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ANÁLISE CRIMINAL

SUMÁRIO

NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2


INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
A ATUAL INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA............................................ 9
A ANÁLISE CRIMINAL ............................................................................................ 12
A ANÁLISE DE INTELIGÊNCIA ............................................................................... 17
ANÁLISES CRIMINAL E DE INTELIGÊNCIA .......................................................... 20
AS INCONSTÂNCIAS DAS ANÁLISES CRIMINAL E DE INTELIGÊNCIA NAS
POLÍCIAS BRASILEIRAS ........................................................................................ 24
FALHAS NA INTELIGÊNCIA ................................................................................... 29
MAPA DA VIOLÊNCIA ............................................................................................. 31
REFERÊNCIA ........................................................................................................... 39

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em


atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível
superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras
normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e


eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do
serviço oferecido.

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VÍDEO DE APOIO

Além da leitura do conteúdo desta apostila serão apresentados alguns vídeos, que
tem como objetivo aprimorar e acrescentar conhecimento sobre o assunto deste
curso. Sendo assim, é relevante que acesse os links indicados e assista os vídeos.

Vídeo 1: Anne Milgram: Por que estatísticas inteligentes são a chave para combater
o crime

Disponível em:<
https://www.youtube.com/watch?v=ZJNESMhIxQ0&list=PLDVoZQl9HlQpMq-
gDVVgHUidxP-PfyElU>

Sinopse: Neste vídeo apresenta a trajetória Anne Milgram, através do canal TED.

Quando ela se tornou procuradora-geral de Nova Jersey em 2007, Anne Milgram


rapidamente descobriu alguns fatos surpreendentes: não apenas sua equipe não
sabia quem eles estavam colocando na prisão, mas também não possuíam meios
para entender se suas decisões estavam realmente deixando a população mais
segura. Assim começou sua missão inspiradora para trazer análises de dados e
estatísticas para o sistema de justiça criminal dos Estados Unidos.

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INTRODUÇÃO

A Análise Criminal (AC) é um recurso aplicado na produção de conhecimento


policial no contexto da atividade de Inteligência de Segurança Pública (ISP). Com a
utilização da AC, é possível identificar, avaliar e acompanhar sistematicamente o
fenômeno da criminalidade de massa. A AC tem a finalidade precípua de instrumentar
os operadores da segurança pública, servindo de suporte administrativo, tático e
estratégico para as atividades de previsão, prevenção e repressão do crime e da
violência.
A ISP tem sido apontada no Brasil como um instrumento essencial para o
enfrentamento do problema da criminalidade crescente que o País atravessa. É
comum a referência, tanto entre os operadores políticos quanto da Segurança Pública,
que “o problema da criminalidade e da violência deva ser combatido com o suporte
das ações de Inteligência Policial”.
Segundo disciplinado na Lei nº 9.883/99, Inteligência é
a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de
conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de
imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação
governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do
Estado.
A mesma lei, na busca de proporcionar o necessário suporte para a atividade
que ela define, instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), juntamente com
a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
É na esteira da Lei nº 9.883 que nasce o Decreto nº 3.695/2000, norma que
institui o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) no âmbito do Sisbin.
Mais recentemente, o Decreto nº 4.376/2002, regulamentou o Sisbin, em que
está inserido o SISP.
Além da recente legislação referente à ISP, podem ser também verificadas
iniciativas da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da
Justiça (MJ), no sentido da constituição, formação e integração de bases agregadas
de dados nacionais sobre a criminalidade.
Vale destacar a criação, em 1995, por meio de decreto datado de 26 de
setembro daquele ano, do “Programa de Integração das Informações Criminais”,
constituído pelos Cadastros Nacionais e Estaduais de Informações Criminais, de
Mandados de Prisão, de Armas de Fogo e de Veículos Furtados e Roubados, peça
normativa complementada e regulamentado em portaria de 7 de dezembro de 1995

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do ministro da Justiça. Tal Programa deu origem ao atual Sistema Nacional de
Integração de Informações em Justiça e Segurança Pública, conhecido como Infoseg:

O INFOSEG (Sistema Nacional de Integração de Informações em Justiça e


Segurança Pública) é um sistema de uso restrito dos órgãos que compõem a
área da justiça e da segurança pública, tendo como escopo integrar todos os
bancos de dados existentes no país, com o objetivo de facilitar a atuação das
polícias brasileiras na identificação de pessoas que estejam com pendências
criminais junto à justiça.

Nesse cenário, inserem-se hoje algumas instituições policiais, tanto judiciárias


quanto ostensivas. Por exemplo, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que
possui atualmente um moderno sistema de gerenciamento de dados relacionados aos
atendimentos realizados pela instituição, incluindo ocorrências policiais, com os dados
respectivos passando a estar consolidados no chamado Sistema de Controle de
Ocorrências Policiais (SISCOP). A PMDF possui um Centro de Informação e de
Administração de Dados (CIAD), unidade de assessoria ao comando da instituição,
tendo como atividade primordial gerenciar dados operacionais, os do SISCOP
inclusive, através da aplicação de modernos instrumentos da Tecnologia da
Informação (TI). Também a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) possui um sistema
informatizado de gerenciamento de dados criminais (Sistema MILLENIUM) de grande
abrangência e detalhamento.
Gottlieb (1998, p.13), conhecido internacionalmente por suas atividades de
treinamento técnico-profissional em segurança púbica, mais especificamente em AC,
é membro do Alpha Group Center da Califórnia, Estados Unidos da América (EUA).
Ele define a AC da seguinte maneira:

A Análise Criminal é um conjunto de processos sistemáticos direcionados


para o provimento de informação oportuna e pertinente sobre os padrões do
crime e suas correlações de tendências, de modo a apoiar as áreas
operacional e administrativa no planejamento e distribuição de recursos para
prevenção e supressão das atividades criminais (GOTTLIEB, 2002. p.13).

Dentro da ISP, a AC representa uma ferramenta capaz de contribuir para a


identificação, o acompanhamento e a avaliação de fenômenos criminais, com o
propósito de instrumentar o processo decisório dos gestores e operadores diretos da
segurança pública.
Uma outra instituição policial que já se beneficia da AC é a Polícia Militar de
Minas Gerais (PMMG). Aquela instituição implementou o Projeto MAPA na cidade de

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Belo Horizonte, iniciativa desenvolvida em cooperação com a Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG):

O projeto MAPA consistiu na utilização intensiva de informações oriundas dos


atendimentos de ocorrências policiais registradas pela PMMG, com o fito de
instrumentar o planejamento operacional e o desenvolvimento decorrente de
programas e projetos de controle da criminalidade. Ele desdobrou-se em
duas etapas: a primeira com a organização das bases de dados, de modo
que elas pudessem ser utilizadas de forma georeferenciada por analistas
devidamente treinados. Numa segunda fase foi expandida a população de
usuários de tal sistema de estatística e georeferenciamento, alcançando o
nível dos operadores diretos do policiamento ostensivo, mediante o
treinamento dos gestores tático-operacionais no âmbito das companhias de
policiamento.

Para a realização da Análise Criminal existem diversas ferramentas de TI,


utilizáveis para coleta, busca, análise e gerenciamento de dados e informações
criminais. Com essa finalidade, estão atualmente disponíveis aplicativos
computacionais, tanto gerais quanto específicos. Tais aplicativos permitem a
realização de pesquisas em grandes bases de dados, ensejando a produção de
análises com a utilização de funções estatísticas computadorizadas. Na atualidade,
porém, tais possibilidades foram ainda mais ampliadas com o advento dos chamados
Sistemas de Informações Geográficas (SIG) ou Geografic Information Sistems (GIS).
Com eles, os produtos da AC passaram a poder ser apresentados visualmente em
mapas, gráficos digitais e mesmo animações, algumas vezes incorporando dados
adicionais quase que imediatamente após seu registro, quando de novas ocorrências
policiais.
O governo do Estado do Rio de Janeiro desenvolveu projeto que visa a
implementar o emprego da AC com TI para melhor orientar a ação policial:

Saber onde os crimes acontecem, de que forma e por quem. Isso é o que um
sistema que envolve geotecnologias e que está sendo implantado pela
Segurança Pública do Rio de Janeiro está fazendo. O principal objetivo é
identificar relações entre variáveis como método, data-hora, local e
instrumentos utilizados por criminosos, entre outras possibilidades, para se
chegar à descoberta e prisão dos autores de delitos.

Instituições policiais de países desenvolvidos utilizam sistemas que integram


dados e informações oriundos dos diversos órgãos da segurança pública, Poder
Judiciário e sistema prisional. É o caso do National Crime Information Center (NCIC)
(Centro Nacional de Informação Criminal) gerenciado pelo Federal Bureau of

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Investigation (FBI) dos EUA. E é esse também o caso do National Criminal Intelligence
Service (NCIS) do Reino Unido.
É bastante antiga a percepção da necessidade de informações para uma
melhor tomada de decisão. Sun Tzu (1983), autor do clássico A Arte da Guerra, obra
elaborada por volta de 500 anos antes de Cristo, já abordava a necessidade do
emprego da Inteligência:

Os espiões são os elementos mais importantes de uma guerra (...) Se você


conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de
cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada
vitória ganha sofrerá uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem
a si mesmo, perderá todas as batalhas (...) Dessa maneira, apenas o
governante esclarecido e o general criterioso usarão as mais dotadas
Inteligências do exército para fins de Inteligência, obtendo, dessa forma,
grandes resultados.

A Bíblia Sagrada, em seu Antigo Testamento, também faz referência à


necessidade de informações para a tomada de decisão. As escrituras apontam que
Moisés, no episódio em que espiões foram enviados à terra de Canaã (Bíblia Sagrada,
Livro dos Números – Cap.13, Versículos 17-20), assim apontou instruções àqueles
que poderiam ser hoje considerados doze “agentes de Inteligência”:

Tomem este caminho, e subam a montanha, e vejam qual é a terra; e o povo


que nela habita, se é forte ou fraco, poucos ou muitos; e vejam o lugar onde
eles vivem, se é bom ou mau, e em que cidades eles moram, se fortificadas
ou não; e como é a terra, se acidentada ou plana, se há florestas ou não.

A necessidade de informação para a tomada de decisão surgiu quando o


homem primitivo passou a viver em grupos e disputar recursos e territórios com
facções rivais.
A necessidade de sobrevivência os levaria aos seguintes questionamentos
acerca de tais grupos rivais:
 Se a área por eles dominada era farta em alimentos;
 Se eram seguras suas cavernas;
 Se eram muitos ou poucos;
 Se eram fortes ou fracos;
 Se eram hábeis no emprego de armas;
 Se era possível vencê-los.

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 Link Importante:
https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-114-de-25-de-julho-de-2019-
208202975

PORTARIA N. 114, DE 25 DE JUNHO DE 2019.

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A ATUAL INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

O mundo atual não é tão diferente daquele dos tempos de Sun Tzu. Persiste a
necessidade da informação para a tomada de decisão. A informação permanece como
um recurso estratégico, já que segue sendo utilizada em várias áreas de aplicação
contemporâneas. É esse o caso da Inteligência Competitiva, hoje intensamente
aplicada e estudada no mundo empresarial. Matriz principal de todas as outras, é a
Inteligência de Estado classicamente utilizada no trato de grandes questões político-
estratégicas de interesse dos Estados Nacionais.
Necessário, contudo, fazer a distinção entre Inteligência e Informação. Para
Lowental (2003, p. 8), um aspecto básico que diferencia as duas expressões é que a
Inteligência seria a informação elaborada para suprir as necessidades dos tomadores
de decisão, enquanto a informação seria tudo aquilo passível de ser conhecido:

Para muitas pessoas, Inteligência parece pouco diferente de informação,


exceto que ela é provavelmente secreta. Todavia, é importante distinguir as
duas. Informação é tudo que possa ser conhecido, indiferentemente de como
ela tenha sido descoberta. Inteligência refere-se à informação que reúne as
necessidades indicadas ou compreendidas pelos tomadores de decisão e
foram coletadas, refinadas e estreitadas para ir ao encontro daquelas
necessidades.

Tarapanoff (2001, p. 45), numa abordagem organizacional da Atividade de


Inteligência (AI), defende que a Inteligência Empresarial é um processo que emprega
um conjunto de ferramentas para gestar a informação com vistas ao planejamento,
administração estratégica e tomada de decisão da organização. Para a autora, a
Inteligência é um processo sistemático que transforma pedaços esparsos de dados
em informação útil para a tomada de decisão.
No âmbito da segurança pública, a atividade de Inteligência é decorrência do
disposto em legislação específica, a legislação federal, ainda que não definindo de
forma direta o que seja Inteligência de Segurança Pública (ela o faz em relação à
atividade de Inteligência como um todo, particularmente a Inteligência de Estado),
baliza genericamente todas as outras modalidades de Inteligência. Recordando, o
artigo 2º do Decreto nº 4.376/2002, assim posiciona a atividade de Inteligência:

Entende-se como Inteligência a atividade de obtenção e análise de dados e


informações e de produção e difusão de conhecimentos, dentro e fora do
território nacional, relativos a fatos e situações de imediata ou potencial

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influência sobre o processo decisório, a ação governamental, a salvaguarda
e a segurança da sociedade e do Estado.

Já o parágrafo 3º do Art. 2º do Decreto nº 3.695/2000 tratando de Inteligência


de segurança pública, dispõe sobre o tema da seguinte maneira:

Cabe aos integrantes do Subsistema, no âmbito de suas competências,


identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais de segurança
pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem ações para
neutralizar, coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.

A Senasp, numa clara alusão ao texto legal citado, define a ISP como atividade
sistemática de produção de conhecimentos de interesse policial, apoiando as
atividades de prevenção e repressão dos fenômenos criminais:

(A ISP) é o exercício sistemático de ações especializadas para identificação,


acompanhamento e avaliação de ameaças reais ou potenciais na esfera de
segurança pública, bem como para a obtenção, produção e salvaguarda de
conhecimentos, informações e dados que subsidiem ações para neutralizar,
coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.

Gottlieb (1994, p.11), adota a seguinte tipologia de classificação da ISP de


acordo com quatro espécies de análise:
 Análise Criminal (AC),
 Análise de Inteligência (AnIntel),
 Análise Operacional (AnOp)
 Análise Investigativa (AnInv).
Entre os quatro tipos de análise citados, verifica-se que a AC corresponde ao
tipo de análise em que é procedido o estudo de fenômenos criminais objetivando um
melhor direcionamento da gestão da segurança pública. A AC é, portanto e
essencialmente, o tipo de análise capaz de indicar a incidência de ocorrências da
chamada “desordem” e de tipos penais (crimes e contravenções) em sua distribuição
espaço-temporal, incluindo os locais de sua maior incidência espacial e/ou temporal
(hot spots ou pontos quentes). Assim, a AC pode fornecer subsídios para orientar
diferentes ações, abrangendo o interesse estratégico e tático operacional das diversas
áreas de atuação dos agentes da segurança pública, agentes de trânsito, bombeiros
militares, guardas municipais e policiais em geral.
Dantas (2002)) cita que, segundo William Bieck, a AC deva ser executada em
benefício da ISP, inclui a identificação de parâmetros temporais e geográficos do

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crime, proporcionando indicações que poderão contribuir para seu esclarecimento,
incluindo a identificação de delinquentes eventuais e contumazes e a reunião de
informações em prol da Inteligência Policial.

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A ANÁLISE CRIMINAL

Ainda são poucos os autores brasileiros que tratam da Análise Criminal. Já nos
países anglo-saxônicos, incluindo Austrália, Canadá, EUA e Reino Unido, são
inúmeras as produções científicas na área.
Para Dantas (2003) a “atividade policial guiada pela Inteligência”
(Intelligenceled policing) é um termo que muito recentemente começou a ser usado
no Canadá e Estados Unidos da América (EUA). Sendo de entendimento comum,
que a “atividade policial guiada pela Inteligência” inclua, fundamentalmente, a coleta
e análise de informação para elaboração de um produto final, que é o conhecimento,
criado para instrumentar o processo decisório da gestão policial, tanto através da
análise criminal tática quanto estratégica.
Pereira (2003) ressalta a importância da AC na busca do controle da
criminalidade, já que é baseada em dados estatísticos, amostragens, gráficos,
tabelas, pesquisas, cruzamento de informações (...) é da maior importância para
compreender o fenômeno social do crime e, sob a visão técnico-policial, prever
ocorrências futuras e planejar ações com maiores probabilidades de êxito no controle
da criminalidade.
Desta forma para responder o que seria AC, Furtado (2002), aponta que, na
segundo Dantas, é um processo analítico e sistemático de produção de conhecimento
que se realiza a partir do estabelecimento de correlações entre fatos delituosos
ocorridos e os padrões de tendência da “história” da criminalidade de um determinado
local ou região.
Peterson (1994) afirma que a Análise Criminal é a particular aplicação de
métodos analíticos em dados coletados, para fins de investigação criminal ou
pesquisa criminal. Já Gottlieb (Apud Dantas; Souza, 2004) explica que é um conjunto
de processos sistemáticos direcionados para o provimento de informação oportuna e
pertinente sobre os padrões do crime e suas correlações de tendências, de modo a
apoiar as áreas operacional e administrativa no planejamento e distribuição de
recursos para prevenção e supressão de atividades criminosas.
Portanto, pode-se afirmar que é um processo sistemático de exame da
tendência histórica de incidência da criminalidade, realizado com base nos registros
de atendimentos de ocorrências policiais em determinada área geográfica e série

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histórica, com vistas a assessorar a tomada de decisão no sentido de melhor alocar
os recursos humanos e materiais das instituições policiais.
Vale frisar ainda que é um processo que trata de informações referentes ao
campo do crime com a finalidade de gerar conhecimento para as agências de
segurança pública. E nesse processo, segundo Bruce (2008) os dados se tornam
informações quando são efetivamente analisados, e, por sua vez, informações se
constituem conhecimentos quando efetivamente apropriadas.

Bruce (2008) salienta que na busca de processar adequadamente os dados


coletados pelas polícias, a análise criminal é uma prática antiga das agências de
aplicação da lei, afinal, discorrer sobre características de crimes e criminosos é a base
dessas instituições. Nesse sentido, a Polícia Metropolitana de Londres já atuava com
dados estatísticos nos anos 1800. Do mesmo modo, polícias dos Estados Unidos,
como a Polícia de Berkerley, Califórnia, no início do século XX, já dispunha de
padronizações sobre a criminalidade.

Nesse contexto, este mesmo autor, discorre que meados dos anos 60 foi
publicado o manual “Police Adminstration”, do chefe de polícia Orlando Winfield
Wilson1, em que a expressão análise criminal foi citada pela primeira vez, trazendo.
como unidade de estudos sobre crimes, determinando localização, tempo,
características espaciais, similaridades entre crimes, estabelecimento de padrões.
Destacava, ainda, que tais informações deveriam ser oportunas para o planejamento
das operações policiais.

No decorrer dos anos, mais especificadamente a década de 1990 a análise


criminal tem seu ápice, quanto a publicações de materiais, instituições e recursos
financiadores deste tipo de atividade (Bruce, 2008).

Na atualidade a análise criminal é considerada uma ferramenta de diversas


agências policiais por todo o mundo, no que tange o processo de interpretar os dados
que coletam, bem como para orientar suas decisões.

Desde a obra Police Administration, a análise criminal tem buscado o


entendimento das dinâmicas e tramas da criminalidade com o fim de estabelecer
ações de policiamento. Essa medida tem sido fundamental às agências policiais, que

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são responsáveis por lidarem com o campo do crime, visto que esse fenômeno tem
ficado cada vez mais complexo.

Observa-se que nada mudou, entretanto, mais elementos foram sendo


incorporados ao processo de trabalho, como a análises de cenários,
sociodemográficas, espaciais e temporais, recursos tecnológicos para processamento
de dados e interpretações estatísticas, assim como a questão da avaliação das ações
e políticas de segurança pública, observando o desempenho das agências policiais,
que é de suma fator importantíssimo neste processo.

Assim sendo, AC, segundo Santos (2017), trabalha sobre dados pertinentes
aos serviços policiais, crimes, criminosos e vítimas visando a identificação de
tendências e padrões de crimes e criminalidade; geração de conhecimento para as
ações táticas e estratégicas de como os problemas podem ser resolvidos da melhor
maneira possível; avaliação das ações planejadas e das teorias envolvidas para os
crimes e a criminalidade e; produzir relatórios criminais.

Ainda neste sentindo o mesmo autor ressalta que a análise criminal não
envolve apenas questões de criminalidade, visto que inclui vários tipos de informação
que são relevantes para agência policial. Diante disto, pode-se afirmar que aborda o
desempenho da própria agência policial, por exemplo, com análises administrativas
sobre orçamento, pessoal e equipamentos (IACA 2014)

Assim, a International Association of Crime Analyst, de acorod com IACA (2014)


tem procurado sedimentar e padronizar o campo da análise criminal, como um
processo que envolve um conjunto de técnicas quantitativas e qualitativas, que são
utilizadas para analisar dados úteis para as agências policiais e suas comunidades.
Incluindo, de forma geral, análises de crime e de criminalidade, assim como pesquisas
de vitimização, desordem, questões de qualidade de vida, questões de tráfico,
operações policiais, bem como resultados as investigações e prossecuções criminais,
padrões de atividades, estratégias para prevenção e redução do crime, soluções de
problemas e avaliações das atividades policiais.

Desta forma IACA tem difundido a análise criminal com perspectiva holística de
as agências de aplicação da lei observarem o fenômeno da criminalidade, bem como
terem conhecimentos a respeito das próprias estruturas e culturas dessas agências.

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Com efeito, de procedimento operacional para abordagem da atividade policial, a
análise criminal passou a ser forma de gerenciar as agências policiais. Assim, para
IACA, a análise criminal seria um gênero subdivido em quatro tipos: criminal de
inteligência, criminal tática, criminal estratégica e criminal administrativa.

A análise criminal, portanto, é um procedimento que pretende orientar as


agências policiais para o alcance de seus objetivos, conforme detalhado no quadro 1
da Figura 1:

Figura 1: Quadro 1– descrição dos tipos de análise criminal

Fonte: IACA (2014). Com adaptações.

Considerando a abordagem sobre a análise criminal, entre as tipologias, não


existe hierarquias ou exclusividade, mas complementariedade, uma vez que as
análises podem ser desenvolvidas por unidades diferentes de uma mesma agência
policial ou, ainda, por organizações fora do contexto policial (outras agências públicas

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ou privadas). Não obstante, os produtos das variadas perspectivas de análises devem
ser incorporados às agências de aplicação da lei como conhecimentos indispensáveis
à gestão dessas organizações.
Entretanto, mesmo não havendo hierarquia entre os tipos de análises, há vale
lembrar que há particularidades distintivas no que tange o processo de execução e ao
produto ofertado que devem ser observadas.
Assim, há dimensão “confidencialidade do produto”, no caso das análises de
inteligência e tática o grau de confidencialidade é alto, tendo em vista que são
produtos internos elaborados para orientar investigações e estratégias de
policiamento. Por sua vez, as análises estratégica e administrativa têm
confidencialidade baixa, pois geralmente fornecem produtos que informam ao público
externo, como critérios de transparência na gestão da agência policial.
Outra dimensão é a da “regularidade” ou frequência dos produtos. Nas análises
de inteligência e estratégica a tendência é o que os produtos sejam menos frequentes
ou, não tão submetidos ao imediatismo, porquanto lidam com questões geralmente
de longo prazo. De outro lado, as análises tática e administrativa geram produtos
rotineiros e frequentes, conforme as dinâmicas do crime ou demandas da gestão
policial.
A dimensão seguinte é da “relevância dos autores” ou do critério de
identificação dos envolvidos para que a tarefa seja desempenhada. Nas análises de
inteligência e tática o grau de relevância é alto, porque, na maioria das vezes, essas
análises buscam identificar justamente os autores, estabelecer vínculos entre os
envolvidos ou definir padrões criminais. Por sua vez, nas análises administrativa e
estratégica, a identificação de envolvidos com a criminalidade geralmente não
influencia no produto realizado.
Por fim, a dimensão “fonte primária” ou insumos para produção dos produtos.
Em geral, nas análises administrativa e tática os elementos bases são dados 2 da
própria agência policial. Por exemplo, a análise tática pode dispor quantidade de
registros policiais ou de demandas dos cidadãos ao serviço telefônico da instituição
(por exemplo: disque-denúncia, serviço de emergência). Já para análises de
inteligência e estratégica, a fonte de informações pode ser ampla, pois pode buscar
dados fora da instituição, ou seja, do ambiente externo.
A Figura 2, resume e esquematiza o debate sobre as dimensões da análise
criminal.

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Figura 2: Dimensões da análise criminal

Fonte: IACA (2014)

A disposição atual da análise criminal, com a adoção de tipologias, gera


ambiguidades sobre o que de fato é análise criminal. Assim, espécies de análise
criminal são tomadas como se fossem a totalidade dela. Da mesma forma,
ferramentas que auxiliam à análise criminal são alçadas como outro tipo de análise.
Assim IACA (2014) exemplifica, análise Compstat, mapeamento criminal,
análise de investigação policial, ciência forense, softwares estatísticos e análises de
vínculos, são meios e técnicas, porém não outros tipos de análises. Em virtude do
volume de dados e informações que as organizações de aplicação da lei lidam hoje,
tais ferramentas e tarefas auxiliam com o fornecimento de estatísticas, investigações
e gestões, mas, per si, não são tipos isolados de análise criminal

A Análise de inteligência

Ratcliff (2007) afirma que a conhecida atividade de inteligência está próxima


aos serviços de estratégia militar e do Estado, sendo basicamente procedimentos
específicos para obtenção de dados e informações obscuros, encobertos ou

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atividades secretas, os quais, às vezes, assumem moralidade duvidosa, tratando-se
de uma conceituação restrita da inteligência, onde o que está em postos são questões
de segredo ou informação secreta, segundo postulado por CEPIK (2003).

A Análise de Inteligência trata-se, INOD (2011) de um meio de obter vantagem


sobre adversários, com a utilização de informações atualizadas e precisas, para
então, conhecer fortalezas e fraquezas. Essa regra se aplica em diversos os campos,
seja política, negócios, estratégia militar ou inteligência criminal .

Quanto a questão de concepção de inteligência de Estado, geralmente


procedente de doutrinas militares, embora relevante, por conta das experiências,
doutrinas e ferramentas consolidadas, ela restringe o capital das agências policiais à
uma subespécie. Nisso, o campo da segurança pública ficaria subsidiário ao do militar.
O campos militar e policial mesmo que distintos, a inteligência deveria seguir o mesmo
procedimento, visto que os objetivos e produtos são díspares.

Assim, a inteligência voltada para as polícias apresenta-se como um recurso


que objetiva atribuição poder a essas instituições frentes aos desafios da
criminalidade e das necessidades da sociedade. Essa é a análise de inteligência
criminal, que visa ofertar um produto de conhecimento de inteligência, o qual se
constitui em suporte à tomada de decisão nas áreas de aplicação da lei, a redução do
crime, e prevenção da criminalidade (RATCLIFFE 2007).

Para maioria das agências policiais, inteligência é comumente considerada


como mecanismo ou departamento para examinar comportamento de criminosos, seja
de indivíduos ou grupos de crimes organizados, o qual é geralmente separado do
restante do policiamento ordinário e da maioria dos policiais (RATCLIFFE 2007). Ou
seja, a inteligência é vista como um agrupamento especial para lidar com situações
complexas, em vez de procedimento policial. Assim para que essa visão seja mais
expandida, a Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL), considera a
análise de inteligência criminal como recurso para fornecer insights que podem
conduzir ou apoiar as investigações de imposição de lei, operações e estratégias, bem
como influenciar as decisões e a política do governo . Trata-se de componente
essencial à efetividade do policiamento, formando um quadro mais detalhado sobre a
criminalidade, seja nos níveis tático, operacional e estratégico, bem como nos
policiamentos repressivo e preventivo.

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Nessa seguimento, a inteligência criminal não revoga a clássica inteligência de
Estado, mas busca interpretar os recursos de inteligência para maximizar a efetividade
das agências policiais, conforme suas necessidades e desafios. Assim, a análise de
inteligência para o campo das agências de aplicação da lei se subdivide em tática,
operacional e estratégica, de acordo com o quadro 2 – Figura 3.

Figura 3: Quadro 2 – descrição dos tipos de análise de inteligência

Fonte: RATCLIFFE (2007), INTERPOL. Com adaptações

Vale ressaltar que análise de inteligência criminal ocorre em questões rotineiras


do policiamento, como o auxílio a investigações, ou como estratégia, para definições
de planejamentos das agências de aplicação da lei. Com efeito, da prisão de
indivíduos frequentemente envolvidos com o crime até à organização das próprias
polícias para atuar no enfrentamento da criminalidade, a inteligência é um
procedimento. Ela não é reserva de segmentos específicos das agências policiais,
porém recurso usual no alcance dos objetivos institucionais de várias unidades. Da
mesma forma, ela não é exclusividade das polícias, pois outras instituições, por
exemplo: Ministério Público, sistema prisional, defesa civil, também a realizam
(MINGARDI 2007).

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Análises criminal e de inteligência

Contextualizando de forma mais clara e incisiva as diferenças entre análise


criminal e análise de inteligência revelam disputas entre os atores envolvidos na busca
do conhecimento ou do poder da informação. Com efeito, essas questões postas, em
termos práticos, mantêm em campos opostos atores que lidam com mesmo problema.

Como observado anteriormente a análise de inteligência é atividade mais


ampla e antiga, com possibilidades em diversos campos, independentes se públicos
ou privados. Enquanto a análise criminal é relativamente recente, dentro do campo da
aplicação da lei. Por certo, essas diferenças motivaram a separação entre as análises
criminal e de inteligência, bem como dos atores e agências envolvidas.

Com o efeito, a literatura contemporânea sobre análises de inteligência e


criminal procura integrar as duas concepções de produção de conhecimento com a
finalidade de fornecer informações avançadas para instituições e gestores aplicadores
da lei, especialmente as polícias. Esse empreendimento tem sido explorado por
acadêmicos, profissionais de segurança pública e agências do campo da aplicação
da lei. Nesse sentido, destaca-se a IACA e a Police Foundation, que têm promovido a
estruturação do campo policial em bases de conhecimento científico.

Diante disso, pode-se, então, observar, que a inteligência seria o meio de


lapidar, compreender e valorar dada informação, enquanto a análise meio de
processá-la e examiná-la, sendo que estariam integradas na obtenção de visão
completa e objetiva do fenômeno criminal.

Ratcliff (2007) declara que esse modelo integrado de análise seria adequado,
pois pode fornecer o que está acontecendo, em geral, no ambiente criminal, enquanto
a inteligência criminal pode fornecer a razão do que está acontecendo. Em
combinação são componentes essenciais para compreensão mais profunda e
embasada da criminalidade, possibilitando criar estratégias para a prevenção e
redução eficaz da criminalidade.

Assim a inteligência direcionada à análise criminal de qualidade não se refere


apenas às informações de vigilância, obtidas junto a criminosos e informantes, que
são os meios mais comuns de atuação da polícia, mas visa integrar aos dados

20
produzidos pela polícia, dados socioeconômicos e demais dados de outras instituições
públicas relacionados de algum modo à questão da segurança (RATCLIFFE 2007).

Com efeito, de campos dispares, em termos de pessoal, tendo de um lado,


analistas criminais e, de outro, analistas de inteligência; bem como unidades isoladas,
de um lado, setores burocráticos de pesquisa criminal, e de outro, divisões
operacionais de atuação, o debate contemporâneo propõe o modelo integrado das
análises criminal e de inteligência, por permitir melhor compreensão do fenômeno
criminal.

Na Figura 4, observa-se o modelo de integração entre as análises criminal e de


inteligência. Tem-se que a atuação de ambas as análises possibilita a formação de
visão mais completa do contexto criminal. Ou seja, em cada momento, seja tático,
operacional e estratégico, tais análises agiriam oferecendo informações para
abordagem integra do crime. Além do mais, a análise criminal e análise de inteligência
abordam o problema em diferentes frentes, o que é útil aos tomadores de decisões
das agências policiais (RATCLIFFE 2007).

21
Figura 4: Modelo de integração análises criminal e de inteligência criminal

Fonte: RATCLIFFE (2007)- adaptado

O modelo representado integrado das análises criminal e de inteligência


criminal, seja para o policiamento de linha, que embora usualmente necessita de
procedimentos imediatos e pontuais, ganha com a visão do conjunto; bem como dos
gestores das agências policias, porquanto adquirem panorama ampliado e detalhado
do ambiente criminal.

Já o modelo integrado de análise é proposto como nova concepção de trabalho


das agências policiais, na qual metodologias científicas dariam maior credibilidade ao
tradicional empirismo. Trata-se, portanto, de um novo paradigma baseado na ciência,
vinculando conhecimento científico e busca de evidências para orientar a prática e
avaliar o desenvolvimento profissional dos policiais, das agências policiais ou da
comunidade em análise (WEISBURD e NEYROUND 2011; GOLDSTEIN, 1990;
SHERMAN 1998, 2013).

Com esse modelo integrado, as análises criminal e de inteligência criminal não


seriam privilégios de uma ou outra unidade policial e nem tampouco a perspectiva
científica do crime consistiria numa exclusividade de setores de perícia criminal,
forense ou tecnológico, ou ainda, de certos cargos policiais.

22
Apesar das vantagens do modelo integrado de análises sugerido, há inúmeras
resistências no âmbito das próprias agências policiais. Isso porque o referido modelo
indica alterações nas organizações policiais e dos atores envolvidos (policiais
dirigentes e policiais de linha). Consequentemente, além de questões estruturais, esse
modelo toca em algo fortemente enraizado e orientador dos padrões das agências
policiais: a cultura policial (GOLDSTEIN 1990; RATCLIFFE 2007).

No quadro 3 da Figura 4, resume-se os benefícios, os obstáculos e os possíveis


passos para integração. De acordo com agência policial, alguns elementos enfrentam
mais resistência do que outros. No entanto, independente da unidade policial, os
benefícios seriam amplos para instituições de aplicação da lei, pois, apesar das
dificuldades, há aceitáveis recursos que fomentam a integração das análises, com
destaque para tornar tais análises efetivas no cotidiano das agências policiais.

Figura 4: Quadro3 – benefícios, obstáculos e passos para integração

Fonte: RATCLIFFE (2007). Adaptado

23
As inconstâncias das análises criminal e de inteligência
nas polícias brasileiras

Assim como outras agências policiais mundo afora, as polícias brasileiras são
organizações que acumulam dados. Por exemplo, dados de indivíduos, como
endereços, contatos, locais de trabalho, envolvimento com crimes, etc. Ademais, as
polícias conhecem rotinas da criminalidade, por exemplo, de criminosos e redes de
criminosos, de áreas críticas, de crimes frequentes, etc. O rol de dados que as polícias
coletam e possuem acesso é imensurável.

Entretanto, a massa de dados que polícias coleciona não é necessariamente


informação. Aliás, não é inteligência. Isso por que a inteligência não é o que é
coletado. Ela é o resultado da análise dos dados coletados (BUREAU OF JUSTICE
ASSISTANCE 2005). Essa assertiva serve para avaliar as polícias brasileiras em
relação ao tratamento de dados, porquanto, em geral, colhem diversos dados, porém
têm dificuldades de processá-los.

Com efeito, embora haja elevadas informações quantitativas sobre homicídios


no Brasil, em geral, há baixa capacidade de as agências policiais processarem esses
dados. Nesse caso, portanto, as polícias brasileiras parecem necessitar de sistemas
de análises criminal e de inteligência capazes de tornarem os dados disponíveis em
informações úteis às instituições para solução de homicídios.

Entretanto, essa carência de análises, seja criminal ou de inteligência, não quer


dizer que ela inexista. Ao contrário, unidades físicas, pessoal, doutrinas e 2 conceitos
de análises criminal e de inteligências não são estranhos às polícias brasileiras. Na
verdade, há inúmeras divisões e instâncias no âmbito das polícias, ou fora delas,
competentes para o desenvolvimento dessas análises. O problema é que há pouca
coordenação entre tais segmentos ou, ainda, pouca capacidade de as análises
orientarem a gestão do policiamento.

Quanto à análise criminal as polícias brasileiras têm buscado cada vez mais
estatísticas, georreferenciamentos, manchas de criminalidade e outras ferramentas
para lidar com a violência criminosa.

24
As agências policiais brasileiras oscilam entre uma inteligência de Estado e
outra policial, sendo que a inteligência criminal é pouco desenvolvida e, até mesmo,
desconhecida conceitual e efetivamente. Não há clareza entre inteligência de Estado
e criminal, daí as polícias privilegiam a primeira por considerarem mais nobre do que
a segunda.

Contudo, Mingardi (2007) defende que a ideia de Inteligência Criminal não é


muito divergente da inteligência de Estado e a finalidade de ambas é obter
conhecimento para influir no processo decisório, em benefício da sociedade e do
Estado. As maiores diferenças dizem respeito à abrangência e aos meios empregados
pelas duas, enquanto uma trabalha com várias áreas do conhecimento (político,
tecnológico, militar etc.), a modalidade criminal atua apenas na área da Segurança
Pública, ou seja, na obtenção de conhecimento que ajude a tomada de decisões
quanto à repressão ou prevenção criminal.

Neste sentido, observa-se que o escopo da inteligência criminal é diferente da


inteligência de Estado, sobretudo, porque na seara policial, há limitações legais
(MINGARDI 2007). Diferente da inteligência de Estado, que lança mão de
estratagemas diversos na busca de dados, a criminal, não. Pelo fato de as polícias
brasileiras, em geral, não compreenderem essa distinção, muitas ações de
inteligência que realizam são suspeitas de vícios e ilegalidades.

Apesar dessa confusão entre inteligência de Estado e criminal, a atividade é


frequente na maioria das polícias civis e militares do Brasil. Em cada polícia,
provavelmente há uma unidade destinada ao tema e geralmente são setores
reservados que tendem a ganhar vida própria dentro da estrutura policial. Além dessas
unidades especializadas, em diversos setores das agências polícias, verifica-se
produção de conhecimento. Com efeito, numa mesma polícia, a tendência é se formar
ilhas de conhecimento, embora predomine um mar de ignorância na conjuntura geral
da instituição.

Note-se que há escassa coordenação entre as unidades que fazem atividades


de inteligência, seja numa mesma agência ou, ainda, entre polícias distintas. Ademais,
secretárias estaduais de segurança pública geralmente têm setores de inteligência,
bem como outras instituições, como Ministério Público, Sistemas Prisionais,
Departamentos de trânsito. Com efeito, existem muitos órgãos e pouca inteligência, o

25
que provoca problemas de duplicação de esforços e de rivalidade entre os órgãos
(MINGARDI 2007).

Na tentativa de mudar essa realidade, foi criado pelo Decreto nº 3.695, de 21


de dezembro de 2009 o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), com
a finalidade de coordenar e integrar as atividades de inteligência de segurança pública
em todo o país, bem como suprir os governos federal e estaduais de informações que
subsidiem a tomada de decisões neste campo.

Nessa configuração, verifica-se que a inteligência de segurança pública é


assessoria da inteligência de Estado, pois o SISP é parte do Sistema Brasileiro de
Inteligência (SISBIN), coordenado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)11. O
SISP tem como agência central a Coordenação Geral de Inteligência (CGI), vinculada
à SENASP, sendo que faz parte dessa estrutura todos os organismos de segurança
pública, suas agências, o respectivo pessoal e estrutura material. Assim, o SISP está
entre a típica inteligência de Estado e outra se dilatando, voltada para segurança
pública .

Destaque-se positivamente que, por meio dessa normatização foi desenvolvida


a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP), que é documento
contendo normas, métodos, valores e princípios a serem adotados pelas agências do
campo da segurança pública. Além disso, a SENASP criou a Rede Nacional de
Inteligência de Segurança Pública (RENISP), como forma de integração e
comunicação entre os órgãos de inteligência de segurança pública dos diversos
órgãos policias federais e estaduais.

Apesar dos avanços dessa legislação na seara segurança pública, desde a


coleta de dados até à produção de conhecimento, ainda os procedimentos continuam
similares aos da doutrina de inteligência de Estado realizada pela ABIN. A DNISP,
portanto, mimetizou a clássica inteligência de Estado, em vez de aprofundar numa
inteligência criminal. Inclusive, praticamente, ignorou o rol de atores desse campo de
inteligência, como outras agências fora da estrutura de segurança pública, por
exemplo, órgãos municipais.

Além da questão normativa supracitada, há outra estrutural a ser salientada


que perpassa todas as agências policiais brasileiras – civil ou militar, federal ou

26
estadual. Note-se: inexiste nas agências policiais carreiras especificas de analistas
criminal e de inteligência. Em geral, policiais exercem precariamente as funções de
analistas, na maioria das vezes, sem formação adequada e condições de trabalho.
Assim, por mais que haja o conhecimento empírico de certos policiais nesse campo,
carece-se da perspectiva científica que ele alvitra.

Nesse contexto, o desafio para agências de aplicação da lei brasileiras,


especialmente as polícias, é amadurecer o valor da informação, ou seja, da
concepção de análise criminal e inteligência criminal como procedimento de
planejamento e atuação dessas instituições, não simplesmente como elemento
operacional e esporádico.

No entanto, em geral, elementos de informação ainda não são plenamente


institucionalizados. Por exemplo, seja o SINESPJC, que agrega dados de
criminalidade, ou RENISP, que integra informações de agências de segurança
pública, não são difundidos na rotina das polícias. Com efeito, tais elementos não
condicionam o trabalho de setores de informação das organizações policiais e, muito
menos, a própria ação policial (RIBERO 2012)

Enfim, de um lado, a análise criminal é um procedimento relativamente recente


para as polícias, sendo tratado como acessório. De outro lado, a inteligência policial é
vista como derivada do modelo de inteligência de Estado. Assim, na rotina das
agências policiais brasileiras, a análise criminal é pouco relevante e a inteligência
criminal, desenvolvida. Nesse cenário, a visão integrada entre as análises criminal e
de inteligência é tema incipiente.

27
TEXO DE APOIO

INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E O ESTADO DO RIO DE


JANEIRO

A atividade de Inteligência no Rio de Janeiro foi de certa forma, privilegiada.


Eventos como a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e as Olímpiadas, em 2016,
naturalmente incentivaram estudos de Inteligência de Defesa e, obviamente, de
Inteligência de Segurança Pública, também.
Contudo, os Anuários Brasileiros de Segurança Pública, referentes aos anos
de 2014, 2015 e 2016, apontam valores muito baixos investidos especificamente na
área de Inteligência no estado do Rio de Janeiro:
 2014: R$ 39.850,70;
 2015: R$ 23.532,40;
 2016: Sem indicação no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2017.
Comparativamente, com os dados disponíveis, os estados de São Paulo ou
Minas Gerais, investiram significativamente muito mais na área de Inteligência. Por
exemplo, tomando por base os anos de 2015, enquanto o Rio de Janeiro investiu
R$23.532,40, São Paulo investiu R$ 366.580.511,41(quinze mil vezes mais) e Minas
Gerais, R$ 128.518.337,18 (cinco mil e quatrocentas vezes mais), segundo o Anuário
Brasileiro de Segurança Pública de 2017. A diferença brutal de tais índices certamente
merece maiores explicações.
Contudo, há outras fontes de dados. A Lei do Orçamento Anual – LOA, de 2016
atribui ao item Inteligência e Segurança da Informação, o valor aproximado de R$
5.300.000,00; já em 2017 atribui ao item Inteligência e Segurança da Informação, o
valor de R$ 3.500.000,00. Já o projeto da LOA relativo ao ano de 2018,
sintomaticamente, atribui o valor aproximado de R$ 2.400.000,00. Valores que
decrescem continuamente.
Questões focadas aos investimentos na área da Inteligência são bastante
relativas. Tais investimentos são bem aplicados? No âmbito das organizações que
praticam Inteligência de Segurança Pública, o treinamento na obtenção de dados e as
análises pertinentes podem fazer a diferença (polícias civil e militar).

28
1. FALHAS NA INTELIGÊNCIA

Não são incomuns falhas na Inteligência. Tais falhas podem estar na coleta do
material para a análise, podem estar na própria análise, podem estar na metodologia
conduzida para a obtenção do conhecimento, enfim em múltiplas vertentes.

Um dos maiores fiascos contemporâneos da Atividade de Inteligência reside


no fato de não ter sido encontradas quaisquer armas de destruição em massa
no território do Iraque, invadido pelos EUA. Uma discussão bastante
divulgada, tanto pelo público especializado quanto pelo público leigo, é a de
que tal fiasco não foi senão a consequência de uma “armação” para que o
Iraque fosse invadido de qualquer maneira. Portanto, a existência ou não das
armas acima citadas não passaria de uma desculpa para justificar a
operação. Apesar de possível, tal raciocínio não parece muito lógico: várias
outras desculpas poderiam ser utilizadas sem que envolvessem a maior
agência de Inteligência americana, a CIA. De qualquer forma, sendo a
justificativa uma mera desculpa para a guerra que se seguiu ou não, o que se
constata pelas fontes disponíveis é que ao não encontrar quaisquer armas de
destruição em massa, os EUA protagonizaram mais um episódio que expôs,
negativamente, a Inteligência do país (ESPUNY, 2014).

Outras falhas internacionalmente repercutidas, como o atentado terrorista de


11 de setembro de 2001, demonstram que por mais investimento que se tenha na
área e por mais que se busque a previsibilidade como vertente de segurança, muitas
vezes o resultado concorre com o imprevisível.
Contudo, há falhas e falhas. Existem falhas que são provocadas de forma
absolutamente irresponsável, pois os protagonistas sabem de antemão que estão
praticando algo de irregular. Um exemplo deste comportamento é a ingerência
política. Dentre as razões de falhas na atividade de Inteligência, essa é uma das
maiores incidências. Alguns autores afirmam que é esta a principal razão (CEPIK,
AMBROS, 2012, p.92).
Um dos maiores problemas práticos é tentar induzir as conclusões para um
determinado viés. Isto pode ocorrer quando os analistas de Inteligência são
pressionados, seja pela via hierárquica, seja pela conveniência política a confeccionar
um relatório que atenda a outros interesses, que não seja o da metodologia da
atividade de Inteligência. E o que é pior: utilizarem-se do conhecimento especializado
em Inteligência, deturparem as conclusões e apresentarem como se fosse fruto
legítimo do trabalho.
Outro problema que se observa na prática da atividade de Inteligência é a
confusão entre a atividade estratégica, que visa identificar padrões e/ou tendências e

29
a atividade voltada para os aspectos tático e operacional. A produção de
conhecimento estratégico não é fácil. Envolve investimentos, equipe preparada e
treinada e, acima de tudo, liderança adequada para tal mister. Já a atividade voltada
à área tática ou operacional é focada em ocorrência pesquisada, em fatos que
ocorreram ou estão ocorrendo e o foco está no levantamento de dados que facilitem
a investigação ou a repressão a delitos. Observe-se, que se a Inteligência não permitiu
conhecer o desenrolar dos fatos (tendências) e o reconhecimento de padrões não
pode ser considerada Atividade de Inteligência, no sentido amplo, que é o estratégico.
No contexto da Segurança Pública, o viés estratégico deveria ter sido, sempre,
adotado. Nestes termos, as decisões poderiam evitar cenários deteriorados.
Por outro lado, as atividades táteis ou operacionais são focadas em áreas
específicas que não permitem uma visão sistêmica. Teria sido essa a grande falha da
Inteligência de Segurança Pública no Rio de Janeiro? Ou a falha principal teria sido
dos responsáveis pelas decisões, que apesar de possuírem os subsídios de
Inteligência adequados não tomaram as decisões mais apropriadas que o cenário
exigia? Essas respostas interessam muito aos gestores de Inteligência.
Fora deste contexto, a pior de todas as vertentes seria a de que a Inteligência
não fora estimulada, a julgar pelos investimentos explicitados no Anuário Brasileiro de
Segurança Pública, anos 2015, 2016 e 2017. Caso seja essa a resposta, observe-se
o altíssimo preço que o Rio de Janeiro está efetivamente pagando.
O mais provável é que o fracasso da segurança pública no estado do Rio de
Janeiro tenha como um dos elementos a falta de eficiência e eficácia da Inteligência
por um misto das razões explicitadas nos parágrafos anteriores.

30
2. MAPA DA VIOLÊNCIA

Conforme a página da internet do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


– IBGE, o território mineiro é de 586.521,121 km², com uma população estimada em
21.040.662 de pessoas e um Índice de Desenvolvimento Humano - IDH de 0,731 em
2010 (BRASIL, 2019). A extensão territorial do estado abrange várias realidades
sociais, desde a capital, Belo Horizonte, urbanizada, mas ainda com localidades de
maior desenvolvimento e qualidade de vida em contraste com periferias e
aglomerados urbanos com moradores em condições bastante precárias de moradia,
saúde e moradia, até o interior e regiões de divisa com outros estados, onde há
regiões com pouco desenvolvimento, menor densidade populacional, porém, muitas
vezes vitimada pela violência influenciada pelos estados fronteiriços.
Waiselfisz (2016) em seus estudos sobre a violência, especialmente com
relação ao uso das armas de fogo e homicídios, demarca a letalidade deste artefato,
sendo também objeto de estudo os impactos do Estatuto do Desarmamento (Lei
10.826, de 22 de dezembro de 2003), onde, em 2005, concluía através dos índices de
mortalidade a situação apavorante do país. Em sua pesquisa de 2013, o mesmo autor
afirmou que as disposições do estatuto não foram suficientes para reverter as taxas
de mortalidade e acrescentou a urgência de reformas, como nas instituições
responsáveis pelo combate à criminalidade, no próprio Código Penal, no sistema
prisional e na execução das penas para redução da sensação de impunidade.
Com relação às tendências dos homicídios por arma de fogo, Waiselfisz (2016)
diz que o vasto arsenal que o país possui faz correspondência com a mortalidade
causada por essas armas. O autor relata que houve um crescimento de 592,8% dos
homicídios em 2014, sete vezes maior que 1980, ano inicial de seus dados
(WAISELFISZ, 2016, p. 15). Porém, o pesquisador informa que o Estatuto e a
Campanha do Desarmamento desde 2004 contribuíram para uma quebra do ritmo de
crescimento das taxas de homicídio entre 2008 e 2012, quando voltaram a subir os
índices, ao ponto de a partir de 2003, os homicídios com uso de arma de fogo
chegaram a representar, pelo menos, 70% dos totais.
Waiselfisz observou uma regressão da violência armada no sudeste do país.
Enquanto no Brasil as taxas cresciam até 21,2% em 2014, os estados apresentavam:
ES-35,1%; MG-16,4%; RJ-21,5%; e SP-8,2%, todos para uma por 100 mil habitantes
(WAISELFISZ, 2016, p. 25), conforme o gráfico abaixo:

31
Gráfico 1: Taxas de homicídio por armas de fogo (por 100 mil) nas UF. Brasil. 2014.

Fonte: adaptado de Waiselfisz (2016, p. 26).

Em continuidade às suas ponderações e voltando o olhar para as capitais,


Waiselfisz (2016) reportou que, entre 2004 e 2014, os homicídios por armas de fogo
aumentaram 23,7% no país. Contudo, nas capitais o incremento foi de 5,4%, o que
revelou a tendência de estabilização e queda dos índices regiões metropolitanas e o
movimento da violência para o interior dos estados, onde constatou a configuração de
novos focos de violência também es estados sem tradição desenvolvimentista
(WAISELFISZ, 2016).
A página de internet do G1, através da aba Monitor da Violência, faz
levantamentos sobre a criminalidade em todo o país e publica os resultados, em
parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e com o Fórum Brasileiro de
Segurança Pública - FBSP (G1, 2019). Além de várias reportagens, vídeos com
especialistas e pesquisas com o público em geral, através dos filtros, é possível a
visualização dos totais e índices do Brasil e dos estados para os crimes de homicídio
doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte.
Dentre as notícias, os levantamentos do G1 apontaram, por exemplo, que o
Brasil teve redução no número de mortes violentas de 2017 para 2018 em 13%, 7.539
vítimas a menos, mas ainda uma taxa alta de 24,7 para cada 100 mil. Tal queda foi a

32
maior redução dos últimos 11 anos, já que o FBSP realiza as pesquisas desde 2007.
Minas Gerais está entre os seis estados que apresentaram diminuição das mortes
superior a 20% (G1, 2019).
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e o FBSP publicam o Atlas
da Violência, além disponibilizarem os dados dos registros policiais do Brasil e dos
estados para as ocorrências violentas contra as pessoas e contra os patrimônios
(BRASIL, 2018). O Atlas da Violência 2018 apresentou várias constatações acerca da
evolução da criminalidade violenta, dentre elas:
 Em 2016 o país alcançou uma marca histórica com 62.517 homicídios, o que
seria 30 vezes a taxa da Europa, segundo o Ministério da Saúde – MS (p. 3);
 Situação mais grave nos estados do Nordeste e Norte, com as maiores taxas
de homicídios (p. 3);
 A juventude perdida se agravou em 2017 e respondia por 56,5% das mortes
intencionais dos jovens entre 15 e 19 anos (p. 3);
 A taxa de vitimização de indivíduos negros ou pardos aumentou e alcançou
40,2%, ao passo que para o resto da população era de 16%, fundamentando a
implicação de que 71,5% das vítimas foram negras ou pardas (p. 4).
O banco de notícias da SESP-MG publicou que, das 12 estatísticas de
criminalidade monitoradas pela secretaria, 10 tiveram queda no mês de janeiro do
corrente ano, com relação ao mesmo período em 2018 (MINAS GERAIS, 2019b). A
notícia destaca a redução do crime de roubo que teve 2.710 registros, 32,9% menor
que janeiro de 2018, o melhor resultado do estado nos últimos 7 anos. Segue o
demonstrativo publicado junto à notícia com as comparações 2018/2019 com as
naturezas de crimes monitorados.

33
Tabela 1: Crimes violentos monitorados pela SESP-MG – Jan 2018/2019.

Fonte: Minas Gerais (2019b).

A publicação denota, ainda, a redução das vítimas de homicídio, com uma


queda de 18,62%, e revela que 773 municípios mineiros, de um total de 853, não
registraram crimes desta natureza, permaneceram com os mesmos números ou
diminuíram seus índices. Verifica-se que os crimes que tiveram aumento no intervalo
foram lesão corporal consumada e estupro de vulnerável tentado, com altas de 1,62%
e 13,33% respectivamente (MINAS GERAIS, 2019b).
Souza (2012) analisou a incidência criminal violenta em uma subárea de
responsabilidade territorial da Polícia Militar na capital do estado nos anos de 2010 e
2011. Em análises de três níveis, mensal, semanal e por faixa horária, o autor
destacou a quantidade de pessoas em circulação como uma das principais variáveis.
Em suma, nos meses de férias escolares – janeiro, fevereiro e dezembro – e nos finais
de semana, nos quais reduz-se o número de trabalhadores nas ruas por não serem
dias úteis, o autor observou índices menores de criminalidade. A faixa horária da
madrugada, na mesma linha de raciocínio, também contém os menores quantitativos
de crimes, ao passo que entre as 17 e 00 horas, com entrada e saídas de
universidades e escolas, trabalhadores voltando às suas casas, expõem maior
número de alvos para os criminosos.
Por fim, Souza (2012) trata como notória a importância para a PMMG em
analisar os crimes violentos e concluiu que o roubo é o evento de maior incidência na

34
subárea estudada, sobretudo pela característica do setor possuir bairros com casas
de alto luxo, vizinhos a aglomerados urbanos, com famílias de baixa renda e
indivíduos a fim de obterem vantagem econômica. Assim, os criminosos cometem o
roubo até próximos de suas residências com grande facilidade de fuga e difícil captura
pelas forças policiais.
Em sua pesquisa, Ribeiro e Bastos (2012) utilizaram o banco de dados do
Índice Mineiro de Responsabilidade Social – IMRS para uma análise da capacidade
instalada no estado e nos municípios mineiros para a gestão dos investimentos em
segurança pública ante o fenômeno criminal. As autoras confirmaram, através de
análises estatísticas, as hipóteses de que (1) quanto maior o município e mais
complexa a situação da criminalidade, maior chance de se aumentarem os
investimentos em segurança pública, e (2) quanto maior o efetivo policial, menor a
probabilidade do município investir nessa função. Destacando que a segurança
pública constitucionalmente é função do estado, as autoras concluíram que o
investimento municipal ocorre apenas se a situação for gravíssima ou se o aparato
estadual estiver ausente ou insuficiente pra contenção dos crimes e da violência
(RIBEIRO; BASTOS, 2012).
Sobre a percepção de medo ante a criminalidade violenta em Paracatu-MG
entre 2014 e 2016, Parreira (2017) constatou que o medo de ser vítima de um crime
é fator emocional presente nos moradores da cidade, sensação essa enfatizada pela
influência da mídia na divulgação dedicada dos fatos policiais violentos, com grande
repetição de matérias reportando a violência. O autor concluiu que a comunicação
organizacional da PMMG, e também dos outros órgãos de segurança pública, deve
ser explorada a fim de divulgarem as campanhas de conscientização, prevenção ao
crime, bons resultados alcançados e promoverem maior proximidade entre estado
(polícia) e população para redução do medo da violência.
Almeida (2018), inserindo o contexto de Polícia Comunitária trabalhado pela
PMMG, no qual policias e comunidade atuam mais próximos no combate à
criminalidade e aumento da sensação de segurança, analisou a implantação da Base
de Segurança Comunitária – BSC da Polícia Militar no bairro Cruzeiro em Belo
Horizonte. Com a instalação de um veículo van (base) em ponto estratégico fixo para
registro de ocorrências e motocicletas patrulhando somente aquele setor, além das
viaturas de atendimento comunitário, o autor entrevistou comandantes de
policiamento e comerciantes.

35
Em suas conclusões, Almeida observou que o programa é bem recebido pela
população e gera aumento da sensação de segurança subjetiva com a maior
ostensividade da presença policial. Para o autor, essa proximidade trouxe redução da
possibilidade de vitimização, menor subnotificação de crimes e de outros eventos
defesa social. No tocante à incidência criminal no setor de análise, do período anterior
à instalação das bases de segurança, set/2016 a ago/2017, para um ano após a
implementação do programa, set/2017 a ago/2018, o autor constatou expressiva
redução de 18% do ICV, com diminuição de 7% dos crimes contra comerciantes.
Conforme verificado na Introdução do presente estudo, a criação do INFOSEG
no Brasil e o exemplo do NCIC nos EUA indicam que a integração e o
compartilhamento de dados e informações entre as instituições policiais nos níveis
estadual e federal é de fundamental importância. A integração pode ser um fator
determinante do sucesso de ações pertinentes ao combate sistemático à
criminalidade. Decorre daí, a necessidade de integração de todas as instituições
envolvidas com a Segurança Pública.
Com a execução da AC, as instituições de segurança pública estarão melhor
assessoradas no processo de tomada de decisões para emprego do policiamento
ostensivo e judiciário, ficando também mais preparadas para atender às necessidades
do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública, conforme especificado no
parágrafo 3º do Art. 2º do Decreto nº 3.695/2000:

Cabe aos integrantes do Subsistema, no âmbito de suas competências,


identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais de segurança
pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem ações para
neutralizar, coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.

Tendo sido o Sisp criado no âmbito do Sisbin, o produto da AC beneficiará


também a Abin. Para tanto, há a necessidade de integração e compartilhamento de
dados e informações entre todas as instituições que compõem o Sisbin e o SISP.
A AC constitui um meio capaz de indicar locais de maior incidência de crimes,
valendo-se da determinação da tendência histórica dos fenômenos criminais em uma
determinada área, levantando os fatores que contribuem para tal incidência, o que
conduz a uma melhor tomada de decisão para prevenção e repressão do crime e da
violência.
De acordo com Pereira (2003, p.7), o emprego sistemático da AC permite:

36
 Identificar a existência, surgimento e evolução de padrões e tendências dos
crimes;
 Identificar as áreas com maior incidência de determinadas categorias de
crimes;
 Subsidiar o planejamento do policiamento ostensivo;
 Melhorar uso dos recursos operacionais disponíveis;
 Diminuir custos e positivar a relação custo-benefício;
 Avaliar o desempenho dos policiais em todos os níveis corrigindo os erros e os
rumos das ações; e g) promover a eficácia da ação policial.
Para Dantas, Souza e Gottlieb, a AC deve ser executada no contexto Atividade
de Inteligência visto ser a área de Inteligência a encarregada de assessorar as
autoridades com conhecimentos oportunos e essenciais ao processo de tomada de
decisões.
Em suma, face à grande quantidade de dados referentes aos atendimentos e
ocorrências policiais, torna-se humanamente impossível fazer inferências sobre um
vasto amontoado de registros, sem a possibilidade de recorrer ao uso de ferramentas
tecnológicas. Assim, são ferramentas essenciais ao analista criminal: planilhas
eletrônicas, acesso eletrônico aos diversos bancos de dados, gerenciadores de banco
de dados e conexão à rede mundial de computadores (Internet). Também é
necessária a capacitação para uso de tais ferramentas, bem como a satisfação aos
pré-requisitos de integração e interoperabilidade nos níveis federal, estadual e
municipal.
A AC é um processo de grande utilidade para a ISP e para a Inteligência de
Estado pois tem o potencial de produzir conhecimentos a serem utilizados pelos
tomadores de decisões e pelos formuladores de políticas públicas nos níveis estadual
e federal em benefício da sociedade e do Estado.

37
VÍDEO DE APOIO
Vídeo 2: Segurança Intraurbana: Ciência de dados, tecnologia e análise criminal

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=RBGFqx1Wr4o>

Sinopse: O canal NEV – Inteligência de Estatísticas da Violência traz o assunto de


segurança na cidade de São Paulo e o uso adequado das tecnologias na política de
segurança.

Vídeo 3: Ferramenta criada pela PM “Análise criminal integrada”

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=AQEhANrJxi0>


Sinopse: No Canal RedeTV Rondônia apresenta o sistema que já está em
funcionamento foi desenvolvido por analistas da própria PM.

Vídeo 4: Raquel Gallinati, Rafael Velasquez - Tecnologia e Inteligência aplicadas à


investigação criminal

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=7eSYgg1VVQc>

Sinopse: O Canal Segurança Pública em Debate traz as Tecnologia e Inteligência


aplicadas à investigação criminal Convidado: Rafael Velasquez, CEO da TechBiz
Forense Digital Anfitriã: Raquel Kobashi Gallinati, Presidente do SINDPESP

38
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