dispõem-se
os alinhamentos de casas para operários, todas idênticas entre si,
construídas com tijolos que rapidamente enegrecem com os fumos
e poeiras.

Fábrica de produtos químicos (Estados Unidos) libertando espessos e perigosos


fumos e gases.

Muitas indústrias (químicas, têxteis, de celulose e outras) lançam


nas águas dos rios, ribeiras, lagos e mares enormes quantidades de
178 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

resíduos de alta toxicidade, provocando enormes prejuízos nos


seres vivos aquáticos. Alguns lagos e rios tornaram-se
biologicamente mortos, devido à forte concentração desses
resíduos.

Poluição dos cursos de agua

Ao infiltrarem-se no solo, as águas industriais poluídas destroem os


microrganismos decompositores, dificultando ou impedindo o
desenvolvimento da flora.

À poluição atmosférica e das águas junta-se a poluição sonora.


Algumas indústrias atingem níveis de barulho intoleráveis para a
vizinhança, como são os casos de muitas indústrias de construções
mecânicas.

Finalmente, as centrais nucleares libertam radiações que, quando


excessivas, se tornam altamente prejudiciais para todos os seres
vivos. Por outro lado, as águas marinhas e continentais servem de
“lixeira” onde são lançados grandes quantidades de detritos
radioactivos altamente perigosos.
Geografia Agrária e Industrial 179

Poluição nuclear

Muitos países, sobretudo os mais desenvolvidos, têm vindo a


implementar medidas no sentido de diminuir o nível da poluição
industrial. Entre as técnicas que permitem essa redução contam-se
as estações depuradoras das águas utilizadas nas unidades fabris e a
utilização de filtros especiais que retêm os fumos e as poeiras. Por
outro lado, procura-se que as indústrias poluidoras se estabeleçam
em áreas mais ou menos afastadas dos centros populacionais.

Sumário
Os principais problemas ambientais causados pela indústria estão
relacionados a poluição da atmosfera, das águas, do solo, sonora e
nuclear, mas todos eles podem ser prevenidos e minimizados os
seus efeitos nefastos.

Exercícios
1. Analise, individualmente, os principais problemas ambientais
causados pela indústria.

2. Demonstre o carácter finito dos recursos naturais.

3. Descreva os métodos de prevenção e mitigação.


180 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

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Geografia Agrária e Industrial 183

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http://www.geografia.fflch.usp.br/revistaagraria/revistas/9/1souza.p
df

VALVERDE, O. Estudos de Geografia Agrária Brasileira.


Petrópolis: Vozes, 1985.

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