Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ALUNO(A) -----------------------------------------------------------------------------------
HISTÓRIA
SEGUNDO SEMESTRE
ENSINO MÉDIO
ETAPA 01
Profª. Leonora Ferreira
Souza
1
IDADE MEDIA
1 - Desagregação do Império Romano
2 - Império Carolíngio
3 - Império Bizantino
4 - Surgimento do Islamismo
5- O feudalismo
IDADE MODERNA
07- Formação dos Estados Modernos
08 - O mercantilismo
09 - O absolutismo
10 - Grandes Navegações
11 - Renascimento
12 - O Humanismo Renascentista
14 - O Iluminismo
15 - Revolução Francesa
16 - Os povos Pré-Colombiano
2 - Império Carolíngio
3 - Império Bizantino
Reinado de Justiniano
O Império Bizantino atingiu seu apogeu durante o reinado de Justiniano. De 527 até
565, Justiniano governou o império oriental e tratou de expandir o território bizantino,
chegando mesmo a reconquistar o que havia sido perdido pelos romanos ocidentais com a
invasão bárbara. As tropas bizantinas reconquistaram Roma, o norte da África e a península
Ibérica, que haviam sido conquistados pelos germânicos.
Além da expansão territorial, Justiniano teve o cuidado de preservar as leis romanas. Ele
criou o Código de Direito Civil, um compilado das leis elaboradas nos áureos tempos de
Roma. Outra área que mereceu a atenção do imperador bizantino foi a cultura. Justiniano
investiu na construção de grandes edifícios, como o palácio imperial e a Igreja de Santa Sofia.
Justiniano enfrentou a Revolta de Nika, em 532. As causas das revoltas foram a fome, a
falta de moradias e os altos impostos pagos pela população. O estopim desse conflito foi o
resultado de uma corrida de cavalos que aconteceu no hipódromo de Constantinopla. Houve
uma dúvida quanto ao cavalo vencedor na corrida. Não se sabia se o vencedor era Niké, para o
qual a população torcia, ou o cavalo da equipe do imperador. Isso fez com que a revolta que se
sentia com as condições sociais se materializasse no questionamento do resultado da corrida.
As tropas de Justiniano, no entanto, conseguiram controlar a agitação.
Em 565, Justiniano morreu, e com ele acabava o período áureo do Império Bizantino.
Seus sucessores não conseguiram manter as conquistas do imperador, e logo os bizantinos
perderam os territórios conquistados.
4 - Surgimento do Islamismo
O islamismo surgiu no século VII, na Península Arábica, por meio das pregações do
profeta Maomé (Muhammad). É atualmente a segunda maior religião do planeta.
O islamismo é uma das principais religiões do mundo, sendo muito popular na África,
Ásia e está em franco crescimento na América do Norte e na Europa. É atualmente a segunda
maior religião do planeta, com quase dois bilhões de fiéis espalhados nos cinco continentes.
Seu surgimento remonta ao século VII por meio da ação do profeta Muhammad.
Trata-se de uma religião monoteísta, portanto, os fiéis dessa religião acreditam na
existência de apenas um deus, chamado por eles de Allah. A palavra “islã” vem do termo árabe
islam, que significa submissão, e esse termo deriva de “salam”, que significa paz, conceito que
no árabe denota uma condição de espírito.
O adepto do islamismo é conhecido como muçulmano ou muçulmana, termo que vem
de “muslim”, palavra árabe que significa submisso. Sendo assim, na lógica da fé islâmica, o
muçulmano é aquele que é submisso a Allah. Os muçulmanos professam em sua religião cinco
pilares básicos.
5- O feudalismo
O feudalismo é uma organização social típica da Idade Média europeia, caracterizada pelo
sistema de grandes propriedades territoriais isoladas (feudos) pertencem à nobreza e ao clero e
trabalhadores pelos servos da gleba, numa economia de subsistência. O sistema era organizado
segundo uma extensa e intrincada hierarquia de feudos. A terra única fonte de poder, era
recebida pelo senhor, em caráter hereditário. O senhor beneficiário da doação de um feudo
tornava-se vassalo do doador suserano, qualquer que fosse o titulo nobiliárquico deste (rei,
conde, visconde, etc.), ficando ambos ligados por laços de lealdade e ajuda mútua. A
propriedade da terra não era plena. O senhor que a recebia em doação não podia vendê-la e a
propriedade era herdada pelo filho primogênito.
A Sociedade Feudal
A sociedade feudal possuía uma rígida divisão entre os grandes proprietários de terras
e os despossuídos desse bem.
O primeiro grupo era composto pelos nobres, conhecidos também como senhores
feudais, e o segundo pelos servos da gleba. Os servos eram os responsáveis por todo trabalho
braçal, desde a agricultura até o trabalho artesanal. Viviam presos à terra do seu senhor e não
podiam abandoná-la; em troca, recebiam proteção e não podiam ser vendidos como os
escravos. Pagavam pesadas obrigações, sendo as principais:
Corveia – Constituía no trabalho obrigatório do servo nas terras do senhor, durante
alguns dias da semana.
Talha – Era o pagamento feito pelo servo, correspondente a uma parte da produção
obtida no manso servil.
Banalidades – Eram os pagamentos feitos pelo servo pelo uso do forno, do moinho ou
de qualquer outra dependência pertencente ao senhor feudal.
Mão-morta – Quando um servo morria, seus herdeiros pagavam uma taxa para o
senhor feudal a fim de continuar na terra e assumir o lugar do pai.
Tostão de Pedro – Relativo ao dízimo pago pelo servo à Igreja.
A posição social a ser ocupada por um indivíduo era determinada pelo seu nascimento.
Dessa maneira, um filho de nobre era sempre um nobre, enquanto um filho de servo seria
sempre um servo. Isso demonstra que o feudalismo era uma sociedade estamental, ou seja, um
indivíduo que pertencesse a um determinado grupo dificilmente passaria a pertencer a outro.
Quase não havia mobilidade social.
A divisão mais conhecida e aceita da sociedade feudal era: aqueles que guerreavam
(os nobres), aqueles que rezavam (o clero da Igreja Católica) e aqueles que trabalhavam (os
servos). Contudo, é preciso ressaltar que havia ainda pequenos proprietários rurais, cujas ter-
ras, além de pequenas, ficavam em áreas não muito propícias à agricultura, o que os tornava
dependentes dos grandes senhores. Esses homens, chamados vilões, recebiam um tratamento
mais brando do que os servos da gleba.
• O clero
Quando se pensa em Idade Média, certamente vem a Igreja Católica na cabeça. Afinal
de contas, ela era a principal instituição da época, a qual não apenas ensinava a moral e os
costumes, como também possuía terras e mosteiros com escolas e locais para atendimento aos
pobres e doentes.
Neste tempo, não havia unidade social, nem política, tudo era descentralizado. O único
vínculo de unidade existente era o da fé cristã.
A Igreja detinha praticamente todo o conhecimento da época em suas grandes
bibliotecas e monastérios. Mesmo com as invasões bárbaras a Igreja conseguiu preservar livros
de filosofia e literatura, entre outros.
Além disso, ela mantinha trabalho de cópia e tradução do grego para o latim. Incentivava o
ensino da aritmética, geometria, astronomia e música (quadrivium); e da gramática, retórica e
lógica (trivium).
Ressalte-se que a Igreja foi a criadora das universidades. Havia também incentivo ao
trabalho, regra inclusive predominante na vida monástica, junto à vida de oração.
A mobilidade social não era entendida como hoje se pensa em mudança de classes. Era
comum cada indivíduo permanecer no seu grupo e se desenvolver, porém era possível a
mudança. Alguns camponeses tornavam-se religiosos ou capitães, assim como também nobres
se tornavam membros do clero.
• A nobreza – laços de suserania e vassalagem – características políticas do feudalismo
Apesar de existirem reis, eles não possuíam muito poder político. São as figuras dos
senhores feudais que mais chamam atenção. Afinal, eles eram os maiores proprietários de
terra, controlavam as atividades econômicas e tinham pequenos exércitos capazes de defender
seus vassalos.
Os senhores tinham total poder sobre seus feudos. Podiam ter suas próprias leis e seu
próprio sistema de justiça. Além disso, eram eles que começavam ou terminavam guerras,
sendo responsáveis pela defesa militar e proteção das suas propriedades.
Logo, os poderes jurídico, político e econômico eram monopolizados pelo senhor
feudal. Em seus feudos eles decidiam tudo. Criavam suas próprias leis, eram os juízes,
formavam seu próprio exército e declaravam guerras.
A relação de suserania – o nobre podia também ser chamado de suserano e doava um
feudo a algum outro nobre. Esse que recebia a doação era chamado vassalo. Por essa doação
ele se comprometia com seu suserano, tornando-se fiel a ele e ajudando-o militarmente se
necessário. O suserano maior era o rei.
• Os servos
Servos não eram escravos, eram tratados como pessoas. Nem o escravo romano tinha uma
liberdade como a do servo nesse tempo, pois o senhor feudal não tinha direito sobre suas vidas,
já que eles faziam um pacto com seus senhores espontaneamente. Ou seja, sem coerção.
Sua função era cultivar a terra e seu produto servia tanto para seu sustento e de sua
família (sim, eles podiam se casar e constituir família) como para o do senhor que o protegia e
sedia a terra. Caso o servo morresse, sua terra e seus bens ficavam para os seus filhos, afinal
não era lícito ao senhor vender as terras de seu servo.
O pacto que unia um senhor e um vassalo era a palavra, nada era assinado. Tratava-se
de um juramento sagrado e que era respeitado na maior parte das vezes.
Contudo, não eram só os servos que faziam trabalhos braçais. Existiam também os “vilões”
(não, não eram pessoas que praticavam o mal), eles eram homens que viviam em vilas, fora
dos feudos e muitas vezes prestavam serviços aos lordes.
• Os camponeses tinham menos condições que seus senhores. Alguns sofriam abusos e
viviam na miséria, outros viviam com tranquilidade tirando o que era necessário para viver
bem, outros ainda até conseguiam certa ascensão quando alguma nobreza enfraquecia e eles se
tornavam verdadeiros donos da terra.
A sociedade feudal era totalmente rural, pois a vida girava em torno dos feudos. As
cidades, por essa época, ficaram praticamente abandonadas. A riqueza, portanto, consistia na
posse de terras, privilégio detido apenas pelos nobres e pela igreja e que eles tratavam de
manter somente para si. As leis, baseadas na tradição e nos costumes (Direito Consuetudinário,
herdado dos germânicos), juntamente com a Igreja Católica, legitimavam as relações sociais.
A economia feudal
No feudo eram produzidos os alimentos necessários aos servos e ao nobre, bem como roupas,
instrumentos de trabalho e armas. Os camponeses pagavam impostos ao senhor em produto
(parte da colheita) em trabalho nas terras senhoriais (corveia) ou em dinheiro. Também os
habitantes das cidades (burgo) tinham que pagar uma taxa ao senhor das terras em que se
localizavam. O feudo estava dividido em três partes:
• Manso senhorial ou domínio: área explorada pelos servos diretamente em benefício do
senhor, dentro da qual se erguia o castelo;
• Manso servil: correspondente a terras arrendadas pelos servos para exploração própria,
mas das quais deviam varias obrigações e taxas ao senhor feudal;
• Manso comunal: formado por terras – normalmente pastos e bosques – de uso comum
de senhores e camponeses.
Dentro da estrutura feudal, os campos abertos (manso comunal) eram de uso coletivo,
também fazia parte os bosques, a coleta de madeira para diversas atividades, como lenha e
construção de utensílios diversos. A reserva senhorial, terra, borque, pomar, tudo pertencia
exclusivamente ao senhor, tudo que era produzido era de sua propriedade privada, não dividia
com os servos, pois os mesmos já tinham suas faixas de terra para plantar e pagar seu
arrendamento ao senhor feudal. O castelo era de uso exclusivo do senhor feudal, mas também
abrigava artesões, ferreiros e dava proteção aos servos quando atacados por outros senhores em
busca de novas terras, para anexar a seus feudos. O senhor também detém a terra e o poder –
incompleto – sobre os servos; cabe a esses uma pequena posse individual, as ferramentas,
fornece ao senhor uma contribuição que é inicialmente em trabalho, e ligava-se ao senhor por
uma relação de dependência.
A agricultura na Alta Idade Média teve um aumento de produção, visto que novas
técnicas forma empregadas para um bem comum. Uma forma de plantio foi empregada, o
sistema trienal que tem uma eficácia e forma de regeneração do solo, perfazendo assim, uma
rotatividade de plantio, assim um aumento de produção agrícola.
SOCIEDADE FEUDAL
O Trabalho Feudal
O trabalho na sociedade feudal estava fundado na servidão, relação que mantinha os
trabalhadores preso aterra e subordinados a uma série de obrigações em impostos e serviços.
Nessa época era comum que as pessoas nascessem, vivessem e morressem sem jamais sem sair
do mesmo lugar, atrelados às obrigações para como o senhor de feudo. A exploração do
trabalho serviu era legitimada pela a Igreja. Na ordenação dos papeis sociais, sua concepção
ideológica contribuía para isso. Para a Igreja, cada membro da sociedade tinha deveres a
cumprir em sua passagem pela terra, o que disseminava uma mentalidade favorável à condição
subordinada dos servos. Segundo a Igreja, era dever do servo trabalhar, do clérigo rezar e do
nobre proteger militarmente a sociedade. A servidão é uma forma de obrigação imposta o
produtor pela força e independentemente de sua vontade para satisfazer certas exigências
econômicas de um senhor, quer tais exigências tomem a forma de serviços a prestar ou de
taxas apagar em dinheiro ou em espécie. Os servos deviam uma serie de obrigações para os
senhores, normalmente conhecidas como impostos feudais.
As Heresias e a Inquisição
As heresias eram as seitas, facções ou orientações contrárias aos dogmas da Igreja. Em
vários momentos da Idade Média, grupos de fiéis contestavam os dogmas, sendo taxados de
hereges pelo clero.
Entre as diferentes heresias estavam a dos valdenses e a dos albigenses, ambas
surgidas no século XII. Os valdenses pregavam que, para salvar a alma, o fiel não precisava de
padres.
Os albigenses acreditavam em um Deus do bem, criador das almas, e um Deus do mal,
que havia encerrado as almas no corpo humano para fazê-lo sofrer.
Com base nesses princípios eles estimulavam o suicídio e eram contra o casamento,
para evitar a procriação.
A Igreja empreendeu verdadeira guerra contra os hereges. Ainda no século XIII ela criou
a Inquisição, também chamada Tribunal do Santo Ofício, para investigar, julgar e condenar os
hereges.
A Inquisição foi responsável pela morte de milhares de judeus, árabes e cristãos
considerados hereges.
"A Inquisição foi um dos eventos mais importantes da Idade Média. Nela, todos aqueles que não
seguiam a doutrina da Igreja eram perseguidos e mortos."
O movimento cruzadista
O crescimento comercial estimulou o primeiro movimento de expansão militar do
Ocidente cristão. O motivo oficial da primeira Cruzada foi de inspiração política e religiosa.
Convocada pelo papa Urbano II tinha como objetivo conquistar Jerusalém, a Chamada terra
Santa, considerado o berço do cristianismo.
Para encorajar a participação nas Cruzadas, a Igreja concedeu indulgência plena, isto é, perdão
de todos os pecados para aqueles que morressem em combate. Partiram para a Terra Santa
muitos cavaleiros da nobreza feudal e outros tantos cavaleiros errantes, homens sem feudo
cujas oportunidades de ascensão social estavam restritas aos prêmios em torneios, ao serviço
mercenário e, com muita sorte, à possibilidade de casar com uma dama da alta nobreza.
Essa união de forças em torno de uma causa comum diminuiu os frequentes conflitos
entre os senhores feudais pela posse da terra. Até então o clero havia se esforçado para pôr um
fim à violência dos guerreiros e proteger de seus ataques o restante da sociedade desarmada.
As Cruzadas foram uma série de guerras realizadas pela Igreja Católica entre os anos
de 1096 e 1272 e que tinham como objetivo declarado a reconquista da Terra Santa -
Jerusalém.
Ao longo de 200 anos, foram realizadas 9 Cruzadas oficiais e duas extraoficiais. As
cruzadas foram guerras violentas, causaram muitas mortes e, considerando seu objetivo
principal, foram um fracasso.
As Cruzadas, também chamadas de Guerra Santa, receberam esse nome porque os
cruzados utilizavam uma cruz - símbolo do cristianismo - estampada em suas vestimentas
durante as batalhas.
Apesar da motivação declarada de reconquistar jerusalém, as Cruzadas também tiveram
outras motivações, como conquistas territoriais, busca por riquezas e novas rotas comerciais.
"A Baixa Idade Média foi uma época de crescimento urbano e comercial, de
consolidação do poder dos reis, de formação de Estados Nacionais, de surgimento de línguas
nacionais etc."
A Baixa Idade Média (século X ao XIV) foi marcada por profundas transformações na
sociedade, as quais conduziram à superação das estruturas feudais e à progressiva estruturação
do futuro modo de produção capitalista..
No plano econômico, um sistema agrícola de autossuficiência foi substituído por uma
economia comercial. No plano social, a hierarquia estamental foi se desintegrando, surgindo
paralelamente um novo grupo social ligado ao comércio: a burguesia. Politicamente, o poder
pessoal e universal dos senhores feudais foi sendo gradualmente substituídos pelo poder
centralizador dos soberanos, originando as monarquias nacionais européias.
IDADE MODERNA
07- Formação dos Estados Modernos
O Estado Moderno
A idade moderna inicia-se em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos e
estende-se até 1789 com o início da Revolução Francesa. O século XV marcou uma nova fase
do processo histórico da Europa Ocidental. Estruturou-se uma nova ordem socioeconômica –
O Capitalismo Comercial. A nobreza mantinha as “aparências” de poder por causa das suas
terras e títulos. Embora estivessem em dificuldades financeiras, ainda sim, a alta burguesia
queria se estabelecer e permanecer no poder com as novas regras da economia. Já a pequena
burguesia ascendente, mesmo com próspero comércio, não conseguia ser a classe dominante
junto à aristocracia.
A Idade Moderna, na verdade, pode ser considerada como um período de transição,
que valorizou o comércio e a capitalização, que serviriam de base para o desenvolvimento do
sistema capitalista.
08 - O mercantilismo
Pacto colonial
Sistema que consistia na passagem obrigatória pela metrópole dos produtos que
entravam ou saíam da colônia. Todos os produtos manufaturados da metrópole deveria
produzir, de acordo, com as exigências do mercado, para garantir lucros à coroa e a burguesia.
A Espanha logo enriqueceu, por causa do acúmulo de metais preciosos. Mas o
excesso desses metais gerou em longo prazo, problemas para a economia espanhola. Tanto que
diminuiu as atividades agrícolas fazendo a Espanha ficar dependente das importações. Esse
problema também se espalhou por outros países europeus.
Esta crise favoreceu os países produtores como França, Holanda e Inglaterra, a
fortificar suas exportações e acumular capital, visto que estes países se voltaram para o
comércio exterior favorecendo novas tecnologias agrícolas para a produção como meio de
entesouramento.
09 - O absolutismo
O Absolutismo foi o sistema político e administrativo dos países europeus nos séculos
XVI ao XVIII.
Nele, o soberano centralizava todos os poderes do Estado em suas mãos, sem prestar contas à
sociedade.
A fim de controlar as revoltas camponesas, parte da nobreza apoia que o rei seja mais
poderoso. Igualmente, o monarca recebe auxílio da burguesia, pois a centralização significava
a padronização das políticas fiscais e monetárias.
O clero também admira este movimento, pois era uma forma da Igreja continuar a não
pagar impostos e seguir cobrando várias taxas.
Para concentrar o poder em suas mãos, o rei precisou acabar com os exércitos
particulares, proibir a cunhagem de diferentes moedas e centralizar a administração do reino.
Para se manter no poder, a burguesia fomentou um papel muito importante de apoio ao
rei, pois o rei precisava de proteção e segurança em seu poder absoluto, do outro lado, a
burguesia queria mesmo um poder que fortalecesse a economia, pois dessa forma, suas
relações comerciais também estariam fortes.
A Igreja Cristã, por sua vez representada pelo clero, apoiava o rei para que eles também
se mantivessem no poder e tivessem uma série de privilégios e riquezas.
A população mantinha as demais classes e era sobrecarregada com impostos e diversas
obrigações. Explorados, eram constantemente coagidos e reprimidos.
Teóricos do absolutismo
Os teóricos absolutistas escreveram sobre o novo regime político que estava nascendo.
Destacamos os mais importantes:
Nicolau Maquiavel (1469-1527): defensor do Estado e dos soberanos fortes, os quais
deveriam lançar mãos de todos os meios para garantir o sucesso e a continuidade no poder.
Maquiavel se afasta da justificativa religiosa e descreve a política como algo racional e sem
interferência espiritual.
Thomas Hobbes (1588-1679): segundo Hobbes, para fugir da guerra e do estado de
barbárie, os homens uniram-se num contrato social e atribuíram poderes a um líder para
protegê-los. Este, por sua vez, deveria ser forte o suficiente para não deixar os seres humanos
se matarem entre si e garantir a paz e a prosperidade.
Jean Bodin (1530-1596): associava o Estado à própria célula familiar, onde o poder
real seria ilimitado, tal qual o chefe de família. Assim, o absolutismo seria uma espécie de
família onde todos deviam obediência a um chefe. Este, por sua vez, seria encarregado de
protegê-los e provê-los.
Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704): defendeu o absolutismo a partir do "direito
divino dos reis". Para ele, o poder era entregue pelo próprio Deus ao soberano e assim, a
vontade do rei era a vontade de Deus. Bossuet foi o principal teórico do absolutismo do rei
Luís XIV.
O Estado absolutista se caracteriza por centralizar o poder e fazer valer a mesma lei
em todo território do reino.
Desta maneira, o rei administrava apenas com a ajuda de alguns ministros. Em alguns
países, existiam assembleias, mas esta só se reuniam quando convocadas pelo soberano.
O Absolutismo estabeleceu uma burocracia civil capaz de auxiliar o Estado. Isto
significava que somente o governo central estabeleceria padrões monetários e fiscais iguais
para todos. Assim, antigas medidas como "varas" e "onça" vão sendo abandonados e
substituídos por "metros" e "quilos".
Igualmente, somente o rei poderia cunhar moedas e garantir seu valor. A conservação e
a segurança das estradas também seriam atribuições reais, uma medida que agradou os
burgueses.
Da mesma forma, apenas um idioma foi escolhido para se tornar a língua falada em todo
reino. Um exemplo foi o francês, em detrimento das línguas regionais. Vemos este fenômeno
ocorrer na Espanha e até no Brasil, com a proibição de se usar a “língua geral”.
O Estado Absolutista surgiu ainda na Idade Média, no cenário socioeconômico do
sistema feudal. Porém, o feudalismo passava por crises, já que questionava-se porque o poder
se centralizava apenas nas mãos dos senhores feudais.
É no decorrer dessa crise que o modelo econômico capitalista tem seu início nos meios
de produção. Isso aconteceu porque acreditava-se que, naquele momento, o feudalismo servia
como empecilho para o desenvolvimento econômico.
É durante essa gradual mudança dos modos de produção, que o poder começa a ser
centralizado nas mãos dos reis.
Os senhores feudais perdem forças políticas e econômicas, enquanto as forças nacionais
(poder bélico) e os benefícios concedidos à nobreza passam a crescer.
É nesse contexto, entre os séculos XVI e XVIII, que nasce e se consolida o Estado
Absolutista, com o poder político e econômico ilimitado nas mãos dos monarcas.
10 - Grandes Navegações
A grande crise dos séculos XIV e XV, marcada pela Guerra dos Cem Anos entre
França e Inglaterra durante o século XIV, desestabilizou as rotas comerciais que cruzavam a
França, essas eram importantes para a articulação do comércio continental, ficaram
comprometidas pela guerra, tornando necessário o estabelecimento de caminhos alternativos.
Ao mesmo tempo, a Peste Negra devastou a população européia em muitas áreas, levando à
violenta retração dos mercados consumidores e, portanto, da atividade comercial. Finalmente a
fome generalizada, provocada pela escassez de alimentos que configuraram no cenário de
destruição da guerra, completou o contexto do que ficou conhecido como a crise do século
XIV.
A diminuição da população européia criou uma situação na qual a retomada da
atividade comercial se faria de forma lenta, na mesma medida da própria expansão
demográfica. O desvio de metais preciosos para o Oriente, com o objetivo de se comprarem
especiarias e outros artigos de luxo, favoreceu para o esgotamento das minas de metais
preciosos de ouro e prata no continente europeu, tornando limitada a oferta de moedas,
estrangulando o comércio. E, finalmente, o monopólio da lucrativa rota mediterrânea das
especiarias, exercido pelas cidades italianas, notadamente Veneza, restringia a possibilidade de
lucros de outras cidades europeias.
Esses fatores acabaram de forçar a burguesia européia a buscar novas rotas
alternativas para expandir o comércio, e a saída evidente era a navegação atlântica. Teve
origem aí o processo de expansão marítima européia. A empreitada de enfrentar a
desconhecida navegação no Oceano Atlântico exigia investimentos de vulto, que estavam
muito além das possibilidades de qualquer cidade europeia isoladamente. Em outras palavras,
era necessária a mobilização ampla de recursos, o que foi feito em escala nacional, tornando a
centralização monárquica um verdadeiro pré-requisito para a expansão marítima da Europa.
As Grandes Navegações aconteceram entre os séculos XV e XVI e representaram um
período de expansão do comércio e do mercantilismo da Europa.
Foram viagens realizadas por navegadores europeus, com grande destaque aos
portugueses e espanhóis, que empreenderam em busca de novas rotas essencialmente por
razões econômicas e territoriais. O período também é conhecido como a Era dos
Descobrimentos.
As Grandes Navegações fazem parte da Expansão Marítima Europeia, que permitiu que
europeus navegassem para diversos continentes (como as Américas e a África) e descobrissem
rotas até então inéditas.
Pioneirismo português
Os portugueses foram os primeiros navegadores que se direcionaram ao Continente
Americano em busca de novas rotas. Seu pioneirismo se deve a alguns fatores:
Portugal foi um dos primeiros países a compor um Estado Nacional;
Já possuía experiência de navegação;
O país possuía uma localização geográfica privilegiada.
A primeira navegação portuguesa ocorreu no ano de 1415, quando embarcações chegam
à ilha de Ceuta, no Continente Africano. As navegações até Ceuta ocorreram motivadas por
uma crise de metais preciosos que havia atingido Portugal. O estopim da crise aconteceu a
partir da proibição de exportação de ouro, o que aconteceu logo no princípio do século XV. A
proibição criou empecilhos à produção de moedas, que eram feitas a partir desse metal
precioso.
Depois da primeira, foram realizadas outras navegações portuguesas importantes. São
alguns exemplos: chegada aos Açores (1419), a Cabo Verde (1444), ao Cabo da Boa
Esperança (1488) e a chegada de Vasco da Gama (1469-1524) à Índia (1498).
Caravela de São Cristóvão: o navegador Bartolomeu Dias chegou ao Cabo da Boa Esperança
(África do Sul) em 1488.
Já a primeira chegada em território brasileiro aconteceu no ano de 1500, quando as
embarcações capitaneadas por Pedro Álvares Cabral (1467-1520) chegam à região de Porto
Seguro.
As Navegações Espanholas
Pouco antes de a expansão marítima portuguesa atingir seu objetivo de chegar às Índias, a
Espanha acabou por organizar expedições atlânticas, tornando-se a segunda monarquia
europeia a fazê-lo. A primeira viagem espanhola, bastante modesta, foi concebida em 1492,
por um navegador genovês, Cristóvão Colombo. Partiu do porto de Palos na Espanha, no mês
de agosto, em três caravelas (Nina, Pinta e Santa Maria) com o propósito de atingir as Índias
contornando o globo terrestre, navegando sempre em direção ao Ocidente. Assim, buscava-se
uma rota alternativa àquela controlada pelos portugueses no sul, em torno da África. Colombo
chegou ao continente americano pensando ter alcançado as Índias e morreu acreditando nisso.
Atlântico, Somente em 1504 desfez-se o engano, quando o navegador Américo Vespúcio
confirmou tratar-se de um novo continente.
A essa altura, portugueses e espanhois, espalhados pelo Atlântico detinham o
monopólio das expedições oceânicas, sendo seguidos por outras nações a partir do início do
século XVI, especialmente França e Inglaterra. Entretanto, os dois reinos ibéricos já haviam
decidido a partilha do mundo antes mesmo que outras nações começassem a se aventurar nos
novos territórios: em 1493, a bênção do papa Alexandre VIU a esse acordo levaram à edição
da Bula Intercoetera, substituída no ano seguinte pelo tratado de Tordesilhas.
Esse estipulava que todas as terras situadas a oeste do meridiano de Tordesilhas (a 370
léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde) pertenceriam à Espanha, enquanto as terras
situadas a leste seriam portuguesas, como é possível observar no mapa. Outras nações
européias rejeitaram esse tratado, e a disputa pelos territórios recém “descobertos” seria um
marco na Idade Moderna, que se iniciava.
A primeira chegada espanhola em território brasileiro também aconteceu em 1500,
quando o navegador Vicente Pinzón (1462-1514) chegou à região do estado do Amazonas.
Destacam-se ainda nas navegações espanholas: chegada à região da Venezuela (1499), a
primeira viagem de circum-navegação (1519) empreendida por Fernão de Magalhães (1480-
1521) e Juan Sebastián Elcano (1476-1526) e a chegada ao Paraguai (1537).
11 - Renascimento
12 - O Humanismo Renascentista
A Ciência Renascentista
A pesar da interferência da Igreja católica, que continuava impondo dogmas, a
ciência desenvolveu- se durante o renascimento cultural. Dentre os vários expoentes da
ciência renascentista, podemos destacar:
Leonardo da Vinci: foi o pioneiro na elaboração de um mapa-múndi
mostrando o continente americano. Criou projetos de engenhos voadores e
fez estudos sobre anatomia humana.
Nicolau Copérnico: combateu o modelo geocêntrico e propôs um modelo
heliocêntrico, com o Sol no centro do sistema solar.
Giordano Bruno: rompeu com a visão aristotélica de um mundo estático,
sugerindo a idéia de um Universo infinito. Foi torturado e morreu queimado
da fogueira da Inquisição.
Galileu Galilei; foi primeiro cientista a utilizar um pêndulo para medir
intervalos de tempo. Aperfeiçoou o telescópio de refração e descobriu os
satélites de Júpiter. Por defender a teoria heliocêntrica de Copérnico, foi
forçado a se retratar perante a Igreja católica.
Reforma da Igreja
A Renascença havia revitalizado a vida intelectual europeia, e nesse processo,
descartara a preocupação medieval com a teologia. De modo semelhante, a Reforma marcou o
início de uma nova perspectiva religiosa. Contudo, a Reforma protestante não teve origem nos
círculos elitista dos eruditos humanistas. Ela foi desencadeada por Martinho Lutero (1483-
1546), um desconhecido monge alemão e brilhante teólogo. A rebelião de Lutero contra a
autoridade da Igreja fragmentou, em menos de uma década, a unidade da cristandade. Iniciada
em 1517, a Reforma dominou a história da Europa ao longo de grande parte do século XVI.
A Igreja Romana, sediada em Roma, era a única instituição europeia que transcendia
as fronteiras geográficas, étnicas, linguísticas e nacionais. Durante séculos, estendera sua
influência sobre cada aspecto da sociedade e da cultura europeia. O resultado, porém, foi que
sua imensa riqueza e poder parecem ter superado seu compromisso com a busca da santidade
nesse mundo e da salvação no seguinte. Obstruído pela riqueza, viciado no poder internacional
e protegendo seus próprios interesses, o clero, do papa abaixo, tornou-se alvo de um
bombardeio de críticas, iniciado na Baixa Idade Média.
O Contexto da Reforma
O processo de centralização monárquica, em andamento na Europa desde o final da
Idade Média, tornou-se tenso o relacionamento entre os reis e a Igreja, até então detentora de
sólido poder temporal. Assim, além do domínio espiritual sobre a população, os membros do
clero detinham o poder político- administrativo sobre os reinos. Roma – Isto é, o papa –
recebia tributos feudais provenientes das vastas que essa prática passasse a ser questionada
pelos monarcas.
Dentro da própria Igreja, dois sistemas ideológicos se defrontavam. De um lado, o
tomismo, corrente predominante assumida especialmente pela cúpula romano-papal, que via
no livre-arbítrio e nas boas obras o caminho para a salvação. Do outro, a teologia agostiniana,
fundada no princípio da salvação pela fé e predestinação.
Um ingrediente poderoso na crise religiosa que se delineava foi a desmoralização do
clero. Os abusos e o poder excessivo de seus membros (do alto e baixo clero) contradiziam
abertamente suas pregações moralizadoras. Embora condenassem a usura e desconfiasse do
lucro, os membros da Igreja praticavam-nos de forma desenfreada. O comércio de bens
eclesiásticos, o uso da autoridade para garantir privilégios, o desrespeito ao celibato clerical e
até a venda de cargos eclesiásticos não eram raros na Igreja desde o final da Idade Média. O
maior escândalo talvez fosse o da venda de indulgencias, isto é, do perdão dos pecados
cometidos pelos fiéis em troca de pagamentos a religiosos.
Nas universidades, o movimento de crítica ganhava vulto, principalmente em Oxford,
na Inglaterra, com John Wyclif, e em Praga, na Boêmia (Sacro Império Romano-Germânico),
com João Huss. Wyclif atacou severamente o sistema eclesiástico, a opulência do clero e a
venda da indulgencias, defendendo o confisco dos bens da Igreja na Inglaterra e a adoção dos
votos de pobreza material do cristianismo primitivo. Huss encampou as críticas de Wyclif e
associou-se à independência da boêmia, que estava sob domínio do Sacro Império, sendo seus
seguidores chamados de hussitas. Huss acabou sendo preso, condenado e queimado por
decisão do Concílio de Constança, em 1415.
A Reforma Luterana
O grande rompimento iniciou-se na Alemanha, região do Sacro Império Romano-
Germânico. A Alemanha era ainda basicamente feudal, agrária, com alguns enclaves mercantis
e capitalistas ao norte. A Igreja era particularmente poderosa no Sacro Império, onde possuía
cerca de um terço do total das terras. A nobreza alemã por essa razão encontrava-se ansiosa
por diminuir a influência da instituição, além de cobiçar suas propriedades, o que estimulou
ainda mais o rompimento.
A Reforma teve início com Martinho Lutero (1483-1546), membro do clero e professor
da Universidade de Wittenberg. Crítico pregava a teologia agostiniana da predestinação,
negando os jejuns e outras práticas comuns apregoados pela Igreja. Em 1517, em Wittenberg,
o monge insurgiu-se contra a venda de indulgência realizada pelo dominicano João Tetzel,
escrevendo um documento conhecido como As 95 teses, que radicalizava publicamente suas
críticas à Igreja e ao próprio papa. Em 1520, o papa Leão X redigiu uma bula condenando
Lutero, exigindo sua retratação e ameaçando-o de excomunhão.
Queimando a bula em público, a reação de Lutero agravou a situação, ampliando suas
consequências. Estabeleceu-se uma verdadeira crise política, na qual a nobreza alemã dividiu-
se, em parte a favor, mas, em sua maioria, contra o papa. O imperador Carlos V convocou uma
Assembléia, chamada Dieta de Wornms, em 1521, na qual o monge foi considerado herege.
Acolhido por parte da nobreza, Lutero passou a dedicar-se à tradução da Bíblia do latim para o
alemão e a desenvolver os princípios da nova corrente religiosa. Mais tarde, em 1530, a
Confissão de Augsburgo fundamentou a doutrina luterana. Seu conteúdo incluía:
• O principio da salvação pela fé, rejeitando o tomismo;
• A livre leitura da Bíblia, vista como único dogma da nova religião (daí a importância de
tê-la traduzida para o idioma comum do povo);
• A supressão do clero regular, do celibato clerical e das imagens religiosas (ícones);
• A manutenção de apenas dois sacramentos: o batismo e a eucaristia;
• A utilização do alemão, em lugar do latim, nos cultos religiosos;
• A negação da transubstanciação (transformação do pão e vinho no corpo de e sangue de
Cristo), aceitando-se pão e vinho como um todo, o corpo de Cristo;
• A submissão da Igreja ao Estado.
A Contra Reforma
A expansão das doutrinas protestantes pela Europa gerou uma reação da Igreja, que
buscou reverter o quadro, num movimento que ficou conhecido como Contra Reforma. Uma
iniciativa pioneira foi à fundação da Companhia de Jesus, ordem religiosa criada pelo ex-
soldado espanhol da região basca Ignácio de Loyola. Organizando em rígida hierarquia e
submetidos a uma disciplina quase militar, os “soldados de Cristo”, como foram chamados,
buscaram combater o protestantismo por meio do ensino e da expansão da fé católica. Daí
deriva o projeto da catequese indígena na América e nos demais continentes onde havia
colônias europeias.
Em 1542, o papa Paulo III convocou o Concilio de Trento, com o objetivo de discutir
assuntos religiosos, inclusive com teólogos protestantes. Nenhum consenso foi possível, e o
Concilio acabou apenas por reafirmar os princípios católicos, condenado o protestantismo.
Entretanto, algumas medidas moralizadoras começaram a ser tomadas, como a proibição da
venda de indulgências e a criação de escolas para a formação de eclesiásticos. Pouco antes do
Concilio de Trento, o papa restabeleceu a Inquisição, agora sob a forma do tribunal do Santo
Ofício. Sempre em nome do combate ás heresias e comandada pelo superior da ordem
jesuítica, nas décadas seguintes, a Inquisição condenou a tortura e a morte milhares de pessoas
na Europa e nas colônias além-mar.
Foi criado o Index, lista de livros proibidos pela Igreja católica. Qualquer obra
considerada contraria aos princípios da fé, incluindo livros científicos (de Galileu Galilei,
Giordano Bruno, entre outros), as Bíblias protestantes e, inúmeros outros autores, faziam parte
dessa lista.
A Contra Reforma não destruiu o protestantismo, mas limitou a sua expansão. Seu
sucesso mais duradouro encontra-se na América, onde as iniciativas catequéticas dos jesuítas,
nos séculos XVI e XVII, deram frutos, sendo hoje a América Latina o local de maior
concentração de católicos no mundo.
14 - O Iluminismo
Importância do Iluminismo
Progresso da ciência
Durante esse período, o conhecimento rompe as fronteiras da imaginação e passa a ser
construído com base em observações científicas, com experimentos empíricos.
Foi nesse momento que o homem descobriu como funcionava a órbita dos planetas e a
circulação sanguínea no corpo humano. A criação do microscópio permitiu que o campo de
visão fosse ampliado e a compreensão da natureza fosse expandida.
Descobriu-se a eletricidade, o processo de formação do planeta Terra, o princípio de
funcionamento das vacinas, a existência de bactérias e protozoários e a lei da gravitação
universal.
Todos esses avanços na ciência foram fundamentais para que a Revolução Industrial
fosse possível anos mais tarde.
Desenvolvimento da política
Os iluministas também foram responsáveis pela evolução do pensamento político e do
papel do Estado na sociedade. Em geral, esses pensadores se opunham aos regimes absolutistas,
nos quais uma pequena parcela da população gozava de privilégios e o restante da população era
oprimida.
O ponto central das discussões políticas dos iluministas eram as liberdades individuais
dos cidadãos. Para esses filósofos, o Estado deveria garantir os direitos individuais, a liberdade
de expressão, igualdade jurídica, justiça e a posse de bens.
Os princípios democratizantes, no entanto, não foram aplicados em todos os países
influenciados pelos ideais iluministas. Em alguns países formou-se o que se convencionou
chamar "despotismo esclarecido", um sistema político absolutista que implementava algumas
ideias do iluminismo.
Nesses países, os monarcas continuavam exercendo seu poder absoluto, mas deveriam
conhecer os princípios iluministas ou ser assessorados por filósofos dessa corrente.
Nesses casos, no entanto, não se realizaram reformas no sentido de reestruturar a
sociedade ou de garantir maior participação do povo nas decisões políticas.
Pensadores Iluministas
Conheça alguns dos principais filósofos iluministas e suas ideias:
A origem do iluminismo
Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, a sociedade europeia foi marcada por
forte influência da Igreja Católica.
A igreja defendia uma visão teocêntrica da sociedade e boa parte do conhecimento era
fruto das crenças religiosas, de profecias e do próprio imaginário das pessoas.
Entre o final da Idade Média e início da Idade Moderna, o progresso da ciência
começa a colocar em questão muitos conhecimentos e o próprio entendimento do mundo
proposto pela religião.
A descoberta de que a Terra não era o centro do universo, por exemplo, abalou a
supremacia do conhecimento eclesiástico.
O regime absolutista também era outro fator de insatisfação de boa parte da população.
Essas sociedades eram divididas em estamentos e o clero e a nobreza - que estavam no topo da
pirâmide social - gozavam de privilégios, que eram sustentados com os impostos do povo.
Esse conjunto de descontentamentos por parte da população levaria à Revolução
Francesa, que foi inspirada nas ideias iluministas e representa o principal marco desse
movimento intelectual.
Entenda também o significado de absolutismo e conheça as características do
absolutismo.
Iluminismo no Brasil
Os ideais iluministas no Brasil motivaram a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração
Fluminense (1794), a Revolta dos Alfaiates na Bahia (1798) e a Revolução Pernambucana
(1817). Por aqui, também se defendia a liberdade econômica e política e o fim do absolutismo.
O Iluminismo serviu de motivação para os movimentos separatistas do século XVIII no
Brasil e teve uma grande importância no desenvolvimento político do país.
15 - Revolução Francesa
• O pensamento iluminista;
A influência da Revolução Americana na economia e no imaginário da França;
A desigualdade entre diferentes grupos sociais;
Uma grande crise econômica que gerou fome e mortes.
Todas essas razões estão ligadas entre si, mas vamos entender o que foi cada uma.
O Iluminismo surgiu no começo do século, e teve grande influência sobre os intelectuais e
a burguesia daquele período em toda a Europa. Esse movimento defendia valores do
humanismo e da razão, colocando o ser humano e a busca pelo conhecimento científico como
as fontes das quais deveriam emanar todo o poder e as decisões da sociedade. No pensamento
iluminista, não havia mais espaço para monarcas com poderes absolutos nem para a crença
religiosa como a fonte para justificar estruturas de poder.
Os ideais iluministas eram disseminados facilmente por todo o país, com textos
circulando por gazetas e folhetins. Essa corrente de pensamento prosperou entre os intelectuais
da Europa desde a França, com pensadores como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, e
Mostesquieu, até a Itália, Alemanha e Inglaterra, onde viveu John Locke, o “pai do
Liberalismo”. Esses nomes são conhecidos até hoje como baluartes da liberdade e dos direitos
individuais dos cidadãos.
O Primeiro Estado
O Primeiro Estado francês era composto pelo clero da Igreja Católica, que ao longo da
Idade Média exerceu uma hegemonia religiosa e política na França com poderes comparáveis
aos do rei. Uma figura de destaque que representa bem o quão forte eram os membros da Igreja
é o Cardeal de Richelieu, que no início do século XVII, como ministro do rei Luis XIII, liderou
os exércitos da França em guerras por todo do continente, como a Guerra dos Trinta Anos.
Mas o clero não contava apenas com o poder de influenciar o rei em suas decisões, a
Igreja também era proprietário de mais de 20% das terras da França e detinha uma fortuna
significativa em ouro e outros bens.
O Segundo Estado
A nobreza compunha o Segundo Estado francês, e era formada pelos aristocratas. Esse
grupo estava em decadência antes de a revolução começar, pois vinham de uma tradição feudal
de vassalagem que estava se dissolvendo conforme os camponeses se tornavam livres e
deixavam as terras dos senhores. Essa aristocracia, que baseava seu poder em títulos e
influência por meio de cargos públicos, representava algo que a revolução queria derrubar: os
privilégios.
O Terceiro Estado
“O que é o Terceiro Estado? – Tudo.
O que ele tem sido até agora na política da França? – Nada.
O que ele quer? – Quer ser algo.”
O Terceiro Estado
Era composto pela burguesia que estava nascendo na França naquele período, pelos
trabalhadores das cidades e pelos camponeses, sendo que esses últimos correspondiam a quase
80% do total da população francesa.
Os burgueses estavam em um momento de ascensão na França durante o século XVIII,
com o fim do regime feudal e o início da urbanização. Essas pessoas eram, em sua maioria,
comerciantes e empresários, e viviam nos centros urbanos franceses como Lyon, Bourdeaux,
Marselha e Paris. Uma outra parcela desse grupo social, também muito importante para a
Revolução, eram os intelectuais, acadêmicos, advogados e médicos, conhecidos como a ‘baixa
burguesia’.
A burguesia estava se tornando economicamente relevante na França nos anos pré-
revolução, mas não via esse mesmo crescimento acontecer com o poder político. Antoine
Barnave, um dos nomes mais importantes da Revolução, disse em certo momento que “Uma
nova distribuição da riqueza pressupõe uma nova distribuição do poder“. Os burgueses ainda
eram sub representados na corte, e viam a aristocracia como uma inimiga, uma vez que esta
continuava tendo privilégios fiscais e políticos garantidos pelo regime, mesmo tendo cada vez
menos relevância na economia.
Os camponeses, por sua vez, eram as pessoas sobre as quais recaiam a maior parte dos
impostos, as vezes tendo de entregar até um décimo de suas colheitas. Com o enfraquecimento
do feudalismo e do regime de servidão, os camponeses passaram a trabalhar no campo para
produzir para si próprios, e no século XVIII, o trigo era o produto mais importante para a
economia francesa, e em especial, a principal fonte de alimentos para quem vivia no interior e
nos campos.
Dá pra imaginar que uma crise na produção de trigo seria catastrófica, e foi exatamente
isso que aconteceu.
A queda da Bastilha
No dia 14 de Julho de 1789, a população de Paris tomou a prisão da Bastilha. Ainda
hoje, o dia 14 de Julho é o principal feriado nacional e motivo de comemorações na França.
Mas o que era a Bastilha?
A Bastilha de Saint-Antoine, ou simplesmente Bastilha, foi uma fortificação que
durante quatro séculos esteve localizada no centro de Paris. A partir do século XV, a Bastilha
passou a funcionar como uma prisão para onde eram enviados tanto prisioneiros de guerra
quanto pessoas acusadas de crimes contra a monarquia, como panfletagem e publicação de
sátiras.
A fortificação representou, durante todo o período em que funcionou como uma prisão,
o poder absoluto da monarquia de prender e torturar prisioneiros sem julgamento ou direito a
defesa. Muitos prisioneiros morriam de fome e frio nos calabouços da fortificação após serem
presos por ordens do rei. Apesar de representar um símbolo do absolutismo francês, em 1789 a
Bastilha servia mais como uma depósito de pólvora e armamentos do que como uma prisão, e
foi por conta dessas armas que ela foi tomada e saqueada pelos revolucionários.
A queda da Bastilha foi rápida e a fortificação foi incendiada. Houve mortos no
confronto entre população e guardas, entre eles o diretor da prisão, que foi decapitado e teve
sua cabeça exposta em toda a cidade pelos revolucionários.
Nos dias seguintes à tomada da bastilha, o rei cede à pressão da população francesa e
aceita a criação de uma Assembléia Constituinte Nacional, formada pelas deputados presentes
na Assembléia dos Estados Gerais, que serão responsável por criar a constituição da França. O
país passa então a ser uma monarquia constitucional. Esse documento ficou conhecido como a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Jacobinos e Girondinos
Os Girondinos eram da alta burguesia, composta por empresários e comerciantes. Esse
grupo queria uma reforma com foco no liberalismo econômico e no fim das isenções de
impostos e privilégios dos nobres. Eram conhecidos pela moderação nas pautas que defendiam,
contrários ao uso da violência e defensores da monarquia constitucional.
Os Jacobinos, por sua vez, eram a baixa burguesia. Esse grupo era formado
principalmente por intelectuais, advogados, trabalhadores da justiça e médicos. Os Jacobinos
eram considerados mais radicais e queriam uma revolução mais profunda, com reformas
econômicas e fiscais, mas também políticas, sendo que alguns deles defendiam a erradicação
total da monarquia constitucional que se instaurou, para criar um regime republicano.
Girondinos se sentavam à direita na Assembleia, e jacobinos à esquerda. Essa divisão
foi o origem do que definimos hoje como esquerda e direita.
Estreito de Bering
O continente americano já era ocupado por diversos povos há cerca de 10 mil
anos, como demonstram evidências arqueológicas.
A teoria mais aceita entre os cientistas é a de que a povoação do continente
americano ocorreu pela travessia do Estreito de Bering. Perseguindo os animais, os
caçadores acabaram atravessar o estreito e se estabelecerem ali.
Entretanto, há provas que apontam a existência de seres humanos nessa parte
do globo, mesmo antes das incursões pelo Estreito de Bering por rotas alternativas
ou pela navegação.
Embora tenham sido influenciados pela colonização europeia, há povos que
ainda hoje mantêm suas tradições de seus antepassados e as transmitem para as
novas gerações.
Os mesoamericanos
OS ASTECAS
A Economia Asteca
A Sociedade Asteca
A Sociedade Inca
O Estado inca era imperial, capaz de controlar rigidamente tudo o que ocorria
em sua vasta extensão territorial. O chefe desse Estado era o Inca, um imperador
com poderes sagrados hereditários, reverenciado por todos.
Ao lado do inca havia uma rede de sacerdotes, escolhidos por ele entre a
nobreza.
Para manter o Império íntegro, criou-se uma complexa burocracia
administrativa e militar. Os cargos administrativos eram distribuídos entre membros
da nobreza e acabaram adquirindo hereditariedade. O caráter guerreiro do Império
privilegiava a formação e educação militar. Como os burocratas, essa camada
privilegiada era mantida graças aos tributos arrecadados pelo Estado.
Os camponeses, chamados de llactaruna, em troca do direito de trabalho nos
ayllus, eram obrigados a cultivar as terras do Inca e dos curacas e a pagar os
impostos em mercadorias. Além disso, o estado os obrigava a trabalhar nas obras
públicas, como as pirâmides, caminhos, pontes, canais de irrigação e terraços.
Havia também os artesãos especializados, considerados artistas (pintores,
escultores, ceramistas, tapeceiros, ourives, etc.), e os curandeiros e feiticeiros
(cirurgiões, farmacêuticos, conhecedores de plantas medicinais, etc.).
Os yanaconas, originários da sublevação da cidade de Yanacu, eram
escravos. Às vezes algum povo conquistado também se tornava escravo. Eles não
trabalhavam na produção, e suas funções eram eminentemente domésticas.
Economia Inca
Cultura Inca
A Sociedade Maia
A Cultura Maia
Período pré-cabralino
Antes de darem os primeiros passos em terras brasileiras, os portugueses não
imaginavam que naquela “nova” terra já havia cerca de dois milhões de indígenas. Após
terem seus primeiros contatos com os povos nativos, os europeus conceberam a errônea
ideia de uma uniformidade cultural existente entre os índios.
Antes dos portugueses alcançarem terras brasileiras, nosso território era ocupado
por uma infinidade de povos que rompiam as compreensões de mundo do homem
europeu. De forma equivocada, ao chegarem aqui, os portugueses acreditavam que os
índios formavam uma cultura comum portadora de pequenas variações de
comportamento e costume. Ainda hoje, essa primeira constatação de nossos
colonizadores está bem afastada das atuais 218 etnias e 218 línguas e dialetos proferidos
por nossos indígenas.
Segundo alguns estudos, as migrações pioneiras para o continente americano
foram encerradas há cerca de cinco mil anos. Já nesse momento, temos o
desenvolvimento de diferentes grupos humanos, da atividade coletora, da agricultura e a
formação de sociedades complexas dotadas de vários centros urbanos.
Entre os coletores, os sambaquis aparecem em diferentes pontos do litoral
brasileiro, principalmente em Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Sambaqui é o nome
utilizado para nomear os grandes depósitos de detritos ósseos e orgânicos que se
formaram nas proximidades das regiões ocupadas por grupos humanos coletores. Entre
os nativos brasileiros, os índios Pataxó e Nambikwara são os que frequentemente
adotaram esse tipo de vida.
Na porção norte do território, os povos ceramistas se destacaram pelo
desenvolvimento de uma rica cultura material marcada pela presença de vasos, urnas
funerárias, bacias e outros utensílios. Habitando a ilha de Marajó, entre os anos 500 e
1300 d.C., os povos marajoaras foram um dos mais proeminentes representantes do
trabalho com artefatos em cerâmica. Antes que os colonizadores europeus surgissem no
continente, essa civilização havia desaparecido completamente.
Na totalidade do território brasileiro, a família linguística tupi-guarani foi a que
se encontrava em maior número. Presentes em variadas porções do subcontinente sul-
americano, os tupis eram conhecidos pelo desenvolvimento de aldeias compostas por
uma população variando entre 500 e 800 habitantes. Além disso, praticavam a
agricultura com a plantação de batata-doce, milho, pacova, abacaxi, mandioca, entre
outras culturas.
De fato, entre os tupis englobamos uma infinidade de povos que podem ser
distinguidos por costumes bastante específicos. Paralelamente, também devemos citar
os grupos humanos que se inserem nos grupos linguísticos aruaque, jê e xavante. Sem
dúvida, percebemos que a diversidade de culturas é uma realidade que antecede a
chegada das caravelas de Pedro Álvares Cabra"
Na verdade, as sociedades indígenas existentes no Brasil Pré-Cabralino eram
relativamente complexas, apresentando significativas características e tradições
próprias. O grande número de línguas e dialetos era uma prova da singularidade de cada
grupo étnico.
Dentre todos os povos indígenas que habitaram o Brasil de norte a sul, podemos
destacar os grupos Pataxó, Nambikwara, Macro-jê e Aruaque. Os índios Pataxós e
Nambikwaras desenvolviam uma efetiva atividade coletora nas regiões do litoral de
Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Contudo, os tupis formaram, sem dúvida, o maior
grupo indígena da época anterior ao descobrimento. Suas tribos iam desde o Rio Grande
do Norte até o Rio Grande do Sul. A contribuição específica desse grupo foi de grande
importância para a formação da cultura brasileira, especialmente na influência sobre
nosso idioma: vale lembrar o grande número de palavras de origem tupi que usamos
todos os dias (Paraná, Ipanema, Goiás, Tijuca…).
Além dos grupos étnicos que os portugueses se depararam após chegar ao Brasil,
também houve povos que foram completamente extintos antes mesmo da chegada de
Cabral. Um dos maiores exemplos disso foram os marajoaras, povos que habitavam a
região da Ilha de Marajó (Pará) e desenvolviam sofisticados trabalhos em cerâmica e
elaboradas pinturas, aspecto que nos mostra a existência de uma sociedade
relativamente complexa ainda naquela época.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, os tupis foram o primeiro agrupamento
"indígena que teve contacto com o colonizador". A influência tupi se deu na
alimentação, no idioma, nos processos agrícolas, de caça e pesca, nas superstições,
costumes, folclore, etc. Os povos do grupo Tupi-Guarani habitavam a região chamada
por eles de "Pindorama" (terra das palmeiras), atual região oriental da América do Sul,
que habitava o imaginário Tupi-Guarani como terra mítica, uma terra livre dos males.
Os arqueólogos acreditam que o mito acerca de "Pindorama" tenha se formado na época
das antigas migrações, quando os tupi-guaranis se dirigiram para o litoral brasileiro.
Sabemos os nomes de alguns dos principais grupos que habitavam Pindorama na
véspera da chegada europeia (entre eles alguns de origens não tupi): os potiguaras, os
tremembés, os tabajaras, os caetés, os tupiniquins, os tupinambás, os aimorés, os
goitacás, os tamoios, os carijós e os temiminós. Os potiguaras habitavam a região entre
o Rio Acaraú e o Rio Paraíba e controlavam a navegação fluvial. Durante a conquista,
aliaram-se aos franceses, sendo que alguns relatos falam de casamentos entre potiguaras
e franceses, envolvendo acordos bélicos antiportugueses. Os Tabajaras habitavam a
margem meridional do rio Paraíba, na região atual do litoral pernambucano. Foram
importantes aliados dos portugueses durante a conquista. Os Caetés habitavam a região
de Pernambuco desde Olinda, "a Marim dos Caetés", até onde encontra-se hoje o estado
de Alagoas, desmembrado de Pernambuco. Tornaram-se célebres na História do Brasil
por terem devorado o Bispo Sardinha.
Os Tremembés habitavam a margem ocidental do rio Acaraú. Os tamoios
habitavam a Baía da Guanabara; seus líderes, Cunhambebe e Aimberê, aliaram-se com
os franceses no combate aos portugueses. Os carijós habitavam o litoral sul do país. Os
tupiniquins habitavam a atual região do Estado de São Paulo, e os Tupinambá a região
sudeste do Brasil. Nosso conhecimento do tupi antigo é principalmente baseado na
língua dos Tupinambás (embora esses não constituíssem os "principais tupis", como
alguns autores apontam).
Os povos tupis viviam em aldeias que reuniam de 600 a 700 habitantes.
Algumas aldeias eram fortificadas em razão das guerras inter-tribais. Nenhuma
autoridade aparecia com força absoluta ou consideravelmente forte sobre os outros
integrantes da sociedade, embora houvesse "hierarquias" em função do gênero, do
mérito guerreiro e dos poderes xamânicos. Os Pajés (Payes em tupi antigo,
intermediários entre o mundo religioso e o mundo dos homens) e os Caciques
(morubixaba em tupi antigo, chefes guerreiros) ocupavam, em geral, o papel de
autoridades das tribos. A subsistência baseava-se na caça e na horticultura. Os homens
acreditavam nos bons e nos maus espíritos (tupã, anhang, etc.), que influenciavam os
acontecimentos no cosmos. Cada homem trazia um maracá, no qual acreditavam habitar
um espírito protetor de cada indivíduo. Acredita-se que apenas os filhos dos homens
mais importantes da tribo fossem enterrados nas urnas funerárias. Os acontecimentos
religiosos tinham alcance amplo, e reuniam diferentes etnias. Os antigos indígenas
foram responsáveis por inúmeras manifestações artísticas, como peças de cerâmica,
danças, canções/poesia (registradas por Léry) e, a que mais impressionou os ocidentais,
a plumária extremamente sofisticada e rica. A literatura tupi aparece com a chegada da
escrita europeia, quando missionários passam a escrever em tupi para converter os
nativos, e as crônicas transcrevem canções indígenas.
Do lado europeu, a descoberta do Brasil foi precedida por vários tratados entre
Portugal e Espanha, estabelecendo limites e dividindo o mundo já descoberto do mundo
ainda por descobrir.
Destes acordos assinados à distância da terra atribuída, o Tratado de Tordesilhas
(1494) é o mais importante, por definir as porções do globo que caberiam a Portugal no
período em que o Brasil foi colônia portuguesa. Estabeleciam suas cláusulas que as
terras a leste de um mediano imaginário que passaria a 370 léguas marítimas a oeste das
ilhas de Cabo Verde pertenceriam ao rei de Portugal, enquanto as terras a oeste seriam
posse dos reis de Castela (atualmente Espanha). No atual território do Brasil, a linha
atravessava de norte a sul, da atual cidade de Belém do Pará à atual Laguna, em Santa
Catarina. Quando soube do tratado, o rei de França Francisco I teria indagado qual era
"a cláusula do testamento de Adão" que dividia o planeta entre os reis de Portugal e
Espanha e o excluía da partilha.
Muitos estudiosos afirmam que o descobridor do Brasil foi o navegador
espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que no dia 26 de janeiro de 1500 desembarcou no
Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco — esta considerada a mais antiga
viagem comprovada ao território brasileiro.