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História

Profa. Dra. Ludimila Caliman Campos


1º ano

APNP 1 – O mundo bizantino

IDADE MÉDIA
Desagregação é o termo que os historiadores utilizam para explicar a queda do
Império Romano, que aconteceu em 476 d.C., quando o último imperador
romano, Rômulo Augusto, foi destituído por Odoacro, rei do povo germânico
hérulo. A partir de então, inaugura-se a chamada Idade Média.
Este período foi por muito tempo chamado de “Idade das Trevas” ou “Noite dos
mil anos”, porém a historiografia contemporânea tem revisitado o medievo e
feito análises distintas e percebido que é um engano analisar a Idade Média
dessa forma uma vez que foi um período de bastante vivacidade na vida
cotidiana, nas artes e na criação das Universidades a partir do século XI.
Porém, de qualquer maneira, não podemos ignorar toda a influência da
religiosidade somada a alguns retrocessos na visão de mundo e nas ciências
desse período dos pós império romano, que se dividiu em três grandes áreas:
os reinos germânicos da Europa Ocidental (nº 1, no mapa acima), o Império
Bizantino (a metade que
sobreviveu à queda do Império
Romano, nº 2 no mapa) e a
formação do Império Árabe,
que passou a se formar a
partir da ascensão do Islã no
século VII (nº 3).
É claro que as delimitações do
mapa são referentes apenas a
um período da Idade Média
(meados do século VII), uma
vez que estamos falando de mil anos de duração e de um Império Árabe que
vai tomar muitos territórios dos reinos feudais europeus e dilacerar o decadente
império romano do oriente (ou império bizantino).
Bizantinos – o Império Romano do Oriente
O Império Romano do Oriente, ou império bizantino, manteve-se poderoso ao
longo de um milênio, depois da desagregação de Roma. Síntese de
componentes latinos, gregos, orientais e cristãos, a civilização bizantina
constituiu, durante toda a Idade Média europeia, o principal baluarte da
cristandade contra a expansão muçulmana, e preservou para a cultura
universal grande parte dos conhecimentos do mundo antigo, sobretudo o direito
romano, fonte das normas jurídicas contemporâneas, e a literatura grega.
Características:

 Intensa atividade comercial e urbana;


 Cidades luxuosas e movimentadas;
 Nos primeiros séculos os costumes romanos foram preservados, após
houve a predominância da cultura Helenística.
Cesar Flavius Justinianus (527-565)
O reinado mais importante desse império foi o de Justiniano no século VI.
Exerceu uma autoridade despótica, controlando tanto a vida política como
religiosa no império, dando a seu poder um caráter quase sagrado. A
preocupação com a questão religiosa marcou o reinado de Justiniano, que
passou a exercer forte influência sobre a Igreja, instituindo o “cesaropapismo”
(assumiu totalmente a chefia do Estado, com o título de César e a chefia da
Igreja Católica, Papa) e combateu todas as manifestações, consideradas como
heresias, que pudessem dividir a Igreja e afetar seu poder.
Justiniano empreendeu uma política expansionista cujo objetivo era recuperar o
antigo império do ocidente e realizou importantes conquistas no norte da África,
derrotando os Vândalos e posteriormente os Ostrogodos na Península Itálica e
por último parte da Espanha após derrotar os Visigodos. É responsável
também pelo desenvolvimento de obras públicas (hospitais, estradas,
aquedutos, pontes e palácios), demonstrando o esplendor do Império
Bizantino.
O Código de Justiniano - Justiniano conservou ou restabeleceu os quadros
administrativos romanos em todo o Império. O Direito Romano foi revisado e
atualizado, para fortalecer juridicamente as bases do poder imperial e dotar o
Estado de um sistema jurídico eficiente. O resultado desse trabalho é
conhecido pela denominação de Corpus Juris Civilis, compreendendo quatro
partes:

 O Código de Justiniano (Novus Justinianus Codex), que continha toda a


legislação romana revisada desde o Imperador Adriano
 O Digesto ou Pandectas, que incluía um sumário da jurisprudência
romana;
 As Institutos, que constituíam um resumo para ser utilizado pelos
estudiosos de Direito;
 As Novelas ou Autênticas, que reuniam as novas leis de Justiniano.

A importância do Corpus Juris Civilis pode ser assim avaliada: “Foi neste
Corpus Juris Civilis, obra-prima do Direito Romano, que os legistas da Idade
Média e dos Tempos Modernos estudaram esta ciência, e foi também ele que
serviu de base aos nossos códigos atuais.” (Segundo GENICOT, L. e
HOUSSIAU, P., in “Le Moyen Age”, Coleção Histoire et Humanités)
Em 1054 aconteceu o Cisma do Oriente, o evento que estabeleceu o
rompimento dentro da Igreja, com a divisão que permanece até nossos dias em
Igreja Católica Romana e Igreja Cristã Ortodoxa Grega.
Situações culturais, políticas e sociais fizeram com que as duas Igrejas
desenvolvessem suas características próprias, no Ocidente as migrações
germânicas marcaram uma nova fase, gerando uma nova estruturação a partir
do fim do Império Romano. Enquanto isso, no Oriente as tradições do mundo
clássico permaneceram presentes na sociedade e na Igreja cultivando a
cristandade helenística. A Igreja do Ocidente teve muito contato com a
influência e presença dos povos germanos, já a Igreja do Oriente carregou a
tradição e o rito grego e integrou especialmente o Império Bizantino.
Entre os principais pontos de atrito entre a Igreja Romana e os bizantinos
estavam as heresias incorporadas pelos bizantinos, como o monofisismo
(crença que Jesus Cristo tinha apenas a forma espiritual) e a iconoclastia
(combate a adoração de imagens sagradas, sob influência do islamismo).

QUESTÃO DISCURSIVA
Assista ao vídeo no link abaixo e responda:
https://www.youtube.com/watch?v=-1UL021YdlY
Quais as principais causas do chamado “Cisma do Oriente”.
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A principal causa do Cisma foi a disputa sobre a autoridade do
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papado ocidental (papa Leão IX, na ocasião) de tomar decisões
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que afetassem toda a Igreja.
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APNP 2 – A Alta Idade Média

Você aprendeu que o Império Romano do Oriente resistiu às migrações


germânicas e conseguiu sobreviver, transformando-se no Império Bizantino. Já
a decadência do Império Romano do Ocidente no ano de 476 d.C. (século V)
foi acelerada pelas migrações de povos germânicos que, após sucessivos
ataques, conquistaram e ocuparam a Europa.
A Idade Média é caracterizada pelo surgimento do feudalismo após o declínio
do Império Romano em 476 d.C. A fragmentação do império em reinos
governados pelas nobrezas locais durou dez séculos, do século V ao XV e está
dividida entre Alta (século V ao XI) e Baixa Idade Média (século XI ao XV).
Quem eram os povos germânicos?
Os romanos chamavam pejorativamente de bárbaros todos os povos, inclusive
os germânicos, que viviam fora de seu território e não tinham cultura romana,
isto é, não falavam a língua romana (latim) nem possuíam os mesmos
costumes e tradições que os romanos.
Os diversos povos germânicos tinham um modo de vida bem parecido entre
eles. Viviam no campo, não usavam moeda, não tinham um governo
organizado e não conheciam a escrita. Alguns desses povos eram nômades e
pouco comercializavam.
Vindo em busca de novas terras e riquezas, os bárbaros invadiram, atacaram,
saquearam e destruíram as cidades do Império Romano. Para salvar a vida, a
população das cidades fugiu para o campo, para as grandes fazendas em
busca de proteção. Isso fez com que a vida urbana, praticamente
desaparecesse.
Os principais povos germânicos que se instalaram na parte ocidental de Roma
foram:
- Anglo-Saxões, que se estabeleceram
na Grã-Bretanha;
- Visigodos estabeleceram-se na
Espanha;
- Vândalos fixaram-se na África do
Norte;
- Ostrogodos que se instalaram na Itália;
- Suevos constituíram-se em Portugal;
- Lombardos no norte da Itália;
- Francos que construíram seu reino na França.
Entre esses povos, os Francos são aqueles que constituíram um dos mais
importantes reinos bárbaros e que mais influenciaram o posterior
desenvolvimento europeu.
Carlos Magno: um rei franco
Carlos Magno, que era convertido ao cristianismo, tinha um sonho: reconstruir
a unidade do Antigo Império Romano e, para isso, realizou uma série de
conquistas militares. Submeteu diversos povos germânicos e apoderou-se de
um vasto território, ampliando seu domínio e transformando o reino dos francos
em um grande império, o Império Carolíngio.
As conquistas de Carlos Magno lhe trouxeram fama, poder e estabilidade. Ele
procurou elevar a cultura do povo franco. Fundou escolas nos mosteiros e no
próprio palácio real – o que contribuiu para a preservação e a transmissão da
cultura Grega e Romana, pois grande parte do conhecimento que temos hoje
da literatura da Antiguidade deve-se ao trabalho de coleta e cópia
desenvolvidos nessa época.
Após a morte de Carlos Magno, o Império Carolíngio entrou em decadência. As
diversas divisões do império fortalecem os senhores locais, contribuindo para a
descentralização política que, somada a uma onda de novas migrações na
Europa, a partir do século IX contribuem para a cristalização do feudalismo.
Feudalismo
As migrações na Europa dos
normandos, húngaros e árabes
provocou uma nova ordem social,
econômica, política e cultural na
Europa.
As características do feudalismo
eram:
• poder político descentralizado;
• economia autossuficiente;
• forte influência religiosa.
Quando os árabes dominaram o Mediterrâneo no século VII e a península
Ibérica (Portugal e Espanha) no século VIII, acentuou a decadência comercial
da Europa, que passou a voltar-se para a terra, tornando-se dependente dela.
Por sua vez, os reis europeus, incapazes de lutar e enfrentar os novos povos
que se lançavam de todos os lados, deixaram a cargo de cada nobre, a
obrigação de proteger suas próprias terras.
Nas últimas décadas do século IX, o benefício, isto é, a doação de terras pelo
rei aos nobres, se tornou hereditário e começou a ser chamado de feudo e
seus proprietários de senhores feudais.
A insegurança proveniente dos contínuos ataques de salteadores e guerreiros,
que aniquilavam vilas e cidades, levou a população europeia a pedir proteção
aos senhores feudais e, em troca dessa proteção, trabalhavam nos feudos
(terra) – eram os servos.
Assim, o poder político ficou descentralizado. Durante mais de 300 anos, a
Europa esteve fragmentada em centenas de pequenos feudos. Por isso, é
correto afirmar que, durante o feudalismo, perdeu-se a noção de Estado, isto é,
não havia mais um rei com condições de proteger todo o território do seu país.
A autoridade máxima em cada feudo era exercida pelos donos de propriedade
– os senhores feudais. Com isso, os que possuíam terras ganharam força,
prestígio e passaram a sujeitar seus dependentes (servos). O rei se
enfraqueceu e os grandes senhores de terras tornaram-se os donos do poder.
A economia feudal baseava-se na agricultura e no pastoreio. O feudo era
autossuficiente, ou seja, produzia praticamente tudo aquilo de que os seus
habitantes necessitavam. Trocava-se, geralmente, um produto pelo outro. Os
grandes senhores feudais cunhavam sua própria moeda, que circulava em
suas propriedades.
Durante a Idade Média, a Igreja Católica continuou a crescer e tornou-se uma
das instituições mais poderosas do Ocidente. A maioria dos povos germânicos
se converteu ao cristianismo. Com isso, pouco a pouco a Igreja foi se
fortalecendo e dando unidade à nova sociedade que se formava na Europa.

QUESTÃO 1
Acerca dos povos germânicos, assinale a alternativa INCORRETA.
A) A ideia de “invasões bárbaras” corresponde a uma perspectiva tradicional e
negativa a respeito do processo de estabelecimento de povos oriundos da
Germânia em terras que pertenciam ao Império Romano;
B) “Bárbaro” era uma categoria pejorativa que os romanos empregavam para
designar quem não partilhava de seus costumes e não falava o latim.
C) Diversos reinos romano-germânicos surgiram do paulatino esfacelamento
da unidade imperial romana no Oriente.
D) O projeto político carolíngio de ser um grande império demandava certas
competências por parte dos seus colaboradores para assegurar a
administração e a manutenção da autoridade de Carlos Magno.
E) A formação intelectual de leigos que atuariam em nome do Rei era
imprescindível ao sucesso do sistema institucional pretendido por Carlos
Magno.

QUESTÃO 2
Complete os espaços vazios corretamente.
Definir a Idade Média em poucas palavras não é uma tarefa fácil. É um período
em torno de _____ de história, com _____ mudanças de contexto. E, mesmo
assim, ainda persistem determinadas imagens idealizadas desse período que
tendem à perspectiva _____.
A) mil anos; sucessivas; negativa.
B) quinhentos anos; amplas; negativa.
C) dois mil anos; poucas; negativa.
D) mil anos; poucas; positiva.
E) quinhentos anos; amplas; positiva.

QUESTÃO 3
Sobre a economia feudal, assinale a alternativa CORRETA.
A) O comércio representava a parcela mais importante da economia feudal.
B) As relações comerciais ocorriam através do sistema de troca.
C) A base da economia era o artesanato.
D) A economia era agrária e o excedente da produção era utilizado em
atividades comerciais com o continente americano.
E) A mão-de-obra escrava ajudou a consolidar o comércio durante o
Feudalismo.

QUESTÃO 4
Podemos afirmar que, durante o feudalismo, perdeu-se a noção de:
A) Poder.
B) Fazer política.
C) Dominação.
D) Descentralização política.
E) Estado.

QUESTÃO 5
NÃO podemos afirmar que na Alta Idade Média:
A) O poder político na Europa ficou centralizado nas mãos do Império Romano.
B) Carlos Magno realizou uma série de conquistas militares, visando reconstruir
a unidade do Antigo Império Romano.
C) A ordem feudal se difundiu pela Europa medieval.
D) As migrações dos árabes na Europa contribuíram para a consolidação do
feudalismo.
E) O Feudalismo foi uma ordem política, econômica e social baseada na posse
da terra.

QUESTÃO 6
Sobre o poder da Igreja Católica no mundo feudal, assinale a alternativa
INCORRETA.
A) A estrutura política e econômica da época atrapalhou a difusão do poder da
Igreja Católica na Alta Idade Média.
B) A tarefa difundir a fé cristã foi executada pela Igreja Católica de maneira
efetiva durante a Idade Média.
C) A Igreja Católica sobreviveu a inúmeras mudanças ocorridas na Europa
Medieval.
D) No universo medieval, a Igreja Católica concentrou conhecimento e o poder.
E) Ao promover a evangelização dos povos germanos, a Igreja concretizou a
interação entre o mundo romano e o bárbaro.

QUESTÃO 7
Acerca do Império de Carlos Magno, julgue as frases abaixo.
I – Embora as conquistas militares tenham sido pouco significativas, foi nas
áreas cultural e educacional que o Império Carolíngio avançou.
II – Carlos Magno valorizou o ensino, promovendo obras para a sua
propagação em todo o Império Romano.
III – A manutenção dos conhecimentos gregos e romanos, tornou-se um dos
principais objetivos de Carlos Magno.

A) I. V; II. F; III. V.
B) I. F; II. F; III. V.
C) I. V; II. F; III. F.
D) I. V; II. V; III. V.
E) I. F; II. F; III. F.

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