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PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHEK, Nº


3530

Trabalho desenvolvido para Colação de Grau I/II

Flávio Queiroz e Oliveira


Nº do CIM - 294943
Título do Trabalho: TOLERÂNCIA NA MAÇONARIA

ORIENTE DE BRASÍLIA – DF – NOVEMBRO DE 2016


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SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................... 3

2. Definição de tolerância............................................................................ 4

3. Abrangência e limites da tolerância na maçonaria .................................. 7

4. Conclusão ............................................................................................... 9

5. Referências bibliográficas ....................................................................... 10


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INTRODUÇÃO

O artigo 1º, parágrafo único, inciso III da Constituição do GOB, estipula que:

Art. 1º A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica,


progressista e evolucionista, cujos fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Parágrafo único. Além de buscar atingir esses fins, a Maçonaria:
I – proclama a prevalência do espírito sobre a matéria;
II – pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do
cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação
constante da verdade;
III - proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o
princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a
dignidade de cada um; (sem grifos no original)

Por sua vez, o artigo 29, inciso VIII, da Constituição do GOB, determina que
são deveres dos maçons, “haver-se sempre com probidade, praticando o bem, a
tolerância e a solidariedade humana” (grifamos).

Ainda, ao iniciar a primeira prédica, o Venerável Mestre falará ao(s) profano(s):

VEN.’. – Pergunto-vos agora se, porventura, aqui, no seio desta Loja, cujos membros não
conheceis, encontrásseis um ou mais desafetos vossos, exerceríeis contra eles vossas
prevenções ou, ao contrário, manteríeis para com eles tolerância e respeito, como eles para
convosco mantiveram, aceitando-vos para, juntos, participarem desta grande Obra de Justiça
a que todos nos dedicamos?1

Mas o que significa essa tolerância? Qual a sua abrangência? Quais são os
seus limites? Como diferenciar a tolerância da indulgência, da conivência?

1
Ritual: Rito Brasileiro / Grande Oriente do Brasil, São Paulo, 2009, pág. 206
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DEFINIÇÃO DE TOLERÂNCIA

A palavra tolerância deriva do latim, tolerare, e significa, simplificadamente,


sustentar, suportar, ser flexível, sendo, pois, o limite de aceitação do modo de
pensar, agir e sentir, tanto com relação a um indivíduo quanto à grupos
determinados.

A corroborar com o exposto, insta observar que os dicionários trazem a


definição de tolerância como sendo “Tendência a admitir modos de pensar, de agir e
de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou
religiosos”.

Em uma visão mais ampla, temos que o conceito de tolerância é aplicado de


diversas formas, a título de exemplo, podemos citar: tolerância social, intimamente
ligada aos valores sociais ou de normas; tolerância civil, relacionada a aplicação da
legislação e eventuais impunidades; tolerância segundo Locke, “parar de combater o
que não se pode mudar”; tolerância religiosa, atitude respeitosa diante das
diferentes manifestações de fé. Sendo que, em todas essas definições, a base é a
mesma, ou seja, atitude respeitosa diante de uma posição diversa de nossos valores
morais, convicções, religião.

Assim, tem-se que a tolerância é uma virtude que viabiliza e possibilita a


convivência de forma civilizada, posto que, no caso de insuficiência da tolerância,
ter-se-ia o fanatismo (pessoal), fundamentalismo (religioso), totalitarismo (Estado ou
Governo).

Outrossim, tem-se que para a maçonaria e, por conseguinte, para o maçom, a


pratica da tolerância é um dever, vez que está intimamente ligada a um dos
principais fins da Arte Real, qual seja a Fraternidade Universal, que por sua vez,
significa laço que une os homens, firmado no respeito e na igualdade.
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A corroborar com o exposto, rememoramos a iniciação do neófito, que já na


primeira prédica, deverá informar se será tolerante a eventual desafeto que encontre
na Loja, em que está ingressando.

Lado outro, o mesmo se aplica ao irmão que, mesmo tendo um desafeto como
neófito aceita o seu ingresso para, juntos, participarem da Ordem Maçônica.

Por derradeiro, insta observar que alguns textos trazem a afirmação de que “a
Maçonaria não impõe nenhum limite à livre investigação da Verdade e é para
garantir a todos essa liberdade que ela exige de todos a maior tolerância”.

Todavia, ao nosso sentir, tal interpretação é diminutiva, pois limita os efeitos da


tolerância apenas à livre investigação, sendo que, hodiernamente, não há mais
limites ou necessidade de se exigir maior tolerância visando a busca da verdade,
mormente o fato de que o conhecimento está à disposição de todos que o
buscarem.

Portanto, parafraseando o Ir.’. Sérgio Malta que afirma que o maçom é um


fecho de luz que será buscado, como um oriente, haja vista que o maçom é o
detentor da verdadeira luz e, por conseguinte, deverá ser para a sociedade e para o
profano um alicerce. Pode-se concluir que para o maçom a tolerância é uma base de
partida que nos ensina a ouvir o próximo e, a partir desse simples ato, contornar as
situações mais adversas.

Na mesma esteira de raciocínio, trazemos à baila o seguinte fragmento, in


verbis:

Ouvir o outro é o primeiro exercício prático da Tolerância, da verdadeira Tolerância. Porque


esta não é o ato de, condizentemente, admitir que o outro tenha uma posição diferente da
nossa e permitirmos-lhe, “generosamente”, que a tenha. A verdadeira Tolerância não é um
ponto de chegada – é uma base de partida. A verdadeira Tolerância resulta do pressuposto
filosófico de que ninguém está imune ao erro. Nem nós – por maioria de razão. Portanto,
tolerar a opinião do outro, a exposição do seu interesse, porventura conflitais com a nossa
opinião e o nosso interesse, não é um ato de generosidade, de condescende superioridade. É
a consequência da nossa consciência da Igualdade fundamental entre nós e o outro. Que
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implica o inevitável corolário de que, sendo diferentes as opiniões, se alguém está errado, tanto
pode ser o outro como podemos ser nós. A Tolerância não é um ponto de chegada – é uma
base de partida. Não é demais repeti-lo.2

2
http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2010/03
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ABRANGÊNCIA E LIMITES DA TOLERÂNCIA NA MAÇONARIA

Tendo por base a definição de tolerância, faz-se necessário analisar a


tolerância na maçonaria, pois, como exposto alhures a tolerância é um dever de todo
o maçom.

E sendo um dever de todo maçom, poder-se-ia concluir que devemos ser


tolerantes a todos os atos praticados por nossos irmãos, entretanto, a tolerância
desmedida importa em indulgência, conivência, que, por sua vez, podem acarretar
em cumplicidade para com a falta ou infração de outrem.

Ora, se cabe ao maçom vencer suas paixões e cavar masmorras ao vício,


como poderia um maçom buscar suas paixões ou ser tolerante a um vício? Ainda,
como poderia o maçom ser conivente com um crime, com um irmão que trai seus
laços familiares, que fere os princípios basilares da maçonaria ou pior, poderia a
maçonaria ser tolerante ao fanatismo, ao totalitarismo, ao fundamentalismo?

A resposta é simples, não pode a maçonaria ser conivente com tais situações
e, por conseguinte, também não cabe aos maçons o serem.

Sendo assim, qual é o limite da tolerância maçônica?

Fato é, que não é possível mensurar o limite da tolerância, sendo que a cada
caso, os irmãos deverão ser conclamados a analisar os prós e contras de serem
tolerantes com os atos ou erros de um irmão ou de vários irmãos.

De sorte que, caberá ao Venerável Mestre ou ao Grão-Mestre, a depender da


situação posta em análise, “coordenar”, “determinar”, “flexibilizar”, “delimitar” a
tolerância, sendo, por óbvio, que estes estarão sempre adstritos aos ditames legais
do GOB e do GODF.
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Entretanto, tem-se que o maçom busca, ou ao menos deveria buscar, a cada


dia lapidar e corrigir seus erros, suas falhas, sendo que no caso de êxito do irmão a
tolerância passa a ser intrinsicamente ligada ao seu dia a dia e, assim, o maçom
torna-se um semeador de tolerância no meio em que vive, senão na própria
sociedade como um todo, haja vista que:

A tolerância – planta da família das virtudes, cujo cultivo é muito acentuado e próprio da Grande Nação Maçônica,
sendo uma das principais culturas que garantem a preservação existencial da instituição através dos tempos.
É uma ‘planta perene’, mas nos dias atuais, infelizmente, de ‘pequeno porte’, porém em alguns casos, chega a atingir
‘dimensões de árvores gigantescas’, sendo que suas ‘flores’ têm o formato de ‘coração’ em tons muito suaves, nas
cores ‘azul celeste e branco neve’, que embelezam qualquer ambiente onde estiverem expostas.
Seus ‘frutos com sabor de mel e aroma de rosas’, apresentam uma leveza impressionante para os que os saboreiam,
sendo muito apreciados pelos degustadores em qualquer parte do Planeta, bem como são utilizados também como
‘medicamento fundamental’ contra as doenças provocadas pela “Ira, Vingança, Ganância, Vaidade, Incompreensão, e
outros males muito comuns na atualidade.3

Lado outro, não havendo o trabalho do maço e cinzel, na busca do desbastar a


pedra bruta interior, o “primo” semeará a falsa tolerância, eis que suas atitudes o
trairão e, por conseguinte, maculará não apenas a própria imagem, como também
da Sublime Ordem.

Dessa forma, por mais que ao ingressar na Ordem, o neófito proclame que
manterá a tolerância e o respeito, inclusive, no caso de eventual se deparar com
algum desafeto, impreterivelmente, compete a todos os irmãos manterem-se sempre
em alerta, pois, em que pese a Arte Real ser pura em sua essência, a mesma é
formada por homens, falhos por natureza.

Logo, a tolerância maçônica limita-se, não apenas pela moral, ética, virtude,
mas, principalmente, com o avançar individual, do maçom, ao lapidar a pedra bruta
interior.

3
D’Elia Junior, Raymyndo. Maçonaria: 100 instruções de aprendiz; São Paulo: Madras, 2015, pág.299.
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CONCLUSÃO

Por todo o quanto exposto, tem-se que a tolerância não deveria ser apenas um
dever dos maçons, mas de toda a sociedade, eis que perdida em devaneios e
falácias impostas por grande parte dos governos.

Lado outro, indene de dúvidas que a tolerância deve ser sempre aplicada com
parcimônia, pois a intemperança em sua condução poderá significar complacência,
indulgência, com os erros cometidos, sendo que esses podem acarretar terríveis
consequências.

Assim, poder-se-ia concluir que a tolerância acaba por ser uma das mais
complexas virtudes maçônicas, pois a sua correta aplicação, inquestionavelmente,
evita conflitos, além de ter o condão de amenizar os erros cometidos por todos.

Razão pela qual, a sua aplicação mostra-se, indubitavelmente, de difícil trato.

Logo, ao lapidarmos a nossa pedra interior devemos dar especial atenção à


tolerância. Porém, insta observar que tal lapidação é de difícil trato, mormente no
mundo atual, em que somos cada vez mais cobrados, mais pressionados, mais
exigidos.

Por sorte, dispomos de nossos irmãos e padrinhos a nos ajudarem e guiarem


nessa lapidação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.masonic-lodge-of-education.com/47th-problem-ofeuclid.html

Ritual: Rito Brasileiro / Grande Oriente do Brasil, São Paulo, 2009, pág. 206.

D’Elia Junior, Raymyndo. Maçonaria: 100 instruções de aprendiz; São Paulo:


Madras, 2015, pág.299.

http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2010/03

https://www.significados.com.br/tolerancia/

http://freemasonry-salmo133.blogspot.com.br/2014/08/tolerancia-maconica.html

Constituição do GOB, vade-mécum Maçônico.

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