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HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA CARTOGRAFIA

Mapa da Babilónia desenhado em argila há +- 3000 anos. Representa os


rios Tigre e Eufrates e as cidades mais importantes. O texto explica o
conjunto representado.
MAPA DE GA-SUR (3.800 a 2.500)
Este é considerado um dos mapas mais antigos, foi encontrado na região da
Mesopotâmia.
Representa o rio Eufrates e acidentes geográficos adjacentes.
É uma pequena placa de barro cozido que cabe na palma da mão e que foi
descoberta perto da cidade de Harran, no nordeste do Iraque atual.
A Pedra de Bedolina 1, também conhecida como Mapa de Bedolina, é uma famosa
pedra gravada de origem pré-histórica que faz parte do complexo petróglifo do Vale
Camonica (Alpes, lado italiano, Região da Lombardia). É considerada uma das cartas
topográficas mais antigas, interpretada como uma representação de parcelas agrícolas,
estradas de montanha e aldeias. A cidade de Bedolina pertence ao município de Capo di
Ponte (BS-I), perto da aldeia de Pescarzo.
Geografia e cartografia no mundo Greco-Romano

GRÉCIA
Geografia e cartografia no mundo Greco-Romano
O contributo Grego
Expansão política e económica dos povos do mediterrâneo
Mapas marítimos e descrições das terras = Périplos

Seguindo a tradição babilónica as primeiras descrições gregas mostram a Terra numa


forma de disco, plana e rodeada pelo oceano.
Mundo segundo HERÓDOTO, 450 a.C

“Rio quando vejo que já foram desenhadas muitas imagens do conjunto da Terra, sem
que nenhuma forneça dela uma apreciação razoável; representam o oceano
envolvendo a Terra, que é redonda como se fosse perfeita”
Histórias, IV, 36.
Eratóstenes (276 aC - 194 aC) foi um matemático, geógrafo
e astrónomo.
Eratóstenes comprovou, pela trigonometria, a esfericidade
da Terra e mediu com relativa precisão o perímetro de sua
circunferência.

Para o autor a Geografia tem por objetivo cartografar a ecúmena (mundo habitado). A
cartografia avança graças aos progressos da astronomia: o mapa foi elaborado com
base em valores de latitude e de longitudes.
Estrabão 63 a.c – 24 d.c. Foi o autor da monumental Geographia, um tratado
de 17 livros contendo a História e a descrição de povos e locais de todo o
mundo que lhe era conhecido à época. É o fundador da Geografia Regional
Esta obra constitui-se como um guia para uso administrativo e militar do
Império Romano.
Cláudio Ptolomeu (cerca de 83 – 161 d.C.) A sua obra mais conhecida é o
Almagesto (significa "O grande tratado"), um tratado de astronomia. A sua
obra mais extensa é “Geographia" que, em oito volumes, contém todo o
conhecimento geográfico greco-romano. Esta inclui coordenadas de latitude e
longitude para os lugares mais importantes.
Esquema da projeção cónica utilizada por Ptolomeu para compor o seu mapa-múndi.
Resumo dos principais contributos gregos para a Geografia
Desenvolveram a Geografia Matemática:

- demonstraram a esfericidade da Terra e calcularam com bastante precisão o seu


perímetro.
- com o contributo da Astronomia os geógrafos gregos definem os elementos geométricos
da esfera terrestre, estabelecem as redes cartográficas e conseguem calcular os valores
das coordenadas geográficas latitude e longitude.

Desenvolveram a Geografia Geral (que se ocupa da descrição da forma da Terra) e a


Geografia Regional (que se ocupa da descrição da Ecúmena – progressivamente mais
completa e alargando-se para além da bacia do Mediterrâneo).

Desenvolveram duas conceções da Terra opostas:

- Uma massa continental tripartida rodeada pelo oceano (Heródoto, Estrabão,


Eratóstenes)
- Uma massa continental que engloba os oceanos, onde todos os mares são interiores
(Ptolomeu)

Incorporam informações geográficas que influenciaram o pensamento geográfico ocidental


até ao século XIX:
Taprobana; Montanhas da Lua; o continente austral Antípodas;
IMPÉRIO ROMANO
CONTRIBUTO ROMANO

Orbis Terrarum, Marcus Agrippa, 20 d.C. - Visão Romana do mundo


TABULA PEUTINGERIANA, Castorius, c. I sec. d.C - Mapa de itinerários do
Império Romano, mostrando as distâncias entre as principais cidades.
IDADE MÉDIA
Idade Média (cartografia Árabe)
Idade Média (cartografia Árabe)
Os árabes tiveram acesso às obras de Ptolomeu e adotaram e melhoraram os seus
ensinamentos de Geografia Matemática. A cartografia conheceu um forte impulso no
mundo árabe graças às viagens efectuadas por geógrafos como Ibn Battuta ou Ibn
Khaldun, e aos contactos com outros povos, nomeadamente da China.

mapa-múndi árabe
orientado para Sul, de
autoria de Al Idrisi
(1100-1165)
‫ نزهة المشتاق في اختراق اآلفاق‬ou “o livro de viagens agradáveis para terras distantes", na
maioria das vezes conhecida como a Tábua de Roger, de autoria de Al Idrisi (1154).
Elaborado quando este geógrafo árabe esteve ao serviço do rei normando Roger II na
Sicília. É composto por 70 folhas coladas.
Alta Idade Média (cartografia cristã)
os diagramas Isidorianos

Página das Etimologias de Isidoro de Código Albeldense (950-951) com o


mapa-múndi resultante da distribuição
Sevilla (560-636).
da Terra pelos filhos de Noé.
Alta Idade Média (cartografia cristã)
os diagramas Isidorianos

Os mais antigos mapas TO que ainda hoje existem datam do século VII. Estão
representadas no mapa a Ásia – porção superior –, a África – porção inferior direita do
observador – e por fim, a Europa. Verifica-se que a Terra Santa, está situada centro do
mapa.
Mappamundi de Heresford Sec. XIII Pode ser considerado como o resumo do
conhecimento geográfico , tanto secular como religioso, desde a Antiguidade
Clássica até à Idade Média.
Leitura Periférica

No topo do mapa a figura de Cristo a julgar as almas:


à sua direita os que se salvaram são conduzidos ao
paraíso por anjos; à esquerda os condenados são No centro do mapa (e do mundo) a
levados para o Inferno cidade de Jerusalém

No canto esquerdo, o Imperador Augusto ordena a No canto direito uma imagem


três geógrafos que partam para os três continentes com um caçador e um cavaleiro.
e façam a sua descrição.
Referências mitológicas e fabulosas: os Issedontes (canibais); o tosão de ouro;
os cinocéfalos; minotauros, o labirinto de Creta, as pirâmides do Egito; as
viagens de S. Brandão; os Arimaspi; a Arca de Noé;
Percurso de
Moisés na fuga do
Egito para a Terra
Prometida

Labirinto de Creta

Estreito de Gibraltar Paraíso Terrestre

Mar Vermelho
As características mais recorrentes dos mapas da Idade Média são:

- A forma T em O (Orbis Terrarum) que delimita uma terra tripartida.

- Estão “orientados”, com o Este na parte superior.

- Inserem-se num quadro conceptual de carácter simbólico e religioso.

- Incorporam frequentemente elementos fabulosos para salientar o desconhecido:


animais monstruosos, raças humanas legendárias, elementos iconográficos míticos
e profanos, etc.

- Escasso interesse cartográfico. Desapareceram dos mapas os paralelos e meridianos


com os quais a cartografia clássica estabelecia as coordenadas; não apresentam
sentido da proporção nem muito interesse pelos itinerários ou pelas as rotas de
navegação.
Idade Média: Cartografia náutica (os Portulanos)

Carta Pisana (ca. 1290). Feitos em pergaminho composto por peles de animais, os
portulanos destinavam-se, sobretudo, ao apoio da navegação mediterrânica.
Desenvolveram-se à medida que o uso da bússola se generalizou.
Os portulanos centram a sua atenção nas
rotas marítimas de navegação, nos detalhes
do litoral, no relevo costeiro, nos estuários
dos rios - especialmente nos troços
navegáveis -, nas marés e nos ventos. O
interior permanece vazio. As primeiras
cartas portulanas apareceram em Génova,
Veneza e Palma de Maiorca.

São documentos náuticos, práticos e


utilitários que se apoiam em poucos
elementos: a toponímia; a orientação e
as linhas de rumo.
A toponímia é abundante ao longo
da costa mediterrânica e do Mar
Negro, identificando os principais
portos e cidades costeiras.

Os mapas estão orientados para o


Norte magnético, tal como indica
a bússola. Assim, o Norte coincide
com o topo do mapa.

O rumo dos ventos eram traçados


de acordo com os quatro pontos
cardeais e os quatro pontos
colaterais (todos este ventos
tinham um nome) . Estes oitos
pontos poderiam ser subdivididos
em 4 quartos cada, perfazendo um
total de 32 rumos (Rosa-dos-
ventos)
Arquivo Municipal de Viana do Castelo – séculos XV-XVI

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