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do mundo?
11/9/2016, 13:555.850
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Yuri Arcurs
Autor
Ana Cristina Marques
AnaCC_Marques
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FAMÍLIA
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Com frequência, sentimos que estamos a ser melhores pais quando lhes ensinamos alguma
coisa ou os envolvemos num desporto, ou oferecemos aos seus pequenos cérebros algum
‘input’. Brincar parece ser um desperdício de tempo de aprendizagem valioso. Mas será
mesmo?” (Pais à Maneira Dinamarquesa, p. 31)
Brincar em dinamarquês
Lembra-se do Lego, daqueles blocos coloridos que se encaixavam uns nos outros? É
provável que sim, que em tempos já tenha brincado ou visto brincar com aquele que foi
considerado pela revista norte-americana Fortune, no início do milénio, “o brinquedo do
século”. Pois bem, o Lego teve origem na Dinamarca, em 1932. Outra curiosidade é o facto
de o principal fornecedor de parques de recreio no mundo ser também dinamarquês.
Brincar é tão central na visão dinamarquesa da infância que muitas escolas têm programas
que promovem a aprendizagem através do desporto, da brincadeira e do exercício para
todos os alunos.” (Pais à Maneira Dinamarquesa, p. 43)
iStockphoto/Deklofenak
A empatia facilita a nossa ligação com outros. Desenvolve-se na infância através da relação
com a figura de afeto. Uma criança aprende, em primeiro lugar, a sintonizar-se com as
emoções e estados de espírito da sua mãe e, mais tarde, com as de outras pessoas. É por isso
que o contacto visual, as expressões faciais, o tom de voz e outras atitudes, são tão
importantes no início de vida”. (Pais à Maneira Dinamarquesa, p. 103)
E como é em Portugal?
Qualquer comparação é injusta, convenhamos, mas importa tentar perceber porque é que, à
partida, os pais dinamarqueses podem ser diferentes dos portugueses. Certo que um
recente estudo internacional sobre mobilidade infantil colocou Portugal no fim da lista e
classificou os pais portugueses como sendo dos mais protetores no mundo. Mas até dados
resultantes de uma pesquisa global devem ser contextualizados, assegura Maria Filomena
Gaspar, docente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade de
Coimbra.
Fala ainda da conjuntura económica e também das questões culturais, lembrando que até
1974 a maioria dos portugueses não tinha acesso à escolaridade. Mais, segundo a própria,
“as escolas discriminam as famílias, pagamos aos professores [tendo em conta as
explicações] quando os nossos filhos têm insucesso escolar, enquanto na Dinamarca a
função da escola é conseguir que todos os alunos consigam atingir aquilo que é o seu nível
de competência”.
E quanto aos pais protetores, a docente comenta que até 1970 muitos portugueses viviam
na aldeia, onde todos se conheciam e o perigo seria diminuto, realidade que se veio a alterar
drasticamente. “Começámos a trazer pessoas para a urbe e começámos a assistir a novos
tipos de famílias. Isso criou a necessidade de proteger os filhos de perigos com os quais os
pais não sabiam lidar.”