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Exame de idade media coisas da net

História da Idade Média (Universidade de Coimbra)

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Exame de idade media- normal

Tive de ir tirar resumos á net:

Ponto 1: 1. A queda do Império Romano do Ocidente. Ruturas e continuidades: o legado


romano à Idade Média e o papel da Igreja nesta transição. Bizâncio e a continuação do
Império Romano do Oriente.

Síntese em vídeo da professora: da aula do dia 19 de fev de 2021

1- Os últimos secs do imperio romano do ocidente: causas do enfraquecimento do


imperio romano:

Crise demográfica

Crise militar- pelo facto deles já não conseguirem conquistar território há mt tempo onde
isso foi sempre a motivação deles e da sua politica militar

Política- enfraquecimento da figura do imperador

O enfraquecimento das cidades – consequência da crise demográfica, instabilidade, ida das


pessoas para o rural onde depois dará origem ao domínio rural que estrutura a organização
económica e social da alta idade media e da central

Invasões barbaras- que devemos designar como invasões germânicas mas que foram
descritas como barbaras de conceito universal e de autoridade que surge na icnografia e na
escrita antes dos romanos.

Essas invasões onde santo Ambrósio Bispo de milao que da´a ideia de que essas invasões
são como peças de domino que se foram precipitando umas contra as outras acabando por
asfixiar o imperio no seu coraçao.

…. Etc

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Site 1

O processo que levou à queda o Império Romano do Ocidente foi longo e complexo. Para
compreender este acontecimento é preciso compreender o contexto de ameaças de invasões e
crises pelo qual passava o Império.

Crise do Terceiro Século

Após um longo período de estabilidade, conhecido como o período da Pax Romana, no qual o
Império se expandiu ao máximo, chegando ao seu maior tamanho territorial, houve uma
intensa crise, ocorrida justamente pela dificuldade em manter um império tão vasto em
segurança e estabilidade. O envio de tropas às diferentes regiões custava caro e necessitava de
infraestrutura. Com a crise do terceiro século defender o território que sofria constantes
ameaças de invasão tornava-se difícil e dispendioso. O envio de soldados às regiões distantes
de Roma tornava-se mais difícil e assim, a conquista de novos escravos também não ocorria.
Neste cenário foram surgindo diversos problemas a serem enfrentados diretamente.

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Suas fronteiras eram constantemente ameaçadas por povos bárbaros – aqueles que não
falavam nem o grego nem o latim – e foi preciso uma forte mobilização, de pessoal, mas
também financeira – para lutar contra os invasores. Para dar conta dessas demandas o Império
passou a cobrar cada vez mais impostos, especialmente nas cidades, tornando a vida no espaço
urbano difícil e onerosa, e causando assim um movimento migratório de diversas famílias para
o interior das províncias. Ainda assim, as famílias mais pobres sofreram com a crise financeira.
Trabalhando em sistemas de colonato, onde deveriam devolver parte do que produziam para o
proprietário da terra em forma de pagamento, e não podendo adquirir bens em seu nome, a
mobilidade social era praticamente impossível. Com as péssimas condições de vida no interior,
esses colonos também se rebelaram contra o império, promovendo rebeliões que precisavam
ser contidas, gerando mais gastos para o Império, que repreendia os movimentos com rigor.

Dominato e a Tetrarquia de Diocleciano

Durante o terceiro século o Império Romano viu a crise fugir de seu controle. Foram muitas as
tentativas de manter o império vivo. Dentre as principais medidas destacam-se as propostas de
Diocleciano. Para melhor controle do vasto território o Imperador propôs uma divisão do
império. Ele seria dividido em quatro partes, cabendo a cada uma delas o seu próprio
imperador. Era uma tetrarquia, estabelecida com vistas a restabelecer a ordem e retomar o
controle do território romano. Na tetrarquia o regime de governo ficou conhecido como
dominato, um regime monárquico, despótico e militarizado. A construção da imagem do
imperador passou a ser uma questão central para o Império: ele deveria passar a mensagem
de força e união e, para isso, passou a carregar símbolos visíveis da sua condição de imperador:
coroas, mantos e tudo o que pudesse destacar sua imagem. No entanto o novo modelo de
governo proposto por Diocleciano não atingiu os resultados esperados, pois os imperadores de
cada uma das regiões entraram em disputas entre si, com vistas ao poder central. O envio de
funcionários da administração, do Imperador e a construção de moradias nas cidades sedes de
cada um dos imperadores também custou caro aos cofres, não resolvendo, portanto, o
problema da crise conforme se pretendia. Diocleciano deixou de ser imperador em 305,
quando abdicou de seu cargo.

Invasões de povos bárbaros

As ameaças de povos bárbaros eram muito comuns à época. É preciso lembrar que os
territórios do mundo antigo foram disputados por diversos povos. Além disso, grupos não
romanos tinham interesse não só em tomar o poder dos romanos, mas também nas suas
terras, que eram férteis e nelas se podia produzir muita coisa. Assim, suas fronteiras
encontravam-se em constante ameaça, especialmente por parte dos povos germânicos, tais
como os francos, os visigodos, os vândalos e os anglo-saxões. As guerras contra os povos
bárbaros também mexiam com as finanças do Império, afinal, custavam caro aos cofres
públicos, que gastava com o envio do exército e com obras estruturais. Para dar conta de tantas
demandas mais uma vez o Império tratou de aumentar a arrecadação de impostos, fazendo
com que a população sofresse diariamente com as invasões bárbaras. Mas, não somente as
terras causavam preocupações ao Império. A difusão de novas culturas a partir das invasões
bárbaras era uma das maiores preocupações do Império Romano, pois, afinal de contas,
pretendia-se único, sem dissonâncias. Com vistas a resolver o problema foi proposto,
inicialmente, um acordo com alguns povos bárbaros: enquanto eles se instalavam nas terras do
Império com a sua autorização, deveriam fornecer a defesa das fronteiras. Assim, os gastos do
Império Romano diminuiriam sensivelmente.

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Embora a proposta tenha sido aceita, os povos bárbaros continuavam a representar ameaça
aos romanos. Isso porque, já instalados nas terras do império, passaram a planejar tomar o
poder, cada um em sua região. Essa era uma nova forma de ameaça, que, somada à crise
econômica, modificou o contexto do Império Romano. Inúmeras foram as invasões bárbaras
nessa época e cabe destacar as mais contundentes: os vândalos ocuparam a região norte da
África; os visigodos a Península Ibérica; os francos tomaram parte da Gália e os anglo-saxões
tomaram a Bretanha. Essa tomada de poder por parte dos povos bárbaros enfraqueceu mais
ainda o Império Romano.

Divisão do Império Romano

Ao final do século IV Teodósio, em 395, propôs a divisão do Império Romano em duas partes: o
Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente. O primeiro tinha sede em
Ravena, que depois seria transferida para Milão, e o segundo tinha sede no Bizâncio. Durante
as invasões bárbaras o que mais ocasionou desestabilização foram os saques a Roma. Roma já
havia sido saqueada em outras ocasiões e, em sua história, seria saqueada novamente tempos
mais tarde. No entanto, três saques marcaram esse período de declínio do Império Romano. O
primeiro deles foi feito pelos visigodos, em 410 d.C., acontecimento que marca o início do
processo de queda e desintegração do Império Romano. O segundo foi efetivado pelos
vândalos, e ocorrido no ano de 455. As fontes do período indicam que este foi o mais violento
dos saques. Mas, foi o terceiro, efetuado pelos hérulos, em 476, que foi o golpe definitivo que
pôs fim ao Império Romano do Ocidente. Foram os hérulos que invadiram, saquearam e
derrubaram Rômulo Augusto, o último Imperador Romano com aquela formulação. Enquanto o
Império do Ocidente caiu, o Império Romano no Oriente manteve-se fortalecido, durando até o
ano de 1453.

Fim da Antiguidade e início da Idade Média

O ano de 476 é o marco do fim do que conhecemos como Idade Antiga, dando início ao
período que costumamos chamar de Medieval, que será marcado pela formação do Império
Bizantino e pela propagação do cristianismo. Embora esses marcos estejam presentes na
historiografia até os nossos dias é preciso destacar que esse modelo que estabelecer uma linha
do tempo sucessória de acontecimentos é baseado na experiência europeia e na sua
historiografia. Portanto, ao falar de outras sociedades, localizadas e baseadas em diferentes
partes do globo, é difícil manter os mesmos referenciais. Ainda assim, de acordo com a
historiografia, pode-se entender o ano de 476 como um ano chave para a compreensão da
queda do Império Romano do Ocidente e para o fim da Antiguidade. Assim, a queda do
Império Romano do Ocidente foi um processo complexo e longo de declínio do Império
Romano, e não aconteceu da noite para o dia, repentinamente. Ocorreu devido a diversos
fatores, quando não foi mais possível manter um Império unificado, perdendo forças e
território.

Resumo do mesmo site 1:

Há diversos fatores que explicam o declínio do Império Romano, podendo-se destacar a


dificuldade em manter um exército que custava caro aos cofres imperiais; as pestes que
assolavam a população romana ocasionando em doenças e consequentemente em um alto
número de mortes; a crise financeira que assolou não só a administração imperial como toda a
população, tendo em vista que para sustentar o Império em crise os Imperadores passavam a

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cobrar mais impostos do povo; as reformas propostas pelos Imperadores, especialmente por
Diocleciano, que não surtiram os efeitos desejados e geraram mais instabilidade; a ascensão de
uma nova religião e as tentativas de combate-la, com perseguições. Ainda assim, embora a
parte ocidental tenha sido desintegrada, há aqueles que defendem que o Império Romano
existiu até o ano de 1453, quando o Império Bizantino caiu, tendo a cidade de Constantinopla
sido tomada pelos turcos otomanos. Há quem defenda essa versão porque, ainda assim, este
império continuou sendo reconhecido como Império Romano, e ocupava parte de um território
que compunha o Império Romano. Além disso, os homens e mulheres que lá viviam
reconheciam-se também como romanos. Mas, eles não utilizavam o latim como língua oficial.

Por fim cabe destacar que o processo que levou à queda do Império Romano do Ocidente
iniciou-se com a crise do terceiro século e as sucessivas tentativas de manter um império tão
vasto, com a maior extensão de terras do mundo antigo, de forma unificada, estável e coesa.
As propostas que se seguiram por parte de seus Imperadores não resolveram as crises, e o
Império precisou lidar com diversas outras questões, sendo as mais contundentes as invasões
bárbaras e os saques a Roma, que levaram, por fim, à desintegração do Império Romano do
Ocidente.

Imperio bizantino:

Como mencionado, depois da desagregação do Império Romano, a Europa, como um todo,


passou por grandes transformações. O lado ocidental fragmentou-se em vários reinos e foi
influenciado pelas culturas latina e romana. O lado oriental, por sua vez, manteve-se unificado
e seguiu a tradição grega. Dentro desses dois cenários, dois grandes impérios surgiram: o
Império Carolíngio e o Império Bizantino. bizantinos, por sua vez, não foram uma tentativa de
reviver o Império Romano do Oriente, mas a continuidade dele. A parte oriental do Império
Romano resistiu à fragmentação trazida pelos povos germânicos. Isso aconteceu porque a
prosperidade dessa parte permitiu que seus habitantes conseguissem expulsar os invasores.

O Império Bizantino tinha como capital a cidade de Constantinopla, fundada em 330 por ordem
do imperador Constantino. O auge desse império aconteceu durante o reinado de Justiniano,
rei que conseguiu expandir consideravelmente as terras bizantinas. No seu governo, os
bizantinos conquistaram parte do norte da África, parte da Península Ibérica, toda a Península
Itálica e parte da Dalmácia. Durante o reinado de Justiniano, foi criado um sistema de leis
conhecido como Corpus Juris Civilis, obras públicas importantes foram realizadas em
Constantinopla, com destaque para a Hagia Sofia — criada como um templo ortodoxo. Ele
também tentou unificar a cristandade pela influência do cristianismo oriental.

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Outro site: 2

O Império Bizantino nasceu da divisão do Império Romano, no ano de 395, em Império


Romano do Oriente, com capital em Constantinopla e Império Romano do Ocidente, com
capital em Milão. A cidade de Constantinopla, antes denominada Bizâncio, havia sido
rebatizada pelo Imperador Constantino no ano de 330. Atualmente, a cidade recebe o nome de
Istambul. Por esta razão, o Império Romano do Oriente passou para a história como “Império
Bizantino”. Sua extensão territorial compreendia a Península Balcânica, a Ásia Menor, a Síria, a
Palestina, o norte da Mesopotâmia e o nordeste da Ásia

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Enquanto no Ocidente, o Império Romano desapareceu por conta das invasões de diversos
povos, o Império Bizantino conseguiu manter sua unidade e seus habitantes chamavam-se a si
mesmo de romanos. Com a queda de Roma, em 476, o Império Bizantino passou a ser o
herdeiro das tradições romanas e sobreviveu mais mil anos.

Governo de Justiniano

Um dos principais imperadores bizantinos foi Justiniano (527-565), pois em seu governo, o
Império Bizantino atingiu o máximo esplendor. Filho de camponeses, Justiniano chegou ao
trono em 527. Sua esposa, Teodora, também vinha de origem humilde e exerceu decisiva
influência sobre a administração do Império.

Justiniano foi também o responsável pela reconquista de territórios que antes haviam
pertencido ao Império Romano do Ocidente, incluindo Roma, o sul da Espanha e o norte da
África. Estas regiões haviam sido ocupadas pelos povos germânicos. o poder, Justiniano
procurou organizar as leis do Império. Encarregou uma comissão de juristas de elaborar o
“Digesto”, uma espécie de manual de Direito destinado aos estudantes, que foi publicado em
533.

Nesse mesmo ano foram publicadas as "Institutas", com os princípios fundamentais do Direito
Romano e no ano seguinte concluiu o Código de Justiniano. As três obras de Justiniano eram
uma compilação das leis romanas desde a República até o Império Romano. Posteriormente,
foram reunidas numa única obra o Codex Justinianus, depois chamado de Corpus Juris Civilis
(Corpo de Direito Civil).

O Imperador Justiniano também dotou a capital de grandes edifícios como a igreja de Santa
Sofia (Santa Sabedoria) e o palácio imperial.

Religião no Império Bizantino:

Justiniano procurou usar a religião cristã para unir o mundo oriental e ocidental. Procedeu à
construção da igreja de Santa Sofia (532 a 537), monumento arquitetônico com sua enorme
cúpula central, apoiada em colunas que terminam em capitéis ricamente trabalhados. Ali eram
consagrados os imperadores bizantinos. Quando os turcos tomaram Constantinopla, em 1453,
foram acrescentados os quatro minaretes que caracterizam as mesquitas.

O cristianismo predominou no Império Bizantino, mas se desenvolveu de forma distinta que no


Ocidente. Enquanto este se via cada vez mais dividido, a Igreja e o Imperador se uniam no
Oriente. Por isso, o Imperador passa a ser considerado como um dos chefes da Igreja e esta
união foi chamada de “cesaropapismo” (césar + papa) ou "teocracia". A Igreja Oriental utilizava
a língua local nos seus cultos e não admitiam as imagens tridimensionais. Já a Igreja no
Ocidente não reconhecia o Imperador como um chefe, empregava o latim nas suas cerimônias
e veneravam esculturas.

Para os bizantinos, as imagens, denominadas ícones, deviam ser bidimensionais e esta disputa
acabou levando-os a um movimento de destruição conhecido como Iconoclastia. Assim, muitas
obras de arte se perderam enquanto não se chegou um acordo sobre a relação da veneração
das imagens.

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Os questionamentos dos dogmas cristãos pregados por Roma deram origem a algumas
heresias - correntes doutrinárias discordantes da interpretação cristã tradicional. As diferenças
culturais entre Oriente e Ocidente e as disputas pelo poder entre o Papa e o Imperador,
culminaram na divisão da Igreja, em 1054, criando uma cristandade ocidental, chefiada pelo
Papa; e uma oriental, chefiada por um colegiado de bispos e o imperador. Esse fato recebeu o
nome de Cisma do Oriente. A partir de então, a Igreja Oriental passou a ser conhecida como
Igreja Católica Ortodoxa e foi responsável por cristianizar lugares como a Rússia, Bulgária, a
Península do Balcãs, entre outros.

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Outro site: 3 tb Imperio Bizantino

O Império Bizantino foi uma continuidade do Império Romano do Oriente, que perdurou até o
século XV, quando a capital Constantinopla (ou Bizâncio para os gregos, e hoje Istambul) foi
conquistada pelos turcos-otomanos, em 1453. O legado deixado pelo Império Bizantino é
amplo, influenciando desde as rotas comerciais entre Ocidente e Oriente até os códigos civis
contemporâneos. A cidade de Constantinopla, uma antiga aldeia de pescadores gregos, foi
urbanizada por volta de 330 d.C. por orientação do imperador romano Constantino.
Inicialmente conhecida como Nova Roma, Constantinopla se transformou na capital do Império
Romano do Oriente e em um grande centro comercial devido à sua localização geográfica
privilegiada, no estreito de Bósforo, em um ponto de junção entre o mundo ocidental e
oriental.

O principal imperador bizantino foi Justiniano (527-565), que durante seu reinado expandiu o
Império aos seus limites máximos na região mediterrânica, chegando inclusive a reconquistar a
cidade de Roma e a Península Itálica dos povos germânicos. Foi durante o governo de
Justiniano que foram compiladas as leis romanas, criando o Corpus Juris Civilis (Corpo do
Direito Civil). Esse código jurídico romano organizado pelos bizantinos influenciou a
constituição de diversos códigos civis em países da época contemporâneo. Justiniano também
financiou a construção de grandes obras públicas, das quais se pode destacar a Catedral de
Santa Sofia, que até hoje existe na cidade de Istambul. O imperador governava ainda com
poderes absolutos, considerando-se o representante de Deus na Terra, o que o tornava
também o chefe da Igreja. Isso acabou diferenciando a própria Igreja, já que no Ocidente, o
bispo de Roma passou a ser o chefe da Igreja a partir de 455, transformando-se no papa Leão I.

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Do resumo da aula de revisões: tb imperio bizantino

Portanto o papado e igreja de Roma sobrevivem neste território imperial e apropriam-se sem
qualquer juízo de valor , mas é na estrutura da igreja que sobrevive a própria estrutura
administrativa do imperio ou seja as grandes jurisdições dele vão ser mantidas pela
administração da igreja que vai continuar a ter por todo o território os seus representantes
desde falamos sempre como os grandes guardiões das cidades que são os bispos mesmo num
período em que as cidades imperiais romanas perdem força e em que a população mais
depressa procura organizar-se ao redor das vilas rurais mesmo nesse tempo as principais
cidades do imperio que eram sede de diocese mantem a sua dignidade urbana porque
continuam a ser residência do bispo e do clero que o auxilia.

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Bizâncio vs Islão:

Site: 4

As Guerras entre Bizantinos e Árabes colocaram em confronto os califados árabes e o Império


Bizantino entre os séculos VII e XII. O Império Romano do Oriente, como era chamado também
o Império Bizantino, enfrentou uma série de desentendimentos com califados árabes que
resultaram em confrontos bélicos. Os combates se iniciaram quando, logo após o surgimento
do islamismo, os muçulmanos empreenderam-se em conquistas de territórios. Seguindo um
ideal de expansionismo, especialmente os califados Rashidun e Omíada travaram vários
conflitos com os romanos até o surgimento das Cruzadas. O movimento inicial de expansão dos
muçulmanos foi muito danoso para o Império Bizantino, resultando na perda de grandes
parcelas de território cristão. Até mesmo a capital Constantinopla correu o risco de ser tomada
em duas ocasiões nas quais a cidade foi cercada pelos muçulmanos. Foram várias as Guerras
entre Bizantinos e Árabes, sendo que a primeira delas aconteceu entre os anos 634 e 718. Este
conflito inicial durou quase cem anos e marcou uma fase de grande expansão desses povos
árabes. O embate teve uma trégua a partir do ano 718, mas os desentendimentos entre
bizantinos e árabes permaneceram vivos. Como resultado, uma nova guerra estourou e foi
oficializada no final do mesmo século VIII.

O rompimento de novos conflitos diretos no século VIII revelou-se de grande extensão. As


guerras permaneceram pelos próximos séculos e só foram terminar no século XII, no ano 1169
Ao longo da nova fase dos conflitos, os bizantinos conseguiram algumas vitórias. Foi possível
recuperar alguns territórios perdidos anteriormente e os cristãos chegaram perto, até mesmo,
de retomar Jerusalém. Entretanto o poderio de combate dos muçulmanos era muito grande.

Já no final século XI, os muçulmanos estavam novamente organizados e vitoriosos nas batalhas,
o que os permitiu uma nova fase de expansão territorial. Com o cenário amplamente favorável
aos islâmicos mais uma vez, o imperador bizantino Aleixo I recorreu desesperadamente ao
Papa Urbano II. Na ocasião do Concílio de Placência, em 1095, o líder dos bizantinos solicitou
ao Supremo Pontífice ajuda militar para tentar afrontar os muçulmanos. Esta situação é
notadamente reconhecida como um evento precursor da Primeira Cruzada, que seria
proclamada no mesmo ano e teria como um de seus objetivos a retomada de Jerusalém, local
considerado sagrado.

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Ponto 2 do programa:

2. A reestruturação franca: Merovíngios e Carolíngios (ascensão e queda).

Os Merovíngios (481-751)

Clóvis, neto de um chefe tribal chamado Meroveu, foi o primeiro rei dos francos (481-511),
fundador da Dinastia dos Merovíngios. Sob sua liderança, os francos criaram o mais importante
de todos os Reinos bárbaros.

Antes de Clóvis, as tribos francas formavam dois grandes grupos: os francos sálios, junto ao
Canal da Mancha, e os francos ripuários, localizados mais para o interior. Depois de assumir a
chefia dos francos sálios, Clóvis incorporou os francos ripuários. Em seguida, conquistou o
reino de Siágrio, general romano que fundara um Estado próprio no oeste da Gália. Em 496,

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bateu os alamanos do leste da Galia na Batalha de Tolbiac — ocasião em que se converteu ao


cristianismo — e, com a ajuda dos borgúndios, impeliu os visigodos para trás dos Pireneus.
Mais tarde, voltar-se-ia contra os próprios borgúndios e anexaria seu reino, localizado no
sudoeste da Gália.

O batismo de Clóvis foi realizado em Reims, juntamente com 3.000 de seus guerreiros. Essa
cerimônia religiosa trazia embutido um importante significado político: a maioria da população
da Gália (galo-romanos) era cristã, e Clóvis compreendera que somente convertendo-se ao
cristianismo obteria sua adesão. Assim, a Igreja tomou-se aliada na expansão do poder de
Clóvis — poder que começou a sair da simples aclamação dos guerreiros para a ratificação pelo
poder religioso. Ademais, visigodos e borgúndios haviam adotado o arianismo — uma heresia
condenada pela Igreja. Por essa razão, as guerras de Clóvis para unificar a Gália contaram com
o apoio do próprio Papado, interessado na supressão daquela heresia.

As divisões do Reino dos Francos (511-687)

Com a morte de Clóvis, em 511, o Reino dos Francos foi dividido em quatro partes, de acordo
com o costume germânico de repartir as propriedades do falecido entre seus filhos varões, sem
levar em conta a primogenitura. A partilha enfraqueceu a monarquia franca, uma vez que os
herdeiros passaram a lutar entre si. Seguiram-se unificações parciais e novas divisões, com os
Merovíngios se digladiando constantemente. A Gália permaneceu dividida durante um longo
período, excetuando-se o reinado de Dagoberto I, que conseguiu governar sozinho de 629 a
639. Os Estados francos mais importantes eram a Austrásia e a Nêustria.

Os prefeitos do palácio (640-751)

Após a morte de Dagoberto, o poder dos Merovíngios entrou em declínio. Os soberanos desse
período, tanto da Nêustria como da Austrásia, praticamente deixaram de governar, delegando
sua autoridade a um alto funcionário: o prefeito do paço (palácio) ou major domus. Os
prefeitos assumiram o poder de fato e marginalizaram os reis – conhecidos desde então como
reis indolentes. Na Austrásia, Pepino de Héristal conseguiu que o cargo de major domus se
tomasse hereditário. Em 687, ele venceu em batalha o major domus da Nêustria,
estabelecendo uma união de fato entre os dois Reinos. Seu filho, Carlos Martelo (ou Martel),
em 721 unificou definitivamente os Reinos da Austrásia e da Nêustria, impondo-lhes um
monarca único e constituindo a entidade geopolítica que ficaria conhecida pelo nome de
França. Carlos ganhou o apelido de Martelo depois de esmagar os árabes em Poitiers (732),
detendo o avanço do Islão sobre a Europa.

Com a morte de Carlos Martelo, em 740, tornou-se prefeito do paço seu filho Pepino, o Breve.
Em 751, contando com a aprovação papal, Pepino internou o último Merovíngio em um
convento e se fez aclamar rei dos francos em Soissons. A coroação foi realizada pelo papa
Estêvão II, para enfatizar a origem divina do poder real. Em retribuição ao apoio do pontífice,
Pepino comandou uma expedição à Itália contra os lombardos, que ameaçavam Roma e o
Papado. As terras tomadas aos lombardos foram doadas por Pepino à Igreja, formando o
Patrimônio de São Pedro — núcleo dos futuros Estados da Igreja.

O Império Carolíngio (800-843)

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Quando Pepino faleceu, em 768, o trono foi compartilhado por seus filhos Carlos (mais tarde
Carlos Magno) e Carlomano. Este morreu três anos depois, e Carlos passou a reinar sozinho.
Carlos Magno foi o mais guerreiro dos governantes cristãos da Alta Idade Média. Sob o
pretexto de expandir a fé cristã, levou a guerra aos muçulmanos da Espanha e aos pagãos da
Germffitia. Na Itália, reabriu a luta contra os lombardos, submetendo-os e tomando-lhes a
Coroa de Ferro (coroa contendo um aro interno de ferro que, segundo a tradição, fora fundido
com um dos cravos que crucificaram Jesus). O território dos lombardos foi incorporado aos
domínios de Carlos, com o nome de Reino da Itália — localizado entre os Alpes e o Patrimônio
de São Pedro (este último foi confirmado como domínio pontifício). Na Península Ibérica, o
soberano franco ocupou uma larga faixa de terra além Pireneus, ali criando a Marca da
Espanha.

A mais violenta guerra de conquista e conversão foi conduzida contra os saxões da Germânia.
Tribos inteiras foram aniquiladas; mas Carlos conseguiu estender sua autoridade a uma vasta
região, correspondente aproximadamente à Alemanha, Áustria e República Checa atuais. Como
fizera na Espanha, o soberano franco criou na Germânia algumas marcas (áreas de fronteira
sob a administração civil e militar de um marquês), destinadas a conter os ataques dos povos
da Europa Oriental. Uma delas, estabelecida junto ao Rio Danúbio, daria origem à Áustria.

As conquistas de Carlos Magno expandiram o cristianismo e ampliaram a área de influência da


Igreja. Grato ao monarca franco, o papa Leão III coroou-o em Roma, no Natal de 800, com o
título de imperador dos romanos, sucessor de Constantino. Formalmente, renascia o Império
Romano do Ocidente, desaparecido em 476. Mas o novo Estado, cujos limites não coincidiam
com os de seu predecessor, ficaria conhecido historicamente pelo nome de Império Carolíngio.
Os domínios de Carlos Magno tinham como centro de governo o palácio imperial. Nele
residiam os altos funcionários, escolhidos pelo imperador e demissíveis a sua vontade: o conde
palatino era o chefe da administração; o arquicapelão tratava dos assuntos eclesiásticos; o
chanceler, da legislação e das relações exteriores; o camareiro guardava a câmara do tesouro; o
senescal cuidava do abastecimento; finalmente, o condestável organizava as forças militares.

Os Reinos Bárbaros

1. Os reinos bárbaros

A história política da Europa na Alta Idade Média é caracterizada, no Oriente, pelas expansões
e contrações do Império Bizantino (Império Romano do Oriente) e do Império Árabe (Islão). No
Ocidente, é a história dos Reinos bárbaros de origem germânica, formados a partir do século V
dentro dos limites do antigo Império Romano do Ocidente. Os vândalos se fixaram no Norte da
África (Tunísia e Argélia atuais), sob a liderança de Genserico. Esse reino foi absorvido pelo
Império Bizantino em meados do século VI, durante a Reconquista de Justiniano. No século
seguinte, a região passaria para o controle dos muçulmanos. Os ostrogodos, estabelecidos na
Península Itálica, procuraram conservar as tradições romanas sob seu rei Teodorico; mas a
conquista da Itália pelo Império Bizantino pôs fim à monarquia ostrogótica. Em seu lugar foi
instalada uma administração bizantina na Itália, com capital em Ravena (Exarcado de Ravena).
Entretanto, mal se completara a ocupação bizantina, os lombardos (outro povo germânico)
invadiram o Norte da Itália, fixando sua capital em Pavia.

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Os visigodos, que dominavam a Espanha e todo o Sul da Gália, foram expulsos desta última
pelos francos. Em 711, os mouros (árabes do Norte da África) começaram a conquista da
Península Ibérica, onde fundaram o Califado de Córdoba sob Abder-Rahman. Os visigodos
recuaram para o norte, onde mantiveram um Estado independente sob o nome de Reino das
Astúrias. A Britânia foi ocupada por três povos germânicos. Os jutos instalaram-se no sul e
fundaram o Reino de Kent. Os saxões também se fixaram no sul, dando origem aos Reinos de
Essex, Wessex e Sussex. Os anglos estabeleceram-se no centro e nordeste do país, onde
criaram os Reinos de East Anglia, NortCimbria, Bernícia e Deira (os dois últimos reunidos mais
tarde, formando o Reino da Mércia). Esse conjunto de sete monarquias constituía à Heptarquia
Anglo-Saxônica. Da unificação desses pequenos Estados, completada em 902, iria surgir a
Inglaterra.

2. O Reino Franco e o Império Carolíngio

Os Merovíngios (481-751)

Clóvis, neto de um chefe tribal chamado Meroveu, foi o primeiro rei dos francos (481-511),
fundador da Dinastia dos Merovíngios. Sob sua liderança, os francos criaram o mais importante
de todos os Reinos bárbaros. Antes de Clóvis, as tribos francas formavam dois grandes grupos:
os francos sálios, junto ao Canal da Mancha, e os francos ripuários, localizados mais para o
interior. Depois de assumir a chefia dos francos sálios, Clóvis incorporou os francos ripuários.
Em seguida, conquistou o reino de Siágrio, general romano que fundara um Estado próprio no
oeste da Gália. Em 496, bateu os alamanos do leste da Galia na Batalha de Tolbiac — ocasião
em que se converteu ao cristianismo — e, com a ajuda dos borgúndios, impeliu os visigodos
para trás dos Pireneus. Mais tarde, voltar-se-ia contra os próprios borgúndios e anexaria seu
reino, localizado no sudoeste da Gália.

O batismo de Clóvis foi realizado em Reims, juntamente com 3.000 de seus guerreiros. Essa
cerimônia religiosa trazia embutido um importante significado político: a maioria da população
da Gália (galo-romanos) era cristã, e Clóvis compreendera que somente convertendo-se ao
cristianismo obteria sua adesão. Assim, a Igreja tomou-se aliada na expansão do poder de
Clóvis — poder que começou a sair da simples aclamação dos guerreiros para a ratificação pelo
poder religioso. Ademais, visigodos e borgúndios haviam adotado o arianismo — uma heresia
condenada pela Igreja. Por essa razão, as guerras de Clóvis para unificar a Gália contaram com
o apoio do próprio Papado, interessado na supressão daquela heresia.

As divisões do Reino dos Francos (511-687)

Com a morte de Clóvis, em 511, o Reino dos Francos foi dividido em quatro partes, de acordo
com o costume germânico de repartir as propriedades do falecido entre seus filhos varões, sem
levar em conta a primogenitura. A partilha enfraqueceu a monarquia franca, uma vez que os
herdeiros passaram a lutar entre si. Seguiram-se unificações parciais e novas divisões, com os
Merovíngios se digladiando constantemente.

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A Gália permaneceu dividida durante um longo período, excetuando-se o reinado de


Dagoberto I, que conseguiu governar sozinho de 629 a 639. Os Estados francos mais
importantes eram a Austrásia e a Nêustria.

Os prefeitos do palácio (640-751)

Após a morte de Dagoberto, o poder dos Merovíngios entrou em declínio. Os soberanos desse
período, tanto da Nêustria como da Austrásia, praticamente deixaram de governar, delegando
sua autoridade a um alto funcionário: o prefeito do paço (palácio) ou major domus. Os
prefeitos assumiram o poder de fato e marginalizaram os reis – conhecidos desde então como
reis indolentes. Na Austrásia, Pepino de Héristal conseguiu que o cargo de major domus se
tomasse hereditário. Em 687, ele venceu em batalha o major domus da Nêustria,
estabelecendo uma união de fato entre os dois Reinos. Seu filho, Carlos Martelo (ou Martel),
em 721 unificou definitivamente os Reinos da Austrásia e da Nêustria, impondo-lhes um
monarca único e constituindo a entidade geopolítica que ficaria conhecida pelo nome de
França. Carlos ganhou o apelido de Martelo depois de esmagar os árabes em Poitiers (732),
detendo o avanço do Islão sobre a Europa.

Com a morte de Carlos Martelo, em 740, tornou-se prefeito do paço seu filho Pepino, o Breve.
Em 751, contando com a aprovação papal, Pepino internou o último Merovíngio em um
convento e se fez aclamar rei dos francos em Soissons. A coroação foi realizada pelo papa
Estêvão II, para enfatizar a origem divina do poder real. Em retribuição ao apoio do pontífice,
Pepino comandou uma expedição à Itália contra os lombardos, que ameaçavam Roma e o
Papado. As terras tomadas aos lombardos foram doadas por Pepino à Igreja, formando o
Patrimônio de São Pedro — núcleo dos futuros Estados da Igreja.

O Império Carolíngio (800-843)

Quando Pepino faleceu, em 768, o trono foi compartilhado por seus filhos Carlos (mais tarde
Carlos Magno) e Carlomano. Este morreu três anos depois, e Carlos passou a reinar sozinho.

Carlos Magno foi o mais guerreiro dos governantes cristãos da Alta Idade Média. Sob o
pretexto de expandir a fé cristã, levou a guerra aos muçulmanos da Espanha e aos pagãos da
Germffitia. Na Itália, reabriu a luta contra os lombardos, submetendo-os e tomando-lhes a
Coroa de Ferro (coroa contendo um aro interno de ferro que, segundo a tradição, fora fundido
com um dos cravos que crucificaram Jesus). O território dos lombardos foi incorporado aos
domínios de Carlos, com o nome de Reino da Itália — localizado entre os Alpes e o Patrimônio
de São Pedro (este último foi confirmado como domínio pontifício). Na Península Ibérica, o
soberano franco ocupou uma larga faixa de terra além pireneus, ali criando a Marca da
Espanha.

A mais violenta guerra de conquista e conversão foi conduzida contra os saxões da Germânia.
Tribos inteiras foram aniquiladas; mas Carlos conseguiu estender sua autoridade a uma vasta
região, correspondente aproximadamente à Alemanha, Áustria e República Checa atuais. Como
fizera na Espanha, o soberano franco criou na Germânia algumas marcas (áreas de fronteira
sob a administração civil e militar de um marquês), destinadas a conter os ataques dos povos
da Europa Oriental. Uma delas, estabelecida junto ao Rio Danúbio, daria origem à Áustria.

As conquistas de Carlos Magno expandiram o cristianismo e ampliaram a área de influência da


Igreja. Grato ao monarca franco, o papa Leão III coroou-o em Roma, no Natal de 800, com o

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título de imperador dos romanos, sucessor de Constantino. Formalmente, renascia o Império


Romano do Ocidente, desaparecido em 476. Mas o novo Estado, cujos limites não coincidiam
com os de seu predecessor, ficaria conhecido historicamente pelo nome de Império Carolíngio.

Os domínios de Carlos Magno tinham como centro de governo o palácio imperial. Nele
residiam os altos funcionários, escolhidos pelo imperador e demissíveis a sua vontade: o conde
palatino era o chefe da administração; o arquicapelão tratava dos assuntos eclesiásticos; o
chanceler, da legislação e das relações exteriores; o camareiro guardava a câmara do tesouro; o
senescal cuidava do abastecimento; finalmente, o condestável organizava as forças militares. O
Império foi dividido em condados — circunscrições administrativas governadas pelos condes e,
na sua ausência, pelos vice-condes (viscondes). As fronteiras terrestres estavam divididas em
marcas, governadas pelos marqueses. Inspetores imperiais denominados missi dominici
circulavam pelo Império, fiscalizando a atuação não só dos condes e marqueses, mas também
dos bispos.

Nas Assembleias de Maio, todos os grandes do Império, leigos e eclesiásticos, reuniam-se para
relatar o de suas administrações, discutir os problemas existentes e tomar deliberações –
cabendo a decisão final sempre ao imperador (rei antes de 800). Eram redigidas, então, as
capitulares, leis que evidenciavam o renascimento do poder do Estado. Surpreendentemente
para um monarca guerreiro e com raízes culturais germânicas, Carlos Magno incentivou as
atividades intelectuais. Em seu governo ocorreu um efêmero florescimento cultural, que a
História chamaria de Renascimento Carolíngio. Algumas escolas foram abertas, para ensinar os
filhos dos nobres a ler e escrever; seu modelo era a Escola Palatina, instalada no próprio
palácio imperial. Religiosos com grande prestígio intelectual — como o saxão AIcuíno, o franco
Eginhardo e o lombardo Paulo Diácono — foram convidados a lecionar e também se
incumbiram da produção literária do período.

O fim do Império Carolíngio

Luís, o Piedoso, filho e sucessor de Carlos Magno, faleceu em 840. Sua morte marca o início da
desintegração do Império, pois o trono foi disputado por seus filhos: Lotrio, o mais velho e
herdeiro legal do Império, Luís e Carlos. Em 843, pelo Tratado de Verdun, o Império Carolíngio
foi desmembrado: a França Ocidental ficou para Carlos, o Calvo; a França Oriental, para Luís, o
Germânico; Lotário, embora reconhecido como imperador e suserano dos irmãos, recebeu um
extenso mas estreito território, que compreendia a Itália Setentrional e depois se estendia até
ao Mar do Norte, acompanhando o Vale do Reno. À falta de uma denominação preexistente,
Estado incongruente recebeu o nome de Lotaríngia (restrito mais tarde à faixa situada ao norte
dos Alpes).

A Lotaríngia subsistiria por pouco tempo. Lotário foi sucedido por seu filho Lotário II (855-869),
que recebeu apenas o título de rei da Lotaríngia. Após a morte de Lotário II, seus tios Luís e
Carlos dividiram entre si o território ao norte dos Alpes, ficando a Itália Setentrional como um
reino independente. Quanto ao título de imperador, foi concedido pelos papas a diversos
membros da família dos Carolíngios, sem obedecer a uma linha sucessória regular. O último
imperador titular foi Berenguer, que também ostentava o título de rei da Itália e morreu em
924. A essa altura, a dignidade imperial perdera totalmente seu prestígio.

As duas partes remanescentes do Império Carolíngio, França Ocidental e França Oriental,


dariam origem a dois grandes Estados europeus: França e Alemanha. Na França Ocidental (ou
seja, a França propriamente dita), o poder dos grandes senhores (condes) fortaleceu-se a tal
ponto que um deles, Roberto, o Forte, chegou a assumir o trono, com a aprovação de seus

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pares. Em 987, quando o último Carolíngio francês morreu sem herdeiros diretos, a nobreza
aclamou rei o conde de Paris, Hugo Capeto, fundador da Dinastia dos Capetíngios. Na França
Oriental (ou Germânia), o poder dos duques (chefes dos grandes territórios) era muito grande.
Em 911, quando o último Carolíngio germânico faleceu sem deixar sucessor, os duques
decidiram fundar o Reino da Germânia, que seria uma monarquia eletiva e não hereditária. O
primeiro rei foi Conrado, duque da Francônia, eleito pelos duques da Baviera, Suábia e Saxônia.

Henrique, o Passarinheiro, duque da Saxônia, sucedeu a Conrado em 916. Suas campanhas


militares contra húngaros e eslavos tiveram o poder de criar uma certa unidade nacional entre
as populações da Germânia, prenunciando a formação da futura Alemanha., Foi sucedido por
seu filho Oto I, com a concordância dos outros duques. Em 962, Oto recebeu do papa João XII o
título de imperador, dando início ao Sacro Império Romano-Germânico. Esse Estado,
considerado sucessor do Império Carolíngio e do Império Romano do Ocidente, sobreviveria
por mais de oito séculos, até ser extinto por Napoleão em 1806.

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Deste site, mas de outra página:

Reinos francos

Dentre os povos germânicos, o grupo de maior destaque no mundo medieval foi o franco. Os
francos dominaram a região da Gália. Conduzidos por Clóvis, o Meroveu, afirmaram a fé cristã
em 496. O Reino franco se tornou o braço armado da Igreja na Idade Média, pois, desde Clóvis,
os francos não apenas lutavam por seu reino, mas também em defesa do cristianismo e do
papado romano.

Dinastia Merovíngia

Desde o século II os francos vinham invadindo as fronteiras romanas, acabando por ocupar
uma pequena porção da Gália. A primeira dinastia dos francos, a merovíngia, deve seu nome a
Meroveu, herói franco na batalha dos Campos Catalúnicos contra os hunos de Atila. Contudo
foi Clóvis, neto de Meroveu, que, através de campanhas militares vitoriosas, conquistou, na
Gália, regiões ocupadas por outros povos bárbaros, anexando-as ao seu vasto território. Em
496, Clóvis converteu-se ao cristianismo, ganhando, assim, o apoio do clero e da maior parte
da população da Gália, constituída por cristãos. A aliança entre Clóvis e a Igreja foi fundamental
para a unificação da Gália, na medida em que fortaleceu a autoridade do rei e contribuiu para a
fusão entre conquistadores e conquistados. Em contrapartida, o apoio do rei possibilitou à
Igreja libertar-se da influência dos imperadores bizantinos e ganhar novos adeptos entre os
bárbaros da Europa ocidental.

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outro site sobre essa ligação com a igreja:

em 496, Clóvis tornou-se o primeiro rei franco a se converter ao cristianismo. No poder, Clóvis,
à frente de seus guerreiros, enviou expedições armadas contra outros povos germanos: os
alamanos, os borgúndios e os visigodos. Ao vencer esses povos, anexou suas terras e passou a
reinar sobre a região onde é hoje a França e parte da Alemanha.Um dos fatores que ajudaram
o rei Clóvis nessas conquistas foi sua conversão ao cristianismo e a aliança que estabeleceu
com a igreja católica. Após sua morte, em 511, o Reino franco foi dividido entre seus quatro
filhos e depois reunificado por duas vezes ao longo do século VII. Clóvis e seus sucessores

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pertenciam à dinastia dos merovíngios, nome dado em homenagem ao avô, um personagem


lendário chamado Meroveu. Dois séculos depois, o Reino franco se viu ameaçado em sua
fronteira oeste pelo avanço dos muçulmanos, que conquistaram a península Ibérica em 711.
Por essa época, o poder dos reis merovíngios estava enfraquecido, pois os sucessores de Clóvis
ocuparam-se principalmente de festas, caçadas e torneios de esgrima; por isso ficaram
conhecidos como reis indolentes. Quem realmente exercia o poder era o principal funcionário
do reino, o majordomus, que era também chefe da nobreza. Em 732, o majordomus Carlos
Martel se colocou à frente do exército franco e venceu os muçulmanos na batalha de Poitiers,
fortalecendo, assim, a aliança entre o Reino Franco e a Igreja católica. Em 751, seu filho
Pepino, derrubou do trono o último soberano merovíngio, Childerico III, e se fez coroar rei dos
francos inaugurando a dinastia carolíngia. Pepino foi reconhecido como rei pelo papa, que
assim tornou legítimo o golpe desfechado. O papa, por sua vez, pediu ao rei franco que o
defendesse dos lombardos, povo que também era de origem germânica e que, tendo se
instalado na península Itálica, ameaçava assaltar Roma, a sede do papado.Os francos eram um
povo formado por tribos que habitavam originalmente o norte da atual Alemanha, lá onde o
rio Reno se lança ao mar. Durante o século V, eles se instalaram na Gália na condição de
aliados dos romanos.. Em 481, após a desintegração do Império, um rei de nome Clóvis
unificou as várias tribos e fundou ali o reino dos francos.)

Durante a dinastia merovíngia, desenvolvia-se o processo de formação do feudalismo,


intensificando-se a ruralização e o poder dos grandes proprietários de terras. Como não havia a
noção de Estado, de bem público, as terras do reino eram constantemente distribuídas entre o
clero e a nobreza, como recompensa por serviços prestados. Assim, a partir de meados do
século VII, os reis da dinastia merovíngia foram perdendo autoridade, ficando sujeitos aos
senhores feudais. Esses reis são conhecidos como Reis Indolentes, devido à incompetência com
que governaram. Nessa época, o poder foi passando para os prefeitos (ou mordomos) do
palácio, verdadeiros primeiros-ministros. Entre eles, destacou-se Carlos Martel, que barrou a
expansão dos árabes na Europa, vencendo-os em Poitiers, em 732.

Dinastia Carolíngia

Em 751, o filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, aproveitando-se do prestígio de seu cargo de
prefeito e obtendo o apoio papal, depôs o último soberano merovíngio, iniciando a dinastia
carolíngia, cujo nome se deve ao seu maior expoente: Carlos Magno. Em retribuição ao apoio
do papa, Pepino o apoiou na luta contra os lombardos e cedeu ao papado o território de
Ravena, reforçando o poder temporal da Igreja. Os territórios da Igreja, chamados de
Patrimônio de São Pedro, deram origem aos Estados Pontifícios, que se mantiveram até o
século XIX. Em 768, Carlos Magno, filho de Pepino, assumiu o trono, governando até 814.
Realizou inúmeras guerras de conquista, que expandiram consideravelmente as fronteiras do
Reino Franco e garantiram os laços de dependência entre o poder central e a nobreza: parte
das terras conquistadas eram doadas à aristocracia, que assumia em troca obrigações e
compromissos de lealdade para com o rei-suserano. Assim, embora continuassem a existir as
forças de descentralização, devidas à crescente formação dos feudos, foram temporariamente
controladas pela forte centralização política de seu governo.

O êxito das campanhas militares de Carlos Magno se deve sobretudo ao apoio da Igreja.
Paralelamente à expansão do Reino Franco, efetuou-se a propagação do cristianismo. Com a
ampliação de seus domínios, o Reino Franco tornou-se o mais extenso da Europa ocidental,

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recuperando, em parte, os limites do antigo Império Romano do Ocidente, o que fazia renascer
a concepção de império. O papa Leão III, movido por interesses como a difusão do cristianismo
e o consequente fortalecimento da Igreja de Roma, coroou Carlos Magno imperador do Novo
Império Romano do Ocidente.

O Império Carolíngio organizou-se em unidades político-administrativas chamadas condados e


marcas. A maior parte das terras imperiais estava dividida em condados, cujos administradores
— os condes — eram diretamente nomeados pelo imperador e a ele ligados pelo juramento de
fidelidade. As marcas, unidades de fronteira encarregadas da defesa do império, eram
governadas pelos marqueses, que detinham grande poder militar. Havia ainda os barões, que,
de seus fortes localizados em pontos estratégicos, auxiliavam na defesa das fronteiras. Tanto os
condados quanto as marcas sujeitavam-se à fiscalização dos missi dominici — os “emissários do
senhor” —, funcionários do imperador encarregados de conter os abusos de condes e
marqueses e de zelar pela aplicação das leis Capitulares, decretos emitidos em capítulos por
Carlos Magno.

O êxito político e administrativo do reinado de Carlos Magno foi acompanhado de grande


desenvolvimento cultural, incentivado pelo próprio imperador e denominado Renascimento
Carolíngio. Desde o final do Império Romano, a cultura vinha sucumbindo às guerras e aos
bárbaros. Pepino, o Breve, não sabia escrever o próprio nome, e Carlos Magno só o aprendeu
em idade adulta. A reversão desse quadro passou a ser uma de suas metas. Reuniu sábios, a
fim de favorecer a instrução, e, em colaboração com a Igreja, deu novo impulso às letras a às
artes, com a fundação de várias escolas, como a Escola Palatina, situada nas dependências do
próprio palácio. Nessa escola, dirigida pelo teólogo e pedagogo inglês Alcuíno, ensinava-se
gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria e música. A efervescência cultural da época
possibilitou a preservação de diversas obras da Antiguidade greco-romana, pacientemente
copiadas pelos alunos das escolas eclesiásticas.

Divisão do Reino Franco e as invasões bárbaras

Após a morte de Carlos Magno, em 814, o governo passou a seu filho Luís, o Piedoso, que
governaria até 841. Na disputa pela sucessão, seus filhos Lotário, Carlos, o Calvo, e Luís, o
Germânico, esgotaram o grande Império em batalhas que só terminariam com o Tratado de
Verdun, em 843.

Dividiu-se o Império em três, rompendo-se a unidade imperial conquistada por Carlos Magno.
A Luís coube a chamada França orientai, ou Germânia (atual Alemanha): Carlos herdou a
França ocidental (atual França): Lotário recebeu a faixa de terras situada entre esses dois reinos
(do centro da atual Itália até o mar do Norte), que passou a se chamar Lotaríngia.

A divisão imposta pelo Tratado de Verdun contribuiu para o enfraquecimento real, favorecendo
condes, duques e marqueses, que passaram a ter maior autonomia. Concretizava-se o
feudalismo franco, reforçado no século IX por novas invasões bárbaras, que consolidariam
definitivamente o feudalismo europeu. Os normandos, ou vikings, procedentes da
Escandinávia, penetraram no litoral europeu, fundando na França o pequeno reino da
Normandia. Posteriormente, invadiram também a Inglaterra, conquistando-a em 1066.

Reino Franco: As Dinastias Merovíngia e Carolíngia

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Dentre os povos germânicos, o grupo de maior destaque no mundo medieval foi o franco. Os
francos dominaram a região da Gália. Conduzidos por Clóvis, o Meroveu, afirmaram a fé cristã
em 496. O Reino franco se tornou o braço armado da Igreja na Idade Média, pois, desde Clóvis,
os francos não apenas lutavam por seu reino, mas também em defesa do cristianismo e do
papado romano.

Dinastia Merovíngia

Desde o século II os francos vinham invadindo as fronteiras romanas, acabando por ocupar
uma pequena porção da Gália. A primeira dinastia dos francos, a merovíngia, deve seu nome a
Meroveu, herói franco na batalha dos Campos Catalúnicos contra os hunos de Atila. Contudo
foi Clóvis, neto de Meroveu, que, através de campanhas militares vitoriosas, conquistou, na
Gália, regiões ocupadas por outros povos bárbaros, anexando-as ao seu vasto território. Em
496, Clóvis converteu-se ao cristianismo, ganhando, assim, o apoio do clero e da maior parte
da população da Gália, constituída por cristãos. A aliança entre Clóvis e a Igreja foi fundamental
para a unificação da Gália, na medida em que fortaleceu a autoridade do rei e contribuiu para a
fusão entre conquistadores e conquistados. Em contrapartida, o apoio do rei possibilitou à
Igreja libertar-se da influência dos imperadores bizantinos e ganhar novos adeptos entre os
bárbaros da Europa ocidental.

Durante a dinastia merovíngia, desenvolvia-se o processo de formação do feudalismo,


intensificando-se a ruralização e o poder dos grandes proprietários de terras. Como não havia a
noção de Estado, de bem público, as terras do reino eram constantemente distribuídas entre o
clero e a nobreza, como recompensa por serviços prestados. Assim, a partir de meados do
século VII, os reis da dinastia merovíngia foram perdendo autoridade, ficando sujeitos aos
senhores feudais. Esses reis são conhecidos como Reis Indolentes, devido à incompetência com
que governaram. Nessa época, o poder foi passando para os prefeitos (ou mordomos) do
palácio, verdadeiros primeiros-ministros. Entre eles, destacou-se Carlos Martel, que barrou a
expansão dos árabes na Europa, vencendo-os em Poitiers, em 732.

Dinastia Carolíngia

Em 751, o filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, aproveitando-se do prestígio de seu cargo de
prefeito e obtendo o apoio papal, depôs o último soberano merovíngio, iniciando a dinastia
carolíngia, cujo nome se deve ao seu maior expoente: Carlos Magno. Em retribuição ao apoio
do papa, Pepino o apoiou na luta contra os lombardos e cedeu ao papado o território de
Ravena, reforçando o poder temporal da Igreja. Os territórios da Igreja, chamados de
Patrimônio de São Pedro, deram origem aos Estados Pontifícios, que se mantiveram até o
século XIX. Em 768, Carlos Magno, filho de Pepino, assumiu o trono, governando até 814.
Realizou inúmeras guerras de conquista, que expandiram consideravelmente as fronteiras do
Reino Franco e garantiram os laços de dependência entre o poder central e a nobreza: parte
das terras conquistadas eram doadas à aristocracia, que assumia em troca obrigações e
compromissos de lealdade para com o rei-suserano. Assim, embora continuassem a existir as
forças de descentralização, devidas à crescente formação dos feudos, foram temporariamente
controladas pela forte centralização política de seu governo.

Descarregado por Luís Vieira (lv.anubis@gmail.com)


lOMoARcPSD|30211924

O êxito das campanhas militares de Carlos Magno se deve sobretudo ao apoio da Igreja.
Paralelamente à expansão do Reino Franco, efetuou-se a propagação do cristianismo. Com a
ampliação de seus domínios, o Reino Franco tornou-se o mais extenso da Europa ocidental,
recuperando, em parte, os limites do antigo Império Romano do Ocidente, o que fazia renascer
a concepção de império. O papa Leão III, movido por interesses como a difusão do cristianismo
e o consequente fortalecimento da Igreja de Roma, coroou Carlos Magno imperador do Novo
Império Romano do Ocidente.

O Império Carolíngio.

O Império Carolíngio organizou-se em unidades político-administrativas chamadas condados e


marcas. A maior parte das terras imperiais estava dividida em condados, cujos administradores
— os condes — eram diretamente nomeados pelo imperador e a ele ligados pelo juramento de
fidelidade. As marcas, unidades de fronteira encarregadas da defesa do império, eram
governadas pelos marqueses, que detinham grande poder militar. Havia ainda os barões, que,
de seus fortes localizados em pontos estratégicos, auxiliavam na defesa das fronteiras. Tanto os
condados quanto as marcas sujeitavam-se à fiscalização dos missi dominici — os “emissários do
senhor” —, funcionários do imperador encarregados de conter os abusos de condes e
marqueses e de zelar pela aplicação das leis Capitulares, decretos emitidos em capítulos por
Carlos Magno.

O êxito político e administrativo do reinado de Carlos Magno foi acompanhado de grande


desenvolvimento cultural, incentivado pelo próprio imperador e denominado Renascimento
Carolíngio. Desde o final do Império Romano, a cultura vinha sucumbindo às guerras e aos
bárbaros. Pepino, o Breve, não sabia escrever o próprio nome, e Carlos Magno só o aprendeu
em idade adulta. A reversão desse quadro passou a ser uma de suas metas. Reuniu sábios, a
fim de favorecer a instrução, e, em colaboração com a Igreja, deu novo impulso às letras a às
artes, com a fundação de várias escolas, como a Escola Palatina, situada nas dependências do
próprio palácio. Nessa escola, dirigida pelo teólogo e pedagogo inglês Alcuíno, ensinava-se
gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria e música. A efervescência cultural da época
possibilitou a preservação de diversas obras da Antiguidade greco-romana, pacientemente
copiadas pelos alunos das escolas eclesiásticas.

Divisão do Reino Franco e as invasões bárbaras

Após a morte de Carlos Magno, em 814, o governo passou a seu filho Luís, o Piedoso, que
governaria até 841. Na disputa pela sucessão, seus filhos Lotário, Carlos, o Calvo, e Luís, o
Germânico, esgotaram o grande Império em batalhas que só terminariam com o Tratado de
Verdun, em 843.

Dividiu-se o Império em três, rompendo-se a unidade imperial conquistada por Carlos Magno.
A Luís coube a chamada França orientai, ou Germânia (atual Alemanha): Carlos herdou a
França ocidental (atual França): Lotário recebeu a faixa de terras situada entre esses dois reinos
(do centro da atual Itália até o mar do Norte), que passou a se chamar Lotaríngia.

O Império Carolíngio Pós-Tratado de Verdun.

A divisão imposta pelo Tratado de Verdun contribuiu para o enfraquecimento real, favorecendo
condes, duques e marqueses, que passaram a ter maior autonomia. Concretizava-se o
feudalismo franco, reforçado no século IX por novas invasões bárbaras, que consolidariam
definitivamente o feudalismo europeu. Os normandos (atacaram a frância ocidental), ou

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vikings, procedentes da Escandinávia, penetraram no litoral europeu, fundando na França o


pequeno reino da Normandia. Posteriormente, invadiram também a Inglaterra, conquistando-a
em 1066. Outros novos invasores foram os magiares (atacam a frância Occidental) ,
descendentes dos hunos, que das estepes asiáticas alcançaram a Europa oriental. Surgiram
também os árabes, que desde o século VIII haviam fechado o Mediterrâneo ao comércio
europeu e que ocuparam a Córsega e a Sicília, de onde organizavam expedições de pilhagem ao
sul da Europa.

Desse modo, formava-se a sociedade feudal europeia, num processo que se iniciara com as
primeiras invasões bárbaras aos domínios do Império Romano do Ocidente, no século IV, e que
se consolidava com as invasões do século IX. Os reinos originados em Verdun, da fragmentação
do Império Carolíngio, seguiram diferentes trajetórias. Em 936, já extinta a dinastia carolíngia, o
trono da Germânia foi ocupado por Oto I, ou Otão. Aliando-se à Igreja, Otão buscou a política
de centralização do poder. Expandiu para leste as fronteiras de seu reinado, anexando a
Lotaríngia à Germânia. Em 962, foi coroado imperador do Ocidente pelo papa João XII,
surgindo assim o Sacro Império Romano-Germânico. Após sua morte, em 973, o Império
submeteu-se completamente ao feudalismo.

Na França ocidental, os carolíngios enfraqueceram-se tão profundamente após Verdun que, em


987, Hugo Capeto, conde de Paris, encerrou essa dinastia, iniciando uma nova fase da política
francesa, típica da Baixa Idade Média

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Outro site sobre a queda dos francos:

A Divisão e a Decadência do Império

Ao morrer, em 814, Carlos Magno deixou o poder imperial para seu filho Luís I, o Piedoso, No
reinado de Luís I, o Império Carolíngio ainda conseguiu manter sua unidade política, mas após
sua morte, em 840, o império foi disputado por seus filhos, numa desgastante guerra civil.Pelo
Tratado de Verdun, assinado em 843, os filhos de Luís I firmaram a paz, estabelecendo a
seguinte divisão do Império Franco:

Carlos II, o Calvo, ficou com a parte ocidental, compreendendo a região da Franca atual;

Luís, o Germânico, ficou com a parte oriental, compreendendo a região da Alemanha atual;

Lotário ficou com a prte central, compreendendo regiões que estendiam da Itália até o mar do
Norte.

Em cada uma dessas regiões carolíngias foi perdendo o poder, com as sucessivas divisões
internas dos reinos. Assim, a ora de unidade política realizada por Carlos Magno não conseguiu
sobreviver um século depois de sua morte.

Causas da decadência: crise e invasões

O desmembramento do poder real dos monarcas carolíngios foi acompanhado pela crescente
independência e autonomia da nobreza agrária. Houve forte descentralização e fragmentação
do poder político, evidenciando a crise interna vivida pelo império.

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Depois de um período sem invasões, a Europa cristianizada sofreu uma série de novas
invasões, nos século IX e X, em três grande frentes: leste, norte e sul. Do leste vieram os
húngaros (magiares), que promoveram ataques periódicos, saqueando vilas, mosteiros e
propriedades rurais. Do norte ocorreu a invasão do vikings (escandinavos), que, vindos da
Dinamarca pelo mar do Norte, lançaram-se em constantes ataques de pirataria locais do litoral
europeu. Em 911, o rei franco Carlos, o Simples, cedeu a um dos chefes cikings, Rollon, o
território da Normandia. Em contrapartida, Rollon tornou-se vassalo do rei franco. Pelo sul
chegaram os árabes, de religião muçulmanos, que, dominando a navegação pelo mar,
Mediterrâneo, lançaram-se em sucessivos ataques de pilhagem e diversas regiões da Itália
(Roma, Campânia e Lácio) e as grandes ilhas (Sicília, Córsega e Sardenha).

O renomado historiador Henri Pirenne defende a tese de que o comércio entre Europa e
Oriente continuou ativo, ainda que enfraquecido, mesmo com o fim do Impéiro Romano do
Ocidente. Só com o estabelecimento do domínio árabe no mar Mediterrâneo é que houve
forte retração no comércio europeu-oriental:

"O fato de a expansão islâmica ter fechado o Mediterrâneo, no século VII, teve como resultado
a rapidíssima decadência do comércio. No decorrer do século VIII, os mercadores
desapareceram em virtude da interrupção do comércio. A vida urbana, que ainda permanecia,
graças a esses mercadores, malogrou ao mesmo tempo.

Manifestou-se, então, um empobrecimento geral. O numerário de ouro, herdado dos romanos,


desapareceu, sendo substituido pela moeda de prata dos carolíngios. Essa é uma prova
evidente do rompimento com a economia antiga caracteristicamente mediterrânea".

A Formação das Sociedades Feudais

O clima de insegurança e de intranqüilidade espalhado pela onde de invasões conduziu os


cristãos europeus a construir vilas fortificadas e castelos cercados com grandes estacas. Todo
esse sistema defensivo criado pela iniciativa particular dos nobres de cada região demonstrava
a falta de poder dos reis para organizar a defesa da sociedade como um todo. Cada um
defendia-se como podia, associando-se a senhores mais poderosos, em busca de proteção.
Nesse sentido, as "invasões" assinalaram uma data essencial na formação das sociedade
feudais do ocidente.

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Da aula de revisões:

falar de um povo que entre os bárbaros vai sair vitorioso que são os francos que vão penetrar
na antiga gália a partir da zona norte no reno e paulatinamente se vão implementar em todo
esse sítio e inclusivamente na germania. Nesse sentido esse povo e a sua ascensão vitoriosa
deste povo bárbaro faz-se em aliança com o cristianismo (aliança que é mt impt
compreendermos) que auxilia ambas as partes. Nesse sentido convém á igreja ter do seu lado
alguém que militarmente apoie esta ocupação do território e assegure a sua função de
converter as pessoas, de manutenção das populações dentro da estrutura crista.

Então foi assim que vimos como os merovíngios e carolíngios ascendem onde estudamos os
vários reinados e os momentos icónicos como o batismo de Clóvis como a primeira sagração de
um rei carolíngio e naturalmente a grande coroação imperial de Carlos magno em Roma. Mas
tb vimos que por causa das sucessivas divisões do território, por via das múltiplas intrigas nos
diferentes sítios ou seja nos diferentes reinos carolíngios, tudo isso leva a que tanto os

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carolíngios como os merovíngios tenham as suas dinastias arrasadas , sendo os seus últimos
representantes monarcas com muita pouca autoridade ou pelo menos é essa a imagem que
nos chega por parte de uma historiografia que normalmente nos fala nestes últimos
representantes para legitimar as dinastias que os sucedem.

Pontos semelhantes dos dois:

no fundo ele tem pontos semelhantes, ou seja, por ex os últimos representantes merovíngios e
os últimos herdeiros carolíngios vão ter longevidade mt curta e assim vão ser poucos, vão
morrer cedo e vão do ponto de vista politica estar mt desautorizados, porque estamos a falar
quer num caso quer noutro de um momento em que as aristocracias respetivas tb pensam
muito para existir a sua sucessão, no caso sobretudo dos merovíngios que tem grandes famílias
como a dos pepinos a afirmar-se, no caso carolíngio não devemos esquecer que eles caem em
processo de ocupação do território da frância ocidental pelos normandos e no caso na frância
oriental com os ataques magiares que depois dão lugar a construção do reino húngaro.
Portanto estamos a falar no caso da queda dos carolíngios de um momento militarmente difícil

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Ponto 3: A construção imperial Otoniana e a ascensão da dinastia dos Capetos na sequência


das invasões dos séculos IX e X.

Aula de revisões: Tal como refere o fim do ponto 2 a queda dos carolíngios foi consequências
das invasões que chamamos no programa genericamente de invasões do séc 9 e 10. Nesse
período esses reis estavam mt enfraquecido devido as questões dinásticas e políticas, situação
agravada com o facto de não conseguirem bons líderes.

Último ponto comprovado com o facto de que a solução dos carolíngios para defender o
território nessa altura foi dar a autonomia aos condes e esses últimos que eram antigos
funcionários ao serviço do rei carolíngio passam agora a ter autonomia nos seus próprios
territórios conseguindo, portanto, a sua jurisdição.

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Site:

Quem foram os Capetos (Dinastia Capetiana)

Os Capetos foram uma dinastia francesa que teve início com Hugo Capeto (987-996) no ano de
987, tendo sucedido à dinastia dos Carolíngios, marcando assim o fim do reino dos Francos.
Ciente da sua posição pouco sólida, Hugo Capeto assegurou-se da sua sucessão fazendo coroar
o seu filho antes de morrer, prática que perdurou nos dois séculos seguintes, permitindo a
grande estabilidade vivida em França durante esse período. O último descendente direto de
Hugo Capeto foi Carlos IV, que reinou entre 1322 e 1328, embora as dinastias seguintes (Valois
e Bourbons) fossem ramos dos Capetos. Com a Revolução Francesa, os nobres são obrigados a
retomarem o nome de família, pelo que Luís XVI passou a ser oficialmente chamado de Luís
Capeto.

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Lista de reis da dinastia dos Capetos:

Hugo Capeto, Conde de Paris, eleito Rei de França (r. 987 – 996)

Roberto II, o Pio (r. 996 – 1031)

Henrique I (r. 1031 – 1060)

Filipe I (r. 1060 – 1108)

Luís VI, o Gordo (r. 1108 – 1137)

Luís VII (r. 1137 – 1180)

Filipe II Augusto (r. 1180 – 1223)

Luís VIII, o Leão (r. 1223 – 1226)

Luís IX (São Luís) (r. 1226 – 1270)Branca de Castela (regente de Luís IX 1226 – 1234)

Filipe III, o Ousado (r. 1271 – 1285)

Filipe IV, o Belo (r. 1285 – 1314)

Luís X (r. 1314 – 1316) (Filipe, irmão de Luís X, regente em 1316 entre as mortes de Luís X e
João I)

João I, o Póstumo (r. 1316) (apenas cinco dias)

Filipe V, o Alto (r. 1316 – 1322) tio

Carlos IV, o Belo (r. 1322 – 1328) irmão

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Outro site:

Rei da França (986-987) nascido em Laon, Aisne, último rei francês da dinastia carolíngia. Filho
e sucessor de Lotário, foi coroado por seu pai (979), mas só assumiu o trono pós a morte do pai
(986). Seu curto reinado foi marcado por sua inoperância e envolvido em disputas com Hugh
Capet e Adalberon, arcebispo de Reims.

Casado com a princesa Adelaide, irmã de Geoffrey Grisegonelle, conde de Anjou, morreu no
início do ano seguinte, em Compiègne, após 11 meses de governo, vítima de envenenamento
provocado provavelmente por sua própria mãe Emma. Último rei carolingio, morreu sem
deixar herdeiros.

Após sangrentas lutas saiu-se vitorioso pelo trono o Conde de Paris Hugo Capeto, filho do
Grande Hugo Capeto, com o apoio da Igreja e eleito senhor supremo pelos nobres que
governavam a várias províncias independentes, dando início a dinastia dos Capetos e a França
de hoje. Essa dinastia permaneceu por mais de oitocentos anos no poder com os ramos dos
Valois, Bourbons e Orléans e deu origem aos reis realmente ditos franceses.

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Outro site:

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Também chamada de Dinastia Capetiana, a Dinastia Captíngia foi responsável por governar a
França por mais de 300 anos. Seu fundador, Hugo Capeto, é quem dá nome à casa real. Capeto
era o vassalo mais importante de Luís V, o rei francês da época. Esse fato, sem dúvidas,
contribuiu para a ocupação do cargo do rei na ocasião de sua morte, no ano de 987 d.C Após a
morte de Luís, Hugo foi coroado rei e iniciou a sua dinastia, também em 987. A coroação de
Hugo Capeto coloca um fim na Dinastia Carolíngia, embora o rei fosse também descendente
dela enquanto neto de Roberto I. A Dinastia Capetíngia marca a terceira raça dos reis da
França, sendo precedida pelas dinastias dos merovíngios e dos carolíngios.

O reinado dos Capetos conheceu o seu fim quando Carlos IV, da linhagem secundária dos
Valois assume o poder, em 1328.

A Dinastia Capetíngia: A ascensão dos Capetianos

Inicialmente, os Capetos possuíam pequenas terras na região de Paris, entre os rios Sena e
Loire. Posteriormente, no final do século XI, eles deram início a pacificação e anexaram
diversos feudos em suas propriedades reais. Assim, em 1328, os Capetíngios possuíam
Flandres, Aquitânia, Borgonha e Bretanha, regiões de extrema importância econômica e
política para o período. Mesmo com Hugo Capeto assumindo o trono no ano de 987, a
consolidação dos Capetos no poder ocorre somente com Filipe II, que reinou, no século XII,
como Rei da França, e não apenas como Rei dos Francos, da mesma forma que faziam os seus
antecessores.

Com isso, os capetíngios puderam expandir ainda mais os seus domínios, dominando terras a
oeste da França, que eram, até então, governadas pelos ingleses. Além disso, a família real
anexou também territórios do Sacro Império Romano Germânico e passaram a reinar também
sobre a França Meridional.

A Dinastia Capetíngia: Consolidação do Estado

Durante a Dinastia Capetíngia, a realeza foi a instituição de maior poder dentro do Estado
francês. O governo real, por sua vez, prosperava dentro do modelo feudal. Dessa forma, antes
dos capetíngios, tendo o feudalismo como prática econômica, o território francês era
extremamente disperso e pouco integrado. É a Dinastia Capetíngia a responsável por
consolidar o território francês e torná-lo o como maior Estado nacional europeu da Idade
Média, consolidando também as bases do absolutismo monárquico que se instauraria nos
séculos seguintes.

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Ponto 4: A sociedade feudal: caracterização da ordem feudal e das relações feudo-vassálicas


entre homens livres. A importância da guerra e dos castelos. A organização social e o modo
de vida

Aula de resumo: Essa autonomia faz com que estes tenham a possibilidade de passar para os
seus sucessores através de herança esses terrenos o que no fundo vai permitir o embrião
daquilo que será depois a sociedade feudal ou seja o enfeudamento do território e a concessão
sucessiva de territórios em feudo como moeda de troca e símbolo e materialização da
fidelização dos senhores (sempre só entre eles)

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Site: As origens do feudalismo remontam ao século III, quando o sistema escravista de


produção no Império Romano entrou em crise. Diante da crise econômica e das invasões
germânicas, muitos dos grandes senhores romanos abandonaram as cidades e foram morar
nas suas propriedades no campo. Esses centros rurais, conhecidos por vilas romanas, deram
origem aos feudos medievais. Muitos romanos menos ricos passaram a buscar proteção e
trabalho nas terras desses grandes senhores. Para poderem utilizar as terras, no entanto, eles
eram obrigados a entregar ao proprietário parte do que produziam, estava instituido assim, o
colonato. Aos poucos, o sistema escravista de produção no Império Romano ia sendo
substituído pelo sistema servil de produção, que iria predominar na Europa feudal. Nascia,
então, o regime de servidão, onde o trabalhador rural é o servo do grande proprietário.

No sistema feudal, o rei concedia terras a grandes senhores. Estes, por sua vez, davam terras a
outros senhores menos poderosos, chamados cavaleiros, que, em troca lutavam a seu favor.
Quem concedia a terra era um suserano, e quem a recebia era um vassalo. As relações entre o
suserano e o vassalo eram de obrigações mútuas, estabelecidas através de um juramento de
fidelidade. Quando um vassalo era investido na posse do feudo pelo suserano, jurava prestar-
lhe auxílio militar. O suserano, por sua vez, se obrigava a dar proteção jurídica e militar ao
vassalo. A sociedade feudal era dividida em estamentos, isto é, uma sociedade composta por
camadas estanques, em que a passagem de uma camada social para a outra era praticamente
impossível. De acordo com a função específica de cada camada alguns historiadores
classificam-na como uma sociedade formada por aqueles que lutam (nobres), aqueles que
rezam (clero) e aqueles que trabalham (servos). Os servos não tinham a propriedade da terra e
estavam presos a ela. Não podiam ser vendidos como se fazia com os escravos, nem tinham
liberdade de abandonar as terras onde nasceram. Nas camadas pobres, havia também os
vilões. Os vilões eram homens livres que viviam no feudo, deviam algumas obrigações aos
senhores, como por exemplo, as banalidades, mas não estavam presos à terra, podendo sair
dela quando o desejassem. A nobreza e o clero compunha a camada dominante dos senhores
feudais, ou seja, aqueles que tinham a posse legal da terra e do servo e que dominavam o
poder político, militar e jurídico. O alto clero era composto pelos seguintes membros: papa,
arcebispos e bispos. O baixo clero era composto pelos padres, e monges. A nobreza era
também hierarquizada estando dividida em alta e baixa nobreza. Alta nobreza: duque, marquês
e conde. Baixa nobreza: visconde, barão e cavaleiro.

O feudo (terra) era o domínio de um senhor feudal. Não se sabe o tamanho médio desses
feudos. Cada feudo compreendia uma ou mais aldeias, as terras cultivadas pelos camponeses,
a floresta e as pastagens comuns, a terra pertecente à igreja paroquial e a casa senhorial, que
ficava melhor cultivável. A base do sistema feudal eram as relações servis de produção. Os
servos viviam em extrema miséria, pois, além de estarem presos à terra por força de lei,
estavam presos aos senhores, aquem deviam obrigações como:

- a talha;

- a corvéia;

- as banalidades.

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A talha era a obrigação de o servo dar, a seu senhor, uma parte do que produzia. Essa parte,
em geral, correspondia à metade.

A corvéia era a obrigação que o servo tinha de trabalhar de graça alguns dias por semana no
manso senhorial, ou seja, no cultivo das terras reservadas ao senhor.

As banalidades eram os pagamentos que os servos faziam aos senhores pelo uso da destilaria,
do forno, do moinho, do celeiro etc.

Além , disso, uma parte da sua produção era destinada à Igreja. Tudo isso levava a um
baixíssimo índice de produtividade, pois, além de as técnicas serem rudimentares, os servos
não tinham a menor motivação para desenvolvê-las porque sabiam que, quanto mais
produzissem, mais os senhores lhes sugariam. O fator que mais contribuiu para o declínio do
sistema feudal foi o ressurgimento das cidades e do comércio. Com o ressurgimento das
cidades, os camponeses passaram a vender mais produtos e, em troca, conseguir mais
dinheiro. Com o dinheiro alguns puderam comprar a liberdade. Outros simplesmente fugiram
para as cidades em busca de melhores condições de vida.

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Aula de resumo: ritual feudo vassálico:

No ritual existe um vassalo que se coloca na dependência de um senhor. Nesta cerimónia


existem dois momentos:

Primeiro (no texto está a vermelho): Chama-se homenagem e tem haver apenas com a relação
que o vassalo tem com o seu senhor. Existem vários momentos mt impts, nomeadamente o
início deste ritual, que no texto em cima está representado na palavra “…quero…”, ou seja, é
quando o vassalo expressa perante o seu senhor e os que estiverem presentes que se quer
colocar na sua vassalagem sem reservas. De seguida após esse ato, o vassalo vai colocar as
mãos literalmente dentro das do seu senhor, ação que vem do período carolíngio para que se
pudesse jurar as fidelidades sobretudo no âmbito militar, pois era desde Carlos Martel uma
forma de se fazer recrutamento militar. Este fim da homenagem tem o seu final assinalado com
um beijo no caso francês. Depois destes últimos passos da homenagem do vassalo ao seu
senhor, o primeiro vai também jurar a fidelidade ao outro em vários sentidos nomeadamente a
sua obrigação de completar 40 dias de serviço militar por ano ao seu serviço. Para além do
apoio nas armas, o mesmo tb tem de servir de base financeira em vários momentos da vida do
senhor e da sua família por ex na sua partida para a terra santa, a investidura do seu filho mais
velho, a dotação para o casamento da sua filha mais velha. Assim sendo com estas promessas o
vassalo nuca pode prejudicar o seu senhor pois tem no seu dever de fidelidade a proibição de
nunca poder tomar uma atitude que vá contra os interesses do outro e com isso está apenas
autorizado a o servir e o auxiliar.

Neste juramento de fidelidade tal como todos os outros em período medieval o vassalo tem de
após essas promessas ao senhor repetir esse ato ou sobre as relíquias dos santos (o que
acontece neste texto) ou sobre os sagrados evangelhos no caso de haver a impossibilidade de
ter um elemento tao sagrado como as últimas.

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Segundo (no texto está a verde): O segundo momento desta cerimónia é o da investidura que
ao contrário do outro, vai ter haver com a relação do senhor com o seu vassalo. Este ato vem
depois do último juramento do vassalo sobre os símbolos sagrados que é seguido, portanto
pelo ato do senhor de forma simbólica de conceder a posse do feudo ao outro através de
objetos como uma varinha (como se mostra no texto) que simboliza o poder do mesmo.
Existem outros exemplos de outros objetos representativos para essas concessões por ex se for
a entrega de uma terra, esta doação pode ser com o uso de um ramo de uma arvore ou um
pedaço de terra desse local que passa a ter a sua jurisdição nas mãos do vassalo. Para além
desse tipo de atribuição existe outros como o direito de cobrar portagem na entrada de uma
cidade, peagem na passagem dos caminhos de um senhorio. Em síntese com este gesto o
senhor esta a cumprir a sua obrigação de garantir o sustento digno do seu vassalo.

Não nos podemos esquecer que essa relação interpessoal e jurídica (cujo o ritual está
explicado na dúvida do Diogo em cima) se faz apenas entre senhores ou seja só cavaleiros e
pode tb entrar eclesiásticos (oratores- como se vê em cima na imagem e, portanto, os
camponeses não pertencem a este ritual)

Impt das guerras e dos castelos na sociedade feudal:

Durante o feudalismo medieval (IX a XIV), a propriedade rural pertencente ao senhor feudal era
basicamente composta pelo castelo (habitação do senhor feudal), pela igreja (ou capela), pelas
aldeias ou vilas camponesas, pelos bosques (chamados de campos abertos ou florestas), pelas
terras cultiváveis e pelas áreas de pastagens.

No feudalismo medieval europeu, o castelo era o cerne da vida econômica, social e política. As
batalhas e conflitos durante o período medieval eram frequentes, em razão das possíveis
vinganças entre os senhores feudais e por ataques de outras civilizações. Portanto, a principal
função destinada aos castelos era a segurança da família do senhor feudal, da nobreza e dos
camponeses. Os castelos constituíam enormes fortes, feitos com imensas muralhas, torres,
fossos, calabouços e pontes levadiças. Geralmente eram construídos em terrenos elevados, o
que facilitava a defesa contra ataques externos. Nos momentos de ataques de inimigos, todos
os habitantes dos feudos, inclusive os servos, se refugiavam dentro dos castelos para proteção.
A ponte levadiça era a única entrada que dava acesso ao interior do castelo. Os calabouços
serviam como prisão, onde eram deixados os inimigos dos senhores feudais e os prisioneiros
de guerra. Nas torres ficavam guardas vigiando permanentemente o castelo. Além disso, nos
momentos de batalhas, os arqueiros e outros guerreiros se posicionavam nessas torres.

A vida cotidiana dos nobres quase sempre foi dedicada às intensas caçadas nos bosques e
florestas. Suas mulheres se dedicavam à vida familiar e doméstica, além de terem exercido o
papel da procriação, fundamental para a hereditariedade familiar e a manutenção das posses
do senhor feudal.

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No interior dos castelos eram realizados numerosos banquetes e diversas festas. No período do
renascimento urbano e comercial (XI-XII), as muralhas dos castelos foram deslocadas,
aumentando significativamente o espaço territorial dos castelos em razão do crescimento
comercial e proliferação das feiras medievais.

Organização social:

A sociedade feudal é aquela que se desenvolveu durante o período do feudalismo, sistema que
prevaleceu na Europa entre os séculos X e XV. A sociedade feudal era essencialmente rural
baseada no feudo (terras) e inserida num sistema monárquico de descentralização do poder.

Ela foi marcada por uma produção agrária e de subsistência, onde predominava o trabalho
servil e a influência do cristianismo.

Características: Resumo

A sociedade feudal se caracterizava por ser uma sociedade estamental, ou seja, uma estrutura
social fixa hierarquizada e que estava dividida em estamentos. Os estamentos representavam
os grupos sociais ou estados e, no caso do feudalismo, estava dividido em basicamente quatro
instâncias:

Rei e nobreza: os reis se destacavam na nobreza, mas faziam parte dela e necessitavam fazer
alianças com outros nobres para poder governar. Nessa categoria estavam incluídos os
guerreiros.

Clero: representava a camada relacionada com o sagrado, ou seja, aqueles que rezavam e
fortaleciam a religião católica (papas, bispos, cardeais, monges, abades e padres). Em suma,
era a classe detentora do poder da Igreja (a mais poderosa instituição feudal) e aquela que
sabia ler e escrever.

Servos: englobam os vilões, camponeses e servos, ou seja, aqueles que trabalhavam nos
feudos (produção de alimentos e construções) em troca de habitação, comida e proteção.

A nobreza e o clero governavam os feudos e recebiam impostos dos servos.

Nesse sistema, a mobilidade social era quase inexistente, ou seja, o nascido pertenceria ao
mesmo grupo até sua morte. Em resumo, a posição social era definida pelo nascimento:
nasceu servo, viverá como servo durante toda sua vida. Além disso, a sociedade feudal esteva
marcada pela relação de suserania e vassalagem. Assim, entre o suserano e o vassalo, existia o
compromisso de fidelidade entre nobres, que implicava em direitos e obrigações recíprocas.

Os suseranos, donos de terras, as doavam para os vassalos, que por sua vez, estavam
encarregados de cuidá-las e protegê-las. Todo esse modelo estava pautado na vida nos feudos,
grandes extensões de terras que possuíam uma organização econômica, política, social e
cultural próprias. Cada feudo possuía seu exército, sua maneira de cobrar impostos e em
alguns casos até sua própria moeda.

Não por acaso chamamos este período da Idade Média de feudalismo. No local, os senhores
feudais representavam o poder máximo em cada feudo, administrando e outorgando as leis,
enquanto os servos trabalhavam nas suas terras e os guerreiros as defendiam.

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Camponeses neste modo de vida feudal:

Aula de resumos: De seguida demos uma aula para explicar a situação dos camponeses nesta
sociedade da idade media central e com isso temos a ideia de que eles estão sobretudo afetos
ao território rural e organizados tb relativamente a estes senhores com relações que os
vinculavam á terra e ao seu cultivo. Em seguida tivemos duas aulas a percebermos a sociedade
feudo- vassálico em que vimos a organização do senhorio e a forma como os camponeses são o
coração económico ou motor económico de toda esta sociedade.

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Site: Após a invasão e saque de Roma em 476, o processo de ruralização e descentralização do


poder político se intensificou. Com a ausência de uma autoridade central, os grandes senhores
dos latifúndios aumentaram sua autonomia e isolaram-se em meio à regressão do comércio
europeu, criando na prática um pequeno reino nos domínios de cada um, principalmente
depois que a insegurança causada pela invasão muçulmana, no século XIII, bloqueou as
principais vias de comunicação. Estavam criadas as condições sociais para o estabelecimento
do feudo e a subjugação social dos dependentes feudais.

Diferentemente do chamado vilão, que tinha suas próprias terras e, logo, liberdade de
movimentos, os servos – descendentes dos romanos pobres que buscaram a proteção dos
senhores - eram presos pelo regime de servidão, não podendo deixar as terras onde haviam
nascido. Dividindo seu trabalho entre suas terras e aquelas do senhor, o camponês ainda tinha
que pagar diversas taxas, de forma que ao final só restava a ele um sexto do que produzia.
Embora não pudesse ser privado jamais da terra que cultivava, mesmo em caso de venda do
feudo, as condições de vida do camponês medieval eram miseráveis: sua casa não costumava
passar de uma choupana e sua alimentação constantemente era apodrecida.

Organização de um senhorio:

A composição de um feudo envolvia as fortificações, que possuíam muralhas e reforçados


portões; a residência do senhor feudal, estábulos para a cavalaria, casas para servos e serviçais,
além é claro, dos campos de produção e a aldeia dos camponeses. Além disso, na composição
de um feudo sempre havia uma presença religiosa, com a construção de uma capela ou edifício
religioso onde o clérigo realizava as cerimônias ou as pessoas faziam suas orações.

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Site: As grandes propriedades rurais da época medieval eram divididas em três categorias de
terras. A primeira – que englobava a maior parte do solo cultivável – era o chamado manso
senhorial, onde tudo o que se produzia pertencia ao senhor feudal, o dono da fazenda. Os
servos trabalhavam em todas as terras, mas só podiam tirar seu sustento dos minúsculos lotes
que formavam a segunda categoria de terras, o manso servil. Por fim, os bosques, florestas e
pântanos eram coletivos – ou quase isso: os animais maiores só podiam ser caçados pelos
senhores. Apesar de costumarmos chamar esse tipo de de propriedade de feudo, os
especialistas alertam que esse não é o termo mais correto. “A palavra ‘feudo’, utilizada pela
primeira vez no século 9, designava qualquer bem dado em troca de alguma outra coisa”, diz a
historiadora Yone de Carvalho, da PUC de São Paulo. Portanto, na Idade Média, feudos eram
todos os bens e tributos trocados entre nobres – incluindo aí as propriedades, que eram mais
conhecidas como senhorios. Esse sistema de trocas regulava todas as relações entre os nobres
medievais. Por exemplo, um nobre ganhava o título de senhor quando dava um pedaço das
suas terras a outro n a outro nobre, chamado de vassalo. Esse vassalo, por sua vez, podia
cobrar uma espécie de aluguel sobre seu moinho, tornando-se senhor também. Em resumo, o
dono de um “feudo” – ou melhor, senhorio – obedecia a seu senhor, mas também tinha seus
vassalos. Para facilitar, o “feudo” que retratamos ao lado é o mais simples possível, com apenas
um dono e seus servos.

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Ponto 5: As oito Cruzadas na Terra Santa (1097-1270) e o aparecimento das Ordens Religiosas
e Militares. Motivações, desenvolvimentos e balanço da empresa na Síria-Palestina.

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Designação pela qual são conhecidas as expedições operadas pelos cristãos da Europa
Ocidental entre os séculos XI e XIII, com o intuito de retomarem a posse de Jerusalém e dos
Lugares Santos, caídos no século VII em poder dos muçulmanos. A segurança das rotas de
peregrinação estava também intimamente relacionada com estas campanhas da Cristandade.
Foram oito as Cruzadas, quase sempre com apoio papal, embora tenham ocorrido outras ações
bélicas similares de menor impacto e dimensão.

Antecedentes

A partir de 636, Jerusalém era uma cidade em poder dos Muçulmanos. Estes, apesar de a
terem conquistado em verdadeiro espírito de Jihâd (guerra santa, um dos pilares fundamentais
da religião islâmica), foram tolerantes para com os cristãos, permitindo as peregrinações aos
Lugares Santos da Palestina. Todavia, um outro perigo, também muçulmano, estava eminente:
os turcos Seldjúcidas, descendentes de belicosas e aguerridas tribos nómadas da Ásia Central.
Instalados na Anatólia, fazem desde logo perigar a segurança do Império Bizantino, sediado em
Bizâncio, às portas dos Seldjúcidas. Estes, em 1071, derrotam os bizantinos na batalha de
Manzinkert, impelindo o imperador Miguel VII a solicitar o apoio de Roma para que
interpelasse os soberanos ocidentais a enviar exércitos em auxílio de Bizâncio. Jerusalém é
conquistada pelos Turcos em 1078, o que aumentou ainda mais o pavor no Ocidente e o
alarmismo das súplicas bizantinas. Em 1085, cai Antioquia e em 1092 Niceia. Um outro pedido
de auxílio é reiterado em 1095 por Aleixo I Comneno ao Papa Urbano II. Apesar de os cristãos
bizantinos estarem afastados de Roma, esta, tentando talvez a reconciliação com o mundo
cristão, terá acedido aos apelos de socorro e lançado as sementes das Cruzadas enquanto
ajuda a "irmãos" ameaçados pelos Infiéis - designação medieval dada aos povos seguidores de
Maomé. Porém, esta motivação para as Cruzadas não é única nem existe por si só: está

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indelevelmente relacionada com diversos fatores, tendências e eventos em curso no mundo


pós-ano mil. O papado tinha consciência da situação da cristandade então, quer quanto às suas
maiores nações, quer quanto a aspetos meramente estruturais e absolutamente
internacionais.

De facto, este período - o do apelo bizantino ao Ocidente - corresponde a uma época de


aceleração demográfica, desenvolvimento comercial e relaxamento das mentalidades a nível
coletivo, o que se refletiu num reflorescimento cultural no século XI. As instituições alto-
medievais começavam a mudar lentamente, ainda que o feudalismo imperasse, proliferando
por isso tensões e guerras mesmo entre senhores ou reis. A insegurança maior, porém, estava
então em nítido desaparecimento, assinalada pelo fim das incursões e ameaças de Normandos
e Magiares. Esta tranquilização crescente da Europa era visível também na estabilização e
reanimação das rotas mediterrânicas. Nesse contexto de calmia, as cidades renasciam e
ganhavam uma nova atmosfera, animada pelo bulício de um comércio renascente e cada vez
mais transeuropeu, feito em distâncias cada vez maiores, criando riquezas e grupos de
cidadãos detentores de enormes fortunas, ainda que sem títulos senhoriais: a burguesia, em
busca de um lugar na política europeia. Socialmente, o crescimento populacional deixava
inúmeros jovens sem ocupação, principalmente muitos "filhos segundos" da nobreza, sem
heranças compatíveis e por isso ávidos de aventura em busca de riquezas e poder.

Regionalmente, havia ainda situações menos claras ou mais agitadas. A Inglaterra estava ainda
na "ressaca" dos efeitos geopolíticos da conquista normanda de 1066, à procura de um
equilíbrio nacional, enquanto a Alemanha do Sacro Império se envolvia em questões acerca do
poder temporal e espiritual com Roma, para além de lutas intestinas contínuas. A Península
Ibérica, essa, estava mergulhada ainda no processo de Reconquista Cristã, então numa fase
fulgurante e de clara definição política e territorial dos novos estados cristãos. Apenas a França
política e militarmente estava em condições de poder intervir no exterior, como o fez na
Espanha, por exemplo. A Itália, mosaico de cidades-estados comerciais e pequenos reinos,
interessava-se mais pelos "grossos cabedais" do trato mediterrânico, mostrando-se sensível
com o problema da Palestina. A disputa do Mediterrâneo entre cristãos e muçulmanos era
outra tónica em crescendo na cristandade. Era também o tempo da reforma gregoriana, da
"explosão" cultural e irradiação de Cluny, do renascimento e de uma certa reforma dos valores
cristãos antigos. A expansão religiosa, face aos poderes acumulados pelo papado, era agora
possível, ainda para mais com o mundo islâmico em fase de instabilidade causada pelos turcos.
Existia, a nível religioso, na cristandade, um enorme zelo pelas peregrinações e proteção dos
"lugares santos" da cristandade, desde Santiago a Jerusalém. No Concílio de Clermont de 1095,
as peregrinações a esta passavam a estar também sob a alçada de Roma, exortando-se os
cristãos a protegerem os que rumavam àquele lugar, bem como se apelava para levantar uma
campanha contra os Infiéis, à imagem do que se fazia na Espanha. O sentimento religioso era
também muito forte e arreigado nas populações, fortalecido pelos temores milenaristas, que
impeliram muitos cristãos para o Oriente em busca dos "lugares santos" e relíquias, onde se
acreditava chegaria o último rei cristão seguido dos últimos fiéis, para ali aguardarem o Juízo
Final. É neste conjunto de situações, tendências e factos que a Europa cristã se lança na
recuperação do berço da cristandade.

Primeira Cruzada (1096-1099)

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Em 1095, o Concílio de Clermont decreta a concessão de perdão de todos os pecados -


indulgência plenária - a todos os que fossem ao Oriente defender os peregrinos, cujas viagens
envolviam cada vez maiores riscos. Com uma receção entusiástica na Europa, aos gritos de
"Deus o quer", as populações enchem-se de fervor e aderem àquela medida papal,
nomeadamente a França. Em França, são inúmeros os que, oriundos de vários "grupos sociais",
envergam desde logo um traje com uma enorme cruz (daí cruzados) e que se colocam ao
serviço da Igreja para rumarem ao Oriente. Muitos venderam ou hipotecaram mesmo os seus
bens para adquirirem armas para o efeito e obterem dinheiro para a viagem.

Entre os mais humildes, formou-se mesmo uma "cruzada do povo", congregada em torno de
Pedro, o Eremita, exortador da mesma. Atravessaram a Hungria e a Bulgária, causando
desordens e desacatos, sendo em parte aniquilados pelos búlgaros e depois dizimados pelos
turcos em 1096. Outros grupos, como os alemães, que aproveitaram para massacrar judeus,
foram proibidos de cruzar nas fronteiras bizantinas. Em termos de exércitos organizados,
existiam quatro grupos. Um sob o comando de Hugo de Vermandois, irmão do rei francês,
Filipe I, que partiu em 1096. Parte deste grupo naufragou no Adriático, enquanto os restantes,
comandados por Godofredo de Bolhão, duque da Baixa Lorena, e por seus irmãos Eustáquio e
Balduíno, atingiram Constantinopla em dezembro. O segundo grupo era comandado por
Boemundo de Tarento, normando do Sul de Itália, velho inimigo de Bizâncio. Chega a
Constantinopla em abril de 1097. O mais numeroso dos exércitos era o de Raimundo de Saint-
Gilles, conde de Toulouse, acompanhado de Ademar de Monteil, legado do Papa e bispo de
Puy. Chegaram a Constantinopla em abril do mesmo ano, vindos pela Dalmácia (atual costa
croata). O quarto e último contingente, sob as ordens de Roberto da Flandres, a par de Roberto
da Normandia, irmão de Guilherme II de Inglaterra, bem como Estêvão de Blois, chegou
também à capital bizantina. Ao todo, reúnem-se perto de 30 mil cruzados em Constantinopla,
dos quais cerca de 25 mil combatentes a pé. Concordam todos em tomar a Palestina aos Turcos
e depois devolver os seus territórios ao imperador bizantino, autor desta exigência.

Assim, em 19 de junho de 1097 os cruzados tomam Niceia, chegando aos arredores de


Antioquia em 20 de outubro, não sem recontros duros com os turcos pelo caminho. Esta
cidade, todavia, dotada de altas muralhas e muito bem defendida, somente cairá a 3 de junho
de 1098, após o extermínio da sua população islâmica. Mais tarde, depois de nova vitória
contra os turcos, os cristãos ver-se-ão a braços com uma peste mortífera, que contudo não os
impedirá de marchar sobre Jerusalém, agora em poder dos califas fatímidas do Cairo. Com
poucas armas e provisões, os cerca de 1200 cavaleiros e 12 mil soldados cruzados começam os
ataques à cidade em 15 de julho de 1099, sob o comando de Godofredo de Bolhão, que
chegou mesmo a abrir uma das portas da muralha. Neste mesmo ano, conseguem tomar
Jerusalém, empreendendo posteriormente a chacina de grande parte da sua população judaica
e muçulmana, entre homens, mulheres e crianças.

A maior parte dos cruzados regressaram à Europa, contrariamente a Godofredo, que ficou em
Jerusalém, onde foi aclamado pelos cristãos como governador e defensor do Santo Sepulcro,
contrariamente às promessas feitas ao imperador bizantino. Ainda na sequência desta primeira
Cruzada, criar-se-á, em meados do século XII, o reino cristão de Jerusalém, o primeiro dos
instalados na Terra Santa, fundando-se igualmente os condados de Edessa e Trípolis e o
principado de Antioquia. Instalam-se também nesta altura as Ordens Religiosas Militares para
defesa dos lugares conquistados pelos cristãos: Hospitalários (1113) e Templários (1118). Os
estados latinos da Terra Santa ganham também notoriedade económica, o que desvirtua o
projeto das Cruzadas e faz despontar rivalidades violentas, vulnerabilizando a região face ao

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ressurgimento de estados muçulmanos vizinhos, como o de Mossul, que se estava a instalar na


Síria.

Segunda Cruzada (1147-1149)

Em 1144, de facto, os senhores de Mossul, numa fase de reunificação da Síria, conquistaram


Edessa aos cristãos. Na Europa, imediatamente se ouvem vozes clamando pela retoma do
condado pelos cruzados. É o caso de São Bernardo de Claraval, que, a pedido do Papa Eugénio
III, antigo monge cisterciense e discípulo do Santo, lhe pede que exorte os cristãos a
empreenderem uma nova cruzada. Na Páscoa de 1146, em Vezelay, são muitos os franceses
que acorrem a escutar as palavras de Bernardo. Estas serão levadas à prática pelo imperador
germânico Conrado III e por Luís VII da França, para além dos reis da Polóna e da Boémia. O
imperador parte para Constantinopla, onde chega em setembro de 1147. Contrariando os
conselhos do soberano bizantino Manuel I, os cruzados avançam para a Anatólia, onde são
batidos pelos turcos em Dorileia, em outubro desse mesmo ano. Luís VII ainda acorre em seu
auxílio, encontrando Conrado em Niceia. Os franceses, entretanto, chegam a Antioquia em
março de 1148, rumando para Jerusalém com cerca de 50 mil soldados. Decidem atacar
Damasco. Em 28 de julho de 1148, e depois de cinco dias de cerco, concluíram tratar-se de uma
missão impossível pelo que recuaram, terminando assim a segunda cruzada. Um autêntico
malogro, com os seus líderes a regressarem aos seus países sem qualquer vitória. Porém,
recorde-se que será desta cruzada que irão sair alguns cruzados para auxiliarem Afonso
Henriques na conquista de Lisboa em 1147, como relata nas suas cartas o cruzado inglês
Osberno.

Terceira cruzada (1189-1192)

Acossados por graves lutas internas e ataques dos maometanos ao longo de 25 anos depois da
segunda cruzada, os estados cristãos do Oriente mergulharam numa situação política e militar
difícil. Inversamente, em termos económicos e patrimoniais, conheceram uma época de
desenvolvimento, principalmente no respeitante aos Templários e Hospitalários. O regime
feudal difundia-se também, a par da miscigenação entre os vários povos europeus ali
estabelecidos e da gradual latinização da Igreja. Este clima, no entanto, acicatou disputas entre
os estados e os próprios cristãos. Outro perigo espreitava: Saladino. Este apoderou-se de
Jerusalém em 1187, o que desencadeou na cristandade uma nova onda de preocupação com a
Terra Santa. O Papa Gregório VIII lança imediatamente uma nova cruzada, com o apoio de
vários monarcas, entre os quais o imperador germânico Frederico I, o Barba-Roxa, Filipe
Augusto de França, Henrique II de Inglaterra (depois substituído pelo seu sucessor, Ricardo I,
Coração de Leão) e Guilherme II da Sicília.

Em abril de 1191 os franceses alcançam Acre, no litoral da Terra Santa, e dois meses depois
junta-se-lhes Ricardo. Ao fim de um mês de assédio, os cruzados tomam a praça e rumam para
Jerusalém, agora sem o rei francês, que regressara ao seu país. Os cruzados, entretanto,
vencem em Arsuf e retomam Jaffa, sob o comando de Ricardo, mas não conseguem tomar
Jerusalém. Entretanto já o rei inglês tinha voltado para a Europa, o que faz terminar a cruzada
que, apesar de ter ficado às portas de Jerusalém, acabou por fortalecer a soberania dos
estados latinos da Terra Santa.

Quarta cruzada (1202-1204)

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A partir de 1198 o Papa Inocêncio III começou a incitar a cristandade para empreender um
novo esforço de cruzada, tendo tido bastante recetividade junto da nobreza europeia. O
prestígio e capacidade de legislação e de organização eram apanágio deste papa, o que fazia
recair sobre o seu pontificado uma enorme aura de confiança popular. O transporte dos
exércitos fez-se a partir de Veneza e dos seus barcos, república comercial que então vivia numa
tensão crescente com Constantinopla. Depois do massacre de mercadores daquela cidade
italiana em 1182 devido aos privilégios comerciais que detinham. Se por um lado a pretensão
papal desta cruzada apontava para a destruição do poderio muçulmano no Egito, por outro a
tensão entre Veneza e os bizantinos acabaria por influenciar o decurso das operações militares,
cujos objetivos se centravam cada vez mais em Constantinopla, devido à intenção veneziana de
vingar o massacre dos seus mercadores. Além disso, o Egito mantinha boas relações a todos os
níveis com Veneza.

Perante esta situação, e debatendo-se com dificuldades financeiras para pagar a travessia dos
barcos e exércitos para o Egito (Veneza exigia 85 mil marcos de ouro), os venezianos
negociaram com os chefes cruzados um ataque a Zara, cidade na costa da Dalmácia antes em
poder de Veneza. Esta cidade, efetivamente, veio a cair no poder das hostes cristãs em 1202,
contra a vontade de Inocêncio III, que condenava veementemente a secularização da quarta
cruzada e excomungou mesmo os venezianos. Por outro lado, na sequência desta operação
militar, os cruzados, em 1203, tomam Constantinopla e coroam Aleixo IV como imperador
bizantino, a par de seu pai, Isaac Ângelo. Inocêncio III aceita a situação, sonhando com a
reaproximação entre as duas Igrejas desavindas. Contudo, Aleixo será assassinado pelos
gregos, o que impele Veneza a tomar o poder no Bósforo. Para tal, contaram com o apoio dos
cruzados, que em abril de 1204 assaltaram de novo Constantinopla, submetendo-a a três dias
de massacres e pilhagens, dividindo depois os despojos. Apesar de enfraquecido, o império
bizantino não desvaneceu, retomando a sua pujança em 1261, quando Miguel VIII, paleólogo,
toma o poder. Entretanto, os cruzados tinham estabelecido uma série de principados latinos na
Grécia, como o ducado de Atenas. A trégua assinada por Ricardo Coração de Leão em 1191
mantinha-se, apesar da despropositada e desastrosa quarta cruzada, em pleno século XIII,
assegurando a manutenção dos estados latinos do Levante (Arménia, Jerusalém-Acre, Trípoli,
Chipre) e dos próprios cruzados.

Posteriormente a esta quarta cruzada, desencadeou-se uma série de movimentos de tipo


"cruzada" de carácter espontâneo na Europa a caminho da Terra Santa, como a denominada
"cruzada das crianças", em 1212, composta maioritariamente por jovens franceses ou alemães.
Esta triste caminhada de inocentes redundou numa tragédia inimaginável: uns morreram à
fome e de esgotamento, outros foram assassinados, afogados no mar ou, então, acabaram
vendidos como escravos.

Quinta Cruzada (1215-1221)

Também da iniciativa de Inocêncio III, que a propõe em 1215 no quarto Concílio de Latrão, mas
somente posta em prática por Honório III, seu sucessor no trono de S. Pedro. Organizada pelo
imperador germânico Frederico II, pôs-se a caminho em 1218, comandada por Jean de
Brienne, rei em título de Jerusalém, e Leopoldo VI, duque da Áustria. O objetivo era o Egito,
mas apenas acabaram por assaltar Damieta, sendo rechaçados no delta do Nilo. Querelas
internas minaram igualmente esta cruzada. Porém, numa paz negociada em 1219 com os
muçulmanos, o incrível aconteceria: Jerusalém era oferecida aos cristãos, entre outras cidades,
em troca da sua retirada do Egito. Mas os chefes cruzados, nomeadamente o cardeal Pelágio,
recusaram tal oferta, objetivo máximo da Cristandade: consideravam que os muçulmanos não

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conseguiriam resistir aos cruzados quando chegasse Frederico II com os seus exércitos. Em
1219 Damieta caiu na posse dos cruzados, que falham depois o Cairo. O imperador atrasara-se,
e a cruzada fracassava, assinando-se depois uma trégua de oito anos. Foi a última cruzada em
que intervieram tropas do Papa.

Sexta Cruzada (1228-1229)

Lançada pelo imperador excomungado Frederico II em 1227, só no ano seguinte esta cruzada
ganharia forma. A sua demora em avançar na empresa deve-se à excomunhão por Gregório IX.
De facto, ao partir para reclamar os seus direitos sobre Acre-Jerusalém e Chipre, Frederico II
recebeu uma missão de paz do sultão do Egito, que retardou o seu avanço. Finalmente, em
1228, acabou por partir, apesar de ser defensor do diálogo com o Islão, religião que o
apaixonava sobremaneira, e preferir conversar em vez de combater. Todavia, e apesar do seu
humanismo, não conseguiu evitar a excomunhão, o que frustrou as suas pretensões naquelas
paragens levantinas. Conseguiu, com o apoio dos cavaleiros teutónicos e de algumas tropas
suas, selar um bom acordo com o Egito de Malik el-Kamil, sobrinho de Saladino, em 1229:
Jerusalém ganhava Belém, Nazaré e Sídon, um corredor para o mar, para além de uma trégua
de dez anos. Coroado rei de Jerusalém, Frederico regressou à Europa e retomou relações com
Roma em 1230. Mas a Cidade Santa acabaria por cair entretanto em 1244 novamente em
poder do Islão.

Sétima Cruzada (1248-1254)

Findos os dez anos da trégua de 1229, uma expedição militar cristã encaminhou-se para a Terra
Santa, a fim de reforçar a presença cristã nos lugares santos. Mas, todavia, Jerusalém seria
retomada pelos muçulmanos em 1244 e no ano seguinte dava-se o desastre de Gaza. Uma
nova empresa militar cruzada dirige-se então contra o Egito, comandada por S. Luís (XI), rei de
França, que expressara ao Papa Inocêncio IV, no Concílio de Lyon, o desejo de apoiar os cristãos
do Levante. Partiu de Aigues-Mortes em 1248, desta feita com um respeitável exército de 35
mil homens. Escalou em Chipre em setembro de 1248, atacando depois o Egito. Aqui, retoma
Damieta em junho de 1249 e quase conquista o Cairo em 1250, só não o conseguindo porque
os muçulmanos se apoderaram das provisões alimentares dos cruzados, o que provocou fome
e doenças nas hostes de S. Luís. Obrigado a retirar-se perante este cenário, o rei chegou
mesmo a ser feito refém, sendo posteriormente libertado após o pagamento de um avultado
resgate e restituição de Damieta, em 1250. Todavia, só abandonaria a Palestina em 1254,
depois de conseguir recuperar todos os prisioneiros cristãos e de ter concluído um esforço de
fortificação das cidades francas do Levante.

Oitava Cruzada (1270)

Entre 1265 e 1268, os egípcios mamelucos conquistaram uma série de territórios cristãos no
litoral da Palestina e do Líbano, como Haifa ou Antioquia, para além da Galileia e da Arménia.
Luís IX de França, ou S. Luís, retomou então o espírito das cruzada e lançou novo
empreendimento armado em 1270, embora sem grande percussão na Europa. Os objetivos
eram agora diferentes dos projetos anteriores: geograficamente, o teatro de operações não era
o Levante mas antes Tunes, e o propósito, mais que militar, era a conversão do emir da mesma
cidade norte-africana. Redundou, todavia, como quase todas as outras expedições, numa
tragédia. Não chegaram sequer a ter oportunidade de combater: mal desembarcaram as forças
francesas em Tunes, logo foram acometidas por uma peste que assolava a região, ceifando
inúmeras vidas entre os cristãos, nomeadamente S. Luís e um dos seus filhos. Os estados
europeus do Levante ficavam assim entregues ao seu próprio destino e à mercê dos

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muçulmanos, principalmente dos turcos e dos mamelucos egípcios. A tolerância até então
evidenciada pelos muçulmanos em relação aos cristãos esmoreceu e desapareceu,
despertando novamente a ideia de guerra santa entre os seguidores de Maomé, depois de
tantas agressões cristãs, fazendo cair uma a uma as possessões latinas do Levante.
Economicamente, as cidades mercantis italianas (Génova e Veneza, principalmente) passaram
ao lado da tragédia das cruzadas, aumentando o seu tráfico - e respetivos lucros - no
Mediterrâneo oriental. Na Europa, por outro lado, as monarquias saíram reforçadas, pois
muitas famílias nobres do Velho Continente perderam filhos e herdeiros na Terra Santa ou
endividaram-se de tal modo que o seu poder se esfumou, contribuindo também para uma
emancipação do poder popular e local, agora desagrilhoados das peias e amarras do
feudalismo derrotado no Oriente. No século XIV, e como reflexo do fracasso das cruzadas e da
sua retirada da Síria e Palestina, desaparecerá também uma das instituições basilares do
mundo latino do Oriente: os Templários.

As Cruzadas foram um fracasso em seu objetivo de conquistar a Terra Santa para os cristãos.
Custaram muito caro para a nobreza europeia e resultaram em milhares de mortes. No
entanto, essas expedições influenciaram grandes transformações no mundo medieval. Elas
causaram o enfraquecimento da aristocracia feudal, fortaleceram o poder real e possibilitaram
a expansão do mercado. A civilização oriental contribuiu muito para o enriquecimento cultural
europeu, promovendo desenvolvimento intelectual. Nunca mais Jerusalém foi dominada pelos
cristãos, mas as movimentações ocorridas no trajeto para a Terra Santa expandiram os
relacionamentos com o mundo conhecido na época. Em contrapartida, o domínio de certas
regiões do Oriente Médio acabou permitindo o enriquecimento de algumas cidades comerciais
que sobreviveram ao processo de ruralização da era feudal. Locais como Gênova e Veneza
aproveitaram as novas oportunidades de comércio, chegando ao ponto de incitar seus
mercadores a financiarem a ação militar dos cruzadistas disponibilizando recursos materiais,
embarcações e dinheiro para a Quarta Cruzada (1202 - 1204).

Dessa forma, mesmo não sendo uma solução duradoura para os problemas europeus, as
Cruzadas foram importantes para a criação de um fluxo comercial que permitiu a introdução de
várias mercadorias orientais no cotidiano da Europa. Além disso, o contato com os saberes do
mundo bizantino e árabe foi importantíssimo para o progresso intelectual necessário para o
desenvolvimento das posteriores grandes navegações.

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Resumo da aula:

Estamos a falar de uma grande peregrinação armada que leva centenas e centenas de
cavaleiros para o próximo oriente, ou seja, para o território da síria palestina onde estes
territórios que vimos já se conheciam fosse pela circulação de cavaleiros, mercenários que vão
do norte da europa para o exército e a guarda imperial bizantina. Dois sítios que se conhecem
pela prática da peregrinação que sempre existiu e que de facto as terras onde nasceu e morreu
cristo são de facto as mais desejadas para essa atividade dos cristãos de qualquer tempo, mas
nesta altura vimos que essa prática era comum e nos finais do sec 11 era tão mais comum
quanto era inclusivamente possível faze-lo por via terrestre uma vez que a cristianização do
reino da Lombardia o permitia.

Portanto não nos devemos esquecer da fundação dos 5 estados do oriente e da forma como os
cavaleiros latinos organizaram exércitos para defender estes estados latinos nomeadamente
com a fundação das ordens militares onde as mais impts ou por menos com mais impacto

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internacional são a ordem do templo e a do hospital em que ambas tem origem em Jerusalém
e nascem de pequenas confrarias.

A segunda está associada á defesa do hospital são João de Jerusalém que servia de apoio aos
peregrinos e a primeira é no fundo uma derivação tb desta primeira organização e que assume
este nome por a primeira comunidade que assenta no espaço que se considera ser as
anteriores ruínas do templo de salamão e daí ganhar este nome. Vimos que a fundação dos
estados latinos no oriente, no fundo representou a exportação de um modelo feudal franco
europeu para o território da terra santa e isso levou para esse local as práticas de concorrência
que os senhores feudais tinham no ocidente, trazendo, portanto, a consequência de tornar
esses locais efémeros por não terem a capacidade de se organizar entre si.

Estas 8 cruzadas que acompanhamos na terra santa ocorrem entre 1097 com a conquista de
Jerusalém em 1099 e a queda de são João de acre. No fundo estas são incursões militares para
o oriente que se organizam nas diferentes chamadas do papado numa tentativa de manter
território cristão no oriente. Vão ter consequências desastrosas nomeadamente nas relações
entre o oriente e o ocidente devido ás diferenças religiosas entre estes dois extremos, criando
com isso um fosso entre os dois mundos que já existia antes destas cruzadas desde 1054
quando a própria igreja latina do oriente se separa do ocidente. Com isso se essa separação
religiosa e cultural já existia antes destas cruzadas ela vai aumentar com as mesmas, aspeto
que tem mt impt devido a momentos como por ex a invasão da Constantinopla por tropas
cristãs, ação que foi excomungada, mas que apesar disso ocorre em abril de 1204.

Para o tema das cruzadas temos de ter bem presente os antecedentes e as consequências e
pensar que essas últimas cruzadas foram acima de tudo vantajosas para as cidades italianas
nomeadamente Génova e Veneza pois vão manter entrepostos comerciais no oriente até bem
tarde e consequentemente vão os conseguir consolidar muito bem durante esta período.

Ordem do hospital:

Site:

Os Cavaleiros Hospitalários representavam uma ordem militar cristã criada no século XI.

Jerusalém é um local sagrado para as principais religiões do mundo. Durante a Idade Média, o
território foi extremamente disputado entre cristãos e muçulmanos. Estes, conquistaram a
chamada Terra Santa no século XI, incomodando os cristãos. Foi por esse motivo que surgiram
as famosas Cruzadas, tentativas cristãs de se reconquistar Jerusalém. No final do mesmo
século, o papa da época convocou os cristãos para marcharem até a Terra Santa e retomarem
para os cristãos o território no qual havia vivido Jesus Cristo. Em 1099, partiu a Primeira
Cruzada. No mesmo ano, alguns mercadores de Amalfi fundaram em Jerusalém uma casa
religiosa para recolher os peregrinos. Essa casa cresceu em funcionalidade, passou a operar
sob a regra de São Bento e, mais tarde, passou a contar com um hospital. Por algum tempo,
Godofredo de Bulhão foi o financiador da iniciativa, garantindo a existência daquilo que viraria
uma congregação especial e adotaria o nome de São João Batista. Em 1113, a congregação foi
reconhecida pelo papa e passou a operar sob regra própria. Alguns anos depois, o serviço de
proteção e atenção aos doentes passaria a contar também com serviços militares, constituindo,
assim, a fundação da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários.

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A Ordem surgiu em função das ameaças muçulmanas que os cristãos sofriam em suas jornadas
de fé para visitar a Terra Santa. No meio do caminho, os fieis eram atacados, saqueados, feridos
e até assassinados pelos islâmicos. Para oferecer proteção, os Hospitalários prestavam serviços
médicos aos cristãos. Com o tempo, notaram que só o cuidado com os doentes não resolveria a
difícil situação no Oriente, e a Ordem adotou também uma conduta militar. Os Cavaleiros
Hospitalários ou Cavaleiros de São João incorporaram os treinamentos de batalha e
participaram de diversos combates. Os Cavaleiros Hospitalários assumiram como hábito, ou
seja, vestimenta característica utilizada, a túnica branca e um grande manto preto dotado de
uma cruz de ouro com esmalte branco no lado esquerdo. Os cavaleiros pertencentes à Ordem
eram sempre pertencentes à fidalguia. Além de manterem o hospital em Jerusalém,
envolveram-se diretamente com as Cruzadas e, ao contrário do que aconteceu com outras
Ordens, mantiveram-se vivos e ativos com o fim delas.

Os Cavaleiros Hospitalários sobreviveram à Idade Média e a Ordem permaneceu viva,


recebendo de Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico a Ilha de Malta como doação, em
1530. Nesta época, a Ordem dos Hospitalários mudou de nome, passando-se a se chamar de
Ordem de Malta. Existente até os dias atuais, a organização exerceu funções de espionagem
para o Vaticano e sempre se manteve ativa em iniciativas de beneficência. Atualmente, a
Ordem tem atividade discreta, porém presente em muitos países do mundo. Seus integrantes
são médicos, homens de ciência ou com tendências ao sacerdócio.

Ordem dos templários:

A criação da Ordem do Templo se inscreve no período das Cruzadas. Os cristãos ocidentais


haviam atendido o apelo do Imperador bizantino Aleixo I Comneno ao Papa Urbano II. O
Imperador pedia aos cristãos deixarem as desavenças internas de lado para lutarem na Terra
Santa e libertar Jerusalém dos muçulmanos. A princípio, soldados francos, britânicos e
germanos acudiram ao campo de batalha. Buscavam terras e a salvação eterna, tal como
qualquer pessoa na Idade Média.

Esses cavaleiros eram monges que sabiam empunhar armas. Os seus mestres fundadores,
Hugo de Payens e Geoffrey de Saint-Omer, e os demais cavaleiros, assumem os votos
monásticos de pobreza, castidade e obediência. Viviam em comunidade e oração, mas também
tomavam parte de batalhas, algo proibido aos monges de outras ordens. Em 1128, durante o
Concílio de Troyes, na França, tiveram sua regra aprovada.

O rei de Jerusalém, Balduíno II (1118- 1131), lhes concedeu a Mesquita do Rochedo para a
construção da igreja conventual. Com o tempo, a mesquita transformou-se, no imaginário da
cruzada, no antigo Templo de Salomão. Por isso, os cavaleiros passaram a ser conhecidos por
Cavaleiros do Templo de Salomão ou Templários.

Missão

Uma vez que Jerusalém foi conquistada em 1099 vários peregrinos tomaram o caminho a
cidade sagrada. Desta maneira, para protegê-los, foi criada uma Ordem religiosa por nove
cavaleiros originários da França e da Borganha. Sua missão era zelar pela segurança durante a
travessia entre o porto de Acre e Jerusalém.

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6. A renovação económica e social dos séculos XI-XIII: o comércio, as cidades, as corporações


artesanais. Implicações financeiras e sociológicas da nova realidade.

Site: Inovações técnicas

A Baixa Idade Média ficou marcada com um período de avanços técnicos, sendo os que
aconteceram na agricultura os mais destacados. Na Baixa Idade Média popularizou-se uma
série de práticas que, provavelmente, já eram utilizadas na Alta Idade Média, mas em baixa
escala. As principais foram o uso da charrua e da aiveca de ferro, melhorando o arado e a
preparação do solo para o plantio, e de um sistema de rotação trienal do solo muito mais
eficiente que o bienal.

Essas melhorias podem parecer simples atualmente, mas, na época, foram cruciais e
possibilitaram um aumento significativo da produtividade agrícola. Estima-se que a
produtividade média tenha passado de 1 ou 2 grãos por semente plantada para 3 ou 4 grãos.
Isso garantiu um excedente de alimento importante e permitiu que a população europeia
tivesse um salto considerável durante a Baixa Idade Média. O aumento populacional também
tem relação com a melhora no clima europeu durante boa parte desse período e a pouca
difusão de epidemias.

Crescimento do comércio e das cidades:

Acontecimentos marcantes

A Baixa Idade Média ficou marcada por diversos acontecimentos importantes. Um deles foi a
consolidação do Estado nacional e das monarquias europeias. O sistema feudal entrou em
decadência, uma vez que os reis passaram a investir na centralização do poder e estabeleceram
uma burocracia para auxiliar-lhes em seu reinado. Antes do processo de centralização do poder
e de surgimento dos Estados nacionais, aconteceram as Cruzadas — campanhas militares
realizadas pelas nações cristãs da Europa contra os muçulmanos que dominavam a Palestina.
Existiu uma série de interesses por trás delas:

Unificação o catolicismo sobre o comando da Igreja de Roma;

Abertura econômica do Oriente para a Europa;

Concentração da crescente violência da nobreza europeia para um inimigo em comum.

Corporações de ofício:

As “Corporações de Ofício” são associações que surgiram no final da Idade Média, a partir do
século XII na Europa. Oriundas das antigas Guildas, as quais reuniam profissionais de diversas
áreas, as Corporações de Ofício tinham o objetivo de regulamentar as profissões e o processo
produtivo artesanal, evitar a concorrência, bem como garantir a segurança de seus membros.
Eram formadas hierarquicamente por Mestres (donos das oficinas que possuíam os maiores
conhecimentos no ramo), Oficiais ou Companheiros (trabalhadores remunerados e mais
experientes) e os Aprendizes (trabalhadores não remunerados no início da profissão). Ainda
que as Corporações de Ofício surgiram em prol do desenvolvimento econômico, haviam
também as corporações de cunho religioso (também chamadas de Confrarias), político e social.

Contexto Histórico

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Durante o último período da Idade Média, denominado de Baixa Idade Média (século X ao
século XV), a Europa passava por diversas transformações sociais, políticas, econômicas e
científicas, sobretudo, com o declínio do sistema feudal e o crescimento comercial e urbano
(intensificado pelas Cruzadas e a expansão das rotas marítimas comerciais). Denominado de
Renascimento Comercial e Urbano, houve um grande crescimento das atividades comerciais,
oriundas dos trabalhadores que viviam numa sociedade estamental (sem mobilidade social) e
agrária, os feudos, e passaram a comercializar os excedentes nos arredores das cidades.

Dessa forma, com o deslocamento de muitos trabalhadores para os burgos (antigas cidades
medievais amuralhadas), o sistema feudal e agrário logo foi substituído por um capitalismo
primitivo e urbano, fortalecidos pelo surgimento de uma nova classe social: a burguesia. A
classe de burgueses era formada por diversos tipos de trabalhadores (comerciantes, artesãos,
alfaiates, sapateiros, ferreiros, carpinteiros, marceneiros, artistas, mercadores) os quais
estavam imbuídos de ideais mercantilistas, tal qual o acúmulo de metais preciosos (metalismo),
o monopólio e o controle estatal. Note que o surgimento da moeda também foi um fator
importante para o desenvolvimento da economia europeia, antes baseada na troca.

De tal modo, com o desenvolvimento das atividades produtivas e consequentemente a


intensificação do comércio, houve a necessidade de organizar e regulamentar essas atividades.
Assim, os trabalhadores de determinadas profissões se reuniam em Associações (espécie de
associações sindicais) com o intuito de privilegiar os interesses da classe, de forma a melhorar
o desenvolvimento da atividade laboral desde a distribuição dos produtos, garantir a qualidade
e o preço dos mesmos, bem como lidar com o mercado e seus concorrentes externos.

Renascimento do comércio e urbano

O crescimento do comércio fez com que feiras comerciais se instalassem nos arredores das
grandes cidades europeias.

O aumento da produtividade garantiu a existência de um excedente que pôde ser


comercializado, e isso permitiu o renascimento do comércio na Europa. Pouco a pouco, essa
atividade consolidou-se por meio da formação de feiras, e, à medida que avançava, foram
sendo criadas rotas comerciais no norte da Europa e nas regiões mediterrânicas. O
renascimento comercial esteve diretamente relacionado com o renascimento urbano. Isso
aconteceu porque muitos camponeses começaram a mudar-se para as cidades a fim de fugir
dos laços de servidão que existiam nos feudos. À medida que o comércio desenvolvia-se,
comerciantes instalavam-se nos arredores das cidades, inicialmente com feiras temporárias,
que, depois, tornaram-se fixas e viraram um anexo das cidades — os burgos.

O comércio na Europa ganhou o incentivo definitivo com o início das Cruzadas no final do
século XI. O envio de soldados para o Oriente e a migração de milhares de pessoas desejosas
de estabelecer-se na “Terra Santa” abriram todo o mercado oriental, cujas mercadorias eram
consideradas luxuosas pela Europa Ocidental.

Importante considerar também que o crescimento urbano garantiu o surgimento de uma nova
classe social: o burguês, habitante do burgo — anexo da cidade consolidado como parte dela
pela fixação dos comerciantes. Novos ofícios surgiram e consolidaram-se em corporações de
ofício, organizações que reuniam pessoas que praticavam a mesma atividade.

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7. Igreja e vida religiosa: da reforma gregoriana (séc. XI) à floração dos movimentos
mendicantes (Franciscanos e Dominicanos). Implicações culturais desta evolução e
aparecimento das primeiras Universidades. A Escolástica.

Resumo de aulas:

Falamos tb da evolução da instituição eclesiástica ao longo da idade media em que num


primeiro momento depois de ter andado ali de braço dado com os merovíngios e carolíngios
para no fundo conseguir aumentar territórios da cristandade e conquistar populações para o
cristianismo para que possam com isso manter a dignidade das principais sedes de diocese e se
poder criar novas neste território religioso. Vimos que no período da segunda metade do sec
11 o próprio papado vai sair da alçada do imperador romano germânico apesar de antes este
atual e os que o antecederam terem protegido esses oradores do divino ajudando com isso na
defesa desta instituição eclesiástica, mas neste momento porem esta decidiu emancipar-se e
separar-se daquele que é o poder dos leigos para que consigam o seu objetivo de se poder
diferenciar desses imperadores para que possam marcar a sua diferença como o representante
na terra daquilo que é o mais impt da organização desse mundo medieval que é a vontade de
Deus e a sua autoridade.

Reforma gregoriana: Também conhecida como “Reforma Papal” ou “Revolução Papal”, a


Reforma Gregoriana foi uma série de medidas iniciadas pelo Papado no século XI para livrar a
Igreja da interferência laica dentro da Igreja, resolvendo a tensão entre Estado e Igreja, ao
mesmo tempo em que buscou moralizar o próprio clero. Essa luta entre o poder temporal e o
poder espiritual durou cerca de dois séculos, até a vitória do poder monárquico diante do
poder Papal.

Contexto Histórico: Resumo

Com efeito, esta foi uma resposta institucional tomada pela Igreja, diante das necessidades
políticas e econômicas advindas do renascimento comercial e do renascimento urbano. Não
obstante, a nobreza, com destaque para o Sacro Império Romano-Germânico, detinha uma
enorme influência sobre a Santa Sé, donde alguns nobres, reis e imperadores exerciam
autoridade sobre o clero, interferindo ativamente na nomeação de cargos eclesiásticos,
inclusive na dos prelados que exerceriam os cargos eclesiásticos mais importantes.

Nessa mesma esteira, o Império Bizantino possuía uma estrutura política que favorecia a união
entre o poder secular e o espiritual, materializados na figura do imperador, no que ficou
conhecido como “cesaropapismo”.

Assim, para afirmar a fé católica, bem como a autonomia do clero, o papa Gregório Magno I
(590-604) teria apresentado as primeiras formulações que estabeleciam a infalibilidade papal,
bem como a supremacia da Igreja Católica. Posteriormente, o papa Leão IX (1049-1054),
continua sua obra e seu sucessor, o papa Gregório VII (1073 e 1085), dá um passo decisivo ao
erigir o Dictatus Papae (1074- 1075), uma epístola que estabelecia uma série de regras e
determinações que buscavam consolidar uma teocracia papal. Por esse motivo, este
movimento foi identificado como o Reforma Gregoriana.

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De partida, isso acirra ainda mais a Querela das Investiduras (aquela luta pela afirmação do
poder papal diante do poder feudal), bem como inicia o Grande Cisma do Oriente (1054),
quando as Igrejas do Ocidente e Oriente se excomungam mutuamente. A Reforma Gregoriana
será consolidada pelos eclesiásticos da Abadia de Cluny, que irão condenar e combater as
práticas heréticas de investidura leiga, bem como as influências do paganismo bárbaro no
cristianismo.

Contudo, este processo irá perdurar por muitos anos e será resolvido mediante a realização de
quatro concílios em Latrão, um bairro de Roma - Latrão I (1123); Latrão II (1139); Latrão III
(1179) e Latrão IV (1215) -, assim como pelo Primeiro Concílio de Lião (1245).

Principais Características

Dentre as principais medidas tomadas pela Igreja Católica na Reforma Gregoriana, destacam-
se:

A infalibilidade papal em assuntos de moral e fé;

Autoridade papal para excomungar o imperador e assim depô-lo;

A exclusividade a Igreja na nomeação para cargos eclesiásticos;

O combate à simonia (venda de cargos eclesiásticos e objetos “sagrados”) e ao nicolaísmo


(concubinato dos padres católicos).

A “Ecclesia Primitivai Forma”, um conjunto de medidas para restaurar a Igreja ao cristianismo


primitivo do tempo dos Apóstolos;

Imposição do celibato (Código de Direito Canônico -1123).

Querela das investiduras:

Em fins do século Xl, o Papado procurou eliminar a interferência do poder temporal sobre a
Igreja e, ao mesmo tempo, firmar sua própria supremacia sobre os governantes cristãos. O
ponto culminante desse choque entre Estado e Igreja teve como protagonistas iniciais o papa
Gregório VII e o imperador Henrique IV do Sacro Império Romano Germânico. Tal confronto, de
enorme importância no contexto da Idade Média, ficou conhecido como Questão das
Investiduras ou Querela das Investiduras. Esta última, porém, é uma expressão inadequada,
uma vez que a palavra querela — discussão ou briga de pouca importância — não reflete a
gravidade do choque entre dois poderes que e pretendiam universais.

Na Alemanha, a autoridade imperial apoiava-se principalmente nos senhores eclesiásticos —


arcebispos, bispos e abades — já que os senhores leigos demonstravam uma forte tendência
localista. Valendo-se de sua até então inegável supremacia, os imperadores vinham investindo
os bispos alemães nas suas funções (investidura leiga), o que enfraquecia a subordinação do
alto clero ao papa e favorecia a prática da simonia e do nicolaísmo. Influenciado pelas ideias
reformistas e moralizadoras La Ordem de Cluny, o Papado procurou libertar-se de sua
submissão ao Império, retirando dos imperadores a prerrogativa de indicar o papa e de investir
os bispos alemães. Sua primeira providência bem-sucedida foi a criação do Colégio dos
Cardeais (ou Sacro Colégio), cuja função principal seria eleger o pontífice.

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regório VII, eleito em 1073, iniciou a luta contra o imperador, proibindo-o de conceder a
investidura leiga. Henrique IV persistiu naquela prática e foi excomungado — o que implicava a
ruptura automática dos laços de vassalagem que ligavam os senhores alemãos ao imperador. O
monarca implorou perdão ao papa, humilhando-se perante o pontífice em Canossa, um castelo
situado no Norte da Itália. O papa perdoou-o e Henrique regressou à Alemanha com sua
autoridade restaurada. Em seguida, o soberano germânico atacou Roma à frente de um
exército, obrigando Gregório VII a fugir, acompanhado pelos prelados (bispos) reformistas.
Aproveitando o exílio do pontífice, Henrique entronizou em Roma um bispo alemão, o qual
assumiu o trono papal com o nome de Clemente III. Mas os demais soberanos cristãos
recusaram-se a reconhecê-lo, permanecendo fiéis a Gregório VII e a seus sucessores legítimos.

No decorrer da Questão das Investiduras, tanto Henrique IV como seu filho e sucessor,
Henrique V, tentaram mais de uma vez impor em Roma papas de sua escolha. Essa situação só
teve fim com a Concordata de Worms (1122), na qual Henrique V renunciou à pretensão de
realizar a investidura leiga na Alemanha. O recuo do imperador marcou o início da supremacia
papal sobre o poder temporal — supremacia que se manteria por quase dois séculos. As
Cruzadas, que começaram a ser organizadas por essa época, dariam à autoridade do papa
projeção ainda maior.

O poder da Igreja sobre os fiéis era incontestável. Os pecadores deviam cumprir penitências, as
quais variavam de orações e jejuns até peregrinações e participação nas Cruzadas. A
excomunhão (expulsão da comunidade cristã) era a pena mais temida. Aplicava-se o interdito
(proibição de se realizarem serviços religiosos) aos domínios dos governantes que estivessem
em litígio com a Igreja.

4 concilio de latrao:

Resumo aula: Depois vimos que essa reforma se estende basicamente pelo menos até 1215
que é um marco impt pois é o 4 concilio de latrao onde se decide várias regras da vida das
populações laicas como por ex a legitimidade dos matrimónios e vários outros aspetos que
vimos na altura e por isso consideramos essa data e os anos que lhe sucede com a aplicação
dessas regras em todo o território como uma marca final dessa reforma.

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Reforma monástica de cister:

Não devemos esquecer que por um lado no sec 12 a reforma monástica de Cister, ou seja, uma
refundação da regra de são bento tens caraterísticas que a opõe á antiga ordem Cluny e o seu
ideal de pobreza e de pureza da vivencia monástica.

Ordem dos mendicantes:

Site: Ordens mendicantes são ordens religiosas formadas por frades ou freiras que vivem em
conventos. Eles centram a sua acção ou apostolado na oração, na pregação, na evangelização,
no serviço aos pobres e nas demais obras de caridade. O seu apostolado mais activo no mundo
secular implica que eles não vivam tão enclausurados como os monges, mas, mesmo assim,
eles vivem em comunidades austeras e relativamente fechadas.

Surgiram no século XIII, numa época em que aumentavam as concentrações urbanas. Este
estilo de vida respondia às necessidades de evangelização das cidades: por isso, receberam

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forte apoio dos papas. A sua principal característica reside no fato de a sua sobrevivência
depender das esmolas e dádivas dos outros. Isto porque eles renunciaram à posse de
quaisquer bens, comprometendo-se em viver radicalmente na pobreza e na humildade. Essas
esmolas são obtidas principalmente através da pregação e de outras obras referentes ao seu
apostolado.

Os exemplos mais notáveis de mendicantes foram São Francisco de Assis e São Domingos de
Gusmão, ambos fundadores de duas ordens mendicantes também muito notáveis: os
franciscanos e os dominicanos. Os agostinianos, os mercedários e os carmelitas são também
três ordens mendicantes muito importantes no seio da Igreja Católica. Essas ordens
desempenharam um papel fundamental na reforma católica e na evangelização das Américas.

Resumo: Depois no sec 13 existe uma nova reforma no clero regular, ou seja, a reforma dos
mendicantes onde surgem ordens como por ex são francisco e são domingos. Assim nesse
século ocorrem novas correntes de espiritualidade onde algumas delas foram consideradas
heréticas, ou seja, totalmente proscritas pela igreja e que deram origem a uma grande
repressão. Com isso a igreja apoiou senhores feudais, laicos na guerra contra territórios por
pensar-se que neles existia essas ideias proibidas com tolerância dos senhores feudais, aspeto
que se refere claramente ao condado de Toulouse, ou seja, a região do Languedoc francês da
Aquitânia.

Temos, portanto, uma situação negativa na igreja pois está com problemas com essas
dissidências ao nível da vivencia espiritual do cristianismo que para além do local referido
anteriormente vai aparecer tb no centro de Itália na cidade de Assis um novo movimento
liderado por são Francisco de Assis que vai a Roma pedir para ser legitimado e que seja
reconhecida a sua regra que ele próprio apresenta ao papa. O resultado dessa solicitação vai
ser positiva e lhe será concedido um estatuto inferior dentro da estrutura da igreja como frades
menores, podendo, portanto, começar a seguir os seus valores de humildade, pobreza
completamente abnegada, vivendo, portanto, a sua vida a mendicidade. Estes vão escolher
como missão a evangelização da cidade por eles considerarem ser o maior centro do pecado da
avareza, da ambição, gula, e da luxuria devido ao facto de ser o principal foco de riqueza, de
comercio, de encontro de pessoas e de vícios, levando, portanto, a que eles se voluntariem
para andar em missão nas cidades da europa a evangelizar com a palavra.

Já no coração da cruzada contra os Cátaros São domingos vai se oferecer para liderar uma
cruzada da palavra e como ele é uma pessoa que se forma num ambiente canonical dentro da
catedral de palencia não vai pedir uma regra para si, nem a autorização de uma própria. Essa
sua atitude é ainda pelo facto de ele ser reconhecido já depois de 1215 quando ocorre o 4
concilio de latrao onde a igreja decide não aceitar novas regras para além daquelas que já
existiam que são essencialmente a de são bento, santo agostinho e são bruno.Com isso São
Domingos vai liderar o movimento dos frades pregadores que se vão considerar mendicantes
no seu principal cenário de atuação que são as cidades. Vamos ver nesse período Franciscanos
e Dominicanos a se espalhar por toda a europa mt rapidamente graças ao apoio do papa. Para
além disso os segundos vão tb ter depois a jurisdição da inquisição.

Estes dois vão ser tb impts escolares, ou seja, grandes mestres das unis europeias que estão a
nascer nesta altura nos sécs 12 e 13.

Aparecimento das unis:

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Como criações eclesiásticas, isto é, que nasceram de iniciativa da Igreja Católica, as


universidades, de certo modo, originaram-se como extensões dos colégios episcopais, nos
quais os jovens estudantes aprendiam o domínio das sete artes liberais, que eram a base da
educação da Idade Média. No entanto, as universidades só começaram a destacar-se como um
sistema de educação e investigação mais complexo que os colégios episcopais por volta do
século XIII. Inclusive, data desse século a carta encíclica Parens scientiarum, do Papa Gregório
IX, que legitimou a universidade enquanto instituição eclesiástica.

Data também do século XIII o triunfo do pensamento escolástico medieval, que permeava os
estudos mais avançados das universidades em todas as suas áreas de investigação, desde o
direito canônico e a medicina até à teologia, astronomia, lógica e retórica. A organização das
universidades estava orientada pelo corpo eclesiástico. Sendo assim, seus fundamentos
intelectuais, como obras fundamentais e os eixos programáticos de estudos, bem como seus
professores, integravam a própria estrutura da Igreja. O método de estudo e discussão
escolástico, a disputatio, era o principal método empregado nos debates de estudos avançados
nas universidades medievais.

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8. Realeza e vida política nos séculos XII-XIV: a evolução do poder régio na França capetíngia
(de Luís VI a Filipe-o-Belo) e em Itália (do estabelecimento dos Normandos a Frederico II
Hohenstaufen).

Resumo:

Para este tema temo de ter atenção que na Itália existiu uma dicotomia entre norte e centro e
nos lembrar como era a relação com o imperador. E no caso fr devemos procurar não esquecer
que vimos que existiu um processo que levou a que houvesse um poder régio mt enfraquecido
apesar de no início este ter se conseguido consolidar a nível do território graças ao aumento
dos seus domínios e principalmente na estrutura administrativa e tb legal ou seja a organização
que legitima o poder destes reis capetingios.

Com isso devemos tb pensar no caso do filipe o belo e a sua relação com o papado, ligação
que foi mt estreita entre esses regentes e essa identidade como podemos ver com Luís 6, 7
durante a reforma gregoriana e depois sobretudo após Filipe Augusto que se apoia bastante na
uni de paris para que possa formar os oficiais que o vão assessorar. Essa procura de pessoas
integras para esse papeis de assessorados régios vai garantir força a esses monarcas, levando a
que cheguem ao final do séc 13 e consigam bater de frente com o papado através desse auxílio
desses funcionários mt iluminados que conhecem o direito como é o caso de Guilherme de
Nogaret.

N pus site pois não encontrei nada de especial, so pus do resumo.

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9: A Crise do Século XIV: a crise económica, a Peste Negra, a Guerra dos Cem Anos e o Cisma
do Ocidente.

Europa na Baixa Idade Média

Na Baixa Idade Média (a partir do século XI), a Europa passou por uma série de transformações
que elevou até certo ponto o modo de vida do homem. O primeiro aspecto significativo foi um
pequeno avanço no cultivo agrícola por meio de novas técnicas de arado do solo e pelo uso da

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rotatividade trienal do solo, por exemplo. Houve também um aumento das terras que eram
cultivadas por meio da drenagem de pântanos e da derrubada de florestas. Isso permitiu um
pequeno aumento na produção agrícola, o que fez recuar, sobretudo no século XIII, a fome. Um
dos principais efeitos disso foi o crescimento demográfico na Europa Ocidental, isto é, o
aumento da população.

Além disso, a Europa presenciou um certo renascimento comercial e urbano, isto é, o comércio
ganhou força e as cidades começaram a crescer e ganhar mais expressão. O renascimento
comercial permitiu o desenvolvimento de rotas e pontos de comércio na Europa e garantiu um
crescimento econômico entre os anos de 1200 e 1316. No caso do crescimento urbano,
registrou-se o surgimento de novos ofícios, uma vez que aqueles que chegavam às cidades
precisavam de meios para sobreviver. Por fim, sobretudo no caso francês, houve relativa paz,
isto é, a guerra, uma realidade tão comum durante a Alta Idade Média (séculos V ao X), tornou-
se menos frequente.

Tudo isso começou a mudar a partir do século XIV, quando um cenário de crise se instalou na
Europa Ocidental e acelerou transformações em curso na Europa. Basicamente, a crise do
século XIV apressou a decadência do feudalismo na Europa. A junção dessas crises ao longo
desse século foi chamada pelos historiadores de crise do século XIV.

Fome e revoltas sociais

Uma das primeiras tragédias que aconteceram na Europa durante esse século foi o retorno da
fome. Isso aconteceu por uma série de fatores, mas tiveram destaque as mudanças climáticas.
Os historiadores apontam que, no começo do século XIV, houve um resfriamento do clima, e o
período de 1315 a 1322 foi marcado por chuvas além do normal. Além disso, a Europa vivia
um momento em que não havia mais expansão das terras cultivadas e a produtividade do solo
era a mesma de séculos atrás. Esse fator, somado às questões climáticas, fez com que as
colheitas, principalmente no ciclo 1315-1317, fossem muito ruins. A diminuição na quantidade
de alimentos aumentou o preço da comida e fez com que muitos passassem fome.

Entre os séculos XIV e XV, registraram-se na Europa Ocidental cinco grandes ciclos de fome.
Somente em Portugal, registraram-se 21 crises de falta de alimento|1|. Já na França, um relato
de 1316 fala que as chuvas fortes e a fome que se espalhou contribuíram para debilitar as
pessoas e espalhar doenças, causando milhares de mortes. As dificuldades na produção de
comida atingiram a economia, fazendo com que muitos camponeses se mudassem para as
cidades. Por sua vez, os trabalhadores urbanos passaram a enfrentar uma redução salarial e
aumento no desemprego. O resultado desse contexto foi o aumento da miséria e,
consequentemente, o crescimento das tensões sociais.

Esse quadro permitiu que uma série de revoltas acontecesse, tanto no campo quanto nas
cidades. Nas cidades, o aumento do desemprego, a grande quantidade de pessoas miseráveis,
a falta de alimentos, os baixos salários e a intensa exploração dos artesãos motivaram revoltas
populares em diversas cidades europeias. No caso do campo, a miséria do campesinato e a
intensificação da exploração nos laços servis (como aumento nos impostos) serviram de
motivação para que camponeses realizassem revoltas contra os senhores feudais. No contexto
francês, as revoltas de camponeses foram muito frequentes e receberam o nome de jacquerie.

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Guerra

O século XIV ficou marcado também pelo aumento da violência por meio de guerras. O caso
mais notável é o da Guerra dos Cem Anos, conflito entre ingleses e franceses que se arrastou
de 1337 a 1453, totalizando 116 anos de guerra. Um fator importante é que as guerras desse
período incorporaram avanços tecnológicos e novas armas, como os canhões. O aumento da
pobreza fez com que muitos miseráveis se dedicassem à guerra como forma de sobrevivência,
passando a oferecer os seus serviços como mercenários. Segundo o historiador Jacques Le
Goff, muitos homens formavam grupos militarizados, oferecendo seus serviços para cidades e
reinos locais, enriquecendo e ganhando prestígio|2|.

Houve também locais que optaram por profissionalizar seus soldados, criando exércitos
regulares que ficavam à disposição do reino, como no caso francês. Esses soldados ficavam
disponíveis integralmente ao rei e recebiam um soldo pelos seus serviços.

Peste negra

A crise do século XIV é como os historiadores resolveram chamar a sucessão de


acontecimentos catastróficos que afetaram a Europa medieval. Entre as tragédias, constam os
grandes ciclos de fome — causados por mudanças climáticas —, as guerras, a ocorrência de
revoltas populares e a peste negra. Acredita-se que esse ciclo tenha acelerado o fim do
feudalismo.

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Europa na Baixa Idade Média

Na Baixa Idade Média (a partir do século XI), a Europa passou por uma série de transformações
que elevou até certo ponto o modo de vida do homem. O primeiro aspecto significativo foi um
pequeno avanço no cultivo agrícola por meio de novas técnicas de arado do solo e pelo uso da
rotatividade trienal do solo, por exemplo. Houve também um aumento das terras que eram
cultivadas por meio da drenagem de pântanos e da derrubada de florestas. Isso permitiu um
pequeno aumento na produção agrícola, o que fez recuar, sobretudo no século XIII, a fome. Um
dos principais efeitos disso foi o crescimento demográfico na Europa Ocidental, isto é, o
aumento da população.

Além disso, a Europa presenciou um certo renascimento comercial e urbano, isto é, o comércio
ganhou força e as cidades começaram a crescer e ganhar mais expressão. O renascimento
comercial permitiu o desenvolvimento de rotas e pontos de comércio na Europa e garantiu um
crescimento econômico entre os anos de 1200 e 1316. No caso do crescimento urbano,
registrou-se o surgimento de novos ofícios, uma vez que aqueles que chegavam às cidades
precisavam de meios para sobreviver. Por fim, sobretudo no caso francês, houve relativa paz,
isto é, a guerra, uma realidade tão comum durante a Alta Idade Média (séculos V ao X), tornou-
se menos frequente.

Tudo isso começou a mudar a partir do século XIV, quando um cenário de crise se instalou na
Europa Ocidental e acelerou transformações em curso na Europa. Basicamente, a crise do
século XIV apressou a decadência do feudalismo na Europa. A junção dessas crises ao longo
desse século foi chamada pelos historiadores de crise do século XIV.

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Fome e revoltas sociais

Uma das primeiras tragédias que aconteceram na Europa durante esse século foi o retorno da
fome. Isso aconteceu por uma série de fatores, mas tiveram destaque as mudanças climáticas.
Os historiadores apontam que, no começo do século XIV, houve um resfriamento do clima, e o
período de 1315 a 1322 foi marcado por chuvas além do normal. A crise do século XIV
intensificou as tensões sociais, que resultaram em diversas revoltas camponesas e urbanas.

Além disso, a Europa vivia um momento em que não havia mais expansão das terras cultivadas
e a produtividade do solo era a mesma de séculos atrás. Esse fator, somado às questões
climáticas, fez com que as colheitas, principalmente no ciclo 1315-1317, fossem muito ruins. A
diminuição na quantidade de alimentos aumentou o preço da comida e fez com que muitos
passassem fome. Entre os séculos XIV e XV, registraram-se na Europa Ocidental cinco grandes
ciclos de fome. Somente em Portugal, registraram-se 21 crises de falta de alimento|1|. Já na
França, um relato de 1316 fala que as chuvas fortes e a fome que se espalhou contribuíram
para debilitar as pessoas e espalhar doenças, causando milhares de mortes.

As dificuldades na produção de comida atingiram a economia, fazendo com que muitos


camponeses se mudassem para as cidades. Por sua vez, os trabalhadores urbanos passaram a
enfrentar uma redução salarial e aumento no desemprego. O resultado desse contexto foi o
aumento da miséria e, consequentemente, o crescimento das tensões sociais. Esse quadro
permitiu que uma série de revoltas acontecesse, tanto no campo quanto nas cidades. Nas
cidades, o aumento do desemprego, a grande quantidade de pessoas miseráveis, a falta de
alimentos, os baixos salários e a intensa exploração dos artesãos motivaram revoltas populares
em diversas cidades europeias.

No caso do campo, a miséria do campesinato e a intensificação da exploração nos laços servis


(como aumento nos impostos) serviram de motivação para que camponeses realizassem
revoltas contra os senhores feudais. No contexto francês, as revoltas de camponeses foram
muito frequentes e receberam o nome de jacquerie.

Guerra

As guerras recuperaram sua força no século XIV e trouxeram destruição, morte, fome e peste
para as populações na Europa . século XIV ficou marcado também pelo aumento da violência
por meio de guerras. O caso mais notável é o da Guerra dos Cem Anos, conflito entre ingleses e
franceses que se arrastou de 1337 a 1453, totalizando 116 anos de guerra. Um fator
importante é que as guerras desse período incorporaram avanços tecnológicos e novas armas,
como os canhões.

O aumento da pobreza fez com que muitos miseráveis se dedicassem à guerra como forma de
sobrevivência, passando a oferecer os seus serviços como mercenários. Segundo o historiador
Jacques Le Goff, muitos homens formavam grupos militarizados, oferecendo seus serviços para
cidades e reinos locais, enriquecendo e ganhando prestígio. Houve também locais que optaram
por profissionalizar seus soldados, criando exércitos regulares que ficavam à disposição do
reino, como no caso francês. Esses soldados ficavam disponíveis integralmente ao rei e
recebiam um soldo pelos seus serviços.

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Peste negra

Estima-se que o surto de peste bubônica, conhecido como peste negra, tenha causado a morte
de 500 milhões de pessoas. Outro fator que ampliou a situação caótica que a Europa
experimentou nesse século foi a peste negra, uma pandemia de peste bubônica que levou caos
e morte para quase todo o continente. Essa doença é transmitida para os seres humanos por
meio de ratos contaminados com uma bactéria.

A doença foi trazida para a Europa por embarcações genovesas que fugiam de Caffa, por conta
de um cerco realizado por tropas tártaras contra essa cidade. A doença se espalhou pela cidade
quando as tropas tártaras decidiram jogar cadáveres contaminados para dentro de Caffa.
Acredita-se que esse surto de peste bubônica tenha se iniciado em algum local da Ásia Central.

A doença chegou à Europa em 1347 e, no ano seguinte, já tinha se espalhado para todo o
continente. A difusão dessa doença foi intensificada pelo fato de que, quando ela afeta
humanos, pode ser transmitida pela via respiratória, tornando-se altamente contagiosa. Assim,
milhões de pessoas contraíram a doença e, em questão de dias, faleciam. A peste negra
intensificou a desordem na Europa, pois destruiu governos, ampliou a fome, intensificou a
violência e matou milhões. A medicina da época não tinha respostas sobre como combater a
doença, mas logo se percebeu que o isolamento dos doentes era uma forma eficaz de evitar
que a enfermidade se espalhasse.

Novos estudos apontam que a peste negra pode ter sido responsável pela morte de até 50
milhões de pessoas e que a Europa antes da doença possuía cerca de 80 milhões de habitantes.
Os estudos antigos apontavam que 1/3 da população havia morrido, mas os novos estudos
apontam estimativas que falam que de ½ a 2/3 da população europeia tenha morrido.

Consequências

Todos esses acontecimentos tornaram o século XIV um período de intensas transformações na


Europa. Os laços feudais se enfraqueceram e, consequentemente, as relações sociais se
transformaram. A economia ganhou novas dinâmicas, enquanto na política o poder real
começou a se fortalecer e a se centralizar. A crise do século XIV marcou o fim do feudalismo,
permitindo que o mercantilismo e o absolutismo começassem a se estabelecer. Por fim, novas
classes começaram a surgir, com destaque para a burguesia.

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Grande cisma do ocidente:

A Grande Cisma do Ocidente representa uma crise na religião católica que ocorreu entre os
anos de 1378 e 1417. Também chamada de Cisma Papal ou Grande Cisma, esse período foi
inicialmente marcado pela morte do Papa Gregório XI, em 1378, o que resultou na presença de
três autoridades papais, terminado com o “Concílio de Constança”, realizado entre 1414 e
1418. Todos eles reivindicavam a legitimidade do poder sobre o mundo cristão ocidental.

Resumo

Durante 1305 e 1376 a sede do papado esteve instalado na cidade de Avignon, no sul da
França, ou seja, esteve sob o domínio francês, o qual fora transferido por Clemente V. Esse
período, que ficou conhecido por “Cativeiro de Avignon” é marcado pela maioria de Papas e
Cardeais franceses. Já existia divergências entre os interesses do Papa Bonifácio VIII, que
almejava uma teocracia pontifícia e o rei da França Felipe IV, o Belo. No entanto, com a morte

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do Papa Gregório XI, em março de 1378, que tentava restabelecer a autoridade papal ao
retornar para Roma em 1377, os italianos almejavam a eleição de um Papa italiano.

De tal maneira, foi escolhido o napolitano Bartolommeo Prignano, arcebispo de Bari, que ficou
conhecido como Urbano VI, com aceitação de outros países europeus como a Hungria,
Noruega, Suécia, Irlanda, Flandres, Dinamarca, Inglaterra, dentre outros. Urbano VI esteve na
posição de Papa de 1378 a 1389, e se recusou a ficar instalado em Avignon, o que deixou
insatisfeita grande parte da população francesa católica que considerava ilegítima a escolha.
Após Urbano VI, foram eleitos em Roma, os papas Bonifácio IX (1389-1404), Inocêncio VII
(1404-1406) e Gregório XII (1406-1415).

Diante disso, em clima de contendas, foi eleito em Avignon, o Cardeal Roberto de Genebra ou
Papa Clemente VII, chamado de Antipapa, que permaneceu de 1378 a 1394, sendo seu
sucessor Bento XIII. Os países europeus que legitimaram a atuação da sede de Avignon, além
da França, foram: Escócia, Chipre, Borgonha, Saboia e os reinos espanhóis de Aragão Castela e
Leão. Mais tarde, na cidade italiana de Pisa foi escolhido outro Antipapa no "Concílio de Pisa",
o Alexandre V, que permaneceu somente um ano, de 1409 a 1410. Seu sucessor foi o Antipapa
João XXIII (1410-1417).

O que ocorreu foi a excomunhão dos Papas entre eles, legitimando a presença dos três como
autoridades papais cerca de 3 décadas na Europa, até que Gregório XII de Roma e Bento XIII,
de Avignon decidiram por fim a Cisma, restabelecida pelo "Concílio Ecumênico de Constança",
o qual elegeu Odo Colonna, chamado de Papa Martinho V, que trouxe de volta a Unidade da
Igreja Católica.

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