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O Pensamento Geográfico no período medieval

Todo o conhecimento científico evolui acompanhando o desenvolvimento geral da sociedade,


da tecnologia e do progresso económico-social. Já a Idade Média – considerado o período
que se estende do século VI até o século XV – foi por muito tempo considerada uma época de
estagnação científica, cultural e econômica. São, geralmente, desconhecidas as discussões de
caráter geográfico que foram geradas ao longo da Idade Média. Ora por mero preconceito -
teria sido o período uma mera "Idade das Trevas" a ser esquecido ora por pouco acesso a
bibliografias que versam sobre o tema. Tem-se, quase sempre saltado diretamente da
Antiguidade para o princípio da Idade Moderna quando se procura resgatar a história da
Geografia.

Desde os tempos mais remotos, no período da Antiguidade, os povos viviam em grupos os


quais se deslocavam em busca de meios de subsistência e assim conheciam o espaço em que
viviam. Tinham conhecimento do mecanismo das estações do ano e, através dessas
migrações, novos caminhos eram percorridos. A partir daí, os primeiros esboços com
representações da superfície terrestre eram construídos, surgindo os primeiros mapas. O mapa
mais antigo já registrado foi encontrado na cidade de Ga Sur, na Babilônia, datado de 2500
a.C. Neste mapa havia representações do vale de um rio que possivelmente representava o rio
Eufrates acompanhado de montanhas, assinalando os pontos cardeais.

As civilizações do Egito e Mesopotâmia desenvolviam a agricultura, e por isso, dependiam


das irrigações, servindo de grande importância para o estudo hidrológico da região. Ainda na
Antiguidade com a expansão política, comercial e marítima no Mediterrâneo, aconteceu a
construção de mapas marítimos contendo a descrição de lugares e de seus habitantes.

Já na idade media segundo Ferreira e Simões (1994) relatam que “na Idade Média a
reorganização do espaço vem com a queda do Império Romano no Ocidente, já que
mudanças territoriais foram ocorrendo, pois por meio das invasões bárbaras, guerras foram
acontecendo e novas fronteiras foram sendo consolidadas” (p.105). O pensamento geográfico
passa a não ser formalizado em termos científicos. “Neste ambiente, a Igreja torna-se o maior
poder, já que era o único poder central europeu.

As respostas às questões colocadas passam a ser dadas a partir de interpretações bíblicas.”


(Ferreira e Simões, 1994, p. 45).
O sistema feudal desencadeado a partir da crise romana é instaurado. Este sistema dominou a
vida dos reinos europeus do século X ao século XIII, quando o comércio havia se tornado
uma atividade de muito pouca importância. No final da Idade Média temos importantes
relatos de viagens como as Cruzadas, tendo como consequência a dinamização das relações
comerciais entre Ocidente e Oriente. Segundo Ferreira e Simões (1994), “com o
ressurgimento das curiosidades pelo mundo desconhecido, há o renascimento do comércio
entre a Europa e o Oriente e as peregrinações aos lugares santos” (p.63). Sendo assim, torna-
se necessário o desenvolvimento dos instrumentos de navegação, com a utilização de uma
Cartografia denominada realista e não mais uma Cartografia religiosa como no início da
Idade Média quando a busca por respostas se encontrava numa ordem religiosa.

A Cartografia foi reformulada, passando a ser produzidos os chamados portulanos, que para
Ferreira e Simões (1994), “O nome portulano vem provavelmente da designação <<mapas de
piloto>> (do italiano portolano)” p. 52, que são os mapas que tinham a capacidade de
descrever com detalhes as rotas marítimas. Descrições de viagens entre o Ocidente e o
Oriente eram feitas, trazendo importantes informações das regiões desconhecidas. Ao mesmo
tempo em que o conhecimento do espaço geográfico vinha sendo ampliado, o relacionamento
entre sociedade e natureza era estabelecido.

Grande parte do conhecimento geográfico da Idade Média, constituiu da criação de enormes


enciclopédias do pensamento clássico, concentrados nos espaços religiosos dos Monastério
os intelectuais do ocidente eram em sua maioria monges. Os teólogos medievais, assim como
os eruditos da Era Clássica, tinham grande interesse na origem, no aspecto, no movimento e
no povoamento da Terra. Entretanto, “esse interesse estava muito mais ligado às necessidades
de disseminação da fé cristã do que à curiosidade com relação ao planeta,” (Kimble, 2005,
p.89).

Outra contribuição importante dada pela Geografia na época medieval foram os relatos
descritivos das viagens de Marco Polo (1271-1291), incidindo sobre a cultura, o comércio, os
produtos do solo, desenvolvimento industrial e as rotas a seguir.

Referencia Bibliográfica

Kimble, G. H. T. (2005). A geografia na Idade Média. Londrina: Eduel, Imprensa Oficial do


Estado de São Paulo, São Paulo.

Ferreira, C. e Simões, N. (1994). A evolução do pensamento geográfico. 8.ed. Gradiva.


Lisboa

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