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Módulo 2
CONTEXTUALIZANDO
Você sabia que diversos países dão muito valor às informações e estatísticas criminais e que
essas áreas são reconhecidas tanto como usuárias quanto como produtoras de informações?
E, o mais importante, que têm o devido reconhecimento político por parte das autoridades
com relação à importância da utilização dos dados gerados nesses setores de conhecimento?
Pois é o que veremos agora nesta aula sobre o histórico de adoção de sistemas de
informações criminais no Brasil e no mundo. Acompanhe!
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Sabendo da relevância da utilização de dados para 2as investigações criminais, você poderá
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conhecer mais adiante um pouco mais sobre a evolução desses sistemas de informações em
países como Inglaterra, França,
Portugal, Alemanha, Estados
Unidos e Brasil.
Atualmente são produzidos dois relatórios anuais na Inglaterra: o Relatório Anual dos
Comissários das Prisões, com estatísticas sobre pessoas presas nos estabelecimentos
prisionais e reformatórios; e o Relatório Anual da Polícia Metropolitana, com informações
sobre crimes e estrutura de polícia.
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Você pôde observar que, no período de 1825 a 1968, a chancelaria de Paris publicou o Balanço
Geral de monitoramento das atividades básicas das instituições de justiça, utilizando as
estatísticas do Ministério Público francês como fonte para a geração de tabelas e quadros
estatísticos nacionais, inclusive com estratificação por áreas geográficas.
É importante salientar que, em 1826, mesmo após iniciada a publicação recorrente de ofícios
circulares com o objetivo de discutir e padronizar as informações coletadas, a falta de
preocupação específica com as fontes de informação fez com que essas circulares e os
dados coletados fossem questionados continuamente.
Segundo Lima (2005), é oportuno apontar que em 1949 o Instituto Nacional de Estatísticas da
França (INSE) começou a se responsabilizar pela produção de estatísticas criminais, incluindo
o controle cadastral de antecedentes e impedimentos eleitorais dos condenados pela justiça.
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Nessa época, eram também coletados mapas referentes às causas ocorridas em juízo e no
Tribunal de Polícia Correcional de estamentos diversos (de Lisboa e Porto).
Também cabe destacar que, de acordo com a representação na figura anterior, em 1859,
depois de um intenso debate sobre a validade, celeridade e confiabilidade dos dados
coletados (iniciado no ano anterior), criou-se uma repartição de estatística ligada ao MNEJ,
que reuniria dados sobre crimes, prisões e movimento forense.
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Na Alemanha, em 1871, como as forças policiais já detinham poderes sobre todas as esferas
da vida de seus cidadãos, foi implementado um sistema denominado Meldewesen, por meio
do qual a polícia de Berlim gerenciava os dados de todas as dimensões da vida cotidiana de
sua população, como demonstrado na linha do tempo a seguir.
Atualmente, o sistema de produção e coleta de dados alemão já não está centralizado numa
única agência, mas em ações de diferentes atores institucionais com dados integrados, que
alimentam e passam por análise das forças policiais para a sua utilização.
Já nos Estados Unidos, a utilização de dados para as investigações criminais surge em 1880
com o primeiro censo que gerou informações confiáveis e completas sobre crimes e
criminosos, conforme apresentado a seguir.
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Como visto, segundo Lima (2005), no ano de 1880, os Estados Unidos elaborou o primeiro
censo que trouxe informações mais completas sobre crimes e criminosos e uma parte
especial da pesquisa sobre “pauperismo e crime”.
É importante esclarecer que, em 1933, além do trabalho do FBI com os UCRs, duas outras
divisões do governo federal aturam produzindo dados estatísticos sobre a criminalidade no
país: o Bureau do Censo, com registros de prisões, e o Bureau de Infância do Departamento do
Trabalho, com registros dos crimes juvenis.
Após os anos 2000, duas ferramentas de coleta de dados passam a permitir uma visão mais
ampla dos fenômenos criminais nos Estados Unidos. Essas duas ferramentas são: o Survey
Nacional de Vitimização pela Criminalidade (NCVS), que, como nome indica, mapeia a
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vitimização da população com idade superior a 12 2anos, e os UCRs, que registram e mapeiam
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as ofensas.
Agora, vamos conhecer sobre o processo evolutivo de como o Brasil passa incorporar em sua
agenda os sistemas de informações criminais.
Você sabia que o nosso país passou a adotar sistemas de informações criminais ainda no
período imperial? Sim, foi com a publicação da Lei n.º 2.033, de 1871, que deu origem às
instituições policiais separadas do Judiciário e também criou o inquérito policial, como parte
do processo de burocratização do Império. Veja, a seguir, o processo evolutivo do sistema de
informações criminais.
Segundo Lima (2005), o período de 1822 a 1889 registra enormes dificuldades envolvidas nos
processos de mensuração dos dados da realidade no período do Império, que vão desde a
falta de legitimidade dos órgãos legalmente responsáveis até a inexistência de parâmetros de
coleta primária e sistematização de dados. Depois, em 1989, o primeiro período Republicano
(1889 a 1930) continuou passando por males semelhantes.
De acordo com a figura anterior, em 1851, foram instituídos, por decreto, o Censo Geral do
Império e o Registro Civil de Nascimento e Óbitos, passando para o Estado incumbências que
antes eram exercidas pela Igreja Católica, bem como agrupando escravos e cidadãos num
mesmo registro.
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No ano de 1878 foi publicado o Decreto n.º 7.001, que detalhava variáveis e cruzamentos de
informações a serem observadas no fornecimento de estatísticas ao Governo Imperial.
O fluxo das informações que era anual iniciava nas chefaturas (chefias) de polícia e nos
mapas gerais de estatística policial, e seguia para os secretários de justiça e presidentes de
Província e destes, para o governo imperial. Estatísticas judiciais eram produzidas de maneira
pulverizada por diversos atores.
Em 1936, conforme indicado na figura anterior, foi publicado o Decreto n.º 1.200 (já revogado)
, que criou o Conselho Nacional de Estatística e estabeleceu, segundo LIMA (2005), na
assembleia geral, como atribuição, a proposta de se adotar medidas para otimizar e viabilizar
a realização de estatísticas dentro do território brasileiro, bem como sua divulgação posterior,
incluídas várias áreas de atuação do Estado.
Dentre essas várias áreas de atuação, encontrava-se naturalmente a segurança pública, cuja
gestão de estatísticas de crimes e contravenções cabia à Diretoria de Estatística Geral do
Ministério da Justiça.
Em 1941 teve início a inserção dos boletins individuais (BIs) no Código de Processo Penal
(CPP, Art. 809). Conforme Lima (2005), esses boletins individuais tinham o objetivo de
integrar a apuração de estatísticas criminais, policiais e judiciais numa perspectiva
longitudinal, ou seja, em mais de um momento ao longo do tempo. Foi uma tentativa de
articular as instituições de segurança, justiça, estatística e identificação civil.
Ainda no ano de 2001, ocorreu a primeira pesquisa Perfil das Instituições de Segurança
Pública, com o objetivo de traçar o perfil organizacional das instituições de segurança pública,
coletando dados como: orçamento, recursos materiais e humanos, gestão da informação,
entre outros (BRASIL, 2013). Foram produzidas cinco edições da pesquisa entre os anos de
2004 e 2017.
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Em 2001, foi iniciada a coleta mensal de dados das polícias civis, que teve seu processo de
envio de informações informatizado por meio do Sistema Nacional de Estatísticas de
Segurança Pública e Justiça Criminal (SINESPJC), conforme demonstra a figura a seguir.
Em 2007, foi promulgado o Decreto n.º 6.138 , revogado pelo Decreto n.º 9.489 em 2018, o
qual criou a Rede de Integração Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e
Fiscalização ( Rede INFOSEG), a fim de integrar nacionalmente as informações que se
relacionam com segurança pública, identificação civil e criminal, controle e fiscalização,
inteligência, justiça e defesa civil.
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Em 2012, foi promulgada a Lei n.º 12.681/2012 , que instituiu o Sistema Nacional de
Prisionais e sobre Drogas
Informações de Segurança Pública, (SINESP), que tem a finalidade
de armazenar, tratar e integrar dados e informações para auxiliar na formulação,
implementação, execução, acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas à
segurança pública do sistema prisional da execução penal e do enfrentamento do tráfico de
drogas ilícitas.
Já em 2018, com a evolução dos sistemas de informações criminais no Brasil, foi promulgada
a Lei n.º 13.675/2018, que criou o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) ; firmou o
Sinesp como um dos meios e instrumento para a implementação da Política Nacional de
Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); anulou alguns dispositivos da Lei n.º
12.681/2012; e renomeou o SINESP, que passou a significar Sistema Nacional de Informações
de Segurança Pública, Prisionais e de Rastreabilidade de Armas e Munições, e sobre Material
Genético, Digitais e Drogas.
A Lei n.º 13.675/2018 colocou o SINESP como ferramenta de integração e padronização das
informações e dados de segurança pública, além de estabelecer sanções em caso de não
repasse das informações.
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Como você pôde ver, na evolução histórica de sistemas de informações criminais, o Brasil
passou por várias tentativas de integração dos sistemas, e ainda passa por várias tentativas
de melhorias e integração.
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