Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

DISCIPLINA: História Medieval I


DOCENTE: Prof.ª Mª. da Conceição Guilherme Coelho

FICHAMENTO REFERENTE AO TEXTO “Passagens de


Antiguidade Romana ao Ocidente Medieval: leituras
historiográficas de um período limítrofe”.

ANDRIELLY DOS SANTOS BATISTA


RHAEL CLAY BARBOSA SOARES

NATAL
2017
 
 Introdução acerca da dificuldade de demarcar qualquer
tempo histórico intermediário, tendo em vista o quão inapagáveis são as
marcas ideológicas e culturais que esse ato de limitar causa e o que elas revelam
sobre a sociedade em que o historiador está pesquisando; 
 
 Desenvolvimentos historiográficos: novos campos
e domínios históricos, emergência de novas relações interdisciplinares, novos
enfoques que mesclam velhas e novas metodologias; 
 
 Análise da Antiguidade e mutação no Medievo, que coloca como marco o fim
do Império Romano Ocidental. Acontecimento demarcador não só do
período medieval mas do poder politico-cultural que a Igreja cristã começa a
estabelecer. A observação das semelhanças entre os dois
períodos: transmissão dos valores greco-romanos e do cristianismo,
caracterizados como identitários; 
 
 A grande ambiguidade temporal existente entre o fim do Império Romano e
a emersão da Idade Média, que divide a visão historiográfica:  
1) Antiguidade tardia" para alguns historiadores da Antiguidade, com base
em Piganiol que costumava dizer que a civilização romana não morreu, mas foi
Assassinada pelo conjunto de acontecimentos ocasionados pelas invasões dos
povos germânicos. Como oposição, Ferdinand Lot que defende a hipótese do
declínio, propõe uma "morte natural do império", pressupondo um
acontecimento-processo, como po exemplo as crises econômicas, políticas e
sociais do século III;  
2) "Alta idade Média" para os medievalistas, no qual muitos costumam visualizar
um período de começo, "o início de uma nova era", e incorporam-
no historiograficamente, admitindo as permanências da Antiguidade que se vão
lentamente, contudo com o alvo nas rupturas, procurando características novas
neste período;   
3) Dicotomia tradicional do campo dos Antiquistas, que já foi superada
pela historiografia recente. que consideram desde uma queda abrupta
do Imperio Romano a um decaimento gradual. 
 
 A possibilidade de visualização segundo a consideração de uma mutação do
império, que posteriormente tornam-se as civilizações medievais: Império
Bizantino e Ocidente Cristão somado aos novos reinos europeus; 
 
  Visualização do Império como um sistema complexo,
permitindo analisar seu rápido e gradual desaparecimento a partir
do enfraquecimento gradual das forças que o sustentavam e o caracterizavam; 
 
 O desenvolvimento moderno da historiografia, que supera a dicotomia
"assassinato ou morte natural" do império, até então aparentemente inconciliável,
que propõe novas visões e cada vez mais dimensões a serem analisadas, tais
como Economia, Cultura, Mentalidades, Imaginário, Demografia; 
 
 Surgimento de novas especialidades na história, no qual permite que um
acontecimento seja beneficiado por diversas cronologias, dependendo
do problema imputado pelo historiador. Como exemplo a análise histórica das
populações que no século XX começou a ser chamada de História Demográfica,
que afasta o estereótipo de "invasões bárbaras" pelo estudo do adentramento dos
povos não latinos nos territórios conquistados pelo Imperio Romano. 

 A partir dessa reavaliação, consideram-se as várias maneiras de entrada dos


povos ao império, não apenas como invasores. Exemplo do caso dos Godos nas
suas principais ramificações: Visigodos e Ostrogodos., que abre um leque de
nuances de adentramento/invasão, sintetizadas, por exemplo, como de oposição
militar, refúgio, povos assimilados, povos assimilados que se rebelaram,
contingentes militares que se integraram ao império, etc. 

 Posicionamento singular de Santo Agostinho, diante do “declínio” que teria


sido provocado pela corrupção dos costumes pagãos;

 A obra de Santo Agostinho “Cidade de Deus” traz a tese de um declínio da


civilização romana herdada dos tempos antigos e sendo resquícios do paganismo dos
povos antigos daquela região;

 Para uma melhor compreensão da passagem da Antiguidade à Idade Média,


surgem novas possibilidades, considerando as duas definições da História propostas
por Marx: “a história da transformação dos modos de produção” e “a história da luta
de classes”;

 Max Weber dá uma atenção especial à passagem de uma população


essencialmente urbanizada, para uma civilização que vai se ruralizando aos poucos;

 Weber examina atentamente o processo de desaparecimento gradual do


comércio local nas cidades e, também, no de longa distância, já no fim do século II;

 Para o medievalista belga Henri Pirenne, o grande divisor de águas fora o


acontecimento de Expansão Islâmica no século VIII, em virtude do domínio islâmico
do Mediterrâneo Ocidental, não quebrando apenas a unidade mediterrânea, mas
rompendo, também, os caminhos comerciais que sustentavam, até então, a vida
material do Ocidente europeu;

 O historiador Henri Marrou propõe a introdução de um novo conceito de


periodização da história da civilização Ocidental: o de “Antiguidade Tardia”;

 Houve ainda uma “disputa” entre os historiadores da Antiguidade e da Idade


Média, com fins de se comprovar a existência de um “período limítrofe”;

 Tal “disputa” também servirá como espaço de diálogo, onde antiquistas e


medievalistas se encontrarão para poder intercambiar suas ideias e experiências;
 Diálogos interdisciplinares que se desenvolvem na historiografia, tem
permitido reequacionar a passagem da Antiguidade à Medievalidade, como sendo um
período extremamente complexo;

 Diversos elementos colaboram para que ocorresse a manutenção da ordem e


do bom funcionamento do sistema sócio-político-econômico-cultural que era o
Império Romano;

 O Império Romano atinge sua expressão máxima no período da pax romana,


momento em que o poder do Império é posto à prova;

 A última fase do Império Romano é a história da “desagregação”, em um


sentido de haver uma rearrumação, de uma desestruturação da ordem que envolve
diversos fatores;

 O século III representou um período onde a desorganização do Império


Romano começa a se fazer notar nos âmbitos econômico, político e militar, evocando
a necessidade de serem tomadas medidas de força para que se assegurasse uma
coesão já há muito ameaçada por diversos distúrbios ao sistema político-social
vigente;

 Em fins do século IV são criadas e impostas as castas de profissionais, haja


vista a necessidade de fazer frente às tendências de desorganização no âmbito
econômico;

 O Cristianismo – por meio da Igreja – começa a impor seus próprios padrões


de especialização política, construindo um sistema paralelo, que agrega em dioceses,
o espaço sócio religioso vindo, consequentemente, a propor uma nova organização
administrativa;

 O mundo medieval passa a se organizar em torno dos desígnios da Igreja


Cristã, representando o início de um novo sistema social.

Você também pode gostar