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A Europa Ocidental se dividiu entre reinos católicos e protestantes, que enfrentaram

períodos de intensas guerras civis. Em decorrência disso, difundiu-se também entre


os eruditos uma tendência a fundamentar a concepção de Idade Média em
elementos político-religiosos, de forma que esse período passou a representar o
domínio da Igreja Católica.

Nesse momento, ficou caracterizada, portanto, a visão da Idade Média como a Idade
das Trevas. Os filósofos iluministas condenavam a Idade Média por representar uma
ruptura na marcha de desenvolvimento que a humanidade iniciara na Antiguidade e
somente recobrara na Idade Moderna.

o Romantismo, movimento estético que investia na liberdade artística, reforçou o


pensamento nacionalista e investiu na Idade Média como um “espaço das origens” e
como forma de contraposição ao excessivo cientificismo e a racionalização
iluminista.

A primeira metade do século XX foi marcada por duas guerras mundiais, uma crise
econômica mundial e a ascensão de regimes totalitários. Tais regimes inspiraram-se
em um passado medieval idealizado para justificar a instalação de medidas
autoritárias, a pregação de nacionalismos extremados e o xenofobismo, que
justificaram a perseguição violenta de opositores e de minorias étnicas.

O passado ideologicamente construído acerca do Sacro Império Romano


Germânico, por exemplo, serviu como justificativa para o estabelecimento do
nazifascismo, bem como o ideal da reconquista ibérica foi apropriado pelo governo
franquista para fomentar a identidade espanhola e rechaçar a influência cultural
muçulmana. Mas, paralelamente a esse tipo de uso político por regimes totalitários,
a Idade Média se manteve tanto como um espaço de reserva moral e simbólica na
constituição histórica e identitária do Ocidente, quanto como seu local de
nascimento.

surgiram duas grandes correntes historiográficas:


marxista e analitica

historiografia marxista parte do pressuposto de que as condições materiais de

existência direcionam o andamento do processo histórico, que se move a partir da

luta de classes travada no âmbito das sociedades, onde os indivíduos se organizam

em torno da posse dos meios de produção.


Aqueles que possuem e dominam os bens de produção fazem parte da classe

dominante, enquanto a classe dominada é constituída por aqueles que, sem possuir

os bens de produção, são obrigados a dobrar-se à exploração da classe dominante.

O foco direcionado para as relações econômicas comprometem


significativamente o entendimento dos demais campos do
processo histórico, os campos político, social e cultural são
entendidos de forma subordinada e a reboque das relações
econômicas determinantes.

perspectiva analítica se desenvolveu no início do século XX, com a fundação, na


Escola de Altos Estudos da França, da chamada escola dos Annales, em 1929, por
dois historiadores:
march bloch e lucien febvre

A história total considera que, para que o processo histórico seja de fato analisado,
faz-se necessário abarcar elementos referentes aos quatro campos fundamentais
da história, sem que exista uma hierarquia entre eles:
politico
economico
social
cultural

atenção
a problemática é a alma da pesquisa. é ela que direciona o olhar do historiador em
meio a um mar de elementos contextuais e fontes históricas e permite que a
pesquisa desenvolvida esteja ciscuncrigta a um dos campos da história, mas que só
pode ser entendido e, consonância com os demais

conhecer o passado, na perspectiva analítica, é uma forma de compreender o


presente.

​ Tempo curto
​ O tempo do acontecimento.
​ Tempo médio
​ O tempo da conjuntura.

​ Tempo longo
​ O tempo da estrutura.

Somente assim, o historiador poderá abarcar a multiplicidade de fatores que


caracterizam o fenômeno histórico alvo da sua problemática.entendendo como
fontes documentais todo vestígio deixado pelo homem sobre a Terra.

depois do caderno

Romanos

Representou a sobrevivência de instituições e símbolos culturais do Baixo Império

Romano que propiciaram o desenvolvimento do caráter sagrado da monarquia, da

aceitação dos germanos em território imperial, da petrificação da hierarquia social,

do fiscalismo sobre o campo e, da efervescência espiritual que possibilitou o

sucesso cristão.

Germânicos

Representou a sobrevivência de elementos da cultura dos povos germânicos que

propiciaram a noção de pluralidade política e a difusão da concepção de obrigações

recíprocas entre chefes e guerreiros, além do deslocamento do eixo de gravidade

político e econômico para o norte.


Cristãos

Já a cristianização, levada a cabo pelos bispos e monges, seria responsável pela

articulação entre a influência romana e germânica, e também como herdeira do

caráter universalista do romanismo, ajudou a dissimular o uso do latim vulgar e do

cristianismo como religião de Estado.

a conquista da cidade de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, teria


marcado o término do período medieval

Le Goff propôs a existência de uma “Longa Idade Média”, que se estenderia do


século IV ao XVIII, ou seja, entre o fim do Império Romano e o desenvolvimento da
Revolução Industrial. O objetivo do historiador era subverter as ilusões do
Renascimento e dos Tempos Modernos.Dessa forma, o Renascimento não teria
marcado o fim da Idade Média, mas faria parte de um conjunto de renascimentos

Baschet (2006), acerca do “fim” da Idade Média, situa o marco final desse período
histórico no ano de 1492. A “descoberta” da América foi considerada um
acontecimento-chave, especialmente pelos medievalistas latino-americanos, por ter
propiciado uma alteração na lógica de organização e de produção da sociedade
europeia, instaurando o sistema colonial.

tema 1 modulo 2
Alta idade média século V a X

Agostinho de hipona redigiu “cidade de deus “ em 22 livros, entre 413 e 426. A


concepção agostiniana predominou entre os autores alto-medievais e “serviu como
base teórica para a cristandade medieval” A perspectiva histórica agostiniana
influenciou diretamente as obras posteriores que, a partir dela, registraram a história
de locais e reinos específicos, inserindo-os no caminhar da história humana.

A obra de Gregório de Tours, é um exemplo da tendência agostiniana, e podemos


considerá-lo como um dos grandes cronistas do reino franco.Gregório tornou-se
bispo de Tours e envolveu-se diretamente nos conflitos políticos que envolveram a
realeza franca e a de BorgonhaO bispo de Tours escreveu “dez livros de história, sete
de milagres, um sobre a vida dos Padres da Igreja, um comentário dos Salmos e um
livro sobre os ofícios eclesiásticos” O bispo de Tours nos diz, aliás, que as relíquias e
os amuletos são eficazes para os que têm fé. Deus se tornou o autor principal da
história. Direta ou indiretamente, através de seus intermediários na terra, ele
manipula ao mesmo tempo as forças naturais e os agentes históricos.

O cuidado de Flodoardo com a forma da escrita rendeu-lhe o reconhecimento por


parte dos historiadores, que identificaram a importância que a retórica e o uso
costumaz da documentação ocupou em sua obra.

Seguiram a linha de narrativa histórica de Gregório de Tours. Paulo, o Diácono,

Isidoro de Sevilha e Beda, o Venerável, que se dedicaram a escrever,

respectivamente, a história dos reinos lombardo, visigodo e anglo-saxão.

A formação do Império Carolíngio, a partir do reino franco, representou um passo à

frente nesse aprimoramento dos relatos históricos. Portador de um projeto imperial,

claramente inspirado no modelo romano, Carlos Magno empenhou-se em garantir

certa identidade político-cultural comum a um império marcado pela

heterogeneidade de povos na sua composição.

Carlos Magno “Pensava que o saber, a instrução, era uma manifestação e um

instrumento de poder necessários”

Uma das figuras que levou adiante o projeto cultural carolíngio foi Alcuíno de York

(735-804), ele foi o principal conselheiro do imperador. Responsável por retomar e

difundir a escrita em latim

as sete artes liberais


trivium: gramatica lógica e retórica

Quadrivium: aritmética, geometria, astronomia e música

A renascença carolíngia estimulou a difusão da escrita, a educação e a cópia de

textos clássicos, advindos em sua maioria do intercâmbio comercial e cultural com

o Império Bizantino. As cópias foram em sua maioria realizadas e arquivadas nos

monastérios.

O declínio da Dinastia Carolíngia e a chegada das ondas invasoras dos séculos IX e

X, que implicaram ataques militares e conquistas territoriais promovidas pelos

húngaros ou lombardos (que se deslocavam a partir do Leste Europeu), pelos

vikings (oriundos da Escandinávia) e pelos muçulmanos (que buscavam ampliar

suas conquistas em direção ao domínio da bacia ocidental mediterrânica), tornaram

os monastérios os espaços mais seguros para a preservação das obras

Baixa idade média seculos XI e XV

Surgiu a chamada reforma gregoriana e todo projeto de teocracia papl que pretendia

estabelecer a primazia do papado sobre os ´poderes seculares, garantir o respeito à

hieraarquia eclesiástica e submeter a sociedade ao direcionamento moral da igreja.

cruzadas pregadas pela primeira vez pelo papa urbano II, em 1095

A ascensão do domínio político-territorial muçulmano na bacia mediterrânica

oriental e ocidental implicou a intensificação das rotas comerciais que uniram a

Península Ibérica ao Extremo Oriente.

Atenção!
As transformações que marcaram os séculos XI e XII possibilitam notar a ampliação

das fontes escritas que se dedicaram ao registro da memória e aos relatos com um

cunho histórico. Como lembram Bourdé e Martín (2018, p. 61): Nunca se sublinhará

a extrema variedade dos gêneros históricos na época feudal.

O século XI foi marcado pelo incremento da economia senhorial e por mudanças

climáticas que favoreceram a ampliação das áreas agrícolas,

O aumento da taxa demográfica, a intensificação da vida urbana e das atividades

comerciais e artesanais e a formação da burguesia foram resultados dessa

dinâmica de crescimento socioeconômico.

Nota-se, então, entre os cronistas, do século XII em

diante, apesar da diversidade narrativa, alguns cinco

elementos comuns.

Um primeiro elemento que caracteriza as crônicas produzidas a partir do século XII

e que se manteve no gênero desde a Alta Idade Média foi as narrativas terem sido,

geralmente, encomendadas por autoridades eclesiásticas ou laicas.

Clérigos
Os clérigos dominaram por muito tempo esse ofício. Os primeiros foram

majoritariamente os monges beneditinos, mas, com o tempo, o clero secular

dedicou-se aos registros históricos. Esse foi o caso de Guillaume de Potiers e Adão

de Bremen.
Laicos
Com a ampliação do acesso à cultura escrita, conforme mencionado, os

historiadores laicos tornaram-se mais numerosos no período baixo-medieval, sendo

majoritários, no século XV, entre os cronistas borgonheses e bretões.

Um segundo elemento a se levar em consideração é que as crônicas

baixo-medievais resultavam tanto do esforço de autoria individual quanto coletiva.

Os chamados “homens de corte” eram os herdeiros dos clérigos da corte e dos

jograis feudais que se dedicavam a narrar os grandes feitos dos barões e dos

santos, Os “historiadores de gabinete” eram empregados nas cortes régias e

episcopais e tinham acesso privilegiado aos documentos originais

Jan Dlugosz: o cronista escreveu história da polônia, entre 1445 e 1480

Jean Froissart: atuou como cronista-repórter

Um marco na produção cronista foi General estoria, uma obra destinada a contar a

historia da espanha desde sua origem até o reinado do rei leão e castela, Fernando

III Sua produção foi coordenada pelo rei Afonso X, filho e sucessor do monarca, sob

a direção do monge franciscano Juan Gil de Zamora, que tinha sob sua liderança

uma equipe de cronistas que atuavam no scriptorium afonsino

O terceiro elemento que pode ser identificado nas crônicas baixo-medievais é o fato

de elas serem produzidas tendo em vista a apresentação de um personagem

principal
Isso nos remete ao quarto elemento que caracterizou as fontes desse período, a

inserção das narrativas dos reinos e dos seus protagonistas na história humana

Chega-se, então, à quinta característica da literatura cronística baixo-medieval, o uso

de informações adquiridas em documentos, por vezes transcritos na narrativa

Na idade média a história é algo movido por Deus, as crônicas surgiram na idade

média na intenção de registrar os principais fatos da vida coletiva.

tema 1 modulo 3

Códigos jurídicos são documentos importantes, mas poucos usados

É assim que a análise de discurso, a análise de conteúdo, o comparativismo, a

semiótica, os métodos quantitativos, a história serial etc. adentraram o mundo

historiográfico e têm sido revisitados e aprimorados com o passar do tempo.

No que se refere aos estudos medievais, a ampliação do leque

documental contribuiu essencial e significativamente para derrubar

alguns estereótipos ainda sedimentados atribuídos ao período

medieval.

Direito canônico
No século XII, a Igreja retomou intensamente os estudos do Direito

romano, especialmente do Corpus Juris Civilis.

O código romano compilado a mando do imperador bizantino

Justiniano (482-565) –, e tomou dele os elementos necessários

para compor o Direito canônico.

Direito régio

No século XIII, sobretudo com a formação das monarquias

medievais, o Direito régio foi elaborado a partir das várias

referências jurídicas do período. Para aqueles que se interessam

em entender as leis como mecanismos de exercício de poder e

como facilitadoras e disciplinadoras das dinâmicas sociais, é só

buscar os textos legais, já largamente difundidos na formas

impressa e virtual.

O contato mais intenso com a arqueologia tem propiciado mais um salto nos

estudos relativos ao período medieval

historia global Wallerstein elaborou uma teoria política e econômica que, partindo da

relação moderna de interdependência inter-regional e transnacional, iniciada no

século XVI com a instauração do sistema colonial, propôs uma divisão mundial

entre países centrais, semiperiféricos e periféricos.inspirando algumas gerações de


pesquisadores a pensar as desigualdades na escala global a partir do processo de

descolonização do século XIX.

história conectada Abu-Lughod (1991)demonstrou que a interdependência regional

já existia em períodos anteriores ao século XVI, no entanto, sem centros

hegemônicos. Partindo desse pressuposto, Abu-Lughod evidenciou as conexões

comerciais entre os continentes africano, europeu e asiático centrando-se nos

séculos XIII e XIV, sem identificar um centro hegemônico. propôs-se a entender a

Filosofia Medieval a partir da perspectiva da translatio studiorum, ou seja, do

movimento fluído do conhecimento executado por obras e agentes do saber que se

moviam pelas rotas de comércio, mercados, cortes, universidades, madrassas e

escolas de tradução pré-modernas.

O medievalismo, como campo de estudo, surgiu na década de 1970, a partir de uma

dupla iniciativa: a de Workman (1997, p. 29), “quem primeiro sistematizou e

incentivou a criação de um campo acadêmico que reunisse pesquisas cujo objeto

fosse as apropriações da Idade Média em períodos pós-medievais”, e de uma

conferência realizada na cidade de Salzburg sobre a recepção da poesia medieval.

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