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O Contributo dos Portugueses: a Inovação Técnica

Sofia Pires
10 D
nº25
Ao se iniciar o período de expansão marítima, os Portugueses possuíam já um
domínio de saber técnico oriundo dos Árabes e Judeus do Mediterrâneo. Alguns
instrumentos tais como o Astrolábio, Quadrante, Balestilha, o leme montado e as
cartas-portulano. Porém, colocados alguns perigos e dificuldades na navegação
atlântica, os navegadores mostraram as suas capacidades na reinvenção e progressão
técnica nas áreas da náutica e cartografia.
Alguns instrumentos foram utilizados e indispensáveis para as viagens
marítimas: A ampulheta (ajudava na medição do tempo também conhecida por relógio
da areia), A Bússola (ajudava na orientação segundo os pontos cardeais da rosa dos
ventos e indicava o norte aos navegadores) e as Tabelas de declinação solar
(calculados por matemáticos e astrónomos, para medir as latitudes e introduziram as
correções efetuadas na observação direta dos astros).

Astrolábio, Quadrante e Balestilha mediam a altura dos astros


Aos portugueses, deve-se a criação de um vasto banco de dados astronómicos,
meteorológicos e hidrológicos que contribuíram para o conhecimento físico da
terra. Nos Livros de Marinha, Guias Náuticos e Roteiros encontram-se registos
dos astros, das tábuas solares e das latitudes, a descrição de ventos e
correntes, das horas das marés nos portos, dos cursos dos raios e da
configuração das costas.

Náutica: a construção naval

Nas viagens de regresso da Guiné, os marinheiros defrontavam-se com ventos


alísios contrários e correntes de norte e nordeste que dificultavam a navegação
costeira. Para vencer os ventos contrários, faziam inclinações oblíquas da vela para
poderem navegar em ziguezague. A isto se chamou navegação à bolina.
● A navegação à bolina permitiu a mudança na estrutura da construção naval. As
barcas passaram a caravelas com velas triangulares ou latinas e mastros que
permitiram manobras diferentes consoante as direções do vento. Também, se
deu a adaptação técnica do leme de cadastro que permitia mudar de direção
com facilidade. A caravela tornou-se assim um navio veloz com as suas formas
elegantes. Mais tarde, as longas viagens em direção ao oriente e América
motivaram a construção da nau e do galeão, mais resistentes, de maior tamanho
e que podem levar mais carga.

A cartografia
A cartografia medieval era primitiva e muito simples para a navegação
marítima. Por exemplo, nos planisférios T-O, a Terra aparecia como um disco plano,
constituído por três continentes e um de oceano. Algumas zonas eram consideradas
inabitáveis como as zonas equatoriais e polares. Essas representações não tinham
critérios científicos de aproximação à realidade.

Até ao século XIV a noção de limites e territórios era muito primitiva.Tal, constitui
um conhecimento escasso dos territórios na sua realidade, nomeadamente das costas
Africanas a sul e a orientação que também estava sujeita a erros ficava aquém pelas
colunas existentes nas cartas-portulano que não possuíam uma escala de latitudes
para o cálculo da posição dos navios no mar. Assim, as cartas-portulanas eram um
instrumento ainda muito rudimentar para expansão marítima.
Com a necessidade de navegar conscientemente devido aos riscos e perigos do
mar, nos séculos XV e XVI, a cartografia europeia registou uma melhoria notável com a
utilização de instrumentos referidos anteriormente, tais como a bússola e instrumentos
que permitiam perceber a altura do sol, calculando as latitudes. Com a aplicação da
escala de latitudes na representação da superfície terrestre deu-se a resolução da
cartografia (representação da superfície terrestre em forma de mapas com uma
determinada escala). Por exemplo, em 1485, iniciou-se a análise das latitudes da costa
Africana, fundamental para o desenvolvimento da Carta De Cantino, em 1402.
1-O mar Mediterrâneo (Atlas de Cresques, 1375)

2-O Planisfério de Cantino (1502)

1- O Mar Mediterrâneo (Atlas de Cresques, 1375)


O Atlas Catalão é um atlas medieval da autoria de Abraão Cresques. Embora, o
portulano não esteja datado, estima-se que foi produzido em 1375. O Atlas Catalão é o
primeiro atlas conhecido que tem uma rosa dos ventos na sua ilustração, sendo um dos
mais importantes no acervo da Biblioteca Nacional de França, Paris.

2-O Planisfério de Cantino (1502)


O planisfério de Cantino é uma das mais antigas cartas náuticas dos
descobrimentos marítimos portugueses. Tem o nome de cantino devido ao seu autor
Alberto Cantino. O seu original está na Biblioteca Estense, em Módena, na Itália. Os
continentes e as grandes ilhas são representados a verde, as pequenas ilhas são a
vermelho ou azul. As bandeiras assinalam a soberania dos territórios.
O planisfério apresenta um mundo tal como ficou conhecido depois das viagens
marítimas pelos portugueses, espanhóis e ingleses no final do século XV e início do
século XVI, incluindo as Américas, África e Índia. O Oceano Índico já não é
considerado um mar fechado e locais que se pensavam desconhecidos, como a Terra
Nova e o Brasil, são agora apresentados de forma mais ou menos correta
geograficamente. Por outro lado, as partes do mundo que já se conheciam, como as
costas Africanas do Atlântico e do Índico são representadas com mais pormenor e
exatidão.

A cartografia portuguesa

No que diz respeito à cartografia nacional na


época dos descobrimentos marítimos, famílias de
cartógrafos como Reinel, Homem e Teixeira foram
responsáveis por cartas náuticas iluminadas e com
pormenores ricos que se tornaram exemplares
notáveis no rigor da cartografia portuguesa. A
representação pormenorizada permitiu aos
cartógrafos portugueses um lugar de destaque na
cartografia internacional. Os países envolvidos nas viagens da descoberta procuravam
cartógrafos portugueses.
● Lopo Homem-Reinéis e Antonio de Holanda: Pormenor da folha do “Atlas Miller”
- representação da Terra Brasilis, ou Brasil.

Este é um tipo de mapa e planisfério que mostrava uma nova geografia que para
além de apresentar os limites geográficos, representava também os povos,a fauna e a
flora descobertos nesses continentes. O desenvolvimento da cartografia portuguesa no
século XV mostrou claramente o conhecimento do mundo e foi um contributo enorme
para os Descobrimentos.
Bibliografia/Webgrafia:

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$pedro-reinel

https://pt.wikipedia.org/wiki/Atlas_Miller

https://pt.wikipedia.org/wiki/Abra%C3%A3o_Cresques

https://www.publico.pt/2018/06/04/ciencia/ensaio/o-misterio-da-carta-portulano-
1832902

http://osdescobridoresbiju.blogspot.com/p/instrumentos-nauticos.html

Manual: Linhas da História 10ºano, Alexandra Fortes; Fátima Freitas Gomes; José
Fortes.

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