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Índice

1. Introdução.................................................................................................................................1

1.1. Objectivos.............................................................................................................................1

1.2. Metodologia..........................................................................................................................1

2. As Bases de Socialização do Meio Rural em Moçambique: Aldeias Comunais.....................2

2.1. Contextualização e Efeitos da Socialização.........................................................................2

2.2. A Implantação das Aldeias Comunais em Moçambique......................................................4

2.3. Causa da Implantação das Aldeias Comunais......................................................................4

2.4. As Aldeias Comunais Antes da Independência....................................................................5

2.5. Objectivo da Adopção da Política de Aldeias Comunais.....................................................5

2.6. O Processo de Aldeias Comunais no Período pós Independência........................................6

2.7. Factores que Contribuíram para a Implantação das Aldeias Comunais em Moçambique...7

2.8. Critérios Utilizados para a Implantação das Aldeias Comunais...........................................8

2.9. Agentes da Socialização.......................................................................................................8

2.10. O Constrangimento da Política de Socialização.............................................................10

2.11. Contributo e Impacto Sócio-Cultural da Socialização....................................................10

3. Conclusão...............................................................................................................................12

4. Bibliografia.............................................................................................................................13
1. Introdução

O presente tema aborda sobre as bases de socialização do meio rural em Moçambique no período
pós-independência, decisão tomada como forma de reestruturação do processo de produção,
organizando os camponeses em machambas colectivas de modo a aumentar a produção e a
produtividade agrícola. Foi em parte as formas encontradas para quebrar o padrão destorcido que
se tinha formado no período colonial. A sua concretização seria acompanhada com o
assentamento das populações em aldeias comunais.

1.1. Objectivos

Geral:

Conhecer as Bases de Socialização do Meio Rural em Moçambique: Aldeias Comunais.

Específicos:

 Descrever a experiência vivida durante a luta de libertação nacional na produção


colectiva de alimentos;
 Explicar as razões que levaram o governo a adoptar a concentração das populações em
aldeias comunais e introdução de machambas do povo;
 Identificar os principais objectivos destas medidas.
1.2. Metodologia

Para a realização deste trabalho, a autora aplicou o método de pesquisa bibliográfica.


2. As Bases de Socialização do Meio Rural em Moçambique: Aldeias Comunais.

Segundo GUIDDENS (2004:27) “Socialização é processo através do qual as crianças ou os


nossos membros da sociedade aprendem o modo de vida da sociedade em que vivem”.
Socialização é o processo pelo qual homem, a partir do seu nascimento se vê inserido na cultura
da sua sociedade e ela vai interiorizando ou é o processo pelo qual o homem já inserido na
sociedade se associa com outros em grupos especiais (profissionais como sindicatos, desportivos,
políticos como partidos, culturais como academias, etc.) para reforçar os seus poderes numa
actividade em que a pessoa isolada quase nada pode”. FREITAS (s/d: 261)

Assim sendo, socialização constitui um processo pelo qual o indivíduo aprende e interioriza os
valores, as normas e os códigos simbólicos do seu meio social, integrandoos na sua
personalidade. Sendo por natureza um processo contínuo e sempre em transformação, ela é
transmitida por todas as instituições que o indivíduo encontra ao longo da sua trajectória social.
Por isso, a socialização constitui um processo contínuo de aculturação, onde o indivíduo adquire
e interioriza certas formas de actuar, de pensar, de agir mediante ao grupo ou a sociedade a que
pertence (Sithole & Cessár, 2013).

Socialização do meio rural é a forma de convivência no meio rural através da colectivização da


produção agrícola, solidariedade social e económica, em alguns casos, prosperidade colectiva de
meio de produção, num espírito de inter e entre ajuda.

Este processo de socialização não se realiza num período determinado do homem. É um processo
que começa na infância até a morte, sempre a aprendeu novos padrões de comportamento e
permanentemente envolvido na socialização. É um processo vitalício em que o comportamento
humano é representado de uma forma contínua por intervenções sociais ao longo do tempo e em
gerações diferentes, isto é, um processo dinâmico permanente (CUHE, 1999).

2.1. Contextualização e Efeitos da Socialização

A crise económica no pós-independência devido a seca e outros factores se alastrou com bastante
gravidade nas zonas rurais, em particular entre as populações aglomeradas em aldeias comunais,
que encontravam a sua origem no colapso em que a economia natural se encontrava, em
consequência da ruptura do sistema colonial, é neste contexto que o governo lançou bases para a
introdução da colectivização da produção agrícola e a estatização da economia, num projecto que
preconizava desde o inicio a ruptura com as estruturas sociais do colonialismo e a acumulação
socialista.

Na indústria: onde a produção estava virada para o mercado externo que transformava a
matéria-prima (Algodão, Açúcar, Chá e Caju). Dado a quebra das relações entre o colonialismo e
o novo governo da FRELIMO, provocou êxodo generalizado de trabalhadores e técnicos
portugueses especializado, assim como muitos gestores de empresas o que afectou em grande o
sector industrial visto que, a agricultura familiar não conseguia responder as reais necessidades.

Na agricultura: a crise foi mais profunda e de consequências mais devastadoras para a


economia nacional. O abandono, a fuga ou a expulsão dos agricultores portugueses, as diferentes
formas de sabotagem, etc, foram factores muito importante para a crise económica no pós-
independência.

No comércio: dada a negligência no reabastecimento de uma rede de escoamento e


abastecimento após a dissolução do sistema comercial colonial.

No sector dos transportes: falando das crises não podemos deixar de lado o sector dos
transportes marítimos, ferroviário e rodoviário, afectando primeiro o monte de divisas pela não
utilização dos portos e caminhos-de-ferro no comércio internacional, afectando também os
próprios circuitos comercias que dependia da rede dos transportes.

Com as medidas tomadas pela RSA e com a falta de equipamentos que pudessem impulsionar
este sector de produtividade, associado a outros problemas como a falta de alternativas viáveis e
coerentes, o aparecimento de conjunturas (calamidades naturais, a RENAMO), tudo combinado
com a desmobilização políticas os erros de planificação, gestão as companhias compulsivas de
aldeamento e cooperativização, tornaram a crise processual num desastre económico de
consequências sociais imponderáveis. CASAL (1996, p.163),

Uma das consequências imediatas da subutilização geral das capacidades produtivas existentes
foi à subida repentina e exorbitante do custo unitário de produção no campo. Em face desta
carência, as trocas comerciais deixaram de existir, a moeda perdeu as suas funções, gerando-se
um sistema de troca directa entre produtos difícil de controlar. Os preços oficiais tornaram-se
totalmente artificiais onde havia ainda alguma capacidade de produzir excedente, instalou-se o
contrabando e o comércio paralelo, a corrupção e a especulação.

2.2. A Implantação das Aldeias Comunais em Moçambique

O projecto moçambicano das aldeias comunais não era novo, nem original. Experiências
análogas foram realizadas anteriormente em diferentes regiões do globo, sobretudo em países
subdesenvolvidos, onde os recursos agrícolas e a população rural constituíam o facto básico do
seu desenvolvimento como, por exemplo, na URSS, Israel, bem como nos países da América
latina.

Em África as práticas de transferências e concentração de populações rurais num habitat


concentrado, considerada como estratégia nacional de desenvolvimento e de transformação
social tiveram a sua mais ampla expressão na década 70, primeiro na Argélia (aldeias socialistas)
e depois na Tanzânia (aldeias Ujamau). Foi na sequência dessas duas experiências e dos modelos
socialistas de desenvolvimento seguido nesses países que se iniciava o movimento de
socialização rural em Moçambique (1977), de que as aldeias constituíam a manifestação mais
visível e importante.

Em Moçambique, a ideia da criação do sistema das aldeias comunais surgiu pela primeira vez no
discurso político através do presidente Samora Machel, em 25 de Julho de 19975 debaixo da
denominação de aldeias popular.

Na perspectiva de CASAL, o movimento de socialização do meio rural em Moçambique teve o


seu inicio 1977. Mas, é preciso salientar que antes desse período que coincide com a realização
do terceiro congresso da FRELIMO, movimento das aldeias comunais já estavam em curso em
algumas zonas do país.

2.3. Causa da Implantação das Aldeias Comunais

Moçambique encontrava-se numa grelha de países que devia resolver o problema do seu
desenvolvimento básico a partir da agricultura, tentando gerir neste sector excedente que lhe
permitisse a necessária acumulação para percorrer novas etapas.

Foi nesta perspectiva que o governo moçambicano definiu no período a seguir independência, as
linhas globais da política de desenvolvimento nacional, isto é, “tomar a agricultura como base e a
indústria como factor dinamizador”. Neste período o desenvolvimento rural insere-se num plano
de transformação, tendo como metas o socialismo. As transformações empreendidas deviam se
concretizar em duas directivas:

 A dinamização da população agrícola sob a forma de empresas estatais e cooperativas;


 Concentração espacial da população rural dispersa em aldeias comunais.

Com a implantação dos movimentos das aldeias comunais, pretendia-se vencer o


subdesenvolvimento e transformar as relações sociais numa perspectiva socialista. Este modelo
de desenvolvimento e socialização foi apresentado como alternativa possível para ultrapassar o
atraso do país e as desigualdades sociais entre o campo e as cidades.

2.4. As Aldeias Comunais Antes da Independência

A ideia de aldeia comunal remonta, em Moçambique, aos aldeamentos planeados, em particular


no norte do país, como parte das campanhas de cultivo do algodão não será demasiado fantasioso
vê-las arraigadas numa tradição Ibérica muito mais antiga, nas tentativas dos espanhóis de
erradicação da religião Incas, concentrando a população do Peru no século XVI, e nas colónias
planeadas dos jesuítas no Brasil e no Paraguai, destinadas a “civilizar” e cristianizar a população
da Índia. Vista nesta perspectiva, a aldeia comunal revestiu sempre duas finalidades:

 Originar uma dimensão de cooperação e uma concentração de recursos na agricultura;


 Doutrinar o campeonato na ideologia política ou religiosa dos governantes da época.
2.5. Objectivo da Adopção da Política de Aldeias Comunais

A aldeia comunal nasce e constrói na base de uma realidade social anterior. Segundo a
concepção oficial do desenvolvimento da socialização, a concentração das populações rurais
deveria ser uma condição para alcançar o projecto desenhado pelo governo para o futuro, com
base nos objectivos sócio-ideológicos, económicos e políticos seguintes:

a) Objectivos Sociais e ideológicos

O Partido FRELIMO ao criar as aldeias comunais pretendia:

 Inculcar os novos valores nacionais e socialistas através de canais de instituições estatais


tais como escolas, administração, posto de rádio, as organizações de massas, e outros;
 Anular a qualquer custo o sistema de valores tradicionais considerados oficialmente
como obscurantistas, incompatível com o ideal de um Homem Novo e da sociedade
socialista;
 Libertar a população rural da produção familiar para produção estatal e cooperativas.
b) Objectivos Económicos
 Participar em forma mais moderna e rentável de produção agrícola em seu próprio
benefício familiar e para o bem da comunidade através de um fundo de acumulação
social;
 Criar condições estruturais para que as populações possam, por si próprio, assegurar e
melhorar o seu consumo e abastecimento básico, ao mesmo tempo que os recursos
nacionais disponíveis são dirigidos livremente para sectores de produção e de consumo
considerados prioritários, dentro da óptica de desenvolvimento nacional e da opção
política;
 Organizar os recursos naturais e humanos nas zonas rurais, promovendo uma maior
rentabilidade na produção, particularmente na produção de exportação, com o fim de
criar uma taxa mais elevada descendente e aumentar o fundo de acumulação.
c) Objectivos Sócio -Político

Unir as comunidades rurais (unidades regionais, tribais, clânicas e linhagens de parentesco,


etc) num quadro político-administrativo com a finalidade de:

 Garantir o fortalecimento do controlo estatal sobre o território nacional através de


novos vínculos de subordinação ao poder central;
 Com a saída da maioria dos médicos portugueses depois da independência, a
FRELIMO realçou a medicina social e preventiva através da campanha nacional de
vacinação contra a varíola, sarampo e tétano, usando pessoal médico expatriado;
 Através das aldeias comunais, as populações rurais teriam acesso aos serviços
modernos instrução escolar, saúde, segurança, comunicação, etc. Que numa situação
de dispersão lhes estariam vedados.
2.6. O Processo de Aldeias Comunais no Período pós Independência

Durante a guerra de libertação, a FRELIMO estava bastante atenta a mobilização das massas do
campesinato, visto que, era a classe mais oprimida sob antigo regime. Acreditava que o povo
podia ser mobilizado para apoiar a revolução, resolveu-se então formar associações de massas,
em que os líderes tradicionais estariam como chefes e dirigentes de cooperativas e bem assim os
grupos oprimidos como trabalhadores e as mulheres. Foi dedicada atenção à criação de escolas,
armazéns e hospitais nas zonas rurais, e a criação de aldeias comunitárias para proteger a
população.

Segundo CASAL (1996, p.158) “o terceiro congresso da FRELIMO, em 1977 definiu a aldeia
comunal como estratégia de desenvolvimento e de socialização rural, tal como já tinha sido
estipulado pela 8ª sessão do Comité Central da FRELIMO em Fevereiro de 1976”.

No entanto, os dois eventos citados por CASAL definiram que a base económica de uma aldeia
comunal devia ser constituída pela produção estatal e pelas cooperativas pois, o papel das
cooperativas seria o de servir de instrumento nas mãos dos camponeses para eles poderem
exercer o controlo directo sobre a produção e tomar consciência social e política do movimento
revolucionário no campo.

Nesta perspectiva, pode-se concluir que as aldeias comunais constituíram a base da socialização
no meio rural, pois, com a concentração ou aglomeração da população num único habitat
permitiu o desenvolvimento de novas formas de relações sociais, políticas e económicas, no que
se refere a troca de experiência (interacção entre diferentes grupos populacionais), a
colectivização e controlo da população, assim como a implementação de determinados serviços
sociais como é o caso da educação.

2.7. Factores que Contribuíram para a Implantação das Aldeias Comunais em


Moçambique
a) Capacidade Mobilizadora do Partido FRELIMO

O fundo revolucionário que a FRELIMO foi acumulando ao longo dos 10 anos de luta armada
era grande. O prestígio, a força e a autoridade com que se apresentou para tomar nas suas mãos
destino do povo moçambicano eram de uma forma geral, reconhecido por todo os
moçambicanos, dos mais diferentes estratos sociais, e em particular pelos camponeses que
constituíam a principal base de apoio da FRELIMO, sobretudo no Norte do país.
Esta expectativa de uma vida melhor (acesso à escola, hospitais, transportes, os consumos de
bens, os abastecimentos de meios de produção, etc) programado pelo Partido FRELIMO e pelo
novo Estado moçambicano em que as populações rurais depositavam a sua confiança, explicam
adesão de grande parte da população as aldeias comunais.

b) As Calamidades Naturais

O período de 1977-1978 foi pródigo em fenómenos naturais, tais como as cheias e mais tarde as
secas, afectando a sua vasta região do território nacional. Estas circunstâncias foram aproveitadas
pelas autoridades moçambicanas para propor as populações vítimas das catástrofes, o
enquadramento em aldeias comunais onde a segurança das suas vidas, dos seus bens e do seu
futuro ficariam garantidos.

2.8. Critérios Utilizados para a Implantação das Aldeias Comunais

Ao nível da escolha de locais para a implantação duma aldeia, foi na 8ª reunião do Comité
Central da FRELIMO que foram definidas os critérios básicos de localização que eram
seguintes:

 A proximidade de vias de acesso – estradas ou picadas relativamente ao local da


implantação das aldeias comunais;
 Recursos naturais em água e terra;
 Distância em relação a área de produção;
 Densidade e composição dos aglomerados humanos das aldeias – os critérios
oficialmente divulgados referiam que concentração média era de 500 famílias com 5
agregados e com uma porção de terra mínima de 30 X 40 metros.
2.9. Agentes da Socialização
a) A Educação nas Aldeias comunais

Segundo NEWITT (1997, p.382), a educação é basicamente a maneira de uma sociedade


preparar as gerações mais novas para o desempenho de uma função útil a sociedade ou a maneira
de uma comunidade perpetuar a sua mitologia e, através dela, o seu sistema de valores e controlo
social.
Partindo deste conceito, pode-se concluir que a educação é a transmissão de valores, técnicas,
hábitos e costumes de geração em geração, dentro duma determinada comunidade. Portanto, esta
transmissão cultural envolveu um processo de socialização que inicia na família, passando pela
comunidade, até a integração do indivíduo no outro sistema.

É nesta ordem que o estado vai implantar os serviços da escolarização e alfabetização nas aldeias
comunais, como forma de atrair a massa popular e ao mesmo tempo, servir de elo de
comunicação entre as populações já agrupadas, tendo assim definido a língua portuguesa como a
oficial.

No entanto, os principais problemas detectados no funcionamento das escolas referiam-se à:

 Desistências avultadas dos alunos motivadas por: casamentos prematuros (raparigas),


Deficiente Preparação Pedagógica;
 A falta de ligação escola comunidade;
 Os conteúdos programáticos não inseriam conteúdos relacionados com a realidade da
aldeia e do seu desenvolvimento.
b) Rádios Comunitárias

Após a independência de Moçambique, assiste-se a emergência de um agente de socialização: os


de comunicação de massas (rádio, cinema, televisão), que constituem poderosos instrumentos de
aprendizagem, uma vez que nos inculcam normas, crenças, valores, modelos, de
comportamentos. Assim, à partir dos princípios da década de 90 do século XX em Moçambique
tornou-se possível a criação das rádios comunitárias.

A rádio comunitária era um instrumento que concentrava processos de ensino e aprendizagem e


de promoção do debate sócio-economico das comunidades mais do que um simples meio de
produção e difusão de programas radiofónicos.

Nesta efeveriscencia as rádios contribuem, de maneira progressiva, na mudança social, na


democratização da comunidade, promovendo a cultura de paz, democracia e direitos humanos,
fornecendo conhecimentos básicos sobre o saneamento do meio ambiente, prevenção de
doenças, técnicas para o cultivo de certos culturas, etc.
2.10. O Constrangimento da Política de Socialização

Com tudo, durante os sete ou oito anos depois da independência, a FRELIMO negligenciou por
completo o sector da agricultura do tipo familiar, acreditando que acabaria por ser absorvido no
sistema de cooperativas e empresas estatais. O sector familiar vai se ressentir deste abandono,
servindo apenas de reservatório de mão de obras sazonal para as grandes empresas agrícola.
Além disso, com a independência, este sector passou a ser responsável por 30% da produção
agrícola comercializada (incluindo a exportada).

No entanto, dada a saída da mão-de-obra para os países vizinhos e outros que foram para as
cidades em busca de melhores condições de vida, melhores oportunidades de emprego, fizeram
com que esta política falhar, sabe-se que o sector familiar constituía a base de subsistência, como
salienta Marc Wuyts citado por NEWITT (Op Cit: 478) diz que “a população foi obrigado a
abandonar o seu submundo de da produção de subsistência”.

2.11. Contributo e Impacto Sócio-Cultural da Socialização


a) Negativo
 Emprego das milícias populares, da policia da república e dos serviços administrativos e,
as vezes, das forças armadas como forma de persuadir as populações a aderirem no
processo de implantação das aldeias comunais;
 O abandono da agricultura de pequena escala e do sector familiar, como a base de
subsistência, contribuiu para o abandono dos camponeses no projecto de aldeias
comunais e aumento do êxodo populacional para as cidades;
 Fraca capacidade do sistema de mobilização das massas e do projecto das aldeias
comunais e das machambas colectivas condicionou a fuga da mão-de-obra para países
vizinhos em busca de melhores empregos e condições de vida;
 As carências em meios materiais, em recursos humanos e, sobretudo a falta de
coordenação entre a escola, alfabetização e a comunidade, fizeram com que as acções da
escolarização e alfabetização não tivessem os resultados esperados.
b) Positivo
 Inculcou novos valores nacionais através de canais e instituições, tais como, a escola, a
administração, meios de comunicação (rádio);
 Organização da vida colectiva das populações rurais com objectivo de melhorar as suas
condições de vida e a consequente transformação das suas relações. Do mesmo modo fez
nascer a identidade cultural moçambicana e uma ideologia nacional;
 Quebrou definitivamente a rede de autonomia como as diferenças sociais e particularismo
aos níveis em que ela continuava a expressar-se;
 Permitiu o desenvolvimento de novas relações sociais, políticas e económicas no que se
refere a troca de experiências (interacção entre diferentes grupos populacionais).
3. Conclusão

Contudo, cheguei as conclusões que as bases de socialização do meio rural em Moçambique


assentaram-se na necessidade de quebrar o padrão destorcido que se tinha formado no período
colonial, partindo da visão de desenvolvimento que surgiu durante a guerra de libertação, que
baseava-se na necessidade de tranformar a estrutura económica através de uma industrialização
rápida. As machambas estatais que seriam formadas a partir das antigas plantações e da junção
de parcelas agrícolas mais pequenas dos colonos. A rápida mecanização era motivada, em
primeiro lugar, pela vontade de aumentar a produtividade; não só mas também pela necessidade
de substituir o chibalo e o trabalho manual duro por uma forma de agricultura mais moderna e
também a ideologia nacional.
4. Bibliografia

COSSA, H., & MATARUCA, S. (2008). Moçambique e sua história.

CUHE, D. (1999). A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim de Século Edições.

DUARTE, R. T. (1999). A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim do seculo
edicoes.

GIDDENS, A. (2001). Modernidade e identidade Pessoal. Oeiras: Celta Editores.

MONDLANE, E. (1975). Lutar por Moçambique. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora.

Sithole, D. M., & Cessár, S. (2013). Manual de Curso de licenciatura em Ensino de História:
HO178 - HISTÓRIA DAS SOCIEDADES IV - A Sociedade Africana e Moçambicana
aquando das Independências. Beira-Moçambique: Universidade Católica de Moçambique:
Centro de Ensino à Distância-CED.

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