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1. Introdução.................................................................................................................................1
1.1. Objectivos.............................................................................................................................1
1.2. Metodologia..........................................................................................................................1
2.7. Factores que Contribuíram para a Implantação das Aldeias Comunais em Moçambique...7
3. Conclusão...............................................................................................................................12
4. Bibliografia.............................................................................................................................13
1. Introdução
O presente tema aborda sobre as bases de socialização do meio rural em Moçambique no período
pós-independência, decisão tomada como forma de reestruturação do processo de produção,
organizando os camponeses em machambas colectivas de modo a aumentar a produção e a
produtividade agrícola. Foi em parte as formas encontradas para quebrar o padrão destorcido que
se tinha formado no período colonial. A sua concretização seria acompanhada com o
assentamento das populações em aldeias comunais.
1.1. Objectivos
Geral:
Específicos:
Assim sendo, socialização constitui um processo pelo qual o indivíduo aprende e interioriza os
valores, as normas e os códigos simbólicos do seu meio social, integrandoos na sua
personalidade. Sendo por natureza um processo contínuo e sempre em transformação, ela é
transmitida por todas as instituições que o indivíduo encontra ao longo da sua trajectória social.
Por isso, a socialização constitui um processo contínuo de aculturação, onde o indivíduo adquire
e interioriza certas formas de actuar, de pensar, de agir mediante ao grupo ou a sociedade a que
pertence (Sithole & Cessár, 2013).
Este processo de socialização não se realiza num período determinado do homem. É um processo
que começa na infância até a morte, sempre a aprendeu novos padrões de comportamento e
permanentemente envolvido na socialização. É um processo vitalício em que o comportamento
humano é representado de uma forma contínua por intervenções sociais ao longo do tempo e em
gerações diferentes, isto é, um processo dinâmico permanente (CUHE, 1999).
A crise económica no pós-independência devido a seca e outros factores se alastrou com bastante
gravidade nas zonas rurais, em particular entre as populações aglomeradas em aldeias comunais,
que encontravam a sua origem no colapso em que a economia natural se encontrava, em
consequência da ruptura do sistema colonial, é neste contexto que o governo lançou bases para a
introdução da colectivização da produção agrícola e a estatização da economia, num projecto que
preconizava desde o inicio a ruptura com as estruturas sociais do colonialismo e a acumulação
socialista.
Na indústria: onde a produção estava virada para o mercado externo que transformava a
matéria-prima (Algodão, Açúcar, Chá e Caju). Dado a quebra das relações entre o colonialismo e
o novo governo da FRELIMO, provocou êxodo generalizado de trabalhadores e técnicos
portugueses especializado, assim como muitos gestores de empresas o que afectou em grande o
sector industrial visto que, a agricultura familiar não conseguia responder as reais necessidades.
No sector dos transportes: falando das crises não podemos deixar de lado o sector dos
transportes marítimos, ferroviário e rodoviário, afectando primeiro o monte de divisas pela não
utilização dos portos e caminhos-de-ferro no comércio internacional, afectando também os
próprios circuitos comercias que dependia da rede dos transportes.
Com as medidas tomadas pela RSA e com a falta de equipamentos que pudessem impulsionar
este sector de produtividade, associado a outros problemas como a falta de alternativas viáveis e
coerentes, o aparecimento de conjunturas (calamidades naturais, a RENAMO), tudo combinado
com a desmobilização políticas os erros de planificação, gestão as companhias compulsivas de
aldeamento e cooperativização, tornaram a crise processual num desastre económico de
consequências sociais imponderáveis. CASAL (1996, p.163),
Uma das consequências imediatas da subutilização geral das capacidades produtivas existentes
foi à subida repentina e exorbitante do custo unitário de produção no campo. Em face desta
carência, as trocas comerciais deixaram de existir, a moeda perdeu as suas funções, gerando-se
um sistema de troca directa entre produtos difícil de controlar. Os preços oficiais tornaram-se
totalmente artificiais onde havia ainda alguma capacidade de produzir excedente, instalou-se o
contrabando e o comércio paralelo, a corrupção e a especulação.
O projecto moçambicano das aldeias comunais não era novo, nem original. Experiências
análogas foram realizadas anteriormente em diferentes regiões do globo, sobretudo em países
subdesenvolvidos, onde os recursos agrícolas e a população rural constituíam o facto básico do
seu desenvolvimento como, por exemplo, na URSS, Israel, bem como nos países da América
latina.
Em Moçambique, a ideia da criação do sistema das aldeias comunais surgiu pela primeira vez no
discurso político através do presidente Samora Machel, em 25 de Julho de 19975 debaixo da
denominação de aldeias popular.
Moçambique encontrava-se numa grelha de países que devia resolver o problema do seu
desenvolvimento básico a partir da agricultura, tentando gerir neste sector excedente que lhe
permitisse a necessária acumulação para percorrer novas etapas.
Foi nesta perspectiva que o governo moçambicano definiu no período a seguir independência, as
linhas globais da política de desenvolvimento nacional, isto é, “tomar a agricultura como base e a
indústria como factor dinamizador”. Neste período o desenvolvimento rural insere-se num plano
de transformação, tendo como metas o socialismo. As transformações empreendidas deviam se
concretizar em duas directivas:
A aldeia comunal nasce e constrói na base de uma realidade social anterior. Segundo a
concepção oficial do desenvolvimento da socialização, a concentração das populações rurais
deveria ser uma condição para alcançar o projecto desenhado pelo governo para o futuro, com
base nos objectivos sócio-ideológicos, económicos e políticos seguintes:
Durante a guerra de libertação, a FRELIMO estava bastante atenta a mobilização das massas do
campesinato, visto que, era a classe mais oprimida sob antigo regime. Acreditava que o povo
podia ser mobilizado para apoiar a revolução, resolveu-se então formar associações de massas,
em que os líderes tradicionais estariam como chefes e dirigentes de cooperativas e bem assim os
grupos oprimidos como trabalhadores e as mulheres. Foi dedicada atenção à criação de escolas,
armazéns e hospitais nas zonas rurais, e a criação de aldeias comunitárias para proteger a
população.
Segundo CASAL (1996, p.158) “o terceiro congresso da FRELIMO, em 1977 definiu a aldeia
comunal como estratégia de desenvolvimento e de socialização rural, tal como já tinha sido
estipulado pela 8ª sessão do Comité Central da FRELIMO em Fevereiro de 1976”.
No entanto, os dois eventos citados por CASAL definiram que a base económica de uma aldeia
comunal devia ser constituída pela produção estatal e pelas cooperativas pois, o papel das
cooperativas seria o de servir de instrumento nas mãos dos camponeses para eles poderem
exercer o controlo directo sobre a produção e tomar consciência social e política do movimento
revolucionário no campo.
Nesta perspectiva, pode-se concluir que as aldeias comunais constituíram a base da socialização
no meio rural, pois, com a concentração ou aglomeração da população num único habitat
permitiu o desenvolvimento de novas formas de relações sociais, políticas e económicas, no que
se refere a troca de experiência (interacção entre diferentes grupos populacionais), a
colectivização e controlo da população, assim como a implementação de determinados serviços
sociais como é o caso da educação.
O fundo revolucionário que a FRELIMO foi acumulando ao longo dos 10 anos de luta armada
era grande. O prestígio, a força e a autoridade com que se apresentou para tomar nas suas mãos
destino do povo moçambicano eram de uma forma geral, reconhecido por todo os
moçambicanos, dos mais diferentes estratos sociais, e em particular pelos camponeses que
constituíam a principal base de apoio da FRELIMO, sobretudo no Norte do país.
Esta expectativa de uma vida melhor (acesso à escola, hospitais, transportes, os consumos de
bens, os abastecimentos de meios de produção, etc) programado pelo Partido FRELIMO e pelo
novo Estado moçambicano em que as populações rurais depositavam a sua confiança, explicam
adesão de grande parte da população as aldeias comunais.
b) As Calamidades Naturais
O período de 1977-1978 foi pródigo em fenómenos naturais, tais como as cheias e mais tarde as
secas, afectando a sua vasta região do território nacional. Estas circunstâncias foram aproveitadas
pelas autoridades moçambicanas para propor as populações vítimas das catástrofes, o
enquadramento em aldeias comunais onde a segurança das suas vidas, dos seus bens e do seu
futuro ficariam garantidos.
Ao nível da escolha de locais para a implantação duma aldeia, foi na 8ª reunião do Comité
Central da FRELIMO que foram definidas os critérios básicos de localização que eram
seguintes:
É nesta ordem que o estado vai implantar os serviços da escolarização e alfabetização nas aldeias
comunais, como forma de atrair a massa popular e ao mesmo tempo, servir de elo de
comunicação entre as populações já agrupadas, tendo assim definido a língua portuguesa como a
oficial.
Com tudo, durante os sete ou oito anos depois da independência, a FRELIMO negligenciou por
completo o sector da agricultura do tipo familiar, acreditando que acabaria por ser absorvido no
sistema de cooperativas e empresas estatais. O sector familiar vai se ressentir deste abandono,
servindo apenas de reservatório de mão de obras sazonal para as grandes empresas agrícola.
Além disso, com a independência, este sector passou a ser responsável por 30% da produção
agrícola comercializada (incluindo a exportada).
No entanto, dada a saída da mão-de-obra para os países vizinhos e outros que foram para as
cidades em busca de melhores condições de vida, melhores oportunidades de emprego, fizeram
com que esta política falhar, sabe-se que o sector familiar constituía a base de subsistência, como
salienta Marc Wuyts citado por NEWITT (Op Cit: 478) diz que “a população foi obrigado a
abandonar o seu submundo de da produção de subsistência”.
CUHE, D. (1999). A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim de Século Edições.
DUARTE, R. T. (1999). A Noção de Cultura nas Ciências Sociais. Lisboa: Fim do seculo
edicoes.
Sithole, D. M., & Cessár, S. (2013). Manual de Curso de licenciatura em Ensino de História:
HO178 - HISTÓRIA DAS SOCIEDADES IV - A Sociedade Africana e Moçambicana
aquando das Independências. Beira-Moçambique: Universidade Católica de Moçambique:
Centro de Ensino à Distância-CED.