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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ - CAMPUS

BELÉM
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA MEDIEVAL
PROFº. RAIMUNDO MOREIRA DAS NEVES NETO
20 ABR. 2023
ANDRÉ FREIRE NASCIMENTO
FICHAMENTO “A CIVILIZAÇÃO DO OCIDENTE MEDIEVAL, DO MUNDO ANTIGO À
CRISTANDADE MEDIEVAL, JACQUES LE GOFF”
O Ocidente medieval surgiu das ruinas do império romano, o que acabou sendo sua
vantagem e desvantagem, a economia romana era apenas sustentada pela pilhagem
das guerras e ganho de mão de obra escrava, tendo nenhuma inovação desde o
período helenístico.
A fundação da Constantinopla, por Constantino, representa a inclinação do mundo
romano ao oriente, fica marcado como um esforço de unir o Ocidente e o Oriente.
A estrutura romana nada mais era do que um contexto para a Igreja se orientar. Como
religião com uma missão universal, o Cristianismo reluta em limitar-se a qualquer
civilização particular. Porém, será o principal propagador da cultura romana ao
Ocidente medieval. Uma vez que a crise do mundo romano no século III marcou o
início das mudanças que trariam o Ocidente medieval, é razoável considerar a invasão
bárbara no século V como um evento que acelerou a mudança radical de sua
aparência.
As invasões barbaras tem mais aparência de uma fuga desesperada, sua crueldade é
proveniente de seu asilo negado pelos romanos, porém Santo Agostinho percebe que
a selvageria dos bárbaros foi suave, respeitando as igrejas cristãs como asilos, e que a
violência era mais devido ao costume de guerras do período.
O fator decisivo para a queda dos romanos era mais interno do que externo, com seus
hábitos os romanos acabaram por virar seus piores inimigos ao invés de quem os
invadia. A estrutura social de Roma que acabava por esmagar as classes mais
desfavorecidas, foi um crucial fator, os Romanos oprimidos vão procurar na sociedade
barbara a clemência que desejavam de seu governo.
Os bárbaros, contrário ao que os relatos romanos diziam, eram um povo bastante
evoluído de certa forma, tendo absorvido culturas e técnicas de civilizações no qual
tiveram contato, com os romanos não foi diferente, a invasão bárbara serviu para que
o povo bárbaro pudesse assimilar a cultura romana, como por exemplo os títulos
romanos. Embora a invasão não tenha sido feita de forma pacífica, ambos os povos
acabaram se misturando no processo, os romanos culpam os cristãos pelos
acontecimentos alegando que os mesmos tinham expulsado seus deuses tutelares. Os
imperadores do Oriente tentam evitar a conquista bárbara sob Constantinopla,
pagando sua retirada em ouro para que saiam do mediterrâneo.
O grande acontecimento do século VII foi o surgimento do islã e a conquista árabe. O
século VIII é o século dos francos. Clovis acaba por converter-se ao catolicismo para
retardar o avanço franco. Durante os quatro séculos que separam a morte de Teodósio
da coroação de Carlos Magno, um novo mundo nasceu no Ocidente, surgindo
lentamente da fusão do mundo romano e do mundo bárbaro. A Idade Média ocidental
havia tomado forma. Fato econômico, fato demográfico, a ruralizarão é ao mesmo
tempo, primordialmente, um fato social que modela a estrutura da sociedade
medieval. No entanto, a legislação da alta Idade Média fortaleceu a tendência, ao
longo de toda a Idade Média, a ocupação e a exploração do solo. A igreja na idade
média busca sobretudo, saciar seu interesse próprio, acumular terras, riquezas e
requerer impostos da nobreza e dos mais humildes, seus bispos são aristocráticos e
quase onipotentes em suas cidades.
Pepino o Breve, aliado do papa, introduz a política carolíngia na Itália. Primeira
expedição contra os lombardos em 754, segunda em 756. Carlos Magno acaba por
capturar o Rei Desidério em Pavia em 774, roubando a coroa da Itália, mas precisa
guerrear para impor-se no norte da península, sendo que os ducados de Spoleto e de
Benevento acabam escapando. Em 778 Carlos Magno tomou Pamplona, não ousou
atacar Saragoça, tomou Huesca, Barcelona e Gerona e, renunciando a Pamplona que
havia arrasado, voltou-se para o norte. Montanheses bascos armaram uma emboscada
na retaguarda para apossar-se da equipagem dos francos. Em 15 de agosto de 778, no
desfiladeiro de Roncevaux, os bascos massacraram as tropas comandadas pelo
senescal Eginhard, pelo conde palatino Anselmo e por Rolando, prefeito da marca da
Bretanha. A leste, Carlos Magno inaugurou uma tradição de conquista em que se
mesclavam massacre e conversão, a cristianização forçada que a Idade Média
praticaria por muito tempo. Ao longo do Mar do Norte, primeiro foram conquistados
os saxões, com muita dificuldade, de 772 a 803, numa série de campanhas em que se
alternavam aparentes vitórias e revoltas dos pretensos derrotados, das quais a mais
espetacular foi uma de 778, chefiada por Widukind.
O horizonte germânico e singularmente saxão atraiu Carlos Magno para o leste. Ele
abandonou o Vale do Sena, onde os merovíngios haviam se instalado em Paris e nos
arredores, pelas regiões dos rios Meuse, Mosela e Reno. Na cúpula, todos os anos, no
final do inverno, uma assembleia geral reunia em torno do soberano os personagens
importantes da aristocracia eclesiástica e laica do reino. Essa espécie de parlamento
aristocrático garantia a Carlos Magno a obediência de seus súditos. Em 878, pela paz
de Wedmore, conseguem que Alfredo o Grande, reconheça para eles uma parte da
Inglaterra, que passa a ser governada por eles, em 980, sob Svend e seu filho Cnut o
Grande. Mas são os normandos, estabelecidos no norte da Gália, na região a que
deram seu nome depois que Carlos o Simples a concedeu a seu chefe Rollon pelo
Tratado de Saint-Clair-sur-Epte em 911, que se espalharão e deixarão marcas
duradouras no Ocidente. Em 1066 conquistam definitivamente a Inglaterra, a partir de
1029 instalam-se na Itália do Sul e na Sicília, onde fundam um dos estados mais
originais do Ocidente medieval. Estarão no Império Bizantino, na Terra Santa, no
tempo das cruzadas.
Enquanto os carolíngios estabeleciam sua dominação sobre o continente, os mares
pareciam lhes desfavorecer. Mesmo em terra, houve um momento em que uma nova
invasão provinda da Ásia pareceu ameaçá-los: a dos húngaros. Mas em 955 o rei da
Germânia, Oto, os derrota na batalha de Lechfeld, perto de Augsburgo. Seu ímpeto se
rompe. E eles terminam a curva da história dos invasores bárbaros: renúncia às
incursões, sedentarização, cristianização. A Hungria nasce no final do século X.
Apesar do empenho em absorver a herança política e administrativa de Roma, os
francos não haviam adquirido o sentido de Estado. Os reis francos consideravam o
reino sua propriedade. O reino que lhes pertence, os reis francos partilham entre seus
herdeiros. De tempos em tempos, o acaso, a mortalidade infantil, a debilidade mental
agrupa os estados francos sob dois reis ou apenas um.
Todas essas divisões, essas lutas, essa confusão, por mais rápido que tenham sido seus
desenrolares, deixaram no mapa e na história marcas duradouras. Sobretudo, essas
crises políticas favoreceram, assim como as invasões, uma fragmentação da autoridade
e do poder imperial. Os grandes nobres assumem mais o poder econômico, a terra e os
poderes públicos.
Para consolidar o Estado franco, Carlos Magno multiplicou as concessões de terras aos
personagens cuja fidelidade queria garantir e os obrigou a lhe prestar juramento e a se
tomarem seus vassalos. O mesmo acreditava que, com esses vínculos pessoais,
pudesse assegurar a solidez do Estado.
Os vassalos, por efeito da hereditariedade do benefício, constituíam-se mais
solidamente como classe social. Ao mesmo tempo, as necessidades econômicas e
militares que permitiam ao grande proprietário, sobretudo se fosse conde, duque ou
marquês, tomar iniciativas, ou até o obrigavam a isso, começaram a fazer do senhor
um anteparo entre seus vassalos e o rei.
Os otonianos terão legado a seus sucessores a nostalgia romana e uma tradição de
subordinação do papa ao imperador, da qual se originará um conflito com o sacerdócio
e o Império, recomeçando-se a luta entre os guerreiros e os sacerdotes.
Quando termina o sonho romano do ano 1000, a renovação do Ocidente inteiro está
prestes a se manifestar. Sua brusca eclosão faz do século XI o século da verdadeira
arrancada da Cristandade ocidental. As miniaturas que representam os trabalhos dos
meses modificam-se radicalmente, abandonando os símbolos da Antiguidade por
cenas concretas em que se manifesta a mestria técnica do homem: “O homem e a
natureza são agora duas coisas, e o homem é o mestre”.
A ascensão dos grandes - tanto proprietários quanto cavaleiros - cria uma classe capaz
de captar as possibilidades econômicas que lhe são oferecidas: a maior exploração do
solo e dos meios de escoamento ainda limitados sendo que uma parte dos ganhos que
o mundo cristão extrai deles é abandonada aos primeiros mercadores ocidentais.
No ano 1000 as construções da igreja foram reformadas e melhoradas, sinal de
impulso da cristandade. Neste período, devido ao aprimoramento das técnicas de
agricultura houve-se um aumento elevado da população, o que também contribuiu na
influência da igreja. Um dos aspectos de expansão da igreja foi o aumento do
desmatamento.
O reino normando será para a Cristandade um modelo político e cultural: centro de
tradução do grego e do árabe, foco de fusão artística de que ainda dão testemunho as
igrejas de Cefalü, de Palermo e de Monreale, que combinam em sínteses originais as
soluções romano-góticas cristãs com a tradições bizantinas e muçulmanas.
Um dos grandes sucessos da expansão cristã entre os séculos X e XIV é a reconquista
de quase toda a Espanha aos muçulmanos, realizada pelos reis cristãos com ajuda dos
mercenários e dos cavaleiros vindos do outro lado dos Pireneus. Entre esses auxiliares
da Reconquista, os monges franceses de Cluny, que também apoiaram a expansão da
peregrinação em Santiago de Compostela, desempenharam papel fundamental. Em
meados do século IX, a Reconquista Espanhola assumiu uma atmosfera de guerra
religiosa que preparava o caminho para as realidades militares e espirituais da cruzada.
Mais tarde, a colonização francesa no sul da França e no reino das Duas Sicílias e a
colonização alemã na Prússia adquirem oficialmente o nome de cruzada.
As causas materiais e demográficas tiveram um papel essencial no desencadeamento
das cruzadas, além de que devesse dar uma atenção especial ao contexto mental e
emocional da cruzada. Não existe historiador que acredite que as cruzadas tenham
suscitado o despertar e o impulso do comércio da Cristandade medieval. Os sucessivos
fracassos, a rápida degeneração da mística da cruzada em política e logo em escândalo
não chegaram a abafar por muito tempo aquela grande inquietação.
Em 1099 Jerusalém é tomada, forma-se um império latino na Terra Santa, mas logo ele
é ameaçado. Luís VII e Cornado III, em 1148, não são capazes de socorrê-lo, e a partir
de então o mundo cristão da Palestina é uma pele de chagrém que se encolhe sem
cessar. Saladino retoma Jerusalém em 1187.
No mundo romano as cidades eram um centro político e administrativo, militar e,
secundariamente, econômico. Durante a alta Idade Média, foram reduzidas quase
exclusivamente à função política e administrativa. Henri Pirenne mostrou que a cidade
medieval nasce e se desenvolve a partir de sua função econômica. As cidades, para
nascer, precisaram de um meio rural favorável, mas à medida que se desenvolviam,
exerciam uma atração cada vez maior sobre um entorno agrário dilatado na medida de
suas exigências. A emigração do campo para a cidade entre os séculos X e XIV é um dos
fenômenos principais da Cristandade. As cidades também desempenham o papel de
núcleos de trocas comerciais. Apenas os produtos de luxo ou de primeira necessidade
alimentam o comércio durante muito tempo.
O grande comércio também desempenhou um papel fundamental na expansão da
economia monetária. Centros de consumo e de trocas, as cidades tiveram que recorrer
cada vez mais à moeda para realizar suas transações. O século XIII foi a etapa decisiva.
Florença, Gênova, Veneza, os soberanos espanhóis, franceses, alemães, ingleses
precisam cunhar, para responder a essas necessidades, primeiro cunham moedas de
prata de valor elevado, os gros, depois moedas de ouro. Introduzindo-se no campo e
modificando a renda feudal, o progresso da economia monetária será um elemento
decisivo na transformação do Ocidente medieval.
Durante os séculos XI-XII, em que os judeus já não bastavam para desempenhar o
papel de credores que assumiram e os comerciantes cristãos ainda não os
substituíram, os mosteiros fazem o papel de “estabelecimentos de crédito”.
Principalmente, a Igreja que se adapta à evolução da sociedade e lhe fornece as
palavras de ordem espirituais de que ela precisa. Oferece os sonhos que são o
contrapeso necessário às realidades difíceis.
A Igreja, no final do século XIII fracassou contra o catarismo e as heresias usando os
meios tradicionais e pacíficos, então ela recorre à força. Primeiro à guerra, depois a
repressão organizada por uma nova instituição: a Inquisição. No plano institucional,
através de grandes dificuldades, a Igreja praticamente domina durante o início do
século XIV. As grandes heresias dos séculos XII e XIII foram definidas como heresias
“antifeudais”. Ao contestar a própria estrutura da sociedade, essas heresias atacavam
o que no fundo a constituía: o feudalismo. O feudalismo é antes de tudo o conjunto
dos vínculos pessoais que unem, numa hierarquia, os membros das camadas
dominantes da sociedade. O sistema feudal abstrata e esquematicamente baseia-se
numa exploração da terra por intermédio da dominação da hierarquia feudal através
de senhores e vassalos sobre os camponeses e ultrapassa o âmbito do contrato de
vassalagem para garantir a cada senhor, grande ou pequeno, sobre sua senhoria e seu
feudo, um conjunto de direitos extremamente amplo. A exploração rural, o domínio, é
a base de uma organização social e política: a senhoria.
A história política do Ocidente medieval é especialmente complicada, porque reflete o
extremo fracionamento devido à fragmentação da economia e da sociedade e à
usurpação dos poderes públicos pelos chefes desses grupos mais ou menos isolados,
uma das características do feudalismo.
No momento em que a Cristandade medieval atinge seu ápice, está prestes a enfrentar
uma crise e se transformar profundamente, pode-se refletir a que formas e a que
forças irão substituir o feudalismo, mesmo que ainda forte economicamente e
socialmente, está em declínio político.
A expansão medieval termina, cessando as invasões. Na virada do século XIII para o
XIV, a Cristandade não apenas se detém como recua. Já não há desmatamentos,
conquista do solo, e mesmo as terras marginais, cultivadas sob a pressão da
demografia e o arroubo da expansão, são abandonadas porque seu rendimento, se
tornou muito fraco. Greves, rebeliões urbanas, revoltas surgem no último terço do
século XIII.
A desvalorização da moeda começa, os bancos italianos florentinos sofrem falências
em 1343. A crise se manifesta em toda a sua amplitude quando atinge o nível essencial
da economia rural. A partir de 1348 a Grande Peste faz cair brutalmente a curva
demográfica já descendente e transforma a crise em catástrofe. A redução da renda
feudal, os transtornos devidos à parte crescente da moeda nas prestações de contas
dos camponeses põem em questão os fundamentos da força dos feudais. Depois de
um momento de aflição, a classe feudal se adapta, substitui amplamente o plantio pela
pecuária, mais bem remunerada, e, a partir de então, transforma a paisagem rural com
áreas cercadas.
A queda populacional agravada pela peste reduziu a mão de obra e a clientela, mas os
salários sobem e os sobreviventes são, em geral, mais ricos. Sem dúvida, finalmente, o
feudalismo atacado pela crise recorre à solução de facilidade das classes dominantes
ameaçadas: a guerra. O exemplo mais notável disso é a Guerra dos Cem Anos, buscada
pelas nobrezas inglesa e francesas como solução para suas dificuldades.

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