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A carreira das Índias resumo

Introdução:
A Carreira das Índias constituiu o ponto culminante e, simultaneamente, de viragem na expansão
portuguesa. Efetivamente, os Descobrimentos portugueses foram iniciados com o objetivo último de
chegar às míticas Índias, terras que desde sempre povoaram o imaginário coletivo europeu como fonte de
infinitas riquezas, ainda que não se fizesse a mínima ideia da sua localização. Quando finalmente a
viagem de Vasco da Gama estabeleceu o caminho marítimo para a Índia, um novo ciclo se iniciou para o
Ocidente, em que este deixou de estar fechado sobre si próprio à volta do Mediterrâneo e percebeu que
havia outros mundos para além do seu. Portugal suplantou os seus limites geográficos e tornou-se uma
potência mundial, tendo até a ousadia de dividir o mundo com os rivais espanhóis. O facto de, logo na
segunda viagem, se ter dado o ‘achamento’ do Brasil, acrescenta mais um elemento de importância à
Carreira das Índias, a juntar às inovações técnicas, culturais e das mentalidades (a serem tratadas noutro
trabalho) que proporcionou. Pretende-se com este trabalho analisar, em primeiro lugar, porque houve uma
expansão portuguesa quando nada o faria prever, justificar a importância desta rota para o nascimento da
primeira superpotência da História e com o auxílio de um tema do músico Rui Veloso, inscrito no álbum
“Auto da Pimenta” editado por ocasião da comemoração dos 500 anos dos Descobrimentos, o qual servirá
como fio condutor, caracterizar essa Carreira nos seus múltiplos aspetos, desde a navegação até à forma
como era encarada na sociedade. Uma síntese das causas que levaram ao seu declínio, entre fatores
internos e externos, completará esta exposição, com que se pretende contribuir para retratar de forma tão
fiel quanto possível a realidade do que foi a Carreira das Índias.

Porquê uma expansão portuguesa?


Nenhum povo estaria tão predisposto para uma expansão na época em que aconteceu, como os
Portugueses, ainda que, atualmente, este empreendimento pareça um feito que raiou o impossível, levado
a cabo pelo último povo que se esperava poder alguma vez consegui-lo. As Cruzadas haviam despertado
na Europa um espírito de conquista e de aventura que se voltava para o Oriente, por ser, desde a
Antiguidade greco-romana, o local de todas as riquezas imagináveis, num mal compreendido, mas
profundo mito medieval. Foi assim em direção ao Oriente que partiram os viajantes como Marco
Polo, quando finalmente a guerra teve de parar com a vitória definitiva dos árabes. Contudo, os reinos
hispânicos estavam ainda a braços com a guerra contra os Mouros, estando ainda ocupada a província de
Granada.

Só Portugal, que havia unificado o seu território nos dois séculos anteriores expulsando os Árabes, estava
liberto de condicionantes, por um lado, e tinha o interesse, por outro, em encontrar novas fontes de
rendimento que proporcionassem um muito necessitado desenvolvimento económico. Também a pirataria
e corso dos sarracenos na costa algarvia e sobre a navegação, o contrabando de armas e no comércio
africano que fugiam ao controle da Coroa, somados à crescente ameaça trazida pela unificação do reino
de Marrocos, cujos xerifes pregavam a guerra santa, e, por fim, a criação um bastião da cristandade numa
posição estratégica no território dos infiéis, foram motivos que impulsionaram a conquista de Ceuta. A
sequente expansão pela costa de África foi decorrendo gradualmente, à medida do jogo de forças interno
que opunha fundamentalmente uma burguesia mercantil, a quem interessava o estabelecimento de praças-
fortes na confluência das rotas das caravanas, a uma nobreza feudal, a quem interessava sobretudo a
conquista de territórios para daí obter títulos e rendimentos.

A importância da Carreira das Índias?


Foi enorme a importância comercial e política da Rota do Cabo que estabeleceria a Carreira das
Índias. Ligando Portugal às míticas Índias, esta rota realizava o sonho antigo de suplantar a Rota da Seda
nos contactos entre Ocidente e Oriente, além de desferir um duro golpe no comércio mediterrânico, até aí
monopólio das repúblicas italianas. Surgiu assim uma potência comercial atlântica que, no período entre
1498 e 1635, efetuou 916 partidas do Tejo com destino à Índia, colocando na Europa as especiarias em
muito maior quantidade e mais rapidamente que a via terrestre9, com as consequentes baixas de preço e
aumento da procura, que se traduziriam em lucros fabulosos.

Instrumentos
Ampulheta:
O ‘relógio de areia’ ou ampulheta é um instrumento de origem remota destinado a medir a passagem do
tempo. Uma ampulheta é formada por dois cones ocos de vidro comunicantes através dos respetivos
vértices, onde um orifício devidamente calibrado permite a passagem de areia fina de um para o outro
cone, durante um determinado espaço do tempo. O acerto da hora era feito ao meio-dia solar para evitar
possíveis desfasamentos, devidos à incorreta utilização da ampulheta por aqueles que pretendiam
antecipar as mudanças de turno de modo encurtar as suas tarefas.

Balestilha:
A balestilha é um instrumento astronómico que resulta de uma adaptação quinhentista, para fins
náuticos, de um instrumento medieval. A balestilha medieval é utilizada em medições topográficas, sendo
designada como ‘báculo de Jacob’ por Sebastião Munster na sua Rudimenta Mathematica. A balestilha é
formada por duas peças – o virote e a soalha. Em alguns casos, uma balestilha pode ter várias
soalhas, utilizáveis de acordo com a altura do astro a observar.
A utilização da balestilha na navegação ocorria à noite.

Astrolábio:
O astrolábio planisférico é um instrumento de origem grega, utilizado na Idade Média para fins
astrológicos e astronómicos. Para a sua utilização na astrologia e agrimensura, as faces são cobertas por
linhas e por representações de diversas estrelas e do Zodíaco. A sua introdução navegação astronómica
ocorreu provavelmente em finais do século XV, embora a mais antiga representação conhecida de um
astrolábio náutico date de 1517. O astrolábio náutico é uma versão simplificada do tradicional.

Como não podia olhar diretamente, o observador suspendia o astrolábio e manejava a mediclina até que
um raio de luz entrasse pelo orifício superior e se projete no inferior. Chamava-se a esta operação a
«pesagem» do Sol, dada a semelhança com a utilização de uma balança.

Compasso:
Como auxiliar da náutica, a sua utilização faz-se para traçar rotas e calcular distâncias sobre as cartas
de marear. Nos séculos XV e XVI também era usado na construção naval e no desenho de algumas
peças das embarcações.

Quadrante:
O quadrante medieval, tal como o utilizavam os astrólogos e agrimensores para medir a altura dos
astros ou de objetos situados na superfície terrestre, inclui escalas altimétricas destinadas a resolver
problemas de medição de distâncias entre pontos pouco acessíveis e um cursor para permitir calcular
a declinação solar. O quadrante náutico é, porém, um instrumento bastante mais
simplificado. Apesar de a sua aplicação na navegação ser, por certo, anterior, apenas se dispõe de
referências explícitas à sua utilização a partir de meados do século XV, com base no testemunho de
Diogo Gomes. As primeiras representações iconográficas remontam à primeira metade do século
XVI, encontrando-se em alguns planisférios da autoria de Diogo Ribeiro, embora ainda com uma
escala altimétrica.

Foi utilizado até ao século XVIII, apesar de algumas críticas quanto ao rigor das medições por ele
obtidas.

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