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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE HISTÓRIA COM HABILITAÇÃO EM DOCUMENTAÇÃO

TEXTO DE APOIO DE INDEXAÇÃO-2022

Quelimane

2022
Índice
1. Conceitos e bases teóricas da Indexação: Evolução histórica da Indexação ........... 3

1.1. Indexação........................................................................................................................ 3

1.2. Evolução Histórica da Indexação ................................................................................. 3

1.2.1. Tratamento da Informação na Antiguidade (4000 a.C. a 476 d. C) .......................... 3

1.2.2. Idade Média (Século V-XV) ........................................................................................ 4

1.2.3. Idade Moderna (Século XV – XVIII) .......................................................................... 4

1.2.4. Idade Contemporânea (Século XVIII ao dias actuais) .............................................. 5

1.3. Conceitos e bases da indexação .................................................................................... 6

1.3.1. Informação .................................................................................................................. 6

1.3.2. Documento................................................................................................................... 6

1.3. 4. Sistema de recuperação da informação ................................................................... 6

1.4. Função e Papel da Indexação no tratamento temático .............................................. 7

1.5. Descrição do Documento ............................................................................................... 8

1.5.1. Tipos de descrição temática ....................................................................................... 8

2. Processo de Indexação ................................................................................................ 10

2.1. Análise da informação ................................................................................................ 10

2.2. Análise da informação e indexação ............................................................................ 11

Leitura documental ............................................................................................................ 12

Compreensão do assunto ................................................................................................... 13

2.2.1. Etapa da tradução .................................................................................................... 14

2.3. Vocabulários controlados............................................................................................ 16

2.4. Contribuições de diferentes áreas para análise da informação ............................... 16


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1. Conceitos e bases teóricas da Indexação: Evolução histórica da Indexação


1.1. Indexação
A indexação é vista como a acção de descrever e identificar um documento de
acordo com seu assunto. Neet (1989) afirma que seu objectivo é facilitar a pesquisa de
documentos ou informação contida em um documento de uma determinada unidade
documental.

Segundo Roberto (1994) destaca sua importância enquanto ferramenta de busca, e o


define como um conjunto ordenado de códigos representativos de assunto, tópicos ou
conceitos ( por ex: Código de classificação) que podem servir como critérios de busca
relacionado com alguma chave de acesso que permita localizar os documentos, ou sua
partes, ou representações relativo a cada assunto.

Pinto (2000, p.63) Complementa que ―a indexação tem por objectivo teórico
expressar de maneira mais fiel possível, a representação dos elementos que pertencem ao
conteúdo de um documento, seja real ou virtual, a fim de que o mesmo possa ser
recuperado posteriormente‖.

1.2. Evolução Histórica da Indexação

1.2.1. Tratamento da Informação na Antiguidade (4000 a.C. a 476 d. C)

Nessa fase não se tem a ideia da indexação, mas já existia o esforço do tratamento
da informação, o esforço de deixar a informação acessível. A indexação era baseada na
memória e na oralidade.

Em 2700 a.C.- o Homem passou a se preocupar em tornar acessível a informação


registada em um documento e para isso, resolve ordena-la de alguma forma (Gomes &
Gusmão, 1983).

No século XVII a.C.- na antiga Suméria e Mesopotâmia se registavam tratados de


comércios, leis e estudos científicos ―pequenos resumos de livros antigos em tabuas de
argila, através da escrita cuneiforme‖. A principal preocupação no tratamento dos
documentos para possibilitar a localização, era a separação entre os suportes (tabuas de
argila, pergaminho e papiro).

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No século IV- III a.C.- A Antiga Biblioteca de Alexandria, uma das maiores
bibliotecas do mundo antigo, teve seu acervo organizado segundo a classificação de
Calímaco, Seu catálogo, a Pinakes, era constituído por 120 volumes e era ordenado por
temas e autores, com notas bibliográficas sobre estes últimos, tornando-se obra de
referência sobre a literatura grega (Ribeiro, 2005).

No século II d.C.- surge o guia De Libris Propiis Liber-. O surgimento deste guia
cria um marco, em que compilações de obras isoladas são condensadas em um só
documento, que continham cabeçalhos de capítulos na margem dos parágrafos, (Garrido
Arilla, 1999).

1.2.2. Idade Média (Século V-XV)

No século V surge a obra anónima Apophthegmata- consistia na listagem de


provérbios gregos sobre assuntos teológicos. A partir deste momento histórico, as obras
começam a se configurar de forma a facilitar a recuperação de suas partes, através de
capítulos, seções numeradas, cabeçalhos de capítulos, sumário e tábuas de matéria.

No século XIV - a concepção de índice evoluiu para a de listagem de conteúdo ou


lista de resumos e notas. Os copistas, de forma subjectiva e pessoal, escreviam as margens
dos livros palavras ou frases que representassem o conteúdo do mesmo. Tentando desta
forma criar uma espécie de indicação de relevância, (Silva & Fugita, 2004; Collinson,
1971).

Nos finais da idade média (1440) Gutenberg aperfeiçoa a prensa móvel- com a
criação de uma máquina capaz de produzir documentos em uma escala muito avançada,
consequentemente vai aumentar o número de documentos disponíveis.

1.2.3. Idade Moderna (Século XV – XVIII)

Surgimento de Índice alfabético Pandectarum sive partitonum universalium,


representam o ápice do surgimento de listas de assuntos, no século XVI. Surgimento da
documentação que é vista hoje- como uma área responsável pelo tratamento da informação
que reuni hoje a catalogação, indexação, arquivologia, etc. ela surge quando começam a
produzir periódicos em 1665.

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A reforma protestante, no século XVII, propiciou a tradução da bíblia e seu acesso


ao público. Este facto demandou um esforço de indexação em grande escala, realizado em
1737 por Alexander Cruden, que lança a primeira concordância completa da Bíblia. Esta
concordância relacionava citações com sua localização no texto, aspecto importante que
influenciou os próximos índices (Ibid).

1.2.4. Idade Contemporânea (Século XVIII ao dias actuais)

No século XVIII há uma revolução na prensa, há uma evolução dos suportes de


informação, consequentemente muda a forma de tratamento da informação.

Segundo Silva & Fujita (2004) afirmam que a indexação em si, como processo, foi
realizada mais intensamente desde o aumento das publicações periódicas e da literatura
técnico-científico ao longo dos séculos XVIII e XIX. Nesse momento, as publicações
periódicas passaram a incluir listas e índices que remetiam para os documentos originais.

Em 1791- Jean Baptiste Massieu cria o primeiro código de catalogação nacional,


que abordava aspectos referentes a indexação de documentos. Em 1876 foi criado a CDD-
Classificação Decimal de Dewey (EUA). 1882- poles Index, um índice cumulativo de
periódicos usando palavra-chave, retiradas dos títulos dos artigos para representar as
publicações indexadas.

Nessa época, a indexação é desempenhada por profissionais e especialistas no


assunto. A revolução francesa proporcionou o surgimento do SNAE.

H.W. Wilson lança a obra Reader`s Guide em 1901, no qual os artigos são
indexados por autor e assunto específico, com inúmeras remissivas coordenando assuntos
correlatos.

1911- Aprimoramento de índices, como é o caso da Encyclopedia Britânica que


passaram a contar com um clareza maior e apresentação gráfica.

Em 1950- primeira aplicação da indexação automática, o índice KWIC (Keyword in


contexto) P. Luhn propões uma análise automática da frequência da repetição das palavras
em texto, e cria indexação baseada em raking de palavras retiradas do documento.

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Década de 80- Surgimento de normas internacionais para padronização das


actividades de indexação. 1990- Popularização dos computadores e 1998 indexação
automática através do Google.

1.3. Conceitos e bases da indexação

1.3.1. Informação

A informação é o conhecimento registado em um suporte. Segundo Braga, a


Informação é o conjunto de dados ou fontes organizados que constitui uma mensagem
sobre um determinado assunto ou evento.

1.3.2. Documento

Documento é o registo de uma informação independentemente dos suportes que a


contem (pães, 2004)

Para Bellotto (2007, p.35), segundo a conceituação clássica e genérica, Documento


é qualquer elemento gráfico, iconográfico, plástico ou fónico pelo qual o homem se
expressa. É o livro, o artigo de revista ou jornal, o relatório, o processo, o dossiê, a carta, a
legislação, a estampa, a tela, a escultura, a fotografia, o filme, o disco, a fita magnética, o
objecto utilitário etc, em fim tudo oque seja produzido, por motivos funcionais, jurídicos,
científicos, técnicos, culturais ou artísticos, pela actividade humana.

1.3. 4. Sistema de recuperação da informação

Acesso aos documentos ocorre, muitas vezes, por intermédio de unidades de


informação que os reúnem e disponibilizam. Para facilitar o acesso organizam a
informação. A organização da informação ocorre em um sistema de informação.

Sistema é a Combinação de partes coordenadas, de modo que concorram para a


realização de um conjunto de objetivos.

O Sistema de Informação é um conjunto de elementos ou componentes


relacionados para colectar, tratar e disseminar a informação. O SRI, ou simplesmente,
Sistemas de Informação, visa dar acesso às informações potencialmente contidas em

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documentos registados, organizados e processados, a fim de garantir a eficácia do processo


de busca e maximizar o uso (Jesus, 2002).

Entretanto, nos Sistemas de Recuperação da Informação, estão presentes


instrumentos, denominados de uma forma geral, por linguagens documentais. Eles se
apresentam sob duas maneiras: alfabética ou sistemática. A sistemática, o que está em
questão, torna evidente uma estrutura de conceitos entendidos como elemento de
significação, ao que denominamos como ‗termo de recuperação‘, devido às relações
existentes entre os conceitos de uma dada área.

1.4. Função e Papel da Indexação no tratamento temático

A tarefa de indexar implica em circunscrever os sentidos, considerados em um


sistema de conceitos, denotados pelos termos e explicados pelas definições (Perreira &
Bufrem, 2005 citados por Monteiro, 2021: cp).

A recuperação da informação ou documento mais pertinente depende da indexação


dos documentos que constituem o acervo de uma determinada Unidade documental.

A indexação é primordial para a existência de uma unidade de informação e para o


fechamento do ciclo informacional.

A indexação constitui representações de documentos para inclusão em algum tipo


de base de dados.

-base de dados: registo digital, catálogo de fichas em bibliotecas convencionais. E


tem como finalidade a recuperação de documento em tempo útil, ou seja recuperação da
informação desejada em tempo e hora.

A indexação é resultado de uma prática iniciada com análise do texto, a


representação documental que vai identificar os documentos ou conteúdos pertinentes e em
consonância com os propósitos e características da unidade de informação.

A indexação é considerada um modo de intermediação entre emissor e receptor.

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1.5. Descrição do Documento


Os documentos em um sistema de recuperação da informação podem ser analisados
ou descritos de duas maneiras:

a) Descrição Física (objectivamente) – Este tipo de análise pretende a descrição do


documento através de suas características físicas, com o objectivo de dar resposta à
questão: ―Qual a aparência física deste documento?‖. Por esse processo é possível
identificar autoria, título, edição, o responsável pela publicação, data, paginação, entre
outros.

b) Descrição Temática (Intelectualmente ou subjectivamente) – este tipo de


análise pretende a descrição do documento em termos de suas características de conteúdo,
com o objectivo de dar resposta à questão: ―Qual é o assunto desse documento?‖.

A descrição do conteúdo compreende a análise documental como área teórica e


metodológica que abrange as actividades de catalogação de assunto, indexação,
classificação e elaboração de resumos, observando as diferentes finalidades de recuperação
da informação (Guinchat & Menou, 1994 citado por Sousa, 2013). Nessa operação ocorre a
descrição do assunto que o documento aborda.

1.5.1. Tipos de descrição temática

a) Classificação é uma forma mais comum de organizar. A classificação reúne


entidades com características comuns, definidas de acordo com o critério destinto. A
classificação é a representação de conceitos para distinguir coisas, seres ou pensamentos
por suas semelhanças ou diferenças, estabelecendo relações e elaborando classes de acordo
com essas relações.

No caso das perguntas, deve-se determinar de que forma e em que classes e


subclasses da classificação estão armazenadas as informações susceptíveis de respondê-
las. A classificação situa-se no meio da cadeia documental, no momento de entrada dos
documentos no subsistema de armazenamento e de pesquisa.

As classificações bibliográficas preocupam-se com a organização do documento,


sua disposição física e sua recuperação. Ex. CDD e CDU

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b) Indexação é uma forma de descrição mais aprofundada e visa identificar e


descrever o conteúdo de um documento com termos que representam seus assuntos. Este
conteúdo é expresso pelo vocabulário da linguagem documental escolhida pelo sistema e os
termos são ordenados para constituir índices que servirão à pesquisa.

A indexação Situa-se, na maioria das vezes, no meio da cadeia documental, no


momento da entrada dos documentos no subsistema de armazenamento ou no momento da
pesquisa. É importante caracterizar rapidamente o documento ou a questão, isto é, saber do
que trata e qual o seu objectivo.

c) Resumo é um tipo de descrição de mais alto nível de abstracção da informação


registada em um documento. Assume forma, característica e importância a partir do
objectivo de uso.

Para Medeiros (2000, p.123) O resumo é uma apresentação sistemática e selectiva


das ideias de um texto, ressaltando a progressão e articulação delas.

Um resumo pode ser feito:

a) No início da cadeia documental, no momento da produção do documento primário.


Neste caso, o resumo é elaborado, em geral, pelo autor do documento;
b) No meio da cadeia documental, quando os documentos ingressam no sistema de
armazenamento, pesquisa e difusão da informação;
c) No final da cadeia documental, quando uma questão foi tratada e os documentos
primários seleccionados são resumidos para dar uma resposta mais apropriada ao
usuário (como, por exemplo, no caso de uma bibliografia analítica feita sob
demanda).

Existe três (3) tipos de resumo segundo Guinchat & Menou (1994):

a) Indicativo- com foco nas principais partes do texto e sua importância. Explicita
sumariamente o documento;
b) Informativo-descreve o documento de forma completa e apresenta informações
sobre a finalidade, metodologia, os resultados e as principais conclusões do autor;
c) Crítico- redigido por especialistas no tema que prime sua interpretação pessoal com
o objectivo de divulgar um documento.

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O resumo apresenta o texto integral para um potencial leitor. Ele indica a esse
potencial leitor o que ele vai encontrar no documento completo e por isso ele serve de
instrumento para recuperação da informação, assim como a indexação.

O resumo muitas vezes é utilizado para indexação automática, porque ele é a parte
do texto que contem de maneira sintética o assunto do documento.

2. Processo de Indexação

2.1. Análise da informação

Utiliza métodos e processos técnicos para reconhecer o assunto de um documento,


representar e estabelecer linguagem que comunique suas características em diálogo entre o
sistema de informação e os usuários.

-Informação é o elemento básico constitutivo de todo conhecimento

As pessoas são analistas de informação. E isso ocorre quando buscam a informação,


a partir de determinados critérios, para utilizá-la, também de acordo com critérios
específicos e individuais.

Há três níveis em que se realiza a análise da informação:

1) Nível intuitivo 2) Nível racional 3) Nível profissional,

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2.2. Análise da informação e indexação

Considerando o nível profissional da análise, o foco está no seu conteúdo temático e


o resultado servirá, por sua vez, a objectivos diferenciados.

É possível entender análise da informação como um conjunto de práticas, modelos


conceituais e técnicas para compreensão, organização e recuperação dos conteúdos
presentes em diferentes registos e suportes.

Aspectos da informação a serem observados:

• Tipologia: especializada, geral, técnica, etc.

• Tipo de representação: resumo, indexação, classificação, etc.

• Necessidade do usuário: exaustividade, especificidade, precisão.

As partes importantes do texto devem ser examinadas cuidadosamente, dando-se especial


atenção as seguintes:

a) Titulo;
b) Resumo, se houver;
c) Sumário;
d) Introdução, as frases e parágrafos de abertura de capítulo, e as conclusões;
e) Ilustrações, gráficos, tabelas e respectivas legendam;
f) Palavras ou grupos de palavras que aparecem sublinhados ou grafados com tipos
diferentes.

Cuidados necessários:

a) Estabelecer uma interface entre a linguagem do autor e a linguagem de busca dos


usuários.
b) Identificar o formato do documento, pois este determina a análise.
c) Reunir conhecimentos prévios, conhecimento da área específica, capacidade de
fazer inter-relações com outros textos.

O conceito de representação traduz o objectivo da análise da informação, enquanto


mediação entre a informação e seu usuário.

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Um dos resultados da análise da informação é a descrição temática (representação


de conteúdo). São definidas e aplicadas regras para essa descrição. O processo de análise se
dá pela leitura, em sentido amplo.

Leitura documental

A leitura documental é a técnica para extracção de conceitos importantes e


significativos de um documento. Quanto mais o leitor se familiariza com diferentes tipos de
texto, mais experiente e hábil se torna para ler variadas espécies de textos. Na leitura a
"previsão e compreensão podem estar interligadas". O processo de compreensão da leitura
possui três variáveis indissociáveis:

Texto -Leitor -Contexto

Diferentes contextos trazem significados diferentes para o mesmo objecto ou


conceito. O leitor está envolvido num contexto e ele está envolvido com o texto para fazer a
sua compreensão.

Como ocorre a leitura documental?

 Em movimento ascendente (bottom-up), usado para designar os processos lineares,


sintéticos e indutivos.

 Em movimento descendente (top-down), usado para o processo não linear, analítico


e dedutivo.

Os movimentos ascendentes e descendentes do processo de leitura destacam que:

a) Ler é extrair significado do texto


b) Ler é atribuir significado ao texto

O que interfere na leitura documental?

O texto representa as ideias do autor e pode influenciar na compreensão do leitor, em


diferentes contextos, quando utiliza recursos apelativos que:

a) Mexem com o emocional;


b) Omite informações relevantes;
c) A escrita apresenta problemas com orações muito complexas, curtas ou incoerentes;

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d) Baixa qualidade do texto (manutenção do tema, correcção gramatical, adequação


lexical e estrutura do texto, coesão e coerência).

O que é imprescindível para realizar a leitura documental?

a) Utilizar conhecimento prévio por meio de esquemas accionados pelos movimentos


bottom-up e top-down.
b) Realizar processos de compreensão, principalmente metacognitivos.
c) Saltar trechos em busca da informação relevante.
d) Dominar a tipologia documental.
e) Dominar as superestruturas textuais para captar com mais facilidade as ideias
centrais do texto.
f) Ter conhecimento linguístico prévio para a compreensão da organização textual.

Compreensão dos Conceitos

A compreensão dos conceitos de um documento ocorre durante e após a leitura. E os


conceitos essenciais do documento são:

a) Objecto- trata de algo ou alguém;


b) Acção- trata do processo sofrido por algo ou alguém;
c) Agente- trata de o que ou de quem realizou a acção;
d) Métodos- trata dos métodos utilizados para realizar algo;
e) Físico ou ambiência- trata do espaço físico onde foi realizado algo.

Causa-efeito: Causa- a razão ou motivo que faz com que uma coisa exista ou aconteça
(Antecedentes); Efeito- resultado de um acto qualquer (consequência).

Compreensão do assunto

É possível identificar o assunto do documento a partir da reunião de um conjunto de


conceitos que são extraídos do texto. Então, as perguntas que se seguem ajudam ao
indexador a determinar a maneira como é apresentado o assunto pelo autor:

O que? – Ajuda a determinar o assunto ou tema tratado no documento.

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De que forma? – Leva a precisar a forma como os assuntos apresentam-se;

Como? – Circunstâncias que cercam a acção, as causas, as consequências, objectivos, etc.

Quando? – Data ou o período em que se desenvolveu o tema;

Onde? – Local onde se desenvolveu o tema.

Após a compreensão e determinação do assunto, utiliza-se:

a) Abordagem lógica, seleccionar os conceitos;


b) Considerar o valor de um conceito para expressar ou recuperar o assunto do
documento;
c) Escolher conceitos relevantes para os usuários;
d) Analisar questões de busca dos usuários.

Na última etapa, traduzir os conceitos para uma linguagem de indexação adoptada


pelo sistema de informação.

2.2.1. Etapa da tradução

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Tradução, a segunda etapa da indexação de assuntos, envolve a conversão da análise


conceitual de um documento num determinado conjunto de termos de indexação. A esse
respeito, faz-se uma distinção entre indexação por extracção (indexação derivada) e
indexação por atribuição. Na indexação por extracção, palavras ou expressões que
realmente ocorrem no documento são seleccionadas para representar seu conteúdo
temático. Por exemplo, o item da figura 3 poderia ser indexado com os seguintes termos:

OPINIÃO PÚBLICA ISRAEL

PESQUISAS POR TELEFONE EGITO

ESTADOS UNIDOS AJUDA

ATITUDES PAZ

ORIENTE MÉDIO

Todos os quais aparecem no titulo ou no resumo. Uma forma primitiva de


indexação derivada, conhecida como Uniterm, empregava apenas termos formados por uma
única palavra para representar o conteúdo temático. Se fosse estritamente observado, o
sistema Uniterm acarretaria alguns resultados esquisitos, como a separação de Oriente
Médio em oriente e médio.

A indexação por atribuição envolve a atribuição de termos ao documento a partir de


uma fonte que não é o próprio documento. Os termos podem ser extraídos da cabeça do
indexador; por exemplo, ele decidiria que os termos ajuda externa e relações exteriores,
que não aparecem explicitamente em nenhum dos resumos, seriam termos bons de usar no
documento da figura 3.

Mais frequentemente, a indexação por atribuição envolve o esforço de representar a


substância da análise conceitual mediante o emprego de termos extraídos de alguma forma
de vocabulário controlado.

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2.3. Vocabulários controlados

Um vocabulário controlado é essencialmente uma lista de termos autorizados. Em


geral, o indexador somente pode atribuir a um documento termos que constem da lista
adoptada pela instituição para a qual trabalha. No entanto, o vocabulário controlado é mais
do que uma mera lista. Inclui, em geral, uma forma de estrutura semântica. Essa estrutura
destina-se, especialmente, a:

a) Controlar sinónimos, optando por uma única forma padronizada, com remissivas
de todas as outras;

b) Diferençar homógrafos. Por exemplo, PERU (PAÍS) é um termo bastante


diferente de PERU (AVE); e

c) Reunir ou ligar termos cujos significados apresentem uma relação mais estreita
entre si. Dois tipos de relações são identificados explicitamente: as hierárquicas e as não-
hierárquicas (ou associativas).

Por exemplo, o termo MULHERES OPERÁRIAS relaciona-se hierarquicamente


com MULHERES (como uma espécie deste termo) e com DONAS DE CASA (também
uma espécie do termo MULHERES), bem como está associado a outros termos, como
EMPREGO ou FAMÍLIAS MONOPARENTAIS, que aparecem em hierarquias bem
diferentes.

2.4. Contribuições de diferentes áreas para análise da informação

A indexação tem influências de muitas áreas no processo de análise profissional


realizado por indexador, tais como: Linguística, Semântica, Terminologia e Organização do
conhecimento.

Linguística

A linguística abrange o estudo da língua e da linguagem e possui abordagens como:


Sociolinguística, análise do discurso e a terminologia.

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A linguística trás uma compreensão muito importante para indexação que é de signo
e Significante, ou seja, aqueles objectos que nos circulam. O Signo, elemento da língua
manifestado pela linguagem, é constituído de um conceito (significado) e uma imagem
acústica (significante). O conceito é do mundo das ideias e a imagem acústica é a marca da
ideia. Manga, tem um significado (conceito) e ele tem uma palavra que fixa esse conceito
na nossa cabeça.

Esse significante ou seja, o que viria a ser manga é arbitrário, porque nós podemos
ter entendido diferente do que é manga. Por exemplo: termo Manga- fruta ou Manga da
camisa ou ainda, manga município/bairro.

Semântica

Estuda o sentido ou a significação dos elementos da língua.

O falante possui um "dicionário" com a semântica dos elementos da língua. Isso


permite que ele utilize signos na sua fala e também seja capaz de compreendê-los ao ouvir
palavras.

Métodos para determinar/analisar a semântica enfrentam problemas que envolvem


fatores lógicos, antropológicos, sociológicos e psicológicos.

A Semântica Lexical, que trabalha ao nível da palavra ou no máximo a frase, é


essencial. Isso porque, se pretende analisar o significado dessas unidades, centrada no
emissor ou no receptor.

Na análise deve-se:

Reconhecer o significado (por meio de significantes) e comunicar este a um


possível leitor (por meio de uma linguagem artificial).

A análise enfrenta as anomalias semânticas que envolvem a definição do significado

De modo especial são anomalias a polissemia, a sinonímia, a homonímia, a


antonímia, os modos e expressões de relações complexas.

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Terminologia

O campo teórico da Terminologia, tal como foi proposto por Wüster, predominou durante
muito tempo nos estudos terminológicos através da Teoria Geral da Terminologia.

Tal teoria propõe o vocabulário da área de especialidade — denominada terminologia -


como um sistema de conceitos -considerado universal.

O importante, então, é o estabelecimento de uma relação entre conceito e termo para a


efetivação da comunicação eficiente entre os pares.

2.3. Organização do conhecimento

Kaiser: definição de princípios e regras

Regras de Kaiser para a formação dos enunciados de assuntos para obter êxito no processo
de indexação e recuperação da informação:

a) Seleccione o que é realmente importante para seu objectivo sem considerar forma ou
extensão;

b) Concentre-se na informação relativamente específica;

c) Lide com cada item independentemente;

d) Não adultere o nome dos concretos;

e) Evite preposições e plurais sempre que possível;

f) Teste a exactidão de cada enunciado pelo ponto de vista tanto do indexador quanto do
usuário.

Cutter: definição de princípios e regras

Fundamentos das regras de Cutter para cabeçalhos de assunto:

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a) Princípio específico - os assuntos devem dar entrada pelo termo mais específico e não
pela classe.

b) Princípio de uso - os cabeçalhos serão aqueles que a maioria dos americanos educados
irão procurar, com referências cruzadas para outras formas de cabeçalhos. Princípio da
conveniência, da necessidade dos usuários.

c) Princípio sindético — desenvolvimento, nas listas de cabeçalhos de assunto, de


estruturas sindéticas com uma rede bem construída de referências cruzadas.

Fragilidades:

a) linguagem natural como única terminologia possível e

b) termo mais significativo de entrada, de acordo com julgamento do catalogador

Otlet: análise da informação

Otlet. a CDU e sua forma de análise da informação pautada em:

a) Representação dos conhecimentos contidos nos documentos realizada não somente


pela decomposição de unidades bibliográficas menores (artigos dentro de periódicos
ou capítulos dentro de livros), mas, principalmente, pela análise de unidades de
informação menores, tais corno os conceitos, os fatos e evidencias encontrados
dentro dos textos.
b) As unidades de informação (conceitos e fatos), depois de identificadas, poderiam
ser reconfiguradas em um novo arranjo com o propósito de facilitar a recuperação
dos documentos e isso é notório nos trabalhos tanto de Otlet quanto de Kaiser,
Ranganathan: análise-síntese

A dimensão analítica de Ranganathan concentra-se nos elementos formadores dos assuntos


complexos.

Sua abordagem considera essencialmente dois elementos classificatórios:

a) O assunto básico corresponde às áreas mais abrangentes do conhecimento_ sem


nenhuma ideia isolada que o complemente Ex.: Agricultura

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b) A ideia - corresponde a um componente de assunto, por si só não é um assunto, é


um conceito. Ex.: milho

Em outras palavras, o passo inicial para a análise de um assunto é a identificação dos


elementos de assuntos mais gerais e abrangentes (assuntos básicos) e dos elementos que os
servem de complemento (ideias isoladas ou isoladas). Assunto: agricultura de milho.

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