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SEGUNDO DUARTE (2002, P. 33), a Cartografia da baixa Idade Média foi das mais
pobres, tendo-se um exemplo na obra denominada Topografia Cristã, de autoria do
frade Cosmas Indiocopleustes, editada pelos idos do ano 535, em que este nega a
existência de antípodas (lugar que seria diametralmente oposto a outro no globo
terrestre); nega também a ideia da esfericidade dos céus e da Terra. Para ele, a Bíblia
não podia admitir um mundo de face para baixo. Como poderia haver tamanha
insensatez, acreditando-se que houvesse homens com os pés para cima, lugares com
tudo dependurado ao contrário, árvores crescendo às avessas, ou então a chuva
caindo de baixo para cima? Tais ideias seriam contrárias aos ensinamentos cristãos,
pois a Teologia era a rainha das ciências e tudo que houvesse para ser dito já estaria
contemplado nas Sagradas Escrituras.
A Cartografia passou a ter, portanto, grande impulso na Europa a partir das viagens
de exploração de novas terras, o que fez com que os navegadores sentissem a
necessidade de poder contar com mapas cada vez mais atualizados e perfeitos. Os
relatos das viagens dos navegadores, por outro lado, foram fundamentais para
atualizá-los. Gradativamente foram surgindo especialistas na arte de confeccionar
mapas, bem como, fábricas de mapas, onde as cópias eram obtidas manualmente
por meio de desenhista, isto até o surgimento da imprensa.
As relações de Juan de la Cosa com o Almirante não foram boas. Este chega até a
acusá-lo de ser o responsável pelo naufrágio da “Santa Maria”, na noite de Natal de
1492.
Quando regressou, construiu sua famosa “Carta mapa-múndi” (na figura a seguir) no
qual reúne e representa todas as terras descobertas por portugueses e espanhóis,
compreendidas as descobertas por Caboto. O mapa é desenhado no porto de Santa
Maria em 1500, sendo depois solicitado por reis católicos. Atualmente, este mapa
encontra-se no Museu Naval de Madri (UFRGS, 2007).
Gerhardt Kremer (1512-1594), geógrafo flamengo, que adota o nome de Mercator (Figura 8),
desenvolveu, matematicamente, a famosa projeção de Mercator (*), (Figura 9), também conhecida
como projeção cilíndrica, cujos meridianos são retos e equidistantes e paralelos também retos. Esta
projeção cartográfica (*) possibilita introduzir outro tipo de projeção (*) muito utilizada em
cartografia; a UTM (Universal Transversa de Mercator(*) tratando-se de uma projeção cilíndrica
transversa secante(*), ou seja, os paralelos(*) e meridianos(*) formam igualmente linhas retas,
porém mais espaçados entre si na direção dos polos. (UFRGS, 2007).
Mercator nasceu na Flandres em Rupelmonte, hoje uma cidade belga. Estudou primeiramente na
Holanda, transferindo-se e fixando-se depois para Lovania, onde se dedicou à construção de globos
e mapas. Apesar de não ter viajado muito, desenvolveu durante a juventude o interesse pela
Geografia e matemática como forma de ganhar a vida.
Desenvolveu vários estudos, que fizeram com que muitos o comparassem a um Ptolomeu de sua
época. Muitos de seus trabalhos reformularam concepções estabelecidas por Claudio Ptolomeu,
como o mapa da Europa, feito em 1554, reduzindo o Mar Mediterrâneo para 53 graus de
comprimento.
A origem da palavra “atlas”, atualmente utilizada para designar publicações que reúnem um
conjunto de mapas, foi igualmente um legado de Mercator, como consequência de seu trabalho de
muitos anos, onde foram reunidos vários mapas que resultaram numa publicação que Mercator
chamou de Atlas. Sua edição, entretanto, só ocorreu quatro meses após o falecimento de Mercator,
em 1595, por iniciativa de seu filho Rumold.
Segundo Oliveira (1988, p. 37), Mercator criou este termo na segunda metade do século XVI, na
extraordinária obra Atlas sive Cosmographicae Meditatione de Fabrica Mundi et Fabricati (Atlas ou
medições cosmográficas sobre a construção do mundo e a figura do construído). Para Duarte
(2002, p. 24):
A palavra atlas, usada por Mercator para dar título à sua coletânea de mapas, ainda gera
discussões. Para alguns, foi escolhida como uma homenagem ao rei Atlas (da Mauritânia),
conhecido na Antiguidade por sua vocação humanitária e seus conhecimentos da natureza, sendo
esta a versão que pode ser deduzida da folha de rosto da primeira edição. Para outros, teria sido a
referência à divindade grega filho de Jápeto e de Cimene, irmão de Prometeu, que tendo tomado o
partido dos gigantes contra os deuses e pretendendo derrubar o céu, fora condenado por Zeus a
sustentá-lo nos próprios ombros. Esta versão foi adotada na segunda edição, em 1602, sob a
orientação de Johannes, neto de Mercator.
A cartografia portuguesa dos séculos XV e XVI revela um mundo até então desconhecido. Ao navegar
ao longo do litoral de quase todos os continentes e ilhas da Terra, os portugueses compreenderam
pela primeira vez na história da humanidade os contornos dos continentes de um modo muito
correto. É na escola cartográfica catalã que podemos encontrar a origem da cartografia portuguesa.
Em 1443, cartógrafos portugueses iam completando as anteriores cartas de marear para sul do cabo
Bojador, situado na costa do Saara Ocidental, perto da latitude 27º Norte.
Um dos mais notáveis mapas da História da cartografia é o planisfério anônimo português (dito de
Cantino, na figura a seguir), que consiste num pergaminho medindo 105 x 220 cm, e se encontra
atualmente na Biblioteca Estense de Modena, na Itália. Ele foi concluído em outubro de 1502 e
adquirido por Alberto Cantino para Hércules de Este, duque de Ferrara, que pagou por ele a elevada
quantia de 12 ducados. Não se conhece o seu autor, porém, supõe-se que foi realizado
secretamente a partir da carta padrão que se encontrava no armazém real.
Este planisfério constitui a primeira visão moderna do Mundo, pois foi executado imediatamente
após as grandes viagens dos descobrimentos, realizadas até ao fim do Século XV. Além de
representar a Europa e o Mediterrâneo, já conhecidos, observa-se o perfil da África traçado com
uma correção que até então nunca foi possível alcançar e que é a forma conhecida hoje. Representa
também para oriente, o oceano Índico, a Índia, representada pela primeira vez de uma forma
bastante correta, apesar de que outras terras asiáticas, que ainda não tinham sido conhecidas pelos
portugueses, apresentem certas deformações, pois baseavam-se, ainda, em dados recolhidos por
Ptolomeu ou fornecidos aos portugueses por muçulmanos. É possível ainda salientar a primeira
representação cartográfica do Brasil e de outras terras americanas.
FONTE: ENCICLOPÉDIA GRANDES PERSONAGENS DA NOSSA HISTÓRIA. São Paulo: Abril Cultural,
1969.
RESUMO DO TÓPICO
A Cartografia passou a ter grande impulso na Europa, a partir das viagens de exploração de novas
terras, o que fez com que os navegadores sentissem a necessidade de poder contar com mapas
cada vez mais atualizados e perfeitos.
Mercator desenvolveu vários estudos que fizeram com que muitos o comparassem a um Ptolomeu
de sua época.
A origem da palavra atlas, atualmente utilizada para designar publicações que reúnem um conjunto
de mapas, foi igualmente um legado de Mercator.
Um dos mais notáveis mapas da história da Cartografia é o planisfério anônimo português (dito de
Cantino), a mais antiga carta conhecida, no qual aparece o Brasil e a Linha do Tratado de
Tordesilhas.
INTRODUÇÃO
Para podermos fazer a correta interpretação de um mapa e dar a localização da área representada,
é necessário compreender o que significa rede geográfica, que possibilitará fornecer as coordenadas
geográficas do lugar ou da cidade que residimos.
ORIENTAÇÃO
Durante muito tempo, as formas de orientação no espaço geográfico foram baseadas nas
constelações, na Lua e, principalmente, no movimento aparente do Sol.
Aos quatro pontos principais de orientação, ou seja, Norte, Sul, Leste e Oeste, convencionou-se
chamar de Pontos Cardeais (a palavra cardeal significa principal).
Sul – Também conhecido como Meridional ou austral, corresponde à extremidade inferior do eixo
da Terra. Sua abreviatura é S.
Leste – Conhecido também como Oriente ou levante, corresponde ao local onde o Sol nasce. Tem
como abreviaturas L ou E.
Oeste – Conhecido também como Ocidente ou poente, corresponde ao local onde o Sol se põe. Tem
como abreviaturas O ou W.
Norte-nordeste
Leste-nordeste
Leste-sudeste
Sul-sudeste
Sul-sudoeste
Oeste-sudoeste
Oeste-noroeste
Norte-noroeste
A representação gráfica dos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais denomina-se Rosa Náutica
ou ainda Rosa dos Ventos. Veja nas figuras a seguir:
O movimento de rotação da Terra ao redor de seu eixo proporciona dois pontos naturais - os polos
geográficos - nos quais está baseada a chamada rede geográfica. A rede geográfica consta de um
conjunto de linhas traçadas de norte a sul unindo os polos, constituindo estas os meridianos, e um
conjunto de linhas traçadas de leste a oeste paralelas ao equador, os paralelos. Expressa dentro do
conceito oficial, rede geográfica é o conjunto formado por paralelos e meridianos, ou seja, pelas
linhas de referência que cobrem o globo terrestre com a finalidade de permitir a localização precisa
de qualquer ponto sobre sua superfície, bem como orientar a confecção de mapas (FRIGOLETTO,
2007).
PARALELOS
Os paralelos são círculos menores completos que têm seus planos em toda a extensão do globo
terrestre, paralelos ao plano do equador, sendo perpendiculares ao eixo da terra.
Alguns paralelos recebem nomes especiais, pois cumprem funções especiais, sendo definidos a
partir de situações relacionadas com o movimento de rotação da Terra, que define a posição do
eixo.
Equador é o círculo máximo, constituindo, portanto, o paralelo que está equidistante dos polos
geográficos, e por esta razão divide a Terra em dois hemisférios, norte e sul.
Outros paralelos que cumprem funções geograficamente estratégicas, e que por esta razão recebem
nomes especiais, são: Trópico de Câncer, Trópico de Capricórnio, Círculo Polar Ártico e Círculo Polar
Antártico (Figuras 13 e 14).
Os paralelos cortam os meridianos formando ângulos retos, sendo isto correto para qualquer lugar
do globo, exceto para os polos, tendo em vista que neles a curvatura dos paralelos é muito
acentuada.
OS MERIDIANOS
Os meridianos são semicírculos máximos, cujas extremidades estão nos polos norte e sul geográfico
da Terra. É bom recordar que o conjunto de dois meridianos opostos constitui um círculo máximo
completo; um meridiano é, portanto, só um semicírculo máximo, formando um arco de 180º
(FRIGOLETTO, 2007).
Figura 15 – Meridianos
Desta forma, podemos dividir os meridianos em:
Meridiano superior – refere-se à linha norte-sul da rede geográfica, que passa pelo local que
estamos fazendo referência, ou aquele que contém o zênite de um lugar, tratando-se na realidade
da linha que chamamos de meridiano.
Meridiano inferior – atualmente mais conhecido como antimeridiano, uma vez que se localiza no
hemisfério contrário ao meridiano superior. É, portanto, o meridiano diametralmente oposto ao
meridiano superior e aquele que contém o nadir.
Prezado(a) acadêmico(a), sobre a função da linha internacional de data, você estudará de forma mais
aprofundada na Unidade 2.
Zênite: significa o ponto da esfera celeste na vertical da nossa cabeça. Nadir: ponto da esfera
terrestre diretamente abaixo do observador e diretamente oposto ao zênite.
Os meridianos têm sua máxima separação no Equador e convergem em direção aos dois pontos
comuns nos polos.
O número de meridianos a ser traçado sobre o globo é infinito. Sendo assim, existe um meridiano
para qualquer ponto do globo. Para sua representação em mapas, os meridianos utilizados estão
separados por distâncias iguais, no caso do mapa abaixo, a cada 20º (vinte graus) (FRIGOLETTO,
2007). Veja na figura a seguir:
COORDENADAS GEOGRÁFICAS
As coordenadas geográficas (na figura a seguir), ou seja, a latitude e a longitude de qualquer ponto
da superfície terrestre, são determinadas com base na rede geográfica. Para determinar a latitude
são considerados os paralelos, já para a determinação da longitude consideramos os meridianos.
LATITUDE
Por convenção, a Terra foi dividida em dois hemisférios a partir da Linha do Equador: Norte ou
Setentrional e Sul ou Meridional.
A latitude de um lugar é definida como o arco de meridiano, medido em graus, entre o lugar
considerado e o Equador. Portanto, a latitude pode oscilar entre zero grau no Equador até 90 graus
nos polos geográficos norte ou sul. Por exemplo: a latitude de Florianópolis, capital do Estado de
Santa Catarina, é 27º 35’49’’ S (Sul), onde se lê da seguinte forma: Latitude 27º Graus, 35 minutos e
49 segundos Sul (minutos e segundos aqui refere-se à fração de graus de uma circunferência)
(FRIGOLETTO, 2007).
LONGITUDE
A Terra foi igualmente dividida em dois hemisférios a partir do Meridiano de Greenwich, ou seja,
Hemisfério Leste ou Oriental e Hemisfério Oeste ou Ocidental.
O sistema empregado para localizar pontos sobre a superfície terrestre consiste em medir as
longitudes de arco ao longo dos meridianos e paralelos.
A longitude de um lugar pode definir-se como a medida angular, medido em graus, entre o
meridiano principal ou Meridiano de Greenwich e qualquer ponto na superfície terrestre, no sentido
leste ou oeste. É universalmente aceito como meridiano principal o que passa pelo Observatório de
Greenwich, perto de Londres, a que frequentemente se designa como meridiano de Greenwich. A
este meridiano corresponde a longitude 0º. A longitude de qualquer ponto dado sobre o globo é
medida na direção leste ou oeste a partir deste meridiano, pelo caminho mais curto. Portanto, a
longitude deve oscilar entre zero e 180º graus, tanto a leste quanto a oeste de Greenwich. Por
exemplo, a longitude de Florianópolis é de 48º32’56’’ onde se lê da seguinte forma: Longitude 48
graus, 32 minutos e 56 segundos (FRIGOLETTO, 2007).
A respeito de fusos horários, você estudará com maior profundidade na Unidade 2, o Tópico 3.
É muito importante que você não confunda rede geográfica com coordenadas geográficas. A rede
geográfica é o conjunto das linhas paralelas e meridionais, já as coordenadas geográficas consistem
na localização de um ponto qualquer na superfície da Terra, ou seja, a latitude e longitude,
utilizando-se para isso rede geográfica.
LEITURA COMPLEMENTAR 1
USOS DA CARTOGRAFIA
A seguir são citados alguns exemplos de setores que utilizam a Cartografia para o desenvolvimento
de suas diversas atividades.
AGRONEGÓCIOS
Identificação de culturas, bacias hidrográficas, zoneamento rural e florestal, cadastro técnico rural,
barreiras sanitárias e desenvolvimento rural.
PETRÓLEO E GÁS
ENERGIA ELÉTRICA
TELECOMUNICAÇÕES
Identificação e representação das bacias hidrográficas, propiciando estudos para seu gerenciamento
(governamental e por comitês), bem como do potencial hídrico, da potabilidade das águas, de
projetos que possam produzir poluição. Subsídio a ações reguladoras e de provimento de água.
SANEAMENTO
MINERAÇÃO
TRANSPORTE
ÁREA INDÍGENA
MEIO AMBIENTE
Controle e fiscalização de parques, reservas, recursos naturais e áreas degradadas. Identificação de
fontes poluidoras. Zoneamento ecológico econômico. Planos de gestão ambiental. Controle e
fiscalização de áreas com reflorestamento. Acompanhamento de desmatamentos e queimadas.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
REFORMA AGRÁRIA
Elaboração de Cadastro Técnico Rural, identificação de áreas não aproveitadas para manejo agrícola,
avaliação e identificação de áreas propícias para reforma agrária e tributação e avaliação de imóveis
rurais.
OUTROS
LEITURA COMPLEMENTAR 2
INTRODUÇÃO
O desejo de investigar tal questão foi consequência das situações formativas vivenciadas durante o
terceiro semestre nos componentes curriculares Cartografia Temática e Prática de Ensino em
Geografia, do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB,
Campus XI, situada no Território de Identidade do Sisal2, articuladas às minhas aprendizagens na
educação básica.
O CONCEITO:
A cartografia como meio de comunicação já aparece antes mesmo da invenção da escrita. Observa-
se que as informações cartográficas constituem as bases sobre as quais se tomam decisões e
encontram soluções para os problemas políticos, econômicos e sociais. A cartografia constitui-se
numa das principais ferramentas usadas pela humanidade para ampliar os espaços territoriais e
organizar sua ocupação, desta forma podemos afirmar que:
A importância da cartografia, a cada dia, vem tendo uma contribuição, também em outras ciências,
pois serve de domínio e controle do território. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia
(1998) definem Cartografia como um conhecimento que vem se desenvolvendo desde a Pré-História
até os dias de hoje e que, por intermédio da linguagem cartográfica, se torna possível sintetizar
informações, expressar conhecimentos, estudar situações, entre outras coisas – sempre envolvendo
a ideia de produção do espaço, sua organização e distribuição. São ainda os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Geografia que reafirmam a importância da Cartografia, ao colocarem como um dos
objetivos do estudo de Geografia no Ensino Fundamental a utilização da linguagem cartográfica para
obter informações e representar a espacialidade dos fenômenos geográficos, sugerindo blocos
temáticos, onde se elencam conteúdos, como a leitura e a compreensão das informações que são
expressas em linguagem cartográfica.
A cartografia sempre esteve ligada aos conhecimentos geográficos, pois desde o seu surgimento
tem contribuído para descobertas e conquistas do espaço pelo homem, quanto para compreensão,
representação do conhecimento do objeto de estudo da geografia, que é o espaço geográfico. Ainda
a cartografia tem como papel integrar o conhecimento geográfico, pois a mesma contribui para a
construção e a representação das relações sociais, com o espaço habitado pelo homem. Segundo
Joly (2004, p. 9), “Dentro dos limites das restrições de um contexto, o mapa descreve uma porção do
espaço geográfico com suas características qualitativas e/ou quantitativas”.
O ensino nos níveis de Ensino Fundamental e Médio é sumariamente importante para despertar a
percepção espacial, proporcionando à criança o entendimento sobre o espaço físico que habita,
sendo papel do professor de Geografia criar situações que estimulem a criança a compreender o
contexto em que vive. Para isso, é fundamental trabalhar na perspectiva do próprio aluno, sendo
que os livros didáticos de Geografia são insuficientes para a compreensão e interpretação do espaço
em que se vive, pois construir um mapa para ilustrar ruas para traçar melhor o caminho é ação que
faz parte do cotidiano de grande parte da sociedade.
Porém, muitas vezes estas tarefas se tornam árduas, exigindo uma maior desenvoltura, que envolve
uma série de conhecimentos que só são adquiridos num processo de alfabetização cartográfica, que
começa no ambiente escolar, onde a compreensão do mapa permite ao aluno atingir uma nova
organização estrutural de sua atividade prática e de concepção do espaço. Segundo Almeida (2001,
p. 13), “[...] os mapas expressam ideias sobre o mundo”. Já de acordo com Passini (2002, p. 15), “[...] o
mapa é uma representação codificada de um determinado espaço real”.
Para ensinar os conceitos cartográficos na sala de aula, nessa modalidade de ensino, deve-se
primeiro trabalhar o espaço concreto do aluno, onde:
Os espaços não devem ser vistos de forma estanque, quer em nível do município, bairro, estado ou
país, pois são espaços que dependem entre si e interagem. A interligação e a integração surgem
quando se realiza a leitura do espaço humanizado e organizado pelo homem. (PASSINI, 2002, p. 46).
Nas séries iniciais, os professores devem iniciar o trabalho com o estudo do espaço concreto do
aluno, o mais próximo dele, ou seja, o espaço da sala de aula, o espaço da escola, o espaço do
bairro, para somente nos dois últimos anos desse ciclo falar em espaço maior, como o município, o
estado e o planisfério, sendo o mais importante, para depois desenvolver a capacidade de leitura e
de comunicação oral e escrita por fotos, desenhos, maquetes e mapas, assim permitindo ao aluno a
percepção e o domínio do espaço à sua volta. Através desse trabalho o educando consegue atribuir
algumas funções, que são a de ter visão oblíqua e vertical, noção de construção de legenda,
referência e orientação, pois a criança precisa ter a noção do espaço vivido para depois partir para
estudar os limites do bairro, município, e por último, o planisfério.
Conforme Passini (2002, p. 25), “[...] para chegar a um nível de interpretação mais profundo é
necessário passar por experiências para a construção das noções espaciais, partindo das relações
elementares no espaço cotidiano”. A cartografia hoje está voltada para além de uma técnica de
representação destinada à leitura e à explicação do espaço geográfico, onde o aluno passa a ser
orientado a desenvolver uma consciência crítica em relação ao mapeamento que estará realizando
em sala de aula. O discente deixou de ser visto como um mapeador mecânico para ser um
mapeador consciente, de um leitor passivo para um leitor crítico dos mapas. A sua função terá que
possuir habilidades e sensibilidade no despertar das percepções para o trabalho dos conceitos
cartográficos. Segundo Castrogiovanni (2000, p. 39), “[...] a cartografia oferece a compreensão
espacial do fenômeno, tanto para o uso cotidiano como para o científico; a figura cartográfica tem, a
princípio, uma função prática”.
A prática cartográfica deve estar em sintonia com os avanços tecnológicos, em que o uso da
multimídia pela cartografia possibilitou uma maior interatividade pelo usuário, com sua pesquisa e
um novo olhar sobre a ciência cartográfica como um todo. “Atualmente, a cartografia entra na era da
informática.” (MARTINELLI, 2005, p. 10).
Na atualidade, a informática faz parte do cotidiano das pessoas, sendo comum encontrar
computadores na maior parte das atividades cotidianas. E a informatização atingiu recentemente as
escolas. A cartografia também passa por um processo de transformação, com os recursos da
cartografia digital juntamente com os Sistemas de Informações Geográficas (SIG).
A cartografia não permaneceu alheia a esse processo de expansão da internet. Hoje, ela é um
importante meio de disseminação de conhecimento geográfico e de material cartográfico, além de
constituir importante fonte de pesquisa, pois disponibiliza informações quantitativas, imagens de
satélite, mapas, além de extenso material bibliográfico. (RAMOS, 2005, p. 132).
O CONTEXTO DA PESQUISA
A centralidade dessa pesquisa se delimitou no Centro Integrado de Educação Prof. Joselito Amorim,
que se localiza na Rua Coronel Álvaro Simões, sem número, na cidade de Feira de Santana-Bahia3.
Trata-se de um colégio de grande porte, com atendimento a 1.900 alunos do Ensino Fundamental I e
II e EJA, possuindo uma grande estrutura física, com uma quadra de esporte. São seis turmas do 5°
ano do Fundamental, sendo três ofertadas no turno matutino e três no turno vespertino, com as
aulas sendo ministradas por três professoras em ambos os turnos.
Como instrumento para coleta de dados foi aplicado questionário elaborado com quatro perguntas
às professoras das turmas do 5° ano do Fundamental. A demanda de tempo para atividade foi de
aproximadamente sete dias.
A) Em relação ao tempo de serviço na área, todas responderam ter mais de 10 anos de docência e
todas as professoras tendo graduação em Geografia.
B) O que é alfabetização cartográfica? Uma professora se destacou dizendo que: “Ler mapas significa
trabalhar a espacialidade do indivíduo e sua percepção”.
D) Todas responderam que seus alunos têm dificuldades de entender os conceitos cartográficos,
sendo que um dos motivos é a falta de recurso, que a escola não dispõe.
Sobre a importância da cartografia, percebe-se que os docentes aferidos não têm bem definida a
verdadeira função do mapa, sendo ele identificado pela descrição de um espaço considerado
externo, fora do contexto do mundo social (CARLOS, 2003, p. 76). “A cartografia pode apreender e
representar o objeto da geografia, que é o espaço produzido, essencialmente humano.”
Conforme esse questionário, os professores aferidos não utilizam de muitos recursos para que os
discentes possam compreender e entender, ler um mapa. Para tanto, o professor deve estimular o
aluno a desenvolver a lateralidade, a orientação, o sentido de referência em relação a si próprio e
em relação aos outros, o significado de tamanho e de distâncias. O professor deve solicitar que o
aluno desenhe trajetos que são percorridos no dia a dia, construir legendas e confrontá-las com as
legendas formais, estimulando o raciocínio cognitivo do aluno:
Muitas dessas habilidades podem ser desencadeadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental. No
entanto, é muito comum que, a partir da 5ª série, os professores reclamem que os alunos não têm o
conhecimento e nem as habilidades necessárias para trabalhar com mapas. Não resta dúvida de
que, se os alunos não apresentam ainda o domínio dessas habilidades básicas, o professor terá que
desenvolver, mesmo nas séries mais avançadas, atividades nesse sentido (CASTROGIOVANNI, 2000,
p. 106).
CONCLUSÃO:
O objetivo desse trabalho de campo não é de trazer conclusões fechadas a respeito da educação
cartográfica e sim uma pequena contribuição da real situação da má alfabetização cartográfica, tão
comum em nossas escolas. Mediante essa realidade, essa proposta de aprendizagem traz algumas
sugestões que envolvem o domínio cognitivo da representação do espaço, que possam ampliar os
conhecimentos cartográficos dos professores das séries iniciais, com intenção de que eles possam
oferecer aulas de geografia voltadas para a cartografia mais interessante, dando um enfoque
construtivista de ensino. A alfabetização cartográfica é tão importante quanto a aprendizagem da
escrita e da matemática, pois a mesma se constitui em subsídios básicos para que os alunos possam
ter definida e fundamentada a representação de espaço em que vivem, pois é através do espaço
cotidiano e da reflexão que a criança poderá entender um pouco da dinâmica que é o espaço
organizado fora do ambiente escolar.
2 O Território de Identidade do Sisal, mais conhecido como Região Sisaleira, está localizado no
semiárido da mesorregião do Nordeste Baiano, distante da capital baiana aproximadamente 180
km, envolvendo cerca de 20 municípios, entre os quais merecem destaque Santa Luz, Conceição do
Coité, Queimadas, São Domingos e Valente, conhecida como a capital do sisal e sede do Território de
Identidade do Sisal, pois estes municípios são os que mais se destacam na produção por hectare do
sisal entre os anos de 1990 e 2006 (IBGE-SIDRA, 2008) e se tornaram referências nessa área, embora
o cultivo do sisal tenha sofrido uma queda na produção. Os municípios que formam este território
são: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte
Santo, Nordestina, Queimadas, Quinjingue, Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Serrinha,
Teofilândia, Tucano e Valente.
3 O estado da Bahia, com 564.692,7 km2 e uma população de 13.070.250 habitantes, em 2000, é o
maior estado do Nordeste do Brasil em tamanho e em população (SILVA. S, 2006, p. 117).
INTRODUÇÃO
Dessa forma, o presente projeto propõe uma pesquisa na área de ensino de Cartografia, no âmbito
da Geografia, com o objetivo de propor metodologias para que isso ocorra. Os objetivos traçados
para o presente trabalho envolvem a investigação das causas da dificuldade de aprendizagem, na
disciplina de Geografia, dos conteúdos de cartografia cujas bases são fundamentalmente ligadas à
Matemática, como escala, fusos horários e coordenadas geográficas.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho proposto se baseará em uma pesquisa de base quali-quantitativa, que pretende verificar
o nível de ensino-aprendizagem dos conteúdos de cartografia relacionados à matemática –
especificamente, escala, fuso horário e coordenadas geográficas –, que são abordados na disciplina
de Geografia na segunda fase do Ensino Fundamental, mais especificamente no 6º ano. O trabalho
está apoiado em atividades de diagnóstico, a serem realizadas com professores de escolas públicas
da cidade de Anápolis. Para tanto, serão selecionadas duas escolas em região periférica e duas
escolas em regiões centrais da cidade de Anápolis, escolhidas aleatoriamente, nas quais serão
eleitas turmas de 6º ano, sendo uma turma em cada escola. Pretende-se aplicar questionários aos
professores dessas turmas e realizar o acompanhamento de suas aulas durante certo período de
um ano letivo, a fim de analisar e avaliar o processo de ensino desses conteúdos da cartografia,
identificar as principais dificuldades que os docentes possam vir a apresentar, além de seus
procedimentos didáticos (forma de aula, metodologia de ensino, recurso pedagógicos e
instrumentos avaliativos).
Também será realizada uma análise documental, nos livros didáticos utilizados nas escolas
participantes da pesquisa e nos referenciais curriculares adotados, visando identificar e avaliar os
conteúdos de Cartografia que são objeto da presente pesquisa. Será aplicado também um
questionário aos professores de Geografia da rede municipal de ensino de Anápolis, com o intuito
de aferir as possíveis dificuldades que eles possam apresentar com o ensino de Cartografia, no que
diz respeito aos conteúdos ligados à matemática, citados acima. Com base nessas informações, será
realizado o cotejo entre o processo de ensino e o processo de aprendizagem desses conteúdos, a
fim de obter uma análise integrada das possíveis causas relacionadas aos problemas existentes.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Cartografia de hoje é um reflexo de sua história nos cursos de Geografia, com profissionais
despreparados para relacionar os conhecimentos de Cartografia com as necessidades de formação
do geógrafo e, em especial, da formação do professor de Geografia. Isto porque, nos cursos de
formação de professores, é frequente colocar-se o foco quase que exclusivamente nos conteúdos
específicos das áreas, em detrimento de um trabalho mais aprofundado sobre os conteúdos que
serão desenvolvidos no Ensino Fundamental e Médio.
Como ressalta Oliveira (2009, p. 6) em sua pesquisa realizada com professores de Geografia da rede
municipal de Goiânia, as maiores dificuldades dos professores em ensinar a Cartografia se destacam
nos seguintes conteúdos: projeções, imagens de satélites, escalas, fusos horários e coordenadas
geográficas (os cinco que mais foram citados). Pode-se constatar que todos esses conteúdos, que
foram apontados, necessitam da utilização da matemática em seu ensino, demonstrando uma vez
mais a necessidade de se pesquisar esse problema no ensino desses conteúdos, que é a proposta
desse projeto. Os conhecimentos dessa ciência (a Cartografia) são essenciais para a formação da
visão do aluno quanto às relações existentes no espaço em que vive. E para que o aluno possa
adquirir essas habilidades de interpretar um mapa, são necessários vários requisitos, como
destacam Costa et al. (2008, p. 2):
Com o que foi mencionado é possível detectar a presença de alguns dos conteúdos da Cartografia
que são ligados à matemática, e isto só vem reforçar ainda mais a importância do aprendizado dos
mesmos pelos alunos. Porém, é de conhecimento que esses conteúdos não são de fácil
aprendizado, o que ocasiona uma deficiência no ensino-aprendizagem da Cartografia. Melo et al.
(2005) confirmam que essa dificuldade com a matemática está presente tanto na universidade como
também com os alunos desde a sua formação básica:
Matemática é uma área do ensino que traz certos traumas para alguns alunos desde os tempos de
criança, na formação básica, quando o jovem se via obrigado a decorar fórmulas sem entender seu
significado, sua utilização e aplicação. Observou-se que alunos de graduação em Geografia
pensavam que estavam "livres" da matemática em sua formação, quando se deparam com os
tópicos da Cartografia onde a matemática é companheira constante. Isto fazia com que não
gostassem dos assuntos de Cartografia, por causa da matemática, e procuravam cumprir o
programa de ensino da Cartografia sem se preocuparem com o aprendizado (MELO et al., 2005, p.
13).
Como o referido autor concluiu em sua pesquisa, podemos observar que a matemática é um
problema que os alunos de graduação enfrentam, mas que os professores de Geografia também,
pois os alunos apresentam dificuldades com a matemática e, por assim dizer, com os conteúdos de
Cartografia que necessitam de uma base da mesma. E é dessa forma que muitos problemas são
gerados no ensino-aprendizagem da Cartografia em cursos de Geografia, já que vimos que os
conteúdos dessa ciência, que envolvem matemática, são os que proporcionam a base para o
entendimento e aprendizagem de parte substancial dos conteúdos que deverão ser ensinados no
ensino básico.
Os quatro pontos principais de orientação, ou seja, Norte, Sul, Leste e Oeste, são chamados pontos
cardeais. A palavra cardeal significa principal.
A representação gráfica dos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais, denomina-se Rosa Náutica
ou ainda Rosa dos Ventos.
A rede geográfica consta de um conjunto de linhas traçadas de norte a sul, unindo os polos,
constituindo os meridianos, e um conjunto de linhas traçadas de leste a oeste paralelas ao Equador,
os paralelos.