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A Europa da Alta

Idade Média
• Retração da escravidão
• Invasões bárbaras =>
diminuição do comércio e da
população urbana.
A crise da • Ter escravos não era mais um
bom negócio
escravidão e • Os escravos foram substituídos
a ruralização por servos, indivíduos que se
caracterizavam por estarem
da sociedade presos à terra e pelo dever de
prestar serviços ao senhor
• A cidadania e o direito foram
substituídos pelos laços de
fidelidade entre as pessoas
Território do antigo Império Romano
Reinos bárbaros
• Em um mundo sem unidade política,
administrativa, econômica ou cultural,
como a Europa Ocidental do início da
Idade Média, o cristianismo era a única
força de união.
A ação da • A Igreja também era a única instituição
em condições de limitar a violência
Igreja endêmica que marcava a sociedade,
impondo normas e punições.

Católica • O clero católico lutava para eliminar os


costumes pagãos que se chocavam
com a moralidade cristã.
• Os mosteiros eram um dos principais
pontos de apoio para a cristianização
da sociedade.
A conversão dos
reinos bárbaros
• Monges pregadores percorriam os reinos
bárbaros para converter o maior número
de pessoas.
• O primeiro rei bárbaro a converter-se à fé
cristã foi Clóvis, rei dos francos, em 498.
• Por volta do ano 1000, após séculos de
luta da Igreja pela conversão, a Europa
podia ser considerada um continente
cristão cercado por territórios islâmicos.
O reino cristão dos francos e a
formação do Império Carolíngio
Dinastias do Reino dos Francos
• O Reino Franco configurou-se como o mais poderoso da Europa
Ocidental da Alta Idade Média.
• Formou-se e expandiu-se sob o governo de duas dinastias: a
merovíngia (séculos V-VIII) e a carolíngia (séculos VIII-IX)
• O primeiro soberano merovíngio importante foi Clóvis, que se
converteu ao cristianismo em 498 e foi o primeiro rei bárbaro a
governar com o apoio da Igreja Católica.
• Foi durante o reinado de um rei da dinastia merovíngia que Carlos
Martel (hábil e uma espécie de primeiro-ministro do rei) impediu a
expansão muçulmana sobre a Europa na Batalha de Poitiers (732).
• O filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, no ano 751, tomou o poder
do último rei merovíngio e fundou uma nova dinastia: a dinastia
carolíngia.
• O filho de Pepino, Carlos Magno, herdou o reino dos francos, em 768,
e iniciou um processo de grandes conquistas territoriais. No ano 800,
foi coroado imperator augustus e protetor da Igreja pelo papa Leão III.
Carlos Magno reinou até o ano 814.
Batalha de Poitiers (732)
Evolução do
território franco. As
conquistas de
Carlos Magno estão
em verde claro. Os
territórios além-
fronteira
representados em
verde são os
vassalos do Império
Carolíngio.
Quem é quem?
• Carlos Martel: “mordomo do palácio” (primeiro-
ministro) do rei Teodorico IV, da dinastia merovíngia. Na
Batalha de Poitiers, em 732, Martel impediu que os
muçulmanos continuassem a sua expansão pela Europa
• Pepino, o Breve: filho de Carlos Martel, derrubou o
último rei merovíngio e fundou a dinastia carolíngia, em
751
• Carlos Magno: filho de Pepino, tornou-se rei dos
francos, em 768, e imperator augustus e protetor da
Igreja Católica, coroado pelo papa Leão III
Carlos Magno

Em azul, reino franco na época da morte de Pepino; em laranja,


conquistas de Carlos Magno; em amarelo, estados tributários; em
rosa, estados pontifícios. O território de Carlos magno ficava na
área da atual: Suíça, Alemanha, França, Bélgica, Itália e Áustria.
O ideal do
imperador cristão

• Carlos Magno conseguiu reunificar uma


grande parte do que havia sido o
Império Romano do Ocidente.
• No Natal de 800, Carlos Magno foi
coroado imperador dos romanos (título
que ainda existia) pelo papa – o título
legitimava o poder de Carlos Magno e
mostrava suas conquistas como um
renascimento do antigo Império
Romano.
• Proteger a Igreja contra os infiéis e
propagar a fé por toda parte era seu
dever como imperador cristão.
A relação de Carlos Magno com a Igreja Católica
• Desde o início do século VIII, a tutoria do Império Bizantino sobre Roma e sua sede
pontifícia estava em declínio, inclusive levando a conflitos armados entre o papa e o
imperador bizantino.
• O Papa Estêvão II temia, também, a invasão dos lombardos sobre Roma, o que o leva a
pedir a ajuda do rei dos francos, Pepino, o Breve.
• Vencidos os lombardos, Pepino entrega ao Papa parte significativa de territórios centrais da
Itália (incluindo Roma), que passam a ser os Estados Pontifícios.
• O Sumo Pontífice passa, assim, a ter o domínio temporal de um Estado que, com algumas
variações geográficas, havia de perdurar durante mais de onze séculos, até 1870, quando
ocorre a unificação política da Itália e sua transformação em uma nação moderna.
• Adriano I, papa no ano 774, pediu de novo ajuda aos francos quando os lombardos
invadiram os Estados Pontifícios, e, como anos antes havia feito seu pai, era agora Carlos
Magno que atendia ao pedido da Santa Sé.
• Com a vitória do líder dos francos, a maior parte da Itália central ficou constituída num
estado independente sob governo dos papas.
• Em agradecimento, o papa coroou Carlos Magno como imperador romano no ano 800.
• Os Estados Pontifícios existiram até o século XIX, quando ocorreu a unificação da Itália. Aí a
Igreja Católica perdeu o poder sobre esse território. Mais tarde, em 1929, Benito Mussolini,
no Tratado de Latrão, cria com a Igreja o Estado do Vaticano, como uma espécie de
compensação à perda dos Estados Pontifícios e para conseguir apoio da Igreja ao regime
fascista
Território da Itália em
meados do século VIII: o
Império Bizantino (antigo
Império Romano do Oriente)
dominava Roma e outras
partes da península. Os
lombardos (longobardos), no
entanto, faziam forte pressão
sobre seus domínios. Neste
contexto, temendo a invasão
de Roma, o Papa pediu ajuda
para os francos
O Renascimento
Carolíngio

• Desenvolvimento das zonas rurais


e crescimento da população.
• Revitalização do comércio
marítimo.
• Incentivo à cultura e à educação.
• Cópias de manuscritos (textos
religiosos ou da cultura greco-
romana) feitas nos mosteiros.
A desagregação do império

• O Tratado de Verdun (843)


dividiu, entre os netos de
Carlos Magno, as terras do
Império Carolíngio em três
domínios separados.
• Sob o reinado dos carolíngios,
a Igreja Católica estabeleceu
uma estrutura material e
doutrinária sólida e
consolidou o seu poder, com a
conversão da maior parte da
Europa Ocidental ao
cristianismo romano.
Formação e decadência do
Sacro Império Romano Germânico
Os netos de Carlos Magno dividiram o Império Carolíngio em três
partes: a Frância Ocidental, o Reino da Lotaríngia e a Frância
Oriental.
O Reino da Lotaríngia entrou em decadência e foi dividido entre
a Frância Ocidental e a Frância Oriental
A Frância Ocidental se tornou o Reino da França durante a Idade
Média
A Frância Oriental se tornou o Reino da Germânia durante o fim
do século IX e início do século X.
O Reino da Germânia se expandiu e se transformou no Sacro
Império Romano Germânico, no ano 962, com a coroação de
Otão I, e durou até 1806, quando foi destruído durante as
Guerras Napoleônicas
Mapa do Sacro Império
Romano Germânico entre
os anos 972 e 1032
Formação do Feudalismo
Formação do sistema feudal
• Nesse contexto de fim do Império Carolíngio e de surgimento do Sacro
Império Romano Germânico é que se deu a formação do feudalismo na
Europa central e ocidental. Observe:
 Desde a época do Império Romano já havia uma tendência à ruralização da
sociedade causada pelas invasões dos bárbaros (a escravidão foi substituída
pelo colonato e se formaram as Vilas Romanas) – ou seja, mais poder para
grandes proprietários de terras
 Durante o Império Carolíngio, Carlos Magno distribuiu terras para muitos
nobres com o objetivo de proteger os territórios, o que causou a
fragmentação política e administrativa do poder – ou seja, mais poder para
grandes proprietários de terras
 O domínio dos árabes islâmicos sobre o Mar Mediterrâneo e as invasões dos
vikings levaram à necessidade de autossuficiência das propriedades rurais
europeias – ou seja, mais poder para grandes proprietários de terras
• Fácil de entender, então: quanto mais poder os grandes proprietários de
terras têm, menos poder fica para os reis; ocorre a regionalização do poder
político – isso é uma característica fundamental do feudalismo:
autossuficiência dos feudos e grande poder dos senhores feudais
Laços de fidelidade
Enfatizando o que já vimos:
• Carlos Magno deu sequência às distribuições de terras aos seus
oficiais e soldados de destaque, conforme era feito pelos antigos
chefes bárbaros que invadiram a Europa.
• Para garantir o apoio militar destes arrendatários, Carlos Magno
dava-lhes títulos de nobreza, tais como conde, duque e marquês,
cada qual responsável por uma porção de terra que deveria proteger
• Com isso, Carlos Magno fortaleceu uma nobreza proprietária e
militarizada que pouco a pouco foi tornando-se autônoma.
Descentralização política
Enfatizando mais:
• Para conter as invasões
estrangeiras, por
exemplo, Carlos Magno
criou, nas regiões
fronteiriças do império,
as Marcas, governadas
pelos marqueses.
• Essa medida trouxe bons
resultados imediatos,
porém com o tempo
esses marqueses
passaram a usufruir de
Marca de Hispânia – grandes propriedades de terra
uma grande influência governadas por marqueses que protegiam o Reino
política nas regiões em dos Francos de possíveis invasões dos islâmicos que
que ocupavam, logo dominavam o território do que hoje é a Espanha
tornando-se
Regionalização do poder
• Com a regionalização do poder e a criação de uma poderosa
nobreza foram dados os passos decisivos para o surgimento do
feudalismo, como de fato ocorreu após a morte de Carlos Magno
em 814.
• À época da morte de Carlos Magno, as instituições centrais do
feudalismo já estavam presentes sob o dossel de um Império
centralizado pseudo-romano. Na verdade, logo tornou-se claro
que a rápida disseminação dos benefícios e a crescente
possibilidade de hereditariedade tendiam a minar por baixo todo
o canhestro aparato do Estado carolíngio. (...) A unidade interna
logo desmoronou entre guerras civis de sucessão e a crescente
regionalização da aristocracia que o mantivera coeso.
(ANDERSON, 2004,p. 136).
O colonato
(influência romana sobre o sistema feudal)
• Colonato é o nome que se dá a um sistema de exploração de grandes propriedades
entre diversos colonos ou meeiros, que ficam incumbidos de cultivar uma
determinada área e entregar parte da produção ao proprietário, conservando
outra parte para seu próprio consumo.
• No Império Romano, após a crise do século III, houve a ruralização da sociedade e
a substituição da mão-de-obra escrava pela dos colonos, indivíduos que cultivavam
a terra de um grande proprietário para poderem sobreviver. Em troca do direito de
usar a terra, entregavam parte de sua produção para o nobre dono da terra.
• Quando os bárbaros invadiram o Império Romano, se adaptaram a este sistema
(misturando-o às suas tradições) e utilizaram a mão-de-obra de colonos para o
cultivo das terras que conquistavam.
• A propriedade de terra que pertencia a um nobre (bárbaro ou romano) e era
cultivada pelos colonos, passou a ser denominada de “Vila” (Vila Romana).
• É fácil perceber que isso está diretamente relacionado ao sistema feudal que
surgirá na Idade Média, em que feudos (grandes propriedades rurais) são
cultivadas por camponeses que, em troca do direito de cultivar o seu próprio
sustento, precisam entregar parte da sua produção agrícola para o dono da
propriedade
O comitatus e o beneficium
(influência dos bárbaros sobre o sistema feudal)
• Originalmente, comitatus, entre os bárbaros germânicos, designava a relação entre
um guerreiro germânico e o seu comandante, garantindo que um não abandonaria o
campo de batalha sem o outro
• E o beneficium era, basicamente, a recompensa (terras, ouro) que chefes militares
germânicos concediam aos soldados sob sua responsabilidade pela bravura em
campos de batalha. Em troca, o beneficiado passava a dever fidelidade ao seu senhor
• Nota-se, portanto, que o comitatus e o beneficium instituíram uma relação de honra,
lealdade e dependência entre os bárbaros
• É fácil perceber que isso está diretamente relacionado ao sistema feudal que surgirá
na Idade Média, no qual um senhor feudal, ao receber terras de outro senhor feudal,
se torna “leal” a ele, se torna seu “vassalo”, seu “dependente”, por toda a vida
• Ou seja, um senhor feudal da Idade Média, é, basicamente, um herdeiro das terras
que eram, antigamente, de grandes proprietários romanos (que abandonaram as
cidades e viraram proprietários das Vilas) ou de nobres bárbaros que as receberam
por beneficium.
• O senhor feudal que doou a terra passa a ser o suserano do senhor feudal que
recebeu a terra. O senhor feudal que recebeu a terra, passa a ser vassalo do senhor
feudal que doou a terra
Expansão islâmica na Idade Média
• A religião islâmica foi criada por Maomé no começo do século VII. Essa nova
religião, ao contrário das outras crenças árabes, era monoteísta (crença em
apenas um deus, chamado Alá).
• Nos séculos VII e VIII, o Islamismo cresceu e se espalhou por toda a Península
Arábica. A região se uniu em torno de um Estado forte e sob uma mesma
crença.
• Após a morte de Maomé, os muçulmanos escolheram um Califa como líder,
que era, ao mesmo tempo, líder religioso e espiritual.
• Em 711, os islâmicos conquistaram a região sul da Península Ibérica,
ameaçando se expandir sobre o Reino dos Francos, mas foram vencidos por
Carlos Martel na Batalha de Poitiers (ano 732)
• No processo de expansão (ver mapa no próximo slide), os muçulmanos
conquistaram também o Império Persa, o norte da África e o Império Bizantino.
• A expansão dos islâmicos contribuiu para formação do sistema feudal na
Europa, pois gerou insegurança e dificuldades comerciais. Carlos Magno
distribuiu terras para proteger o território do seu império contra eles, e essas
terras, com o tempo, foram se tornando cada vez mais autônomas e
autossuficientes
• Mapa mostrando as conquistas do Império Islâmico até o ano 750
• CALIFADO é como se chama uma área governada por um “califa”, o
representante político e religioso de Maomé, o fundador do islamismo
• Os islâmicos dominaram o Mar Mediterrâneo, estagnaram o comércio e
contribuíram, assim, o fortalecimento do sistema feudal, na Europa
Sistema de colonato Invasões bárbaras
Crise da escravidão nas grandes sobre o Império
no século III do propriedades de Romano
Império Romano terras

Tradições
bárbaras:
Surgimento das beneficium e
“Vilas Romanas” comitatus

Distribuição de
Ocupação árabe no Formação do terras para os nobres
Mediterrâneo e
invasões vikings
Sistema Feudal (proteção do Império
(século VIII) (Feudalismo) Carolíngio -
século VIII)

Detidos na
Batalha de
Poitiers
(732)
Descentralização
Estagnação do política
comércio entre Isolamento das Vilas e (regionalização do
Oriente e autossuficiência na poder)
Ocidente produção agrícola
Características do Feudalismo
• Já vimos como se estruturou o sistema feudal (feudalismo) na
região da Europa onde era o Império Carolíngio: ruralização após
as invasões bárbaras do Império Romano (formação das Vilas sob
o sistema de colonato); doações de terras feitas por Carlos Magno
(herança das tradições do comitatus e do beneficium);
insegurança e estagnação do comércio causada pelas invasões
vikings (ao norte) e o domínio dos árabes (ao sul).
• A sociedade, portanto, passou por um intenso processo de
transformação desde o século V (queda do Império Romano) até o
século IX (fim do Império Carolíngio), que levou à descentralização
política típica do sistema feudal.
• As características gerais do feudalismo são: poder descentralizado,
economia baseada na agricultura de subsistência, sociedade
estamental, trabalho servil e economia amonetária (sem moedas)
e sem comércio, na qual predomina a troca (escambo).
• Vejamos, a seguir, com mais cuidado as características deste
sistema.
Poder descentralizado
• Poder descentralizado, na época do feudalismo, significa dizer que
apesar da existência de reis e de reinos, as decisões políticas, judiciais,
etc, não dependiam dele, mas, sim, eram diluídas entre os diversos
proprietários de terras do reino (os senhores feudais), que detinham
poder sobre seus feudos.
• Estes senhores feudais, no entanto, eram vassalos do rei. Ou seja,
deviam a ele lealdade e auxílio militar, se fosse necessário, pois, de
maneira geral, só possuíam terras porque as receberam por doação do
rei.
• Cada senhor feudal poderia doar uma parte da sua terra para outro
nobre. Assim, quem recebia a terra tornava-se vassalo de quem doou.
E quem doou tornava-se suserano de quem recebia a sua doação.
• O rei era, portanto, o suserano dos suseranos, pois ele apenas doava
terras em troca de fidelidade e auxílio militar, conforme vimos.
Poder descentralizado
• Resumindo: no sistema feudal, o rei tinha pouco poder político, era
praticamente uma figura simbólica, pois quem mandava mesmo
era cada senhor feudal em seu próprio feudo, estabelecendo as
regras de convivência e de trabalho com os camponeses (os
servos). Ou seja, leis gerais estabelecidas pelo Estado, por um
governo central, por uma Constituição, conforme existem hoje,
tinham pouca validade, pois cada grande proprietário de terra é
que fazia as regras.
• Como analogia, podemos imaginar todo o território do Brasil
dividido em grandes fazendas nas quais as leis federais sobre
trabalho, comércio, direitos individuais, etc (previstos na
Constituição) teriam pouco ou nenhum valor. Os donos das terras é
que fariam as regras e viveriam em um sistema de autossuficiência,
apenas ajudando o governo central caso o país fosse invadido por
Paraguai ou Argentina, por exemplo. Mais ou menos assim
funcionavam os reinos da Europa Ocidental na Idade Média.
Poder descentralizado
Devemos lembrar, no entanto, dois pontos importantes:
• Acabava ocorrendo uma padronização das regras estabelecidas pelos
senhores feudais em seus feudos, de forma que todos possuíam
praticamente as mesmas no que diz respeito a obrigações dos servos, por
exemplo. Ou seja, as leis, as normas de trabalho, de convivência, de
herança etc, não eram instituídas pelo rei, pelo Estado, e sim pelos
senhores feudais, mas acabavam se tornando as mesmas ou muito
parecidas devido aos “costumes” e à influência da Igreja Católica;
• A Igreja Católica, como vimos, foi a única instituição que se manteve
coesa e forte após a queda do Império Romano. Durante o feudalismo,
portanto, apesar de não haver uma centralização política, havia uma
espécie de centralização religiosa, de forma que as regras espirituais, as
normas do cristianismo, valiam para todos em qualquer feudo. Dito de
outra forma, não havia, praticamente, leis do Estado, mas havia as leis da
Religião, sempre fortemente seguidas.
As relações de vassalagem
• Fim do Império Carolíngio: o
poder real enfraquece e abre
espaço para criação de laços
de fidelidade mútua entre os
nobres.
• O poder agora é
descentralizado.
• Os laços de fidelidade que
uniam a aristocracia são
conhecidos como relações de
vassalagem.
• Um nobre doava um bem ou
feudo para outro nobre: o
nobre que doava era
chamado de suserano, o
nobre que recebia era o
Sociedade feudal
• A sociedade feudal dividia-se em três ordens: os clérigos, os cavaleiros e os
camponeses.
 Os clérigos eram os monges e os sacerdotes. Dedicavam-se a rezar para obter a
salvação espiritual das pessoas, exercendo grande influência na cultura e na vida de
todos.
 Os cavaleiros eram os nobres, os guerreiros. Sua missão consistia em administrar os
feudos e em defender a população em caso de ataque.
 Os camponeses e demais trabalhadores produziam os alimentos e objetos
necessários à sobrevivência da população.
• Formados por uma minoria, os dois primeiros estamentos gozavam de vários
privilégios, como ocupar os cargos mais elevados, não pagar impostos e não
trabalhar. Já o restante da população – isto é, a maioria – não desfrutava de
quaisquer benefícios.
• As pessoas, com exceção dos clérigos, eram “enquadradas” em um estamento por
nascimento, ou seja, por sua origem, e era quase impossível passar de um grupo
social a outro.
Sociedade feudal: os clérigos
• Nesta sociedade, existiam aqueles que deveriam rezar pela salvação da humanidade:
eram os integrantes da Igreja. A função religiosa envolvia meditação e pregação cristã,
entre outras atividades. Os homens associados a esta função (os clérigos) se
encontravam no Primeiro Estado dada a relevância da fé cristã e a crença no Juízo Final.
• Papel importante no estudo da Sociedade Feudal é o da Igreja que na Antiguidade
estava sempre ligada ao Estado Imperial, e a ela subordinada, agora se tornava uma
instituição eminentemente autônoma dentro desta sociedade. Seu domínio sobre as
crenças e valores era imenso, mas sua organização eclesiástica era diferente do de
qualquer nobreza ou monarquia secular.
• Dois grupos se distinguiam no clero: o clero secular, formado por sacerdotes que
dependiam diretamente dos bispos, e o clero regular, ou monacato, composto por
monges e monjas, que viviam em mosteiros e abadias dirigidos por um abade ou uma
abadessa. Os abades obedeciam ao diretor da ordem monástica, submetido ao papa.
• No feudalismo a Igreja podia defender seus próprios interesses particulares, se
necessário, a partir de um reduto territorial e pela força armada. Bispos e Abades eram
eles próprios grandes senhores feudais.
Sociedade feudal: os cavaleiros (nobres)

• Na sequência, encontramos os guerreiros, homens responsáveis pela


manutenção da ordem na Terra até o fim dos tempos. Este poder temporal
ficava nas mãos dos senhores feudais e devia ser exercido considerando,
sempre que possível, os princípios cristãos. A função da guerra era de
defesa contra os inimigos da fé e contra as ameaças de novas invasões.
• Os nobres estavam ligados ao rei por um pacto de fidelidade: o monarca
concedia-lhes o feudo em troca de serviço militar e aconselhamento no
governo. O rei era o suserano (ou senhor) do nobre, que, por sua vez, se
tornava seu vassalo.
• Neste grupo guerreiro, o Segundo Estado, a terra era passada de pai para
filho dentro do princípio de primogenitura, pois, se o domínio de um
senhor fosse dividido entre seus filhos, nenhum teria poder igual ao dele.
Isso fazia com que uma parcela significativa desta nobreza, não herdeira,
fosse direcionada para a Igreja, ocupando os elevados cargos eclesiásticos.
Isso franquiava à nobreza o governo das terras da instituição religiosa,
outra fonte de poder na Idade Média.
Sociedade feudal: os camponeses (servos)
• Abaixo do clero e da nobreza estavam os que deveriam sustentar a
sociedade com seu trabalho. Sua função era garantir as necessidades
materiais da comunidade, por meio do desenvolvimento das atividades
produtivas.
• Faziam parte do Terceiro Estado os agricultores, artesãos e qualquer
outro grupo que favorecesse a vida produtiva e o consumo. Esses
trabalhadores pagavam tributos à nobreza e ao clero, permitindo, de
acordo com o pensamento da época, a harmonia coletiva.
• Devemos assinalar que a sociedade feudal era fundamentalmente rural.
Como a maior parte da população se encontrava no campo e as
conexões entre os vários domínios muitas vezes era precária, o
trabalhador rural era a figura mais representativa do universo produtivo.
O vínculo entre boa parte da população camponesa e o senhor feudal
era de servidão.
• O servo estava preso à terra e deveria compensar o senhor pela proteção
dada, pela possibilidade de viver naquele domínio e pelo zelo político e
religioso. Assim, podemos afirmar a existência de compromissos mútuos
que definiam a relação servil.
Obrigações dos servos
• Corveia: trabalhar gratuitamente na
reserva senhorial alguns dias da
semana,
• Talha: entrega de parte da colheita
do manso servil ao senhor,
• Banalidade: pagamento pelas
instalações pertencentes ao senhor,
como o forno e o moinho,
• Mão-morta: taxa paga pela família
do servo para permanecer no feudo
após sua morte.
• Tributo do casamento: pagamento
feito pelo servo ao se casar com uma
mulher que não vivia na propriedade
do senhor.

A unidade de produção feudal: manso


senhorial, manso servil e manso comunal

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