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Economia do Império Romano

Economia do Império Romano, conceitualmente, abrange o período que transcorre entre o


reinado de Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.) e 476, ano da dissolução do Império Romano do
Ocidente. Estudos mais recentes conduziram a uma reavaliação positivo da dimensão e
sofisticação da economia romana. (Giordani, 2001).

Moses Finley foi o principal proponente da perspetiva primitivista segunda a qual a economia
romana era "subdesenvolvida e ineficiente", caraterizada por agricultura de subsistência,
centros urbanos que consumiam mais do que produziam em termos de comércio e indústria,
artesãos de baixo estatuto social, desenvolvimento tecnológico lento e uma "falta de
racionalidade económica".

As perspetivas atuais são mais complexas. As conquistas territoriais possibilitaram uma


reorganização em larga escala do uso da terra, que resultou em excedentes agrícolas e
especialização, particularmente no Norte de África. Algumas cidades eram conhecidas por
certas indústrias ou atividades comerciais e a escala das edificações nas áreas urbanas denota
uma indústria de construção significativa.

Métodos contabilísticos complexos que foram preservados em papiros sugerem elementos de


racionalismo económico numa economia muito monetizada.

Queda do Império Romano do Ocidente

O processo que levou à queda o Império Romano do Ocidente foi longo e complexo. Para
compreender este acontecimento é preciso compreender o contexto de ameaças de invasões e
crises pelo qual passava o Império. (Gibbon, 2005).

Crise do Terceiro Século

Após um longo período de estabilidade, conhecido como o período da Pax Romana, no qual o
Império se expandiu ao máximo, chegando ao seu maior tamanho territorial, houve uma
intensa crise, ocorrida justamente pela dificuldade em manter um império tão vasto em
segurança e estabilidade. O envio de tropas às diferentes regiões custava caro e necessitava de
infraestrutura. Com a crise do terceiro século defender o território que sofria constantes
ameaças de invasão tornava-se difícil e dispendioso. O envio de soldados às regiões distantes
de Roma tornava-se mais difícil e assim, a conquista de novos escravos também não ocorria.
Neste cenário foram surgindo diversos problemas a serem enfrentados directamente.

Suas fronteiras eram constantemente ameaçadas por povos bárbaros – aqueles que não
falavam nem o grego nem o latim – e foi preciso uma forte mobilização, de pessoal, mas
também financeira – para lutar contra os invasores. Para dar conta dessas demandas o Império
passou a cobrar cada vez mais impostos, especialmente nas cidades, tornando a vida no
espaço urbano difícil e onerosa, e causando assim um movimento migratório de diversas
famílias para o interior das províncias. Ainda assim, as famílias mais pobres sofreram com a
crise financeira. Trabalhando em sistemas de colonato, onde deveriam devolver parte do que
produziam para o proprietário da terra em forma de pagamento, e não podendo adquirir bens
em seu nome, a mobilidade social era praticamente impossível. Com as péssimas condições
de vida no interior, esses colonos também se rebelaram contra o império, promovendo
rebeliões que precisavam ser contidas, gerando mais gastos para o Império, que repreendia os
movimentos com rigor. (Gibbon, 2005).

Dominato e a Tetrarquia de Diocleciano

Durante o terceiro século o Império Romano viu a crise fugir de seu controle. Foram muitas
as tentativas de manter o império vivo. Dentre as principais medidas destacam-se as propostas
de Diocleciano. Para melhor controle do vasto território o Imperador propôs uma divisão do
império. Ele seria dividido em quatro partes, cabendo a cada uma delas o seu próprio
imperador. Era uma tetrarquia, estabelecida com vistas a restabelecer a ordem e retomar o
controle do território romano. Na tetrarquia o regime de governo ficou conhecido como
dominato, um regime monárquico, despótico e militarizado. A construção da imagem do
imperador passou a ser uma questão central para o Império: ele deveria passar a mensagem de
força e união e, para isso, passou a carregar símbolos visíveis da sua condição de imperador:
coroas, mantos e tudo o que pudesse destacar sua imagem. No entanto o novo modelo de
governo proposto por Diocleciano não atingiu os resultados esperados, pois os imperadores de
cada uma das regiões entraram em disputas entre si, com vistas ao poder central. O envio de
funcionários da administração, do Imperador e a construção de moradias nas cidades sedes de
cada um dos imperadores também custou caro aos cofres, não resolvendo, portanto, o
problema da crise conforme se pretendia. Diocleciano deixou de ser imperador em 305,
quando abdicou de seu cargo. (Gibbon, 2005).

Invasões de povos bárbaros

As ameaças de povos bárbaros eram muito comuns à época. É preciso lembrar que os
territórios do mundo antigo foram disputados por diversos povos. Além disso, grupos não
romanos tinham interesse não só em tomar o poder dos romanos, mas também nas suas terras,
que eram férteis e nelas se podia produzir muita coisa. Assim, suas fronteiras encontravam-se
em constante ameaça, especialmente por parte dos povos germânicos, tais como os francos, os
visigodos, os vândalos e os anglo-saxões. As guerras contra os povos bárbaros também
mexiam com as finanças do Império, afinal, custavam caro aos cofres públicos, que gastava
com o envio do exército e com obras estruturais. Para dar conta de tantas demandas mais uma
vez o Império tratou de aumentar a arrecadação de impostos, fazendo com que a população
sofresse diariamente com as invasões bárbaras. Mas, não somente as terras causavam
preocupações ao Império. A difusão de novas culturas a partir das invasões bárbaras era uma
das maiores preocupações do Império Romano, pois, afinal de contas, pretendia-se único, sem
dissonâncias. Com vistas a resolver o problema foi proposto, inicialmente, um acordo com
alguns povos bárbaros: enquanto eles se instalavam nas terras do Império com a sua
autorização, deveriam fornecer a defesa das fronteiras. Assim, os gastos do Império Romano
diminuiriam sensivelmente. (Gibbon, 2005).

Embora a proposta tenha sido aceita, os povos bárbaros continuavam a representar ameaça
aos romanos. Isso porque, já instalados nas terras do império, passaram a planejar tomar o
poder, cada um em sua região. Essa era uma nova forma de ameaça, que, somada à crise
econômica, modificou o contexto do Império Romano. Inúmeras foram as invasões bárbaras
nessa época e cabe destacar as mais contundentes: os vândalos ocuparam a região norte da
África; os visigodos a Península Ibérica; os francos tomaram parte da Gália e os anglo-saxões
tomaram a Bretanha. Essa tomada de poder por parte dos povos bárbaros enfraqueceu mais
ainda o Império Romano. (Gibbon, 2005).

Divisão do Império Romano

Ao final do século IV Teodósio, em 395, propôs a divisão do Império Romano em duas


partes: o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente. O primeiro tinha sede
em Ravena, que depois seria transferida para Milão, e o segundo tinha sede no Bizâncio.

Durante as invasões bárbaras o que mais ocasionou desestabilização foram os saques a Roma.
Roma já havia sido saqueada em outras ocasiões e, em sua história, seria saqueada novamente
tempos mais tarde. No entanto, três saques marcaram esse período de declínio do Império
Romano. O primeiro deles foi feito pelos visigodos, em 410 d.C., acontecimento que marca o
início do processo de queda e desintegração do Império Romano. O segundo foi efetivado
pelos vândalos, e ocorrido no ano de 455. As fontes do período indicam que este foi o mais
violento dos saques. Mas, foi o terceiro, efectuado pelos hérulos, em 476, que foi o golpe
definitivo que pôs fim ao Império Romano do Ocidente. Foram os hérulos que invadiram,
saquearam e derrubaram Rômulo Augusto, o último Imperador Romano com aquela
formulação. Enquanto o Império do Ocidente caiu, o Império Romano no Oriente manteve-se
fortalecido, durando até o ano de 1453. (Gibbon, 2005).

Fim da Antiguidade e início da Idade Média

O ano de 476 é o marco do fim do que conhecemos como Idade Antiga, dando início ao
período que costumamos chamar de Medieval, que será marcado pela formação do Império
Bizantino e pela propagação do cristianismo. Embora esses marcos estejam presentes na
historiografia até os nossos dias é preciso destacar que esse modelo que estabelecer uma linha
do tempo sucessória de acontecimentos é baseado na experiência europeia e na sua
historiografia. Portanto, ao falar de outras sociedades, localizadas e baseadas em diferentes
partes do globo, é difícil manter os mesmos referenciais. Ainda assim, de acordo com a
historiografia, pode-se entender o ano de 476 como um ano chave para a compreensão da
queda do Império Romano do Ocidente e para o fim da Antiguidade. (Gibbon, 2005).

Assim, a queda do Império Romano do Ocidente foi um processo complexo e longo de


declínio do Império Romano, e não aconteceu da noite para o dia, repentinamente. Ocorreu
devido a diversos factores, quando não foi mais possível manter um Império unificado,
perdendo forças e território. (Gibbon, 2005).

Legado da Civilização Romana

Durante todo o período em que existiu o Império Romano foi responsável por fomentar
práticas próprias que se espalharam pelo mundo e que fazem com que seja lembrado até os
dias de hoje, e permanência de sua cultura e sociedade se fazem presentes até hoje em
diversas sociedades do mundo ocidental. Cabe aqui destacar o latim, como língua que
originou diversas outras neolatinas, como o francês, o português e o espanhol; o direito
romano, que é a principal base do nosso direito brasileiro; a arquitectura romana até hoje
presente em forma de ruínas que atraem turistas de todo o mundo; os valores do exército
romano, como a disciplina e a estratégia, também bastante difundidos entre exércitos de
diversas sociedades; e o cristianismo, o maior e mais evidente legado do Império Romano.
(Funari, 2002).

Língua

O Latim era considerado a língua oficial do Império Romano e servia de base para diferenciar
os cidadãos romanos dos povos bárbaros. Ele foi o responsável por unificar o Império e
promover uma identidade entre seus cidadãos. Com o processo expansionista do Império, os
dialetos locais dos povos conquistados foram se misturando ao latim, fazendo surgir novas
línguas, as chamadas línguas neolatinas, como o francês, o português e o espanhol.

Artes

No campo das artes podemos destacar a arquitetura romana, que possui exemplares até os dias
atuais em ruínas, que são diariamente visitadas por turistas de todas as partes do mundo. Neste
ponto se destaca o Coliseu, um anfiteatro que servia tanto para apresentações teatrais como
para os jogos gladiadores, possibilitando que todos tivessem visão ampla do que ocorria no
centro. (Funari, 2002).

Exército: disciplina e estratégia

O Império Romano também deixou um importante legado para formações de exércitos. Como
se sabe o exército romano foi uma das principais características que possibilitou o seu
desenvolvimento e a sua expansão. O exército romano era formado com base em dois
princípios: a disciplina e a estratégia, que até hoje são valores basilares na formação de
exércitos de diversas nações pelo mundo.

Direito romano

O direito romano também se difundiu pelo mundo ocidental e foi uma importante base para o
desenvolvimento do direito moderno em diversas sociedades. Surgido da necessidade de
mediar as relações entre os diferentes grupos sociais, o direito romano iniciou-se a partir da
Lei das Doze Tábuas em 450 a.C. e foi se desenvolvendo desde então. Porém, é o Corpo de
Direito Civil, ou Corpus Juris Civilis, uma obra jurídica desenvolvida durante o governo de
Justiniano I no Império Bizantino (o Império Romano do Oriente), que serviu de base para o
direito civil moderno. (Funari, 2002).

Religião: cristianismo

Por fim cabe destacar que o principal legado deixado pelos romanos foi o cristianismo, uma
religião nascida no Império Romano, que tinha nas suas bases a tradição judaica que pregava
a crença na chegada de um messias à Terra, aquele que seria responsável por salvar os
pecadores. Com base nisto surgiu uma nova religião que, inicialmente foi perseguida e
combatida, mas que aos poucos passou a ganhar seguidores fiéis, como acontece até o nosso
presente. Foi o desenvolvimento do cristianismo romano que instituiu a crença em um novo
messias, Jesus Cristo, nascido há aproximadamente dois mil anos atrás, advindo da Judéia –
actual Palestina. Os Evangelhos do Novo Testamento foram escritos por seus seguidores, os
apóstolos, e compõem a Bíblia Sagrada cristã, até hoje o livro mais vendido no mundo.

Muitos foram os aspectos culturais e sociais desenvolvidos no Império Romano que chegaram
até o nosso presente, através de permanências de sua cultura. Isso não significa que as práticas
antigas não tenham sofrido alterações, mas indicam a potência do Império Romano. (Funari,
2002).
Conclusão

O processo que levou à queda do Império Romano do Ocidente iniciou-se com a crise do
terceiro século e as sucessivas tentativas de manter um império tão vasto, com a maior
extensão de terras do mundo antigo, de forma unificada, estável e coesa. As propostas que se
seguiram por parte de seus Imperadores não resolveram as crises, e o Império precisou lidar
com diversas outras questões, sendo as mais contundentes as invasões bárbaras e os saques a
Roma, que levaram, por fim, à desintegração do Império Romano do Ocidente.

Durante todo o período em que existiu o Império Romano foi responsável por fomentar
práticas próprias que se espalharam pelo mundo e que fazem com que seja lembrado até os
dias de hoje, e permanência de sua cultura e sociedade se fazem presentes até hoje em
diversas sociedades do mundo ocidental. Podemos destacar o latim, como língua que originou
diversas outras neolatinas, como o francês, o português e o espanhol; o direito romano, que é
a principal base do nosso direito brasileiro; a arquitectura romana até hoje presente em forma
de ruínas que atraem turistas de todo o mundo; os valores do exército romano, como a
disciplina e a estratégia, também bastante difundidos entre exércitos de diversas sociedades; e
o cristianismo, o maior e mais evidente legado do Império Romano.
Referências bibliográficas

Funari, Pedro Paulo. (2002). Grécia e Roma. São Paulo: Contexto.

, Edward. (Gibbon, 2005). Declínio e Queda do Império Romano. São Paulo: Companhia das
Letras.

Giordani, Mario Curtis. (2001). História de Roma: A antiguidade Clássica II. Petrópolis, Ed.
Vozes.

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