Você está na página 1de 4

Cartografia é mais antiga que a própria História manuscrita.

E que a confecção de mapas até mesmo precede a


escrita. 
nativos das Ilhas Marshall e suas cartas marítimas, formadas por conchas e entrelaçados de fibras de palmas,
representando parte da terra, águas, direção de ondas e linhas de navegação costeiras 
Nesta época destacam-se os babilônios com grandes conhecimentos em astronomia e matemática. Juntamente com os
egípcios, que eram grandes agricultores e suas representações voltavam-se para o cadastramento de propriedade e
delimitação de terras cultiváveis. Utilizavam formas métricas 
chineses desenvolveram uma cartografia independente do ocidente. Consideravam a Terra plana, apresentavam a China
no centro de mapas considerados de bom nível científico, com quadrículas, orientação, distâncias, altitude e ângulos. 
com a cartografia grega de aproximadamente 600 a.C., surgiu a ideia de esfericidade da Terra. Essa ideia surgiu a
partir de considerações filosóficas e não de observações astronômicas. Os gregos inventaram o astrolábio e
sistematizaram a cartografia, formando a base do sistema cartográfico atual. 
Aristóteles (350 a.C.) tentou provar a esfericidade da Terra e chegou a conclusão da obliquidade de seu eixo e
desenvolveu os conceitos de equador, polo, trópicos e “klimata” (zonas tropicais, temperadas e frias). Em sua obra
Metaphysica, sistematizou e denominou a Geodésia através dos métodos de medições desenvolvidos pelos egípcios. 
O filósofo, astrônomo e matemático Eratostenes de Cirene (276 a 196 a.C.) escreveu a grande obra “A descrição do
mundo”. Demonstrou o cálculo da circunferência da Terra mediante a altura angular do Sol em Alexandria
juntamente com a distância em relação a Siena. 
Concluiu que o Sol era o centro do universo. E elaborou um mapa-mundi com 7 paralelos e 7 meridianos. Sendo que
até então a Terra era considerada uma imensa ilha formada por três continentes, tendo o Mediterrâneo como mar
interior. 
Foi com Ptolomeu (98 a 168 d.C.) que a cartografia apresenta uma grande autenticidade. Ptolomeu defendia a teoria
do geocentrismo e não aceitava a teoria da Terra como uma ilha cercada por mares. Esboçou a primeira técnica de
transposição (projeção) da forma esférica da Terra para um plano com meridianos e paralelos dividindo nosso planeta em
tipos de climas e em zonas tórridas, temperadas e frias. 
Os romanos demonstraram indiferença aos princípios cartográficos desenvolvidos pelos gregos, desprezando as projeções de
Ptolomeu, e adotam mapas de discos dos jônios e produziram a Orbis Terrarum, tendo o império romano como o centro.
Na cartografia romana os mapas eram produzidos para fins políticos, militares e administrativos. 
A Idade Média foi marcada por um retrocesso Cartográfico. Houve uma influência muito grande dos
Cristãos/Católicos/Cruzados e a adoção de expressões simbólicas e artísticas. Utilizaram a ideia do OrbisTerrarum dos
romanos, inseriram Jerusalém no centro e a produziram os mapas denominados de T-O(Isidoro, 570-636, bispo de
Sevilha). Nesses mapas a Ásia ocupava a metade superior do O e a Europa e a África dividiam a outra metade
inferior. 
A cartografia árabe (800-1200) recuperou a tradição da Antiguidade clássica e os princípios da cartografia grega. Os
árabes eram profundos conhecedores de astronomia, matemática, geografia e cartografia. O mais famoso cartógrafo
árabe foi Abu Abdallah Muhammad Al-Idrisi(1100-1165). Elaborou um mapa-mundi fundamentado em uma projeção
retangular 
No século XIII surgiram as Cartas Portulanas. Eram idealizadas por capitães e almirantes da frota genovesa. Eram as
cartas mais exatas até então idealizadas e baseavam-se em medições de bússolas. Visavam atender necessidades de
navegação e principalmente no Mar Mediterrâneo. A palavra italiana “portulano” refere-se a uma apresentação
descritiva das costas, com suas características e localidades, especialmente dos portos. As cartas portulanas estão sempre
orientadas para o norte magnético. Apresentam uma rede de linhas e rumos que convergem sobre algum ponto
formando uma rede graduada de centros, parecida com a rosa dos ventos A carta portulana mais antiga conhecida é
a Carta de Pisa (1280). Alguns historiadores afirmam que as viagens mediterrâneas e as navegações oceânicas,
principalmente do período das descobertas que tiraram a cartografia da hibernação medieval. 

RENASCIMENTO (1400-1700) 

A Revolução Científica na Europa contribuiu com três fatos importantes para o renascimento :A tradução da
Geografia de Ptolomeu para o Latim (1405) e a Invenção da imprensa e da gravação (1470) Até então os mapas eram
desenhados a mão e o acesso era restrito 
Os grandes descobrimentos: a invenção da bússola, a elaboração das cartas portulanas e o aperfeiçoamento dos barcos a
vela 
Houve um grande destaque para os mapas de Cantino (1502), no qual aparecem pela primeira vez a representação do
litoral brasileiro e o Meridiano de Tordesilhas. Surgem as Escolas italianas, holandesa, francesa e inglesa, onde foram
elaborados os primeiros mapas básicos de muitos países. 
Os trabalhos desenvolvidos por Mercator (1512-1594) geram um marco na cartografia moderna. No início era construtor
de globos e instrumentos cartográficos. Em seguida começou a elaborar mapas. Em 1554 reduziu o comprimento do
M M â ã M A l
Mar Mediterrâneo no mapa da Europa. Em 1569 criou o sistema de projeção de Mercator. Teve seu Atlas de
Mercator publicado após sua morte pelo seu filho. 
No início do século XVII a supremacia na produção de mapas passou para a França demonstrando precisão e clareza
para a época. Os ingleses também realizaram muitas contribuições no período renascentista, principalmente durante o
reinado da Rainha Isabel (1558-1603). Na América do Sul e no Brasil os mapas dessa época caracterizavam-se de 1519,
mais decorativos, a 1746, mais científicos. 

REFORMA (1700-1930) 

No século XVIII –a chamada Idade da Razão, refletiu nos mapas. 


Os franceses se destacaram no seu rigor científico na confecção dos mapas. 
As constantes guerras desse período impulsionaram os Serviços Cartográficos Nacionais. 
No Brasil foram elaboradas as primeiras representações relativas aos aspectos físicos e políticos no período de 1749 a
1882. 

SÉCULO XX 

No século XIX a Revolução Industrial influenciou na cartografia. A construção de ferrovias exigia levantamentos
topográficos de precisão, desencadeando o desenvolvimento da litografia, da gravação em cera, da fotografia e a impressão
em cores 
No século XX, com o surgimento da aviação, do rádio e a expansão do comércio internacional, tornou-se imprescindível a
produção de um mapa do mundo internacional. Surge o CIM –Carta Internacional do Mundo ao milionésimo (1:1.000.000 
Surgiram as fotografias aéreas e a aerofotogrametria com o advento dos aviões, tendo como grande desenvolvedor o
francês Aimé Laussedat, impulsionando o mapeamento topográfico de precisão. 
Na década de 70 inicia-se o advento dos satélites seguido do Sensoriamento Remoto. Essa série de eventos juntamente
com o surgimento e avanços da informática propiciam o surgimento da cartografia automatizada. 

CARTOGRAFIA NO BRASIL 

A Cartografia no Brasil teve início após a I Guerra Mundial, quando foi fundado o Serviço Geográfico Militar (SGM),
mais tarde Serviço Geográfico do Exército (SGE) 
Em 1921 concluiu-se, no antigo Distrito Federal (Rio de Janeiro), o primeiro levantamento aerofotogramétrico brasileiro na
escala 1:50.000. 
Em 1936 fundou-se o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE 
Visando o Recenseamento de 1940, em 1939 o IBGE, através do Conselho Nacional de Geografia, iniciou a preparação do
projeto Carta do Brasil ao Milionésimo. Determinou-se a implantação de milhares de Marcos Geodésicos (Referência de
Nível –RN) em todo o território brasileiro. 
Em 1940 foi iniciada a produção da Carta do Brasil na escala 1:500.000, que serviu de base para a Carta do Brasil ao
Milionésimo na escala 1:1.000.000. 

DIVISÃO DA CARTOGRAFIA 

Cartografia: Teórica, Sistemática(carta), Temática(mapa), Analítica(imagem) 

Alguns autores caracterizam duas classes de operações para a cartografia: 


A primeira é direcionada à preparação de mapas gerais de base. São utilizados para referência básica e uso operacional.
Destacam-se as cartas topográficas, aeronáuticas e hidrográficas. Trabalha com base em dados obtidos por
levantamentos de campo ou hidrográficos, por métodos fotogramétricos ou de sensores remotos. Consideram e geram
dados precisos sobre a forma da Terra, o nível do mar, as cotas de elevação, distâncias precisas e informações locais
detalhadas. 
Essa classe inclui as organizações de levantamentos e no Brasil podemos citar com exemplos:Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística –IBGE;Diretoria de Serviço Geográfico –DSG, Diretoria de Hidrografia e Navegação –DHN,
Instituto de Cartografia Aeronáutica –ICA 
A segunda é utilizada para referência geral, incluindo os mapas temáticos, atlas, mapas rodoviários, mapas para uso
em livros, jornais e revistas e mapas de planejamento. É voltada para a confecção de mapas usados para referência
geral, propósitos educacionais e pesquisa. Trabalha em cima dos mapas de base criados pelo primeiro grupo. 
Preocupa-se mais com aspectos ligados a comunicação da informação geral. bastando que exista um
georreferenciamento, uma referência espacial para representação do fenômeno. 
N B l ã à l ã á B l P
No Brasil existem diversos órgãos dedicados à elaboração de mapas temáticos como: Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária –EMBRAPA, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –DNIT, Companhia de Pesquisa
de Recursos Minerais –CPRM 

Cartografia Especial e Temática 

As cartas especiais são cartas técnicas, servindo a um único fim ou grupo específico de usuários. As principais cartas
especiais encontradas são: Cartas meteorológicas; Cartas náuticas; Cartas aeronáuticas. 
Cartas temáticas podem representar qualquer fenômeno que tenha uma distribuição espacial. Seus documentos
cartográficos tratam muitas vezes de fenômenos que não necessitam de um posicionamento preciso. 
A Cartografia Temática é uma subdivisão da Cartografia, que por sua vez, pode ser subdividida conforme a
abordagem e a finalidade do mapeamento temático, apresentando-se como: de inventário, analítica ou de síntese 
A Cartografia de Inventário é definida por um mapeamento qualitativo. É eminentemente posicional, ou seja, nominal.
Normalmente apresentam distribuição discreta, servindo apenas para representar um tema no mapa. É a parte
temática mais simples, permitindo ao usuário saber apenas o que existe em um local. Dentre os tipos mais comuns,
encontram-se os mapas geológicos, os mapas de distribuição de vegetação ou cobertura vegetal, mapas de localização de
estradas, mapas pedológicos, mapas rodoviários, uso da terra ou superfície. 
A Cartografia Temática Analítica também é conhecida como Cartografia Estatística. Tem como característica
apresentar dados quantitativos, buscando classificar, ordenar e hierarquizar os fenômenos a serem representados.
Permite a análise de um fenômeno ou de fenômenos em conjunto. Temos como exemplos a representação da produção
agrícola de trigo nos estados do país, ou a produção agrícola juntamente com o extrativismo mineral de um estado ou
mapas de densidades, razões, médias e percentuais. 
Cartografia Temática de Síntese é mais complexa. É integrativa e responsável por representações de correlações,
cruzamentos, função ou interligação de fenômenos. A Cartografia de Síntese permite analisar inter-relacionamentos,
tirar conclusões e estabelecer novas informações sobre as dinâmicas envolvidas. Essa subdivisão está correlacionada com o
ramo de atividades Geoprocessamento 

COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA 

Mapas são abstrações e simplificações do mundo real 


A cartografia é um meio de comunicação gráfica e parte-se do princípio que deve possuir uma linguagem universal.
Sendo assim, um usuário com um mínimo de conhecimento deverá ser capaz de traduzir ou compreender
satisfatoriamente um documento cartográfico sob qualquer forma que ele seja apresentado. Desta forma, temos um
sistema formado por três realidades distintas: o mundo real, o cartógrafo e o usuário. 
“Como eu posso descrever o que para quem?” 
O eu se refere ao cartógrafo (elaborador); 
O o, ao mapa; 
O que, ao tema; 
E o para quem, ao usuário. 
O que se denota disso é que o cartógrafo, em sua interpretação do mundo, nunca chegará a perfeição, porém, criará
um modelo que será codificado para o mapa, por sua vez, o usuário, com base na interpretação do cartógrafo, vai
poder chegar à visão desse mundo. Em suma, o usuário não chegará ao mundo real, mas a comunicação será bem-
sucedida se ele conseguir decodificar a visão do cartógrafo desse mundo. 

ESCALAS 

Os processos de transformação cartográfica são de grande importância no sucesso da construção de mapas, pois
influenciam diretamente na comunicação cartográfica. Não sendo bem executados, podem gerar uma interpretação
equivocada da realidade. 
Quanto MAIOR o denominador, menor a escala, menos detalhes. Quanto MENOR o denominador MAIOR a escala,
mais detalhes 
Quanto mais próximo do alvo, melhor a identificação. 
Quanto mais distante, mais difícil a identificação. 
Até o final do século XVII, as dimensões dos continentes eram praticamente desconhecidas. As dimensões eram pouco
consideradas pelos cartógrafos sua maior preocupação era com a forma. Mesmo porque, não se tinha uma visão
superior para se conhecer a magnitude dos continentes. 

S f é l é l ã
Somente no fim do século XVII, quando tiveram início as medições geodésicas nacionais, as escalas não mais deixaram de
ser representadas nos mapas. Prevalece o espírito de se fatiar, delimitar e manter a posse das terras já descobertas.
Não mais interessava somente a forma dos litorais dos continentes para orientar o deslocamento das navegações, e sim
o volume de terras continentais a serem ocupadas. 
De acordo com Oliveira (1988) escala vem a ser a relação entre a distância de dois pontos quaisquer do mapa com a
correspondente distância na superfície da Terra. 
Veja um exemplo. Se a escala é 1:20.000, qualquer medida linear na carta é 20.000 vezes maior no terreno. Se na
mesma carta, por exemplo, medirmos uma distância de 2 cm, corresponderá no terreno a 40.000 cm, que serão 400
metros. 
Observem que a unidade de medição adotada na carta e na realidade deverão ser sempre a mesma. Em seguida
converte-se a medida real para a unidade de medição de maior conveniência 
Genericamente, a escala cartográfica pode ser definida como a relação entre a dimensão representada do objeto e sua
dimensão real. 
D= distancia real E= escala d= distancia no mapa 

Você também pode gostar