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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

DEPARTAMENTO DE ARTES CÊNICAS

MONALISA MAGNO DE ALMEIDA FREITAS


Turma 11/ 2021.2

Resenha crítica: O papel do coro no teatro grego

Ouro Preto

2022
Universidade Federal de Ouro Preto

Na Tese, Coro: Corpo como Experiência Coletiva e Espaço como


Vivência Poética - Intersecções e Cruzamentos entre o Teatro Grego Antigo e o
Teatro Comunitário, de autoria de Cláudia Andrade, (aluna de mestrado do
Instituto Politécnico de Lisboa - Escola de Superior de Teatro e Cinema), aborda as
várias interpretações através do significado do coro nas peças gregas ao longo do
tempo e seu papel dentro do teatro. A autora em sua tese coloca em evidência as
variadas opiniões de teóricos e suas perspectivas e objetivo acerca do coro grego,
tendo como foco principal seu estudo, além de investigar formas e possibilidades
entre as concepções gregas e as dinâmicas contemporâneas de teatro comunitário.

A tese elucida sobre uma análise expositiva e descritiva acerca do coro, e


cita uma variedade de autores contemporâneos e filósofos que demonstram que o
coro carrega consigo polivalência de atributos e funções, porém tem como
unanimidade sua importância comunitária e unitária dentro das tragédias gregas. A
autora, disserta sobre sua importância como parte integrada dentro das tragédia
gregas e sua experiência coletiva.

No capítulo 4, Coro: Corpo Colectivo e Espaço Poético (ANDRADE, p.


50), Cláudia Andrade, expõe primeiramente em sua tese a composição do coro, que
era formulado por um grupo entre 15 e 12 atores que realizavam rigorosas
coreografias danças-canções, localizados no meio da orquestra com figurinos e
máscaras, onde continham uma dominante presença. Porém ela expõe também que
seu significado diverge segundo os mais diversos autores, onde alguns
compreendem que o coro faz parte da ação cênica e outros que o tem como parte
de um segundo plano dentro de sua função em cena.
Dentre os autores citados estão: o autor e professor Pavis (1998), que para ele o
coro é como um "grupo homogéneo de bailarinos, cantores e recitadores que,
colectivamente, usavam palavras para comentar a acção, na qual estão
diversamente integrados”; já Schlegel, visualizava no coro um árbitro ou juiz que
comentava a ação dramática, não se envolvendo nela, como um “espectador ideal”;
Nietzsche, definia a função do coro como uma atitude colectiva inspirada por um
estado dionisíaco que conduzia à perda de individualidade; já Hegel, argumentava
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que a função do coro é expressar ideias ou sentimentos gerais ou então com uma
substância épica ou um impulso lírico, por forças abstratas e não individualizadas; e
por fim Aristóteles, que o considera como um ator, “fazer parte do todo e da acção, à
maneira de Sófocles e não à de Eurípedes.” (1456 a).

Para, Cláudia Andrade, o coro garantia uma unidade, totalidade junto do


espetáculo teatral grego, como cita:

“Para os gregos não era possível conceber o herói sem o coro, já que a sua
força depende em larga medida do colectivo coral. Para além disso, era o
coro que garantia também uma unidade, síntese e totalidade do
espectáculo teatral na Grécia Antiga. E se em Ésquilo as partes do coro
constituíam uma parte central da acção e do drama, em Sófocles e
Eurípedes o elemento coral começa a perder a sua original importância,
representando já um papel secundário na tragédia.” (Andrade, 2011)

Tendo a tese como objetivo principal abordar o tema do coro como


experiência coletiva, a autora nos apresenta em sua pesquisa diferentes opiniões
acerca da função do coro dentro da peça e reforça o conceito de unidade e a
importância de sua função em cena, pois o coro no contexto do teatro comunitário
se traduz numa dimensão poética e simbólica, ao mesmo tempo que garante a
unidade ao espectáculo.
“Ao afastar-se da tradicional caixa preta e do palco à italiana, a concepção
de um espaço cénico para o teatro comunitário irá implicar uma procura de
novas formas de organização e concepção do espaço cénico, e
consequentemente de espaços alternativos que sejam significativos para a
comunidade, associados ao seu imaginário popular.
Na Grécia, o espaço onde se realizavam as representações teatrais “não
era só o local onde se executavam danças e onde se representava uma
história de tempos passados, era o próprio local da história, um apoio para
a imaginação do espectador, um lugar encantado.” (Grimal, 2002:16).”
(Andrade, 2011)

Sua visão sobre o papel do coro no teatro grego se assemelha muito à ideia do
filósofo Aristóteles que visualizava o coro como parte do todo em cena e não como
apenas uma figura à parte ou um “espectador ideal” como dizem Pavis e Schlegel.
Copeu é também um dos autores onde sua ideia muito se embasa:
“O coro, aquela multidão de seres humanos que envolviam os heróis, cuja
acção admiravam ou padeciam, preenchendo de significado e aumentando
o seu alcance. Transmitiam os seus sentimentos a um público que tanto
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pela sua particular proximidade e pela semelhança de pontos de vista,


como pela mediação da música, já não podia permanecer alheio ao drama,
e envolvia-se emocional e vitalmente nele.” (Baltés, 2002: 52)

O capítulo é bastante abrangente e explora diversas dimensões acerca da


funcionalidade do coro no teatro grego, nos mostra referências a elementos que
integram a representação do coro na teatralidade grega. Esses elementos, opiniões
e ideias são ideias essenciais do ponto de vista ético, estético, conceitual, ideológico
e dramático, contendo conceitos-chave nos processos comunitários, para refletir
sobre o papel do coro dentro da teatralidade grega e um resgate do seu símbolo
dentro do teatro contemporâneo.

Referências

ANDRADE, Cláudia. Coro: Corpo como Experiência Coletiva e Espaço


como Vivência Poética - Intersecções e Cruzamentos entre o Teatro Grego
Antigo e o Teatro Comunitário. Disponível em:
https://repositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/178/1/tese_claudia_andrade.pdf

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