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Os Três Princípios Fundamentais

da Livre-Maçonaria
Ir:. Pedro R. Trautmann - M:.I:.
Capão da Canoa - RS - Brasil - Outubro de 2023

A Livre-Maçonaria - que não pode ser confundida com o simples ofício de pe-
dreiro, nem com a arte milenar da construção -, é uma fraternidade centenária que
tem suas raízes na Escócia, por volta do ano 1140, nas organizações profissionais da
construção civil e comércio de lapidação de pedras. Após o dia 24 de junho de 1717,
com a fundação da Grande Loja de Londres que somente 97 anos depois - em 27 de
dezembro de 1813 -, se transformou na Grande Loja Unida da Inglaterra, a Livre-Ma-
çonaria se organizou, evoluiu e se estabeleceu definitivamente em forma de institui-
ção, com um sistema obediencial e com uma hierarquia interna que se repete em pra-
ticamente todas as organizações maçônicas do mundo livre.
Baseada na liberdade de associação, no respeito à territorialidade e na convic-
ção de que as relações interpessoais - e entre as instituições - são o caminho mais efi-
ciente para a paz e a concórdia, foram estabelecidos, gradativamente, parâmetros es-
senciais para criação de uma identidade que permitisse o mútuo reconhecimento e
que fosse capaz de promover e garantir a boa convivência. É o que costumamos cha-
mar de “regularidade”.

Porém, não existe um poder central único,


superior e internacional, que emite
ordens, orientações e leis.
Cada país ou território tem a suas próprias organizações - chamadas de Potênci-
as Maçônicas - que podem ser denominadas como “Grande Loja” ou “Grande Orien-
te” e cada um deles está impedido, com raras exceções, de fundar ou manter organiza-
ções onde uma outra potência tem a sua territorialidade reconhecida.
Por tradição, as solicitações de “reconhecimento e regularidade” são feitas sem-
pre pelas potências mais jovens, para as potências mais antigas. Uma potência com
maior número de tratados de reconhecimento garante a seus membros a possibilidade
de intervisitação em Lojas e de ser reconhecido como “legítimo irmão” pelos mem-
bros de potências amigas, em qualquer situação, inclusive no exterior. Desta tradição
se origina, também, a informação de que as potências do mundo todo buscam o reco-
nhecimento da Grande Loja Unida da Inglaterra. Não significa, portanto, que a Gran-
de Loja Unida da Inglaterra seja a potência mais importante ou o Poder Central da Li-
vre-Maçonaria mundial. Ela é “apenas” - e indiscutivelmente -, a mais antiga organi-
zação maçônica, nos moldes adotados e reconhecidos pela maioria das potências do
mundo livre e, consequentemente, a mais observada, vigiada, copiada e contestada.
O sistema de organização interna de cada potência é determinado pelos seus
fundadores e geralmente mantido por tradição, podendo ser alterado por desejo de se-
us membros, mediante cumprimento de requisitos previstos nos seus regimentos in-
ternos e estatutos. Os dois modelos mais comuns de governança simulam a organiza-
ção de um Estado imaginário: Republicano (com Executivo, Legislativo e Judiciário)
ou Monarquia Parlamentarista Constitucional, com um Chefe de Estado, Primeiro
Ministro e Assembléias de representantes de organizações subordinadas (Lojas).
Paralelamente à governança, as potências também se dividem, internamente,
em uma variedade de procedimentos litúrgicos tradicionais, denominados “ritos” ou
“rituais”. São roupagens diferentes para uma mesma mensagem que estabelece três
níveis de progresso e que são conhecidos como Graus do Simbolismo: Aprendiz,
Companheiro e Mestre.
Estes procedimentos litúrgicos que são as regras da dinâmica prática das reuni-
ões (sessões) geralmente são a maior causa das grandes confusões em relação aos ob-
jetivos da Livre-Maçonaria. Embora cada uma das “vertentes ritualísticas” cultive e
preserve aspectos e costumes ligados à religiosidade dos diversos povos que contri-
buiram para a criação e evolução do rito, ritual ou sistema ritualístico, a instituição,
de um modo geral, se mantém aberta para homens de todas as religiões, desde que
aceitem partilhar algumas crenças comuns, entre as quais estão incluídos, os Três
Princípios Fundamentais da Livre-Maçonaria.
Assim como todas as instituições humanas, a Livre-Maçonaria também não es-
tá isenta de alinhamentos ideológicos, sejam eles políticos ou religiosos e, embora a
discussão de política partidária e sectarismo religioso sejam proibidos pelas leis ma-
çônicas, a convicção de líderes reunidos e com interesses convergentes, faz aparecer,
de tempos em tempos, princípios específicos, que geralmente são temporais ou terri-
toriais. No entanto, em qualquer organização maçônica legítima, baseada na adesão
voluntária de seus membros e comprometida em preservar o propósito original da Li-
vre-Maçonaria que é “permitir que homens bons possam se tornar melhores”, os três
princípios fundamentais, que estão no cerne da Livre-Maçonaria, podem ser facilmen-
te encontrados, reconhecidos e praticados:

amor fraternal, amparo e verdade.


Nº 1: O Amor Fraternal:
O primeiro princípio fundamental
da Livre-Maçonaria é o Amor Fraternal.
E isso não significa apenas ser gentil
com seus semelhantes, mas também in-
clui desenvolver um vínculo profundo e
duradouro com seus irmãos maçons, tra-
tando uns aos outros com respeito, socor-
rendo-os quando necessário e ficando ao
seu lado, nos momentos bons e ruins.
Uma das melhores maneiras de praticar o amor fraternal é ser um membro ati-
vo da sua Loja, procurando maneiras de ajudar, não só a Loja, como as comunidades,
ocasiões e instituições onde ela desenvolve ações sociais. Por outro lado, conhecer os
vizinhos, ajudar quando necessário, envolver-se nos assuntos da comunidade, ser vo-
luntário e procurar maneiras de ajudar a tornar o seu bairro e a sua cidade um lugar
melhor, também são maneiras fáceis de praticar o amor fraternal.

Nº 2: O Amparo:
O segundo princípio fundamental da Livre-
Maçonaria é o amparo. Este princípio apela aos
maçons para ajudarem aqueles que estão em neces-
sidade, seja ela financeira, emocional ou física.
Uma das melhores maneiras de praticar aju-
da humanitária é envolver-se nos esforços filantró-
picos da sua Loja. Muitas Lojas têm suas próprias
ações de caridade que ajudam os necessitados, tan-
to dentro como fora da fraternidade maçônica.
Amparar, às vezes, pode ser apenas oferecer seu tempo para ajudar nesses es-
forços, participar como voluntário em uma ação social, doar ou ajudar a arrecadar di-
nheiro para uma causa nobre ou simplesmente ouvir alguém que está passando por
um momento difícil.

Nº 3: Verdade:
O terceiro e último princípio funda-
mental da Livre-Maçonaria é a verdade.
Este princípio instiga os maçons a pro-
curarem a verdade em todas as coisas, tanto
dentro de si como no mundo que os rodeia.
Isso significa ser verdadeiro nas suas rela-
ções com outros maçons, bem como na sua
vida pessoal. Ser honesto consigo mesmo e
com os outros, buscar conhecimento e com-
preensão e sempre se esforçar para ser a me-
lhor pessoa que puder ser.
Buscar conhecimento e compreensão, seja através da leitura de livros e artigos
maçônicos de diversos tópicos ou da participação em eventos educacionais da Loja e
da Potência, pode ajudar na busca da verdade. Não importa o que aconteça, lembre-se
sempre de que “a verdade o libertará”.

Qual é o propósito destes três princípios?


O principal propósito da Livre-Maçonaria é proporcionar um ambiente de
convivência saudável, onde homens bons possam se tornar melhores, porque isso
possibilita compartilhar vivências e imitar os exemplos e a aplicação prática dos prin-
cípios do amor fraternal, do amparo e da verdade, que já fazem a diferença na vida
dos irmãos. Ao decidir praticar estes princípios, os maçons acabam por tornar-se me-
lhores maridos, melhores pais, melhores filhos e melhores cidadãos.
Por isso as Lojas se esforçam para ser um ambiente saudável e de alta qualida-
de social. É a conviência que proporciona obter-se uma compreensão mais profunda
de si mesmo, aproximar-se de pessoas estranhas e, conhecendo-as, desenvolver rela-
cionamentos e amizades duradouras, aprender a identificar e ajudar quem realmente
precisa, envolver-se em ações filantrópicas legítimas e, seguindo o exemplo dos ir-
mãos ou por força do hábito, esforçar-se para ser cada dia mais verdadeiro, mais ho-
nesto e tornar-se, enfim, um homem melhor.

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