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Memórias da

Maçonaria no Espírito

Santo

2018

1
Apresenta

Memórias da Maçonaria no Espírito Santo

Apoio

2018

1ª Edição

2
TIAGO VIEIRA.·.

JÚLIO CÉZAR MERIJ MÁRIO.·.

Vitória – ES - 2018

MEMÓRIAS DA MAÇONARIA NO ESPIRITO SANTO

2018 Júlio Cezar Merij Mário

juliomerij@gmail.com

Copyright by Júlio Cezar Merij Mário

Edição: Julio Cezar Merij Mário

Impressão: JRPRINT

3
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA
PUBLICAÇÃO (CIP)

Julio Cezar Merij Mário (Editor)

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Sumário

Agradecimentos................................................8

Introdução........................................................ ..........9

Maçonaria e Maçons............................................. 11

Landmarks, Antigas Obrigações ..................... 17

Código Maçônico Global ..................................... 22

Memórias do Ideal Maçônico ........................... 27

Memórias Período Imperial ............................ 28

Memórias da Fundação GOB ............................ 30

José Bonifácio e Gonçalves Ledo .................... 34

Memórias do Império No Es............................. 57

Memórias Da Imigração ..................................... 62

Maçons na Proclamação Republica .......... 68

Memórias do Positivismo no Es ..................... 74

Memórias da Republica Velha ......................... 76

Memórias da Intervenção.................................. 81

Getulio Vargas ......................................................... 81

5
Memórias dos Princípios Democráticos ..... 85

Os Grandes Projetos Industriais..................... 90

Memórias (Gomes) ............................................... 92

Memórias Criação Comab.................................. 99

Memórias Gomes Para Gob-Es .................... 102

Memórias Fundação Grande Loja 70 ....... 108

Relação De Lojas Em Ordem Numérica ... 117

Distribuição Lojas Filiadas GL ..................... 123

Lojas Filiadas Ao Grande Oriente Do Es .. 126

Ritos e Rituais Praticados no Es .................. 136

Rito Escocês Antigo e Aceito ......................... 136

Rito Escocês Retificado .................................... 141

Rito de York........................................................... 142

Rito Brasileiro ...................................................... 146

Rito Adonhiramita ............................................. 148

Ritual de Emulação na GLMEES................... 154

Rito Moderno ........................................................ 161

6
Rito de Schröeder ............................................... 170

Fundo de Auxilio Mútuo Maçônico ............ 178

Bemes e Famm ..................................................... 178

A Fraternidade Feminina ................................ 181

Informações Estatísticas 2018 ................... 186

Considerações Finais ........................................ 189

Referências ............................................................ 192

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente Ao Grande Arquiteto do


Universo que sempre nos ilumina com sua graça e
sabedoria, seguido ao apoio da família, que em tudo nos
cerca de tolerância e amor para nossas realizações e
projetos.

Ao acolhimento fraterno recebido por todas as Lojas com


seus dedicados pedreiros e o gentil abraço de todos os
irmãos em todos os momentos do trabalho. Iniciado no
afetuoso aperto de mão até a grande comunhão em nossas
ágapes, conduzindo uma jubilosa egrégora.

Aos amados irmãos colaboradores que com seu tempo


generosidade e memórias contribuíram para esta peça de
arquitetura. Bem como sua dedicação a sublime ordem
maçônica.

8
INTRODUÇÃO

A maçonaria pode não ter mais a influência de


quando liderava revoluções e fundava países, mas
continua atiçando a imaginação. Sabe-se que para entrar
na maçonaria é preciso ser homem e acreditar em algum
deus, ser homem livre e de bons costumes e pouco mais
que isso, este material foi desenvolvido no intuito de
facilitar alguns entendimentos sobre a maçonaria e seu
crescimento no ES. Servirá também como referencia para
primeiros conhecimentos e busca de mais
aprimoramentos além de revelar bastidores e dificuldades
das edificações dos templos em nosso Estado. Relatos de
irmãos gravações e levantamentos sintonizando os
acontecimentos aos fatos e importantes de cada época.
Alguns gatilhos mentais que servirão de referencia para
lembranças que normalmente passam despercebidas
durante nosso dia a dia. Contamos com a colaboração de
vários irmãos que gentilmente nos presentearam com
suas magníficas memórias. Resgatamos histórias não
documentadas e fatos inéditos relatados por quem estava

9
lá. Fatos presenciados por irmãos que na memória
preservou e a história estava guardada. Sabemos da
impossibilidade de relatar todos os momentos em sua
magnitude, porém somos capazes de relatar pequenos
eventos que nos remetem ao tempo onde os caminhos
maçônicos para muitos estavam sendo abertos.

10
MAÇONARIA E MAÇONS

A Maçonaria é uma sociedade discreta, na qual homens


livres e de bons costumes, denominando-se mutuamente
de irmãos, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a
Igualdade entre os homens. Seus princípios são a
Tolerância, a Filantropia e a Justiça. Seu caráter secreto
deveu-se a perseguições, a intolerância e a falta de
liberdade demonstrada pelos regimes reinantes da época.
Hoje, com os ventos democráticos, os Maçons preferem
manter-se dentro de uma discreta situação, espalhando-se
por todos os países do mundo.
Sendo uma sociedade iniciática, seus membros são aceitos
por convite expresso e integrados à irmandade universal,
por uma cerimônia denominada iniciação.
Esta forma de ingresso repete-se, através dos séculos,
inalterada e possui um belíssimo conteúdo, que obriga o
iniciando a meditar profundamente sobre os princípios
filosóficos que sempre inquietaram a humanidade.
O neófito ingressa na Ordem com o grau de Aprendiz. Ao
receber instruções e ensinamentos, galga ao grau de

11
Companheiro e após período de estudos chega ao grau
máximo do Simbolismo, ou seja, o Grau de Mestre Maçom.

Os Maçons reúnem-se em um local ao qual denominam de


Loja, e dentro dela praticam seus rituais. Estes são
dirigidos por um Mestre Maçom experimentado,
conhecido por Venerável Mestre. Suas cerimônias são
sempre realizadas em honra e homenagem a Deus, ao qual
denominam de Grande Arquiteto Do Universo, (G.'. A.'. D.'.
U.'.).
Seus ensinamentos são transmitidos através de símbolos
dando assim um conhecimento hermenêutico profundo e
adequados ao nível intelectual de cada indivíduo.

Os símbolos são retirados das primeiras organizações


Maçônicas, dos antigos mestres construtores de catedrais.
"Maçom" em francês significa pedreiro. Devido a este fato
encontramos réguas, compassos, esquadros, prumos,
cinzéis e outros artefatos de uso da Arte Real, ou seja,
instrumentos usados pelos mestres construtores de

12
catedrais e castelos, que são utilizados para transmitir
ensinamentos.

Por possuir um conhecimento eclético, a Maçonaria busca


nas mais diversas vertentes suas verdades e experiências,
dando um caráter universal a sua doutrina.

A Maçonaria não é uma religião, pois o objetivo


fundamental de toda sociedade religiosa é o culto a
divindade.

Cada Loja possui independência em relação as outras


Lojas da jurisdição, mas estão ligadas a uma Grande Loja
ou Grande Oriente, sendo estes soberanos. Cada Grande
Loja ou Grande Oriente denomina-se de "potência". Esta é
uma divisão puramente administrativa, pois as regras,
normas, e leis máximas, denominadas "Landmarks" são
comuns a todos os Maçons.
Um dos Landmark básicos da Ordem é que o homem para
ser aceito deve acreditar em um princípio criador
independente de sua religião.

13
Seus integrantes professam as mais diversas religiões.
Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros é cristã,
adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro
que ocupa o lugar de destaque no Templo, poderá ser o
Alcorão, o Torá, o livro de Maomé, os Vedas, etc, de acordo
com a religião de seus membros.
No preâmbulo da primeira Constituição editada pela
Grande Loja ficam registrados de forma clara os princípios
em que se baseia a Ordem:

A Maçonaria proclama como sempre proclamou desde sua


origem, a existência de um Princípio Criador, sob a
denominação de Grande Arquiteto do Universo;

A Maçonaria não impõe nenhum limite a livre investigação


da Verdade e é para garantir a todos essa liberdade que
ela de todos exige tolerância;

A Maçonaria é, portanto, acessível aos homens de todas as


raças e de todas as crenças religiosas e políticas;

14
A Maçonaria proíbe em suas Oficinas toda discussão sobre
matéria partidária, política ou religiosa, recebe os homens
qualquer que sejam as suas opiniões políticas ou
religiosas, humildes, embora, mas livres e de bons
costumes;

A Maçonaria tem por fim combater a ignorância em todas


as suas manifestações;

É uma escola mutua que impõe este programa: obedecer


as leis do País, viver segundo os ditames da honra, praticar
a justiça, amar o próximo, trabalhar incessantemente pela
felicidade do gênero humano e para conseguir a sua
emancipação progressiva e pacífica."

A independência do Brasil foi decretada e solicitada a Dom


Pedro I em uma sessão Maçônica realizada em 20 de
agosto de 1822. Este dia é dedicado ao Maçom brasileiro.

15
O Marechal Deodoro da Fonseca, iniciado na Loja "Rocha
Negra" de São Gabriel, Rio Grande do Sul, proclama a
república em 15 de novembro de 1889.

16
LANDMARKS, ANTIGAS OBRIGAÇÕES

O termo “Landmark” é conhecido por todos os irmãos, mas


sua definição nem sempre é tão clara. Além disso, esses
Landmarks estão muitas vezes ligados às Antigas
Obrigações.

“Antigas Obrigações” é o nome dado a certos manuscritos


que têm mais ou menos o mesmo conteúdo. É um termo
que é usado para caracterizar 131 manuscritos, o mais
velho dos quais é o “Regius” datado de 1390. Estes
manuscritos contêm “Obrigações” no sentido de regras
que todos os maçons são obrigados a seguir. A maioria
destas Obrigações está relacionada com a arte operativa
da construção e com sua regulamentação. A lenda de York
é parte destes manuscritos.

Os Antigos Regulamentos & Encargos nada têm nada a ver


com as Antigas Obrigações. Elas são um conjunto de 15
normas que aparecem nas primeiras páginas do Livro das
Constituições da GLUI. Embora seja considerado o
“Resumo da …” eles são os únicos. Eles não são um
resumo de qualquer outro conjunto. Todo Mestre eleito
17
precisa prometer mantê-los antes que de ser empossado
como VM.

Os Landmarks são princípios básicos da Maçonaria


Especulativa semelhantes a axiomas em matemática.
Basicamente, eles são linhas limítrofes ou marcas entre o
que está dentro dos limites da Maçonaria Especulativa e o
que está fora deles.

Deve ser salientado que as linhas limítrofes, ou marcas de


fronteira, têm sido sempre consideradas pelos homens
como as mais importantes e zelosamente guardadas. Na
Bíblia elas são consideradas sagradas. Em Deuteronômio
27:17 encontramos: “Maldito aquele que remover os
marcos do seu próximo”. Referências semelhante pode
ser encontrada em Provérbios 22:28 e em Jó 24:2.

Devemos lembrar que tais limites sempre implica em que


todos os reconheçam como tal.

LANDMARKS DE MACKEY
(1) Os modos de reconhecimento.

(2) A divisão da Maçonaria Simbólica em três graus.

18
(3) A Lenda do Terceiro Grau.

(4) O governo da Fraternidade por um presidente


chamado Grão Mestre.

(5) A prerrogativa do Grão-Mestre de presidir todas as


assembleias da Maçonaria.

(6) A prerrogativa do Grão-Mestre de conceder


Autorizações para conferir graus em tempos anormais.

(7) A prerrogativa do Grão-Mestre de conceder


autorizações para a abertura e manutenção de Lojas.

(8) A prerrogativa do Grão-Mestre para iniciar maçons à


vista.

(9) A necessidade de os maçons se reunirem em lojas.

(10) A condução dos trabalhos, quando congregados em


uma loja por um Venerável e dois Vigilantes.

(11) A necessidade de que cada loja, quando reunida, deva


ser devidamente telhada.

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(12) O direito de cada maçom de se fazer representar em
todas as assembleias gerais da Maçonaria e instruir seus
representantes.

(13) O direito de cada maçom de apelar da decisão de seus


irmãos em Lodge reunida à Grande Loja ou Assembleia
Geral dos maçons.

(14) O direito de cada maçom de visitar e sentar-se em


toda Loja regular.

(15) Nenhum visitante, desconhecido como maçom, pode


entrar em uma Loja sem primeiro passar um exame de
acordo com os usos antigos.

(16) Nenhuma Loja pode interferir nos negócios de outra


Loja, nem atribuir graus a irmãos que são membros de
outras Lojas.

(17) Todo maçom está sujeito às Leis e Regulamentos da


jurisdição maçônica em que reside.

(18) Qualificações de um candidato: que ele seja homem,


não tenha defeito físico, nascido livre, e de maior idade.

(19) A crença na existência de Deus.


20
(20) Subsidiária a esta crença em Deus, está a crença em
uma ressurreição para uma vida futura.

(21) Um “Livro da Lei” constituirá parte indispensável do


mobiliário de cada Lodge.

(22) A igualdade de todos os maçons.

(23) O segredo da instituição.

(24) A fundação de uma Ciência Especulativa, para fins de


ensino religioso ou moral.

(25) Estes Landmarks nunca podem ser modificados.

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CÓDIGO MAÇÔNICO GLOBAL

1º - Adora o Grande Arquiteto Do Universo

2º - O verdadeiro culto que se pode tributar ao Grande


Arquiteto consiste nas boas obras

3º - Tem sempre a tua alma em estado de pureza, para que


possas aparecer de um momento para outro perante o
Grande Arquiteto.

4º - Não sejas fácil em te encolerizar; a ira é sinal de


fraqueza.

5º - Escuta sempre a voz de tua consciência

6º - Detesta a avareza, porque, quem ama demasiadas as


riquezas, nenhum fruto tirará delas, consistindo isso
egoísmo.

7º - Na senda da honra e da justiça está a vida; o caminho


extraviado conduz à morte espiritual.

8º - Faz o bem pelo próprio bem

22
9º - Evita as questões, previne os insultos e procura
sempre ter a razão do teu lado.

10º - Não te envergonhes do teu Destino, pensa que este


não te desonra nem te degrada; o modo como
desempenhas a tua missão é que te enaltece ou te
amesquinha perante os homens

11º - Lê e medita, observa e imita o que for bom;


reflexiona e trabalha; ocupa-te do bem-estar dos teus
irmãos e trabalharás para ti.

12º - Contenta-se com tudo e com todos

13º - Não julgues superficialmente as ações de teus Irmãos


e não censures aereamente. O julgamento pertence ao
Grande Arquiteto do Universo, porque só Ele pode sondar
o coração das criaturas.

14º - Sê, entre os profanos fracos, sem rudeza, superior


sem orgulho; humilde sem baixeza; e, entre Irmãos, firme
sem obstinação, severo sem inflexibilidade e submisso
sem servilismo

23
15º - Justo e valoroso, defende o oprimido e protege a
inocência, não exaltando jamais os serviços prestados

16º - Exato observador dos homens e das cousas, atende


unicamente ao mérito pessoal de cada um, seja qual for a
camada social, posição e fortuna a que pertence

17º - Se o Grande Arquiteto te der um filho, agradece, mas


cuida sempre do depósito que te confiou. Sê, para essa
criança, a imagem da Providência. Faz com que até aos 12
anos tenha temor a ti; até aos 20 te ame e até a morte te
respeite. Até aos 12 anos sê o seu mestre; até aos 20 seu
pai espiritual e até a morte seu amigo. Pensa mais em dar-
lhe bons princípios do que belas maneiras; que te deve
retidão esclarecida e não frívola elegância. Esforça-te para
que seja um homem honesto, avesso a qualquer astúcia.

18º - Ama o teu próximo como a ti mesmo

19º - Não faça o mal, embora não espere o bem.

20º - Estima os bons, ama os fracos, atende aos maus e não


ofendas a ninguém.

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21º - Sê o amparo dos aflitos; cada lamento que tua dureza
provocar, são outras tantas maldições que cairão sobre a
tua cabeça

22º - Com o faminto, reparte o teu pão; aos pobres e


forasteiros dá hospitalidade.

23º - Dá de vestir aos nus, mesmo com prejuízo do teu


conforto

24º - Respeita o peregrino nacional ou estrangeiro e


auxilie sempre

25º - Não lisonjeies nunca teu Irmão, isso corresponde a


uma traição; se te lisonjearem receia que te corrompam.

26º - Respeita a mulher, não abuse jamais de sua


debilidade; defende-lhe a inocência e a honra.

27º - Fala modernamente com os pequenos,


prudentemente com os grandes; sinceramente com os teus
iguais e teus amigos; docemente com os que sofrem, mas
sempre de acordo com a tua consciência e princípios de sã
moral.

25
28º - O coração dos justos está onde se pratique a virtude,
e o dos tolos, onde festeja a vaidade.

29º - Não prometas nunca sem a intenção de cumprir;


ninguém é obrigado a prometer, mas prometendo é
responsável.

30º - Dá sempre com satisfação, porque mais vale uma


negativa delicada do que uma esmola que humilhe.

31º - Suporte tudo com a resignação e tem sempre


confiança no futuro

32º - Faz do teu corpo um Templo, do teu coração um


Altar e do teu espírito um apóstolo do Amor, da Verdade e
da Justiça

33º - Concentra, ao menos uma vez por dia, todas as


vibrações da tua alma, no sentido de estares em contato
com o Grande Arquiteto do Universo.

26
MEMÓRIAS DO IDEAL MAÇÔNICO

Desde a fundação da primeira Loja em 1832, até meados


de 1978, a coordenação das Lojas Federadas ao Grande
Oriente do Brasil no Estados, ficavam a cargo de uma
Delegacia do Grão-Mestre Geral, com autonomia e poderes
muito limitados, e a ideia da fundação de um Grande
Oriente Estadual era sonho alimentado por muitos Maçons
idealistas visando um progresso ainda maior da nossa
Ordem no Estado do Espírito Santo;

A Maçonaria instalou-se no Espírito Santo a partir da


Fundação da Loja Maçônica Beneficência nº 0007, no
Oriente de Vitória em 06 de Março de 1832. No século
passado foram fundadas diversas Lojas Maçônicas neste
Estado, estando em atividade ainda hoje as Lojas União e
Progresso nº 0236 fundada em Nov/1872, em Vitória e
Fraternidade e Luz nº 0623, fundada em set/1898, em
Cachoeiro de Itapemirim;

27
MEMÓRIAS DA MAÇONARIA PERÍODO IMPERIAL

Embora a primeira Loja Maçônica tenha surgido em águas


territoriais na Bahia, em 1797, numa fragata francesa, a
primeira Loja regular do Brasil foi a “Reunião”, fundada
em 1801, no Rio de Janeiro, movida pela liturgia e com fins
sociopolíticos.

De acordo com o manifesto de 1832, do Grão-Mestre José


Bonifácio de Andrada e Silva, essa Loja era filiada ao
Oriente da Ilha de França, representado pelo Cavaleiro
Laurent, que presidiria sua instalação.

Dois anos depois, segundo o mesmo manifesto, o Grande


Oriente Lusitano, desejando propagar, no Brasil, a
verdadeira doutrina maçônica, nomeou para este fim, três
delegados, com plenos poderes para criar Lojas regulares
no Rio de Janeiro, filiado àquele Grande Oriente. Criaram,
então, as Lojas “Constância” e “Filantropia”, as quais, junto
com a “Reunião”, serviram de centro comum para todos os
maçons existentes no Rio de Janeiro, regulares e

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irregulares, tratando de iniciar outros, até o grau de
Mestre.

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MEMÓRIAS DA FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO
BRASIL

Aos vinte e oito dias do terceiro mês do Ano da Verdadeira


Luz de 5822, achando-se abertos os Augustos trabalhos da
nossa Ordem no grau de Aprendiz e havendo nascido do
Oriente o Irmão Graccho, Venerável da Loja Comércio e
Artes, única até este dia existente e regular no Rio de
Janeiro e que nessa ocasião reunia o povo maçônico
reunido para a inauguração e criação de um Grande
Oriente Brasiliano em toda a plenitude de seus poderes foi
por aclamação nomeado o Irmão Graccho, que acabava de
Venerável, para presidente da sessão magna e
extraordinária naquela ocasião convocada para eleição
dos oficiais da Grande Loja na conformidade do parágrafo
capítulo da parte da constituição jurada. Tomando assento
no meio do quadro, uma mesa para esse fim preparada, na
qual estavam o Evangelho, o Compasso, a Esquadria, a
Constituição e uma urna, disse o Irmão presidente que era
mister nomear um secretário e um escrutinador para a
apuração dos votos na presente sessão. E sendo eleito o

30
Irmão Magalhães, que servira de primeiro Vigilante e o
Irmão Aníbal, que servira de segundo Vigilante, aquele
para secretário e este para escrutinador, fez o Presidente
ler os artigos da constituição respeitantes à eleição e logo
depois que o presidente disse que se passasse a fazer a
nomeação do Grão-Mestre da Maçonaria Brasileira, foi
nomeado por aclamação o Irmão José Bonifácio de
Andrada. Propôs logo o Irmão Presidente que se
aplaudisse tão distinta escolha com a tríplice bateria e se
despachasse ao novo eleito uma deputação a participar-
lhe este sucesso e a rogar-lhe seu comparecimento para
prestar juramento de tão alto emprego. Foram nomeados
Irmão Diderot, e o Irmão Demétrio, os quais voltaram
dizendo o Irmão Diderot que o Grão-Mestre, por motivos
de obrigação a que o chamava seu emprego civil não podia
comparecer que aceitava o cargo com que a Loja o
honrava e o agradecia que protestava a todo corpo
maçônico brasileiro a mais cordial amizade, e todos os
serviços que lhe fossem possíveis. Procedeu-se, depois, à
nomeação do delegado do Grão-Mestre e se bem que a
constituição determinasse que ela fosse feita por votos, o

31
mesmo povo dispensou o artigo, fazendo a escolha por
aclamação e foi, com efeito, aclamado o Irmão Joaquim de
Oliveira Alvarez. Aplaudiu-se a sua eleição e enviou-se-lhe
uma deputação composta do Irmão Turenne e do Irmão
Urtubie, a qual, de volta, participou que se achava na sala
dos Passos Perdidos o Irmão Grande Delegado. Saiu uma
nova deputação de cinco membros, dirigindo-lhe a palavra
o Irmão Diderot. Foi depois introduzido na Loja por baixo
da abóboda de aço e estrelado, para assim prestar seu
juramento.

Surgem desta feita o Grande Oriente do Brasil, obediência


maçônica nacional e a primeira do território brasileiro, a
qual iria, nos anos posteriores, ser partícipe dos grandes
acontecimentos sociopolíticos da história do Brasil,
começando, já no ano de sua fundação, com fundamental
participação no movimento político de emancipação
política do Brasil (os fundadores encerraram a sessão
prometendo, solenemente, que o Grande Oriente teria,
como meta específica de seus esforços, a independência do
Brasil).

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Funcionando, por ocasião da fundação, num sobrado
localizado na esquina da Rua de São Joaquim (hoje, Rua
Marechal Floriano) com a rua do fogo (hoje, Rua dos
Andradas) – onde se reunia a Loja “Comércio e Artes” -, o
Grande Oriente, logo depois, iria se mudar para um prédio
mais espaçoso, localizado à Rua Novo Conde nº 4, no Rio
de Janeiro.

A alta administração (Grande Loja) do Grande Oriente do


Brasil ficou constituída da seguinte forma: Grão-Mestre:
José Bonifácio de Andrada e Silva, Delegado Grão-Mestre:
Marechal Joaquim de Oliveira Alvarez, 1º Grande
Vigilante: Joaquim Gonçalves Ledo, 2º Grande Vigilante:
Capitão João Mendes Viana, Grande Orador: Cônego
Januário da Cunha Barbosa, Grande Secretário: Capitão
Manoel José de Oliveira, Grande Chanceler: Francisco das
Chagas Ribeiro, Promotor Fiscal: Coronel Francisco Luiz
Pereira da Nóbrega, Grande Cobridor: João da Rocha e
Grande Experto: Joaquim José de Carvalho.

33
JOSÉ BONIFÁCIO E GONÇALVES LEDO

Contribuição Irmão Rogério Vaz de Oliveira, Grande


Secretário Adjunto de Educação e Cultura do GOB RS.
Obreiro da A.R.L. S Estrela do Sul 84 com 177 anos de
fundação.

Ao deparar com a tarefa de analisar a rivalidade ideológica


e maçônica entre José Bonifácio de Andrada e
Silva e Joaquim Gonçalves Ledo, não imaginava o quanto
de profundo deveria ir à história da América Latina,
Europa e finalmente do Brasil, e o quanto foram
complexas e intrincadas as formas de pensar e dos
diversos grupos que formavam a elite política e intelectual
luso-portuguesa.

34
Figura 1 Jose Bonifacio e Gonçalves Ledo

Entender o cerne das disputas destes dois personagens


determinou uma breve revisão bibliográfica dos fatores
pré-independência do Brasil, seus articuladores e os
grupos que integravam. Portanto, é fundamental uma
breve exposição de como era visto e sentido o Brasil do
início do Séc. XIX e por consequência a Maçonaria. Ao
longo do estudo ficou nítido que a maçonaria brasileira
não possuía uma homogeneidade e concordância no
pensamento político dos grupos que atuaram no
“Movimento de 1822”. Explicitado nos diversos conflitos
internos entre os partidários que defendiam a forma
republicana de governo para o Brasil independente,
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a exemplo de Joaquim Gonçalves Ledo, e os seus
concorrentes, entre os quais se destacavam José
Bonifácio e Hipólito José da Costa, que visavam à
manutenção do regime monárquico.

A força de um ideal é tamanha que poderá mudar o


mundo. As revoluções acontecem pela crença em ideais e
terem à frente, homens capazes de liderarem grupos que
levem a diante o propósito de mudança. O Brasil teve
inúmeros luminares, porém o destaque deste trabalho
ficará com dois personagens que no embate de suas ideias,
mudaram o Brasil e por consequência, mudaram o mundo.

José Bonifácio de Andrada e Silva nasceu em Santos, São


Paulo, no dia 13 de Junho de 1763. Frequentou a
Faculdade de Direito de Coimbra, complementou seus
estudos com filosofia, história, química e matemática.
Fruto de seu brilhantismo acadêmico tornou-se secretário
da Academia de Ciências de Lisboa, membro das mais
importantes sociedades de pesquisa da Europa,
catedrático de mineralogia em Coimbra; deputado, vice-
presidente da Província de São Paulo, ministro do

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Império; exilado político, tutor do imperador Pedro II e
articulador da independência brasileira. Faleceu em seis
de abril de 1838, em Niterói-RJ. [1]

Não há data e local de sua iniciação maçônica exata, pois


quando em seu discurso de posse ao cargo de Grão-Mestre
do Grande Oriente do Brasil, declarou que se tornou
maçom quando de sua viagem científica por diversos
reinos da Europa, financiado pelo Estado Português, que
teve início em 1790. Ao retornar a Portugal em 1800, não
frequentou as lojas maçônicas em funcionamento. Disse
ainda:

“Como legítimo Maçom, fui sempre homem honrado e fiel


aos meus juramentos, amei a minha Pátria e ao meu Rei,
respeitei sempre a religião de meus Pais, procurei ser
caridoso para com o meu próximo, e, mormente para com
meus Irmãos. Mas não vendo (talvez me enganasse e fosse
injusto), na organização de novas Lojas Portuguesas
realizadas os fins sublimes da Verdadeira e Legal
Maçonaria, julguei então dever executar para com elas o

37
conselho do Evangelho – Sacudi o pó das sandálias, e mudei
de terra.”[2]

Joaquim Gonçalves Ledo foi jornalista, orador e político


brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro
de 1781, e faleceu no município de Cachoeiras, no Rio de
Janeiro, em 19 de maio de 1847. Participou ativamente
dos movimentos de 1821 pela independência brasileira,
surgiu nas lojas maçônicas como uma de suas principais
figuras. Fundou o Revérbero Constitucional Fluminense,
órgão de propaganda política, tornando-se posteriormente
o arauto da campanha de libertação.

Pertencente à Loja Maçônica “Comércio e Artes”, Ledo


atendiam pelo nome simbólico de Ir. ’. Diderot, uma alusão
a Denis Diderot (1713/1783), filósofo e escritor francês.
Juntamente com Januário Barbosa, escreveu o famoso
discurso que em 13 de maio de 1822, em nome dos
patriotas, ofereceu a D. Pedro o título de Defensor
Perpétuo do Brasil. Com sua atuação política, conseguiu a
assinatura do decreto que convocava a Constituinte.

38
Maçonicamente propôs a imediata independência do
Brasil.

Rompeu com José Bonifácio, logo depois da Proclamação, e


teve que fugir para Buenos Aires, pois corria perigo de
morte. Voltando mais tarde, foi homenageado por D. Pedro
I com a Ordem do Cruzeiro e com a Comenda de Cristo.

Despotismo Ilustrado

Na América Latina, a necessidade de criar repúblicas ou


países independentes, no contexto de uma sociedade
muito mais atrasada do que a europeia, fez com que
ganhasse corpo à ideia do despotismo ilustrado como
ideologia de construção nacional. Para Wanderley
Guilherme dos Santos (1978), cientista político, é um
discurso de modernização de países periféricos que se
acreditam atrasados.

Uma revolução pelo alto. Este movimento iniciou-se no


século XVIII, onde alguns países europeus perceberam o
grande distanciamento entre os demais, apresentando
exércitos maiores, desenvolvimento econômico, e ao

39
analisarem o cenário dos países mais desenvolvidos
perceberam que estes estavam enfrentando os senhores
feudais e a Igreja. Citamos a França e Inglaterra como
países que iniciaram este enfrentamento e Portugal,
Espanha e Prússia foram os países que resolveram reduzir
este atraso. Voltaire, o grande arauto iluminista do
despotismo ilustrado, dizia: “um bom rei é a melhor coisa
que um céu pode dar ao pais. O rei ilustrado, claro,
orientado pelo bem comum, eliminará o poder da Igreja e
da grande propriedade rural para modernizar o pais”.

A independência da América ibérica trouxe à baila um


grande debate: seria ela uma monarquia ou uma
república? Ocorreu então um fenômeno curioso. A
liberdade foi o discurso principal que os países utilizaram
em suas independências, porém liberdade, por sua vez,
estava associada à descentralização. Os patriotas eram
todos pertencentes às camadas dirigentes, às elites sociais.
Ao cortarem laços com a Espanha, e as oligarquias se
libertando dos espanhóis, surgiu o seguinte questão: quem
mandará a partir de agora?

40
Todas as oligarquias reivindicaram o posto, este foi o
estopim para o início da guerra civil. Afinal, não havia mais
a autoridade legítima que mantinha o centro e a unidade.
O movimento de independência, feito em nome da
liberdade, obrigou esses países a construir estados em
nome da ordem, e passaram a restringir essa mesma
liberdade. Tornando-se necessária a imposição da ordem
pública pela autoridade que devia legitimar-se no poder.
Surgindo um paradoxo, uma “ditadura” em nome da
liberdade. É possível que o atual alinhamento ideológico
dos países da América Latina seja reflexo destes
movimentos iniciais de ruptura com a Metrópole
Espanhola e o gosto pelo poder exercitado pelas elites
oligárquicas.

41
MAÇONARIA BRASILEIRA E SUA ATUAÇÃO

Os maçons estiveram presentes nos movimentos de


independência dos países da América latina e a criação de
repúblicas oligárquicas, que impregnados pelo
pensamento iluminista espalharam seus ideais por todo o
continente, no Brasil não foi diferente, a maçonaria
brasileira, que para a historiadora Eliane Lúcia Colussi
(2003) diz:

(…) recebeu forte influência especialmente da [maçonaria]


francesa que, no transcorrer daquele século, foi assumindo
gradativamente posicionamentos políticos liberais,
anticlericais, laicizistas e racionalistas. Exemplo disso foi o
Grande Oriente da França, que (…) excluiu de seus estatutos
a obrigação (…) da crença em Deus, na imortalidade da
alma e do juramento sobre a Bíblia (…). As maçonarias da
Inglaterra e dos Estados Unidos reagiram a isso de forma
radical e, juntamente com outros países, romperam relações
com a da França e demais países sob a sua influência. Assim,
consolidaram-se duas principais vertentes maçônicas que já
há muitas décadas atuavam com perspectivas diferentes: a

42
considerada por alguns historiadores como maçonaria
regular, ou ortodoxa, e a outra, a maçonaria irregular,
heterodoxa. [3]

A aparente união fraternal propugnada pelos ideais


maçônicos, não foi impeditivo para uma oposição
ideológica entre republicanos e monarquistas,
fomentando as divergências no seio dos maçons
brasileiros. Isabel Lustosa (2011) afirma que Gonçalves
Ledo foi um dos maiores idealistas do Brasil, porém não
menos José Bonifácio e Hipólito José da Costa, opositores
ferrenhos, construindo desta forma o pensamento e o
papel dos integrantes da maçonaria no momento da
independência brasileira.

Diante deste cenário de oposição entre simpatizantes


republicanos e monarquistas, podemos inferir que o
processo da Independência do Brasil não teve nada de
“romântico”, leve ou até mesmo consensual. O embate
ideológico foi ferrenho e o terreno utilizado foi à
maçonaria. No processo de independência brasileiro,
quase todos os estados se dividiam entre as correntes

43
liberais, que desejavam o modelo americano, de república
federativa, e os conservadores, que preferiam
centralização e unidade.

Na ebulição ideológica da época, destacaram-se dois


grupos políticos os “Saquaremas” e os “Luzias”, que irão
situar as posições antagonistas de José Bonifácio e
Gonçalves Ledo.

“Saquarema” foi à denominação dada aos conservadores


do Império. “Luzia” era o apelido dedicado aos liberais da
época. Saquarema era o nome do município do Rio de
Janeiro onde um dos líderes conservadores, o Visconde de
Itaboraí, tinha uma fazenda, local onde o grupo se reunia
com frequência. Luzia era uma referência a uma pequena
cidade de Minas Gerais, Santa Luzia, onde ocorreu a maior
derrota dos liberais na revolta de 1842.

Os saquaremas, conservadores, defendiam a centralização


do poder; os luzias, liberais, pregavam a monarquia
federativa, opondo-se ao Poder Moderador e ao Senado
vitalício, dominado pelos conservadores. Nesta divisão
ideológica podemos indicar que os pensamentos de José
44
Bonifácio enquadravam-se como “Saquarema” e de
Gonçalves Ledo de “Luzia”.

A fragmentação da América Espanhola em pequenos


estados faz com que o Brasil torne-se um caso único,
mantém praticamente todo o seu espaço físico intacto e
com o retorno de D. João a Portugal, deixa aqui um
protótipo de burocracia estatal, caso inédito nos países
hispano-americanos. Colocando em postos estratégicos da
administração do Brasil, praticamente todos os brasileiros
que haviam estudado em Coimbra e achavam importante
manter os vínculos com Portugal, pois um Reino Unido a
Portugal significava manter os vínculos também com a
Europa e, portanto, com a civilização.

Na época, não havia nenhum segmento social, fora da


burocracia, que conseguisse ver o país como uma unidade.
Sua cidade era sua pátria, depois vinha sua província e, em
seguida, a condição de português-americano. Ninguém
tinha a identidade de brasileiro. Brasil era simplesmente
um nome genérico que designava o conjunto de
possessões de Portugal na América. A Inconfidência

45
Mineira, por exemplo, não desejava emancipar o Brasil, e
sim Minas Gerais.

O pensamento burocrático e seus apoiadores, no entanto,


viam o Império português como uma coisa só, unido em
torno da dinastia de Bragança. Angola, Moçambique,
Brasil, Portugal, Algárvia, tudo isso representava a mesma
unidade. Havia uma hierarquia, claro, mas de alguma
maneira esses burocratas luso-brasileiros – todos mais ou
menos discípulos de Rodrigo de Souza Coutinho, Conde de
Linhares, sobrinho do Marquês de Pombal e ministro de D.
João – viam o Brasil e o Império como uma unidade.

O Brasil atual ainda reflete o pensamento dos burocratas


luso-brasileiros, mantendo-se altamente burocrático,
privilégios e concessões aos produtos do exterior, sejam
bens de consumo ou culturais.

A eclosão da Revolta do Porto (1820) precipitou uma crise


em Portugal de caráter liberal e tinham como objetivos
reduzir os poderes de D. João VI, e buscar o resgate da
tradição colonial de Portugal. Deram-se início os trabalhos
das Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes de
46
Portugal, entretanto, neste primeiro momento sem a
participação de deputados brasileiros. Porém José
Bonifácio de Andrade e Silva exerceria sua influência Corte
Portuguesa, apresentando seu projeto de nova concepção
de Reino Unido, sendo representado por seu irmão
Antônio Carlos de Andrada e Silva, deputado constituinte
por São Paulo.

Bonifácio era defensor da manutenção do Reino Unido,


mas com a prevalência do princípio federativo, não
ficando nenhuma das partes subordinada a outra, porém a
sua estratégia de conseguir nas cortes portuguesas manter
a união entre Brasil e Portugal não funcionou, já que os
deputados portugueses ficaram irredutíveis, e alguns
deputados brasileiros, em virtude de seus interesses
locais, ficaram simpáticos à tese dos portugueses.

Parte do fracasso da tese de Bonifácio teve a atuação de


Joaquim Gonçalves Ledo que articula a convocação de uma
Assembleia Constituinte no Brasil convocada por D. Pedro,
mesmo contra a vontade de seu Ministro José de Bonifácio.
Surpreso com o ardil de Ledo, que após do dia do Fico,

47
utilizando-se da imprensa, apresenta uma representação
pedindo a convocação da constituinte brasileira,
derrubando de vez José Bonifácio, que renuncia ao Cargo
de Ministro. Porém, mesmo tendo falhado em sua
estratégia inicial, afasta-se do cenário político, e ao
retornar virá mais forte, e posicionando-se pela
independência do Brasil, acarretando graves
consequências para Ledo e para a Maçonaria.

Neste contexto podemos resumir claramente que no


primeiro momento José Bonifácio não pensava em
independência do Brasil e sim um Reino Unido e com
maior probabilidade de crescimento, já Gonçalves Ledo
alimentava o rompimento com a Metrópole. A primeira
derrota de Bonifácio foi o estopim para se antagonizar
com Gonçalves Ledo.

O primeiro tiro foi dado, agora faltava definir o campo de


batalha, que logo se apresentou nos jornais. Ledo
publicará o Revérbero Constitucional Fluminense[4], que
como próprio nome demonstra encabeçou a campanha
pela convocação da Assembleia Constituinte Brasileira.

48
Este jornal era verdadeiramente independente, já que não
possuía nenhum vínculo com o governo.

Em contraposição ao Revérbero Bonifácio orientaria


principalmente dois jornais O Espelho5, editado por
Ferreira de Araújo, editor do Correio do Rio de Janeiro, e o
Regulador Brasílico-Luso6 (depois Regulador Brasílico)
editado pelo maçom frei Francisco de Santa Tereza de
Jesus Sampaio, e que pelo seu primeiro nome já
demonstrava claramente o ideal de José Bonifácio de
manter o Reino, dentro de uma monarquia constitucional.

A efervescência dos debates continuou e a maçonaria


também foi integrada a esta disputa política e ideológica,
na época estava em funcionamento o Grande Oriente
Brasílico, mostrando-se que a influência de Gonçalves
Ledo prevaleceria sobre José Bonifácio, apesar de o
primeiro ter um cargo hierarquicamente menor, já que
Bonifácio era o Grão-Mestre e Ledo o seu Primeiro
Vigilante. Contudo é notória que nas reuniões mais
importantes daquele ano de 1822, Gonçalves Ledo

49
presidirá as sessões, função que caberia a Bonifácio, que
havia perdido seu espaço na Maçonaria.

Com a ausência de José Bonifácio, Joaquim Gonçalves


Ledo, primeiro vigilante, presidiu uma das reuniões mais
importantes da maçonaria brasileira. Tendo nesta reunião,
no dia 9 de setembro de 1822, sido proposta a
Independência do Brasil e a proclamação do Príncipe
Regente com Imperador Constitucional do Brasil. O termo
constitucional demonstra a preocupação de dar a nova
nação um cunho liberal, já que Ledo acreditava numa
independência mais próxima da República, e para isto o
controle constitucional seria indispensável. A ausência do
Grão-Mestre em tão importante sessão demonstra o
choque de interesses dos principais malhetes da
Maçonaria brasileira. Aliás, nesta reunião, ainda não se
sabia o que tinha ocorrido no dia 7 de setembro às
margens do Ipiranga.

Com relação aos jornais, nesta mesma sessão do Grande


Oriente Ledo fez aprovar moção para que o editor do
Regulador Brasílico comparecesse a uma Assembleia Geral

50
e dessas explicações acerca de suas ideias, que para a
Maçonaria (Ledo), feria os interesses do Brasil. Em caso de
não comparecimento do editor, o maçom frei Sampaio,
sofreria as penas maçônicas e os maçons deveriam
cancelar assinatura do periódico e devolver as edições
anteriores.

O acirramento entre Bonifácio e Ledo já vinha


aumentando desde quando Bonifácio propôs e foi
aprovada a iniciação de D. Pedro na maçonaria em 13 de
Julho de 1822, tendo este adotado o nome simbólico de
Guatimozim. O Grão-Mestre dispensou os trâmites e em
poucos dias eleva D. Pedro ao grau de Mestre Maçom,
mostrando claramente que queria trazê-lo para a
maçonaria, aumentando assim a influência sobre o futuro
imperador.

Joaquim Gonçalves Ledo não ficará inerte frente esta


ofensiva de Bonifácio, e tentará influenciar o neófito
utilizando-se da maçonaria para tal fim. No mês de
Setembro de 1822 numa sessão do Grande Oriente,
novamente presidia por Gonçalves Ledo, como havia

51
ocorrido na sessão do dia 09 daquele mês, o Primeiro
Vigilante comunica ao povo maçônico que D. Pedro, para a
maçonaria o irmão Pedro Guatimozim, havia sido
escolhido para ser o Grão-Mestre do Grande Oriente
Brasílico.

Ledo tentou não só se aproximar mais do futuro


imperador, mas, principalmente, anular o poder de
Bonifácio junto à ordem maçônica. A substituição do Grão-
Mestre foi um verdadeiro golpe dentro da maçonaria,
retirando Bonifácio do mais alto cargo da ordem,
colocando este em uma cilada, se reivindicasse seu cargo
ofenderia D. Pedro, se deixasse a influência da maçonaria
crescer sobre o Príncipe perderia influência sobre este.
Sem dúvida a chegada de D. Pedro ao cargo de Grão-
Mestre, do Grande Oriente Brasílico, foi o capítulo
definitivo da luta entre Bonifácio e Ledo, e trará
consequências drásticas a ordem maçônica e a seus dois
líderes.

O clima de hostilidade entre o grupo de Bonifácio e de


Ledo chega ao máximo, e a maçonaria se torna um barril

52
de pólvora pronto para explodir. Ainda dentro das
manifestações pós-independência, o jornalista João Soares
Lisboa, maçom ligado a Joaquim Gonçalves Ledo, publica
artigo informando que D. Pedro I apoiaria a República se o
povo assim quisesse. O imperador achou tal atitude
subversiva e deu oito dias para que Soares Lisboa deixasse
o Rio de Janeiro.

A tendência republicana do grupo de maçons, liderada por


Ledo, fez com que Imperador, e Grão-Mestre do Grande
Oriente Brasílico, sob a influência direta de José Bonifácio
mandasse suspender os trabalhos do Grande Oriente para
averiguações, D. Pedro I tentava investigar quais maçons
estariam de seu lado e quais poderiam ser perigosos na
nova ordem que se estabelecia.

O fechamento da maçonaria fora planejado por Bonifácio


sobre a acusação de que havia uma conspiração de caráter
republicano, liderada por Ledo.

Inicia-se um período de perseguições conhecida por a


Bonifácia, que terá como principal alvo Ledo e seus
seguidores, o que significa os maçons. Vários maçons
53
foram presos, e outros, como Ledo, tiveram que fugir
temendo represálias de José Bonifácio.

Diante destes fatos, apesar de não haver uma decisão


formal do Grão-Mestre Pedro Guatimozim, que havia
permitido a reabertura dos trabalhos do Grande Oriente
Brasílico; a luta entre Bonifácio e Ledo tornou inviável a
reunião dos maçons, tendo a maçonaria com suas colunas
adormecidas praticamente durante todo o reinado de D.
Pedro I.

Conclusão da contribuição

Ao finalizar este trabalho, podemos inferir que o papel dos


dois líderes maçons – Bonifácio e Ledo – Antagonistas, foi
em defender suas ideias, e que Bonifácio com o passar do
tempo mudou sua opinião sobre a independência,
terminando por apoiá-la e defender seu modelo de
governo centralizador. Gonçalves Ledo, no entanto, muitas
vezes conseguiu submeter Bonifácio a sua vontade, tendo
sido muito importante para isto a sua luta pelo poder
dentro da maçonaria, onde conseguiu neutralizar José
Bonifácio.
54
Prevaleceu o modelo de Bonifácio, embora não fosse um
revolucionário e houvesse observado, na sua longa
permanência na Europa, os perigos e inconvenientes de
uma revolução, desde logo se impôs, pela cultura, pelo
equilíbrio e moderação, como o principal estadista da
Independência, cabendo-lhe, sem qualquer dúvida, com a
maior legitimidade, o título que a história lhe consagra, de
seu “patriarca”.

Porém a posição de Gonçalves Ledo na defesa de uma


Assembleia Constituinte acelerou o processo de
independência, além do ingresso do então príncipe
regente na ordem para influenciá-lo. Percebe-se com
clareza ao reproduzirmos parte do seu discurso ao
hesitante Príncipe D. Pedro:

a independência, Senhor, no sentido dos mais abalizados


políticos, é inata nas colônias, como a separação das
famílias o é na Humanidade. A natureza não formou
satélites maiores que os seus planetas. A América deve
pertencer à América, e Europa a Europa, porque não
debalde o Grande Arquiteto do Universo meteu entre elas o

55
espaço imenso que as separa. O momento para estabelecer-
se um perdurável sistema, e ligar todas as partes do nosso
grande todo, é este... [7]

Sobre as consequências para a maçonaria, apesar das


colunas do Grande Oriente Brasílico terem ficado
adormecidas de 1822 até praticamente o fim do primeiro
reinado, restou uma atuação importante na história do
Brasil. O propósito do Grande Oriente Brasílico era a
independência do Brasil, este objetivo foi atingido, e se
não continuou a funcionar foi porque representava
claramente um perigo para D. Pedro I, já que as sementes
do pensamento republicano haviam sido plantadas e já
germinavam. O próprio temor sobre seu funcionamento
demonstra quão forte era seu poder de organização.

A República já estava em gestação, porém seu nascimento


ocorreu somente a 15 de novembro de 1889.

56
MEMÓRIAS DO IMPÉRIO NO ES

Durante o movimento brasileiro por sua independência,


em março e abril de 1821, o espírito Santo movimenta se
na direção do novo governo recém-criado, para que se
escolhessem seus representantes junto ao Império do
Brasil, composto por Portugal. Após a proclamação da
autonomia brasileira, foi dado total apoio à nova realidade
política, e em 1 de outubro de 1822, reconhecido
imediatamente D. Pedro na condição de imperador do
Brasil.

O governo provincial enfrentou séria crise econômica nos


primeiros anos da década de 1820, ocasionada pelo
estrangulamento da produção agrícola em razão da
prolongada estiagem. Mesmo assim, iniciou a cultura
cafeeira. Para tanto, incentivou o aproveitamento de
terras por colonos estrangeiros, o que se deu
simultaneamente à chegada de fazendeiros fluminenses,
mineiros e paulistas. O exemplo das demais províncias do
sul, no Espírito Santo essa experiência colonizadora
baseou-se na pequena propriedade agrícola, que logo se

57
estendeu ao longo da zona serrana central, em contraste
com as áreas do sul daquela região, onde predominava a
grande propriedade.

No ano de 1832 um fato relevante ocorre na província do


espírito santo no que diz respeito a sua dinâmica
territorial. Campos do Goytacazes e Santo Antônio de
Pádua são territórios reanexados ao rio de Janeiro. Áreas
que já apresentavam desenvolvimento agrário de
monoculturas voltado ao mercado externo.

Este movimento faz uma conexão interessante entre o sul


e a capital, e na primeira metade do século XIX a
maçonaria brasileira fincou sua bandeira em solo espírito-
santense, através do Grande Oriente do Brasil, com a
fundação da Loja Maçônica “BENEFICÊNCIA” nº 0007, no
Oriente de Vitória, Capital do Estado, no dia 06 de março
de 1832. Esta Loja “abateu colunas” em 1847, porém, a 07
de fevereiro de 1862 foram reerguida suas colunas, sob o
nº 0144, e, em 1872, “abateu colunas”.

Por decreto de 4 de novembro deste ano é


nomeado juiz de direito da comarca de Itapemirim o

58
bacharel Paulo Martins de Almeida, que prestou
juramento e entrou em exercício a 20 de março de 1873,
sendo removido para a comarca do Rio Formoso, em
Pernambuco, a 18 de julho deste mesmo ano.
É instalada neste ano, no mês de novembro, com
todas as solenidades, uma loja maçônica ao Vale do
Lavradio, sob denominação de União e Progresso, tendo
um liceu a ela anexo, sob os esforços do engenheiro Miguel
Maria de Noronha Feital, Dr. Heliodoro José da Silva e
capitão Basílio Carvalho Daemon, coadjuvados pelo Dr.
Florêncio Francisco Gonçalves, Manoel Gomes Pereira,
coronel Dionísio Álvaro Resendo, capitão Antônio José de
Matos Lucena, João Antônio Fernandes Magalhães, José
Joaquim de Almeida Ribeiro e Jorge Taverne, os quais
foram instaladores.
Mais tarde, por intrigas e ambições mal cabidas de
dois ou três, separaram-se alguns membros, que ficaram
pertencendo ao Vale dos Beneditinos. Possuía esta loja uma
variada biblioteca, para a qual concorremos com três
caixotes de livros de ciências, literatura, história e artes.

59
Assume a administração da província no mês de
novembro deste ano o 1º vice-presidente coronel Manoel
Ribeiro Coutinho Mascarenhas, estando em exercício do
cargo até 28 de dezembro, por ter sido exonerado o
presidente Dr. Antônio Gabriel de Paula Fonseca.

No período de fundação da mais antiga Loja maçônica no


Espírito Santo. O estado contava com cerca de 40.000
habitantes, possuía apenas 52 pessoas frequentando o
ensino secundário e todas do sexo masculino. Somente em
1869 criou-se o Colégio Nossa Senhora da Penha, em
Vitória, para ministrar este ensino às meninas. Neste
mesmo ano o Liceu da Vitória passou a denominar-se
Colégio do Espírito Santo, e em 1873 transformou-se no
tradicional "Ateneu Provincial" que por muitos anos foi o
principal estabelecimento de ensino do Espírito Santo.

Segundo informações do diretor geral da Instrução


Pública, o irmão Dionísio Álvaro Rosendo, em 1872, havia

60
no Espírito Santo 50 escolas do Ensino Primário para o
sexo masculino e 14 para o sexo feminino.

A grande aspiração dos estudiosos de Vitória nesta época


era a formação de uma biblioteca, no que resultou na
iniciativa, em 1873, da Sociedade Beneficente União e
Progresso de Vitória, que além da biblioteca popular, com
1200 volumes, inaugurou um liceu de Humanidades,
inteiramente gratuito e com cerca de 90 alunos. Seu
diretor era o irmão engenheiro Miguel Maria de Noronha
Feital. Esta instituição deu origem à Escola Normal do
Espírito Santo.

61
MEMÓRIAS DA IMIGRAÇÃO

Apesar de o açúcar apresentar forte memória na atividade


econômica do Espírito santo, foi com a atividade cafeeira
que o estado apresentou forte pujança em crescimento
econômica e grande fluxo migratório intrarregional e
estrangeira.

A ocupação do sul do estado ocorre basicamente


em decorrência dessa expansão de fronteira agrícola,
onde, então pertencente à província do Espírito, Campos
dos Goytacazes e São João da Barra desenvolviam a
monocultura cafeeira (que em 1832 seriam anexadas ao
rio de Janeiro)).

62
Figura 2 Imigrantes Italianos

A migração estrangeira teria destaque na ocupação


do estado, sem perder lembrança aos afro descentes que
iriam constituir a maior comunidade fora da áfrica no
mundo (próximo de 5 milhões), os Italianos viriam a ter
um papel importante nessa fase de criação do que seria o
mosaico étnico cultural do país.

Não distante desta realidade, e com particular


atenção ao Espírito santo, a comunidade Italiana tem
papel primordial nesse processo de configuração social
em seu traço histórico. Pois a memória de Pietro Tabacchi,
que iria ser o nome de batismo do que se denominou a
Expedição Tabacchi, trouxeram a partir do porto de
Gênova 1403 colonos a bordo do navio La Sofia,
63
Imigrantes Italianos, que fugiam de uma Italia com graves
problemas político econômicos fruto de seu momento de
histórico de unificação associado a grande pobreza da
população campesina.

Nessa fase histórica tanto italiana como brasileira,


as terras brasileiras, naquele momento representariam
uma possibilidade de ascensão social através do trabalho
no campo, trabalho este divulgado por Tabacchi, como a
realização do “sonho da América”, que ao chegar ao
Espírito Santo, perceberam grande insalubridade e
pobreza que seria a imagem real do que esses imigrantes
de fato eram.

Este movimento migratório tem uma atenção


especial às memórias não apenas do povo do espírito
santo, mas a memória nacional, pois do pioneirismo deste
feito teríamos o início do grande êxodo migratório italiano
as demais partes do Brasil.

64
Figura 3 Imigração Italiana

Nesse contexto histórico de final do século XIX e


início do século XX na região sul do estado,
especificamente no município de Cachoeiro do
Itapemirim, funda-se a Loja Fraternidade e Luz, em 6 de
setembro do ano de 1898, que no ano de 2018 completa
120 anos de sua existência.
Esta Loja, através de seus obreiros apresenta
relevantes serviços à cidade bem como a todo sul do
estado.
Da data de sua fundação, dentre os diversos
serviços prestados a sociedade civil como um todo se
65
destaca criação da santa casa de misericórdia, do
patronato monte Líbano, a casa da menina e a Escola
Fraternidade e Luz.
Dois anos seguintes, a aproximadamente 120 km de
Cachoeiro do Itapemirim, ainda no sul do estado, com
limites em Bom Jesus do Itabapoana e Itaperuna no
Noroeste do estado do Rio de Janeiro, seria fundada a Loja
Annita em São José do Calçado, especificamente em um de
junho de 1900.
O município de São José do Calçado conta com
pouco mais de 10.000 habitantes (anuário de 2016), sobre
a égide de bandeirantes mineiros e presença marcante de
um membro da colônia suíça de Friburgo Filipe Dinis
Poubel (em 1869).
Assim, numa área doada pelo Coronel José Dutra
Nicácio, em 7 de novembro de 1855, o marco deu início a
povoação que em 1891 viria a se separar definitivamente
de cachoeiro do Itapemirim e tornar-se um município
independente espírito santense.

66
Nesse contexto, no ano de 1900, funda-se a Loja
Annita, acompanhando o histórico processo de evolução
ocupacional no sul do estado.

67
PARTICIPAÇÃO DOS MAÇONS NA PROCLAMAÇÃO DA
REPUBLICA NO BRASIL

A maçonaria brasileira surgiu no Brasil no final século 18,


e o seus membros participaram de vários acontecimentos
históricos, em especial a participação na Proclamação da
República no Brasil.

“A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra


em nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia,
passando a regime francamente democrático com todas as
consequências da Liberdade – Assim iniciava o editorial da
Gazeta da Tarde, da edição de 15 de novembro de 1889.”

A implantação de um Estado Republicano foi, sem dúvida,


o fato histórico mais importante de nosso País e teve como
líderes e idealizadores deste movimento, maçons ilustres
que hoje estão nos nossos livros de História, tais como
Marechal Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Ruy
Barbosa, Campos Salles, Quintino Bocayuva, Prudente de
Morais, Silva Jardim e outros mais.

68
A ideia republicana é antiga no Brasil; nós a vemos na
Guerra dos Mascates (1710), na Inconfidência Mineira
(1788), na Revolução Pernambucana (1817), na
Confederação do Equador (1824), e na Sabinada (1837).

A Revolução Farroupilha, (1835-1845), iniciou como um


protesto aos desmandos e altos impostos do Império,
descambou em uma luta fraticida, culminando na
Proclamação da República de Piratini, mais conhecida
como a República Rio-Grandense.

Portanto, o Brasil clamava pela República! Era uma


questão de Tempo.

O Império Brasileiro estava desgastado e vagarosamente


ruía-se. Iniciou a sua queda em 1870, após a Guerra do
Paraguai, onde, mesmo o Brasil saindo vitorioso daquela
campanha, o Exército, seu principal agente, não foi
devidamente valorizado, causando sérios
descontentamentos. A igreja, por sua vez queria a
liberdade, pois, encontrava-se submetida ao padroado
Imperial.

69
Mas o fato principal, que fez com que o Império perdesse a
sua sustentação, foram as leis antiescravistas, defendidas
fervorosamente nas Lojas Maçônicas Brasileiras. Leis
como a do Ventre Livre (1871), dos Sexagenários (1885) e
finalmente a Lei Áurea (1888).

Atentos a todos estes fatos, os maçons, atuando nas Lojas


como a Vigilância e Fé, de São Borja – RS, Loja
Independência e Regeneração III, ambas de Campinas –
SP, aprovaram um manifesto contrário ao advento do
Terceiro Reinado e enviaram a todas as Lojas Maçônicas
do Brasil, para que tomassem conhecimento e que
apoiassem esta causa. Mais uma vez uma parcela da
maçonaria estava à frente para liderar um Movimento
Democrático.

Em 10 de novembro de 1889, em uma reunião na casa do


Irmão Maçom Benjamin Constant, onde compareceram os
Irmãos Maçons Francisco Glicério e Campos Salles, que
decidiram pela queda do Império. Benjamin Constant foi
incumbido de persuadir o Marechal Deodoro da Fonseca,
já que este era muito afeiçoado ao Imperador. Por fim,

70
Deodoro assumiu o comando do movimento e Proclamou
a 15 de Novembro de 1889, a República no Brasil.

Faz-se necessário aqui uma justiça ao Imperador D. Pedro


II, um homem culto, ponderado, que contrariando a
opinião pública, não lutou pelo trono, pois não queria ver
derramado o sangue de brasileiros, demonstrando um alto
sentimento altruísta, reconhecendo que para o Brasil este
seria o seu novo e melhor destino.

E em resposta dada à mensagem ao Novo Governo diz: “À


vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às
3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das
circunstâncias, partir, com toda a minha família, para a
Europa, deixando esta Pátria, de nós tão estremecida, à
qual me esforcei por dar constantes testemunhos de
entranho amor e dedicação, durante mais de meio século
em que desempenhei o cargo de chefe de Estado.
Ausentando-me, pois, com todas as pessoas da minha
família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança,
fazendo os mais ardentes votos por sua grandeza e
prosperidade.”

71
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889
D. Pedro de Alcântara.

Segue, para o exílio, o Imperador, e com ele, meio século


de história do Brasil imperial. Estava proclamada a
República e voltavam as esperanças de se construir uma
nova nação, dentro dos ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade.

No dia 21 de novembro, o jornal República Brasileira,


publicava o seguinte trecho em seu editorial:

“Comecemos de pensar. Esta República que veio assim, no


meio do delírio popular, cercada pela bonança
esperançosa da paz; esta República no século XIX que
surgiu com a precisão dos fenômenos elétricos, sem
desorganizar a vida da família, a vida co comércio e a vida
da indústria; esta República americana que trouxe o
símbolo da paz, que fez-se entre o pasmo e o temor dos
monarquistas e a admiração dos sensatos – esta República
é um compromisso de honra e um compromisso de
sangue. (…)”

72
A exemplo de todos estes acontecimentos, devemos ter os
mesmos atos de coragem que tiveram os maçons que
fizeram parte da história da humanidade. Temos a
obrigação de agir para que agora, para que no futuro,
sejamos citados pelos maçons que nos sucederem, e que,
da mesma forma, os nossas ações e ideias fiquem
registradas, como cidadãos atuantes, na memória histórica
de cada rua, cada praça, cada bairro, cada cidade, cada
Estado e por toda a Nação Brasileira.

Que esses maçons do futuro tenham em nós, como tivemos


nos maçons do passado, o exemplo motivador da defesa da
cidadania como instrumento de busca de uma sociedade
mais igualitária, mais justa e fraterna, portanto mais feliz.

73
MEMÓRIAS DO POSITIVISMO E DO INÍCIO DA REPÚBLICA
NO ES

Figura 4 Muniz Freire e Afonso Claudio

O final do século de XIX foi um período marcante para o


Brasil, que teria ventos fortes de ideais positivistas que
culminariam na configuração abolicionista e republicana.

As escolas, o vento literário e a mídia promovida por


jornais da época seriam marcantes para este período que
iriam marcar o fim do período imperial no Brasil e no
Espírito santo.

Neste contexto, o jornal O horizonte, cujo redator gerente


era maximino Maia, também simpatizante do positivismo,
circulou em vitória a partir de 1880, e tinha como divisa o
lema “Ordem e progresso”. Desse jornal possui a biblioteca

74
nacional diversos números de 1883 a 1885. Foram seus
colaboradores Peçanha Távora, Eliseu Martins, Cerqueira
Lima, Manoel Rodrigues campos, entre outros. Mantinha
uma seção para estudantes, na qual estrearam nosso
irmão Nilo e Alcibíades Peçanha, que futuramente se
tornariam respectivamente presidente e ministro do
Brasil, em 1910 e Soberano Grão Mestre do Grande
Oriente Brasil em 1927, então alunos do Ateneu
Provincial do Espírito Santo. Pregando abolição,
aplicava O Horizonte aos libertados o que recebia dos
anúncios sobre escravos.

Contudo, foi no jornal a província do espírito santo fundado


por Muniz freire 1882. Linha editorial liberal (até a queda
da monarquia) foi quem recebeu e comunicou a notícia
vinda do Rio de Janeiro.

Este foi o veículo de comunicação escolhido por Afonso


Cláudio, nomeado governador provisório do Estado em
novembro de 1889.

75
MEMÓRIAS DA REPUBLICA VELHA

O período da república velha iniciada ao fim da república


da espada retrata uma nova fase da república brasileira
onde a agricultura para exportação em sistemas
monocultores ganha grande expressão.
Nesse momento expoentes irmãos assumem o controle
nacional dessas atividades, como líderes, empresários,
proprietários de terras, governadores, presidentes e etc.
Dentre vários se observa os irmãos Prudente de
Moraes (3º presidente do Brasil), Campos Sales (4º
presidente do Brasil), e especial atenção ao irmão Nilo
Peçanha, que estuda no ateneu do espírito santo, e que
viria fazer parte da assembleia constituinte e em seguida
acumularia a função sucessiva de senador e governador do
Rio de janeiro de modo sucessivo, até vir a tornar-se
presidente do Brasil.
No espírito Santo nosso irmão Afonso Cláudio viria
a se tornar o primeiro governador desta nova fase da
política nacional para o estado do espírito santo.

76
O centro econômico da República Velha é também a
principal atividade econômica no Espírito Santo, a saber, a
atividade agrícola, em fase já estabelecida de núcleos
migratórios desde as cercanias da capital até as regiões
serranas, norte e sul do estado.

De modo interessante essa evolução é expressa na


expansão geográfica das Lojas maçônicas no estado, onde,
ainda em atividade, relacionam-se as lojas:

 Fraternidade e Luz nº 0623, fundada em set/1898,


em Cachoeiro de Itapemirim.
 Annita (1º de junho de 1900) em São José do
Calçado
 Liberdade e Luz (1º de novembro de 1926) em
Guaçuí
 Nilo Peçanha (13 de maio de 1927) em Colatina
 Amor e Justiça 1126 (2 de dezembro de 1934) em
Alegre Presidente Roosevelt 1209 (3 agosto de
1945)em Mimoso do sul
 Fraternidade Guanduense 1396 (30 de janeiro de
1955) em Baixo Guandu.

77
Já em processo de expansão para a capital a Loja que iria
homenagear nosso irmão

 Domingos Martins 1439 (três de junho de 1956)


em Vitória,
 14 de julho (sete de setembro de 1956) em Barra
de São Francisco.

O que notadamente se observa que das 10 Lojas


mais antigas em atividade no estado 8 delas se encontra
fora da capital, isto em decorrência das atividades
econômicas relacionadas a atividades do setor primário
no interior do estado.

Atividade esta que sofreria um golpe decorrente de


uma grande crise internacional, a saber, a quebra da bolsa
de valores de Nova Iorque, que arrastaria o mundo para
uma das mais graves crises econômicas e institucionais do
capitalismo, onde fim de uma economia voltada para o
setor primário penalizaria muito o estado do Espírito
Santo.

Isto levaria o Espírito Santo a uma grave crise, bem


como a mudanças em suas atividades políticas. A
78
maçonaria, como em todas as memórias do estado não
ficaria distante desta realidade de evolução temporal.

Ponte: Florentino Avidos

Florentino Avidos foi eleito em 1924 e seu governo


foi marcado pela construção de pontes, a saber, ponte de
Colatina, que viria a acelerar a ocupação populacional do
norte estado. Em vitória foi feita a primeira ponte, hoje
conhecida como ponte Florentino Avidos, que liga a capital
a vila velha. Hoje restaurada e tombada pelo patrimônio
histórico. Até para este fato observa-se a sinergia da
maçonaria com seu tempo, pois valorosos obreiros
entendendo este momento de evolução do norte do estado

79
em homenagem a nosso irmão fundou-se a Loja Nilo
Peçanha em 1927.

Contudo, esta grave crise, mudaria todo cenário


nacional, e não distante a isto, a realidade do Espírito
santo. Pois a evolução deste momento econômico e
histórico conduziria o país a uma revolução que
conduziria Getúlio Vargas ao cenário nacional e forte
intervenção do Estado na economia e na política

80
MEMÓRIAS DA INTERVENÇÃO
GETULIO VARGAS

Com crise internacional, gerado pelo momento americano,


todos os países do mundo foram arrastado por esta grave
recessão, e, em especial, países que exportavam produtos
com baixo valor agregado. Que é o caso do Brasil e, de
forma particular, estados como o Espírito Santo.

Getulio Vargas assume a presidência do Brasil com


características fortemente interventoras e nacionalistas,
diga-se, que essa era uma tendência internacional, a saber,
o Estado assumir funções econômicas, com práticas
denominadas Keynesianismo.

Além destas características políticas e econômicas, o


presidente Getúlio Vargas, iniciou um movimento muito
significativo em âmbito nacional, que seria a transição de
um país agroexportador para um país urbano-industrial.
Isto iria refletir rapidamente na migração do campo para a

81
cidade (êxodo rural) e as capitais metropolitanas iriam
aumentar rapidamente seu contingente populacional.

O Espírito Santo e a maçonaria iriam de forma integral


reproduzir todas essas realidades. Inicialmente, em 1930,
Aristeu Borges, então presidente de Estado, apoiou a
candidatura de nosso irmão Julio Prestes, da Loja
Piratininga, no Oriente de São Paulo, e ,por isso, foi
deposto com a revolução de 1930. Getúlio Vargas nomeia
Punaro Bley como interventor no Estado. Bley ficou no
poder entre 1930-1943. Investiu na saúde, criando
hospitais e leprosarias. Sanou as finanças do Estado , em
situação ruim , depois dos governo republicanos.
Focalizou a agricultura como a principal produção
capixaba.

Um importante leprosário instalado no Espírito Santo é o


Educandário Alzira Bley, nome que homenageia a esposa
de Punaro Bley, que ainda se encontra em franca
atividade. Localizado em Cariacica, completando mais de
70 anos de atividades, ainda hoje, é uma importante caixa

82
de amparo. E totalmente subsidiado por filantropia,
inclusive com ativa participação desses autores.

Jones Santos Neves assumiu o governo entre 1943 e 1945.


Ele foi o articulador político, no estado, do processo de
transição para a democracia. Neste mandato, ele executou
os planos de obras e equipamento e fomento de produção.
Esses planos visava saneamento, aumento na produção,
melhorias no transporte, e incentivo à industrialização.
Ofereceu vantagens especiais para quem instalasse novas
indústrias que aproveitasse a matéria prima existente no
estado.

83
Figura 5 Educandário Alzira Bley

Vale a importante ressalva que durante este período as


Lojas maçônicas multiplicam de forma muito significativa,
no eixo da capital, bem como também a multiplicação de
seus obreiros. Não obstante a isto uma sucessão de Lojas
que, nesta presente data, completando jubileu de ouro,
iriam iniciar o movimento político que iria criar o GOMES
e GOB-ES, bem como a fundação das grandes Lojas (estas
com apoio das Grandes Lojas do Rio de Janeiro, no oriente
de Niterói).

84
MEMÓRIAS DOS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS

Figura 6 Jones Santos Neves

Jones Santos Neves assumiu o governo entre 1943 e 1945.


Ele foi o articulador político, no estado, do processo de
transição para a democracia. Neste mandato, ele executou
os planos de obras e equipamento e fomento de produção.
Esses planos visava saneamento, aumento na produção,
melhorias no transporte, e incentivo a industrialização.
Ofereceu vantagens especiais para quem instalasse novas
indústrias que aproveitasse a matéria prima existente no
estado.

85
Carlos Lindenberg venceu as eleições e assumiu o 1º
mandato democrático pós Estado Novo (1947-1950). O
seu governo foi caracterizado pelo apoio à agricultura
.Continuou o processo de expansão para o norte ,
entregando as terras devolutas (pertencente ao governo)
a novos fazendeiros. Seu empenho em possibilitar o
aparecimento das indústrias foi tímido , apesar de seu
governo ser marcado pela construções de hidrelétricas. Na
educação , fundou a faculdade de medicina , federalizou a
de direito e reabriu a de odontologia.

Jones Santos Neves, volta ao governo do estado, agora


eleito pelo povo. A sua meta era industrialização do estado
, por meio de um planejamento prévio. O governo passou a
intervir diretamente na economia, a fim de criar condições
de infraestruturas que proporcionasse o arranque
industrial. O plano de valorização priorizou quatro
setores: Porto de Vitória, energia elétrica, malha
rodoviária e fomento de produção. O porto de Vitória foi
aparelhado para reparo e construção de barcos. Foi feita
uma dragagem da baía, para possibilitar a entrada de
embarcações com maior capacidade de carga. Ainda foram
86
feitas construções no cais de carvão e instalação de
aparelhagem moderna. Na questão de energia elétrica, a
construção de inúmeras hidrelétricas (Suíça, Rio Bonito).
Já na malha rodoviária, seus feitos são a ampliação e
asfaltamento das rodovias Vitória – Colatina , Cachoeiro –
Alegre e a pavimentação da rodovia Vitória – Cachoeiro.

Na educação, é criada a UFES e a Escola Politécnica com o


objetivo de preparar e qualificar a mão de obra do estado.
Também criou o IBES (Instituto do Bem-Estar Social), um
conjunto habitacional com verbas estaduais, que visava à
criação de residências populares para operários.

87
Figura 7 Foto: Início construção UFES

Francisco Lacerda, Chiquinho, põe fim na hegemonia


do PSD no estado. Eleito pela Coligação Democrática;
Chiquinho era populista. O seu governo era voltado para a
área rural. O incentivo a agricultura, o fortalecimento da
agroindústria do leite e estações de tratamento de água
foram seus principais feitos. Porém Chiquinho enfrenta
um grave problema. O café capixaba é acusado de conter
pragas o que gera a segunda crise cafeeira. O café é
erradicado, e como consequência várias famílias se veem
obrigadas a se mudarem para a cidade, provocando, um
êxodo rural.
88
Carlos Linderberg assume novamente o governo do estado
(1959-1962). Importantes fatos ocorrem em seu governo.
A transferência da Vale do Rio Doce, a construção do Porto
de Tubarão, a federalização da UFES. Ele também levou luz
elétrica para cidades do interior.

Figura 8 Porto Tubarão

Lacerda vence novamente as eleições, com a promessa de


erradicar o analfabetismo, o seu segundo governo foi
marcado por ser interrompido pela ditadura militar.
Inaugurou o Porto de Tubarão, há uma tentativa de
industrialização.

89
OS GRANDES PROJETOS INDUSTRIAIS

No final da década de 1960, começara a ser viabilizada a


instalação de projetos industriais no Espírito Santo,
principalmente nos setores siderúrgico e paraquímico.
Esses setores receberam especial destaque nas
prioridades do Plano Nacional de Desenvolvimento - I
PND - que visava, dentre outras coisas, tirar proveito
econômico do espaço brasileiro, associado à
disponibilidade de recursos humanos, com aplicação de
recursos de capital já assegurados às novas regiões. A
estratégia desenvolvimentista também abrangia o Plano
de Integração Nacional, com implicações demográficas e
com projetos estratégicos que priorizavam regiões menos
desenvolvidas e periféricas. A política do Governo
Estadual de divulgação das vantagens locais do Espírito
Santo juntamente com os PNs abriram possibilidades de
implementar os Grandes Projetos Industriais no Estado. A
cidade de Vitória não possuía infraestrutura para receber
o grande fluxo migratório que, com o advento do
desemprego no campo, se deslocou em sua direção

90
durante e após a implementação das indústrias que fazem
parte dos Grandes Projetos Industriais. A instalação dessa
população no pequeno espaço físico da cidade gerou a
expansão de favelas e a ocupação do manguezal na área
oposta ao Oceano. Por outro lado, a cidade recebeu
aterramentos que redefiniram suas fronteiras,
aumentando o seu tamanho, o que ocasionou uma
mudança radical na fisionomia urbana da capital capixaba.
Ocorreu a explosão imobiliária, a pavimentação de vias,
criação de praças e logradouros, além de o comércio do
centro da cidade ser deslocado para a região norte da
cidade, onde novos bairros foram criados para a melhoria
de vida para as populações capixabas.

91
MEMÓRIAS (GOMES)

A deliberação sobre a Fundação do Grande Oriente do


Estadual deu-se a 12 de Junho de 1978, no Templo da
Centenária Loja Maçônica União e Progresso, quando se
reuniram um grupo de Veneráveis Mestres de diversas
Lojas Maçônicas localizadas na região da Grande Vitória,
assim relacionados: Samuel Antonio Moisés (União e
Progresso), Edimir Leite Rosetti (Domingos Martins),
Joacy da Silva Palhano ((Humildade e Fraternidade),
Jayme Bulhões (Acácia Vilavelhense), José Furtunato
Laurentino (Aníbal Freire), e, Rogério Américo Nonato
(Américo de Oliveira), Todas estas Lojas estão localizadas
na região da Grande Vitória;

Finalmente, em 13 de Agosto de 1978, no Templo da Loja


União e Progresso, com a presença de 22(vinte e dois)
Veneráveis Mestres das 26(vinte e seis) Lojas Maçônicas
existentes à época, realizou-se a Sessão Magna de Criação
do Grande Oriente do Estado do Espírito Santo, sob a
Presidência do Irmão Fenelon Barbosa da Silva;

92
Do marco inicial da fundação da primeira Loja
Beneficência 0007 em 1932 e Fraternidade e Luz no ano
1898 em Cachoeiro do Itapemirim, ambas com seus
trabalhos no Rito Escocês Antigo e Aceito, até o ano de
1956 fundaram-se mais oito Lojas maçônicas espalhadas
por todo o estado.

Na sequencia cronológica são as Lojas:

Terceira – Annita (1º de junho de 1900) em São José do


calçado.

Quarta – Liberdade e Luz (1º de novembro de 1926) em


Guaçuí .

Quinta – Nilo Peçanha (13 de maio de 1927)em Colatina

Sexta – Amor e Justiça 1126 (2 de dezembro de 1934)em


Alegre.

Sétima – Presidente Roosevelt 1209 (3 agosto de 1945)


em Mimoso do sul

Oitava – Fraternidade Guanduense 1396 (30 de janeiro de


1955) em Baixo Guandu

93
Nona – Domingos Martins 1439 (3 de junho de 1956)em
Vitória

Décima - 14 de julho (sete de setembro de 1956) em Barra


de São Francisco

Todas estas Lojas executam seus trabalhos no Rito


Escocês Antigo e Aceito.

O Grande Oriente da Maçonaria do Espírito Santo,


carinhosamente chamado de “GOMES”, com a
promulgação da nova Constituição em 07 de junho de
2008, passou a denominar-se GRANDE ORIENTE DO
BRASIL – ESPIRITO SANTO. Hoje com 97 Lojas do estado

94
MEMÓRIAS DE UMA RECONCILIAÇÃO MAÇÔNICA

No capítulo acima relatamos a criação do que viria a se ser


a fundação do Grande oriente maçônico do Espírito Santo,
contudo, esta memória de grande êxito na formação de
nosso Oriente foi cercada de grandes tensões e
divergências de ideias, fortemente gravada na vida dos
irmãos que contribuíram com esta importante capítulo de
nossa história.

Em tempos de grande prosperidade, resultado da política


econômica nacional do milagre econômico, associado a
forte felicidade provocada pela conquista do Tri
campeonato mundial, a maçonaria iria galgar seus
próximos passos na conquista de seus anseios, que seria, a
evolução do quadro de uma delegacia para um Oriente.

Ainda na condição de uma delegacia do GOB, no início dos


anos de 1970, por suspeição de irregularidades na
administração do GOB, um conjunto de irmãos fundaram o
que viria se denominar de GOES (Grande Oriente do

95
Espírito Santo), sendo necessário para tal feito uma
composição de 5 Lojas.

Prontamente três Lojas se uniram para esta


formação, seriam elas, Hermínio Blackman, Nilo Peçanha e
Baunilha. Nesta evolução, irmãos pertencentes ao quadro
de obreiros destas Lojas iniciariam os trabalhos de
fundação da Loja Acácia de Guarapari, que viria a ser
fundada no ano de 1973, tendo como um dos principais
objetivos, esta relação.

Esta cisão que daria a origem ao GOES, no Espírito Santo,


também irá ocorrer nos estados de São Paulo e Minas
Gerais. Este grande desembarque do GOB daria origem a
uma potência maçônica chamada COMAB (Confederação
Maçônica do Brasil), tendo como Grão Mestre de Minas
Gerais, o irmão Atos Vieira de Andrade e no Espírito Santo
o irmão Ivan Neiva Neves, contudo, o Oriente de São Paulo
(separado do GOB) que iria dar suporte, ao, então
fundado, Grande Oriente do Espírito Santo (GOES).

96
Entretanto, há uma interessante e curiosa memória na
fundação da Loja Acácia de Guarapari. Em contribuição
afetiva, o irmão Manoel Guimarães, um dos mestres
construtores desta oficina nos relata o fato. Irmão
Guimarães, relata que ao fim da construção da oficina,
precisava-se resolver quem se instalaria como venerável
mestre da Loja, isto, em diálogo, com o Irmão Elias Habud,
onde precisavam finalizar a questão. Em grande enlace de
fraternidade e amizade, criou-se um pequeno impasse
sobre a questão, e não era questão de desarmonia
qualquer de ambos virem a ser. Então, lançaram a sorte ao
Grande Arquiteto do Universo, e, num jogo de palitos,
definiu-se que seria o Irmão Elias Habud.

Nesta evolução, com o Venerável Mestre Elias Habud, faz


sua primeira iniciação do Irmão Pedro de Oliveira. Já
costurando politicamente com a Loja Américo de Oliveira,
tendo como venerável o irmão Jackes Marques Pereira,
para, assim, compor a quinta Loja que permitiria a
fundação do Grande Oriente do Espírito Santo, contanto
com a cooperação do Grande Oriente de São Paulo
desfederalizado do GOB.
97
Também em meados dos Anos de 1970, funda-se o
GOMES. Tendo como Grão-mestre o irmão Edimir Leite
Roseti e Grão Mestre Adjunto o irmão Paulo Alves da Silva.
Seguindo de forma paralela ao GOMES, o GOES
(classificado como Espúrio ao GOB) tendo o Irmão Ivan
Neiva Neves como Grão Mestre, sendo vedada a
intervisitação.

Contudo, as Lojas Nilo Peçanha, Baunilha, Américo de


Oliveira e Hermínio Blackman, gradualmente retornariam
as fileiras do GOB, restando por último a Loja Acácia de
Guarapari, que, por fim, também retornaria ao GOMES
federado, com anistia ampla e irrestrita. Pondo fim ao
GOES, construindo assim uma única potência Gobiana.

98
MEMÓRIAS CRIAÇÃO COMAB
Ata cópia do original na integra

99
100
101
MEMÓRIAS GOMES PARA GOB-ES

A exemplo do Grande Oriente do Brasil cuja estrutura se


assemelha à de uma Nação instituída nos padrões
democráticos ditados por Montesquieu, o Grande Oriente
do Brasil – Espírito Santo é constituído de três poderes,
amparados por uma constituição, a saber: O legislativo, o
executivo e o judiciário, além de um órgão fiscalizador que
funciona como órgão auxiliar de controle externo.
Originalmente constituído como Grande Oriente da
Maçonaria do Estado do Espírito Santo – GOMES – teve a
sua nomenclatura alterada pelo Poder Central a que é
federado com o advento da Constituição do GOB de 2008.
A autonomia do Grande Oriente do Brasil

102
Seguido a isto, na microrregião de Cachoeiro do
Itapemirim, especificamente em Guaçuí, funda-se a Loja
Liberdade e Luz ao 1º de novembro de 1926.

Distante 230 quilômetros da capital, “A pérola do


Caparaó”, a saber, a cidade de Guaçuí,é município de é uma
evolução territorial do café, onde um pequeno exército de
Manoel José Esteves de Lima, que no momento da
ocupação se encontrava com apenas 23 anos e seu grupo
se encontrava com apenas 72 homens, estes que fugiam da
decadência do ouro e novas possibilidades de terras e
riquezas.

Em 1927, na cidade de Colatina funda se a Loja Nilo


Peçanha

- Tem como lema: o trabalho tudo vence

- ocupado por imigrantes italianos, alemães e


portugueses, além de forte mistura com a população local
(índios botocudos).

- obra importante a construção sobre o rio doce

- pouco mais de 120 Km da capital

103
- Cortado pelo Rio doce

- Evolução da ocupação do café

- em 1928 a ocupação da estrada de ferro Mina a Vitória

- pertencia a Serra e seguidamente se subordina a


Linhares

-em 1907 Colatina passa a ser sede do município


(anteriormente pertencia a Linhares) Liderado pelo
Coronel Alexandre Calmon

- em 30 de Dezembro de 1921 foi criado o município de


Colatina, separado de Linhares.

- em 1945 Linhares se separa de Colatina se tornando


Independente.

Loja Amor e justiça, município de Alegre e se encontra a


189 Km da capital

- imigração relevante de sírios e libaneses e é nítida a


presença de libaneses no comércio local

104
- Manoel Esteves de Lima, a procura de terras férteis para
a exploração agrícola, 72 homens, sendo a maioria de
negros e índios.

Atividades relacionadas a agricultura, ainda hoje


representando próximo de 28% da atividade do PIB ,
sendo a maior parte da atividade econômica relacionada
ao setor de comércio e serviços.

- destaque para o café arábico, produzido com alta


tecnologia em parceria com o SEBRAE

- importante cidade universitária no sul do estado,


presença de IFES e campus da UFES.

- setor terciário envolto no capital gerado pela agricultura.

A Loja presidente Roosevelt presente em Mimoso do Sul

- recebeu um número grande de imigrantes italianos

- posição geográfica favorável, fica a 44 Km de cachoeiro


do Itapemirim e a 87 Km de Campos dos Goytacazes e a
173km de vitória, com grande facilidade de entrada de
produtos

105
- principal produtora de café do sul do estado

Principal atividade relacionada a produção agrícola e


agropecuária de corte e gado leiteiro.

- atividade econômica relacionada a mineração.

Loja Fraternidade Guanduense em Baixo guandu fundada


em 30 de janeiro de 1955

- Distrito subordinado a Colatina emancipado em 1935

- localizado no meio de uma das principais vias, por terra e


por rio que ligava o interior mineiro aos portos do litoral
capixaba, em 1907 chega a localidade os trilhos da estrada
de ferro vitória a minas

- município com forte movimento migratório por parte de


colonos principalmente italianos com destino a cultura do
café.

Atividades primárias relacionada a mineração e pecuária


leiteira.

Loja Domingos Martins, em Vitória.

106
14 de julho (7 de setembro de 1956)Barra de São
Francisco

- Barra de são Francisco localizada no norte do estado

- fonte renda esta a extração de granito, a agricultura e o


comércio.

- Lavradores oriundos de Minas e de Colatina a procura de


terras devolutas e férteis estabelecem-se na confluência
dos rios Itaúnas e São Francisco .

- instalado em 1944, desmembrado de São Mateus, é


criado o município de Barra de São Francisco.

107
MEMÓRIAS FUNDAÇÃO GRANDE LOJA DÉCADA 70
Texto Past. Grão-Mestre Ir. José Américo Merlo

Nossa história inicia-se antes do ano de 1970, quando uma


plêiade de maçons, resolvem fundar uma Loja Maçônica
no Bairro Campo Grande - Município de Cariacica ES, sob
os auspícios do Grande Oriente do Brasil.
Formalizado o processo, a diretoria tinha como Venerável
Mestre o Ir. Israel Louzada e como Secretário o Ir. Joel
Pereira das Neves. Após longos meses de espera, o pedido
é indeferido.

Mesmo assim, as reuniões prosseguiram com os Irmãos


Anadir Rodrigues de Souza, Honofre Moura da Silva, Joel
Pereira das Neves, Rafael Moraes da Silva, Ely Duarte
Lessa, Nelço Gonçalves Marques, Hilarino Ferreira da
Silva, Israel Louzada, Walter Rubert e Sebastião Rodrigues
de Souza.

108
No início do ano de 1970, outros irmãos da Loja Dr.
Américo de Oliveira, filiada ao Grande Oriente do Brasil,
juntaram-se a estes, para fundarem a Grande Loja do
Estado do Espírito Santo. Em 01 de setembro de 1970, é
encaminhado prancha à Grande Loja do Estado do Rio de
Janeiro, nos seguintes termos:

Os signatários desta, Mestres Maçons como provam os


documentos anexos, não pertencentes à jurisdição dessa
Grande Loja, vem por intermédio das Luzes da Aug:. E
Resp:. Loja Independência nº 19 desse Or e da Obediência
da Grande Loja do Rio de Janeiro, solicitar vossos bons
ofícios no sentido do que os referidos signatários, bem
como da relação e documentos apensos, obtenham
regularidade no seio dessa Grande Loja e consequente
possibilidade de ingressarem na Cadeia de União da
Fraternidade Universal, onde convivem os Maçons
reconhecidos pela superfície da terra, com a viabilidade
ainda, de fundarmos Lojas Simbólicas Justas, Perfeitas e
Regulares, outorga de Carta Constitutiva e ainda mais, a
fundação de uma Grande Loja no Estado do Espírito Santo.

109
Outrossim, solicitamos que nos forneçam, caso
nossa súplica mereça acolhimento, tudo quanto for
necessário ao desempenho de nosso propósito, inclusive
como deveremos proceder na organização dos processos,
fundação de Lojas, fundação da Grande Loja do Estado do
Espírito Santo e demais medidas e exigências a serem
adotadas. Confiantes no atendimento e rogamos ao GADU,
que nos ilumine e guarde, subscrevemo-nos,
Fraternalmente,

 Aly Edmundo Poletti


 Plínio Gustavo Lourosa
 Moacyr Rosado
 Sebastião dos Santos
 Sebastião Rodrigues de Souza
 Joel Pereira das Neves
 Osmar Ruzzi
 Joaquim Coelho Pinto
 Jerônimo Bersani
 Alfredo Tavares da Silva
 Frontem Coelho
 Jorge Coutinho de Oliveira

110
 Agilberto Barbosa
 José Elmo Silvestre
 Fernando Campanhole
 Arthur Araújo
 Levy Nunes
 Paulino Bispo dos Santos
 Venil Campanha
 Avelino Gonçalves da Silva
 Raimundo de Almeida e Silva
 Osmar Amaral
 Onofre Moura da Silva
 Nelço Gonçalves Marques
 Vicente Santório Fantini
 Gilson Tótula
 Anadir Rodrigues de Souza
 Ely Duarte Lessa
 Hilário Theodoro Ferreira
 José Rossister Neves
 Doroteu Lourenço dos Santos
 Ildebrando Campanhole
 José Campos

111
 Sid Macrini Leite
 Mobel Montebelo Pimentel e
 Denizar Francisco da Silva

Estes Maçons estão inseridos no decreto-Lei 008\70 de 7


de novembro de 1970, como fundadores.

Através do decreto-lei nº 008\70 de 07 de novembro


1970, assinado pelo Grão Mestre Waldemar Zveiter,
amplia a jurisdição da Grande Loja do Rio de Janeiro a
todo território do Estado do Espírito Santo, como uma
necessidade de difundir os postulados da sublime
Instituição através de Lojas Maçônicas e considerando a
súplica dos irmãos através da prancha datada de 1 de
setembro de 1970, com a finalidade de constituir Lojas
Maçônicas, regularizar os irmãos constantes da relação,
com iguais direitos e deveres, na forma da Constituição.

Através do Decreto-Lei nº 009\1970 de 07 de novembro


de 1970, considerando a regularidade dos IIr:. E pôr
intermédio da Loja Independência nº 19, do Oriente de
Niterói – RJ, ficou decretado a fundação das seguintes
Lojas Simbólicas:

112
 Loja Simbólica Independência, com vigência
a contar 05\09\1970;
 Loja Simbólica Salomão Guinsburg, com
vigência a contar 07\09\1970;
 Loja Simbólica sete de setembro, com
vigência a contar de 07\09\1970.

No mesmo decreto, concede carta constitutiva provisória,


diplomas legais e demais privilégios para trabalharem nos
graus simbólicos do R.E.A.A.

Como as Lojas criadas, tem por objetivo a fundação da


Grande Loja do Espírito Santo, receberam os números de
registro com a Independência nº 1, Salomão Guinsburg
nº2 e sete de setembro nº 3 e marca para 07 de novembro
a cerimônia de instalação, no Oriente de Vitória – ES.

Através do ato nº 057\70 é convocada em caráter


extraordinário à assembleia da grande Loja do Rio de
Janeiro, para a reunião de fundação da Grande Loja do
Espírito Santo.

113
A reunião foi realizada à Rua Alberto de Oliveira Santos,
59 – 10º andar do edifício Ricamar, Centro – Vitória – ES,
com as Lojas Independência, Salomão Guinsburg e Sete de
Setembro, tendo representação das Lojas Independência
nº 19, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, Hiram nº 07 e
DeMolay nº 27, da Grande Loja do Rio de Janeiro.

Assumindo a presidência dos trabalhos o Grão Mestre Ir.


Waldemar Zveiter, dizendo que o fazia com grande júbilo e
intenso contentamento visto que as três Lojas fundadoras
eram suas jurisdicionadas, que teve a honra de
regularizar, por meio de decreto-lei próprio, os mestres
fundadores das referidas Lojas e que, por via de
consequência, eram justas, perfeitas e regulares.

Por votação unânime da assembleia, as 22:35 horas do dia


07\11\1970, o Grão Mestre Ir:. Waldemar Zveiter, declara
fundada a Grande Loja do Espírito Santo. Congratulou-se
com os irmãos de Vitória, pelos esforços e perseverança na
conquista sublime de suas reinvidicações.

Em seguida foi proclamada a primeira administração da


Grande Loja, tendo como Grão Mestre o Ir:. Aly Edmundo

114
Poletti e como Grão Mestre Adjunto o I:. Plínio Gustavo
Louroza, como 1º Gr:. Vigilante o Ir:. Moacir Rosado e 2º
Gr:. Vigilante o Ir:. Sebastião dos Santos.

Os trabalhos foram suspensos, para redação da ata de


fundação e outros documentos, ficando a reabertura dos
trabalhos para o dia 08 de novembro às 08:00 horas, no
mesmo local.

No dia 08 de novembro, os trabalhos foram reabertos pelo


Grão-Mestre da Grande Loja do Espírito Santo Ir:. Aly
Edmundo Pollleti, tendo recebido a carta constitutiva e de
reconhecimento, conforme edição do ato legislativo
016\70 datado de 08 de novembro de 1970, onde a
Grande Loja do Rio de Janeiro expede Carta Constitutiva e
de Reconhecimento a Grande loja do Espírito Santo, com
expedição de diplomas e outros documentos.

Durante o cerimonial, foram ofertados pelo Grão-Mestre


do Rio de Janeiro, ramos de Acácia, bolo, vinho e troca de
alianças, dizendo: “Bendita Acácia da Imortalidade,
augusto símbolo da sabedoria, que tuas raízes se aflorem
no coração da humanidade para transmitir-lhes a seiva

115
vital da luz, que tuas florações infundam o ideal de Paz,
Harmonia e Justiça no ser humano para que o mundo seja
coroado de obras bonançosas e a humanidade cimente e
consolide a felicidade que tem o direito de usufruir.”

Com a entrega da Carta Constitutiva de Reconhecimento,


“Ficais integrado na Cadeia de União dos maçons Livres
Antigos e Aceitos, que pertencem a corrente da Maçonaria
Universal, para que prevaleçam sempre entre os obreiros,
o amor fraternal, o auxílio mútuo e a verdade, para que as
Lojas se estreitem, a fim de fortificar, cada vez mais, o
vínculo de amizade fraternal.”

Figura 9 Foto: INDEPENDÊNCIA N.º 01 - Ano 2018


116
O Grão-Mestre Ir:. Aly Edmundo Poletti, ofertou taça de
vinho, dizendo: “Eis aqui o vinho! Este cálice é o da
amizade, símbolo de vida! Bebamos por ele e apuremos
seu conteúdo até a última gota, rogamos ao Soberano
Construtor do Universo, que nos conceda sempre a
ventura de podermos mitigar a sede, neste néctar bendito
e não permita jamais que tenhamos de levar a nossos
lábios outro cálice, o da amargura e símbolo da
adversidade, jurando coragem e fidelidade recíproca.

Atualmente com 106 lojas instaladas no ES, a Grande Loja


Maçônica do ES está distribuída em todas as regiões e em
quase todos municípios do Estado.

RELAÇÃO DE LOJAS EM ORDEM NUMÉRICA


Loja
INDEPENDÊNCIA N.º 01
SETE DE SETEMRO N.º 02
SALOMÃO GINSBURG N.º 03
FRATERNIDADE E LUZ N.º 04
PRIMEIRO DE MAIO N.º 05
DOM PEDRO I N.º 06

117
MÁRIO BHERING N.º 07
FRATERNIDADE UNIVERSAL N.º 08
DR. DANIEL CORRÊA TRINDADE N.º 09
EUGÊNIO MENEGHELLI N.º 10
MESTRE HIRAM N.º 11
CAVALHEIROS DA ORDEM N.º 12
JARDIM DAS ACÁCIAS N.º 13
FRANCISCO ALVES COUTO N.º 14
SILAS COSTA CAMARGO N.º 15
BADEN POWELL N. .º 16
DOMINGOS JOSÉ MARTINS N.º 17
CAVALEIROS DA LUZ N.º 18
RETIDÃO E JUSTIÇA N.º 19
REDENTORA N.º 20
ORVALHO DO HERMON N.º 21
MONTE MORIÁ N.º 22
MENSAGEIROS DA PAZ N.º 23
JOÃO BAPTISTA CELESTINO N.º 24
REPUBLICANA N.º 25
VALE DO CANAÃ N.º 26
BELMIRO TEIXEIRA PIMENTA N.º 27
118
MONTE DAS OLIVEIRAS N.º 28
15 DE NOVEMBRO N.º 29
GONÇALVES LÊDO N.º 30
FRATERNIDADE ABSOLUTA N.º 31
ANTÔNIO MACEDO FILHO N.º 32
JACQUES DEMOLAY N.º 33
FRATERNIDADE MONTANHENSE N.º 34
PAPA JOÃO XXIII N.º 35
ORÁCULO DE ELÊUSIS N.º 36
ESTRELA DO ORIENTE N.º 37
19 DE NOVEMBRO N.º 38
UNIÃO FRATERNAL DE FUNDÃO N.º 39
DEFENSORES DA LEI N.º 40
HIRAM ABIB N.º 41
OS INCONFIDENTES N.º 42
MONTE SINAI N.º 43 (Rito Schröder)
LUZ DA MONTANHA N.º 44
VALE DA LIBERDADE N.º 45
SEBASTIÃO RODRIGUES DE SOUZA N.º 46
EXPERIÊNCIA E SABEDORIA N.º 47
VIGILANTES DA ÁGUIA N.º 48
119
WALMOR LAURANT PINTO MACHADO N.º 49
CARIDADE E SILÊNCIO N.º 50
VALE DO CRICARÉ N.º 51
FÊNIX N.º 52
ERIBERTON SCCOCO FERREIRA DOS MONTES
N.º 53
ARAUTOS DA LIBERDADE N.º 54
CASTELO DAS ACÁCIAS N.º 55
FRANK SHERMAN LAND N. .º 56
SENTINELA DA PAZ N.º 57
FORÇA E UNIÃO N.º 58
LUZES DA ILHA N.º 59
ORLI SCARDUA N.º 60
ACÁCIA DA BARRA N.º 61
CASTELO DE LUZES N.º 62
LUZES DA SERRA N.º 63
REI SALOMÃO N.º 64
TIRADENTES N.º 65 (Rito York)
ACÁCIA DE GUAÇUÍ N.º 66
SEARA DA PAZ N.º 67
COLUNAS DE JETIBÁ N.º 68
120
UNIÃO E PAZ N.º 69
COLUNAS DE JERUSALÉM N.º 70
LUZES DA AMÉRICA N.º 71
FRATERNIDADE ALEGRENSE N.º 72
HÉLSIO PINHEIRO CORDEIRO N.º 73
LIVRES PENSADORES N.º 74
COMPASSO DO CRIADOR N.º 75
ESTRELA DE DAVID N.º 76
FILHOS DE HIRAM N.º 77
VALE DO SOL POENTE N.º 78
MONTE SIÃO N.º 79 (Rito de Emulação)
MONASTÉRIO DO SINAI N.º 80
PERSEVERANÇA, INTEGRAÇÃO E LUZ N.º 81
BARAQUIEL PINTO DE MEDEIROS N.º 82
JOÃO JOSÉ SPALA N.º 83
GILTO LEPRE DOS REIS N.º 84
CIDADE DE VITÓRIA N.º 85
ALY EDMUNDO POLETTI N.º 86
INSPIRAÇÃO E LUZ N.º 87
VIGILÂNCIA E PROGRESSO N.º 88
CIDADE DE VILA VELHA N.º 89
121
EGRÉGORA N.º 90
LUZ DE CAMBURI N.º 91
TEMPLÁRIOS DO CAPARAÓ N.º 92
CIDADE DE AFONSO CLÁUDIO N.° 93
MARCO ZERO N.° 94
CIDADE DA SERRA N.° 95
OBREIROS DE PEDRA AZUL N.° 96
MESTRE ÁLVARO N.° 97
CIDADE DE PINHEIROS N.° 98
ARCA DA ALIANÇA N.º 99
JAMES ANDERSON N.º 100 (Rito de
Emulação)
HONRA E VIRTUDE N.º 101
MARTINÊS DE PASQUALLY N.º 102 (Rito
RER)
GUARDIÕES DO SEGREDO REAL N.º 103
REIS MAGOS N.º 104
COLUNAS DO ATLÂNTICO N.º 105
SÃO JOÃO DE LARANJA DA TERRA N.º 106

122
DISTRIBUIÇÃO LOJAS FILIADAS A GRANDE LOJA ES
Qtd
Cidade Lojas
Afonso Claudio 1
Águia Branca 1
Alegre 1
Alfredo Chaves 1
Alto Rio Doce 1
Anchieta 1
Aracruz 2
Baixo Guandu 1
Barra de São Francisco 1
Bom Jesus do Norte 1
Brejetuba 1
Cach. de Itapemirim 3
Cariacica 6
Castelo 1
Colatina 3
Conceição da Barra 2
Domingos Martins 1
Fundão 1
123
Guaçui 1
Guarapari 1
Ibatiba 1
Itaguaçu 1
Iuná 1
Jaguaré 1
João Neiva 1
Laranja da Terra 1
Linhares 2
Mantenópolis 1
Marataízes 1
Marechal Floriano 1
Marilandia 1
Montanha 1
Nova Venécia 1
Pancas 1
Pedro Canário 1
Pinheiros 1
Piúma 1
Ponto Belo 1
Rio Bananal 1
124
Santa Maria do Jeribá 1
Santa Teresa 1
São Gabriel 1
São Mateus 2
São Roque Canaã 1
Serra 8
Sooretama 1
Vargem Alta 1
Venda Nova do
Imigrante 2
Viana 1
Vila Pavão 1
Vila Valério 1
Vila Velha 11
Vitória 23

125
LOJAS FILIADAS AO GRANDE ORIENTE DO ES

Figura 10 União e Progresso - Loja Maçônica

126
Ordem Alfabética GOB-ES

ARLS 14 de Julho nº 1448

ARLS 22 de Agosto nº 1819

ARLS Acácia de Guarapari nº 2066

ARLS Acácia Formosa de Santa Cruz nº 4483

ARLS Acácia Vilavelhense nº 1914

ARLS Acadêmica Construtores do Futuro nº 4482

ARLS Alferes Tiradentes nº 1680

ARLS Amor e Justiça nº 1126

ARLS Aníbal Freire nº 1913

127
ARLS Annita nº 0709

ARLS Anthário Filho nº 3425

ARLS Antônio Firmino Demuner nº 2457

ARLS Avides Fraga nº 2557

ARLS Beneficência Sete nº 3252

ARLS Caridade e Esperança nº 2620

ARLS Carlos Alberto Swerts Esteves nº 3512

ARLS Cavaleiros da Justiça nº 3679

ARLS Cavaleiros de Aço do Espírito Santo nº 4480

ARLS Cavaleiros Templários nº 4421

ARLS Cidade de Anchieta nº 4578

ARLS Concórdia Florianense nº 3257

ARLS Cuore Italiano nº 3714

128
ARLS Delta Maçônica Filhos de Luz e Virtude nº 1702

ARLS Deoclécio Ramos nº 2444

ARLS Desembargador José de Oliveira Roza nº 3236

ARLS Domingos Martins nº 1439

ARLS Dr. Américo de Oliveira nº 1665

ARLS Dr. Idiálvaro Dessaune nº 2298

ARLS Dr. Wallace Vieira Borges nº 2974

ARLS Estrela de Camburi nº 2093

ARLS Estrela de Ibiraçu nº 3505

ARLS Estrela de Manguinhos nº 4340

ARLS Estrela de São Gabriel nº 1987

ARLS Eterno Aprendiz nº 4479

ARLS Fausto Cardoso Toscano nº 2726

129
ARLS Fenelon Barbosa nº 2059

ARLS Fraternidade Adonhiramita nº 2891

ARLS Fraternidade do Universo nº 2138

ARLS Fraternidade e Luz nº 0623

ARLS Fraternidade Guanduense nº 1396

ARLS Fraternidade Iconhense nº 3888

ARLS Fraternidade Itaranense nº 2587

ARLS Fraternidade Universal V nº 1524

ARLS Grande Mestre Alberto Mansur II nº 4347

ARLS Grão-Mestre Francisco Murilo Pinto nº 3396

ARLS Guardiã da Democracia nº 2594

ARLS Humildade e Fraternidade nº 1684

ARLS IIr. Alcebíades D'Avilla e Jaime Bulhões nº 2931

130
ARLS Ir. Aylton de Menezes nº 2806

ARLS Ir. Manoel Alves Corrêa nº 2749

ARLS Ir. Oswaldo Albernaz nº 3258

ARLS Ivan Neiva Neves nº 2652

ARLS Izaías de Oliveira Freitas nº 2751

ARLS Joacy Palhano nº 2585

ARLS José Bahia nº 2201

ARLS José Cupertino nº 1846

ARLS José de Lima nº 4297

ARLS Justiça e Caridade nº 4300

ARLS Juventude e Ciência Professor José Ribeiro Filho


nº 2978

ARLS Liberdade e Luz nº 1029

131
ARLS Linhares Unido nº 1710

ARLS Luz da Juparanã nº 4229

ARLS Luz do Planalto nº 2331

ARLS Magalhães e Espíndula nº 2762

ARLS Marcos Daher nº 1775

ARLS Mario Rodrigues de Freitas nº 4287

ARLS Mensageiros da Luz nº 1783

ARLS Milton Cade nº 4569

ARLS Monteiro Lobato nº 3740

ARLS Neto Caiado nº 2616

ARLS Nilo Peçanha nº 1039

ARLS Obreiros do Vale do Itabapoana nº 2112

ARLS Ordem e Perseverança nº 3457

132
ARLS Oswaldo Couto Rodrigues

ARLS Praia da Costa nº 2982

ARLS Presidente Kennedy nº 4410

ARLS Presidente Roosevelt nº 1209

ARLS Professor Alberto Stange

ARLS Professor Hermínio Blackman

ARLS Rufino Manoel de Oliveira nº 2118

ARLS Santíssima Trindade - Espírito Santo nº 4255

ARLS São João Batista nº 3681

ARLS Sermão da Montanha nº 1738

ARLS Templários do Apocalipse nº 2973

ARLS União Capixaba nº 4221

ARLS União e Fraternidade nº 2977

133
ARLS União e Igualdade nº 4279

ARLS União e Progresso nº 0236

ARLS União e Razão nº 2975

ARLS União, Força e Sabedoria nº 2976

ARLS União, Vigilância e Perseverança nº 3315

ARLS Universitária e Beneficente Professor Alfredo


Pacheco Barroca nº 3086

ARLS Universitária Irmão Professor Carlos Magno


Rodrigues Bravo nº 3839

ARLS Vale do Itapemirim nº 1859

ARLS Victoria nº 3053

ARLS William Nemer nº 2169

134
Em 2018 o total de 63% das lojas ativas encontra-se na
região metropolitana do ES, no inicio do século 80% sem
encontravam nas regiões eminentemente agrícolas.

135
RITOS E RITUAIS PRATICADOS NO ES
Rito Escocês Antigo e Aceito

Contribuição Irmão Adauto Beato Venerano

De origem operativa, praticado também pelos integrantes


da Grande Loja dos “Modernos” de Londres e pela Grande
Loja Geral Escocesa, em Paris. A Grande Loja Geral
Escocesa de Paris, em 1804, uniu particularidades do Rito
Antigo Aceito, com a natureza hebraica do Rito de
Perfeição e organizou um novo ritual para os graus ditos
simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceitos. O Rito
Escocês Antigo e Aceito ou R.•.E.•.A.•.A.•. é um Rito dentro
da Maçonaria, que deriva do Rito de Heredom e da época
da fuga dos Cavaleiros Templários para a Escócia. Ligados
ao Antigo Testamento e à lenda de Hiram (lenda base da
Maçonaria simbólica) julga-se que alguns dos ritos
descritos eram praticados por outras ordens secretas
136
existentes em França, como os Martinistas, na Alemanha,
como os Illuminati ou a Rosa-Cruz, e na Escócia, como os
Templários (estes refugiados nesse país depois da sua
perseguição nos Grêmios ou Lojas da classe profissional
dos Pedreiros Livres aí existentes). O rito é composto de
três graus simbólicos e trinta filosóficos. Os graus
referidos como Filosóficos, são graus elevados e em
número de trinta, onde a filosofia e a moral são estudadas
simbolicamente, em cada grau, com lendas ou mitos a
estes associados. Os graus elevados Filosóficos são geridos
por vários Supremos Conselhos, que têm como objetivo
manter a uniformidade mundial dos rituais e dos métodos
utilizados.

O termo "escocês" tem deixado dúvidas quanto à origem


do Ritual. Muita gente acredita que, pelo seu nome, ele
surgiu na Escócia. Outros acreditam ainda que os
principais de seus graus só podem ser auferidos naquele
país.

Na realidade as primeiras referências a este Ritual


aparecem na França e os seus registros são franceses.
Tudo ocorreu porque no final do século 17, vários maçons
137
escoceses fugiram para a França em virtude de uma série
de convulsões sociais que aconteceu nas Ilhas britânicas.
Certamente que o tipo de cerimonial que utilizavam
durante as reuniões que praticaram ficou definitivamente
marcado como Ritual dos Escoceses ou Rito Escocês.

Algumas afirmações dão conta que a origem do REAA

não tem a devida comprovação e que apesar desse título

ele não nasceu na Escócia, que o nomeia, mas na França.

Foi no século XVIII o começo de uma nova dimensão

política, na Maçonaria Universal, com a criação da

Maçonaria Especulativa (filosofia), o que levou a criação

de vários Ritos.

Alguns autores admitem que o REAA surgiu de acréscimo

de oito graus ao Rito de Heredon ou Perfeição, criado em

1758 na França.

Os fundamentos do R.:E.:A.:A.: com seus 33 Graus foram

fixados em 1º de maio de 1786, adotado pelo Supremo


138
Conselho

Mundial de Charleston, na América do Norte, em 31

de maio de 1801.

No Brasil, o Rito Escocês foi adotado pelo Grande Oriente

do Brasil e pelas Grandes Lojas. No ano de 1832,

fundou-se o Supremo Conselho do Brasil, para o Grau 33

do Rito Escocês Antigo e Aceito.

O REAA é composto de 33 Graus, é por excelência.

Teísta reconhece o GADU como Senhor e Criador de

todas as coisas. São usados símbolos e alegorias

para melhor reconhecer a criação e superioridade

do GADU.

As alegorias são a grande beleza do REAA, que nos

leva a conhecer cada Grau e aplicar esses conhecimentos

em nossa vida. Os Graus têm uma participação efetiva,

pessoal, dinâmica e social na vida dos Maçons.


139
A relevância dos seus rituais, baseado na disciplina e

hierarquia, e a nobreza de suas tradições, nos leva a

apontar o REAA como de amplo trânsito em todos os

Continentes.

140
Rito Escocês Retificado

Rito de correta ritualística tradicional Inglesa com uma


boa base de complemento Cavaleirístico Templário. O Rito
Escocês Retificado é também conhecido como Rito de
Willermoz, em alusão ao seu criador, Jean Baptiste de
Willermoz (Lyon,1730- Lyon,1824), que foi iniciado
namaçonaria aos 20 anos de idade em uma loja que
funcionava sob os auspícios da Estrita Observância
Templária.

A intenção de ter um Rito Escocês Retificado seria trazer


de volta antigas influências dos Cavaleiros Templários,
como um rito de cavalaria, também de um antigo rito
chamado Rito de Heredom. Segundo Willermoz o Rito
havia se descaracterizado com o tempo, perdendo assim
sua identidade original como um Rito de Cavaleiros.

141
Rito de York

Contribuição do Irmão Sylvio Borges Máximo.

Releese sobre o Rito de York

Chegada no Brasil e no Espírito Santo

O Rito de York é o rito predominante da maçonaria Norte


Americana. As Blue Lodges, ou seja, as Lojas Simbólicas
norte-americanas trabalham com um ritual que descende
diretamente do velho Ritual da Grande Loja dos Antigos (a
de 1751), portanto, mais antigo do que os rituais ingleses
atuais, todos posteriores à união de 1813. O Rito de York
foi fundado no ano de 1797, tendo como organizador e
fundador principal o Irmão Thomas Smith Webb. Em 14
de setembro deste ano, ele publicou o “Monitor de Webb”,
adotado por todas as Grandes Lojas Americanas. É na
atualidade o Rito Maçônico mais praticado no mundo,
cerca de 70% dos Maçons o pratica, muito por conta da
142
Maçonaria Americana a maior do mundo em numero de
adeptos.

O Rito de York chegou ao Brasil através do Grande Oriente


Unido, também conhecido por “Grande Oriente dos
Beneditinos”, com a Loja Vésper, no Rio de Janeiro em
1872. Esta loja abateu colunas em 22 de junho de 1874 e
pela sua curtíssima história, por muitos não é considerada
a primeira loja de York e sim a Washington Lodge (1874)
também fundada sobre os auspícios da mesma potência
maçônica, por imigrantes americanos vindos para o Brasil
devido a guerra civil americana.

Conforme o Educational Bureau of the General Grand


Chapter, Royal Arch Masons dos Estados Unidos da
América, o Rito de York é dividido em 4 partes:

– Os Graus Simbólicos, também chamadas de “Lojas


Azuis” (Blue Lodges) que são os graus de Aprendiz,
Companheiro e Mestre Maçom. Esses formam a base de
ingresso na Maçonaria.
– Os Graus Capítulares, conhecidos como Maçonaria do
Real Arco. Os Capítulos conferem 4 graus: Mestre de
143
Marca, Past Master (virtual), Mui Excelente Mestre e
Maçom do Real Arco.
– Os Graus Crípticos. O Conselho Críptico ou Conselho de
Mestres Reais e Eleitos, conferem os graus de Mestre Real,
Mestre Eleito e Super Excelente Mestre;
– As Ordens de Cavalaria. A Comanderia Templária ou
Ordem dos Cavaleiros Templários, conferem Ordens, ao
invés dos usuais graus e essas Ordens são: Ordem da Cruz
Vermelha, Ordem de Malta e Ordem do Templo.

No Espírito Santo o Rito de York chegou em 2005 através


de seus altos Graus, onde foi fundado o Capítulo
Tiradentes de Maçons do Real Arco do Brasil, em 2013 foi
fundado o Conselho Criptico Capixaba 32.

O ano de 2016 foi um marco para o Rito de York no


Estado, com o reconhecimento do Rito por parte da
GLMEES, a Loja Tiradentes 65 que trabalhava no Ritual de
Emulação sendo na Gestão deste irmão que vos escreve a
primeira Loja do Rito de York no Estado que trabalha em
seus Graus Simbólicos. E no mesmo ano, foi fundada a

144
Comanderia Water Maciel de Figueiredo de Cavaleiros
Templários do Espírito Santo, passando assim o Estado a
ser um dos poucos estados no Brasil e possuir toda a
estrutura do Rito de York: Loja Simbólica, Capitulo de
Macons do Real Arco( que atualmente são em 3, além do
Tiradentes 31, temos o Luz e Sabedoria 61 em Guriri, e o
Luzes da Serra 107 em Serra) , Conselho Criptico(hoje
temos 2, além do Capixaba 32 temos o Guardiões da Cripta
61 em Guriri) e a Comanderia Templaria Walter Maciel de
Figueiredo 17.

145
Rito Brasileiro

O Rito Brasileiro foi reconhecido e incorporado


oficialmente pelo Grande Oriente do Brasil em 1914,
quando era Grão-Mestre Lauro Sodré.

Teve curta duração inicial, ficando sem uso até meados da


década de 1940. De 1940 até a década de 1960, houve
várias tentativas de reerguer o Rito, porém sem sucesso.
Somente em 1968, sendo Grão-Mestre o professor Álvaro
Palmeira, este Rito foi regularizado, sendo praticado por
várias Lojas até aos dias atuais.

Adota a legenda Urbi et Orbi (até então usada


privativamente pela Igreja Romana), que significa sua
atuação nacional e internacional.

Tal como o Rito Escocês Antigo e Aceito, adota o sistema


de 33 graus em seus ensinamentos, com três graus
146
simbólicos e trinta graus filosóficos, mas com a diferença
de que seus graus ditos filosóficos estudam temas atuais e
relevantes.

147
Rito Adonhiramita

Contribuição do Irmão José Renato Valadares

Na Europa, o Rito Adonhiramita foi praticado na França e


em Portugal, difundindo-se das colônias e sendo o
preferido da armada napoleônica. Com a difusão do Rito
Francês ou Moderno, o Rito Adonhiramita começou a ser
abandonado, restringindo a sua prática ao Brasil, onde se
encontra a sua Oficina Chefe. Graças a isso, o Rito manteve
a sua pureza original e não sofrendo as influências do
teosofismo, ocorrida com os outros ritos no final do século
XIX.

Rito Antigo e Primitivo de Mêmphis – Sem presença de


lojas no ES

Em 1814 o Irmão Samuel Honis introduziu o Rito na


França. A primeira Loja do Rito foi fundada em Montauban
a 30 de abril de 1815, pelos Maçons Marconis de Négre,
148
Baron Dumas, Marquis de Laroque e Hipólito Labrunie.
Esse rito tem acentuada característica filosófica e
hermética.

Rito de Clermont- Sem presença de Lojas no ES

Este Rito tem data próxima de 1743, mas este


procedimento ritualístico estava em uso desde 1726. É um
rito completo e próprio da Maçonaria Inglesa de Ofício.

Segundo o Irmão Renato Valadares, da loja União


Vigilância e Perseverança do oriente de Vitória , GOB-ES, o
Rito Adonhiramita no Brasil, sua histórica, se confunde
com sua mítica da história da Maçonaria em terras
brasileiras, mas há grande consenso que a ARLS
COMERCIO E ARTES, fundada em 1815, praticava o Rito
Adonhiramita, portanto considerado o Rito primaz do
Brasil.

No Espírito Santo há 07(sete) Lojas que praticam a


Ritualística Adonhiramita, enumeradas a seguir por ordem
de fundação:

1- ARLS IVAN NEIVA NEVES, Nº 2652 – Oriente de Vila


Velha, fundada em 26/11/1991, Venerável atual o
149
Amado Irmão Gilmar Soares de Souza, reuniões as
segundas feiras no horário de 20h;
2- ARLS IRMÃO AYLTON DE MENEZES, Nº 2806 –
Oriente de Vitória, fundada em 22/07/1994,
Venerável atual o Amado Irmão Walcy dos Santos
Camponez, reuniões as primeiras e terceiras quartas
feiras, no horário de 20h;
3- ARLS FRATERNIDADE DE CARIACICA, Nº 2891,
atualmente renomeada para FRATERNIDADE
ADONHIRAMITA, Nº 2891, fundada em 27/05/1995,
Venerável atual o Amado irmão Alvim Cezário de
Oliveira Neto, reuniões segunda e quarta quintas
feiras no horário de 20h;
4- ARLS UNIÃO VIGILÂNCIA E PERSEVERANÇA, Nº
3315 Oriente Serra, fundada em 19/05/2000,
Venerável atual o Amado Irmão José Renato Valadares,
reuniões as primeiras e terceiras segundas feiras, no
horário de 20h;
5- ARLS CARLOS ALBERTO SWERTS ESTEVES, Nº
3512, Oriente de Aracruz, fundada em 25/07/2003,

150
Venerável atual o Amado Irmão Gustavo Moro Ribeiro
reuniões as quartas feiras no horário de 19h30min;
6- ARLS UNIVERSITÁRIA IRMÃO PROFESSOR CARLOS
MAGNO RODRIGUES BRAVO, Nº 3839, Oriente de
Alegre, fundada em 13/09/2006, Venerável atual o
Amado Irmão Marco Antonio Silveira Machado,
reuniões aos sábados no horário de 15h; 1 e 3 sábado
do mês.
7- ARLS SÃO JOÃO BATISTA Nº 3681, Oriente de São
Gabriel da Palha, fundada em 30/06/2005 Venerável
atual o Amado irmão Adelson Ramos da Silva,
reuniões as quintas feira no horário de 19h30min;

Desde nossa Iniciação aprendemos que a Maçonaria é


praticada em diversos RITOS, e no GRANDE ORIENTE DO
BRASIL – GOB são admitidas as praticas de Adonhiramita,
Brasileiro, de York (Emulação), Escocês Antigo e Aceito,
Escocês Retificado, Moderno e Schroeder, que em nada
altera a sua essência, de fato. Óbvio que aquecemos que
todos são bonitos e que possuem as suas particularidades.
Mas, o que importa mesmo é a prática ritualística. É
inolvidável que nenhum Rito, quando mal executado,

151
jamais, será bonito. Neste quesito, em condições de
excelência, não há que se falar em rito mais bonito,
contudo, há sim a identidade de cada Irmão com este ou
aquele Rito, que na verdade, convenhamos, somente lhe é
aguçada, após contato com cada um deles, com a inevitável
comparação.

Neste quesito, sob suspeita, me declaro fã incondicional da


Ritualística Adonhiramita. Vale ressaltar que fui iniciado,
elevado e exaltado no R.E.A A., portanto, nele adquiri
plenitude maçônica, porém, aproximados 6(seis) anos de
iniciado, circunstancialmente, tive a oportunidade de
conhecer o Rito Adonhiramita. FOI PAIXÃO A PRIMEIRA
VISTA, sem delongas, hoje, respeitando todos os demais,
não me vejo Maçon sem a prática da ritualística
ADONHIRAMITA, onde sistematicamente, é oportunizado
a cada sessão, o revigoramento interior, desde a
preparação para entrada no Templo até o último
momento, quando encerram os nossos trabalhos.

Podemos afiançar que nenhuma reunião maçônica jamais


será igual à outra, em cada uma delas, sempre, irá ocorrer
algo diferente, seja positivo ou negativo. Mas em
152
particular, na Ritualística Adonhiramita, sobressai a
tradição a mítica dos antigos mistérios, o esoterismo e,
sobretudo, a espiritualidade, que permite e propicia níveis
de concentração que chega a transcender, e de acordo com
as individualidades de cada Irmão, dá-se a oportunidade
de atingir níveis de reflexão e imersão de pensamentos,
que emanam, transformam e distribuem energias, que
bem direcionadas, nos torna mais harmônica e
sensibilizadas.

153
RITUAL DE EMULAÇÃO NA GLMEES

Contribuição Irmão Luís Carlos Merçon de Vargas

É necessária uma breve revisão histórica que nos remete a


transformação da MAÇONARIA OPERATIVA em
MAÇONARIA SIMBÓLICA quando foi fundada a GRANDE
LOJA DE LONDRES. A Constituição compilada por James
Anderson, em Londres, e publicada em 1723, englobado os
antigos usos e costumes da Fraternidade, acrescidos de
normas administrativas, necessárias após a fundação da
Primeira Grande Loja – a Obediência Maçônica primordial
– em 1717. Essa Constituição de 1723 é o instrumento
jurídico básico da moderna Maçonaria.

A Constituição de Anderson reformada, em 1815, para


servir de instrumento jurídico para a Grande Loja Unida
da Inglaterra, surgida, em 1813, da fusão da Primeira

154
Grande Loja, a dos “Modernos, com a Grande Loja dos
“Antigos”“. A base desta união foram os Landmarks, que
são os antigos costumes, tão antigos que são imemoriais –
não se sabe quando foram criados – tão consensuais, que
são espontâneos – ou seja, não foram criados por ninguém,
em particular, mas surgiram coletivamente – e tão
importantes, que são universalmente aceitos.

Em 02 de outubro de 1823 membros de duas Lojas


ingleses se reúnem pela primeira vez na “Emulation Lodge
Of Improvement for Master Masons” (Loja Emulação de
Aperfeiçoamento de Mestres Maçons) com a finalidade de
prover instruções para os maçons que fossem ocupar
cargos em Loja ou assumirem a Cadeira. Desta forma a
prática ritualística, ritual emulação, recebeu seu nome da
Emulation Lodge que se tornou curadora do “rito” por
delegação da GLUI.

É preciso ressaltar que a prática maçônica inglesa é


inominada, não recebendo o nome de rito. Na verdade as
práticas ritualísticas, chamadas ritual, são de
responsabilidades das Lojas desde que estas não
contrariem nenhuma norma expressa na Constituição e
155
nos Regulamentos. Assim iremos encontrar várias práticas
rituais em regiões distintas da área jurisdicionada da
GLUI, como: Stability, Bristol, Oxford, Logic, etc. Destas a
que predomina é, sem dúvida, o Emulation ritual.

A Loja de Emulação de Aperfeiçoamento é a curadora


desta prática ritualística até os dias atuais, provendo
instruções, ensaios de cerimônias e dando todo o suporte
para perpetuação das formas de trabalho.

O Art. 155 da Constituição da GLUI diz que compete às


Lojas a regulamentação dos procedimentos das formas de
ritual, mas reserva para si o direito de intervir em
qualquer Loja se houver alterações ou discrepâncias na
execução do mesmo.

A “Emulation Lodge of Improvement” se reúne às


18h15min das sextas-feiras, de outubro a junho, desde a
sua criação, no Freemasons’ Hall, onde está a
administração da Grande Loja Unida da Inglaterra.

O ritual tem que ser vivido nas sessões. O trabalho


maçônico se apresenta como um teatro, que deixa

156
profundas marcas na mente e no coração do praticante,
sendo que, para isto, ele tem que ser e estar receptivo.

O trabalho do Mestre da Loja, e também de seus Vigilantes,


tem uma importância fundamental nas sessões, a de
representar e transmitir a essência do ritual e seu
simbolismo aos demais Irmãos. Isto exige o domínio de
alguns conhecimentos básicos:

• Entender a mecânica dos passos e movimentos durante


as sessões e orientar os menos experientes;

• Entender e conhecer suficientemente o significado das


diferentes

Frases, palavras, perguntas e respostas do ritual, para


poder pronunciá-las corretamente e no tom adequado.
Isto, preferivelmente, de memória, para que possa
desenvolver os trabalhos com fluidez natural;

• Viver e interiorizar as cerimônias.

Desta maneira, os demais Irmãos também se sentirão


imersos no ritual e, a cada reunião encontrarão frases e
símbolos que os farão refletir, entender e se aprofundar

157
em suas mensagens. Somente desta maneira poder-se-á
progredir na Arte Real através do ritual Emulação, em
seus graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre.

Por outro lado, diferentemente dos outros ritos, o trabalho


maçônico não se esgota exclusivamente durante a Loja
aberta. O ritual Emulação dá uma excepcional importância
à refeição fraternal que se segue às reuniões e que, na
verdade não estará concluída até que se celebre o último
brinde.

Provavelmente esta prática tem raízes muito antigas,


remontando a época em que os maçons ingleses se
reuniam em tabernas, instituições estas de grande
significado na vida social das comunidades. O jantar é
considerado parte da reunião e, como tal, tem suas
peculiaridades, evitando-se assuntos polêmicos, que
conduzam à desarmonia. Durante o jantar todo membro
da Loja deve emitir opiniões e reflexões que possam
enriquecer os demais, não havendo indicações ou
determinações prévias sobre os temas que, se bem
conduzidos, podem resultar em grande ajuda para o

158
fortalecimento do espírito de fraternidade, do espírito de
unidade que é, em última análise, o que buscamos.

A Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo


(GLMEES) foi fundada em 1970 e desde a sua fundação
adota o ritual de Emulação (York) embora a primeira Loja
a trabalhar neste ritual foi a Loja Tiradentes fundada em
março de 1996, a Loja Monte Sião fundada em agosto de
2003 e a Loja James Anderson fundada em janeiro de
2013.

Em 10 de junho de 2009 a GLMEES consegui o


reconhecimento direto da Grande Loja Unida da
Inglaterra. E a Maçonaria Inglesa começou a se
desenvolver mais rapidamente, atualmente a GLMEES
trabalha com o SISTEMA MAÇONICO INGLÊS em suas
Lojas Simbólicas e a Grande Loja de Mestres Maçons da
Marca (GLMMMEES) que abriga os graus paralelos já
funcionando o Supremo Grande Capítulo do Arco Real de
Jerusalém com 03 Capítulos, que é grau simbólico, mas
administrado pela GLMMMEES, grau da Marca com 03

159
Lojas de Marca, Antiga e Honrosa Fraternidade de Nautas
da Arca Real com 01 Loja de Nautas.

160
Rito Moderno

Contribuição do Irmão Paulo Vinicius de Almeida

O Rito Moderno ou Francês foi criado em Paris no ano de


1761, constituído aos 24 de dezembro de 1772 e,
finalmente, proclamado aos 09 de marco de l773, pelo
Grande Oriente de França, sendo Grão Mestre Luís Felipe
d'Orléans, Duque de Chartres, instalado solenemente aos
22 de outubro de 1773.

Na sua fundação, compunha-se apenas dos três primeiros


graus e adotava as primeiras Constituições de Anderson
de l723. Na época havia grande paixão pelos altos graus,
surgindo a cada momento novos graus e novos ritos, numa
flagrante indisciplina. Em virtude da pressão de irmãos, o

161
Grande Oriente de França se viu compelido a procurar
uma fórmula para harmonizar as diferentes doutrinas que
vicejavam desordenadamente num emaranhado proliferar
de altos graus, por influência da Cavalaria, da nobreza e de
misticismos, que serviam a vaidade dos que procuravam a
Maçonaria, desfigurando a Ordem. Assim, o Grande
Oriente de França nomeou uma comissão de maçons de
elevada cultura para estudar todos os sistemas existentes
e elaborar um rito composto do menor número possível
de graus e que contivesse os ensinamentos maçônicos.

Após três anos de estudos, a comissão desistiu da


empresa, mas recomendaram manter apenas os três
graus iniciais. O Grande Oriente acatou as conclusões da
comissão e enviaram circulares a todas as lojas da
obediência, aos 03 de Agosto de l777, afirmando que só
seriam reconhecidos os três primeiros graus simbólicos, o
que causou uma grande reação de alguns irmãos, porque o
Rito de Perfeição ou de Heredon já contava com 25 graus.
Em razão disso, em 1782, criou uma nova comissão, com o
nome de Câmara dos Ritos, cujas conclusões foram

162
acolhidas, e, em consequência, em l786, nascia o Rito
Francês ou Moderno de 7 graus.

Graus Simbólicos:

1º Grau – Aprendiz - 2º Grau - Companheiro

3º Grau - Mestre

Graus Filosóficos:

- 1 a. Ordem

- 4º Grau – Eleito

- 2 a. Ordem

- 5º Grau - Eleito Escocês

- 3 a. Ordem

- 6º Grau - Cavaleiro do Oriente ou da Espada

- 4 a. Ordem

- 7º Grau - Cavaleiro Rosa-Cruz

Só em l785, foram editados rituais oficiais para os três


graus simbólicos, resultado da uniformização e da
codificação das práticas das Lojas Francesas nos anos
163
anteriores. Com o Regulateur de 1801, todos os graus do
Rito Moderno passaram a ter o seu ritual. Houve um
período, em Portugal, no qual o Rito Moderno chegou a
funcionar com um grau 8 (Kadosh Perfeito Iniciado) e até
um grau 9 (Grande Inspetor).

Atualmente, no Brasil, se reorganizou o Rito Moderno,


principalmente por motivos administrativos, nos 9 graus,
os dois últimos na 5a. Ordem, acrescentando-se:

5a. Ordem - 8º Grau - Cavaleiro da Águia Branca e Preta,


Cavaleiro Kadosh Filosófico, Inspetor do Rito.

5a. Ordem - 9º Grau - Cavaleiro da Sapiência - Grande

Inspetor do Rito.

Os três primeiros graus se reúnem nas chamadas Lojas


Simbólicas, filiadas às chamadas Obediências Simbólicas.

Os Graus 4 a 7 se Reúnem

Nos chamados Sublimes Capítulos.

O Grau 8 se reúne no Grande Conselho Estadual.

164
E, o Grau 9 se reúne no Supremo Conselho, que tem
jurisdição nacional sobre todos os Graus Filosóficos.

O Rito Moderno, no que diz respeito aos graus simbólicos,


é o mesmo rito que a Grande Loja da Inglaterra, a dos
“Modernos”, praticava antes de sua fusão com a dos
“Antigos”. As inversões das colunas, os modos de
reconhecimento nos 1º e 2º graus, o início da marcha
com o pé direito, a Palavra Sagrada do Aprendiz , eram
práticas dos “Modernos Ingleses”. Mas, não são essas
divergências que distinguem o Rito Moderno dos outros
ritos. No Grande Oriente do Brasil, Potência mãe da
Maçonaria Brasileira, existem atualmente aceitos 6 (seis)
ritos: 1.- Adonhiramita; 2.- Brasileiro; 3- Escocês Antigo e
Aceito; 4.- Francês ou Moderno; 5.- Schröder; 6.- York. Tal
diversidade não constitui fator de dissensão, porque
todos, além de serem unidos pelos fortes laços de
Fraternidade e de um Ideal comum, obedecem a normas
legais, tais como as Constituições do Grande Oriente do
Brasil e dos Grandes Orientes Estaduais, ao Regulamento
Geral da Federação, leis e decretos.

165
O Rito Moderno, que é fruto da Maçonaria Francesa,
entende que o maçom deve ter a faculdade de pensar
livremente, de trabalhar para o bem-estar social e
econômico do cidadão, de defender os direitos do homem
e uma melhor distribuição de rendas. Essa tendência
filosófica humanista é que parece contrapor-se aos
aspectos de religião cultual

O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma


Ordem Mística, embora seus três primeiros graus estejam
impregnados da mística das civilizações antigas. A busca
da verdade, transitória e inefável, realiza-se pelo aprendiz
na intuição, pelo companheiro na análise e pelo mestre na
síntese, num processo evolutivo e racional.

Os padrões do pensamento da Maçonaria Francesa são


racionais e científicos, e se prendem à época moderna,
ao Humanismo.

A síntese dos debates da Assembléia, em 1876, que


levaram à resolução de 1877, mostra bem, que : - ”A
franco-maçonaria não é deísta, nem é atéia, nem sequer
positivista. A instituição que afirma e pratica a

166
solidariedade humana, é estranha a todo dogma e a todo
credo religioso. Tem por princípio único o respeito
absoluto da liberdade de pensamento e consciência.
Nenhum homem inteligente e honesto poderá dizer,
seriamente, que o Grande Oriente de França quis banir de
suas lojas a crença em Deus e na imortalidade da alma
quando, ao contrário, em nome da liberdade absoluta de
consciência, declara, solenemente, respeitar as convicções,
as doutrinas e as crenças de seus membros”. “O Rito
Moderno mantém-se tolerantemente imparcial, ou melhor,
respeitosamente neutro, quanto à exigência, para os seus
adeptos, da crença específica em um Deus revelado, ou
Ente Supremo, bem como da categórica aceitação
existencial de uma vida futura; nunca por contestante
ateísmo materialístico, mas unicamente, pelo respeito
incondicional ao modo de pensar de cada irmão, ou
postulante. Demonstra apenas, a evolução das crenças
estimulando os seus seguidores ao uso da razão, para
formar a sua própria opinião. Procura ensinar que a
idéia de Deus resulta da consciência e que as
exteriorizações do seu culto não passam de um

167
sentimento íntimo, que se pode traduzir das mais
diversas maneiras.” O Rito Moderno não admite a
limitação do alcance da razão, pelo que desaprova o
dogmatismo e imposições ideológicas e, por ser
racionalista, e portanto, adogmático, propugna pela busca
da Verdade, ainda que provisória e em constante
mutação. A filosofia do Rito se opõe a qualquer espécie de
discriminação. A não admissão de mulheres dá-se em
decorrência de tratados e não da natureza do Rito.

Em memória afetiva, o irmão Paulo Vinícius de Almeida,


narra, que a primeira Loja maçônica a praticar o Rito
Moderno, foi a Loja Beneficência 7. E dentre diversos
percalços, um dos mais sensíveis, era a existência de um
delegado do rito, contudo, sem uma delegacia.

O delegado, a saber, o irmão Gilberto Ferreira Machado, já


acolhido no Oriente eterno, contou com a fraternidade da
Loja Ordem e Perseverança, que cedeu seu templo, para
que, a partir daí, a delegacia do rito fosse

168
institucionalizada, e, com isso, promover avanços para
entendimentos e evoluções no rito moderno.

169
Rito de Schröeder

Contribuição Irmão Adenis Ludgero

Introduzido no Brasil em 1855 pela Loja “Zur Deutschen


Freundeschaft” (À Amizade Alemã”) que foi fundada em
Joinville, Santa Catarina no final de 1855.

O SURGIMENTO

Com a desvirtualização da maçonaria francesa, tirando-lhe


a pureza da ritualística, a maçonaria germânica sofreu
suas influências negativas.

O alemão Friedrich Ludwig Schröeder decidiu restaurar a


tradição maçônica, buscando os antigos postulados
oriundos da Inglaterra.

Desejoso de restabelecer a simplicidade na ritualística,


Schröeder descobriu um pequeno ritual, sem autor, que se
denominava “As três batidas diferentes”, o qual continha a
pura e sonhada Maçonaria. Após exaustivos estudos e
pesquisas escreveu o Ritual no qual está baseado o Rito de

170
Schröeder, um rito simples contendo o que mais buscava,
a essencialidade, simplicidade e moralidade.

Em 1790, ele consegue fazer com que as diretrizes


corretas, contidas em seu Ritual, fossem adotadas pela
maçonaria de seu País.

Em 1801, a Loja “Absalonzu den Drei Nesseln” (Absalão


das Três Urtigas) editou o Ritual de Schröeder, sendo que
a versão brasileira foi traduzida em 1982, pelo Irmão
Gerhard Ludwig Reepo da Grande Loja do Rio Grande do
Sul.

RITUALISTICA

No Rito Schröeder, o cortejo de abertura dos trabalhos é


conduzido pelo Irmão Primeiro Diácono. Ao Segundo
Diácono cabe cumprir o primeiro dever de um Maçom em
Loja. Faz a batida do grau na porta do Templo e é
respondido pelo Cobridor Externo.

Após cumprir essa formalidade o Venerável Mestre


determina aos Diáconos desenrolar e estender o Tapete no
centro do Templo.

171
Após o desenrolamento do Tapete, o Venerável Mestre
passa uma pequena vela ao Primeiro Diácono que acende
as menores. Em seguida o Venerável Mestre vai até a
Coluna Noroeste e acende a vela da Sabedoria. Depois os
Vigilantes acendem, respectivamente, as outras duas,
Força e Beleza.

Após essa cerimônia o Venerável Mestre declara aberta a


Loja.

O TAPETE

Uma peça que fica situada no centro do Templo cujos


lados representam os quatro pontos cardeais. Na orla, há
três portas representando os três primeiros oficiais da
Loja (O Venerável Mestre e os Vigilantes).

Há também diversas ferramentas de pedreiros que


simbolizam o trabalho , o desenho da pedra bruta, na qual
trabalham os Aprendizes.

Em torno do Tapete ficam três colunas portando grandes


velas. A Coluna da Sabedoria fica na posição Nordeste, a da

172
Força na posição Noroeste e a da Beleza no meio da orla
sul do Tapete.

LIVRO DA LEI

Fica sobre o Altar do Venerável Mestre a Bíblia com as


pontas voltadas para o Ocidente. Sobre ela permanece o
compasso aberto em engulo reto, com as pontas viradas
para o Ocidente e encobertos pelas hastes do esquadro. O
Livro da Lei não é aberto em hipótese alguma.

Friedrich Ludwig Schröeder

Nascido em 1744, adotado por um casal de atores do


teatro mambembe. Demonstrando grande inteligência,
Schröeder conseguiu absorver com muita facilidade os
ensinamentos através da mãe e do padrasto. Teve também
uma formação teatral, pois atuava juntamente com seus
pais no teatro.

Foi iniciado na Maçonaria em 1773 e logo sentiu a


necessidade de simplicidade dentro da Maçonaria.

173
CHEGADA DO RITO SCHRÖEDER AO BRASIL

Contribuição de Werner Rinkus

O Rito Schröeder chegou ao Brasil em dezembro de 1855,


com a fundação da Loja “Deutsche Freundschaft”
(Amizade Alemã), por imigrantes alemães e suíços em
Joinvile-SC.

Entretanto, este fato correu após a fundação do povoado


denominado Dona Francisca, hoje município de Schroeder,
cujo nome foi uma homenagem ao seu colonizador
Senador Cristiano Mathias Schroeder, em 1851, sendo
onde se concentram a colônia germânicas e suíças,
inicialmente.

Esta Loja (Amizade Alemã), em maio de 1859 uniu-se à


Loja”Zum Südlichen Kreuze”(Ao Cruzeiro do Sul), que
havia sido fundada em maio de 1856, tomando a nova Loja
o título distintivo de “ Deutsche Freundschaft Zum
Sülinchen Kreuze” Amizade Alemã ao Cruzeiro do Sul).

Naquela oportunidade, chegaram a compor o Rito


Schröeder, cerca de 49 lojas, até o início da 1ª Guerra
Mundial, somente no Rio Grande do Sul.
174
Infelizmente, o advento bélico fez com que o governo
brasileiro, em 1917, proibisse as reuniões e o uso da
língua alemã em todo o território nacional.

Esta proibição fez abater colunas todas as lojas Schröeder


existentes. Assim permaneceu até 24 de junho de 1958,
quando ocorreu a fundação da Loja Concórdia &
Humanitas nº56, sob a jurisdição da GLMERGS, onde,
então, voltou-se a desfrutar a beleza e o humanismo do
genuíno Ritual Schröeder, primeiramente em alemão e
posteriormente em português.

Entretanto foi no Estado do Rio Grande do Sul, que as lojas


do Rito Schröeder se desenvolveram com maior ênfase,
quando lá se estabeleceram as colonizações alamãs e
italianas, surgindo (cada uma em sua época) fundações de
associações, clubes e lojas maçônicas.

Com o advendo da 2ª Guerra Mundial, todas as lojas que


utilizavam rito alemão foram obrigadas a trocar o seu rito
(Schröeder) pelo rito Escocês. Com isso várias Lojas
abateram colunas.

175
Havia muita pressão sobre os alemães e italianos,
mormente sobre os alemães, já que eram os causadores
diretos da 2ª Guerra Mundial. Quando, finalmente, foi
permitida a reabertura das Lojas, no pós guerra, foi
procurada uma maneira de se fundar uma loja no idioma
alemão, a fim de preservar e manter as tradições e cultura
germânica. Fundou-se, então, uma loja que trabalhava no
Rito Escocês, porém, onde todo o ritual era lido e falado
em alemão.

Somente tempos depois é que foi escolhido o Rito de


Schröeder, sendo que, por falta de informações, possuía a
denominação Schröeder, porém trabalhava no Escocês.

Assim surgiu de forma bastante peculiar, o Rito Schröeder


no Rio Grande do Sul.

Com a chegada do valoroso Ir:. Kurt Max Hauster, da


Alemanha, trazendo consigo o ritual alemão da Loja
Absalom, foi que os irmãos daquela Loja tomaram
conhecimento oficial, não só da formatação da loja, como,
também, do rito, propriamente dito.

176
Todo o material então foi repassado à vários obreiros que
se incumbiram de organizar as traduções, colocando-as
em ordem para posterior elaboração dos rituais.

Feito isso, foi passado à Loja Concórdia & Humanitas, no


dia 24/06/1958 (data oficial) e, assim, deram início aos
trabalhos que têm curso até a presente data,
principalmente nos estados do Sul do Brasil.

As Obediências tradicionais há alguns anos passaram a


adotar este belo Rito, apesar do REAA, infelizmente, ainda
ser utilizado na maioria de suas Lojas.

177
FUNDO DE AUXILIO MÚTUO MAÇÔNICO
BEMES E FAMM
O fim do milagre econômico e a grave recessão brasileira
no fim da década de 1980, só seria abrandada pelo plano
de estabilidade econômica, que traria uma brandura aos
resquícios da hiperinflação. Este momento é especial ao
Brasil pois permitira uma melhora significativa na
qualidade de vida e avanços significativos nos índices de
desenvolvimento humano.

O Espírito Santo por mais uma vez sai a frente nesta


evolução, se posicionando, em tempo atual, como a 2º
melhor cidade do país em qualidade de vida. Permitindo
assim, um envelhecimento de sua população.

A maçonaria espírito santense conta em seus quadros de


obreiros, em estatísticas proporcionais, irmãos com
comendas, por tempo de trabalho a Ordem, das mais altas
condecorações. Como a comenda de Dom Pedro I (50 anos
de maçonaria) a diversos irmãos, e muitos outros, com
proximidade de tão grande realização.

178
Há de se ter preocupação significativa e espírito fraterno a
todos os nossos irmãos nesta fase da vida. Sobretudo em
momentos tão delicados e relevantes a vida de um maçom,
a saber, o passamento para o Oriente eterno.

Neste contexto o GOB-ES, já instituído no ano de 2008,


institucionaliza o FAMM (fundo de auxílio mortuário
maçônico) , que seria uma evolução funcional do que seria
a antiga BEMES (Beneficência Maçônica do estado do
Espírito Santo).

A memória maçônica que contribui para o entendimento


destas criações e evoluções é o irmão Hélio da Luz Sodré,
que relata que a BEMES começa suas atividades na década
de 1980, com caráter independente e sem regulação
maçônica, faria a destinação do benefício no momento da
passagem.

O FAMM, com proposta real de atividades a


aproximadamente 8 anos, em como principal alvo de
interesse trazer essa regulamentação para a mão dos
maçons, que passaria para uma observação sistemática de

179
veneráveis e mestres instalados. Projeto este apreciado e
aprovado em assembleia de veneráveis, devidamente
aprovado pela PAEL (Poderosa Assembléia Estadual
Legislativa).

O irmão Emílio Mario, parte da casa de leis, cede dados


estatísticos sobre a saúde financeira deste benefício, que
contou com quase 100% dos benefícios, que na verdade
apenas conserva a margem de calibragem, não deixando
nenhuma família sem assistência.

Contudo, tratando-se de demografia e evolução


populacional, faz-se necessário a manutenção sistemática
destes benefícios. E aliado a isto a incansável busca dos
irmãos em soluções para amparo e apoio a todos nós.

180
A FRATERNIDADE FEMININA

A Fraternidade Feminina foi criada pela Constituição do


GOB em 1967, normatizada pela Lei nº 030 de 09/10/96
aditada e alterada pela Lei nº 0081 de 23/06/2005. É uma
associação paramaçônica, patrocinada pelo Grande
Oriente do Brasil, vinculada a uma ou mais Lojas
Maçônicas da Federação.

A FRATERNIDADE FEMININA não é uma “maçonaria


feminina”, mas sim uma organização paramaçônica, com
personalidade própria, estatuto, e ideário dos mais
sublimes.

Normalmente as Fraternidades são formadas por esposas


de maçons, chamadas por nós de “cunhadas”, sobrinhas e
parentes de maçons. Senhoras e moças do convívio de
maçons também podem se integrar.

A organização das Fraternidades Femininas tem sua


representatividade em todos os níveis, a exemplo das

181
Lojas Maçônicas, assim, existe uma organização Nacional,
Estadual, Regional e Local (de cada Loja).

A Diretoria Nacional e as Diretorias Estaduais da FRAFEM,


com o apoio dos Grão-Mestres Estaduais do GOB, estão
desenvolvendo as ações necessárias para o fortalecimento
das Fraternidades Femininas. Entende-se que uma Loja
Maçônica será sempre mais alegre, pacífica e trabalhadora,
com o apoio das mulheres. Elas são instrumentos de
integração e fortalecimento da Família, instituição
considerada a mais importante pela Maçonaria.

As atividades femininas paralelas a uma Loja Maçônica


conscientizam os maçons do papel da mulher na educação,
saúde, união e presença cristã em nossos lares.

Então, nós maçons, devemos incentivar nossas mulheres a


organizar a Fraternidade Feminina ligada a uma Loja
Maçônica, sempre apoiadas e em consonância com o
Venerável e os membros do Quadro, passando a dar
suporte e motivação ao trabalho das causas sociais, como
APJ, Maçonaria Contra as Drogas, assistência social e
beneficência.
182
OBJETIVOS

A Fraternidade tem por objetivo:

I – Desenvolver trabalhos de natureza cultural,


promovendo debates, encontros, seminários, conferências
e outros eventos que valorizem a participação da mulher
na comunidade social;

II – Desenvolver outras atividades de caráter social,


cultural, bem como cívicas e filantrópicas;

III – Coadjuvar e apoiar atividades sociais, culturais e


filantrópicas de entidades congêneres, particularmente da
Ação Paramaçônica Juvenil;

IV – Promover por todos os meios a seu alcance, o bem


estar da família das associadas, incentivando sua
integração na comunidade;

V – Apresentar ao Grande Oriente do Brasil, por meio das


Lojas federadas, propostas de efetiva participação da
Fraternidade Feminina nas atividades comunitárias em
comum com os obreiros;

183
VI – Estimular a prática da fraternidade entre as famílias
associadas, dando ênfase às famílias dos maçons falecidos
e inválidos, por meio de encontros, certames e visitas.

PRINCÍPIOS GERAIS

A Fraternidade Feminina tem por princípios gerais:

I – A defesa dos deveres básicos de amor à família,


fidelidade e devotamento à Pátria, cumprimento da lei e
dedicação à comunidade;

II – O trabalho nobre e dignificante, como direito


inalienável;

III – A livre manifestação do pensamento e a prática da


tolerância, princípios basilares das relações humanas,
respeitadas as ideologias e a dignidade de cada uma;

IV – A promoção do reconhecimento e das prerrogativas


relativas aos direitos universais da mulher.

No Espírito Santo a Fraternidade Feminina exerce com


louvor, dedicação e generosidade as funções estabelecidas

184
pela constituição e ato de criação de 1967 do GOB. São
centenas de atividades filantrópicas as quais nossas
valorosas cunhadas desempenham com exatidão
fortalecendo nossas colunas. Que de modo afetivo e
observado no relato abaixo.

Além da atividade o apoio incondicional aos maridos é


relatado em memória afetiva coletada em depoimento
durante os trabalhos de pesquisa, fato marcante da
presença feminina onde em construção de um loja
maçônica , em momento de seu adorno a esposa e cunhada
auxiliou nas pinturas e demais afazeres da edificação do
templo assim como tantas fraternas o fazem e merecem o
real reconhecimento como verdadeiras colunas de beleza.
A memória afetiva dos irmãos construtores é sempre da
cunhada com as mãos sujas de tinta.

185
INFORMAÇÕES ESTATÍSTICAS 2018

Maçons por faixa etária


de 51 a 79 30 Anos
anos 3%
13%
30 Anos
de 31 a 40 anos
41 a 50 de 31 a 40 41 a 50
30% anos
de 51 a 79 anos
54%

Atualmente contamos com aproximadamente 7895


maçons regulares nas potencias GL e GOB base deste
estudo em todo o estado do ES.

 43% das lojas estão localizadas na Grande Vitória


 58% dos membros são mestres maçons
 01% Taxa de óbitos anuais
 0 6% Taxa de Iniciações anuais
 08% Quites Placet

186
Base números levantados em 2018*

Entende-se grande Vitória municípios. Vitória, Serra, Vila


Velha, Viana e Cariacica.

Partindo das métricas apresentadas temos um


crescimento neste momento negativa em um quadro
evolutivo para o numero de maçons regulares anualmente.
Perdemos em falecimentos e quites para o numero de
iniciados.

Ressalta-se também que o crescimento na faixa etária


percentual para próxima década que supera a casa dos
43% para maçons com idade superior a 45 anos.

Espera-se um crescimento um aumento para 21% na faixa


etária de maçons com idade superior a 53 anos.

O maior percentual de regulares e pontualidade por


categoria, o equivalente a 59% são de mestres maçons.

Crescimento de 43% nas adesões aos Graus Filosóficos


comparados ao período de 2010 a 2015.

187
Um dos fatores da importância maçônica no contexto
político em geral deve-se ao fato da escolaridade ser seis
vezes maior do que a média nacional, que por sua vez
eleva a faixa salarial para 2,5 vezes maior que média
nacional. Em tese estas métricas são alcançadas com base
no perfil de seleção.

188
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Já no século XX, a maçonaria acompanha os movimentos


temporais do Brasil, em todos os ciclos políticos e
econômicos. Transcorrendo pelo século XX, mantendo
paralelos, no Espírito Santo, com as realidades nacionais.

No momento nacional da agro exportação, o esteio da


economia espírito santense é também de base agrária,
assim como a disposição espacial das 10 Lojas mais
antigas em atividade, das quais, 8 delas, se encontram em
regiões iminentemente agrícola.

E, também de forma sincronizada ao país, no momento de


instituição de um Estado nacionalista e interventor, pelos
anos da presidência de Getúlio Vargas, o Espírito Santo
recebe um governante interventor em conformidade com
a presidência.

Nesta passagem, a transição urbano- industrial, acelera o


êxodo rural e a ocupação da região metropolitana,
aceleram a ocupação territorial da capital, fazendo com
que, em tempo presente, 63% das Lojas maçônicas do
189
estado, se encontrem na capital e em sua região
metropolitana.

Experimentamos a renda e o emprego do milagre


econômico, nos ajudamos na difícil década de 80 e
hiperinflações, vimos o país em sua saga pela estabilidade
econômica e sua moeda, bem como empunhamos nossos
bustos para criação de sustentáculos morais por onde
passamos.

Nós, cavaleiros da arte real, pedreiros de oficinas no


nosso oriente do Espírito Santo, mantivemos desde nossos
primeiros sustentáculos , uma associação histórica real
com a história propriamente dita. Os reais construtores,
como assim também nos reconhecemos, não modificaram
a forma de entender a filosofia que admitimos no
momento de nossos juramentos.

O respeito sublime ao Grande Arquiteto do Universo, que é


Deus, o amor incondicional a família e a permanente
devoção a pátria, nos fizeram irmãos, do pretérito até os
tempos atuais, como uma senda de homens livres e
militantes das causas maiores.

190
Percebemos, ao longo desta narrativa, uma série de
episódios, desempenhando papel relevante, na confecção
de passagens e construções do Espírito Santo e de seu
povo.

191
REFERÊNCIAS

Loja Evolução III, número 35 - Grande Oriente Paulista -


COMAB - Ritual de Emulação. "Número de Maçons e
Distribuições no Mundo"
Maçonaria, que é também conhecida como Franco-maçonaria
Ação Maçônica Internacional - AMI - "Discreta sim, secreta
não"
Loja São Paulo 43 - "Conheça a Maçonaria"
«Dicionário Priberam da Língua Portuguesa - Significado de
maçonaria». Consultado em 5 de maio de 2010.
«Maçonaria». dicionário online de português. Consultado em
5 de maio de 2010.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa - Significado de
Maçônico
O ensinamento que capacita homens de diversas crenças
religiosas a se reunirem e permanecerem juntos em uma
sociedade fraternal.
Grande Loja Maçônica da Paraíba
como entende André Chedel, citado por Vanildo Senna em
"Fundamentos Jurídicos da Maçonaria Especulativa "
Academia superior - Organização Maçônica
Oliveira, Adilson Luiz Pereira de, Decodificando A Maçonaria
"c-Maçonaria especulativa", pg. 32-33. Editora Clube de
Autores Publicações S/A. Joinville-SC (2009)
Site da Grande Loja de São Paulo - História sobre os
192
primórdios da maçonaria
COSTA, Frederico Guilherme. "Maçonaria na Universidade-2".
Londrina: "A TROLHA", 1996.
HUTIN, Serge. "Les Francs-Maçons". Paris: Éditions du Seuil,
1976.
PETERS, Ambrósio. "O Manuscrito Régio e o Livro das
Constituições". Londrina: "A TROLHA", 1997.
VAROLI FILHO, Theobaldo. "Curso de Maçonaria Simbólica".
1º Tomo (Aprendiz). São Paulo: "A Gazeta Maçônica", 1976.
A maçonaria Antiga (Operativa), era uma associação de
profissionais que se reuniam basicamente, com dois
propósitos: Intercâmbios/aprimoramento dos conhecimentos
técnicos e assistência/proteção mútua.
O mais antigo documento que se conhece da chamada
Maçonaria Antiga, ou Operativa, ou de Ofício é o Poema Régio,
que é de 1390, portanto, século XIV. Tudo o que se disser
anterior a essa data não passa de pressuposição.
Com o desenvolvimento das construções promovidas
pela Igreja Católica, viu-se a necessidade do deslocamento
(antes proibido) dos artífices, de um feudo para outro. A
Igreja usou seu poder, obrigando os Reis a permitirem que os
pedreiros (mason) mais qualificados, se deslocassem pelo
continente, tornando-os "franc-mason".
Maçonaria e Catolicismo, por Pe. Alberto Gambarini,
Universo Católico, 2018
Maçonaria Ortodoxa, Editora Madras
193
As origens da maçonaria especulativa
Para Patrick Négrier trata-se de um reflexo da crise europeia
do fim do séc. XIV e início do séc. XV ligada à Guerra dos Cem
Anos e à Peste Negra, a qual teria provocado o fechamento
dos grandes canteiros de obras de catedrais e o desemprego
de muitos trabalhadores do setor
A fundação da Grande Loja de Londres, determina, portanto,
o fim da Maçonaria Operativa e marca o início do terceiro
período da história da maçonaria, a Maçonaria Especulativa
ou Maçonaria dos Aceitos ou, ainda, como disse Nicola Aslan,
"da Maçonaria em seu aspecto atual de associação civil,
filosófica e humanitária".
DA CAMINO, Rizzardo. Dicionário Filosófico de Maçonaria.
Madras Editora, 1997, p. 124.
Joaquim Gervasio Figueiredo. Dicionário de Maçonaria.
Editora Pensamento. p. 314. ISBN 978-85-315-0173-9.
Arnaldo Schüler (2002). Dicionário enciclopédico de teologia.
Editora da ULBRA. p. 342. ISBN 978-85-7528-031-7.
Judaica -A maçonaria é uma universidade de crescimento
permanente
Maçonaria brasileira - A Falsa Conspiração do Judaísmo e da
Maçonaria
monografias maçônicas - Maçonaria e Judaísmo
Hitler e a Maçonaria
Grande Loja Nacional Portuguesa - Maçonaria e Hittler
(Fonte: Livro dos Dias - 1999)
194
Como Tudo Funciona
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MONTFORT». Associação Cultural Montfort. Consultado em 6
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declaração sobre a maçonaria. of Quaestum Est
Site do Vaticano - Congregação par a Doutrina da Fé:
inconciabilidade entre fé cristã e maçonaria. [15]
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freemasons - freemasonry -As origens da Maçoanria
Cronologia maçônica -
Portal do Espírito - Allan Kardec Maçom ?
HEMMERT,Danielle.ROUDENE Alex.História da magia, do
ocultismo e das sociedades secretas" tomo VII: No século de
Allan Kardec
Esboço biográfico e curiosidades
Budismo e Hinduísmo há incompatibilidade?
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New York: Facts on File, pp. x-xi ISBN 0-8160-5335-9
Portal Maçônico - Liberdade, Igualdade e Fraternidade
A maçonaria exige, de seus membros, respeito às leis do país
em que cada maçom vive e trabalha
Os princípios Maçônicos não podem entrar em conflito com
os deveres que, como cidadãos, têm os Maçons.
g Os 33 Graus da Maçonaria
a Maçonaria Simbólica compõe-se de três Graus
universalmente reconhecidos e adotados desde seus
primórdios em tempos imemoriais: Aprendiz, Companheiro e
Mestre.
Segundo o «Les francs-maçons», dans L'Histoire, vol. 256,
2001 ISSN 01822411 fontes da fr-wp
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Este discurso está disponível na íntegra na Wikisource
Francesa
MINGARDI, Cezar Alberto. Sois maçom? Pág 45. São Paulo.
Madras Editora. ISBN 978-85-370-0400-5
Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e
Aceito da Maçonaria para a República do Brasil
Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês
Antigo e Aceito
Supremo Conclave do Brasil - Rito Brasileiro para Maçons
Antigos, Livres & Aceitos
Supremo Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco
do Brasil
197
81. O Malhete - Vitória-ES, Agosto de 2013 - Ano V - Nº
51
82. Contribuição Irmão Rogério Vaz de Oliveira, Grande
Secretário Adjunto de Educação e Cultura do GOB RS.
Obreiro da A.R.L. S Estrela do Sul 84 com 177 anos de
fundação.

198
BIBLIOGRAFIA
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João Eurípedes Franklin Leal é natural de Cachoeiro de
Itapemirim, ES, historiador, pesquisador e professor livre-
docente de paleografia da Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro – Uni-Rio

199

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