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Material Bizurado

1. Fundamentos históricos análise criminal

Pra que serve a análise criminal em preceitos gerais?

fornecer subsídios e informações estratégicas para as ações de policiamento, desta forma, as


forças de segurança pública podem maximizar seus esforços de forma estratégica e tomarem
medidas preventivas adequadas, ou seja, trazer eficiência e eficácia para a segurança pública.

1.2 Análise criminal na polícia moderna

Segundo Bayley (2006, p. 20), entende-se por Polícia Moderna o “Organismo composto por
pessoas autorizadas por um grupo para regular as relações interpessoais dentro deste grupo
através da aplicação de força”. *É importante lembrar que a prática de análise de crimes é
anterior à profissão* Como relatado em sala de aula, foi a primeira profissão do mundo.

Quem foi HENRY FIELDING?

Tema quente de prova, visto que o Autor e magistrado HENRY FIELDING é o responsável
pelos primeiros traços do uso estruturado de rudimentos da Análise Criminal, mas falaremos
mais a frente em marcos históricos 😊

1.3 Modelo londrino de análise criminal

Podemos dizer que o método embrionário da análise criminal enquanto técnica formal é
atribuída ao famoso Henry Fielding, pois o mesmo estimulava a população a denunciar os
crimes e relatar a descrição do autor, formando assim um banco de dados com o perfil do
crime e do criminoso.

Além disso, o primeiro registro do perfil da criminalidade, com consultas e análises e oriundo
emprego dos “Bow Street Runners” fundada pelo HENRY FIELDING em 1749, possuía
apenas 6 homens e constituía ( A primeira força policial profissional de Londres) Prestem
atenção, não atoa está sublinhado.

Realmente, Londres não estava para brincadeira, é justamente na Inglaterra que surge a
primeira estrutura de policiamento moderno e profissional, no século XIX (19) com a criação
da Polícia Metropolitana de Londres e, com ela, a análise criminal e a estatística, que
desencadeou no conceito de “modus operandi” -modo de operação (ih alá, o candidato
manjando no latim 😊) como conhecido até hoje. Esse sistema, senhores, tornou-se modelo
para demais forças outrora existente, em diversas partes do mundo, em especial nos nossos
amigos americanos que abordaremos tão logo.

Sabendo disso, percebe-se que o Sistema londrino foi referência, sendo utilizado por vários
departamentos do mundo, que foram adaptando-o e desenvolvendo suas próprias versões.

1.4 Modelo Norte-americano de análise Criminal

Quem foi Agosto Vollmer?

Lembrem desse nome, o nosso querido mês de agosto rs, foi um dos primeiros proponentes a
utilização da análise, ele foi um chefe de polícia de Berkeley, sendo chamado de “the Father
of American Policing” na boa e bela língua portuguesa, o pai do policiamento americano. Ele
introduziu uma técnica inglesa de classificação sistemática de criminosos conhecidos e seus
respectivos modus operandi.

Suas inovações vão desde a técnica de exame das chamadas de emergência (calls-forservice),
o mapeamento pino no qual poderia identificar visualmente as áreas onde o crime e as
chamadas estavam concentrados, a revisão periódica dos relatórios da polícia, e a formação de
patrulha distritos com base no volume crime. Sendo assim, amigos, partindo do pressuposto
de regularidade do crime e o ocorrências semelhantes, trazia a ideia de ser possível tabular
essas ocorrências por áreas e determinar os pontos com maior perigo e também que
apresentam menor perigo.
*curiosidade bônus: Em 1950 o termo “Máfia” passou a ser conhecido de todos como
consequência das audiências públicas conduzidas pelo Senador Estes Kefauver em processo
de investigação do crime organizado, levando grandes departamentos de polícia a
implementar novos esforços para a coleta e análise de informações sobre esse tipo de ameaça
ao país.

Embora Vollmer já utilizasse explicitamente algumas técnicas de análise, O termo “análise


criminal” foi utilizado posteriormente pelo pupilo de Agosto Vollmer, Orlando Winfield
Wilson, na segunda edição de seu livro “Administração Policial”.

1.4 A ascensão da análise criminal

Essa abordagem inovadora para investigar crimes e entender o comportamento criminoso foi
e é fundamental para melhorar a eficácia das investigações e a ajudar a prevenir posteriores
delitos

a) Em Londres e Estados Unidos

Por volta de 1920 e 1930, a análise criminal e a inteligência policial tiveram uma grande
evolução, principalmente devido aos trabalhos de levantamento de dados sobre anarquistas e
membros de organizações criminosas.

Na polícia londrina, a análise criminal ganhou destaque a partir da década de 1950, quando o
Departamento de Polícia Metropolitana começou a usar técnicas de perfil criminal

para ajudar na resolução de casos complicados. Entretanto, ficou mais conhecida em 1980,
graças aos esforços do psicólogo Paul Britton *pioneiro na aplicação de técnicas psicológicas
para entender o comportamento dos criminosos e ajudar a identificar suspeitos*

Nos EUA, nos anos 60, começaram a ser criadas as unidades de análise criminal, e os estudos
para aumentar a eficiência policial, resultando num maior número de prisões e de casos
solucionados, sendo o livro do nosso querido Wilson citado acima tornando leitura obrigatória
e básica para os policias. Outro ponto marcante da análise criminal foi com o surgimento do
FBI na década de 1970, sendo responsável por desenvolver técnicas de perfil criminal e
fornecer assistência a diferentes agências policias em todo o país.

Entretanto, queridos amigos, é importante observar que a análise criminal não é uma ciência
infalível e não pode ser aplicada em todos os casos. Nosso referencial teórico é expressamente
a favor da ética e o respeito aos direitos individuais, principalmente na utilização dessa
abordagem, garantindo que os perfis não sejam baseados em preconceitos ou estereótipos
contaminados.

b) Brasil

Vamos ao nosso querido Barrichelo (quem entendeu, entendeu)

A ascensão da análise criminal no Brasil teve um desenvolvimento mais gradual em


comparação com países como o Reino Unido e os Estados Unidos, sendo o reconhecimento
oficial da análise criminal como uma disciplina importante na investigação de crimes em
momentos diferentes e de forma progressiva.

Na década de 1980, o Brasil começou a adotar técnicas de perfil criminal e análise


comportamental como parte das investigações policias, tendo uma maior conscientização
sobre a importância de entender o comportamento criminoso e auxiliar na solução de conflitos
complexos. Entretanto, na década de 1990, que a análise criminal começou a ganhar mais
destaque em solo brasileiro. Visto que foi implementada as primeiras unidades especializadas
em análise criminal, tanto na gloriosa policia civil, quanto na policia federal. Essas unidades
começaram a desenvolver técnicas e metodologias específicas para análise de crimes,
incluindo a elaboração de perfis criminais.

c) Goiás

Diversos esforços foram implementados no nosso glorioso estado nas últimas duas décadas,
podemos citar com veemência, diversos investimentos em especialização de analistas por
meio das três edições de Análise Criminal, aquisição de equipamentos tecnológicos, capaz de
processar grandes volumes de dados. Além disso, um sistema centralizado de análise a
padronização de informações foi estabelecido a partir dos Observatório de Segurança Pública
(GEOSP). Foram implementados Núcleos de Estatística e analise criminal em diversas
regionais de policia afim de promover integração entre forças e estabelecer um canal de
produção de conhecimento local, mas infelizmente não prosperou sendo que a maioria das
unidades foram desativadas por falta de efetivo especializado.
1.5 Programas padronizados de registro de crimes
a) Estados Unidos

Programa utilizado pelo EUA, foi o UCR (Uniform Crime Reporting Program), era o
responsável pelo indicador das estatísticas criminais, tendo sua finalidade padronizar a coleta
de dados sobre crimes, fornecendo informações consistentes comparáveis entre diferentes
agências policiais em todo o país.

b) Brasil

Infelizmente, como já citado acima, o nosso querido país apresenta desconfortável destaque
internacional, sendo um dos dez países mais violentos do mundo. Utilizado e instituído em
1995 o Programa de Integração de Informações Criminais, tendo o objetivo de integrar as
bases criminais dos estados brasileiros. Entretanto, foi apenas em 2003, que tivemos a maior
consolidação nacional que se refere à análise criminal, por meio do SENASP ( Secretaria
Nacional de Segurança Pública) objetivando se consolidar como a grande base nacional de
dados estatísticos sobre crime e criminalidade

c) Goiás

Como marco histórico de padronização dos registros de crimes, iniciou-se a criação do


Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (SINESP) em 2012, visando integrar
as informações em todo país.

Entretanto, pelos problemas de duplicidade e assertividade dos antigos métodos de registro,


em ABRIL DE 2016 (pelo amor de Deus, lembrem dessa data) o nosso Glorioso, maravilhoso
e lindo RAI (Registro de Atendimento Integrado entrou em operação, tornando-se o único
meio de registo a todos os atendimentos e procedimentos policiais realizados pelas forças de
segurança. Dessa forma, houveram avanços significativos para a análise criminal do nosso
glorioso Estado, com o RAI, juntamente com a incorporação de sistemas de Business
Intelligence (acho chique esses termos).

1.6 A análise criminal e as normas abordagens na prevenção de crimes

Senhores, o avanço tecnológico e a crescente disponibilidade de dados, surgiram novas


abordagens na análise criminal, que possibilitam uma compreensão mais abrangente e precisa
do fenômeno criminal, podendo destacar a inteligência artificial, que tem sido aplicada pra
processar muitos volumes criminais, identificar padrões ocultos e realizar previsões de áreas e
momentos de maior probabilidade de ocorrências de crimes.
Além disso, novidade nova 😊 é a utilização de técnicas de georreferenciamento, mas o que
é isso?! Calma jovem gafanhoto, isso nada mais é que mapear e visualizar a distribuição
espacial dos crimes, permitindo identificar áreas de maior concentração de delitos e entender
os fatores que contribuem para a sua ocorrência.

É claro, não podemos esquecer das análises de redes sociais, uma vez que essas permitem
interações e conexões entre indivíduos, tornando-os mais visíveis e rastreáveis. Enfim, em um
mundo cada vez mais globalizado, o volume de dados cresce em níveis exponenciais, novas
tecnologias acima abordadas nos permite coletar e organizar os dados em uma velocidade
cada vez maior.

2. Teorias aplicadas a análise criminal

2.1 Teoria Clássica do Crime

Desenvolvida por pensadores como Cesare Beccaria e Jeremy Bentham, enfatiza a ideia de
que os indivíduos são seres racionais que fazem escolhas calculadas, ou seja, se baseia no
conceito de livre arbítrio e responsabilidade individual.

2.2 Teoria Positiva do Crime

Segundo essa teoria, a influência de fatores biológicos, psicológicos e sociais no


comportamento do criminoso. Assim sendo, os positivistas tinham em mente que o crime era
determinado por características individuais e que o comportamento criminoso poderia ser
explicado e prevenido por meio do método científico.

2.3 Teoria Sociológica do Crime

De nome bem sugestivo, essa teoria trata da importância dos fatores sociais, culturais e
econômicos na explicação do crime, argumentando que desigualdades sociais, falta de
oportunidades e disfunção social podem levar ao comportamento criminoso.

2.4 Teoria do Controle Social

Essa Teoria traz consigo a ideia do crime ocorrer quando o controle social sobre um individuo
é fraco ou ineficaz, analisando os sistemas formais e informais de controle (leis, normas
sociais, instituições e relações interpessoais)

2.5 Teoria da aprendizagem Social


Relata a teoria que o comportamento criminoso é aprendido por meio de interações sociais e
observação de modelos. Assim sendo, a influência de figuras de autoridade, pares
delinquentes e recompensas na formação de comportamentos criminosos.

2.6 Escola de Chicago

Tendo seu principal foco de análise o ambiente urbano, abordando temas como o ingresso de
favelas, o aumento do crime e da violência, bem como o crescimento populacional, essa teoria
sustenta que a ordem social, a estabilidade e a integração, desempenham um papel
fundamental no controle social e no cumprimento das leis. Entretanto, a desordem e a falta de
integração são apontadas como fatores que levam ao crime e à delinquência. Desta forma,
afirma que quanto menor for a coesão e o sentimento de solidariedade em grupo, comunidade
ou sociedade, maiores serão os índices de criminalidade.

Sendo assim, a Escola de Chicago propõe que a promoção da ordem social, da estabilidade e
da integração é essencial para prevenir a criminalidade e promover um ambiente seguro nas
áreas urbanas.

 A mobilidade social: O incessante movimento dentro das cidades impossibilita a


criação de vínculos e identidade entre os seus moradores, ao inverso do que ocorre na
zona rural, uma vez que o anonimato rompe determinados mecanismos tradicionais de
controle do sujeito que pretende praticar um crime, além de não haver qualquer laço
de identidade entre o indivíduo e sua vítima, o que facilita a prática do delito.
 Áreas de delinquência: Essas áreas estão relacionadas à degradação física, segregações
econômicas, étnicas e raciais, sendo os principais meios de prevenção para o crime o
mapeamento e a modificação desses espaços urbanos e do desenho arquitetônico da
cidade, ampliando os espaços abertos, iluminando ruas e reformando estações de
metrô.
2.7 Criminologia Ambiental

É o estudo do crime, criminalização e vitimização e como se relacionam, em primeiro


lugar, com determinados lugares onde ocorrem e, em segundo lugar, a maneira com que os
indivíduos e organizações padronizam suas atividades espacialmente, e ao fazê-lo são
influenciados pelo local ou fatores espaciais, sendo suas perspectivas baseadas em três
premissas, natureza do ambiente imediato, distribuição dos crimes e compreender o
papel dos ambientes criminógenos.
a) Natureza do ambiente imediato: O ambiente não é apenas um ambiente de pano de
fundo passivo para o comportamento criminoso, mas sim, desempenha um papel
fundamental para o surgimento do crime, assim a criminologia ambiental explica
como ambientes que cercam os fatos criminais afetam o comportamento dos
indivíduos e o motivo de alguns ambientes serem propícios ao crime
b) Distribuição dos crimes: Essa distribuição no tempo e no espaço não é aleatória, uma
vez que devido o comportamento criminoso ser dependente de fatores situacionais, o
crime é modelado conforme a escolha dos ambientes criminógenos, assim os crimes
concentrar-se-ão em torno de oportunidades para a sua consecução e diversas
características ambientais que facilitem a atividade criminosa
c) Compreender o papel dos ambientes criminógenos: Ter a ciência da maneira como
os crimes são padronizados são armas poderosas na investigação, controle e prevenção
do crime, possibilitando que policiais, profissionais de prevenção da criminalidade e
outros grupos interessados, concentrem recursos sobre os problemas particulares da
criminalidade em determinados locais específicos. Desta forma, alterando os aspectos
criminógenos do ambiente alvo pode-se reduzir a incidência de crimes nesse local.
2.8 Teoria das Janelas Quebradas

Apesar de não ser uma teoria criminal em si, mas um conceito relacionado à criminologia e à
prevenção do crime, postula que sinais de desordem, transmite a mensagem de que ninguém
se importa com o local, atraindo a atenção de pessoas com intenções criminosas, que se
sentem encorajadas a cometer crimes adicionais, pois acreditam que a área está desprotegida e
impune.

2.9 Teoria das atividades rotineiras (TAR)

Essa teoria índice como as atividades rotineiras das pessoas afetam seus índices de
vitimização e como estas atraem os infratores para a prática de crimes. Segundo esta teoria,
três elementos são necessários para um crime, quais sejam, um infrator motivado, um alvo
adequado e a ausência de guardiões.

Esses três elementos constituem um tripé, segurando uma plataforma na qual os crimes
ocorrem. Assim sendo, se uma das pernas do presente tripé é quebrada, a plataforma cai e,
portanto, os crimes podem não acontecer.

2.10 O triângulo do Crime na Análise Criminal


O triângulo do crime, é bem parecido com o TAR, visto que sistematiza em três elementos
determinantes para a ocorrência de crimes: agressor motivado, vítima vulnerável e ambiente
favorável.

Agressor motivado: Refere-se à pessoa que comete o crime, podendo ser motivações diversas,
constituindo a analise do agressor envolvendo o estudo de seu perfil, motivações, histórico
criminal e padrões de comportamento, afim de identificar estratégias eficazes para sua
prevenção e captura.

Vítima vulnerável: É a pessoa que sofre as consequências do crime, tendo a análise da vitima
envolvendo a compreensão de seu perfil demográfico, comportamental e social, identificando
os fatores de risco que a tornam mais suscetível à criminalidade. Dessa forma, ajudando a
desenvolver medidas de proteção e apoio às vítimas.

Ambiente favorável: Refere-se às circunstâncias e às condições que permitem que o crime


ocorra, sendo a análise de oportunidades uma busca de identificar as vulnerabilidades
existentes e desenvolver estratégias para reduzir ou eliminar essas oportunidades de cometer
crimes

3. Fundamentos da Análise

Um dos principais fundamentos da análise criminal é a identificação clara e precisa do


problema em questão, como Goldstein enfatiza a importância de definir o problema de forma
específica, buscando entender suas características, causas e impacto na comunidade, assim, os
policiais devem adotar uma abordagem sistemática para identificar os fatores subjacentes que
contribuem para a ocorrência do problema.

3.1 Princípios da análise criminal

a) Base na lógica e no senso comum

Embora envolva metodologias de pesquisa e estatísticas, a análise requer principalmente a


experiência do analista em identificar o conhecimento existente sobre o problema em questão,
incluindo os infratores, às vítimas e os locais relacionados, para isso é necessário criatividade
na identificação dos dados necessários e a capacidade de raciocínio lógico para avaliar as
possíveis soluções

b) Diversidade de abordagens

Não há apenas uma maneira correta de realizar a análise, uma vez que o objetivo da análise é
fornecer informações úteis, assim diversas podem ser as abordagens na tentativa de obter
informações, dependendo da natureza do problema.

c)Análises específicas para problemas específicos:

Cada problema requer uma análise específica e personalizada. O sucesso obtido em uma
análise anterior não garante aplicabilidade direta aos problemas atuais ou futuros. Da mesma
forma, as soluções propostas em uma análise anterior podem não ser aplicáveis a novos
problemas, entretanto, isso não significa que o analista precise começar do zero cada análise,
pelo contrário, é importante buscar o máximo de dados sobre problemas semelhantes.

d) Criatividade e inovação na análise

Os problemas de segurança pública são cada vez mais complexos e exigem respostas
criativas. Assim sendo, o analista deve buscar fontes de dados além das tradicionais,
explorando informações diversas. Essa ampliação das fontes de dados pode fornecer ao
analista diferentes perspectivas sobre o problema, levando a soluções interessantes.

e) Simplificação da análise

Embora a análise possa lidar com problemas complexos, não precisa ser necessariamente
complexa em si. Na maioria das análises o analista pode utilizar processos e técnicas
acessíveis como o uso de frequências e, etc. O foco do analista deve estar na caracterização do
problema e de suas características, identificando os pontos que demandam intervenção e
respostas adequadas, em vez de buscar relações complexas de causa e efeito. Portanto,
Simplificar a abordagem permite um entendimento mais claro e uma tomada de decisão mais
efetiva.

3.3 Conceito de análise criminal

São muitas as definições, mas, Segundo Rachel Boba Santos, análise criminal é “O processo
sistemático de coleta, organização, análise e interpretação de dados criminais e contextuais
para identificar e entender padrões, tendências, problemas e características dos crimes,
visando informar a tomada de decisões estratégicas e operacionais.

O comum entre as definições é que a análise criminal consiste no estudo sistemático do crime,
do criminoso, do ambiente em que ocorreu o crime e da vítima, a fim de prever tendências e
identificar padrões para poder, dessa forma, otimizar o serviço policial, tanto tática quanto
administrativamente.

O que é padrão criminal?

Os padrões criminais são as características identificáveis que se repetem em dois, ou mais


eventos criminais, em uma determinada série histórica, e que vincule, em tese, diversos
eventos criminais entre si.

Seis padrões usuais na análise criminal que cuja definição é importante:

i) Séries: Vários crimes similares praticados contra uma ou várias vítimas, ou alvos.
ii) Spree (Farra) Frequência tão alta de ocorrências que aparenta ser atividade
contínua ex: furto de vários rádios automotivos em carros localizados no
estacionamento de uma casa noturna
iii) Hot- Spot (Ponto quente) aumento anômalo de criminalidade. Ex: condomínio,
aparentemente isento de qualquer atentado, passa a ser alvo de roubos frequentes.
iv) Hot-Dot (Entidade quente) são indivíduos que possuem relação direta com vários
eventos criminoso. Ex: porteiro do prédio que presencia furtos em frente ao
condomínio
v) Hot-Product (Produto quente) são produtos que se tornam potenciais alvos de
criminosos ex: telefones celulares no centro de Goiânia.
vi) Hot-Target (Alvo Quente) são os locais que são considerados alvos potenciais de
criminosos. Ex: bancos ou supermercados em uma região

3.4 ANALISE CRIMINAL X ANÁLISE DE INTELIGÊNCIA


Análise criminal é um recurso de inteligência de segurança pública, atuando por uma
perspectiva macro, não se limitando a uma investigação específica, tendo a sua ação a de
identificar ou antecipar um movimento atípico criminal e assessorar as autoridades
gestoras da segurança pública.

Na análise de inteligência desenvolve as diligências de natureza sigilosa em prol de


investigações criminais, objetivando desnudar e trazer luz ao “dado negado”, o dado que é
mantido sob sigilo pelos grupos criminosos.

3.5 Analise quantitativa e qualitativa

Pela abordagem quantitativa, a AC examina os dados que compõe o universo da segurança


pública e por meio de diversos métodos, como a estatística e o georreferenciamento,
identifica se há significativos padrões de crimes, aumento, redução ou correlação entre
indicadores criminais

Pela abordagem qualitativa, o analista criminal precisa compreender a lógica do crime e


do criminoso para compreensão dos resultados encontrados no relatório de AC e, para
isso, utiliza-se de conhecimentos da sociologia, geográfica, direito, criminologia,
psicologia e demais ciências.

3.6 Finalidade da análise criminal

Suscintamente a análise criminal possui a finalidade de gerar informação sobre


criminalidade para direcionar a atuação dos gestores e operadores de segurança pública,
atuando como base para o planejamento estratégico, tático e operacional, refletindo na
prevenção, repressão e previsão criminal, ou pode-se dizer que a análise criminal possui
influência no direcionamento de recursos financeiros, materiais e humanos da segurança
pública.

De forma aprofundada destaca-se:

1. Identificação dos envolvidos no crime ou de existência de padrões de crimes em séries


2. Previsão de ocorrências criminais
3. Análise dos perfis, dos objetivos ou lugares em que poderão ocorrer crimes
4. Oferecer suporte para a investigação criminal
5. Oferecer dados de suporte para o policiamento comunitário e programas de prevenção
ao crime
6. Auxiliar o processo de investigação de crimes específicos
7. Fornecer dados para dar suporte ao planejamento de uma unidade
8. Analisar dados operacionais para planejamento de alocação de recursos e orçamentos
de uma unidade

3.7 O trabalho do analista criminal

Em síntese tem um papel de suma importância pois como detentor da informação, influencia
diretamente na tomada de decisão nos três níveis, estratégico, tático e operacional. Desta
forma, não basta apenas o conhecimento estatístico, mas também possuir um olhar sistêmico
sobre a segurança pública, utilizando da ciência para apontar os possíveis problemas e
soluções que foram inicialmente demonstrados pelos números

Além disso, o analista criminal também tem que se atentar em focar seus estudos em um
local, uma área, uma região, um contexto. Desse modo, o estudo será mais preciso e eficaz
para atender a demanda, e dessa forma, traçar a melhor estratégia local para solucionar os
problemas e atender à população.

3.8 O perfil do analista criminal

O analista criminal deve conhecer softwares de análise de dados, ter conhecimento em


estatísticas, mapeamento, raciocínio lógico, expertise para resolução de problemas, além da
habilidade verbal, com desenvoltura para falar em público, conhecimento em criminologia,
sociologia, psicologia, direito e história, disso faz-se necessário o analista criminal apresentar
um perfil multidisciplinar.

A doutrina elenca atribuições essenciais que o analista criminal deve possuir, quais sejam:

 automotivação e autoconfiança
 admitir e corrigir erros
 criatividade e curiosidade
 determinação
 diplomacia
 iniciativa
 mente aberta
 objetividade
 trabalhar individualmente
 vontade de aprender
Além disse deve possuir algumas habilidades

 para pesquisa
 para escrever
 para reconhecer padrões
 para falar e fazer apresentação em público
 em análise estatística
 gerenciamento de tempo
 comunicação e inter-relacionamento pessoal
 facilidade em trabalhar em grupo
 pensamento crítico e conclusivo

3.9 Os dez mandamentos da análise criminal

Leia no material, vou transcrever isso não ‘-‘

3.10 A importância da focalização das ações

O conhecimento da criminalidade requer individualização e especificidade. Isso quer dizer


que relatórios generalistas de análise criminal devem ser evitados, pois nada contribuem para
a elaboração de políticas de combate e prevenção do crime, uma vez que cada modalidade de
delito possui sua particularidade, cada modalidade apresenta uma vitimologia, autoria e
modus operandi particulares.

3.11 Análise criminal e alocação de recursos

Para alcançar resultados reais não basta aumentar o volume de recursos investidos, é preciso
analisar as alternativas de intervenção e investir os recursos conforme as relações entre custo
e benefício encontradas para cada alternativa. Assim, com a análise criminal é possível
identificar as áreas de maior risco ao analisar os dados disponíveis, concentrando seus
esforços para implementação de estratégias de prevenção direcionadas, ou seja, é necessário
uma alocação adequada de recursos, desta forma, é possível reduzir a criminalidade e
melhorar a sensação de segurança na comunidade.

Portanto, em síntese, ao detectar locais com maior incidência criminal, ou o surgimento e a


evolução de padrões e tendências de crimes, é possível subsidiar o planejamento estratégico,
tático e operacional, identificando quais recursos devem ser disponibilizados e onde devem
ser empregados.
4. Tipos de análise Criminal e suas atribuições

A association of Crime Analyst utiliza as divisões em tipos de análise criminal, sendo elas:
Análise Criminal Tática, Análise Criminal Estratégica e Análise Criminal Administrativa.

4.1 Análise Criminal Tática (ACT)

Em síntese a Análise Criminal Tática visa diretamente ações policiais imediatas, considerando
sua utilidade a um curto espaço de tempo, ou seja, refere-se ao conhecimento criminal
imediato, quotidiano e específico, possuindo ação de curto prazo e seu principal banco de
dados é oriundo dos registros de ocorrências, relatórios de atividades e informações coletadas
pelos policiais no dia a dia da função, tendo sua principal característica a rapidez de aplicação
de seus resultados.

4.2 Análise Criminal Estratégica (ACE)

É voltada para planejamentos ao nível macro, visando a produção de conhecimento a longo


prazo, logo refere-se aos problemas de longo alcance, grandes abrangências gerais, refletindo
diretamente sobre a elaboração de políticas públicas, via análise do comportamento dos
crimes durante uma longa série temporal. Assim sendo, a ACE é utilizada para desenvolver e
avaliar as ações, técnicas e políticas de segurança pública, elaboradas principalmente a
LONGO PRAZO

4.3 Análise Criminal Administrativa (ACA)

Ocupa-se da produção de dados estatísticos simplificados, Uma vez que a mesma é


responsável pela divulgação da informação criminal ao cidadão, aos políticos e gestores
governamentais, tendo o seu foco a apresentação de resultados e está relacionada à prestação
de contas das ações de segurança pública.

4.4 Análise Criminal de Inteligência (ACI)

A análise de inteligência é a investigação da cadeia produtiva do crime organizado, o qual não


é perceptível pela Análise Criminal, uma vez que a ACI consegue detalhar o crime, seus
envolvidos e relações financeiras, dependendo da segurança da informação para seu sucesso,
diferentemente da Análise Criminal que produz um conhecimento de natureza pública e geral.
Assim sendo, compreende-se a ACI como o desenrolar dos demais tipos de análise criminal,
uma vez que possui como ponto de partida os registros policiais, utilização de mídia social,
análise de comunicação, analise de fluxo de mercadorias, analises de links, analise de
histórico criminal e analise de reincidente e da vítima.

5. Método IARA

Na tentativa de esquematizar o processo de análise, a ESPC optou por introduzir o método


IARA (Identificar, Analisar, Responder e Avaliar) sendo um ciclo utilizado em várias áreas,
incluindo a análise, também conhecido como “ciclo de gestão de incidente” ou também de
“ciclo de tomada de decisão”

5.1 Identificar (coleta de dados)

Refere-se a coleta de informações e evidências relacionadas a um fato, cujo o objetivo seja


reunir todos os dados relevantes para compreender o cenário e suas circunstâncias, uma vez
que não como realizar análise e produzir informação e conhecimento sem dados.

5.2 Analisar (análise dos dados)

Como próprio nome sugere, é a fase onde os dados são examinados e processados,
possibilitando a identificação de padrões de atividade criminal. Há algumas técnicas de
análise de dos dados, quais sejam:

a) Padrões de Crime

Tendo em vista a combinações de diversas fontes com qual o analista trabalha, é possível
formar um quadro aproximado da atividade criminal, formando padrões, sendo estes
subdivididos em:

> Padrão por concentração geográfica: manifestando-se pela similaridade do tipo de crime e
pela recorrência das manifestações em áreas geográficas bem definidas.

> Padrão por recorrência de modus operandi: manifesta-se com base na similaridade do
suspeito ou de veículos envolvidos no evento criminal e em características únicas do modus
operandi

b) Técnicas de Identificação de padrões

Podem ser identificadas via técnicas manuais ou automatizadas. No primeiro caso se valo ao
uso de mapas de pinos com diferenciação de cores para os tipos de crimes, matrizes e
calendários. Em segundo caso, ou seja, de forma automatizada, o analista tem à sua
disposição equipamentos computacionais, planilhas eletrônicas e sistemas gerenciadores de
bancos de dados (SGBD) que permite aos mesmos consultas mais complexas com resultados
imediatos.

c) Análise de Perfil de Vítimas

Nesse caso, o analista tente identificar tipos de pessoas, estruturas, veículos, ou tipos de
lugares mais visados pelos suspeitos de crimes, permitindo orientar os recursos das
organizações de segurança pública sobre possíveis ataques futuros, assim como alertar oas
potenciais vítimas de tais ataques

5.3 Responder (Disseminação de Dados)

É o momento que o analista criminal, com base nos resultados de suas análises, prepara uma
série de documentos de informação para diferentes interessados. Possuindo dois grandes
objetivos, prover informação que será utilizada por outras pessoas e organizações e melhorar
a comunicação entre as pessoas, dentro e fora da organização. Em síntese, A terceira fase é
essencialmente buscar a maneira mais adequada de resolver o problema com resultados
satisfatórios para ambos os participantes.

5.4 Avaliar (Feedback e avaliação)

O processo de coleta de informação de avaliação sobre os produtos da análise são essenciais


para determinar se estão sento úteis aos usuários e podem ser realizados de diferentes
maneiras, formal e informalmente, ou seja, queridos jovens gafanhotos, ”Avaliar” tange a
observar se o trabalho da polícia é verificando se as medidas colocadas em prática alcançaram
sucesso. Caso não tenham sido efetivas, as informações reunidas durante a etapa de análise
devem ser revistas.

6. Dificuldades para a realização de análise

Respira meus príncipes, está chegando ao fim <3. As principais dificuldades identificadas no
processo de análise são as seguintes:

 Ênfase no modelo de “resposta rápida”: ou seja, meus queridos, querer da a


resposta imediata, sem compreender a profundidade do problema, resultando em
abordagens superficiais que não tratam adequadamente as causas subjacentes
 Falta de suporte para intervenções de longo prazo: Tange as pressões políticas, da
mídia ou da comunidade, muitas vezes dificultam a implementação de medidas
efetivas e duradouras, que exigem investimentos e coordenação interna e externa
 Visão minimalista da atividade de análise: Muitas vezes o papel do analista é
subestimado, sendo considerado apenas uma atividade administrativa, não sendo
considerada essencial para o planejamento o planejamento estratégico e tático.
 Tendência em agir imediatamente após a ocorrência do problema: Pressões
externas podem levar a respostas rápidas e impulsivas, sem informações suficientes
para garantir o sucesso.
 Emoções e experiências como fatores influentes nas respostas organizacionais:
Por vezes decisões baseadas em emoções ou experiências anteriores podem levar ao
insucesso.
 Percepção de que é necessário conhecimento altamente especializado para
realizar análises: Embora certas habilidades especializadas sejam úteis, a análise em
si não precisa ser complexa e pode ser realizada pela maioria dos profissionais com
conhecimentos básicos necessários.

 A leitura desse material não exime a leitura do principal.

“A constância é mais importante que a intensidade”

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