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MÓDULO 2: O DINAMISMO CIVILIZACIONAL DA EUROPA OCIDENTAL NOS

SÉCULOS XIII e XIV-ESPAÇOS, PODERES E VIVÊNCIAS


UNIDADE 1: A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA OCIDENTAL
REINOS , IMPÉRIOS E RELIGIÕES
SACRO IMPÉRIO ROMANO-GERMÂNICO
REINOS
IGREJA ORTODOXA
IGREJA CATÓLICA
ISLAMISMO
OS SENHORIOS
DOMÍNIO SENHORIAL
A SOCIEDADE SENHORIAL
AS RELAÇÕES FEUDO-VASSÁLICAS
CONTRATO DE VASSALAGEM
AS COMUNAS
DESENVOLVIMENTO URBANO
CIDADE MEDIEVAL
BURGUESIA
SÉCULO XIII-PROSPERIDADE
DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA E COMERCIAL E FINANCEIRO
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
CRISE DO SÉCULO XIV
FOMES, PESTES, GUERRAS E REVOLTAS SOCIAIS
MÓDULO 2: UNIDADE 1: A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA OCIDENTAL
CONTEXTUALIZAÇÃO
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA OCIDENTAL

• Passado o ano mil, o Ocidente conhece um período de acentuada


prosperidade económica. A área cultivada expande-se, arrancando às
florestas espaços até aí bravios. Novas técnicas agrícolas fazem crescer a
produtividade das terras, esconjurando o fantasma da fome, sempre
presente nos tempos medievais. Melhor alimentada, a população cresce,
tornando a Europa um “mundo cheio”.
Beneficiando do clima de paz, de estabilidade e de abundância, a cidade
renasce. No interior dos seus recintos amuralhados afadigam-se os homens
dos ofícios, organiza-se o mercado, circula a moeda. As vias comerciais, há
muito desactivadas, fervilham agora com um intenso tráfego de homens e
mercadorias. A Flandres, a Itália e a Champagne emergem como os mais
importantes centros de trocas desta “nova Europa”, capazes de contagiar,
com a sua vitalidade, as regiões vizinhas.
• No século XIV, esta conjuntura de prosperidade chega ao fim. Rompe-se o
equilíbrio demográfico, sempre frágil, sempre dependente da abundância
das colheitas. A fome instala-se e, a meio do século, a peste devasta a
Europa, cidade após cidade, região após região. Os ganhos populacionais
perdem-se e o Ocidente mergulha, de novo, numa crise acentuada.
• Este sistema económico, social e político ficou conhecido por feudalismo.
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Localizo no espaço
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Localizo no Tempo

Idade Média
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REINOS E IMPÉRIOS
• Foi durante a Idade Média que se formaram
os reinos da Europa Ocidental,
prevalecendo o poder dos senhores na
Europa Oriental.
• No século XIII já constituem reinos sólidos
os de Portugal, Castela, Aragão, França e
Inglaterra.
• Em cada um destes territórios delimitados
geograficamente - em cada pátria – o chefe
político era o rei, pertencente a uma família
nobre que se havia destacado política e/ou
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SACRO IMPÉRIO ROMANO-GERMÂNICO


• No século X, o rei da Germânia (alemanha) Otão I
aliou-se ao Papa e, da união dos territórios
germânicos e italianos nasceu o Sacro Império
Romano-Germânico.
• O Sacro Império procurava restaurar a união da
Europa, perdida com o fim do Império Romano, e
com o fracasso do Império de Carlos Magno
(imperador do Ocidente entre 800 e 843).
• Porém, a rivalidade de poder entre o imperador e o
Papa, a par da oposição dos senhores locais,
anularam quaisquer possibilidades de sucesso do
Império.
• A Oriente, o imperador bizantino nunca reconheceu
o Santo Império, considerando que era o único
herdeiro do poder romano e que um chefe
“bárbaro” (oriundo da Germânia) nunca deveria
liderar os Cristãos.
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RELIGIÕES
IGREJA ORTODOXA
• Bizâncio era a capital do Império Romano do Oriente. O Império Bizantino
desenvolveu uma civilização rica e brilhante entre os séculos V e VI, de
que é exemplo a Igreja de Santa Sofia (século VI).
• A religião seguida era a cristã, embora a língua corrente e litúrgica fosse o
grego e não o latim.
• O Império era chefiado por um patriarca, orgulhoso de ser herdeiro do
Império Romano no Oriente. A sua recusa em aceitar submeter-se à
supremacia do bispo de Roma conduziu ao primeiro cisma da Cristandade;
criou-se, no século XI, o Cristianismo Ortodoxo (ou Igreja Ortodoxa Grega)
que reclamava seguir a “doutrina certa”, a mais fiel ao cristianismo
primitivo.
• A Igreja Ortodoxa expandiu-se para Norte, até à Rússia. A rivalidade entre
as duas Igrejas nunca se extinguiu, atingindo paroxismos de violência
aquando da quarta cruzada (1204), momento em que os cruzados cristãos
(cavaleiros que cosiam nas vestes uma cruz vermelha como insígnia)
saquearam Constantinopla, cidade cujos habitantes partilhavam da mesma
fé em Cristo!
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RELIGIÕES
IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA

• Perante uma Europa fragmentada politicamente, a religião cristã uniu na mesma fé, sob o
mesmo chefe supremo- o Papa, bispo de Roma- toda a cristandade latina.
• A evangelização no Norte e Este da Europa, juntamente com o movimento de reconquista
na Península Ibérica, alargaram a área de predominância da fé cristã
• A afirmação da Igreja cristã apoiou-se, em especial, no crescente poder do bispo de
Roma, através da reforma gregoriana: o papa Gregório VII (século XI) disciplinou a
atuação dos clérigos e proclamou a superioridade do Papa sobre a de qualquer monarca
graças ao seu “imperium christianum” (poder sobre a cristandade.
• Clero:
Chefe supremo: Papa
Clero Secular: Párocos e bispos
Clero Regular: monges, abades
• Apesar de contestada pelo imperador do Sacro Império e pelos monarcas europeus, a
Igreja conseguiu fazer valer a sua supremacia sobre todos os cristãos, unindo-os na
obediência a Roma, ao Papa, à dízima e aos clérigos, orientados segundo o Direito
Canónico.
• Até ao final da Idade Média, as Cruzadas deram aos Cristãos uma razão acrescida para a
união, no combate contra os “inimigos da fé”.
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RELIGIÕES
ISLAMISMO OU MUÇULMANA
• Islão significa, traduzindo do árabe , “submissão total a Deus”. A religião islâmica ou
muçulmana nasceu no século VII, fundada por Maomé. Este era um mercador da Arábia que,
recebendo o chamamento do anjo Gabriel, se dedicou à pregação entre 610 e 632, ano da
sua morte. Maomé inscreveu os cinco princípios fundamentais desta nova religião no livro
sagrado chamado Corão:
-crença em Alá, Deus único e no profeta Maomé;
-oração;
-esmola;
-jejum durante o Ramadão;
-peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida.
• Para além destes princípios, o crente muçulmano deveria espalhar a fé, inclusive pela força
das armas (jihad - guerra santa).
• Do século VIII ao inicio do século XII o Islamismo expandiu-se por toda a Arábia, Norte de
África e parte da Ásia.
• No entanto, desde o século VII, o movimento das Cruzadas, impulsionado pelo papa Urbano
II, combateu o poder dos Muçulmanos. Quem morresse lutando pela fé cristã veria os seus
pecados perdoados. A primeira expedição militar, no final do século XI, conseguiu ocupar
Jerusalém (em mãos muçulmanas desde o século VII).
• A luta contra o Islão atingiu a Península Ibérica (movimento da Reconquista). Por último, no
século XV (1492), caía Granada, concluindo a Reconquista na Península Ibérica
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O SENHORIO
• Era uma terra (propriedade fundiária)
pertencente a um senhor nobre ou
eclesiástico.
• Compunha-se, geralmente, de terras
aráveis, bosques e um ou mais
aglomerados populacionais.
• O proprietário (o senhor) concedia
parcelas do seu terreno aos
camponeses, os quais, em troca, lhe
pagavam prestações em dinheiro,
alimentos ou trabalho.
• Gradualmente, o poderio económico
estendeu-se ao poderio sobre as
pessoas.
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SENHORIO:DOMÍNIO
SENHORIAL (feudo: terra do
senhor:)
• Dividem-se em duas partes:
1- A RESERVA (parte explorada
diretamente pelo senhor onde se
encontravam os campos de cultivo,
bosques, a casa senhorial (castelo
–nobre-, mosteiro-clero), o moinho, o
forno , o lagar e o celeiro
2-Os MANSOS (parcelas de terreno
que o senhor entregava aos colonos
que as trabalhavam, pagando em
troca rendas e tributos e prestavam
serviços ao senhor (nobre ou clérigo)
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A SOCIEDADE
SENHORIALCaracterísticas
• TRIPARTIDA (dividida em três ordens sociais):

-CLERO

-NOBREZA

-POVO
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Tributos, obrigações (taxas) e poderes

• Poder de Banus (Ban): Designa a autoridade de


quem detém o poder militar, o poder de comando, de
julgar e punir - geralmente os reis e depois alarga-se
aos senhores.
• Renda: Imposto sobre a terra (em géneros ou em
dinheiro).
• Corveias: Dias de trabalho gratuito nas terras do
senhor por parte dos camponeses. (2 a 3 dias por
semana)
• Banalidades: Tributo pago pelo povo pela utilização
obrigatória do moinho, lagar e forno do senhor.
• Aposentadoria: Obrigatoriedade de dar abrigo e
alimentação ao senhor e comitiva.
• Hoste: Ajudar o exército no transporte de armas e
mantimentos
• Portagens: Pagamento de direito de passagem.
• Dízima: Imposto pago à Igreja, correspondente a um
décima do rendimento
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AS RELAÇÕES FEUDO-VASSÁLICAS

• A insegurança e o medo que se vivia na


Europa durante as invasões
• A incapacidade dos monarcas para
protegerem os seus territórios
• Como recompensa pelo auxílio militar
os reis doavam grandes extensões de
terra a senhores da nobreza e do
clero.
• Estas doações chamavam-se “feudos”
que eram constituídos por terras,
cargos ou direitos vitalícios
• Os senhores mais poderosos
concediam feudos a outros senhores
que lhes pediam proteção
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AS RELAÇÕES FEUDO-VASSÁLICAS

• Dentro dos seus territórios os senhores


assumiam poderes que os tornavam
praticamente independentes face ao rei e
tinham direitos como:
-Possuir exército privado
-Administrar a justiça
-Cobrar impostos
-Cunhar moeda
• Em troca do feudo que lhes era doado os
senhores assumiam um compromisso de
fidelidade, obediência e auxílio militar
• Os senhores mais poderosos tornavam-se
assim SUSERANOS dos senhores menos
poderosos, que passavam a ser seus
VASSALOS.
• Entre as duas partes estabelecia-se um
CONTRATO de VASSALAGEM, que era
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CONTRATO DE VASSALAGEM
1ª Cerimónia: HOMENAGEM
• Em que o vassalo se submetia ao senhor
• O vassalo, de joelhos, de cabeça descoberta e
desarmado, colocava as suas mãos entre as mãos
do senhor e comprometia-se a ser “seu homem”.
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CONTRATO DE VASSALAGEM
2ª Cerimónia: JURAMENTO DE FIDELIDADE
• Em que o vassalo jurava, perante a Bíblia, ser fiel
ao seu suserano
• O vassalo, de pé, jurava solenemente, sobre a
Bíblia ou relíquia de um santo, ser fiel ao seu
senhor
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CONTRATO DE VASSALAGEM
3ª Cerimónia: INVESTIDURA
• Em que o vassalo recebia do seu senhor algo que
simbolizava o feudo que lhe era doado.
• O senhor entregava um ramo ou porção de terra
para simbolizar a entrega do feudo, que nunca
deixava de ser sua propriedade.
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CONTRATO DE VASSALAGEM
Direitos e Deveres
• O Vassalo tinha os deveres
de fidelidade, conselho,
ajuda financeira e auxílio
militar ao suserano.
• O Suserano tinha os
deveres de proteção, justiça
e ajuda material aos seus
vassalos e concessão do
feudo.
• O rei era o suserano dos
suseranos.
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SÉCULO XI ao SÉCULO XIII


DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA
• A prosperidade dos séculos XI a XIII teve por base o desenvolvimento
agrícola, graças a:
• -Expansão da área cultivada (arroteamentos pela ação conjunta de
camponeses, monarcas, senhores nobres e ordens monásticas (por
exemplo, os cistercienses) – a floresta, que cobria grande parte do
ocidente europeu, foi reduzida em favor dos campos arados.
• -progressos técnicos, tais como: a substituição da madeira pelo ferro
nas alfaias agrícolas, o melhor aproveitamento da força animal (através
da coelheira rígida e a atrelagem em fila), a rotação trienal de culturas
(que deixava apenas um terço da terra em pousio contra metade do
afolhamento bienal) e a fertilização dos campos (com manga, cinza e
estrume animal).
• A prosperidade agrícola resultou num crescimento demográfico: a
existência de maiores recursos alimentares fez recuar as fomes e,
consequentemente, as epidemias, proporcionando a duplicação da
população da Europa entre os séculos XI e XIII.
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DESENVOLVIMENTO COMERCIAL
• Os polos mais dinâmicos da economia europeia
A FLANDRES – as cidades de Gand, Ypres, Bruges, Donai, eram grandes centros manufatureiros
especializados na produção de lanifícios. Graças à sua localização geográfica estratégica bem como à
força da sua industria, a Flandres não só exportava os seus panos mas também atraía comerciantes
oriundos das mais diversas partes da Europa. Bruges era, então, o local mais cosmopolita da Europa.
Deste modo, graças à associação entre a indústria e o comércio, a Flandres tornou-se um dos pólos
económicos mais importantes da economia europeia.
A HANSA – cerca de 90 cidades do mar do Norte e do mar Báltico associaram-se, no século XI, para
garantir o monopólio do comércio nessas regiões e proteger os seus comerciantes, criando a chamada
Hansa Teutónica. As principais cidades da Hansa eram Hamburgo, Dantzig, Riga, Colónia e sobretudo,
Lubeque.
As CIDADES ITALIANAS – os italianos, não constituindo um Estado unificado, desenvolviam o comércio
apoiado nas diferentes cidades, rivais entre si apesar de partilharem a mesma língua.
Génova e Veneza, nomeadamente, competiam pelas rotas do Mediterrâneo, trazendo do Oriente, entre
outros produtos, as lucrativas especiarias. O poderio comercial destas cidades, muito antigo e aumentado
desde a primeira cruzada (1095), a qual fez recuar a influência muçulmana, só viria a ser destronado
aquando da descoberta do caminho marítimo para a Índia, pelos Portugueses (século XV).
As FEIRAS DA CHAMPAGNE – realizadas nas cidades de Lagny, Bas-sur-Auby, Provins e Troyes, foram
as mais importantes de todas as feiras medievais. A sua localização geográfica, ligando o Norte flamengo e
o Sul italiano, e as regalias que, os reis e os senhores ofereciam aos viajantes (alojamento,
armazenamento, isenção de impostos e segurança), atraíam mercadores (e, com estes, produtos) de toda
a Europa.
• ROTAS
Rotas HANSEÁTICAS
Rotas ITALIANAS
Rotas terrestres das CIDADES FLAMENGAS
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DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO
•As primeiras atividades bancárias nasceram na Idade
Média, graças aos cambistas ou banqueiros que
desenvolveram formas mais fáceis e seguras de comerciar:
-Os CÂMBIOS – eram uma necessidade constante numa
economia de mercado que manuseava moedas de valores
tão dispares como o florim (Florença), o ducado (Veneza) ou
o tari (moeda muçulmana).
-Os SEGUROS - qualquer viagem, marítima ou terrestre,
envolvia enormes riscos. Tornou-se essencial que os
mercadores segurassem as mercadorias, contra o
pagamento de uma parte do seu valor.
-Os CHEQUES e as LETRAS DE CÂMBIO - permitiam
substituir o transporte de dinheiro vivo, fazendo operações
de pagamento em papel.
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A CIDADE MEDIEVAL
• A cidade medieval da Europa ocidental era, em geral, uma cidade pequena (Paris, sendo a maior,
tinha 90.000 habitantes) que se compunha dos seguintes elementos:
1. A MURALHA – a primeira característica da cidade medieval é o seu perímetro de muralhas, cujas
portas, geralmente imponentes, se podiam abrir ou fechar consoante a necessidade, pois o estado
de guerra quase permanente obrigava a garantir a segurança dos habitantes. A muralha
desempenhava ainda outra função: a de delimitar o espaço da cidade por oposição ao espaço rural.
Devido ao aumento demográfico do século XIII, as cidades medievais rodearam-se de novas
cinturas de muralhas que integraram antigos arrabaldes e zonas rurais.
2. O CENTRO – no interior das muralhas, a cidade estava organizada em torno de um ou de diversos
centros, por exemplo:
- o castelo;
-a torre de menagem do alcaide;
-a Sé catedral;
-os paços do concelho;
-o mercado;
-o porto.
3. As RUAS – quer na cidade cristã, quer na cidade muçulmana, os aglomerados habitacionais
estendiam-se por ruas desordenadas, habitualmente estreitas, barulhentas e insalubres.
4. O ARRABALDE – no exterior das muralhas (arrabaldes) viviam os recém-chegados e os
marginalizados (pedintes, leprosos que habitavam as gafarias), em vielas estreitas e insalubres
(doentias)
5. O TERMO – era o espaço circundante (campos e aldeias) sob a alçada jurídica e fiscal da cidade, o
que permitia a esta retirar proventos e aos aldeãos vender os seus produtos às portas da cidade.
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AS COMUNAS

• Beneficiando da prosperidade económica dos séculos XI a


XIII, as cidades foram as primeiras a reivindicar autonomia em
relação ao poder dos senhores das terras.
• Os mercadores do Norte de Itália criaram, logo no século X, a
comuna, associação dos habitantes das cidades que
juravam lealdade entre si e reclamavam direitos perante o
senhor.
• As lutas comunais (movimento comunal)expandiram-se nos
séculos XII, XIII e XIV até as cidades obterem, ora através da
violência, ora de forma negociada, a ambicionada carta
comunal que estipulava as garantias de uma (maior ou
menor) autonomia administrativa.
• O termo comuna passou, então, a designar a cidade com
(relativa) autonomia.
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A CRISE DO SÉCULO XIV


• Ao longo da Idade Média, o contingente populacional foi-se adaptando
às subsistências disponíveis.
• Assim, em períodos de bons anos agrícolas (como aconteceu,
frequentemente, entre os séculos XI e XIII), a população crescia
ligeiramente, graças a uma taxa de natalidade superior à, também
elevada, taxa de mortalidade.
• No entanto, em épocas de más colheitas (século XIV), o preço dos
cereais, que constituíam a base de alimentação, subia de imediato,
arrastando as tão temidas fomes e, com estas, as doenças.
• A mortalidade atingia, em primeiro lugar, as crianças até um ano de
idade, por serem as mais vulneráveis e por se desconhecer quase na
totalidade quais os cuidados adequados a prestar a esta faixa etária
(em termos de alimentação, higiene, vestuário, cuidados médicos).
• Se juntarmos ao problema da escassez de recursos e ás epidemias as
guerras, obtemos a conhecida “trilogia negra” que caracterizou o
século XIV (na verdade o período entre 1330 e 1450).
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“Trilogia negra”
• FOME:- enquanto no século XIII a população aumentou
no Ocidente, no século XIV tornou-se impossível
alimentá-la, em virtude dos maus anos climatéricos
(chuva e frio) e do esgotamento dos solos.
• PESTE:- a mais conhecida, a peste bubónica (peste
negra), ceifou um terço da população europeia entre os
anos de 1348 e de 1350. Os mercadores genoveses
espalharam a doença.
• A peste horrorizou os seus contemporâneos, não só
pelo seu aspeto visual (os doentes apresentavam
bubões – tumores – negros ou azulados nas virilhas,
axilas e pescoço) mas também pela facilidade de
contágio, que os médicos procuravam combater, sem
sucesso, pois desconheciam que a transmissão da
doença se fazia pela picada da pulga e pelo ar
respirável.
• GUERRA:- o século XIV foi pródigo em guerras (entre as
quais se destaca a Guerra dos Cem Anos) e em revoltas
sociais (por exemplo, a revolta de 1383-85, em Portugal).
No entanto, não era nos campos de batalha que se
produzia o maior número de mortos: a violência que
acompanhava a passagem de tropas (amigas ou
inimigas) por cidades e campos, bem como a
desorganização económica que resultava dos conflitos
produziam efeitos mais devastadores.

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