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DA IDADE MÉDIA A IDADE MODERNA

ALUNO(A) -----------------------------------------------------------------------------------

HISTÓRIA
SEGUNDO SEMESTRE
ENSINO MÉDIO
ETAPA 01
Profª. Leonora Ferreira
Souza

1
IDADE MEDIA
1 - Desagregação do Império Romano

2 - Império Carolíngio

3 - Império Bizantino

4 - Surgimento do Islamismo

5- O feudalismo

6- Fortalecimento da Igreja Católica

IDADE MODERNA
07- Formação dos Estados Modernos

08 - O mercantilismo

09 - O absolutismo

10 - Grandes Navegações

11 - Renascimento

12 - O Humanismo Renascentista

13- As reformas religiosas na Europa

14 - O Iluminismo

15 - Revolução Francesa

OS POVOS NATIVOS AMERICANO

16 - Os povos Pré-Colombiano

17 - Brasil pré - cabralinos


IDADE MÉDIA
A Idade Média está dividida em duas partes: Alta Idade Média e Baixa Idade média.

1 - Desagregação do Império Romano


A Idade Média e todas as transformações observadas na Europa nesse período foram
consequência da desagregação do Império Romano. O fim do Império Romano do Ocidente foi
o resultado final de uma crise que se arrastou por séculos, pelo menos, desde os século III.
A partir do século III, o sistema que sustentava o Império Romano começou a colapsar
por uma série de fatores. Primeiramente, há de considerar-se que o sistema escravista era o que
afiançava a economia de Roma, e, a partir do século III, esse sistema entra em crise pelo fim
das guerras de conquista do império."
"O sistema escravista romano era dependente das guerras de conquista de Roma porque
por meio delas é que se capturavam prisioneiros, enviados como escravos para o território.
Esses escravos amparavam a economia romana, mas, com o fim das guerras de conquista, o
número deles diminuiu e a economia romana colapsou. Além disso, havia a conturbada política
romana.
No século III, a corrupção e a disputa pelo poder corroíam a sustentação de Roma e
enfraqueciam o império. Tudo isso fez com que o território ficasse vulnerável e suas fronteiras
suscetíveis a serem invadidas. Nesse momento aparecem os povos germânicos, que habitavam
além das fronteiras do Império Romano e passaram a “pedir”, a partir do século III, passagem
pelas terras de Roma."
"Do século III em diante, dezenas de povos germânicos invadiram as terras de Roma.
Visigodos, ostrogodos, hérulos, alamanos, suevos, vândalos, hunos, saxões, francos,
alanos, burgúndios, jutos e anglos são apenas alguns de muitos povos que assolaram as terras
do Império Romano. As invasões traziam destruição que afetava mais a economia e ampliava a
profundidade da crise romana.
O império tentou reestruturar-se por reformas: congelamento de preços, criação de uma
nova capital (Constantinopla), divisão do império em Império Romano do Ocidente e Império
Romano do Oriente, entre outras. As reformas, no entanto, foram em vão, e o lado ocidental do
império sucumbiu."
"Em 476, Roma foi invadida pelos hérulos e o último imperador, Rômulo Augusto, foi
destituído da sua função. Os territórios romanos na Europa Ocidental foram gradativamente
ocupados pelos germânicos e assim se iniciou a mistura da cultura latina com a germânica,
sendo essa uma das grandes marcas da Europa medieval."

2 - Império Carolíngio

Desde o século II, os Francos vinham pressionando as fronteiras do Império Romano,


até se estabelecerem na região da Gália, atual França. O domínio sobre toda a Gália foi
possível graças à conversão de Clóvis, neto do herói franco Meroveu, ao cristianismo, em 496.
Contando com o apoio da Igreja, Clóvis organizou o reino Franco e consolidou a dinastia
merovíngia.
A idéia de estado e bem público desapareceu com o Império Romano, passando a terra
a ser distribuída entre clero e nobreza. A figura do rei tornava-se, assim, bastante frágil entre
os francos, submetida ao poder dos proprietários de terras. A pouca autoridade dos reis valeu-
lhes o título de “reis indolentes”, que tinham suas funções usualmente delegadas aos major
domus, tipo de primeiros ministros. O mais importante deles foi Carlos Martel, que comandou
os francos na batalha de poitiers em 732, derrotando os árabes.
Em 751, o filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, contando com o apoio papal,
depôs o último soberano merovíngio. Iniciou-se uma nova dinastia, a Carolíngia. Por causa do
apoio recebido, Pepino cedeu ao papa grande extensão de terra no centro da península Itálica.
Passando para a administração da Igreja, sob o nome de Patrimônio de São Pedro, esse
território constituiu o embrião do atual Vaticano.
Carlos Magno, filho de Pepino, assumiu o trono em 768, fundando o Império
Carolíngio, período de maior poder dos fracos na Alta Idade Média. Além de doar, em troca de
lealdade, as terras adquiridas nas guerras de conquistas à nobreza e ao clero, dividiu o território
sob seu controle em Condados e Marcas. (os títulos de nobreza conde/condessa derivam de
condado, assim como os de marquês/,marquesa, de marca). Carlos Magno tinha uma
administração nomeada pelo próprio imperador (missi dominici), assim fazia valer suas leis
que ficaram conhecidas como Capitulares, ou seja, as primeiras leis escritas do Ocidente
medieval.
Carlos Magno Recebeu o título de Imperador do Novo Império Romano do Ocidente
pelo papa leão III no ano de 800. O mandatário da Igreja via na ampliação do reino franco uma
possibilidade de expansão do cristianismo e o retorno à própria concepção de império,
desaparecida desde a queda de Roma, e como consequência o poder imperial seria o anteparo
da Igreja. Carlos Magno foi responsável, portanto, por uma experiência centralizadora durante
a conturbada Alta Idade Média.
O êxito administrativo de Carlos Magno foi acompanhado por significativo
desenvolvimento cultural, estimulado pelo próprio Imperador. Com o desuso do latim e a
escrita pelos povos germânicos, o chamado Renascimento Carolíngio mudou esse quadro,
ainda que temporariamente. Escolas foram fundadas, o ensino estimulado e varias obras da
antiguidade greco-romana preservadas pela atuação da Igreja, que logo teria o monopólio
cultural do continente europeu.
Com a morte de Carlos Magno em 814, começa a decadência de seu império. Seu filho
Luís, o Piedoso, herdou o império e governou até 841. Após sua morte, seus filhos dividiram o
império em partilhas pelo Tratado de Verdun em 843. Condes, marqueses e outros nobres
passaram a ter uma crescente importância, fortalecendo assim a tendência à descentralização.
Consolidava-se, nesse contexto, o Feudalismo.

3 - Império Bizantino

Em 395 d.C., o Império Romano estava em declínio e o imperador Teodósio propôs


uma solução para a crise: dividir o imenso território de Roma em duas partes. Assim, o império
foi dividido em ocidente e oriente. Constantinopla, do lado oriental, ganhou importância com
essa divisão e se desenvolveu economicamente pelo comércio. Enquanto o Império Romano
do Ocidente caia junto à Roma, que era saqueada pelos bárbaros, a parte oriental do império
permanecia tendo sua capital sendo chamada de Roma do Oriente.
Antes de ser Constantinopla, a cidade se chamava Bizâncio, e foi fundada pelos gregos
em 667 a.C. O Império Romano se expandiu de tal forma que alcançou as terras do Oriente, e
as antigas colônias e cidades gregas foram dominadas por Roma. Dessa forma, Bizâncio foi
conquistada e anexada ao império. Em 330 d.C., o imperador Constantino decidiu rebatizar a
cidade como Constantinopla. Enquanto Roma era tomada pelos bárbaros, fazendo eclodir a
parte ocidental do seu imenso império, Constantinopla permanecia praticamente intacta."

Reinado de Justiniano
O Império Bizantino atingiu seu apogeu durante o reinado de Justiniano. De 527 até
565, Justiniano governou o império oriental e tratou de expandir o território bizantino,
chegando mesmo a reconquistar o que havia sido perdido pelos romanos ocidentais com a
invasão bárbara. As tropas bizantinas reconquistaram Roma, o norte da África e a península
Ibérica, que haviam sido conquistados pelos germânicos.
Além da expansão territorial, Justiniano teve o cuidado de preservar as leis romanas. Ele
criou o Código de Direito Civil, um compilado das leis elaboradas nos áureos tempos de
Roma. Outra área que mereceu a atenção do imperador bizantino foi a cultura. Justiniano
investiu na construção de grandes edifícios, como o palácio imperial e a Igreja de Santa Sofia.
Justiniano enfrentou a Revolta de Nika, em 532. As causas das revoltas foram a fome, a
falta de moradias e os altos impostos pagos pela população. O estopim desse conflito foi o
resultado de uma corrida de cavalos que aconteceu no hipódromo de Constantinopla. Houve
uma dúvida quanto ao cavalo vencedor na corrida. Não se sabia se o vencedor era Niké, para o
qual a população torcia, ou o cavalo da equipe do imperador. Isso fez com que a revolta que se
sentia com as condições sociais se materializasse no questionamento do resultado da corrida.
As tropas de Justiniano, no entanto, conseguiram controlar a agitação.
Em 565, Justiniano morreu, e com ele acabava o período áureo do Império Bizantino.
Seus sucessores não conseguiram manter as conquistas do imperador, e logo os bizantinos
perderam os territórios conquistados.

Características do Império Bizantino


O governo bizantino se concentrava nas mãos do imperador. Ele detinha o poder
absoluto. O Senado perdeu sua força política e se tornou apenas um conselho honorário. A
burocracia do império se estabeleceu por meio da concessão de títulos aos nobres. Como o
poder emanava do imperador, os trabalhadores da administração imperial também tinham seus
poderes e os cargos públicos eram cobiçados.

Economia no Império Bizantino


As moedas foram utilizadas nas relações comerciais em Constantinopla, capital do
Império Bizantino.
Constantinopla se tornou não apenas a capital do Império Bizantino mas o principal
centro comercial do Oriente. A sua posição geográfica privilegiada estabelecia uma grande
rede comercial, havendo negociações com várias partes do mundo, como o norte da África, a
Europa e a Ásia. Enquanto Roma se esvaziava após as constantes invasões bárbaras e a Europa
Ocidental se ruralizava e se dividia em milhares de feudos, o Oriente tinha em Constantinopla
sua principal referência.
O Estado Bizantino controlava as atividades comerciais por meio de importações e
exportações bem como pelo sistema monetário. Em épocas de crise, o imperador intervinha na
economia para que o abastecimento de alimentos chegasse até a capital.

Religião no Império Bizantino


O imperador bizantino teve papel ativo nas atividades eclesiásticas. Ele era o pontífice
máximo e considerado o mensageiro de Jesus Cristo e responsável pela propagação da
mensagem cristã. Surgia assim o cesaropapismo, ou seja, o imperador era chefe político e da
Igreja. A crise de Roma fez com que Constantinopla se transformasse no centro da cristandade.
A doutrina cristã estava atrelada às ordens do imperador, que publicava decretos regulando
sobre a crença dos seus súditos.
A questão da veneração das imagens foi uma das grandes polêmicas religiosas do
Império Bizantino. A Igreja Oriental não admitia a veneração às imagens de santos, e os ícones
deveriam ser bidimensionais. Por conta dessa disputa, várias imagens foram destruídas.
O Cisma do Oriente foi a primeira divisão na cristandade. As disputas entre o papa e o
imperador bem como as diferenças de dogmas cristãos pregados por ocidentais e orientais
fizeram com que romanos e bizantinos se separassem em 1054. Além da Igreja Católica
Romana, surgia no Oriente a Igreja Católica Ortodoxa."

Sociedade no Império Bizantino


A sociedade bizantina era patriarcal e não abria espaço para a participação das mulheres,
que eram a metade da população. As classes sociais eram os pobres, os camponeses, os
soldados e os comerciantes. Os integrantes da Igreja Ortodoxa tinham participação efetiva na
administração do império. Os funcionários públicos gozavam de prestígio na sociedade em
razão do cargo que ocupavam na estrutura burocrática do império."

4 - Surgimento do Islamismo
O islamismo surgiu no século VII, na Península Arábica, por meio das pregações do
profeta Maomé (Muhammad). É atualmente a segunda maior religião do planeta.
O islamismo é uma das principais religiões do mundo, sendo muito popular na África,
Ásia e está em franco crescimento na América do Norte e na Europa. É atualmente a segunda
maior religião do planeta, com quase dois bilhões de fiéis espalhados nos cinco continentes.
Seu surgimento remonta ao século VII por meio da ação do profeta Muhammad.
Trata-se de uma religião monoteísta, portanto, os fiéis dessa religião acreditam na
existência de apenas um deus, chamado por eles de Allah. A palavra “islã” vem do termo árabe
islam, que significa submissão, e esse termo deriva de “salam”, que significa paz, conceito que
no árabe denota uma condição de espírito.
O adepto do islamismo é conhecido como muçulmano ou muçulmana, termo que vem
de “muslim”, palavra árabe que significa submisso. Sendo assim, na lógica da fé islâmica, o
muçulmano é aquele que é submisso a Allah. Os muçulmanos professam em sua religião cinco
pilares básicos.

Como foi o surgimento do islamismo?


O surgimento do islamismo aconteceu no começo do século VII por meio das ações de
Muhammad (conhecido em português como Maomé), o grande profeta do islã. Muhammad
tornou-se profeta do islã após a revelação de Allah por meio do anjo Gabriel, quando o profeta
era apenas um comerciante.
Muhammad nasceu em Meca, em 570, e perdeu seus pais ainda na infância. Foi criado
pelo tio chamado Abu Talib. Na vida adulta, tornou-se comerciante, casou-se com uma viúva
rica, que se chamava Khadija, e passou a ser o representante dos negócios de sua esposa.
Depois que sua primeira esposa faleceu, Muhammad casou-se com outras mulheres.
A tradição islâmica conta que o profeta tinha a prática de retirar-se para orar e meditar
em montes e desertos aos arredores de Meca. Em um desses retiros, o anjo Gabriel apareceu
para Muhammad e pediu que ele recitasse um texto. Conta-se que o anjo referiu-se ao profeta
como “rasul Allah”, traduzido como “enviado de Deus”.
Muhammad imediatamente recitou o texto pedido pelo anjo (embora não soubesse qual
texto era). A recitação de Muhammad é localizada atualmente na 96ª surata do Alcorão, o livro
sagrado do islamismo.
Essa revelação é conhecida no islamismo como Noite do Destino e iniciou as
revelações de Allah para o profeta. Após um período de confusão, Muhammad passou a
receber novas revelações a partir de 612, e essas revelações foram depois compiladas no que é
conhecido como Alcorão. Esse livro sagrado foi escrito pelos seguidores de Muhammad à
medida que Allah lhe revelava sua mensagem.
Os primeiros convertidos à fé islâmica foram seu primo, chamado Abu Talib; Khadija,
a esposa de Muhammad; e Abu Bakr (amigo que, posteriormente, tornou-se sogro do profeta).
Em 612, foi também o ano em que Muhammad iniciou suas pregações, e isso aconteceu em
Meca, a cidade em que o profeta nasceu e onde ele morava. O período de ação do profeta é
conhecido como “época da profecia”.
As pregações da mensagem de uma religião monoteísta acabaram por incomodar as
autoridades de Meca porque se voltavam contra os valores tradicionais da cidade e poderiam
prejudicar a peregrinação em homenagem aos deuses pagãos, a qual trazia riqueza para Meca.
A Arábia pré-islâmica era, portanto, politeísta, e esse período é conhecido na tradição islâmica
de “jahiliah”, ou “época da ignorância”.
Essa perseguição começou a colocar em risco não só Muhammad, como também os
convertidos ao islamismo. O profeta então incentivou que os novos convertidos buscassem
abrigo na Etiópia, enquanto ele se refugiou na cidade de Medina.
As autoridades de Medina mostraram receptividade às pregações de Muhammad, por isso
o profeta mudou-se para essa cidade em 622. Esse acontecimento é conhecido como Hégira e
foi um marco para os muçulmanos, pois é considerado o momento que deu início à contagem
do calendário islâmico.
Nessa ocasião, o islamismo ainda era uma religião pequena e sem muita força, mas, em
Medina, a situação alterou-se drasticamente. Lá, Muhammad tornou-se chefe da cidade e
organizou forças para guerrear contra Meca. Inúmeras caravanas de Meca começaram a ser
atacadas por Medina, e um momento marcante nesse conflito foi a Batalha de Badr, em 624.
Formou-se em Medina um Estado muçulmano, que passou a defender a conversão total
daquela sociedade. Os judeus que moravam em Medina começaram a ser pressionados para
que se convertessem e, por isso, acabaram aliando-se a Meca, mas as sucessivas derrotas de
Meca fizeram com que a comunidade judaica se enfraquecesse.
Uma trégua foi assinada com Meca em 628 e estendeu-se até 630, quando Medina
acusou Meca de rompê-la e deu início a um ataque, que levou à conquista de Meca. Na cidade
onde nasceu Muhammad, foi iniciado o processo de conversão da população local ao
islamismo.
A Caaba, construção sagrada que existe em Meca, foi transformada em um centro de
adoração islâmica, e o culto pagão que lá existia foi extinto. Em seguida, os muçulmanos
trataram de expandir sua fé por toda a Península Arábica, o que resultou na conversão de toda
essa região. Muhammad faleceu em 632, e seus seguidores deram continuidade à expansão da
religião.
Quais são as principais crenças do islamismo?
Novamente, é importante reforçar o fato de que o islamismo é uma religião monoteísta, e
a crença em Allah é um ponto basilar da fé islâmica. Os muçulmanos creem que não existem
outro deus que não seja Allah, e o reconhecimento disso é um dos cinco pilares básicos do
islamismo, conforme veremos neste texto. A profissão de fé em Allah por meio da recitação de
um credo é conhecida como shahadah.
Para os muçulmanos, Allah é um deus todo-poderoso, eterno, criador do Universo, bom
e misericordioso com seus seguidores, mas severo contra os infiéis. Dentro do islamismo,
existe a crença de que os seguidores da religião serão julgados e salvos conforme suas ações e
aqueles que não acreditarem em Allah serão condenados ao fogo eterno.
Os muçulmanos também acreditam na existência de seres sobrenaturais. Afirmam que
os djinn são os seres maléficos que podem influenciar uma pessoa, mas acreditam também nos
anjos. Acreditam que cada ser humano possui dois anjos que o protegem e consideram que o
anjo Gabriel foi o responsável por trazer a revelação de Allah ao profeta.
Acreditam na existência de livros sagrados, como a Torá, os Salmos e o Evangelho,
além, claro, do Alcorão, o livro escrito como resultado da revelação de Allah. Além disso,
acreditam na existência dos profetas, pessoas usadas por Allah para revelar sua verdade.
Alguns dos profetas que os muçulmanos acreditam são Noé, Moisés, Abraão, Davi, Jesus,
além do próprio Muhammad.
Para os muçulmanos, existem três cidades sagradas, que são Meca, Medina e
Jerusalém. Meca possui a Caaba, uma construção sagrada e local da peregrinação de
muçulmanos de todo o planeta. Medina é a cidade onde está localizado o templo do profeta, e
Jerusalém foi o local no qual Muhammad foi transportado por um ser mítico em uma noite.
Pilares do islamismo
O muçulmano tem em sua religião cinco pilares básicos que ele deve respeitar ao longo
de toda a sua vida. Os cinco pilares são:
1. Recitação da shahadah: “não existe nenhum deus além de Allah e Muhammad é seu
profeta”;
2. Realizar as cinco orações diárias voltando-se para a direção de Meca;
3. Realizar o jejum obrigatório durante o período do Ramadã;
4. Realizar a zakat, a doação de 2,5% de seus lucros para as pessoas mais pobres;
5. Visitar Meca ao menos uma vez na vida (ação que só deve ser realizada se a pessoa
tiver condição financeira para tal)

5- O feudalismo

O feudalismo é uma organização social típica da Idade Média europeia, caracterizada pelo
sistema de grandes propriedades territoriais isoladas (feudos) pertencem à nobreza e ao clero e
trabalhadores pelos servos da gleba, numa economia de subsistência. O sistema era organizado
segundo uma extensa e intrincada hierarquia de feudos. A terra única fonte de poder, era
recebida pelo senhor, em caráter hereditário. O senhor beneficiário da doação de um feudo
tornava-se vassalo do doador suserano, qualquer que fosse o titulo nobiliárquico deste (rei,
conde, visconde, etc.), ficando ambos ligados por laços de lealdade e ajuda mútua. A
propriedade da terra não era plena. O senhor que a recebia em doação não podia vendê-la e a
propriedade era herdada pelo filho primogênito.

A Sociedade Feudal

A sociedade feudal possuía uma rígida divisão entre os grandes proprietários de terras
e os despossuídos desse bem.
O primeiro grupo era composto pelos nobres, conhecidos também como senhores
feudais, e o segundo pelos servos da gleba. Os servos eram os responsáveis por todo trabalho
braçal, desde a agricultura até o trabalho artesanal. Viviam presos à terra do seu senhor e não
podiam abandoná-la; em troca, recebiam proteção e não podiam ser vendidos como os
escravos. Pagavam pesadas obrigações, sendo as principais:
 Corveia – Constituía no trabalho obrigatório do servo nas terras do senhor, durante
alguns dias da semana.
 Talha – Era o pagamento feito pelo servo, correspondente a uma parte da produção
obtida no manso servil.
 Banalidades – Eram os pagamentos feitos pelo servo pelo uso do forno, do moinho ou
de qualquer outra dependência pertencente ao senhor feudal.
 Mão-morta – Quando um servo morria, seus herdeiros pagavam uma taxa para o
senhor feudal a fim de continuar na terra e assumir o lugar do pai.
 Tostão de Pedro – Relativo ao dízimo pago pelo servo à Igreja.
A posição social a ser ocupada por um indivíduo era determinada pelo seu nascimento.
Dessa maneira, um filho de nobre era sempre um nobre, enquanto um filho de servo seria
sempre um servo. Isso demonstra que o feudalismo era uma sociedade estamental, ou seja, um
indivíduo que pertencesse a um determinado grupo dificilmente passaria a pertencer a outro.
Quase não havia mobilidade social.
A divisão mais conhecida e aceita da sociedade feudal era: aqueles que guerreavam
(os nobres), aqueles que rezavam (o clero da Igreja Católica) e aqueles que trabalhavam (os
servos). Contudo, é preciso ressaltar que havia ainda pequenos proprietários rurais, cujas ter-
ras, além de pequenas, ficavam em áreas não muito propícias à agricultura, o que os tornava
dependentes dos grandes senhores. Esses homens, chamados vilões, recebiam um tratamento
mais brando do que os servos da gleba.
• O clero
Quando se pensa em Idade Média, certamente vem a Igreja Católica na cabeça. Afinal
de contas, ela era a principal instituição da época, a qual não apenas ensinava a moral e os
costumes, como também possuía terras e mosteiros com escolas e locais para atendimento aos
pobres e doentes.
Neste tempo, não havia unidade social, nem política, tudo era descentralizado. O único
vínculo de unidade existente era o da fé cristã.
A Igreja detinha praticamente todo o conhecimento da época em suas grandes
bibliotecas e monastérios. Mesmo com as invasões bárbaras a Igreja conseguiu preservar livros
de filosofia e literatura, entre outros.
Além disso, ela mantinha trabalho de cópia e tradução do grego para o latim. Incentivava o
ensino da aritmética, geometria, astronomia e música (quadrivium); e da gramática, retórica e
lógica (trivium).
Ressalte-se que a Igreja foi a criadora das universidades. Havia também incentivo ao
trabalho, regra inclusive predominante na vida monástica, junto à vida de oração.
A mobilidade social não era entendida como hoje se pensa em mudança de classes. Era
comum cada indivíduo permanecer no seu grupo e se desenvolver, porém era possível a
mudança. Alguns camponeses tornavam-se religiosos ou capitães, assim como também nobres
se tornavam membros do clero.
• A nobreza – laços de suserania e vassalagem – características políticas do feudalismo
Apesar de existirem reis, eles não possuíam muito poder político. São as figuras dos
senhores feudais que mais chamam atenção. Afinal, eles eram os maiores proprietários de
terra, controlavam as atividades econômicas e tinham pequenos exércitos capazes de defender
seus vassalos.
Os senhores tinham total poder sobre seus feudos. Podiam ter suas próprias leis e seu
próprio sistema de justiça. Além disso, eram eles que começavam ou terminavam guerras,
sendo responsáveis pela defesa militar e proteção das suas propriedades.
Logo, os poderes jurídico, político e econômico eram monopolizados pelo senhor
feudal. Em seus feudos eles decidiam tudo. Criavam suas próprias leis, eram os juízes,
formavam seu próprio exército e declaravam guerras.
A relação de suserania – o nobre podia também ser chamado de suserano e doava um
feudo a algum outro nobre. Esse que recebia a doação era chamado vassalo. Por essa doação
ele se comprometia com seu suserano, tornando-se fiel a ele e ajudando-o militarmente se
necessário. O suserano maior era o rei.
• Os servos
Servos não eram escravos, eram tratados como pessoas. Nem o escravo romano tinha uma
liberdade como a do servo nesse tempo, pois o senhor feudal não tinha direito sobre suas vidas,
já que eles faziam um pacto com seus senhores espontaneamente. Ou seja, sem coerção.
Sua função era cultivar a terra e seu produto servia tanto para seu sustento e de sua
família (sim, eles podiam se casar e constituir família) como para o do senhor que o protegia e
sedia a terra. Caso o servo morresse, sua terra e seus bens ficavam para os seus filhos, afinal
não era lícito ao senhor vender as terras de seu servo.
O pacto que unia um senhor e um vassalo era a palavra, nada era assinado. Tratava-se
de um juramento sagrado e que era respeitado na maior parte das vezes.
Contudo, não eram só os servos que faziam trabalhos braçais. Existiam também os “vilões”
(não, não eram pessoas que praticavam o mal), eles eram homens que viviam em vilas, fora
dos feudos e muitas vezes prestavam serviços aos lordes.
• Os camponeses tinham menos condições que seus senhores. Alguns sofriam abusos e
viviam na miséria, outros viviam com tranquilidade tirando o que era necessário para viver
bem, outros ainda até conseguiam certa ascensão quando alguma nobreza enfraquecia e eles se
tornavam verdadeiros donos da terra.
A sociedade feudal era totalmente rural, pois a vida girava em torno dos feudos. As
cidades, por essa época, ficaram praticamente abandonadas. A riqueza, portanto, consistia na
posse de terras, privilégio detido apenas pelos nobres e pela igreja e que eles tratavam de
manter somente para si. As leis, baseadas na tradição e nos costumes (Direito Consuetudinário,
herdado dos germânicos), juntamente com a Igreja Católica, legitimavam as relações sociais.

A economia feudal
No feudo eram produzidos os alimentos necessários aos servos e ao nobre, bem como roupas,
instrumentos de trabalho e armas. Os camponeses pagavam impostos ao senhor em produto
(parte da colheita) em trabalho nas terras senhoriais (corveia) ou em dinheiro. Também os
habitantes das cidades (burgo) tinham que pagar uma taxa ao senhor das terras em que se
localizavam. O feudo estava dividido em três partes:
• Manso senhorial ou domínio: área explorada pelos servos diretamente em benefício do
senhor, dentro da qual se erguia o castelo;
• Manso servil: correspondente a terras arrendadas pelos servos para exploração própria,
mas das quais deviam varias obrigações e taxas ao senhor feudal;
• Manso comunal: formado por terras – normalmente pastos e bosques – de uso comum
de senhores e camponeses.
Dentro da estrutura feudal, os campos abertos (manso comunal) eram de uso coletivo,
também fazia parte os bosques, a coleta de madeira para diversas atividades, como lenha e
construção de utensílios diversos. A reserva senhorial, terra, borque, pomar, tudo pertencia
exclusivamente ao senhor, tudo que era produzido era de sua propriedade privada, não dividia
com os servos, pois os mesmos já tinham suas faixas de terra para plantar e pagar seu
arrendamento ao senhor feudal. O castelo era de uso exclusivo do senhor feudal, mas também
abrigava artesões, ferreiros e dava proteção aos servos quando atacados por outros senhores em
busca de novas terras, para anexar a seus feudos. O senhor também detém a terra e o poder –
incompleto – sobre os servos; cabe a esses uma pequena posse individual, as ferramentas,
fornece ao senhor uma contribuição que é inicialmente em trabalho, e ligava-se ao senhor por
uma relação de dependência.

A agricultura na Alta Idade Média teve um aumento de produção, visto que novas
técnicas forma empregadas para um bem comum. Uma forma de plantio foi empregada, o
sistema trienal que tem uma eficácia e forma de regeneração do solo, perfazendo assim, uma
rotatividade de plantio, assim um aumento de produção agrícola.
SOCIEDADE FEUDAL
O Trabalho Feudal
O trabalho na sociedade feudal estava fundado na servidão, relação que mantinha os
trabalhadores preso aterra e subordinados a uma série de obrigações em impostos e serviços.
Nessa época era comum que as pessoas nascessem, vivessem e morressem sem jamais sem sair
do mesmo lugar, atrelados às obrigações para como o senhor de feudo. A exploração do
trabalho serviu era legitimada pela a Igreja. Na ordenação dos papeis sociais, sua concepção
ideológica contribuía para isso. Para a Igreja, cada membro da sociedade tinha deveres a
cumprir em sua passagem pela terra, o que disseminava uma mentalidade favorável à condição
subordinada dos servos. Segundo a Igreja, era dever do servo trabalhar, do clérigo rezar e do
nobre proteger militarmente a sociedade. A servidão é uma forma de obrigação imposta o
produtor pela força e independentemente de sua vontade para satisfazer certas exigências
econômicas de um senhor, quer tais exigências tomem a forma de serviços a prestar ou de
taxas apagar em dinheiro ou em espécie. Os servos deviam uma serie de obrigações para os
senhores, normalmente conhecidas como impostos feudais.

6- Fortalecimento da Igreja Católica


O triunfo do cristianismo contribuiu para a forte religiosidade que marcou a mentalidade
medieval. Foi nessa época que a Igreja começou a organizar-se com o objetivo de zelar pela
homogeneidade dos princípios da religião cristã e promover a conversão dos pagãos. Presentes
em todos os níveis de uma sociedade marcada pela religiosidade, os membros da Igreja
medieval fomentavam valores como a passividade e subordinação dos homens comuns perante
o senhor, tanto o senhor espiritual (clérigo), encarregado de proteger as almas, quanto o senhor
feudal da terra (nobre), que protegia os corpos. O poder da igreja, portanto, não estava
revestido ao plano espiritual, mesmo que fosse importante a espiritualidade nesse período, mas
revestido de um poder temporal. Isso porque ela foi, pouco a pouco, transformando-se na
maior proprietária de terras da Idade Média e construindo fortes vínculos com a estrutura
feudal. Além dos territórios diretamente controlados pelo papa, o alto clero e varias ordens
religiosas dispunham de muitos feudos.
A influência da religião era imensa não só no plano espiritual (poder religioso) como
também no domínio material, ao se transformar na maior proprietária de terras, numa época em
que essa era a principal fonte de riqueza e poder político.
Durante o período medieval a economia se ruralizou, com o feudalismo. A Igreja, antes
concentrada nas cidades, foi obrigada a se deslocar para o campo, onde os bispos e abades se
tornaram senhores feudais.
A Igreja se tornou a mais poderosa instituição feudal, foi acumulando bens móveis e
imóveis por meio de doações feitas por ricos aristocratas que se convertiam e por alguns
imperadores.
No mundo feudal, em que a sociedade se organizava numa base militar, e onde as
maiores qualidades para as classes dirigentes eram as virtudes guerreiras uma das grandes
funções da Igreja foi lutar para preservar a ordem e a paz.
Instituiu a Trégua de Deus, ou seja, a proibição de combater durante certos dias do mês e nas
principais datas religiosas.
A Igreja medieval tinha também a função da administração da justiça em uma série de
casos, onde tinha jurisdição e competência exclusiva. Julgava baseada no Direito Canônico,
regulando assim inúmeras relações e instituições sociais segundo suas leis.
A fé, era a força dominante na vida do homem medieval, inspirava e determinava os
mínimos atos da vida cotidiana.
Os padrões éticos eram exclusivamente cristãos, e o medo do castigo depois da morte é que
regulava a conduta dos pecadores.
O inferno, com seus tormentos, agia sobre a imaginação medieval e seus medos impediam
o homem de pecar.

Características da Igreja Medieval


No início a organização clerical era simples. Cada comunidade cristã possuía um bispo,
eleito pelos fiéis, os padres, responsáveis pelo ensino da religião e pelas cerimônias, e os
diáconos, responsáveis pela administração e assistência à população.
Na Idade Média os padres dirigiam as paróquias, que eram pequenos distritos. As várias
paróquias formavam uma diocese, dirigida por um bispo.
Várias dioceses formavam uma arquidiocese, dirigida por um arcebispo. No topo da hierarquia
estava o papa, chefe da Igreja, sucessor de São Pedro, fundador da Igreja católica.
A vida monástica (vida dos mosteiros) e as ordens religiosas começaram a surgir na
Europa a partir de 529 (século VI), quando São Bento de Núrsia fundou um mosteiro no Monte
Cassino, na Itália, e criou a Ordem dos Beneditinos, dando origem ao clero regular, ou seja, ao
clero dos mosteiros, onde os monges levavam uma vida disciplinada pelo trabalho e obrigados
a obedecer às regras (regula, em latim) da ordem a que pertenciam.
De acordo com as regras de São Bento, os monges beneditinos faziam voto de pobreza,
obediência e castidade. Deviam trabalhar e orar algumas horas por dia e se ocupar com os
pobres, os doentes e com o ensino.
Essas regras serviram de modelo para outras ordens religiosas surgidas na Idade Média, como
a Ordem dos Franciscanos, criadas por São Francisco de Assis e a Ordem dos Dominicanos,
criada por São Domingos de Gusmão.
A Igreja medieval tinha praticamente o controle do saber. O domínio da leitura e da
escrita era exclusivo dos padres, bispos, abades e monges.
Nos mosteiros e abadias encontravam-se as únicas escolas e bibliotecas da época. Foram os
principais responsáveis pela preservação da cultura greco-romana, com a restauração e
conservação de textos antigos e se dedicavam a escrever livros religiosos em latim, a língua
oficial da Igreja.
Em 756 (século VIII) a Igreja constituiu seu próprio Estado, no centro da península
Itálica, quando Pepino, o Breve, rei dos francos, doou ao papado uma grande extensão de terra,
passando para a administração direta da Igreja, sob o nome de Patrimônio de São Pedro,
território que constituiu o embrião do atual Vaticano.

As Heresias e a Inquisição
As heresias eram as seitas, facções ou orientações contrárias aos dogmas da Igreja. Em
vários momentos da Idade Média, grupos de fiéis contestavam os dogmas, sendo taxados de
hereges pelo clero.
Entre as diferentes heresias estavam a dos valdenses e a dos albigenses, ambas
surgidas no século XII. Os valdenses pregavam que, para salvar a alma, o fiel não precisava de
padres.
Os albigenses acreditavam em um Deus do bem, criador das almas, e um Deus do mal,
que havia encerrado as almas no corpo humano para fazê-lo sofrer.
Com base nesses princípios eles estimulavam o suicídio e eram contra o casamento,
para evitar a procriação.
A Igreja empreendeu verdadeira guerra contra os hereges. Ainda no século XIII ela criou
a Inquisição, também chamada Tribunal do Santo Ofício, para investigar, julgar e condenar os
hereges.
A Inquisição foi responsável pela morte de milhares de judeus, árabes e cristãos
considerados hereges.

"A Inquisição foi um dos eventos mais importantes da Idade Média. Nela, todos aqueles que não
seguiam a doutrina da Igreja eram perseguidos e mortos."

O movimento cruzadista
O crescimento comercial estimulou o primeiro movimento de expansão militar do
Ocidente cristão. O motivo oficial da primeira Cruzada foi de inspiração política e religiosa.
Convocada pelo papa Urbano II tinha como objetivo conquistar Jerusalém, a Chamada terra
Santa, considerado o berço do cristianismo.
Para encorajar a participação nas Cruzadas, a Igreja concedeu indulgência plena, isto é, perdão
de todos os pecados para aqueles que morressem em combate. Partiram para a Terra Santa
muitos cavaleiros da nobreza feudal e outros tantos cavaleiros errantes, homens sem feudo
cujas oportunidades de ascensão social estavam restritas aos prêmios em torneios, ao serviço
mercenário e, com muita sorte, à possibilidade de casar com uma dama da alta nobreza.
Essa união de forças em torno de uma causa comum diminuiu os frequentes conflitos
entre os senhores feudais pela posse da terra. Até então o clero havia se esforçado para pôr um
fim à violência dos guerreiros e proteger de seus ataques o restante da sociedade desarmada.
As Cruzadas foram uma série de guerras realizadas pela Igreja Católica entre os anos
de 1096 e 1272 e que tinham como objetivo declarado a reconquista da Terra Santa -
Jerusalém.
Ao longo de 200 anos, foram realizadas 9 Cruzadas oficiais e duas extraoficiais. As
cruzadas foram guerras violentas, causaram muitas mortes e, considerando seu objetivo
principal, foram um fracasso.
As Cruzadas, também chamadas de Guerra Santa, receberam esse nome porque os
cruzados utilizavam uma cruz - símbolo do cristianismo - estampada em suas vestimentas
durante as batalhas.
Apesar da motivação declarada de reconquistar jerusalém, as Cruzadas também tiveram
outras motivações, como conquistas territoriais, busca por riquezas e novas rotas comerciais.

O início das Cruzadas


Para entender o contexto em que as Cruzadas se iniciaram, é importante compreender a
relevância de Jerusalém para o cristianismo. Em Jerusalém está o Santo Sepulcro, local onde
Jesus Cristo foi sepultado.
Mas Jerusalém também é um um local sagrado para muçulmanos e judeus e, por isso, é
objeto de disputa há séculos.
A cidade estava sob domínio árabe desde 638, mas os cristãos conseguiam visitá-la. A
partir de 1071, com a conquista do território pelos Turcos seljúcidas, a peregrinação cristã ao
local passou a ser dificultada.
O Papa Urbano II então, convocou os fiéis a participarem dessas expedições para
recuperar Jerusalém. Em troca, os cruzados - nome dado aos que participaram das cruzadas -
teriam a remissão dos seus pecados.
Sabe-se, no entanto, que as Cruzadas tiveram diversas motivações além da própria
reconquista da Terra Santa. Algumas dessas motivações eram religiosas, outras comerciais e
territoriais.

Objetivos das Cruzadas


• Reconquistar Jerusalém
Os católicos estavam interessados em recuperar o domínio da cidade de Jerusalém, que há
séculos havia sido conquistada pelos muçulmanos. Essa era uma motivação que unia tanto os
cristãos da Igreja Católica, quanto os cristão da Igreja Ortodoxa.
• Impedir o avanço do islamismo e proteger o Império Bizantino
No século XI, os muçulmanos começaram a se expandir e conquistar novos territórios. Os
muçulmanos já haviam conquistado a Península Ibérica e ameaçavam invadir o Império
Bizantino, que era dominado pela Igreja Ortodoxa.
• Reaproximação entre Igreja Católica e Igreja Ortodoxa
Em 1054 houve o rompimento da Igreja Cristã entre Igreja Católica Apostólica Romana e
Igreja Ortodoxa, episódio que ficou conhecido como o Grande Cisma. Com as ameaças do
islamismo, a Igreja Católica buscava aproximação para se fortalecer.
• Conquista de territórios e novas rotas comerciais
Devido ao crescimento populacional na Europa, muitos nobres participaram das Cruzadas para
conquistar terras no oriente. Também havia o desejo de retomar as rotas comerciais pelo
Mediterrâneo, que haviam sido interrompidas com a queda do Império Romano.
• Reconquista da Península Ibérica
A Península Ibérica, onde hoje estão localizados Portugal e Espanha, havia sido dominada
pelos muçulmanos e os cristão queriam recuperar esse território.

"A Baixa Idade Média foi uma época de crescimento urbano e comercial, de
consolidação do poder dos reis, de formação de Estados Nacionais, de surgimento de línguas
nacionais etc."
A Baixa Idade Média (século X ao XIV) foi marcada por profundas transformações na
sociedade, as quais conduziram à superação das estruturas feudais e à progressiva estruturação
do futuro modo de produção capitalista..
No plano econômico, um sistema agrícola de autossuficiência foi substituído por uma
economia comercial. No plano social, a hierarquia estamental foi se desintegrando, surgindo
paralelamente um novo grupo social ligado ao comércio: a burguesia. Politicamente, o poder
pessoal e universal dos senhores feudais foi sendo gradualmente substituídos pelo poder
centralizador dos soberanos, originando as monarquias nacionais européias.

IDADE MODERNA
07- Formação dos Estados Modernos

O Estado Moderno
A idade moderna inicia-se em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos e
estende-se até 1789 com o início da Revolução Francesa. O século XV marcou uma nova fase
do processo histórico da Europa Ocidental. Estruturou-se uma nova ordem socioeconômica –
O Capitalismo Comercial. A nobreza mantinha as “aparências” de poder por causa das suas
terras e títulos. Embora estivessem em dificuldades financeiras, ainda sim, a alta burguesia
queria se estabelecer e permanecer no poder com as novas regras da economia. Já a pequena
burguesia ascendente, mesmo com próspero comércio, não conseguia ser a classe dominante
junto à aristocracia.
A Idade Moderna, na verdade, pode ser considerada como um período de transição,
que valorizou o comércio e a capitalização, que serviriam de base para o desenvolvimento do
sistema capitalista.

A Formação do Estado Moderno


O Estado característico da época moderna é conhecido como absolutista, na medida em que
o poder estava concentrado nas mãos do rei e de seus ministros, os quais aproveitavam as
limitações dos grupos sociais dominantes – nobreza e burguesia – para monopolizar a vida
política. Incapaz de exercer hegemonia (a nobreza estava em decadência e a burguesia
ainda se mostrava frágil), esses grupos precisavam do Estado para preservar suas condições e
privilégios; daí sujeitarem-se ao rei, reforçando o poder do Estado moderno. Com as
alterações ocorridas no comércio, o Rei tornou-se figura importante. Isso porque o impulso
das relações comerciais, o reaparecimento das cidades e as mudanças na economia
desorganizaram boa parte das antigas relações feudais. O surgimento da burguesia e de
centros urbanos à margem dos nobres e de seus domínios é um exemplo da reorganização das
relações sociais. Essas alterações abriram espaço para a entrada em cena dos reis, que se
tornaram figuras importantes nos processos de regulamentação das novas relações dentro da
sociedade.
Dificuldades e Características das Monarquias Nacionais
 Alguns obstáculos marcaram o processo de formação das monarquias nacionais.
Primeiro foram às tensões entre os poderes nacionalistas das monarquias, por um
lado, e, por outro, os poderes universalistas, como Igreja e o Sacro império, que
pretendia submeter e controlar toda a cristandade, e os poderes particularistas, da
nobreza feudal.
 Outro obstáculo foi a grande variedade de costumes e a fragmentação existente na
Europa Ocidental. Eram moedas, hábitos, leis, tributos, pesos e medidas que
variavam de região para região, de reino para reino. Como submeter essas diferenças
a um único poder? A monarquia nacional deveria conferir alguma unidade a essas
realidades distintas, o que não foi uma tarefa fácil para os reis e seus juristas.
 Para dar conta dessas diferenças, das divergências e do funcionamento do Estado, os
monarcas dispunham de um aparato administrativo e jurídico e de um exército, que
também contava com mercenários, para garantir a ordem.
 Essa característica limitadora do capitalismo e do desenvolvimento econômico
burguês possibilitaria o surgimento e avanço das ideias liberais, que levaram
posteriormente às revoluções burguesas que demoliram o estado absolutista. Devido
à preponderância, nesse período, do absolutismo – poder capaz de definir regras,
práticas e ações em todos os níveis –, consolidou-se a concepção de um Estado
interventor, que devia atuar em todos os setores da vida nacional. No plano
econômico, essa intervenção manifestou-se através do mercantilismo.
Com a crise feudal começa então o processo de substituição de uma nova forma de
governo (para o desespero da nobreza que viu seu poder minguar).
Como a época feudal foi marcada por um poder político controlado pelos senhores,
depois da crise e com a ascensão das transações comerciais, a burguesia passa a objetivar o
estabelecimento de meios que assegurem seu papel de destaque no desenvolvimento político e
socioeconômico.
O Estado moderno retratou a transição do período do Feudalismo para o Capitalismo,
refletindo os interesses dos grupos sociais em conflito, ao preservar os privilégios da
aristocracia feudal e abrir espaço ao novo grupo burguês ascendente. Na prática, foi o resultado
da derrocada do poder universal (igreja) e local (nobreza) e da formação das monarquias
nacionais
A consolidação do Estado Moderno se desenvolveu no contexto de domínio total da
figura do rei, soberano, caracterizando o Estado como absolutista.
Para dar poder total a alguém é necessário se utilizar de mecanismos que justifiquem a
conversão de tantos poderes a um soberano só, a citar:
• Poder militar, equivalente ao poder de polícia hoje, para ter certeza de que a ordem
pública será mantida, na contenção de revoltas, por exemplo;
• Parte burocrática: pessoas que possam servir ao rei, cumprindo suas ordens e
ajudando em tarefas administrativas;
• Moeda única para estabelecimento das transações comerciais;
• Aspectos padronizados: idioma oficial, leis, aspectos culturais bastante padronizados,
incentivando a criação da identidade nacional; e
• Tributos: pagamento de taxas e impostos obrigatórios constituindo um dever social.

No feudalismo, o poder político, econômico e social se concentrava nas mãos dos


senhores feudais. Os feudos (terras) possuíam autonomia política, contudo, alguns poderiam
estar submissos a um reino maior.
Os senhores feudais dividiam o seu poder com o governo das cidades medievais
autônomas. Tais cidades eram conhecidas por comunas e possuíam autonomia para controlar o
comércio, recolher impostos e intervir nos processos judiciais.
A crise do sistema feudal consistiu nas revoltas camponesas e no crescimento do
comércio europeu.
A partir de então, a burguesia, ainda em ascensão, começa a aspirar por ações que
garantam a sua participação nas decisões políticas e que privilegiem o seu status social e
econômico. Por isso, surge a demanda de um governo estável.
Outro ponto problematizado pelos burgueses era a cobrança de altos impostos e a
variedade de moedas.
A formação dos Estados Modernos se caracterizou pela centralização do poder nas
mãos do monarca.
O Estado Moderno surgiu a partir do declínio do sistema feudal que predominou em
toda a Europa durante a Idade Média.
Os séculos XIV e XV foram marcados pelo desenvolvimento de um novo sistema
político, conhecido como Estado Moderno.
Esta nova organização se definiu a partir da soberania do reino, com fronteiras
delimitadas e território unificado. Além disso, a centralização do poder nas mãos do monarca
foi uma importante marca deste novo sistema.
Um dos pilares do Estado Moderno foi a ascensão do poder do rei, que passou a assumir
uma posição superior a dos senhores feudais, impedindo interferências da Igreja Católica. Com
isso, os monarcas afirmaram o seu poder sobre o território e a populaçãoA Idade Moderna foi
bem diferente da Idade Média. Pode-se dizer que suas características foram bem opostas. A
Idade Média foi marcada por:

• Regionalismo político – onde os feudos e as comunas tinham autonomia política,


causando a fragmentação no sistema administrativo;
• O poder da igreja – que enfatizava e colocava a autoridade do Papa sobre os
reinos da época.

Justificativas para a formação dos Estados Modernos


Um dos motivos para a formação dos Estados Modernos era a necessidade de centralizar
não somente o poder, mas também a moeda e o sistema de medidas e pesos.
Os principais apoiadores da centralização dos monarcas eram os burgueses, que, buscando
facilitar suas relações comerciais, viam a importância de unificar as moedas e as regras de
comercialização, fatores que só seriam possíveis com a unificação do reino.

Vejamos algumas das características do Estado Moderno:

 Concentração do poder nas mãos do rei;


 Governo unificado;
 Soberania do monarca;
 Um só exército.
A forma de governar dos Estados Nacionais aprofundaram as diferenças entre o
Idade Média e a Idade Moderna. Tal governo era caracterizado por:
• Burocracia administrativa: Administração pública;
• Aparelhamento das forças armadas: Necessidade de criação de um exército nacional
para estabelecer a ordem e proteger de possíveis ataques inimigos;
• Aparelhamento da estrutura jurídica: Criação de leis;
• Organização da cobrança de impostos: Tributos cobrados pelo rei.
No Estado Moderno desenvolveu-se a noção da soberania, ou seja, a ideia de que o
soberano (governante) tinha o direito de consolidar suas decisões perante seus súditos (ou
governados) que morassem no seu território. Para isso ocorrer, o Estado desenvolveu vários
meios para controlar a política de seu território.
Alguns desses meios foram:
• Burocracia: funcionários que cumpriam ordens do rei e desempenhavam as
tarefas de administração pública. Estes cargos eram ocupados pela nobreza palaciana e pela
alta burguesia.
• Poder militar: incluía todas as forças armadas – a marinha, exército e polícia –
para assegurar a ordem pública na sociedade e o poder do governo.
• União da justiça- a legislação passou a valer em todo o território nacional.
• Sistema tributário: ou seja, sistema de impostos regulares e obrigatórios para
manter o governo e a administração pública.
• Idioma oficial: um mesmo idioma falado em todo território do estado, que
transmitia as leis, ordens e tradições da nação, além de valorizar seus costumes e cultura.

O Estado moderno também é conhecido como Estado Absolutista, porque o poder


estava concentrado nas mãos de poucos (reis e ministros) que se aproveitavam das limitações
dos grupos sociais dominantes (a nobreza e a burguesia) para controlar a política.
O Estado dependia dos impostos arrecadados sobre as atividades comerciais e
manufatureiras. Por isso, era necessário que o Estado tivesse membros da alta burguesia em
cargos do governo, incentivar o lucro, a expansão dos mercados comerciais e a exploração das
colônias. Um dos pilares do Estado Moderno foi a ascensão do poder do rei, que passou a
assumir uma posição superior a dos senhores feudais, impedindo interferências da Igreja
Católica. Com isso, os monarcas afirmaram o seu poder sobre o território e a população.

O Estado Moderno é marcado por quatro fases:


Estado Moderno: Surgiu com desenvolvimento do capitalismo mercantil e defendia a
soberania do Estado;
Estado Liberal: Valorizava a autonomia e o direito individual. O Estado não intervém na
economia, por isso, é diretamente ligado os interesses da burguesia. Foi desenvolvido
durante o Iluminismo (séc. XVII e XVIII);
Crise no Estado Liberal: A crise economica ou a Grande Depressão
Estado Democrático Liberal: Os direitos e as liberdades individuais são reconhecidas e
protegidas. O poder político é restringido pelo estado de direito e o processo de eleição é livre
e justo, com um processo político competitivo.

08 - O mercantilismo

Mercantilismo foi o conjunto de teorias e práticas de intervenção econômica do


sistema absolutista. Era um sistema complexo e envolvia teorias exatas sobre produção
manufatureira, utilização da terra e do poder do Estado. Pode-se dizer que era uma política de
controle e incentivo, onde o estado buscava garantir o seu desenvolvimento comercial e
financeiro e também o seu poder. Portanto, pode-se afirmar que o absolutismo forneceu a base
política necessária para o mercantilismo.
A base teórica do absolutismo foi dada por Jacques Bossuet e Thomas Hobbes.
Bossuet defendia o direito divino dos reis; seus atos eram superiores ao julgamento dos
homens. Já Hobbes justificou o absolutismo, a partir do fato dos homens entrarem em um
acordo, onde o poder ficaria com o rei e a ordem seria estabelecida.
Essas monarquias regulavam suas economias de acordo com as práticas
mercantilistas que tinham por base:
• Aumentar a qualquer custo as economias da Coroa;
• Vender mais do que comprar;
• Incentivar a produção interna, incluindo as colônias, para assim ter uma balança
comercial favorável;
• Adotar medidas de proteção para as manufaturas e controlar as taxas
alfandegárias sobre os produtos importados;
• Conquistar colônias e explorar produtos de alto valor comercial na Europa;
• A aliança da burguesia mercantil com os reis em favor dos seus interesses
econômicos. Com isso a burguesia conseguiu até mesmo formar um exército forte.
Nesse período, teve um estado interventor, que atuava em todos os setores da vida
nacional. Na economia, essa intervenção manifestou-se através do mercantilismo.
Sua base principal foi:
• O metalismo: a riqueza e o poder de um estado de acordo com os metais
preciosos acumulados, ouro e prata.
• Balança comercial favorável (superávit comercial): exportar mais do que
importar; diminuir a importação e acumular capital. Com esses princípios foram aplicados: Na
Espanha – o Estado investiu em metais preciosos, através da exploração colonial americana e
para por restrições as importações, priorizou o metalismo.
• Protecionismo: necessário para assegurar o monopólio, era adotado por meio de
medidas fiscais ou alfandegárias que dificultava a entrada de mercadorias de outros países,
encarecendo-os.
• Monopólio: direitos exclusivos dos reis sobre as economias nacionais.
• Estímulo à economia nacional: as práticas do mercantilismo eram voltadas ao
fortalecimento da economia interna.
• Colonialismo: o mais importante meio para atingir os objetivos mercantilistas,
uma vez que nas colônias as potências podiam instaurar, sem restrições, suas políticas
econômicas. O fortalecimento da economia nacional tinha como finalidade o enriquecimento
do Estado e dos comerciantes, ou seja, a burguesia.

Mercantilismo nos séculos XVI-XVIII


Na França, principalmente no século XVII, o governo tentou diminuir as importações
e aumentar o valor das exportações, por estimular as manufaturas, em especial àquelas
voltadas para a produção de artigos de luxo. Para esse objetivo, criou diversas companhias de
comércio. Seu maior defensor foi – o ministro de Luís XIV –, Colbert, pois na França o
mercantilismo foi chamado de colbertismo, e também de industrialismo, visto que essa política
econômica dava prioridade às indústrias francesas, além de ter incentivos para a construção
naval; com tudo isso, a França conseguiu conquistar o mercado externo.
Na Inglaterra, o governo favoreceu o desenvolvimento naval para a exportação e a
exploração do comércio externo. Também incentivou a produção manufatureira e protegendo-a
da concorrência através de medidas protecionistas econômicas, com uma forte política
alfandegária. Houve várias medidas de proteção ao comércio marítimo. Como a criação de leis
contra o transporte de produtos da metrópole e das colônias inglesas por navios estrangeiros.
Esta lei evitava gastos com fretes para navios estrangeiros e impedia a evasão de moedas para
o exterior, deixando o lucro do comércio no país. Estes foram os atos de navegação, que
serviram para o desenvolvimento comercial inglês.
No século XVI Portugal e Espanha tomaram a liderança nas mudanças econômicas na
Europa. Também tomaram a frente na expansão ultramarina, logo acabaram sendo os
primeiros a se beneficiar das riquezas das terras descobertas. A Espanha foi a mais beneficiada,
pois teve nas suas colônias de exploração metais preciosos. Enquanto que Portugal buscava
manter o monopólio comercial das índias e permanecer com a nova terra “descoberta”, Brasil.
Dentro desse processo mercantilista, outro mecanismo foi criado para fortificar as bases do
mercantilismo europeu absolutista, o Pacto Colonial.

Pacto colonial
Sistema que consistia na passagem obrigatória pela metrópole dos produtos que
entravam ou saíam da colônia. Todos os produtos manufaturados da metrópole deveria
produzir, de acordo, com as exigências do mercado, para garantir lucros à coroa e a burguesia.
A Espanha logo enriqueceu, por causa do acúmulo de metais preciosos. Mas o
excesso desses metais gerou em longo prazo, problemas para a economia espanhola. Tanto que
diminuiu as atividades agrícolas fazendo a Espanha ficar dependente das importações. Esse
problema também se espalhou por outros países europeus.
Esta crise favoreceu os países produtores como França, Holanda e Inglaterra, a
fortificar suas exportações e acumular capital, visto que estes países se voltaram para o
comércio exterior favorecendo novas tecnologias agrícolas para a produção como meio de
entesouramento.

A Relação: Econômica e Política no Mercantilismo


O comércio permitiu ao governo manter e sustentar novas necessidades. Como: os
exércitos a serviço do rei. Visto que o exército era importante para a defesa do estado nacional,
e, a extensão política do mercantilismo econômico.
Essa relação- rei e burguesia – tinha suas vantagens. O rei controlava o
recolhimento de impostos, que tinha uma parte reservada para o exército. A burguesia recebia
a proteção militar e política para continuar com projetos econômicos e sua expansão rumo a
novos mercados, ou seja, ao Imperialismo.
O capitalismo é um sistema econômico baseado na posse de terra e de
bens. Ele surge no século XV, com a crise do feudalismo e segue até os
dias atuais, porem sofreu transformaçoes

09 - O absolutismo

O Absolutismo foi o sistema político e administrativo dos países europeus nos séculos
XVI ao XVIII.
Nele, o soberano centralizava todos os poderes do Estado em suas mãos, sem prestar contas à
sociedade.
A fim de controlar as revoltas camponesas, parte da nobreza apoia que o rei seja mais
poderoso. Igualmente, o monarca recebe auxílio da burguesia, pois a centralização significava
a padronização das políticas fiscais e monetárias.
O clero também admira este movimento, pois era uma forma da Igreja continuar a não
pagar impostos e seguir cobrando várias taxas.
Para concentrar o poder em suas mãos, o rei precisou acabar com os exércitos
particulares, proibir a cunhagem de diferentes moedas e centralizar a administração do reino.
Para se manter no poder, a burguesia fomentou um papel muito importante de apoio ao
rei, pois o rei precisava de proteção e segurança em seu poder absoluto, do outro lado, a
burguesia queria mesmo um poder que fortalecesse a economia, pois dessa forma, suas
relações comerciais também estariam fortes.
A Igreja Cristã, por sua vez representada pelo clero, apoiava o rei para que eles também
se mantivessem no poder e tivessem uma série de privilégios e riquezas.
A população mantinha as demais classes e era sobrecarregada com impostos e diversas
obrigações. Explorados, eram constantemente coagidos e reprimidos.

Teóricos do absolutismo
Os teóricos absolutistas escreveram sobre o novo regime político que estava nascendo.
Destacamos os mais importantes:
Nicolau Maquiavel (1469-1527): defensor do Estado e dos soberanos fortes, os quais
deveriam lançar mãos de todos os meios para garantir o sucesso e a continuidade no poder.
Maquiavel se afasta da justificativa religiosa e descreve a política como algo racional e sem
interferência espiritual.
Thomas Hobbes (1588-1679): segundo Hobbes, para fugir da guerra e do estado de
barbárie, os homens uniram-se num contrato social e atribuíram poderes a um líder para
protegê-los. Este, por sua vez, deveria ser forte o suficiente para não deixar os seres humanos
se matarem entre si e garantir a paz e a prosperidade.
Jean Bodin (1530-1596): associava o Estado à própria célula familiar, onde o poder
real seria ilimitado, tal qual o chefe de família. Assim, o absolutismo seria uma espécie de
família onde todos deviam obediência a um chefe. Este, por sua vez, seria encarregado de
protegê-los e provê-los.
Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704): defendeu o absolutismo a partir do "direito
divino dos reis". Para ele, o poder era entregue pelo próprio Deus ao soberano e assim, a
vontade do rei era a vontade de Deus. Bossuet foi o principal teórico do absolutismo do rei
Luís XIV.
O Estado absolutista se caracteriza por centralizar o poder e fazer valer a mesma lei
em todo território do reino.
Desta maneira, o rei administrava apenas com a ajuda de alguns ministros. Em alguns
países, existiam assembleias, mas esta só se reuniam quando convocadas pelo soberano.
O Absolutismo estabeleceu uma burocracia civil capaz de auxiliar o Estado. Isto
significava que somente o governo central estabeleceria padrões monetários e fiscais iguais
para todos. Assim, antigas medidas como "varas" e "onça" vão sendo abandonados e
substituídos por "metros" e "quilos".
Igualmente, somente o rei poderia cunhar moedas e garantir seu valor. A conservação e
a segurança das estradas também seriam atribuições reais, uma medida que agradou os
burgueses.
Da mesma forma, apenas um idioma foi escolhido para se tornar a língua falada em todo
reino. Um exemplo foi o francês, em detrimento das línguas regionais. Vemos este fenômeno
ocorrer na Espanha e até no Brasil, com a proibição de se usar a “língua geral”.
O Estado Absolutista surgiu ainda na Idade Média, no cenário socioeconômico do
sistema feudal. Porém, o feudalismo passava por crises, já que questionava-se porque o poder
se centralizava apenas nas mãos dos senhores feudais.
É no decorrer dessa crise que o modelo econômico capitalista tem seu início nos meios
de produção. Isso aconteceu porque acreditava-se que, naquele momento, o feudalismo servia
como empecilho para o desenvolvimento econômico.
É durante essa gradual mudança dos modos de produção, que o poder começa a ser
centralizado nas mãos dos reis.
Os senhores feudais perdem forças políticas e econômicas, enquanto as forças nacionais
(poder bélico) e os benefícios concedidos à nobreza passam a crescer.
É nesse contexto, entre os séculos XVI e XVIII, que nasce e se consolida o Estado
Absolutista, com o poder político e econômico ilimitado nas mãos dos monarcas.

10 - Grandes Navegações

A grande crise dos séculos XIV e XV, marcada pela Guerra dos Cem Anos entre
França e Inglaterra durante o século XIV, desestabilizou as rotas comerciais que cruzavam a
França, essas eram importantes para a articulação do comércio continental, ficaram
comprometidas pela guerra, tornando necessário o estabelecimento de caminhos alternativos.
Ao mesmo tempo, a Peste Negra devastou a população européia em muitas áreas, levando à
violenta retração dos mercados consumidores e, portanto, da atividade comercial. Finalmente a
fome generalizada, provocada pela escassez de alimentos que configuraram no cenário de
destruição da guerra, completou o contexto do que ficou conhecido como a crise do século
XIV.
A diminuição da população européia criou uma situação na qual a retomada da
atividade comercial se faria de forma lenta, na mesma medida da própria expansão
demográfica. O desvio de metais preciosos para o Oriente, com o objetivo de se comprarem
especiarias e outros artigos de luxo, favoreceu para o esgotamento das minas de metais
preciosos de ouro e prata no continente europeu, tornando limitada a oferta de moedas,
estrangulando o comércio. E, finalmente, o monopólio da lucrativa rota mediterrânea das
especiarias, exercido pelas cidades italianas, notadamente Veneza, restringia a possibilidade de
lucros de outras cidades europeias.
Esses fatores acabaram de forçar a burguesia européia a buscar novas rotas
alternativas para expandir o comércio, e a saída evidente era a navegação atlântica. Teve
origem aí o processo de expansão marítima européia. A empreitada de enfrentar a
desconhecida navegação no Oceano Atlântico exigia investimentos de vulto, que estavam
muito além das possibilidades de qualquer cidade europeia isoladamente. Em outras palavras,
era necessária a mobilização ampla de recursos, o que foi feito em escala nacional, tornando a
centralização monárquica um verdadeiro pré-requisito para a expansão marítima da Europa.
As Grandes Navegações aconteceram entre os séculos XV e XVI e representaram um
período de expansão do comércio e do mercantilismo da Europa.
Foram viagens realizadas por navegadores europeus, com grande destaque aos
portugueses e espanhóis, que empreenderam em busca de novas rotas essencialmente por
razões econômicas e territoriais. O período também é conhecido como a Era dos
Descobrimentos.
As Grandes Navegações fazem parte da Expansão Marítima Europeia, que permitiu que
europeus navegassem para diversos continentes (como as Américas e a África) e descobrissem
rotas até então inéditas.

Contexto histórico das Grandes Navegações


Para compreender as razões que levaram às grandes navegações, é interessante
compreender o contexto histórico e social que existia na época.
O Continente Europeu vinha passando por um momento de transição, marcado por
importantes acontecimentos que influenciaram e impulsionaram as Grandes Navegações.
Resumidamente, a Europa estava em um período transitório do fim da Idade Média para o
começo da a Idade Moderna.
O surgimento do mercantilismo também é um fator importante do momento, pois
determinou algumas mudanças nas bases econômicas da sociedade. O sistema, assim como
aconteceu com o capitalismo mais tarde, começou a estimular o acúmulo de riquezas,
especialmente de metais e pedras preciosas - riquezas muito valorizadas na época.
Outro acontecimento importante foi o surgimento do Antropocentrismo, ideias que
mudaram a forma de pensamento do período, pois colocavam o homem no centro dos
questionamentos. O Antropocentrismo foi uma forma de oposição ao Teocentrismo, muito
valorizado à época, que tinha Deus como fonte de todas as respostas. Essa nova possibilidade
de questionamento também incentivou as novas descobertas dos navegadores europeus.

As causas das Grandes Navegações


As Grandes Navegações aconteceram por motivações territoriais e econômicas, ligadas
ao surgimento do mercantilismo. Os princípios do sistema começam a aparecer, tomando o
lugar de antigas práticas e fazendo com que o comércio se tornasse uma atividade mais
lucrativa.
Ainda que essas sejam as causas principais, outros fatores também contribuíram:
 Surgimento da centralização política: até esse momento, o poder político era
descentralizado e exercido essencialmente pelos senhores feudais, na medida de seus
domínios. Após o surgimento dos primeiros Estados Nacionais (mais organizados
política e territorialmente), começa a ocorrer uma maior centralização política, que
fortalece e financia os desejos de expansão marítima.
 Crescimento da burguesia: o surgimento dessa classe social causou transformações
nas bases da economia da época, sendo a principal delas o fortalecimento do comércio.
Além disso, os burgueses também apoiavam a consolidação da centralização política.
 Novas tecnologias de navegação: o surgimento de inovações ligadas à navegação
também incentivou as Grandes Navegações. A evolução do mapeamento e a criação de
mecanismos que facilitavam a localização, como a bússola, foram fundamentais.
 Alargamento do comércio: com o crescimento e a consolidação das atividades
comerciais surgiu a necessidade de encontrar novos mercados que também pudessem
ser consumidores dos produtos fabricados no Continente Europeu.
 Conquista de novos territórios: chegar a novos locais e expandir os domínios
territoriais eram os principais objetivos dos navegadores. Para isso, era preciso explorar
novas rotas de navegação.

Pioneirismo português
Os portugueses foram os primeiros navegadores que se direcionaram ao Continente
Americano em busca de novas rotas. Seu pioneirismo se deve a alguns fatores:
 Portugal foi um dos primeiros países a compor um Estado Nacional;
 Já possuía experiência de navegação;
 O país possuía uma localização geográfica privilegiada.
A primeira navegação portuguesa ocorreu no ano de 1415, quando embarcações chegam
à ilha de Ceuta, no Continente Africano. As navegações até Ceuta ocorreram motivadas por
uma crise de metais preciosos que havia atingido Portugal. O estopim da crise aconteceu a
partir da proibição de exportação de ouro, o que aconteceu logo no princípio do século XV. A
proibição criou empecilhos à produção de moedas, que eram feitas a partir desse metal
precioso.
Depois da primeira, foram realizadas outras navegações portuguesas importantes. São
alguns exemplos: chegada aos Açores (1419), a Cabo Verde (1444), ao Cabo da Boa
Esperança (1488) e a chegada de Vasco da Gama (1469-1524) à Índia (1498).
Caravela de São Cristóvão: o navegador Bartolomeu Dias chegou ao Cabo da Boa Esperança
(África do Sul) em 1488.
Já a primeira chegada em território brasileiro aconteceu no ano de 1500, quando as
embarcações capitaneadas por Pedro Álvares Cabral (1467-1520) chegam à região de Porto
Seguro.

As Navegações Espanholas
Pouco antes de a expansão marítima portuguesa atingir seu objetivo de chegar às Índias, a
Espanha acabou por organizar expedições atlânticas, tornando-se a segunda monarquia
europeia a fazê-lo. A primeira viagem espanhola, bastante modesta, foi concebida em 1492,
por um navegador genovês, Cristóvão Colombo. Partiu do porto de Palos na Espanha, no mês
de agosto, em três caravelas (Nina, Pinta e Santa Maria) com o propósito de atingir as Índias
contornando o globo terrestre, navegando sempre em direção ao Ocidente. Assim, buscava-se
uma rota alternativa àquela controlada pelos portugueses no sul, em torno da África. Colombo
chegou ao continente americano pensando ter alcançado as Índias e morreu acreditando nisso.
Atlântico, Somente em 1504 desfez-se o engano, quando o navegador Américo Vespúcio
confirmou tratar-se de um novo continente.
A essa altura, portugueses e espanhois, espalhados pelo Atlântico detinham o
monopólio das expedições oceânicas, sendo seguidos por outras nações a partir do início do
século XVI, especialmente França e Inglaterra. Entretanto, os dois reinos ibéricos já haviam
decidido a partilha do mundo antes mesmo que outras nações começassem a se aventurar nos
novos territórios: em 1493, a bênção do papa Alexandre VIU a esse acordo levaram à edição
da Bula Intercoetera, substituída no ano seguinte pelo tratado de Tordesilhas.
Esse estipulava que todas as terras situadas a oeste do meridiano de Tordesilhas (a 370
léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde) pertenceriam à Espanha, enquanto as terras
situadas a leste seriam portuguesas, como é possível observar no mapa. Outras nações
européias rejeitaram esse tratado, e a disputa pelos territórios recém “descobertos” seria um
marco na Idade Moderna, que se iniciava.
A primeira chegada espanhola em território brasileiro também aconteceu em 1500,
quando o navegador Vicente Pinzón (1462-1514) chegou à região do estado do Amazonas.
Destacam-se ainda nas navegações espanholas: chegada à região da Venezuela (1499), a
primeira viagem de circum-navegação (1519) empreendida por Fernão de Magalhães (1480-
1521) e Juan Sebastián Elcano (1476-1526) e a chegada ao Paraguai (1537).

Outras navegações europeias


Além das navegações portuguesas e espanholas, também aconteceram navegações
exploratórias de Holanda, França e Inglaterra. As viagens realizadas por navegadores desses
países eram igualmente motivadas por conquistas territoriais e econômicas.
Os holandeses conseguiram chegar aos territórios do Caribe e da Indonésia. No Brasil,
ocuparam parte da atual região nordeste, estando presentes na Bahia e em Pernambuco, onde
fundaram uma colônia chamada Nova Holanda.
Os navegadores franceses empreenderam viagens em direção à América do Norte.
Também chegaram ao Brasil, em dois pontos distintos: Maranhão e Rio de Janeiro.
Já os ingleses tiveram sucesso ao atingirem tanto a América do Norte, quanto a América
do Sul.

Consequências das Grandes Navegações


As Grandes Navegações tiveram muitas consequências e foram responsáveis por inúmeras
alterações na história mundial. As principais foram:
 Consolidação do comércio como uma das bases econômicos do período moderno,
 Grande quantidade de territórios conquistados,
 Maior valorização de portugal e espanha nas questões econômicas,
 Começo da escravização e do comércio de africanos,
 Início dos processos de colonização de territórios em vários continentes.

11 - Renascimento

As transformações socioeconômicas iniciadas na Baixa Idade Média e que


culminaram com a Revolução Comercial da Idade Moderna afetaram todos os setores da
sociedade, ocasionando inclusive mudanças culturais. Intimamente ligadas à expansão
comercial, à reforma religiosa a ao absolutismo político, as transformações culturais
dos séculos XIV a XVI – movimento denominado Renascimento Cultural – estiveram
articuladas com o capitalismo comercial.
Primeiro grande movimento cultural burguês dos tempos modernos, o
Renascimento enfatizava uma cultura laica e racional, sobretudo não feudal. Entretanto,
embora tentasse sepultar os valores da Igreja católica, apresentou-se como um
entrelaçamento dos novos e antigos valores refletindo o caráter de transição do período.
Buscando subsídios na cultura Greco-romana, o Renascimento foi à eclosão de
manifestações artísticas, filosóficas e científicas do novo mundo urbano e burguês.
Descartando a imensa produção cultural do período anterior, o renascimento caracterizou-
se por ser essencialmente um movimento anticlerical em ante escolástico, pois a cultura
leiga e humanista opunha-se à cultura eminentemente religiosa e teocêntrica do mundo
medieval.
No conjunto da produção renascentista, começam a sobressair valores modernos,
burgueses, como o otimismo, o individualismo, o naturalismo, o hedonismo (teoria do
prazer humano) e o neoplatonismo. Mas o elemento central do Renascimento foi o
Humanismo, isto é, o homem como o centro do universo (antropocentrismo), a
valorização da vida terrena e da natureza, o humano ocupando o lugar cultural até então
dominado pelo divino e extraterreno.

 Antropocentrismo: exaltação e glorificação do homem, colocando no centro


de todas as preocupações e da produção artística, científica e filosófica;
 Racionalismo: busca de explicações racionais e científicas para os fenômenos
naturais;
 Universalismo: especulação do homem nos mais diversos campos do
conhecimento.

12 - O Humanismo Renascentista

O Humanismo, desenvolvido principalmente entre os séculos XV e XVI,


caracterizou-se pela concepção de que o ser humano é criatura e criador do mundo em que
vive. E, dessa maneira, pode ser construtor de si mesmo. Deus criou o homem conferindo-
lhe a liberdade de construir a si mesmo. Por isso, desde o nascimento o homem não tem
uma natureza defina ou um destino pré-estabelecido. Ou seja, ele pode ser juiz ou artesão
supremo de sua vida, modelando-se na obra que ele próprio escolheu. Dessa forma, tanto
poderá designar em um ser bestial quanto ascender a realidades sublimes.
Os humanistas, num gesto ousado, tendiam a considerar como mais perfeita e mais
expressiva a cultura (antiga, grega e romana) que havia surgido e se desenvolvido no
seio do paganismo, antes do advento de Cristo. A Igreja, portanto, para quem a história
humana só atingira a culminância na Era Cristã, não poderia ver com bons olhos essa
atitude. Não quer isso dizer que os humanistas fossem ateus, ou que desejassem retornar
ao paganismo. Muito longe disso, o ceticismo (crença) toma corpo na Europa somente a
partir dos séculos XVII e XVIII. Eram todos cristãos e apenas desejavam reinterpretar a
mensagem do Evangelho à luz da experiência e dos valores de Antiguidade. Valores esses
que exaltavam o indivíduo, os feitos históricos, à vontade e a capacidade de ação do
homem, sua liberdade de atuação e de participação na vida das cidades. A crença de que o
homem é a fonte de energias criativas ilimitadas, possuindo uma disposição inata para a
ação, a virtude e a glória. Por isso, a especulação em torno do homem e de suas
capacidades físicas e espirituais se tornou a preocupação fundamental desses pensadores,
definindo uma atitude que se tornou conhecida como antropocentrismo. A coincidência
desses ideais com os propósitos da camada burguesa é mais do que evidente.
Com o humanismo abandonava-se o uso dos conhecimentos clássicos tão-somente
para provar dogmas e verdades religiosas, descartando-se a erudição medieval confinada
nas bibliotecas ou na clausura dos mosteiros. Impulsionava-se a paixão pelos clássicos
Greco-romanos numa busca de sabedorias e belezas “esquecidas” pela Idade Média.

Fatores Geradores do Renascimento


As transformações econômicas do final da Idade Média, associadas aos processos
de urbanização e ascensão da burguesia, tornaram as concepções artístico-literárias
feudais inadequadas. Novas concepções afloraram, refletidas no desenvolvimento
comercial e na nova sociedade urbana emergente. As primeiras manifestações
renascentistas triunfaram na Itália.
A reabertura do Mar Mediterrâneo a partir das Cruzadas, as cidades italianas de
Florença, Veneza, Roma e Milão transformaram-se em grandes centros de
desenvolvimento capitalista, movido pelo qual apresentavam as condições necessárias
para a germinação e proliferação do renascimento. Nesse contexto, surgiram os mecenas,
ricos patrocinadores das artes e das ciências, que objetivavam não só a promoção pessoal,
mas também proveitos culturais e econômicos. Destacaram-se como protetores das artes
os Médicis. Em Florença os Sforzas, em Milão. Não podemos esquecer que a Igreja foi
uma grande mecena nesse período.
Completando os diversos componentes que favoreceram o desenvolvimento
renascentista na Itália, a influência árabe teve muita importância, pois era grande
depositário de valores da Antiguidade Clássica e que mantinha contatos comerciais com
os portos italianos, principalmente com Genova e Veneza.

Principais artistas do Renascimento

 Leonardo da Vinci: considerado o símbolo do Renascimento, sua obra


atingiu quase todos os campos do conhecimento humano. Suas obras mais
famosas são a Monalisa, Anunciação e A virgem dos rochedos.
 Miguel Ângelo Buonarroti, ou Michelangelo: destacou-se como escultor,
arquiteto e pintor. Imortalizou-se e, obras como o projeto da cúpula da
basílica de são Pedro e os afrescos da Capela Sistina (juízo final, Dilúvio e
Criação de adão) e por suas notáveis esculturas (Davi, Moisés e Pietá).
 Rafael Sânzio: foi um grande pintor de retratos e Madonas (representações
da Virgem Maria com o Menino Jesus), também foi o autor de diversos
afrescos no Palácio do Vaticano.

A Ciência Renascentista
A pesar da interferência da Igreja católica, que continuava impondo dogmas, a
ciência desenvolveu- se durante o renascimento cultural. Dentre os vários expoentes da
ciência renascentista, podemos destacar:
 Leonardo da Vinci: foi o pioneiro na elaboração de um mapa-múndi
mostrando o continente americano. Criou projetos de engenhos voadores e
fez estudos sobre anatomia humana.
 Nicolau Copérnico: combateu o modelo geocêntrico e propôs um modelo
heliocêntrico, com o Sol no centro do sistema solar.
 Giordano Bruno: rompeu com a visão aristotélica de um mundo estático,
sugerindo a idéia de um Universo infinito. Foi torturado e morreu queimado
da fogueira da Inquisição.
 Galileu Galilei; foi primeiro cientista a utilizar um pêndulo para medir
intervalos de tempo. Aperfeiçoou o telescópio de refração e descobriu os
satélites de Júpiter. Por defender a teoria heliocêntrica de Copérnico, foi
forçado a se retratar perante a Igreja católica.

13- As reformas religiosas na Europa

Reforma da Igreja
A Renascença havia revitalizado a vida intelectual europeia, e nesse processo,
descartara a preocupação medieval com a teologia. De modo semelhante, a Reforma marcou o
início de uma nova perspectiva religiosa. Contudo, a Reforma protestante não teve origem nos
círculos elitista dos eruditos humanistas. Ela foi desencadeada por Martinho Lutero (1483-
1546), um desconhecido monge alemão e brilhante teólogo. A rebelião de Lutero contra a
autoridade da Igreja fragmentou, em menos de uma década, a unidade da cristandade. Iniciada
em 1517, a Reforma dominou a história da Europa ao longo de grande parte do século XVI.
A Igreja Romana, sediada em Roma, era a única instituição europeia que transcendia
as fronteiras geográficas, étnicas, linguísticas e nacionais. Durante séculos, estendera sua
influência sobre cada aspecto da sociedade e da cultura europeia. O resultado, porém, foi que
sua imensa riqueza e poder parecem ter superado seu compromisso com a busca da santidade
nesse mundo e da salvação no seguinte. Obstruído pela riqueza, viciado no poder internacional
e protegendo seus próprios interesses, o clero, do papa abaixo, tornou-se alvo de um
bombardeio de críticas, iniciado na Baixa Idade Média.

O Contexto da Reforma
O processo de centralização monárquica, em andamento na Europa desde o final da
Idade Média, tornou-se tenso o relacionamento entre os reis e a Igreja, até então detentora de
sólido poder temporal. Assim, além do domínio espiritual sobre a população, os membros do
clero detinham o poder político- administrativo sobre os reinos. Roma – Isto é, o papa –
recebia tributos feudais provenientes das vastas que essa prática passasse a ser questionada
pelos monarcas.
Dentro da própria Igreja, dois sistemas ideológicos se defrontavam. De um lado, o
tomismo, corrente predominante assumida especialmente pela cúpula romano-papal, que via
no livre-arbítrio e nas boas obras o caminho para a salvação. Do outro, a teologia agostiniana,
fundada no princípio da salvação pela fé e predestinação.
Um ingrediente poderoso na crise religiosa que se delineava foi a desmoralização do
clero. Os abusos e o poder excessivo de seus membros (do alto e baixo clero) contradiziam
abertamente suas pregações moralizadoras. Embora condenassem a usura e desconfiasse do
lucro, os membros da Igreja praticavam-nos de forma desenfreada. O comércio de bens
eclesiásticos, o uso da autoridade para garantir privilégios, o desrespeito ao celibato clerical e
até a venda de cargos eclesiásticos não eram raros na Igreja desde o final da Idade Média. O
maior escândalo talvez fosse o da venda de indulgencias, isto é, do perdão dos pecados
cometidos pelos fiéis em troca de pagamentos a religiosos.
Nas universidades, o movimento de crítica ganhava vulto, principalmente em Oxford,
na Inglaterra, com John Wyclif, e em Praga, na Boêmia (Sacro Império Romano-Germânico),
com João Huss. Wyclif atacou severamente o sistema eclesiástico, a opulência do clero e a
venda da indulgencias, defendendo o confisco dos bens da Igreja na Inglaterra e a adoção dos
votos de pobreza material do cristianismo primitivo. Huss encampou as críticas de Wyclif e
associou-se à independência da boêmia, que estava sob domínio do Sacro Império, sendo seus
seguidores chamados de hussitas. Huss acabou sendo preso, condenado e queimado por
decisão do Concílio de Constança, em 1415.

A Reforma Luterana
O grande rompimento iniciou-se na Alemanha, região do Sacro Império Romano-
Germânico. A Alemanha era ainda basicamente feudal, agrária, com alguns enclaves mercantis
e capitalistas ao norte. A Igreja era particularmente poderosa no Sacro Império, onde possuía
cerca de um terço do total das terras. A nobreza alemã por essa razão encontrava-se ansiosa
por diminuir a influência da instituição, além de cobiçar suas propriedades, o que estimulou
ainda mais o rompimento.
A Reforma teve início com Martinho Lutero (1483-1546), membro do clero e professor
da Universidade de Wittenberg. Crítico pregava a teologia agostiniana da predestinação,
negando os jejuns e outras práticas comuns apregoados pela Igreja. Em 1517, em Wittenberg,
o monge insurgiu-se contra a venda de indulgência realizada pelo dominicano João Tetzel,
escrevendo um documento conhecido como As 95 teses, que radicalizava publicamente suas
críticas à Igreja e ao próprio papa. Em 1520, o papa Leão X redigiu uma bula condenando
Lutero, exigindo sua retratação e ameaçando-o de excomunhão.
Queimando a bula em público, a reação de Lutero agravou a situação, ampliando suas
consequências. Estabeleceu-se uma verdadeira crise política, na qual a nobreza alemã dividiu-
se, em parte a favor, mas, em sua maioria, contra o papa. O imperador Carlos V convocou uma
Assembléia, chamada Dieta de Wornms, em 1521, na qual o monge foi considerado herege.
Acolhido por parte da nobreza, Lutero passou a dedicar-se à tradução da Bíblia do latim para o
alemão e a desenvolver os princípios da nova corrente religiosa. Mais tarde, em 1530, a
Confissão de Augsburgo fundamentou a doutrina luterana. Seu conteúdo incluía:
• O principio da salvação pela fé, rejeitando o tomismo;
• A livre leitura da Bíblia, vista como único dogma da nova religião (daí a importância de
tê-la traduzida para o idioma comum do povo);
• A supressão do clero regular, do celibato clerical e das imagens religiosas (ícones);
• A manutenção de apenas dois sacramentos: o batismo e a eucaristia;
• A utilização do alemão, em lugar do latim, nos cultos religiosos;
• A negação da transubstanciação (transformação do pão e vinho no corpo de e sangue de
Cristo), aceitando-se pão e vinho como um todo, o corpo de Cristo;
• A submissão da Igreja ao Estado.

Ao subordinar a Igreja ao Estado, Lutero atraiu a simpatia de grande parte da nobreza


alemã, ampliando o apoio à nova doutrina. Entretanto, essas mesmas ideias serviram para
inspirar a revolta camponesa dos anabatistas. Liderados por Thomas Münzer, camponeses
viram, na quebra da autoridade religiosa, uma possibilidade de romper com a estrutura feudal,
passando a confiscar terras, inclusive da nobreza.
Lutero, entretanto, condenou violentamente os anabatistas, pregando a utilização da
força para exterminá-los. Repeliu também a burguesia, pois considerava o dinheiro um
instrumento do demônio para a disseminação do pecado. A partir de 1555, a Paz de
Augsburgo, estabeleceu que cada governo dentro do Sacro Império pudesse escolher sua
religião e a de seus súditos de acordo com a vontade de seus príncipes.

A reforma de Joao Calvino : O calvinismo


A Suíça separou-se do Sacro Império em 1499 e a Reforma protestante iniciou-se em
seu território com Ulrich Zwinglio (1489-1531), que levou as ideias de Lutero ao país em
1529, desencadeando violenta guerra civil, da qual ele próprio foi vítima. Pouco depois,
chegou a Genebra o francês João Calvino (1509- 1564), que logo passou a divulgar suas ideias,
fundando uma nova corrente religiosa.
As ideias de Calvino fundamentavam-se no princípio da predestinação absoluta,
segundo o qual todos os homens estavam sujeitos à vontade de Deus, e apenas alguns estariam
destinados à salvação eterna. O sinal da graça divina estaria em uma vida de virtudes, dentre as
quais o trabalho diligente, a sobriedade, a ordem e a parcimônia (contenção de gastos). Dessa
forma, a doutrina calvinista exaltava características individuais necessárias às práticas
comerciais. Suas ideias, portanto, estavam mais próximas dos valores capitalistas.
Inspirado em Lutero, Calvino considerava a Bíblia a base da religião, não sendo necessária
sequer a existência de um clero regular. Criticava o culto ás imagens e admitia apenas os
sacramentos da eucaristia e batismo. O calvinismo expandiu-se rapidamente por toda a Europa,
mais do que o luteranismo, na medida em que atendia às expectativas espirituais da burguesia.
Assim, atingiu os Países Baixos e a Dinamarca, além da Escócia, (John Knox) cujos
seguidores foram chamados presbiterianos, da França (huguenotes) e da Inglaterra (os
puritanos).

A Reforma na Inglaterra: Anglicanismo


A Reforma Protestante foi desencadeada na Inglaterra pelo rei Henrique VIII (1509-
1547), que obteve dividendos políticos com o processo. Tendo como pretexto a anulação de
seu casamento com Catariana de Aragão para casar-se com Ana Bolena, o monarca inglês
rompeu com o papa. Em 1534 publicou o Ato de Supremacia, criando a Igreja anglicana, da
qual era o líder. Excomungado pelo papa, reagiu, confiscando os bens dos membros da Igreja
distribuídos pelo reino.
Apesar de assemelhar-se externamente ao catolicismo, com a manutenção das
imagens e do clero, o conteúdo da doutrina anglicana aproximava-se do calvinismo. Serviu aos
interesses políticos do rei e às expectativas da burguesia e foi à seita puritana que mais buscou
enfatizar os aspectos calvinistas da religião.

A Contra Reforma
A expansão das doutrinas protestantes pela Europa gerou uma reação da Igreja, que
buscou reverter o quadro, num movimento que ficou conhecido como Contra Reforma. Uma
iniciativa pioneira foi à fundação da Companhia de Jesus, ordem religiosa criada pelo ex-
soldado espanhol da região basca Ignácio de Loyola. Organizando em rígida hierarquia e
submetidos a uma disciplina quase militar, os “soldados de Cristo”, como foram chamados,
buscaram combater o protestantismo por meio do ensino e da expansão da fé católica. Daí
deriva o projeto da catequese indígena na América e nos demais continentes onde havia
colônias europeias.
Em 1542, o papa Paulo III convocou o Concilio de Trento, com o objetivo de discutir
assuntos religiosos, inclusive com teólogos protestantes. Nenhum consenso foi possível, e o
Concilio acabou apenas por reafirmar os princípios católicos, condenado o protestantismo.
Entretanto, algumas medidas moralizadoras começaram a ser tomadas, como a proibição da
venda de indulgências e a criação de escolas para a formação de eclesiásticos. Pouco antes do
Concilio de Trento, o papa restabeleceu a Inquisição, agora sob a forma do tribunal do Santo
Ofício. Sempre em nome do combate ás heresias e comandada pelo superior da ordem
jesuítica, nas décadas seguintes, a Inquisição condenou a tortura e a morte milhares de pessoas
na Europa e nas colônias além-mar.
Foi criado o Index, lista de livros proibidos pela Igreja católica. Qualquer obra
considerada contraria aos princípios da fé, incluindo livros científicos (de Galileu Galilei,
Giordano Bruno, entre outros), as Bíblias protestantes e, inúmeros outros autores, faziam parte
dessa lista.
A Contra Reforma não destruiu o protestantismo, mas limitou a sua expansão. Seu
sucesso mais duradouro encontra-se na América, onde as iniciativas catequéticas dos jesuítas,
nos séculos XVI e XVII, deram frutos, sendo hoje a América Latina o local de maior
concentração de católicos no mundo.

14 - O Iluminismo

O iluminismo foi um movimento filosófico e intelectual que aconteceu entre os


séculos XVII e XVIII na Europa, em especial, na França. Os pensadores iluministas defendiam
as liberdades individuais e o uso da razão para validar o conhecimento.

Também chamado de “Século das Luzes”, o movimento iluminista representa a


ruptura do saber eclesiástico, isto é, do domínio que a Igreja Católica exercia sobre o
conhecimento. E dá lugar ao saber científico, que é adquirido por meio da racionalidade.
O iluminismo é um movimento da Idade Moderna que rompeu com o teocentrismo -
doutrina que coloca Deus no centro de tudo - e passou a ver o indivíduo como o centro do
conhecimento.
O iluminismo pode ser entendido como uma ruptura com o passado e o início de uma
fase de progresso da humanidade. Essa fase é marcada por uma revolução na ciência, nas artes,
na política, e na doutrina jurídica, por exemplo.
Os iluministas queriam se libertar das trevas e da obscuridade proporcionadas pelos
regimes absolutistas e pela influência da Igreja Católica. Muitos deles eram contra a religião
instituída, mas não eram ateus, eles acreditavam que o homem chegaria a Deus por meio da
razão.
Ao contrário do que pregava a religião, os intelectuais iluministas defendiam que o
homem era o detentor do seu próprio destino e que a razão deveria ser utilizada para a
compreensão da natureza humana.
A razão era, portanto, elemento central dos ideais iluministas, afinal, somente a
racionalidade poderia validar o conhecimento. Eles acreditavam que a educação, a ciência e o
conhecimento eram a chave para essa libertação.
Esse entendimento se contrapunha ao conhecimento baseado em crenças e misticismos
religiosos, que para os filósofos iluministas, bloqueavam o progresso da humanidade.
Principais ideias iluministas
• Fim do domínio da igreja sobre o conhecimento
• Razão como propulsora do saber
• Indivíduo como centro do conhecimento
• Características do Iluminismo
• Defesa do conhecimento racional;
• Oposição ao mercantilismo e ao absolutismo monárquico;
• Apoiado pela burguesia;
• Defesa dos direitos naturais do indivíduo (liberdade e livre posse de bens, por exemplo);
• Deus está presente na natureza e no próprio homem;
• Defesa da liberdade econômica (sem interferência do Estado);
• Defesa de maior liberdade política;
• Antropocentrismo.

Importância do Iluminismo
 Progresso da ciência
Durante esse período, o conhecimento rompe as fronteiras da imaginação e passa a ser
construído com base em observações científicas, com experimentos empíricos.
Foi nesse momento que o homem descobriu como funcionava a órbita dos planetas e a
circulação sanguínea no corpo humano. A criação do microscópio permitiu que o campo de
visão fosse ampliado e a compreensão da natureza fosse expandida.
Descobriu-se a eletricidade, o processo de formação do planeta Terra, o princípio de
funcionamento das vacinas, a existência de bactérias e protozoários e a lei da gravitação
universal.
Todos esses avanços na ciência foram fundamentais para que a Revolução Industrial
fosse possível anos mais tarde.

 Desenvolvimento da política
Os iluministas também foram responsáveis pela evolução do pensamento político e do
papel do Estado na sociedade. Em geral, esses pensadores se opunham aos regimes absolutistas,
nos quais uma pequena parcela da população gozava de privilégios e o restante da população era
oprimida.
O ponto central das discussões políticas dos iluministas eram as liberdades individuais
dos cidadãos. Para esses filósofos, o Estado deveria garantir os direitos individuais, a liberdade
de expressão, igualdade jurídica, justiça e a posse de bens.
Os princípios democratizantes, no entanto, não foram aplicados em todos os países
influenciados pelos ideais iluministas. Em alguns países formou-se o que se convencionou
chamar "despotismo esclarecido", um sistema político absolutista que implementava algumas
ideias do iluminismo.
Nesses países, os monarcas continuavam exercendo seu poder absoluto, mas deveriam
conhecer os princípios iluministas ou ser assessorados por filósofos dessa corrente.
Nesses casos, no entanto, não se realizaram reformas no sentido de reestruturar a
sociedade ou de garantir maior participação do povo nas decisões políticas.

Pensadores Iluministas
Conheça alguns dos principais filósofos iluministas e suas ideias:

• Voltaire (1694 - 1778)


Voltaire, pseudônimo de François-Marie Arouet, foi um filósofo francês membro da
burguesia. Crítico ardoroso do absolutismo e do poder exercido pela Igreja Católica, tinha
como pilar de sua filosofia a liberdade de expressão e de pensamento.
Defendia que o Estado deveria ser uma monarquia constitucional e que o monarca
deveria ser assessorado por filósofos. Voltaire era um admirador da Constituição Inglesa e em
sua obra "Cartas Filosóficas" comparou a tolerância religiosa e a liberdade de expressão na
Inglaterra à atrasada sociedade francesa.

• Montesquieu (1689 - 1755)


Francês e ligado à aristocracia, Montesquieu desenvolveu em sua principal obra - "O
Espírito das Leis" - a Doutrina dos Três Poderes. Grande parte dos Estados modernos hoje tem
sua estrutura baseada nessa ideia.
Essa doutrina defende a divisão do poder entre legislativo, executivo e judiciário. Para o
filósofo, "todo homem que tem poder é tentado a abusar dele", assim, a separação dos poderes
seria uma forma de frear tais abusos.

• Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778)


Rousseau nasceu na Suíça, mas viveu boa parte de sua vida na França. O filósofo era
defensor da democracia e crítico da propriedade privada, que para ela era a origem das
desigualdades e dos males sociais.
Sua principal obra foi "Contrato Social", onde ele descreve que para a construção de
uma sociedade harmoniosa, as pessoas deveriam obedecer a vontade geral. Isso só seria
possível com um Contrato Social, segundo o qual os homens deveriam abrir mão de alguns
direitos em prol da comunidade.

A origem do iluminismo
Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, a sociedade europeia foi marcada por
forte influência da Igreja Católica.
A igreja defendia uma visão teocêntrica da sociedade e boa parte do conhecimento era
fruto das crenças religiosas, de profecias e do próprio imaginário das pessoas.
Entre o final da Idade Média e início da Idade Moderna, o progresso da ciência
começa a colocar em questão muitos conhecimentos e o próprio entendimento do mundo
proposto pela religião.
A descoberta de que a Terra não era o centro do universo, por exemplo, abalou a
supremacia do conhecimento eclesiástico.
O regime absolutista também era outro fator de insatisfação de boa parte da população.
Essas sociedades eram divididas em estamentos e o clero e a nobreza - que estavam no topo da
pirâmide social - gozavam de privilégios, que eram sustentados com os impostos do povo.
Esse conjunto de descontentamentos por parte da população levaria à Revolução
Francesa, que foi inspirada nas ideias iluministas e representa o principal marco desse
movimento intelectual.
Entenda também o significado de absolutismo e conheça as características do
absolutismo.

Iluminismo no Brasil
Os ideais iluministas no Brasil motivaram a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração
Fluminense (1794), a Revolta dos Alfaiates na Bahia (1798) e a Revolução Pernambucana
(1817). Por aqui, também se defendia a liberdade econômica e política e o fim do absolutismo.
O Iluminismo serviu de motivação para os movimentos separatistas do século XVIII no
Brasil e teve uma grande importância no desenvolvimento político do país.

15 - Revolução Francesa

Em 1789, acontecia na França a revolução que marcaria o fim da Idade Moderna e


início da Idade Contemporânea. A Revolução Francesa causou a queda de uma monarquia, o
enfraquecimento da Igreja e o fim da aristocracia. Entretanto, essa foi apenas uma das
revoluções que ocorreram no mundo entre os séculos XVIII e XIX, mas por que ela é
considerada um marco da história francesa e mundial?
Vamos entender, mas para isso, primeiro precisamos compreender o que não ia bem no
reino da França em 1789 para que a revolução acontecesse. Veremos que durante as décadas
anteriores à Revolução, alguns fatores sociais, políticos e econômicos serviram de fagulhas
para o “espírito da Revolução” e foram essenciais para culminar nos acontecimentos que
conhecemos como a “Revolução Francesa”.

As causas da Revolução Francesa


A Revolução Francesa não aconteceu sem aviso na história da França, tampouco a forma
de pensar que norteou os ideais dos revolucionários surgiu do dia para a noite. Entretanto, nem
Luis XVI nem a Igreja estavam preparados para o que se iniciou em 1789 e se estendeu até o
último ano do século XVIII. Podemos mencionar 4 como sendo as causas principais da
revolução:

• O pensamento iluminista;
A influência da Revolução Americana na economia e no imaginário da França;
A desigualdade entre diferentes grupos sociais;
Uma grande crise econômica que gerou fome e mortes.
Todas essas razões estão ligadas entre si, mas vamos entender o que foi cada uma.
O Iluminismo surgiu no começo do século, e teve grande influência sobre os intelectuais e
a burguesia daquele período em toda a Europa. Esse movimento defendia valores do
humanismo e da razão, colocando o ser humano e a busca pelo conhecimento científico como
as fontes das quais deveriam emanar todo o poder e as decisões da sociedade. No pensamento
iluminista, não havia mais espaço para monarcas com poderes absolutos nem para a crença
religiosa como a fonte para justificar estruturas de poder.
Os ideais iluministas eram disseminados facilmente por todo o país, com textos
circulando por gazetas e folhetins. Essa corrente de pensamento prosperou entre os intelectuais
da Europa desde a França, com pensadores como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, e
Mostesquieu, até a Itália, Alemanha e Inglaterra, onde viveu John Locke, o “pai do
Liberalismo”. Esses nomes são conhecidos até hoje como baluartes da liberdade e dos direitos
individuais dos cidadãos.

• A influência da Revolução Americana


A segunda metade do século XVIII não foi marcada apenas pela Revolução Francesa,
mas por uma série de revoltas e revoluções ao redor do continente europeu e na América.
Antes de a revolução na França começar em 1789, a mais notável havia sido a Revolução de
Independência das colônias americanas.
Essa revolução foi apoiada por Luis XVI, que enviou tropas francesas para ajudar
George Washington e companhia na empreitada americana de se tornar independente da Grã-
Bretanha, o principal rival político e econômico da França naquele período. A empreitada
francesa, apesar de bem vista pela população, trouxe um prejuízo financeiro e dívida tão
grandes para a coroa que obrigou Luís XVI a fazer sucessivos aumentos de impostos ao longo
das décadas de 1770 e 1780, período em que a França já passava por uma grande crise
econômica, que veremos em breve.
A Revolução Americana foi importante também por um motivo simbólico: fortalecer
no imaginário dos franceses os ideais de liberdade e de igualdade entre cidadãos, em sintonia
com o pensamento iluminista da época. Porém, esses desejos cada vez mais claros do povo
francês se chocavam com uma barreira poderosa: a divisão brutal da sociedade em grupos,
alguns com muitos privilégios, e outro com nenhum. Esses grupos eram chamados de Estados.

Os três Estados na França


A França era uma superpotência europeia no fim do século XVIII, com uma população
de aproximadamente 25 milhões de habitantes e uma das monarquias mais vitoriosas do
continente. Entretanto, existia uma desigualdade latente entre nobres, membros da Igreja,
burgueses e camponeses, e essa desigualdade existia por meio da existência de três ordens
hierárquicas distintas, conhecidas como Primeiro, Segunda e Terceiro Estados.

O Primeiro Estado
O Primeiro Estado francês era composto pelo clero da Igreja Católica, que ao longo da
Idade Média exerceu uma hegemonia religiosa e política na França com poderes comparáveis
aos do rei. Uma figura de destaque que representa bem o quão forte eram os membros da Igreja
é o Cardeal de Richelieu, que no início do século XVII, como ministro do rei Luis XIII, liderou
os exércitos da França em guerras por todo do continente, como a Guerra dos Trinta Anos.
Mas o clero não contava apenas com o poder de influenciar o rei em suas decisões, a
Igreja também era proprietário de mais de 20% das terras da França e detinha uma fortuna
significativa em ouro e outros bens.

O Segundo Estado
A nobreza compunha o Segundo Estado francês, e era formada pelos aristocratas. Esse
grupo estava em decadência antes de a revolução começar, pois vinham de uma tradição feudal
de vassalagem que estava se dissolvendo conforme os camponeses se tornavam livres e
deixavam as terras dos senhores. Essa aristocracia, que baseava seu poder em títulos e
influência por meio de cargos públicos, representava algo que a revolução queria derrubar: os
privilégios.
O Terceiro Estado
“O que é o Terceiro Estado? – Tudo.
O que ele tem sido até agora na política da França? – Nada.
O que ele quer? – Quer ser algo.”

O Terceiro Estado
Era composto pela burguesia que estava nascendo na França naquele período, pelos
trabalhadores das cidades e pelos camponeses, sendo que esses últimos correspondiam a quase
80% do total da população francesa.
Os burgueses estavam em um momento de ascensão na França durante o século XVIII,
com o fim do regime feudal e o início da urbanização. Essas pessoas eram, em sua maioria,
comerciantes e empresários, e viviam nos centros urbanos franceses como Lyon, Bourdeaux,
Marselha e Paris. Uma outra parcela desse grupo social, também muito importante para a
Revolução, eram os intelectuais, acadêmicos, advogados e médicos, conhecidos como a ‘baixa
burguesia’.
A burguesia estava se tornando economicamente relevante na França nos anos pré-
revolução, mas não via esse mesmo crescimento acontecer com o poder político. Antoine
Barnave, um dos nomes mais importantes da Revolução, disse em certo momento que “Uma
nova distribuição da riqueza pressupõe uma nova distribuição do poder“. Os burgueses ainda
eram sub representados na corte, e viam a aristocracia como uma inimiga, uma vez que esta
continuava tendo privilégios fiscais e políticos garantidos pelo regime, mesmo tendo cada vez
menos relevância na economia.
Os camponeses, por sua vez, eram as pessoas sobre as quais recaiam a maior parte dos
impostos, as vezes tendo de entregar até um décimo de suas colheitas. Com o enfraquecimento
do feudalismo e do regime de servidão, os camponeses passaram a trabalhar no campo para
produzir para si próprios, e no século XVIII, o trigo era o produto mais importante para a
economia francesa, e em especial, a principal fonte de alimentos para quem vivia no interior e
nos campos.
Dá pra imaginar que uma crise na produção de trigo seria catastrófica, e foi exatamente
isso que aconteceu.

A crise econômica da França


‘Se não têm pão, que comam brioches”. Essa frase é atribuída à rainha Maria Antonieta,
e embora provavelmente nunca tenha sido dita de fato, representa bem a situação em que a
população francesa se encontrava em 1789 e a visão que a nobreza tinha sobre ela.
Durante as décadas de 1770 e 1780, a França passou por uma grande estiagem, o que
gerou uma diminuição significativa das colheitas de trigo e outros cereais, que eram a principal
fonte de alimento dos camponeses. Essa crise, em conjunto com os sucessivos aumentos de
impostos sofridos apenas pelos mais pobres, causou um estado de miséria entre camponeses e
trabalhadores das cidades no país. Houve muitas mortes por inanição e saqueamentos, além de
conflitos nas ruas por comida.
Essa situação obrigou o rei Luís XVI a tomar uma atitude para tentar resolver a crise
dos Franceses. A decisão do rei foi convocar a Assembléia dos Estados Gerais. Essa
Assembléia é considerada o ponto sem volta para as mudanças que estavam por vir, e se ela
não tivesse sido convocada, talvez a Revolução não ocorresse.

Assembléia dos Estados Gerais


Durante mais de duzentos anos (desde 1614) os monarcas franceses não se utilizaram do
seu poder de convocar uma assembléia que reunisse os três estados para deliberar sobre a
política e economia da França. Foi Luís XVI quem decidiu fazer essa convocação em 1789
para reunir e consultar representantes dos três estados para solucionar a crise.
A Assembléia foi marcada para ter início em 1 de Maio, e contava com 1200 delegados,
sendo metade deles representantes do Terceiro Estado, que era composto por mais de 90% da
população. Uma das votações mais importantes que a Assembléia realizaria seria sobre um
novo aumento de imposto. O Clero e a nobreza queriam realizar a votação de forma que cada
Estado tivesse um voto, para que pudessem votar juntos e se manter isentos. Já os
representantes do Terceiro Estado entendiam que suas chances de conseguir se opor à elite
aristocrática só seria possível se a assembléia seguisse a lógica de cada deputado ter um voto.
A aristocracia venceu, e por dois votos a um, foi decidido que o terceiro Estado sofreria
um aumento de impostos, enquanto os demais permaneceriam isentos.

O juramento do jogo de pela


Na manhã do dia 20 de Junho, com mais de um mês e meio de Assembléia disputas
contínuas entre os grupos votantes, os deputados do Terceiro Estado tiveram uma surpresa ao
chegar para a assembléia no palácio de Versalhes e encontrar as portas trancadas para sua
entrada. Os deputados então invadiram uma sala secundária do palácio, que servia de espaço
para jogo de pela, e declaram que só sairiam dali quando tivessem em mãos uma Constituição
do Estado Francês. Esse evento ficou conhecido como o Juramento do jogo de pela, e naquele
dia, os deputados do Terceiro Estado se autodeclararam a Assembléia Nacional Constituinte da
França.
Luís XVI, aparentemente rendido pelas exigências dos representantes do terceiro
estado, aos quais haviam se juntado também alguns membros do clero e da nobreza, decidiu
por acatar a exigência dos deputados. Entretanto, ao mesmo tempo em que a assembléia
acontecia no palácio próximo a Paris, o exército da coroa se preparava na capital para suprimir
a assembléia e os representantes.
A população parisiense, alerta para a tentativa de Luís XVI, se rebelou contra as forças
do rei. Liderados pela Milícia de Paris, um grupo composto por guardas e membros da
burguesia, os parisienses invadiram o Hospital dos Inválidos de Paris, onde saquearam armas e
equipamentos de combate e partiram para a fortaleza da Bastilha, onde se armazenava a
pólvora da cidade.
Nesse momento, ocorreu o que se pode chamar de o início definitivo da Revolução: a
queda da Bastilha.

A queda da Bastilha
No dia 14 de Julho de 1789, a população de Paris tomou a prisão da Bastilha. Ainda
hoje, o dia 14 de Julho é o principal feriado nacional e motivo de comemorações na França.
Mas o que era a Bastilha?
A Bastilha de Saint-Antoine, ou simplesmente Bastilha, foi uma fortificação que
durante quatro séculos esteve localizada no centro de Paris. A partir do século XV, a Bastilha
passou a funcionar como uma prisão para onde eram enviados tanto prisioneiros de guerra
quanto pessoas acusadas de crimes contra a monarquia, como panfletagem e publicação de
sátiras.
A fortificação representou, durante todo o período em que funcionou como uma prisão,
o poder absoluto da monarquia de prender e torturar prisioneiros sem julgamento ou direito a
defesa. Muitos prisioneiros morriam de fome e frio nos calabouços da fortificação após serem
presos por ordens do rei. Apesar de representar um símbolo do absolutismo francês, em 1789 a
Bastilha servia mais como uma depósito de pólvora e armamentos do que como uma prisão, e
foi por conta dessas armas que ela foi tomada e saqueada pelos revolucionários.
A queda da Bastilha foi rápida e a fortificação foi incendiada. Houve mortos no
confronto entre população e guardas, entre eles o diretor da prisão, que foi decapitado e teve
sua cabeça exposta em toda a cidade pelos revolucionários.
Nos dias seguintes à tomada da bastilha, o rei cede à pressão da população francesa e
aceita a criação de uma Assembléia Constituinte Nacional, formada pelas deputados presentes
na Assembléia dos Estados Gerais, que serão responsável por criar a constituição da França. O
país passa então a ser uma monarquia constitucional. Esse documento ficou conhecido como a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão


A declaração contava com 17 artigos que definiam os ‘direitos naturais’ dos cidadãos,
como a liberdade de expressão e de crença religiosa, e delimitavam os poderes dos governantes
e agentes do Estado. O primeiro e mais conhecido artigo da declaração dizia:

“Os homens nascem iguais e são livres e iguais em direitos. As


distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum”.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, diferente das que já


haviam surgido na Inglaterra e Estados Unidos pós-independência, descrevia os direitos
universais dos cidadãos. Não apenas os franceses, e não apenas os franceses que viviam
naquela época, mas todos os cidadãos de todos os lugares em todas as épocas.
Nesse momento, alguns grupos de representantes do povo começaram a se destacar
dentro da assembléia, sendo dois deles fundamentais para o desenrolar da Revolução.

Jacobinos e Girondinos
Os Girondinos eram da alta burguesia, composta por empresários e comerciantes. Esse
grupo queria uma reforma com foco no liberalismo econômico e no fim das isenções de
impostos e privilégios dos nobres. Eram conhecidos pela moderação nas pautas que defendiam,
contrários ao uso da violência e defensores da monarquia constitucional.
Os Jacobinos, por sua vez, eram a baixa burguesia. Esse grupo era formado
principalmente por intelectuais, advogados, trabalhadores da justiça e médicos. Os Jacobinos
eram considerados mais radicais e queriam uma revolução mais profunda, com reformas
econômicas e fiscais, mas também políticas, sendo que alguns deles defendiam a erradicação
total da monarquia constitucional que se instaurou, para criar um regime republicano.
Girondinos se sentavam à direita na Assembleia, e jacobinos à esquerda. Essa divisão
foi o origem do que definimos hoje como esquerda e direita.

A Revolução Francesa contra a Igreja


Uma das primeiras ações dos deputados da assembléia constituinte contra a Igreja
Católica foi confiscar e nacionalizar as terras do clero, que equivaliam a 20% do território
francês, e a transformar os padres em funcionários do Estado Francês, submissos às decisões
da assembléia e com o dever de prestar juramento de fidelidade ao rei, à França e à lei.
Mas os revolucionário não queriam apenas combater o poder político e econômico da
Igreja, e sim erradicar qualquer resquício de tradição católica do país. Foram realizadas
mudanças profundas, entre elas a substituição do calendário gregoriano por um calendário
revolucionário em que os meses eram definidos com base nas estações do ano, e no qual o ano
I era 1793, ano de nascimento da república francesa. Os domingos também foram abolidos, por
serem dias destinados à adoração cristã.

O fim da monarquia na França


Entre 1789 e 1791 existiu na França um regime de monarquia constitucional, no qual o
rei permanecia como o monarca, mas na prática não tinha mais o poder de legislar. Durante
esse período, a ordem política francesa se manteve relativamente estável, até que na noite de
20 de Junho de 1791, a família real francesa realizou uma tentativa de fuga da França com a
ajuda de outros monarcas europeus, entre eles o Imperador do Sacro Império Romano-
Germânico, Leopoldo II, irmão de Maria Antonieta. A intenção de Luís XVI e seus aliados era
reunir forças estrangeiras para retomar a França dos revolucionários.
O plano não funcionou e os fugitivos foram descobertos durante a viagem e enviados
novamente para Paris. Com o fracasso da tentativa, monarcas de toda a Europa, da Prússia
(atual Alemanha) à Russia, iniciaram ataques às fronteiras francesas, pois passaram perceber a
revolução como uma ameaça para seus próprios países, se ela se mostrasse vitoriosa na França.
Os franceses, por sua vez, estavam divididos e seus exércitos desgastados. A guerra devastou
as cidades de fronteira da França, e foi o motivo derradeiro para a população de Paris decidir
por derrubar a monarquia, que estava atuando contra os interesses franceses na guerra.
No dia 10 de Agosto de 1792, os parisienses, liderados por um grupo de
revolucionários conhecidos como sans-culottes, tomaram o palácio das Tulherias, onde vivia a
família real, e nesse momento, a monarquia francesa acabava de vez, dando lugar à república,
proclamada no dia 21 de Setembro. Luís XVI e Maria Antonieta foram presos por alta traição.

A execução de Luís XVI e o regime do terror


A Assembléia Nacional, que era eleita por meio de sufrágio censitário, deu lugar à
Convenção, uma assembléia eleita por sufrágio semi-universal, onde qualquer homem poderia
votar, independente de sua renda; mulheres, entretanto, não poderiam. As reuniões da
Convenção foram marcadas pelos embates cada vez mais acirrados entre girondinos e
jacobinos. O primeiro desses embates se referia a qual deveria ser o destino de Luís XVI e sua
família. Girondinos defendiam que a família real fosse exilada, ao passo que os jacobinos
entendiam que apenas a execução da monarquia livraria a França da ameaça de um retorno do
absolutismo. Estes últimos venceram, e no dia 21 de Janeiro de 1793, Luís XVI foi executado
na guilhotina.
Os conflitos entre jacobinos e girondinos não cessaram nesse ponto, na verdade eles se
intensificaram. Os girondinos estavam com medo das proporções que a Revolução e que os
movimentos populares como os sans-culottes estavam tomando, e pediam o fim da Revolução,
uma vez que haviam alcançado suas reivindicações pela liberdade econômica e fim da
aristocracia; mas os jacobinos acreditavam que o fortalecimento dos movimentos populares era
essencial para que uma revolução profunda ocorresse. O auge desse conflito foi a prisão de boa
parte dos deputados girondinos, em Junho de 1793.
Esse golpe de Estado deu início ao regime do terror na França, e desencadeou uma
guerra civil por todo o país. Foi instaurado pelos deputados jacobinos, nesse momento, um
comitê de salvação nacional, que se utilizava do terrorismo de Estado para conter
manifestações e insurreições e praticar execuções em massa por todo o país. Entre trinta e
cinquenta mil pessoas foram mortas nesse período.
O Regime do terror, liderado pelo jacobino Maximilien de Robespierre, não poupou
adversários políticos assim como não poupou aliados. Robespierre, o ‘Incorruptível’, deu
continuidade a uma agenda de reformas econômicas e culturais na França, ora se aliando a
deputados revolucionários, ora a deputados de centro. Seu poder dentro da Convenção se
deteriorou rapidamente e resultou em sua queda.

10 de Termindor e a chegada de Napoleão


Termidor foi o nome dado pelos revolucionários aos meses de Julho e Agosto, e em 10
de Termidor do ano II da Revolução (que corresponde a 28 de Julho de 1794, segundo ano do
calendário revolucionário) foi executado na guilhotina Maximilien de Robespierre, o principal
líder jacobino e um dos grandes nomes da Revolução e comandante do regime do terror.
No período posterior à queda de Robespierre e dos Jacobinos, o diretório passou a ser
dominado pelos girondinos, e durante os cinco anos seguintes, os deputados conseguiram
avançar com pautas de incentivo à liberdade econômica e com uma série de vitórias militares
na Europa, em especial na Itália e na Áustria.
Em 1799 a população francesa volta a eleger maioria de jacobinos para a Convenção.
Essa volta da esquerda francesa ao poder causa temor em girondinos e burgueses, e em
conjunto, estes dois grupos apelam para um novo golpe de Estado. Mas desta vez não para
tomar o poder, e sim para sede-lo a um novo monarca. E não havia ninguém melhor do que o
astuto comandante militar responsável pelas vitórias francesas no exterior: Napoleão
Bonaparte.
Em 18 de Brumário do ano VIII (9 de Novembro de 1799), Napoleão toma o poder por
meio de um golpe militar e se declara cônsul da França. Esse golpe tem o apoio da burguesia,
que enxerga em Napoleão um aliado de seus interesses econômicos. Nesse momento termina a
Revolução Francesa.

OS POVOS NATIVOS AMERICANO


16 - Os povos Pré-Colombiano

Primeiros Povos da América


Os primeiros povos da América se referem àqueles que viviam na América
antes da chegada do europeu.
Também são chamados de pré-colombianos, pois são situados no período
anterior ao desembarque de Cristóvão Colombo, em 1492.
Exemplos de povos pré-colombianos são os incas, astecas, maias, guaranis,
tupinambás, tupis, apaches, shawees, navajos, inuítes e muitos outros.
Estreito de Bering

Estreito de Bering
O continente americano já era ocupado por diversos povos há cerca de 10 mil
anos, como demonstram evidências arqueológicas.
A teoria mais aceita entre os cientistas é a de que a povoação do continente
americano ocorreu pela travessia do Estreito de Bering. Perseguindo os animais, os
caçadores acabaram atravessar o estreito e se estabelecerem ali.
Entretanto, há provas que apontam a existência de seres humanos nessa parte
do globo, mesmo antes das incursões pelo Estreito de Bering por rotas alternativas
ou pela navegação.
Embora tenham sido influenciados pela colonização europeia, há povos que
ainda hoje mantêm suas tradições de seus antepassados e as transmitem para as
novas gerações.

Características dos primeiros povos da América

Os primeiros povos da América eram nômades, caçadores e coletores.


Segundo os estudos arqueológicos, suas características físicas têm traços
semelhantes aos dos povos da África, Austrália e de povos mongóis.
Essa teoria é apoiada por pesquisas genéticas, que apontam um paralelo entre
o DNA dos índios americanos e dos povos citados.
Esses povos caçavam como mastodontes, preguiça-gigante, tigre dente de
sabre e o tatu gigante.
O extrativismo, contudo, não era a única maneira de subsistência dos povos.
Há 7 mil anos, as nações americanas já dominavam a agricultura e plantavam
abóbora, batata, milho, feijão e mandioca. Da mesma forma domesticaram
pequenos animais.
O continente americano estava inteiramente povoado na época da chegada de
Cristóvão Colombo. Além de coletores, divididos em vários povos e espalhados por
todo o continente, havia civilizações organizadas em imponentes impérios, como é
o caso dos Maias, dos Astecas e dos Incas.
Essas civilizações não eram melhores nem piores que os europeus em muitos
aspectos, mas tinham ritos e sacrifícios extremamente chocantes para os europeus.
Do mesmo modo, havia costumes da Europa que pareciam estranhos aos
nativos. O problema foi a força desproporcional que foi usada pelos europeus ao
invadir a América, fazendo desaparecer povos inteirosNa época da chegada dos
europeus na América, estima-se que sua população estivesse próxima de cem
milhões de habitantes, irregularmente distribuídos pelo continente e em diferentes
estágios de desenvolvimento. “havia de tudo entre os indígenas da América:
astrônomos e canibais, engenheiros e selvagens da Idade da Pedra. Mas nenhuma
das culturas nativas conhecia o ferro nem o arado, nem o vidro e a pólvora, nem
empregava a roda, a não ser em pequenos carrinhos.” (GALEANO, Eduardo. As
veias Abertas da América Latina, 1981).
Os ameríndios mais avançados tecnologicamente e que possuíam
sofisticada organização social cultural formavam a maioria da população
americana no século XV. Isto porque o aumento demográfico decorrente da
agricultura neolítica permitiu que se formassem, em certos locais, concentrações
populacionais, resultando na urbanização, processo que caracterizou séculos e até
milênios da história dos povos pré-colombianos.
Em meio a esta evolução, surgiram sociedades divididas em classes sociais
com um Estado estruturado e dominador, que impunha tributos, transformando a
ordem tribal em civilizações com crescente complexidade de organização e cultura,
especialmente na América Central e nos Andes. Na primeira, destacaram-se as
civilizações Maias e Astecas e regiões andinas, a Inca, não sendo, porém, as únicas.

Os mesoamericanos

A região mesoamericana corresponde à boa parte dos atuais países como


México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica, produziram
ao longo de 25 séculos diversas civilizações poderosas, destacando-se a dos
Olmecas, Maias, Toltecas e principalmente a dos Astecas.
Das primeiras civilizações mesoamericanos a dos Olmecas é considerada a
fundadora da “cultura mãe” da América Central, cujo desenvolvimento situa-se
entre um pouco antes de 1000 a.C. até pouco depois do século V a.C. A
economia olmeca estava baseada na agricultura de feijão, milho e abobora ao longo
dos rios e caça e pesca. Toda vida olmeca estava ligada aos vários centros
religiosos cerimoniais.
Existia um comércio baseado em pedras preciosas (jade e outras) para adorno,
produziam uma cerâmica rudimentar, criaram uma escrita e um calendário pouco
conhecido, os quais serviram de base para o desenvolvimento das civilizações
posteriores.
Os Olmecas construíram a cidade de Teotihuacán por volta de 100 a.C.
localizada a nordeste da atual Cidade do México, com predomínio social, centro
administrativo e religioso, com palácios, pirâmides, avenidas, praças e bairros
planificados, pertenciam a uma aristocracia guerreira e aos funcionários da
administração estatal, possuía uma população superior a de 80 mil habitantes.

 OS ASTECAS

Na América, a organização de sociedades mais complexas, como a dos


Astecas, Maias e Incas, não ocorreu ao mesmo tempo em que no Oriente próximo
ou na Europa. Aliás, os processos históricos não são nunca os mesmos em todas as
sociedades. O próprio continente americano mostra evidências dessa afirmação. Na
América, durante séculos, conviveram (e ainda convivem) inúmeros povos com
realidades históricas bem distintas: povos nômades de cultura primitiva, como
muitas tribos norte-americanas, os esquimós (Alasca), os ianomâmis e os xavantes
(Brasil), que viviam (alguns ainda vivem) basicamente da caça e da coleta, os tupis-
guaranis (América do Sul), os pueblos (América do Norte) e os aruaques (América
Central), sedentários e agrícolas; e, finalmente, os povos de culturas mais
complexas – maias, incas e astecas.

Os Astecas e sua Origem

A influência dos olmecas entre os astecas também foi muito grande,


sobretudo porque eles viveram, em tempos, diferentes, basicamente na mesma
região. Após a hegemonia olmeca, a região sofreu várias invasões de povos vindos
da América do Norte.
Os primeiros povoadores procedentes do norte, da região de Nahua (família
linguística do nahuatl), construíram, entre 500 e 600 d.c. baseados nas tradições
olmecas, uma grande cidade, Teotihuacán, com gigantescas pirâmides
homenageando o Sol, a Lua e seu deus maior, Quetzacoatl. Nesse centro urbano
desenvolveu-se uma sociedade sobre a qual, infelizmente, temos poucas
informações.
Os toltecas, uma das tribos nahuas do norte, chegaram à América Central
entre 850 e 900 d.c., e talvez tenham se submetido aos sacerdotes de Teotihuacán,
pois deram continuidade à construção e manutenção dessa grande cidade. Em razão
do gigantismo de suas construções, muitos povos consideravam que ela havia sido
construída por gigantes, antes da chegada dos homens à região. Eles organizaram
um forte Estado e uma rica civilização, que, após disputas internas, guerras externas
e invasões, chegou ao fim em 1194 d.c.

O povo mexica, mais conhecido como asteca, é originário da região de


Aztlán (daí a palavra asteca), no sul da América do Norte. Ele se estabeleceu no
planalto mexicano (especificamente nas ilhas do lago Texcoco), junto com outros
povos, após uma longa marcha, em 1168 d.c. No ano de 1325 eles começaram a
construção de sua cidade, Tenochtitlán, que no século XV seria uma das maiores
cidades do mundo.

Organização Política - A formação do Império Asteca

A formação do Império asteca baseou-se na aliança de três grandes cidades,


texcoco, Tlacopán e a capital, Tenochtitlán, estendendo seu poder por toda a região.
As relações políticas que se estabeleceram entre elas e as regiões que controlavam
ainda não são muito claras. Contudo, pode-se afirmar que não era uma estrutura
rigorosamente centralizada, como ocorreria entre os incas.
Na confederação Asteca conviviam inúmeras comunidades com idiomas,
costumes e culturas diferentes (zapotecas, mixtecas, totonacas, etc.) A unidade
entre elas dava-se em torno de aspectos religiosos e, principalmente, através da
centralização militar dos astecas e da arrecadação dos impostos em Tenochtitlán.
As diversas províncias da região que, além dos tributos, elas deveriam fornecer
contingentes militares e submeter-se aos tribunais da capital.
O Império asteca atingiu seu apogeu entre 1440 e 1520, quando foi
inteiramente destruído pelos colonizadores espanhóis liderados por Cortés. Após
diversas incursões colonizadoras em agosto de 1521 o Império Asteca foi
inteiramente conquistado. Diversas razões levaram à derrota asteca a primeira é
propriamente militar: a guerra, para os astecas, tinha como objetivo a dominação
político-militar, para os espanhóis a guerra era de conquista e extermínio. Além
disso, as estratégias militares e, principalmente, o armamento bélico dos
colonizadores eram bem mais avançados. Outro motivo importante foi a
proliferação de várias doenças e epidemias entre os astecas (a mais forte foi a
varíola). Um fato adicional que contribuiu muito para a derrota asteca foi a aliança
estabelecida entre alguns povos da região (tlaxcaltecas, totonecas, etc.) e os
espanhóis. A intenção imediata desses povos era derrotar a hegemonia dos astecas
na região, e os espanhóis eram fortes aliados para alcançar esse objetivo. Todavia,
eles não puderam prever o que lhes aconteceria após a derrota asteca, com a
consolidação da colonização européia.

A Economia Asteca

A sustentação da economia do Império estava baseada justamente no


pagamento dos tributos em mercadorias. A não destruição das cidades submetidas e
a manutenção relativa do poder local incluíam-se nessa lógica de arrecadação dos
tributos, que variavam muito. Estima-se que, no final do Império, Tenochtitlán
recebia toneladas de milho, feijão, cacau, pimenta seca; centenas de litros de mel,
milhares de fardos de algodão, manufaturados têxteis, cerâmicas, armas, além de
animais, aves, perfumes, papel, etc.
A produção agrícola estava baseada essencialmente nos cereais, sobretudo no
milho que, na verdade, foi à base da alimentação das civilizações pré-colombianas.
É bem provável que essas sociedades não teriam se desenvolvido sem o milho,
pois ele as sustentava e possibilitava o crescimento de suas populações.
A posse das terras tinha uma característica muito interessante: o Estado
asteca era proprietário de todas as terras e as distribuía aos templos, cidades e
bairros (calpulli). Já nas cidades e bairros, a exploração da terra tinha um caráter
coletivo, todo adulto tinha direito de cultivar um pedaço de terra para sobreviver e o
dever de trabalha-la. Na fase final do Império, essa relação foi se modificando, pois
sacerdotes, comerciantes e chefes militares se desobrigaram de trabalhar na terra,
criando uma forma de diferenciação social.

A Sociedade Asteca

Foi uma sociedade fundada em aspectos religiosos e na guerra, aqueles que


detinham mais poder eram os sacerdotes, seguidos dos chefes militares e dos altos
funcionários do Império. Os altos funcionários militares e do Estado recebiam a
denominação tecuhtli (dignitário), eram escolhidos pelo soberano e tinham uma
série de privilégios (não pagavam impostos e viviam em grandes residências).
Logo abaixo estavam os calpullec, espécies de administradores dos bairros
(calpulli). Inicialmente eles eram escolhidos pelos habitantes dos bairros, mas com
o tempo passaram a ser indicados pelos soberanos.
O comércio externo era realizado por poderosas corporações de
comerciantes, os pochtecas. O comércio de luxo entre as cidades era
monopolizado por eles. Em razão do rápido enriquecimento desse setor da
sociedade, ele foi ganhando gradativamente poder e distinção.
A maioria dos artesãos trabalhava vinculada a algum senhor (tecuhtli), e
muitos mantinham oficinas em palácios e templos. O imposto era pago em artigos
de sua especialidade e não eram obrigados ao trabalho coletivo.
A maior parte da população estava entre os macehualli, que eram homens
livres com direito a cultivar um pedaço de terra para sua sobrevivência, embora
devessem obrigações como pagamento de impostos em mercadorias (a maior fonte
de arrecadação), prestar o serviço militar e o trabalho coletivo (construir, conservar
e limpar estradas, pontes e templos).
Os tlatlacotin formavam o estrato social mais baixo, composto geralmente
por prisioneiros de guerra, condenados, desterrados. Em troca de casa, comida e
trabalho, eles se vinculavam a um amo. Isso não significava que eram escravos,
pois podiam torna-se livres e possuir bens.

Religião e a Cultura Asteca

Os astecas eram considerados o povo mais religioso da região. Sua religião


era essencialmente astral, isto é, baseada nos astros, e foram absorvendo deuses e
ritos das mais importantes era Uitzlopochtli, que representava o sol do meio-dia.
Os mitos e ritos astecas eram muito ricos e variados, e relacionavam-se com
a natureza. Os cultos mais importantes sempre envolviam o Sol. Eram muito
comuns rituais com sacrifícios humanos; a guerra, portanto, era uma grande
fornecedora de prisioneiros para os sacrifícios. Geralmente toda a energia da
comunidade estava canalizada para as atividades ritualísticas, realizadas com uma
série encenações e procedimentos minuciosos.
As atividades artísticas dos astecas foram muito influenciadas pelas tradições
olmecas e toltecas. A escultura em jade e as grandes construções são exemplos
claros dessas influências. A arquitetura estava ligada à vida religiosa, a forma mais
frequentemente utilizada era a pirâmide com escadarias, culminando em um
santuário no topo.
Os afrescos coloridos e as pinturas murais também tinham destaque entre as
artes astecas. O escriba ostentava o título de pintor, pois os hieróglifos eram
acompanhados por uma série de quadros cuidadosamente desenhados.
A música e a poesia estavam intimamente ligadas. Quase sempre
acompanhadas por instrumentos, danças e encenações, as músicas tinham caráter
religioso. Infelizmente, a violência da colonização espanhola acabou destruindo
grande parte dessa rica produção.
 OS INCAS

O povo incaico é originário de uma região entre o lago Titicaca e a cidade


de Cuzco, no Peru. A partir daí os incas expandiram-se por uma área que abrangia
desde o sul da Colômbia, passando pelo Equador, Peru, Bolívia e norte da
Argentina, até o sul do Chile Esse Império chegou a reunir cerca de 15 milhões de
pessoas, de povos com línguas, costumes e culturas diferentes.
Antes da construção do Império incaico viviam nessa região povos com
culturas e formações sociais avançadas, que se costuma denominar pré-incaicos.
Eles estavam distribuídos por toda a costa leste do continente sul-americano, nas
serras e no altiplano andino; os chavin viviam nas serras peruanas; os manabi, no
litoral do equador; os chimu, no norte do Peru; e havia ainda os chinchas, mochicas,
nazca, e outros.
Talvez grande demonstração do desenvolvimento desses povos pré-incaicos
seja Tiahuanaco. Tratava
–se de um grande centro cerimonial (hoje suas ruínas estão a cerca de 100 Km de
La Paz, capital da Bolívia) que recebia periodicamente milhares de pessoas por
Ano. Estima-se que essa civilização que parece ter sido influenciada pelos chavin,
estabeleceu-se na região por volta do século X d. C.

A Organização Política Inca

O Império Inca absorveu as diversas culturas das civilizações preexistentes,


colocando-as a serviço da expansão e manutenção do Império. A vitória sobre os
chancas, em 1438 d. C., liderada pelo inca Yupanqui, marcou o início da formação
do Império. Ele ocupou quase todo o Peru, chegando até a fronteira do Equador.
Seus sucessores expandiram o Império para o altiplano boliviano, norte da
Argentina, Chile (Tope Inca) e equador, até o sul da Colômbia (Huayana capac,
1493-1528).
A expansão foi interrompida em razão da disputa entre dois irmãos, filhos de
Huayana: Huascar, que centralizou seu Império em Cuzco, e Atahualpa, sediado em
Quito. A rivalidade entre os irmãos levou oi Império a uma verdadeira guerra civil,
enfraquecendo-º A vitória de Atahualpa não lhe trouxe vantagens, pois, junto dela,
chegaram os colonizadores, liderados por Pizarro, que destruíram todo o Império
Inca.
Para controlar seu Império o Estado inca mantinha um constante censo
populacional, um instrumento fundamental para o censo era o quipo, uma espécie
de elaborada calculadora manual feita de cordões coloridos e nós. Quem realizava o
levantamento e a leitura eram os funcionários chamados de quipucamayucus.
Esse imenso Império inca, controlado de perto pelo Estado, precisou de uma
infraestrutura que permitisse a circulação de funcionários, mensageiros, impostos,
populações, exércitos, etc. Para que isso ocorresse, foi construída uma incrível rede
de pontes e caminhos lajeados. Ao longo desses caminhos havia os tambos,
pequenas construções que continham alimentos e água, servindo de alojamento para
os viajantes.

A Sociedade Inca

O Estado inca era imperial, capaz de controlar rigidamente tudo o que ocorria
em sua vasta extensão territorial. O chefe desse Estado era o Inca, um imperador
com poderes sagrados hereditários, reverenciado por todos.
Ao lado do inca havia uma rede de sacerdotes, escolhidos por ele entre a
nobreza.
Para manter o Império íntegro, criou-se uma complexa burocracia
administrativa e militar. Os cargos administrativos eram distribuídos entre membros
da nobreza e acabaram adquirindo hereditariedade. O caráter guerreiro do Império
privilegiava a formação e educação militar. Como os burocratas, essa camada
privilegiada era mantida graças aos tributos arrecadados pelo Estado.
Os camponeses, chamados de llactaruna, em troca do direito de trabalho nos
ayllus, eram obrigados a cultivar as terras do Inca e dos curacas e a pagar os
impostos em mercadorias. Além disso, o estado os obrigava a trabalhar nas obras
públicas, como as pirâmides, caminhos, pontes, canais de irrigação e terraços.
Havia também os artesãos especializados, considerados artistas (pintores,
escultores, ceramistas, tapeceiros, ourives, etc.), e os curandeiros e feiticeiros
(cirurgiões, farmacêuticos, conhecedores de plantas medicinais, etc.).
Os yanaconas, originários da sublevação da cidade de Yanacu, eram
escravos. Às vezes algum povo conquistado também se tornava escravo. Eles não
trabalhavam na produção, e suas funções eram eminentemente domésticas.

Economia Inca

A base da economia inca estava nos ayllu, espécie de comunidade agrária.


Todas as terras do Império pertenciam ao Inca, logo, ao Estado. Através da vasta
rede de funcionários, essas terras eram doadas aos camponeses para a sua
sobrevivência. Os membros de cada ayllu deveriam, em troca, trabalhar nas terras
do Estado e dos funcionários, nas obras públicas e pagar impostos.
A base da produção agrícola era o milho, seguido pela batata, tomate,
abóbora, amendoim, etc. Nas áreas mais altas e com dificuldades de obtenção de
água, o milho tinha de ser plantado nos terraços feitos nas encostas das serras com
canais de irrigação.
A domesticação de lhamas, vicunhas e alpacas foi importante para o
fornecimento de lã, couro e transporte. Os cachorros-do-mato e porcos tinham
importância secundária.
O comércio era muito precário e restringia-se basicamente aos bens de luxo
destinados à corte.

Religião dos Incas

Havia uma rede de sacerdotes, escolhidos entre a nobreza. Suas funções


variavam desde a manutenção dos templos, realização de sacrifícios, adivinhações,
curas milagrosas, até feitiçarias e oráculos. A grande maioria dos cultos e
cerimônias religiosas dos incas era em homenagem ao Sol. Os sacerdotes também
tinham a função de ensinar e divulgar, junto com historiadores oficiais, os mitos,
lendas e histórias sobre o inca. É interessante notar que existia uma religião para a
nobreza e outra divulgada entre a população mais pobre.

Cultura Inca

Lembrando o que já foi dito, o Estado inca utilizou-se das inúmeras


conquistas das civilizações pré- incaicas para controlar e manter seu Império.
Eles faziam um uso abancado da matemática, conheciam inclusive o zero;
conheciam muito bem a astronomia, pois o Sol representava o deus mais
importante, podendo prever eclipses e fazer calendários; usavam pesos e medidas
padronizados.
Os trabalhos dos incas na manufatura do ouro, da prata e do cobre
maravilharam os espanhóis. Além disso, produziam cerâmica, tecidos coloridos,
esculturas e pinturas.
Talvez as maiores produções incaicas estejam relacionadas com a arquitetura
e a engenharia. Por meio delas foi possível construir pirâmides, palácios, pontes e
caminhos; cidades como Cuzco e Machu Pichu, que reuniam milhares de pessoas e
mantinham uma rica ordem urbanística. E os famosos terraços irrigados nas serras e
montanhas para a produção agrícola.
 OS MAIAS

Antes que os maias se radicassem em algumas regiões da América Central,


existiam aí povos originários, como os otomies e otoncas. Vindos da América do
Norte, após décadas vagando pela América Central, os maias estabeleceram-se no
Yucatán e áreas próximas, por volta de 900 a. C. A produção do milho e a
influência dos olmecas forram mito importante para o seu desenvolvimento.
A área ocupada pelos maias pode ser dividida em duas regiões. A das
terras altas (área abrangida hoje por El Salvador e Guatemala) estava voltada para
o Pacífico e, apesar de possuir boas condições naturais, não teve muita importância
para a construção da civilização maia.
É comum dividir-se o processo de construção da civilização maia em uma
primeira fase (317-987) e uma segunda fase (987-1697). A primeira fase teria se
iniciado em 317 d.C. Essa data, na realidade, tem como referência o mais antigo
objeto maia encontrado até hoje. Sabe-se que essa civilização já existia antes de
317, mas não se dispõe ainda de informações precisas a respeito desse período.

A Sociedade Maia

A sociedade começou a desenvolver-se, com destaque para três cidades:


Chichen-Itzá, Mayapan e Uxmal. Em 1004 foi criado a Confederação Maia, que
reuniu essas três grandes cidades. Dezenas de cidades e povoados são criados ao
longo dos duzentos anos seguintes, expandindo seu poder político na região. Após o
período de união (entre os séculos X e XI), as cidades da Confederação entram em
confronto, sendo Mayapan a vitoriosa. A hegemonia política dessa cidade foi
sustentada por uma forte base guerreira. Inúmeras revoltas explodem na região, e
em 1441 Mayapan é incendiada; As grandes cidades são abandonadas por causa das
guerras.
As lutas internas, as catástrofes naturais (terremotos, epidemias, etc.), as
guerras externas e principalmente, o declínio da agricultura levaram a sociedade
maia à decadência. Quando os europeus chegaram à região (1559), os sinais de
enfraquecimento dos maias eram evidentes, tornando a conquista mais fácil. Em
1697, a última cidade maia (Tayasal) é conquistada e destruída pelos colonizadores.
Cada cidade tinha um chefe supremo (halach uinc), e o cargo era hereditário.
Os camponeses e artesãos compunham a maioria da população (mazehualob)
eram obrigados a pagar os tributos, a trabalhar nas grandes obras e moravam nos
bairros mais distantes dos centros. Os escravos, geralmente por conquinsta, serviam
a um senhor, mas não trabalhavam na produção.

A Religião dos Maia

A sociedade maia tinha um caráter fortemente religioso; a religião dava


legitimidade ao poder, que era exercido basicamente por algumas famílias.
O Ahaucan (senhor da serpente) é o supremo sacerdote. Ele indica os outros
sacerdotes, rege as cerimônias, recebe tributos e decide sobre as coisas do estado.
Existiam também sacerdotes com funções específicas, como os adivinhos, os
encarregados dos sacrifícios humanos, os escribas, etc.
A Organização do Estado Maia

Os maias não chegaram a organizar um forte e poderoso Estado


centralizado. Na realidade, as cidades maias importantes controlavam as aldeias e
terras próximas. Não havia nenhum poder ou instituição que as unificasse. Elas
tinham autonomia econômica e política, e geralmente eram governadas por
famílias.
Houve períodos em que a unidade foi estabelecida entre algumas cidades,
como durante a Confederação Maia. N entanto, a regra era a independência e a luta
entre cidades por novas terras, tributos, matérias primas, etc.
A Economia Maia

A economia dos maias baseava-se na agricultura. A tecnologia empregada


nas atividades agrícolas era bastante primitiva. Contudo, eles conseguiam uma
extraordinária produtividade, principalmente do milho. É justamente em virtude
dessa produção do milho, gerando excedentes, que um grande contingente de mão-
de-obra podia ser liberado das atividades agrícolas para a construção de templos,
pirâmides, reservatórios de água, etc.
As terras pouco férteis da região obrigavam os maias a realizar um rodízio,
que geralmente mantinha a terra boa durante oito a dez anos. Após esse período era
necessário procurar novas terras, cada vez mais distantes das aldeias e cidades. O
esgotamento das terras, as distâncias cada vez maiores entre elas e as cidades e o
aumento da população levaram à civilização maia uma dura realidade. A fome, um
dos fatores que a levaram à decadência.

A Cultura Maia

Os conhecimentos de astronomia dos mais eram realmente avançados, e seus


observatórios, bem- equipados. Eles podiam prever eclipses e elaboraram um
calendário de 365 dias. Para o desenvolvimento da astronomia, a matemática era
um elemento fundamental, daí terem acumulado conhecimento nessa área.
A atividade médica e a farmacêutica também eram bastante desenvolvidas, o
que foi reconhecido até pelos colonizadores. As peças teatrais, os poemas, as
crônicas, as canções, tinham uma função literário- religiosa bem evidente.
Mas a arquitetura e a engenharia representam as áreas do conhecimento mais
desenvolvidas pelos maias. Seus grandes centros religiosos, as pirâmides, as
cidades com edifícios de vários andares, os canais de irrigação e os reservatórios de
água maravilham os conquistadores europeus.

17 - Brasil pré - cabralinos

Período pré-cabralino
Antes de darem os primeiros passos em terras brasileiras, os portugueses não
imaginavam que naquela “nova” terra já havia cerca de dois milhões de indígenas. Após
terem seus primeiros contatos com os povos nativos, os europeus conceberam a errônea
ideia de uma uniformidade cultural existente entre os índios.
Antes dos portugueses alcançarem terras brasileiras, nosso território era ocupado
por uma infinidade de povos que rompiam as compreensões de mundo do homem
europeu. De forma equivocada, ao chegarem aqui, os portugueses acreditavam que os
índios formavam uma cultura comum portadora de pequenas variações de
comportamento e costume. Ainda hoje, essa primeira constatação de nossos

Dança tupinambá, um retrato do Brasil Pré-Cabralino.

colonizadores está bem afastada das atuais 218 etnias e 218 línguas e dialetos proferidos
por nossos indígenas.
Segundo alguns estudos, as migrações pioneiras para o continente americano
foram encerradas há cerca de cinco mil anos. Já nesse momento, temos o
desenvolvimento de diferentes grupos humanos, da atividade coletora, da agricultura e a
formação de sociedades complexas dotadas de vários centros urbanos.
Entre os coletores, os sambaquis aparecem em diferentes pontos do litoral
brasileiro, principalmente em Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Sambaqui é o nome
utilizado para nomear os grandes depósitos de detritos ósseos e orgânicos que se
formaram nas proximidades das regiões ocupadas por grupos humanos coletores. Entre
os nativos brasileiros, os índios Pataxó e Nambikwara são os que frequentemente
adotaram esse tipo de vida.
Na porção norte do território, os povos ceramistas se destacaram pelo
desenvolvimento de uma rica cultura material marcada pela presença de vasos, urnas
funerárias, bacias e outros utensílios. Habitando a ilha de Marajó, entre os anos 500 e
1300 d.C., os povos marajoaras foram um dos mais proeminentes representantes do
trabalho com artefatos em cerâmica. Antes que os colonizadores europeus surgissem no
continente, essa civilização havia desaparecido completamente.
Na totalidade do território brasileiro, a família linguística tupi-guarani foi a que
se encontrava em maior número. Presentes em variadas porções do subcontinente sul-
americano, os tupis eram conhecidos pelo desenvolvimento de aldeias compostas por
uma população variando entre 500 e 800 habitantes. Além disso, praticavam a
agricultura com a plantação de batata-doce, milho, pacova, abacaxi, mandioca, entre
outras culturas.
De fato, entre os tupis englobamos uma infinidade de povos que podem ser
distinguidos por costumes bastante específicos. Paralelamente, também devemos citar
os grupos humanos que se inserem nos grupos linguísticos aruaque, jê e xavante. Sem
dúvida, percebemos que a diversidade de culturas é uma realidade que antecede a
chegada das caravelas de Pedro Álvares Cabra"
Na verdade, as sociedades indígenas existentes no Brasil Pré-Cabralino eram
relativamente complexas, apresentando significativas características e tradições
próprias. O grande número de línguas e dialetos era uma prova da singularidade de cada
grupo étnico.
Dentre todos os povos indígenas que habitaram o Brasil de norte a sul, podemos
destacar os grupos Pataxó, Nambikwara, Macro-jê e Aruaque. Os índios Pataxós e
Nambikwaras desenvolviam uma efetiva atividade coletora nas regiões do litoral de
Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Contudo, os tupis formaram, sem dúvida, o maior
grupo indígena da época anterior ao descobrimento. Suas tribos iam desde o Rio Grande
do Norte até o Rio Grande do Sul. A contribuição específica desse grupo foi de grande
importância para a formação da cultura brasileira, especialmente na influência sobre
nosso idioma: vale lembrar o grande número de palavras de origem tupi que usamos
todos os dias (Paraná, Ipanema, Goiás, Tijuca…).
Além dos grupos étnicos que os portugueses se depararam após chegar ao Brasil,
também houve povos que foram completamente extintos antes mesmo da chegada de
Cabral. Um dos maiores exemplos disso foram os marajoaras, povos que habitavam a
região da Ilha de Marajó (Pará) e desenvolviam sofisticados trabalhos em cerâmica e
elaboradas pinturas, aspecto que nos mostra a existência de uma sociedade
relativamente complexa ainda naquela época.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, os tupis foram o primeiro agrupamento
"indígena que teve contacto com o colonizador". A influência tupi se deu na
alimentação, no idioma, nos processos agrícolas, de caça e pesca, nas superstições,
costumes, folclore, etc. Os povos do grupo Tupi-Guarani habitavam a região chamada
por eles de "Pindorama" (terra das palmeiras), atual região oriental da América do Sul,
que habitava o imaginário Tupi-Guarani como terra mítica, uma terra livre dos males.
Os arqueólogos acreditam que o mito acerca de "Pindorama" tenha se formado na época
das antigas migrações, quando os tupi-guaranis se dirigiram para o litoral brasileiro.
Sabemos os nomes de alguns dos principais grupos que habitavam Pindorama na
véspera da chegada europeia (entre eles alguns de origens não tupi): os potiguaras, os
tremembés, os tabajaras, os caetés, os tupiniquins, os tupinambás, os aimorés, os
goitacás, os tamoios, os carijós e os temiminós. Os potiguaras habitavam a região entre
o Rio Acaraú e o Rio Paraíba e controlavam a navegação fluvial. Durante a conquista,
aliaram-se aos franceses, sendo que alguns relatos falam de casamentos entre potiguaras
e franceses, envolvendo acordos bélicos antiportugueses. Os Tabajaras habitavam a
margem meridional do rio Paraíba, na região atual do litoral pernambucano. Foram
importantes aliados dos portugueses durante a conquista. Os Caetés habitavam a região
de Pernambuco desde Olinda, "a Marim dos Caetés", até onde encontra-se hoje o estado
de Alagoas, desmembrado de Pernambuco. Tornaram-se célebres na História do Brasil
por terem devorado o Bispo Sardinha.
Os Tremembés habitavam a margem ocidental do rio Acaraú. Os tamoios
habitavam a Baía da Guanabara; seus líderes, Cunhambebe e Aimberê, aliaram-se com
os franceses no combate aos portugueses. Os carijós habitavam o litoral sul do país. Os
tupiniquins habitavam a atual região do Estado de São Paulo, e os Tupinambá a região
sudeste do Brasil. Nosso conhecimento do tupi antigo é principalmente baseado na
língua dos Tupinambás (embora esses não constituíssem os "principais tupis", como
alguns autores apontam).
Os povos tupis viviam em aldeias que reuniam de 600 a 700 habitantes.
Algumas aldeias eram fortificadas em razão das guerras inter-tribais. Nenhuma
autoridade aparecia com força absoluta ou consideravelmente forte sobre os outros
integrantes da sociedade, embora houvesse "hierarquias" em função do gênero, do
mérito guerreiro e dos poderes xamânicos. Os Pajés (Payes em tupi antigo,
intermediários entre o mundo religioso e o mundo dos homens) e os Caciques
(morubixaba em tupi antigo, chefes guerreiros) ocupavam, em geral, o papel de
autoridades das tribos. A subsistência baseava-se na caça e na horticultura. Os homens
acreditavam nos bons e nos maus espíritos (tupã, anhang, etc.), que influenciavam os
acontecimentos no cosmos. Cada homem trazia um maracá, no qual acreditavam habitar
um espírito protetor de cada indivíduo. Acredita-se que apenas os filhos dos homens
mais importantes da tribo fossem enterrados nas urnas funerárias. Os acontecimentos
religiosos tinham alcance amplo, e reuniam diferentes etnias. Os antigos indígenas
foram responsáveis por inúmeras manifestações artísticas, como peças de cerâmica,
danças, canções/poesia (registradas por Léry) e, a que mais impressionou os ocidentais,
a plumária extremamente sofisticada e rica. A literatura tupi aparece com a chegada da
escrita europeia, quando missionários passam a escrever em tupi para converter os
nativos, e as crônicas transcrevem canções indígenas.

O Brasil pré-cabralino e a Europa

Do lado europeu, a descoberta do Brasil foi precedida por vários tratados entre
Portugal e Espanha, estabelecendo limites e dividindo o mundo já descoberto do mundo
ainda por descobrir.
Destes acordos assinados à distância da terra atribuída, o Tratado de Tordesilhas
(1494) é o mais importante, por definir as porções do globo que caberiam a Portugal no
período em que o Brasil foi colônia portuguesa. Estabeleciam suas cláusulas que as
terras a leste de um mediano imaginário que passaria a 370 léguas marítimas a oeste das
ilhas de Cabo Verde pertenceriam ao rei de Portugal, enquanto as terras a oeste seriam
posse dos reis de Castela (atualmente Espanha). No atual território do Brasil, a linha
atravessava de norte a sul, da atual cidade de Belém do Pará à atual Laguna, em Santa
Catarina. Quando soube do tratado, o rei de França Francisco I teria indagado qual era
"a cláusula do testamento de Adão" que dividia o planeta entre os reis de Portugal e
Espanha e o excluía da partilha.
Muitos estudiosos afirmam que o descobridor do Brasil foi o navegador
espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que no dia 26 de janeiro de 1500 desembarcou no
Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco — esta considerada a mais antiga
viagem comprovada ao território brasileiro.

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