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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Curso: Biblioteconomia
Disciplina: Representação Descritiva I
1o. semestre de 2018
Prof. Vinicius Tolentino

Histórico da catalogação e
dos catálogos
Histórico da Catalogação

Períodos remotos
Idade Média
Séculos XV a XVIII
Século XIX
Século XX
Histórico da Catalogação
Períodos remotos
 Biblioteca mais antiga, localizada em
Ebla (atual Síria).
 Possuía entre 15000 a 17000 tábulas de
argila, segundo diferentes autores,
organizados em estantes de acordo com
seu conteúdo temático, correspondendo
a cerca de quatro mil documentos.
Histórico da Catalogação
Períodos remotos
 Escavações no Egito desvendaram
tábulas de argila em linguagem
babilônica, datadas de 1400 aC, e que
se referiam a títulos de obras.
 Escavações hititas (atual Síria)
encontraram tábulas com as primeiras
informações bibliográficas de descrição
física, datadas de 1300 aC. Essas
tábulas identificavam o número da
tábula em uma série, o título e o escriba.
Histórico da Catalogação
Períodos remotos
 Biblioteca de Nínive, século VII aC
 25 mil a 30 mil fragmentos de tábulas de
argila, com documentos e suas
respectivas descrições.
 As informações se referiam ao título, ao
número da tábula ou volume, às primeiras
palavras da tábula seguinte, ao nome do
possuidor original, ao nome do escriba e a
um selo, indicando tratar-se de
propriedade real.
Histórico da Catalogação
Períodos remotos
 Biblioteca de Alexandria, século III aC ao
século V dC.
 Bibliotecários-chefes escolhidos pelos próprios
reis.
 Calímaco importante profissional da
catalogação.
 Os Pinakes (tábulas) dividiam os fundos da
biblioteca em 120 grupos de materiais. Junto a
eles, apareceram os Syllabus, contendo o
registro do número de linhas de cada obra e
suas palavras iniciais, os dados sobre os
autores e elementos distribuidores de
materiais.
Histórico da Catalogação
 Períodos remotos
 Os Pinakes (tábulas)
 A mais antiga tentativa de um catálogo exaustivo de uma
coleção no mundo grego.
 Ambiguidade assumida pelo Catálogo
 Ao mesmo tempo:
INVENTÁRIO de uma coleção física;
CATÁLOGO concebido para servir a sua acessibilidade;
REPERTÓRIO dos textos conhecidos para transmitir um estado
da ciência;
MODELO destinado à reprodução.
 O catálogo foi considerado uma obra, um instrumento de
difusão de um saber textual e um modelo biblioteconômico.
Primeira vez que uma biblioteca manifesta, por meio do seu
catálogo, uma dupla função: CONSERVAÇÃO e
DISSEMINAÇÃO.
 Assim, podemos ver no projeto de Calímaco o nascimento da
bibliografia ou da ciência dos textos.
Histórico da Catalogação
Idade Média
 Por alguns séculos, os mosteiros foram
os únicos preservadores, copistas e
catalogadores de livros.
 No séc. VI, São Bento ensinou seus
monges, na Itália, a copiar manuscritos.
 No séc. VIII, uma das primeiras listas de
obras de bibliotecas medievais é
produzida, provavelmente um inventário
do acervo, contendo título e, por vezes,
nome do autor.
Histórico da Catalogação
Idade Média
 Os séc. XI, XII e XIII nada trazem de
novo à história dos catálogos.
 O séc. XIV traz alguns melhoramentos.
Na Inglaterra, uma lista organizada e
classificada pelos frades agostinianos,
de 1372, separa as obras do autor
quando os assuntos são diferentes e
registra as palavras iniciais da segunda
folha de cada volume, tornando a
identificação mais precisa.
Histórico da Catalogação
Idade Média
 Termos usados para designar lista
de livros:
 Descriptio;
 Notitia;
 Notatio;
 Brevis // Breviarium
 Ou mesmo inventários apresentados
sem outro título senão seu conteúdo.
Histórico da Catalogação
Séculos XV a XVIII
 Gutenberg e o desenvolvimento da tipografia
europeia.
 Primeiro catálogo de livreiros em 1564.
Diversificação dos tipos de catálogos.
 Surge as remissivas, embora de forma primitiva.
 Aldo Manuzio, publicou o primeiro catálogo
temático de suas edições.
 Em 1548, Gesner utilizou cópia de sua
bibliografia como catálogo, bastando apenas
acrescentar os dados de localização ao lado do
registro da obra que a biblioteca possuía.
Histórico da Catalogação
Séculos XV a XVIII
 No séc. XVII, Thomas Bodley promoveu a
reconstrução da biblioteca de Oxford criando
um código minucioso de catalogação,
indicando o arranjo sistemático com um índice
alfabético organizados por sobrenome dos
autores e incluía entradas analíticas.
 Na França, Gabriel Naudé publicou uma obra
que incluía a organização de catálogos e a
catalogação: Advis pour dresser une
bibliothèque (Conselhos para formar uma
biblioteca).
 Naudé recomendava um catálogo dividido em
duas seções: uma por autores e outra por
assuntos. Sugeriu uma organização das estantes
que permitisse expansão do acervo.
Histórico da Catalogação
Séculos XV a XVIII
 Revolução Francesa.
 Confisco das bibliotecas de uso particular.
 Primeiro código nacional de catalogação,
em 1791.
 Uso de catálogos em fichas, pela primeira
vez na história da catalogação.
 Devido à falta de papel utilizaram cartas
de baralho para o registro das obras:
cartas de ases e dois seriam reservadas
para os títulos mais longos.
 Determinava a folha de rosto como fonte
de informação principal.
Publicado em 15 de
maio de 1791
representou uma
grande contribuição
do século para a
solidificação dos
procedimentos
catalográficos.
Código Francês
 As novas instruções eram detalhadas, porém
escritas de forma simples e clara. Apresentavam
prescrições para a descrição, a seleção e a
ordenação alfabética e destinavam a garantir a
uniformidade na catalogação das coleções
nacionais.
 A finalidade: procurar o conhecimento exato de todos
os livros que existem nas bibliotecas de cada
departamento que faz parte dos bens nacionais.
 As pessoas encarregadas de realizar o trabalho
precisavam ter algum conhecimento de Letras e
saber ao menos a língua latina.
Código Francês
O trabalho era simples:
1) devia numerar os livros do primeiro ao último inserindo
em cada volume uma ficha numerada.
2) escrevia o número sobre uma carta de baralho onde se
transcrevia de forma exata o título do livro e a descrição
do seu aspecto físico e de seu conteúdo.
A informação contida em cada descrição:
1) título e menção de responsabilidade.
2) lugar de publicação, nome do editor e data de
publicação.
3) descrição física, que inclui a extensão da obra, outros
detalhes físicos e as dimensões.
Histórico da Catalogação
Séculos XV a XVIII
 No séc. XVIII, os catálogos eram vistos
mais como listas simplificadas do que
inventários.
 No séc. XVIII, mudou o objetivo do
catálogo: este passou a ser
desenvolvido para servir como um
instrumento de busca.
O desenvolvimento da pesquisa
científica e das atividades de estudo
fizeram crescer as bibliotecas na
Europa.
Histórico da Catalogação
Séculos XV a XVIII
 Algumas práticas se impuseram:
 Catálogos classificados ou alfabéticos, embora
alguns ainda permanecessem organizados pelo
tamanho dos livros;
 Os índices eram considerados úteis;
 Os nomes dos autores vinham pelo sobrenome;
 A página de rosto adquiriu um certo prestígio,
sendo os títulos transcritos literalmente;
 As remissivas tornaram-se de uso comum;
 Adaptação das normas às necessidades locais;
 Registro das diversas informações sobre um
documento e a sua ordenação alfabética e
atualização constante.
Histórico da Catalogação
Século XIX
 Início da Biblioteconomia moderna e da
contribuição dos primeiros teóricos da
catalogação.
 Anthony Panizzi – 91 regras (Reino Unido,
1839)
 Charles Jewett – código da Institution
Smithsonian (Estados Unidos, 1852)
 Charles Ammi Cutter – Regras para um
catálogo dicionário (Estados Unidos, 1876)
 Instruções Prussianas – catálogo coletivo
alemão (Alemanha, 1899).
Histórico da Catalogação
Século XX
 1901 – venda de fichas catalográficas pela Library of
Congress.
 1908 – a American Library Association publica seu 1o
código.
 1920 – Código da Vaticana.
 1961 – Declaração dos princípios de Paris.
 1965-1966 – projeto Piloto MARC.
 1967 – Código de Catalogação Anglo Americano
(AACR).
 1968 – MARC II.
 1969 – Reunião Internacional de Especialistas em
catalogação (RIEC), Michael Gorman apresenta a
Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada
(ISBD).
 1969 – Tradução do AACR no Brasil.
Histórico da Catalogação
 Século XX
 1974 – Institucionalização do controle bibliográfico universal
pela UNESCO.
 1971 – publicação da primeira ISBD para monografia.
 1978 – 2a edição do Código de Catalogação Anglo
Americano (AACR2).
 1983 e 1985 – tradução do AACR2 no Brasil.
 1988 – Revisão da 2a edição do Código de Catalogação
Anglo Americano (AACR2R).
 1998 – publicação dos Requisitos Funcionais para
Registros Bibliográficos (FRBR).
 2004 – tradução do AACR2R, revisão de 2002, no Brasil.
 2005 – RDA.
 2009 – Declaração dos Princípios internacionais de
Catalogação.
 2016 - Declaração dos Princípios internacionais de
Catalogação
Conclusão
A história do catálogo é marcada por
pelo menos três orientações:
 A normalização. Imposta pela natureza repetitiva
da informação que ele consigna.
 A habilidade de uma manipulação específica.
Necessidade de administrar dois acessos: um
contínuo e outro reservado.
 Um fazer em relação a lógica de uma coleção e
a lógica da organização e classificação dos
dados bibliográficos.
Conclusão
 A variedade tipológica dos repertórios
bibliográficos nos conduzem a identificar
os motivos conceituais que determinaram
sua origem e posteriormente seu
desenvolvimento, suas modificações e
seu crescimento.
 O catálogo tem uma dupla materialidade
ligada de um lado, a seu suporte e, de
outro, à disposição gráfica das
informações catalográficas.
Referências
BARBOSA, A.P. Novos rumos da catalogação. Rio de Janeiro: BNG/Brasilart, 1978.
BATTLES, M. A conturbada história das bibliotecas. São Paulo: Editora Planeta do Brasil,
2003.
EXPOSIÇÃO dos princípios adotados pela conferência internacional sôbre princípios de
catalogação Paris, outubro de 1961. Tradução de Maria Luiza Monteiro da Cunha.
DECLARAÇÃO de princípios internacionais de catalogação. IFLA, 2009. Disponível em:
<http://www.ifla.org/files/cataloguing/icp/icp_2009-pt.pdf>. Acesso em: 07 abr. 2018.
FIUZA, Marysia Malheiros. Funções e desenvolvimento do catálogo: uma visão retrospectiva.
Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 9, n. 2, 1980, p.
139-158..
GARRIDO ARILLA, M. R. Teoría e historia de la catalogación de documentos. Madrid:
Síntesis, 1999.
LÓPEZ GUILLAMÓN, Ignacio. Apuntes para una historia de la catalogación internacional en
los seglos XIX y XX. SCIRE: representación y organización del conocimiento, Espanha, v.
10, n. 1, p. 121-144, enero/jun. 2004. Disponível em:
<http://ibersid.eu/ojs/index.php/scire/article/view/1483/1461>. Acesso em: 04 abr. 2018
MEY, E. S. A.; SILVEIRA, N. C. Catalogação no plural. Brasília: Briquet de Lemos/Livros,
2009. Cap. 3, p. 59-93.
SANTOS, P. L. V. A. da C.; CORRÊA, R. M. R. Catalogação: trajetória para um código
internacional. Niterói: Intertexto, 2009.
SANTOS, P. L. V. A. da C.; PEREIRA, A. M. Catalogação: breve história e
contemporaneidade. Niterói: Intertexto, 2014.

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