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Curso: Geografia
Ano: 3º ano
Turma: C
Quelimane, junho
de 2021
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................... 3
4. Conclusão ............................................................................................................................. 12
1. Introdução
No entanto, a tendência geral de declínio da fecundidade nos espaços urbanos oculta im-
portantes disparidades entre as cidades moçambicanas. Os dados dos censos de 1997 e 2007
mostram que os níveis de fecundidade variam significativamente entre as principais cidades de
Moçambique. Em 1997, entre as cidades com a taxa de fecundidade mais baixa, encontramos
as cidades de Maxixe e Beira, com quatro filhos por mulher, seguidas da cidade de Maputo e
Matola, com 4,2, e Inhambane, com 4,3 filhos por mulher. Em 1997, as taxas mais elevadas
foram observadas em Chimoio (7,1), Tete (6,9), Xai-Xai (6,6) e Nampula (6,5).
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As estimativas do Censo de 2007 mostram que as taxas globais de fecundidade mais baixas nas
principais cidades de Moçambique registaram-se nas cidades de Maputo (3,2), Matola (3,4),
Maxixe (3,6), Inhambane (3,7) e Xai-Xai (3,7). Por seu turno, as taxas globais de fecundidade
mais elevadas foram observadas em Chimoio (5,7), Lichinga (5,6), Quelimane (5,2) e Tete
(4,9). Entre os dois censos, a fecundidade reduziu-se nas principais cidades moçambicanas, com
a excepção de Quelimane. Nesta cidade, a fecundidade aumentou ligeiramente, passando de 5
para 5,2 filhos por mulher. As maiores reduções da taxa de fecundidade foram observadas em
Xai-Xai, (3 filhos por mulher), seguida da cidade da Beira (2 filhos por mulher) e Nampula e
Chimoio (1,5 filhos cada). (Agadjanian, 2001)
Por outro lado, a noção de migração pode ser ambígua, tal como explicado por Todaro (1997),
ao afirmar que, embora migração constitua uma forma de mobilidade humana, nem sempre a
mobilidade humana constitui migração. Portanto ao estudar a dinâmica demográfica e a sua
relação com o urbanismo em Moçambique, deve-se antes ter em conta que os dados existentes
e a sua qualidade são problemáticos e é preciso delimitar o que entendemos por migração.
Neste trabalho, usamos os dados do INE e consideramos a migração de toda a vida conforme
recolhida nos censos moçambicanos. Raimundo & Muanamoha (2013), explicando as
vantagens e desvantagens em usar este indicador, afirmam que os censos moçambicanos
permitem capturar este indicador, comparando o lugar de nascimento com o lugar de residência,
porém esta comparação oculta as etapas do processo migratório, que é um aspecto fundamental
da dinâmica migratória.
distinção no que concerne à migração para as cidades entre 1997 e 2007 terá sido a redução do
volume de migrantes entrando e saindo das cidades. Tal pode ser explicado pelo clima de
estabilidade militar que caracterizou Moçambique nas décadas 1990 e 2000. Ou seja, enquanto
o Censo de 1997 registou a mobilidade forçada devido ao conflito armado dos anos 1980, o
Censo de 2007 poderá ter registado somente a mobilidade da população para as cidades
fundamentalmente por razões económicas, um número menor volume do que o das migrações
forçadas. (Agadjanian, 2001)
Por outro lado, os dados sobre a migração mostram que há uma grande diferença entre a
cidade de Maputo e o resto das cidades moçambicanas quanto ao peso da dinâmica migratória
no crescimento da população urbana.
Estes cálculos foram efectruados para se ter uma ideia geral sobre o nível de mortalidade nos
diferentes distritos, recorrendo ao uso de técnicas indirectas para estimar as taxas de
mortalidade infantil, infanto-juvenil e a esperança de vida ao nascimento, utilizando os passos
descritos abaixo:
Em Zambézia, a mortalidade é maior nos distritos de Inhassunge (25) e Namarroi (24) óbitos
por cada 1000 habitantes. A menor Taxa Bruta de Mortalidade é registada em três distritos,
nomeadamente – Gilé, Milange, Gurué e Mocuba. Os dados sobre a mortalidade infantil
representam o número de crianças que morrem por 1000 nascidos vivos antes de completar 1
ano de vida. Os distritos de Chinde e Inhassunge registaram o maior número de óbitos por mil
nascidos vivos, respectivamente 164.2 e 151.7. Estes distritos coincidem com as mais altas
taxas de mortalidade infanto-juvenil.
O distrito de Gurué fica localizado no norte da província da Zambézia e faz limite geográfico
com o Distrito de Malema (pertencente à província de Nampula) a norte, com o Distrito de
Cuamba (pertencente à província do Niassa) a noroeste, a Sudoeste faz limite com o Distrito de
Milange, a Sul faz limite com os Distritos de Namarroi e Ile e a Leste com o distrito de Alto
Molócue.12 Esta localização geográfica permite ao distrito estabelecer ligação com a EN1 em
Mutuali, via distrito do Ile, percorridos cerca de 100km. (INE, 2013.11)
Com uma população de 420,869 habitantes (INE 2017) e uma superfície de 5606 km2, Gurué
apresenta uma densidade populacional de 75,07 hab/km2. Estes valores representam um
crescimento populacional de cerca de 80% em 10 anos se considerarmos que no censo de 2007
a população registada foi de 297 935 hab, perfazendo uma densidade de 53,15 hab/km2.
Particularmente conhecido pelas suas vastas plantações de chá, o distrito de Gurué localiza-se
na região da alta Zambézia e faz limite a norte com o distrito de Malema (Nampula), a Sul com
o distrito de Namarroi, a Este com os distritos de Alto Molócué e Ile, e a Oeste com os distritos
de Milange (Zambézia) e de Cuamba (Niassa).
As formas de acesso à terra mais frequentes no distrito são: normas consuetudinárias, ocupação
por boa-fé e pelo DUAT. À semelhança de Alto Molócué, Gurué situa-se na zona Agro-
ecológica 10 (R10), devido às características naturais das suas terras que favorecem o
desenvolvimento da actividade agrícola, principal actividade para 88% do total da população
economicamente activa, estimada em cerca de 88 mil pessoas, segundo dados do MAE (2005).
Embora não muito frequentes, registam-se no distrito de Gurué conflitos entre membros de uma
mesma família relacionados, essencialmente, com questões de herança. Basicamente, as
disputas surgem quando a divisão das terras entre os filhos não é feita de maneira equitativa e
agravam-se quando a qualidade dos solos das áreas atribuídas a uns é considerada pelos outros
como sendo mais produtiva. Os conflitos acontecem, também, naqueles casos em que o homem,
por motivos de separação (pouco frequentes) ou morte da esposa, regressa à sua comunidade
de origem, onde não encontra espaço para construir a sua habitação e fazer a sua machamba,
pois o seu anterior espaço já foi ocupado pelas irmãs e seus maridos. (Mosca e Bruna, 2015)
A resolução deste tipo de conflitos é feita a nível interno das famílias, com ajuda de algumas
testemunhas locais que conhecem a família. Porque as testemunhas apresentadas pelos
membros em conflito, por vezes, têm procedência duvidosa, é comum solicitar-se a intervenção
dos régulos e secretários do bairro, para ajudar na mediação e possibilitar a resolução do
conflito. Os conflitos somente são reportados ao conhecimento dos tribunais comunitários e,
posteriormente, ao tribunal judicial, quando a disputa chega a envolver agressão física. A
deliberação mais frequente tem sido a partilha das terras, que consiste na divisão igualitária da
área em disputa entre os filhos da família. (Mosca e Bruna, 2015)
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Igualmente pouco reportado às autoridades, este tipo de conflito está essencialmente ligado à
não observância dos limites ou à invasão de áreas familiares não utilizadas. A falta de
delimitação, a existência de marcos baseados em suposições e na oralidade, a falta de registo
dos direitos de propriedade pelas famílias, aliados à pobreza e ao crescimento dos agregados
familiares, são elementos que concorrem para que as famílias expandam as suas áreas de
cultivo, mesmo para espaços alheios. Estes espaços tendem a ser áreas cujos proprietários nunca
cultivaram, ou deixaram de cultivar por um considerável período de tempo, que são desbravadas
e cultivadas pelos novos ocupantes. Quando a família se apercebe que as suas terras estão sendo
exploradas por terceiros, sem a sua autorização, surge o conflito. Os conflitos podem,
igualmente, acontecer porque os irmãos mais velhos podem resolver vender uma parte das terras
da família a outras pessoas, sem informar os irmãos mais novos. (Mosca e Bruna, 2015)
O procedimento acima referido pode aplicar-se, igualmente, naqueles casos em que as famílias
em disputa pertencem a comunidades vizinhas. A diferença é que, neste caso, os conflitos são
resolvidos com o envolvimento das autoridades comunitárias das comunidades em conflito,
podendo, por vezes, recorrer-se à ajuda das autoridades administrativas, também das
comunidades envolvidas. (Arnaldo & Hansine, 2015)
Embora não muito frequentes, os conflitos inter-comunitários acontecem, sobretudo, nas zonas
limítrofes que separam o posto administrativo de Lioma dos outros postos administrativos, e
são resultado da procura por terras mais produtivas. Assim, por exemplo, foram registados
conflitos de terra envolvendo comunidades do Posto Administrativo de Molumbo (Milange,
Zambézia) e comunidades do Posto Administrativo de Lioma (Gurué), entre comunidades do
Posto Administrativo de Mutuali (Malema, Nampula) e do Posto Administrativo de Lioma
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Este interesse pelas terras de Gurué, em particular de Lioma, está ligado às boas condições que
aquelas oferecem para a produção de culturas de rendimento como o tabaco, o gergelim e,
sobretudo a soja, esta última que, “para além de ter um mercado garantido pelas empresas de
produção de ração para frangos oferece maiores rendimentos aos produtores quando
comparados com o algodão, o amendoim e o milho produzidos nas terras de Cuamba, em
Niassa, por exemplo”. (Arnaldo & Hansine, 2015)
Os conflitos entre as empresas de produção de chá e a população instalada nas áreas de cultivo
daquela cultura não são recentes. Estes existem antes mesmo da introdução das políticas de
privatização das várias unidades de produção de chá existentes no distrito, que culminaram com
a redução da intervenção estatal nos assuntos ligados à produção e comercialização do chá.
Eduardo D., antigo trabalhador da Unidade de Direcção do Chá (UDC), conta a história da
produção do chá em Gurué: (Raimundo & Muanamoha 2013)
A UDC tinha como principal tarefa inventariar todos os problemas relacionados com a cultura
do chá. A UDC concluiu que, embora existissem vários campos de produção de chá
subutilizados que podiam ser reabilitados, havia um problema maior relacionado com a
incapacidade técnica instalada nas fábricas, que dificultava que as empresas tivessem bons
resultados. Esta inventariação culminou com o desenho de um novo projecto chamado Tea
Rehabilitation Program (TRP), implementado em três fases. O objectivo deste novo programa
era de montar maquinaria tecnologicamente moderna, para assegurar que cada uma das três
zonas em que estavam divididas as unidades de produção funcionasse plenamente e melhorasse
a sua capacidade de produção, e construir mais uma nova unidade de produção, isto é, a UP 13.
(Raimundo & Muanamoha 2013)
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4. Conclusão
Por fim concluímos que existem no distrito de Gurué cerca de 53.988 pequenas e médias
explorações agro-pecuárias familiares, com uma área média de 1 hectare. A produção é feita
em condições de sequeiro, num regime de consociação de produção, sobretudo de milho e
feijão vulgar, principais culturas alimentares. A batata-reno, o feijão-manteiga, o tabaco, e,
com maior incidência nos últimos anos, a soja, constituem as principais culturas de rendimento
produzidas no distrito
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5. Referencias bibliográficas
Agadjanian, V. (2001). «Religion, social milieu, and the contraceptive revolution». Population
Studies, 55(2), pp. 135.148. Disponível em: https://doi.org/10.1080/00324720127691
Bongaarts, J. (2015). «Modeling the fertility impact of the proximate determinants: Time for a
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Sear, R.; Lawson, D. W.; Kaplan, H. & Shenk, M. K. (2016). «Understanding variation in
human fertility: what can we learn from evolutionary demography?» In: Philosoph- ical
Transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological Sciences, 371(1692),
20150144. Disponível em: https://doi.org/10.1098/rstb.2015.0144
Anexos e Apêndices