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O autor Carlos Augusto Ribeiro Machado inicia seu artigo expondo a “queda do
império romano” como um conceito e acontecimento divisor de águas na historiografia
moderna. Houve, pelos antigos, consenso de que no ano de 476 d.C. Roma caiu e a
escuridão ascendeu ao mundo. Mudaram as motivações e a “escuridão” tomou várias
versões e justificativas, sendo, na primeira metade do século XX idealizada como ponto
de surgimento das nações europeias. Entretanto, foi apenas na década de 60 que, pós
esforços de Arnaldo Momigliano, a queda romana perde parte de sua importância entre
os acadêmicos, passando a ser apenas uma mera data de divisão histórica.
“Momigliano assistiria à implosão desse consenso, à negação dessa verdade histórica e à redução desse
fato, até então de proporções épicas, a uma mera data nas cronologias que normalmente fecham os livros
sobre esse período - isso quando o próprio fato não era negado.” (MACHADO, 2015)
A grau de importância, o estudioso cita ainda a obra The later Roman Empire,
do historiador A.H.M Jones, que dentre muitas coisas, revolucionou os estudos acerca
do citado império, por nela (obra) conter uma vasta gama de referências econômicas,
políticas e militares. O próprio Brown o enaltece como "uma usina siderúrgica em uma
região que havia sido, até há pouco, entregue a indústrias leves".
Machado traz à tona uma pergunta que norteia seu e demais estudos: Quando
encerrou a idade antiga? E mais ainda, seria a antiguidade tardia um período histórico
específico? Para responder a essas perguntas, o historiador cita uma série de outros
colegas, cada qual com sua visão. Nos manuais de história (Cambridge Ancient history
e Cambridge Medieval history), teria acabado com Constantino, o Grande. Andrea
Carandini acredita ter acabado no século II d.C., ressaltando ainda que “a Europa
medieval não nascera da ‘raiz viva do Império, mas do seu parque arqueológico’”.
Klavs Randsborg sugere um tempo mais longínquo, afirmando que as mudanças
materiais apenas tornaram-se drásticas pós séc.XI (ano 1000).
“Nem mesmo o mais empedernido historiador da política insistiria hoje na deposição do último
imperador do Ocidente, o jovem Rômulo, em 476, como um limite cronológico adequado - foi uma
"queda sem ruído", como observou Momigliano.” (MACHADO, 2015)
A ideia de crise é rejeitada por esses e demais autores que defendem essa
divisão. A posição de que uma crise no ocidente romano seria motivo o suficiente para
dividir dois períodos históricos parece absurda à tais olhos.
Norberto Guarinello disserta sobre uma “forma” de se
estudar a idade antiga e a Antiguidade tardia, e que tal
forma é amplamente usada por quase todos os novos
estudiosos. A crítica se baseia na tomada do
mediterrâneo entre os séc. VIII a.C. e V d.C. como uma
referência absoluta. Sendo assim, Norberto afirma que a
antiguidade clássica muitas vezes é vista como única antiguidade, botando em
questionamento se outros povos como os nativos-americanos, germânicos e leste-
asiáticos também poderiam ter tido sua própria idade antiga e, consequentemente,
Antiguidade tardia.