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CADERNO EDUCACIONAL DE
SEGURANÇA PÚBLICA
METODOLOGIA DE INTEGRAÇÃO DE GESTÃO EM SEGURANÇA
PÚBLICA

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


SECRETARIA DE ESTADO DE JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA E ATUAÇÃO INTEGRADA
SUPERINTENDÊNCIA EDUCACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA
DIRETORIA PEDAGÓGICA
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Governador do Estado de Minas Gerais


Romeu Zema Neto

Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública


Rogério Greco

Subsecretário de Inteligência e Atuação Integrada


Christian Vianna de Azevedo

Superintendente Educacional de Segurança Pública


Roberta Corrêa Lima Ignácio da Silva

Diretora Pedagógica
Lilian Regina Gomes Guerra Lemos

Coordenação Pedagógica
Elizangela dos Santos

Conteúdo
Bruno Furtado
Cláudia Aparecida Pereira Brígido
Mayara Ferreira de Abreu

Belo Horizonte, MG
2021
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SUMÁRIO
1. Contexto Histórico.......................................................................................05
2. Contexto de modernização da Política de Segurança Pública conforme a
Doutrina Nacional de Atuação Integrada de Segurança Pública/
DNAISP.................................................................................................................10
3. Ferramentas da metodologia de trabalho........................................................15

3.1 . Uso de dados para diagnóstico do problema................................................16

3.2 . Troca de informações para qualificação dos dados.......................................17

3.3. Rotina de trabalho integrado.........................................................................17

4. Ferramentas e Adequação do processo de atuação integrada à rotina da


Igesp...............................................................................................................21

4.1. Ciclo PDCA aplicado ao IGESP - Ciclo de Planejamento Integrado................24

4.1.1. Planejamento.............................................................................................24

4.1.2. Ação – Execução.........................................................................................25

4.1.3. Verificação – Avaliação...............................................................................25

4.1.4. Ação – Consolidação...................................................................................25

05. Produtos e Entregas.......................................................................................26


06. Referências Bibliográficas..............................................................................27
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1. Contexto Histórico da Metodologia Igesp

Implementada no estado de Minas Gerais no ano de 2005, conforme dispõe a


Resolução Conjunta nº 14/2005, a metodologia Igesp é resultado de uma
consultoria do Centro de Estudos da Criminalidade e Segurança Pública - Crisp -
da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - como parte de um processo
de implementação da política de Defesa Social. Segundo o Manual do IGESP
(2013)

A metodologia Igesp consiste na gestão integrada das ações


desenvolvidas pelas instituições que compõem o Sistema
de Defesa Social, a saber, Secretaria de Estado de Defesa
Social, Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros
Militar. A metodologia tem como pilares a ação orientada
para gestão por resultados, solução de problemas e
mobilização de rede. As ações orientadas pela metodologia
Igesp são baseadas no compartilhamento de informações e
na implantação de ações conjuntas capazes de abranger a
diversidade de fenômenos que compõem o problema da
criminalidade e violência. (MINAS GERAIS,2013, p. 40).

A demanda por uma metodologia de trabalho integrado surgiu da identificação


de um cenário alarmante, o crescimento substantivo da criminalidade no estado
de Minas Gerais, principalmente na segunda metade da década de 1990, frente
a baixa estruturação de uma política pública dedicada ao problema.

No cenário de início dos anos 2000, as instituições trabalhavam com pouca


articulação entre si. A Secretaria de Estado de Segurança Pública, a Polícia Militar
e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos atuavam de forma autônoma
quando, em 2003, houve uma rearticulação e adoção de um novo modelo de
governança.

Com a criação de uma Secretaria de Estado de Defesa Social - Seds - extinguiu-se


a Secretaria de Estado de Segurança Pública e a Secretaria de Justiça e Direitos
Humanos, dando independência à Polícia Civil que, juntamente com a Seds, a
Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, passaram a compor o Sistema Integrado
de Defesa Social - Sids.

A Seds foi organizada em quatro áreas bem delimitadas que estavam alinhadas à
política governamental vigente, a qual tinha como foco não somente ações de
repressão, mas a criação de políticas que contemplassem tanto ações de
repressão quanto de prevenção. Assim, a secretaria buscou estruturar, além de
ações que propunham a integração policial, ações de prevenção à criminalidade,
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a estruturação de um Sistema Prisional e a criação de um Sistema Socioeducativo.

Com relação a integração policial, foram criados diversos projetos e programas


que visavam facilitar a interação entre os órgãos. Como cada corporação já havia
consolidado bastante sua identidade institucional e as suas estruturas
organizacionais, houve um intenso trabalho na busca de alinhá-las da melhor
forma possível com foco no estabelecimento de uma gestão integrada. Assim
foram desenhadas as áreas territoriais de corresponsabilidade entre Polícia
Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, na busca pela compatibilização de
sistemas e rotinas de trabalho conjunto. Dentro dessa construção de uma rotina
de trabalho integrado é que se insere a Metodologia Igesp.

Conforme consta no manual (Minas Gerais, 2013), a formulação da metodologia


Igesp se inspirou no modelo de gerenciamento policial COMPSTAT (Estatística
Comparada Computadorizada), implantado pela polícia de Nova York no início
dos anos 1990, bem como nas experiências da política de Segurança Cidadã em
Bogotá.

Das duas experiências inspiradoras do Igesp, o modelo COMPSTAT é baseado no


uso de softwares de estatística e análise espacial que permitem o diagnóstico e a
visualização da evolução criminal através de mapas, gráficos e tabelas, assim
como a identificação de padrões e zonas quentes de criminalidade. Já o modelo
de Segurança Cidadã, adotado em Bogotá, se baseia na prevenção. Um dos
principais aspectos abordados é a redução das oportunidades delitivas com
melhoria da infraestrutura física e social.

Historicamente as primeiras reuniões do Igesp foram realizadas em 2005,


inicialmente em Belo Horizonte, com expansão para todo território mineiro. O
princípio básico da metodologia, e estratégia da política de integração, sempre
foi a delimitação de áreas geográficas de atuação coincidentes entre as forças
policiais, com estabelecimento de uma rotina de trabalho com o envolvimento
dos comandos e chefias da seguinte forma: no nível estratégico, nas Regiões
Integradas de Segurança Pública - Risp, no nível tático, nas Áreas de Coordenação
Integrada de Segurança Pública - Acisp e no nível operacional, nas Áreas
Integradas de Segurança Pública - Aisp.

Assim, para a completa responsabilização das instituições dentro das áreas


geográficas estabelecidas, foi estabelecida a seguinte compatibilização:
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Fonte: MINAS GERAIS, 2013.

Dessa maneira, o processo de descentralização de responsabilidades dentro de


cada nível de gestão integrada ocorreu por meio do estabelecimento de metas,
as quais eram pactuadas com base nos diagnósticos dos problemas locais e na
definição de ações específicas para alcance das mesmas.

Assim, a metodologia cumpria sua atuação em 3 pilares: na gestão por resultados,


solução de problemas e articulação de redes, com aprimoramento de um
processo de integração nos níveis estratégico, tático e operacional.

No nível estratégico, a metodologia previa reuniões com a presença do


comandante da Região de Polícia Militar e do chefe de Departamento da Polícia
Civil que compunham a Risp. Na mesma reunião estavam presentes o
Comandante de Batalhão e o Delegado Regional de Polícia Civil da Acisp, bem
como os comandantes de companhia e os delegados de Polícia das Aisps. Eram
convidadas demais autoridades policiais, unidades especializadas das polícias
Militar e Civil, representantes de outros órgãos do Sistema de Defesa Social como
o Corpo de Bombeiros Militar, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a
Defensoria Pública, a Administração Prisional, a Subsecretaria de Atendimento a
Medidas Socioeducativas, Superintendência de Prevenção à Criminalidade e
representantes da prefeitura municipal.

No nível tático, as reuniões seguiam a coordenação dos Comandantes de


Batalhão e Delegados Regionais, com periodicidade quinzenal, com finalidade de
validação dos planos de ação das Aisps e avaliação dos resultados alcançados. O
objetivo era, também, contribuir na solução de algum problema eventualmente
não resolvido nas reuniões da Aisp.

Por fim, no nível operacional, a metodologia previa reuniões semanais entre os


representantes da Aisp, Comandante de Companhia da Polícia Militar e Delegado
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da Polícia Civil, com a finalidade de compartilhar informações de inteligência,


discutir e planejar ações integradas de combate à criminalidade e violência. Essas
reuniões tinham por objetivo a preparação para as reuniões de nível tático.

O manual da Igesp (Minas Gerais, 2008;2013), prevê a padronização dos espaços


de reuniões como uma forma de agregar identidade à metodologia e manter o
mesmo padrão em todas as localidades. A mesa de discussões seguia um padrão,
conforme se vê abaixo:

Fonte: MINAS GERAIS, 2013.

O efetivo funcionamento da metodologia pressupunha uma rotina de trabalho


conjunta, com utilização de dados estatísticos, diagnóstico dos problemas em
cada um dos três níveis citados e propostas de intervenções conjuntas visando a
solução dos problemas. O sucesso da metodologia dependia da realização de
reuniões gerenciais e operacionais periódicas, com a presença dos
representantes das forças policiais e demais órgãos responsáveis pela segurança
pública em âmbito local.

A rotina de trabalho foi definida em ciclos de reuniões, os quais se alteraram ao


longo do tempo. Inicialmente eram realizadas reuniões de trabalho
quinzenalmente, entre os Aisps. Reuniões de Trabalho mensalmente entre Acisp.
E, reuniões de apresentação das Aisps para os comandos e chefias das Acisp,
trimestralmente.

Diante das diversas mudanças de cenário, sejam elas políticas ou orçamentárias,


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a periodicidade foi se alterando para quadrimestral ou semestral,


enfraquecendo, assim, a manutenção da metodologia Igesp.

Para a operacionalização das reuniões gerenciais e operacionais da metodologia


Igesp foi instituída uma Secretaria Executiva em cada Risp, composta por um
representante da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar de
Minas Gerais, com objetivo de organizar as reuniões e dar celeridade aos
processos de solução dos problemas. Foi criada, também, uma Secretaria
Executiva Estadual, composta por representantes da Polícia Civil e Polícia Militar
de Minas Gerais, responsáveis pelo encaminhamento e solução das demandas
dentro de suas respectivas instituições, as quais eram apresentadas nas reuniões
ordinárias da Igesp.

Após o processo de expansão da metodologia para todo o Estado houve uma


gradual desmobilização dos esforços de integração e o consequente
enfraquecimento da metodologia Igesp. Assim, em 2013, diante da necessidade
de intervenções estratégicas naqueles territórios críticos, houve uma mudança
com a concentração de esforços e atuação nas áreas que apresentavam maiores
índices de criminalidade. Assim, foi criada uma agenda específica chamada Igesp
focal. Esse novo formato da metodologia permitiu que fossem mapeadas as
principais Zonas Quentes de Criminalidade - ZQC - ou as áreas de maior
concentração de criminalidade do Estado, e que fossem realizadas intervenções
pontuais nestas áreas.

Nota-se que, apesar da concentração de esforços, apenas em algumas áreas


prioritárias a metodologia Igesp e a proposta de integração implementada em
Minas Gerais foi reconhecidamente exitosa, seja da parte de outros estados que
buscaram implementar o mesmo modelo, seja da parte de acadêmicos que
reconheceram sua contribuição no estabelecimento de formas participativas e
integradas de Segurança Pública. Contudo, em 2015, apesar dos êxitos
alcançados, as reuniões foram descontinuadas e, consequentemente, a gestão
operacional se perdeu.

No ano de 2019 foram retomadas algumas práticas exitosas, dentre elas a


metodologia Igesp que, em alinhamento à diretriz do Governo Federal, propõe a
realização de esforços conjuntos na solução dos problemas de justiça e segurança
pública.
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2. Contexto de modernização da Política de Segurança Pública conforme a


Doutrina Nacional de Atuação Integrada de Segurança Pública - DNAISP.

A seara da segurança pública tem experimentado, em anos mais recentes, a


criação de instâncias que contribuem significativamente com a Igesp, a exemplo
da Câmara de Coordenação da Política de Segurança Pública - CCPSP.

Criada através do Decreto nº 47.088, de 23/11/2016, e reorganizada pelo Decreto


nº 47.795, de 19/12/2019, a Câmara é um órgão colegiado, de caráter consultivo,
propositivo, deliberativo e de direção superior da Sejusp e tem como
competência acompanhar a elaboração e a implementação da política de
segurança pública do Estado, em articulação com o Conselho Estadual de
Segurança Pública e Defesa Social - CESPDS - através dos seguintes
representantes: Secretário da Sejusp, Comandante da PMMG, Chefe da PCMG e
Comandante do CBMMG.

Algumas mudanças substantivas na Política Nacional de Segurança Pública - PNSP


- são um reflexo da normatização do Sistema Único de Segurança Pública - Susp -
após a publicação da Lei Federal nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Essas novas
diretrizes federais são uma novidade no cenário da nova metodologia Igesp da
Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública - Sejusp - e foram
devidamente incorporadas.

A criação do CESPDS em Minas Gerais se deu em 06/09/2019, através do Decreto


47.708, implementando uma gestão colegiada, através de um órgão permanente
e integrante da área de competência da Sejusp. O CESPDS tem competência
consultiva, sugestiva e de acompanhamento social das atividades de Segurança
Pública e visa estabelecer a real efetividade e um melhor custo benefício no que
tange ao investimento dos recursos, além de fortalecer o controle social sobre
políticas, planos, programas, ações e atividades públicas orientadas para solução
de problemas de Segurança Pública e Defesa Social.

São membros do CESPDS:


➔ Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, que o presidirá;
Comandante-Geral da Polícia Militar de Minas Gerais; Chefe da Polícia Civil de
Minas Gerais; Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar de Minas
Gerais; Chefe do Gabinete Militar do Governador de Minas Gerais; Ouvidor-Geral
do Estado de Minas Gerais.
➔ Um representante indicado: Sedese; SEE; Seinfra; Semad; SES; TJMG;
MPMG; DPMG; Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; OAB-MG; ALMG.
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➔ Representantes eleitos1: órgãos integrantes operacionais do Susp


municipal; entidades estaduais representativas dos profissionais de segurança
pública e defesa social; instituições de pesquisa e ensino superior; entidades e
organizações dedicadas à proteção e à promoção de direitos humanos; entidades
e organizações da sociedade civil, cuja finalidade esteja relacionada com políticas
de segurança pública e defesa social e que manifestem interesse em participar
do CESPDS-MG.

Nesse aspecto, a função de cada membro do Conselho é aproximar o grupo que


representa das decisões e iniciativas do governo, levando suas demandas,
opiniões e ideias para serem discutidas, efetivando assim o trabalho de
articulação das áreas e instituições responsáveis pela Segurança Pública e Defesa
Social.

No contexto de articulação da Igesp com o CESPDS, as principais demandas


apresentadas no ciclo de reuniões poderão ser levadas ao conhecimento do
Conselho, o qual decidirá pela criação de Câmaras Temáticas para estudo e
proposição de soluções. Isso porque o CESPDS é um fórum integrado que visa
reforçar a política de segurança, garantindo a intersetorialidade na discussão de
temas específicos que afetam a sensação de segurança no Estado.

Assim, no contexto contemporâneo, em conformidade com o Sistema Único de


Segurança Pública - Susp - e de acordo com a Doutrina Nacional de Atuação
Integrada de Segurança Pública - DNAISP - publicada em 21 de janeiro de 2020, a
promoção de ações integradas de Segurança Pública, com compartilhamento de
informações, tecnologias e boas práticas de gestão e governança devem
fortalecer a política de segurança nas fases de planejamento, execução,
monitoramento e avaliação em todos os níveis de governo.

Para saber mais você pode acessar o texto completo da DNAISP disponível
no ambiente virtual.

Nesse sentido, o estado de Minas Gerais tem avançado bastante, e de forma


proativa, na criação e manutenção de ambientes comuns, de gestão integrada da
segurança pública, a exemplo do Centro Integrado de Comando e Controle
Regional de Minas Gerais - CICCR.

O centro tem como principal função promover e potencializar a atuação


operacional de interagências no estado de Minas Gerais em ações nas áreas de
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Para o Biênio 2020-2021 o edital previa as cinco cadeiras, contudo as vagas para entidades estaduais
representativas dos profissionais de segurança pública e defesa social, instituições de pesquisa e ensino
superior e para as entidades e organizações dedicadas à proteção e à promoção de direitos humanos
não foram preenchidas.
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Segurança Pública, mobilidade, Defesa Civil e gestão de crises e grandes eventos.


Várias instituições, pertencentes aos três níveis federativos e com atuação direta
nessas áreas possuem servidores alocados no CICCR, operando diariamente ou
de forma pontual para eventos específicos. A gestão do centro é exercida pela
Sejusp-MG, através da Diretoria do CICC que é parte da estrutura da
Superintendência de Integração e Planejamento Operacional - Sipo.

O CICCR dispõe de infraestrutura tecnológica que permite o videomonitoramento


e o acesso a sistemas das diversas instituições que o compõem, subsidiando a
tomada de decisões, que é também facilitada pela proximidade proporcionada
pelo compartilhamento do ambiente. Desta forma, o CICCR consegue exercer
com grande efetividade sua principal vocação, que é a resposta rápida a
incidentes, sobretudo de segurança pública e defesa social, bem como a
coordenação interinstitucional no monitoramento de eventos e na gestão de
crises.

Cabe ressaltar que, além do ambiente comum, utilizado em tempo integral na


rotina operacional, o CICCR dispõe de gabinete de crises e sala de reuniões
utilizadas em situações em que se faz necessário o exercício do comando pelas
autoridades superiores, em circunstâncias de escalada do status operacional do
centro para níveis de maior criticidade.

Outro ativo importante é o Centro Integrado de Comando e Controle Móvel -


CICCM. Se trata de unidade móvel com postos de trabalho semelhantes aos
presentes na sala de operações, com a vantagem de poder se deslocar para
postos avançados, quando o monitoramento in loco for conveniente.

O CICCR, assim como as demais estruturas estaduais e municipais análogas,


compõe o Sistema Integrado de Coordenação, Comunicação, Comando e
Controle (SIC4), instância de nível federal, liderada pelo Centro Integrado de
Comando e Controle Nacional - CICCN - sediado em Brasília e gerido pela
Secretaria Nacional de Operações Integradas (Seopi), do Ministério da Justiça e
Segurança Pública - MJSP. O CICCN, além de exercer as funções do CICCR no nível
federal, é o núcleo de uma rede nacional de Centros de Comando e Controle que
possibilita, por sua vez, a articulação de operações integradas em nível
interestadual e que é potencializada pela presença de representantes de
instituições de todas as unidades federativas.

Outra estrutura de fundamental importância nesse cenário é o Observatório de


Segurança Pública, responsável pela divulgação de informações, pela gestão das
bases de dados oficiais, assessoramento na produção de metas e indicadores,
gestão de pedidos de pesquisas, visitas e extensão acadêmica.

O observatório tem a responsabilidade não só de gerenciar as bases de dados do


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SIDS, mas, também, promover as análises de informações referentes à Segurança


Pública, aos sistemas prisional e socioeducativo.

Temos, ainda, a Superintendência de Inteligência e Integração da Informação,


que é o órgão central da atividade de Inteligência de Segurança Pública,
responsável pela viabilização e estruturação de um Sistema Estadual de
Inteligência de Segurança Pública em consonância com a legislação aplicável ao
Sistema Brasileiro de Inteligência – Sisbin - e ao Subsistema de Inteligência de
Segurança Pública – Sisp.

A superintendência tem por atribuição oferecer o suporte necessário para


treinamento, adaptação, estágio, qualificação, requalificação, seminários e visitas
técnicas para os profissionais de inteligência integrantes do Sistema Estadual,
promovendo a integração das atividades.

Por fim, a Superintendência Educacional de Segurança Pública é o órgão que


coordena, planeja e executa as atividades relativas ao recrutamento e seleção,
formação, capacitação e treinamento contínuo dos servidores da Sejusp,
promovendo e potencializando o desenvolvimento das competências necessárias
para o desempenho da função e eficiência nas atividades desenvolvidas. Além
disso, também cabe à Superintendência promover e coordenar ações de ensino
integradas entre os órgãos que compõem o sistema de Justiça e Segurança
Pública do Estado, respeitando as especificidades de cada órgão. Desta forma, a
Superintendência Educacional tem papel fundamental no processo de formação
e capacitação da Sejusp, a exemplo desta capacitação, fruto do planejamento e
da coordenação da equipe pedagógica.

Como se vê, o estado de Minas Gerais tem se organizado de forma a prover as


condições necessárias para uma atuação integrada em Segurança Pública. E é
nesse sentido que a retomada da Metodologia Igesp, dentro de um novo
contexto, visa adequar às diretrizes federais, principalmente no que tange ao
Processo de Atuação Integrada, para a rotina da Igesp como forma de
padronização dos instrumentos de trabalho integrado coordenados pelo governo
central.

O Processo de Atuação Integrada - PAI - do Governo Federal é a metodologia de


gestão aplicada à Segurança Pública e Defesa Social que promove atuação
integrada, cumprindo as principais etapas pelo ciclo de políticas públicas, quais
sejam: planejamento, execução, monitoramento e avaliação.

Ainda conforme a DNAISP, o Ciclo de Planejamento Integrado pressupõe o


cumprimento de etapas estratégicas, conforme se vê a seguir:
➔ Ações preliminares e preparatórias, que consistem em reuniões com foco
na discussão dos problemas a serem enfrentados, objetivo a serem alcançados,
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estabelecimento de referências comuns e linhas de atuação conforme a


competência de cada agência;
➔ Levantamento preliminar dos riscos, que consiste no levantamento do
cenário de atuação para identificação de variáveis que possam influenciar na
realização de operações;
➔ Elaboração dos planos e documentos integrados, que consiste na
elaboração de planos estratégicos que serão apresentados aos órgãos envolvidos
no planejamento, os quais subsidiarão o PAI;
➔ Planejamento da operação, que consiste na organização da operação,
com adoção de medidas preparatórias para mobilização de recursos humanos,
logísticos e tecnológicos;
➔ Nível de criticidade, que se fundamenta nas ações de pronta resposta,
classificadas a partir do impacto causado na comunidade afetada, ou seja,
avaliação dos danos (humanos e ambientais) e prejuízos (econômicos e sociais),
em relação à capacidade de resposta do ente federado responsável por fazê-la.

No que toca ao Ciclo de Execução, a DNAISP prevê o cumprimento das seguintes


etapas:
➔ Início do ciclo operacional;
➔ Coordenação e monitoramento da operação;
➔ Término do ciclo operacional;
➔ Operação extraordinária.

Na fase subsequente, o Ciclo de Avaliação, são observadas as seguintes etapas:


➔ Início do ciclo de avaliação, com definição dos itens a serem avaliados;
➔ Envio dos formulários de avaliação, com encaminhamento e gestão das
informações;
➔ Recebimento e análise dos dados, preparando-os para compor o relatório;
➔ Elaboração do relatório.

Por fim, a última etapa prevista pela DNAISP se denomina Ciclo de Consolidação,
com atenção às etapas de:
➔ Debriefing geral das operações, com reunião geral dos envolvidos e
objetiva colher sugestões de melhorias e padronização de boas práticas;
➔ Elaboração de relatório geral.

A revisão da metodologia Igesp propõe adequação das diretrizes estaduais às do


Governo Federal, com redesenho dos fluxos de trabalho, elaboração de
documentos e adequação de novas rotinas de trabalho integrado com foco na
padronização desses processos no âmbito do estado de Minas Gerais. Acredita-
se que, com esta nova padronização, os fluxos funcionarão de forma mais efetiva
e irão contribuir para a solução de problemas em todos os níveis, tanto
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estratégico, operacional quanto tático.

3. Ferramentas da metodologia de trabalho.

A metodologia Igesp é fundamentada na produção qualificada de informação e


sua utilização de forma articulada, no compartilhamento dessas informações e
no estímulo à capacidade analítica dos órgãos de Justiça e Segurança Pública.

A metodologia Igesp visa garantir uma articulação descentralizada, desde o nível


de Risp, Acisp e Aisp, com objetivo de planejar estratégias flexíveis à realidade de
cada uma das áreas geográficas integradas.

O planejamento tático flexível tem a finalidade de priorizar ações pontuais, com


uso de recursos específicos para a solução dos problemas, direcionados para
alcançar resultados esperados dentro de um cronograma definido. Além disso,
contribui para criar estratégias mais criativas e menos aleatórias e gerais,
fortalecendo a autonomia dos representantes das Risps no planejamento
operacional.

A especificidade da metodologia Igesp visa, também, propiciar a interlocução


sistemática e a ação integrada entre os órgãos de Justiça e Segurança Pública,
buscando estabelecer atuações estratégicas para desenvolvimento de um
trabalho sistemático de análise e monitoramento de casos específicos,
considerados prioritários, propiciando o planejamento integrado.

A solução de problemas de criminalidade e violência requer uma alocação rápida,


concentrada e sincronizada de recursos humanos e materiais para uma
intervenção mais eficiente nas Zonas Quentes de Criminalidade. A alocação
desses meios resulta de um processo integrado e contínuo de análise dos dados
necessários para subsidiar o planejamento das ações.

A participação de outros atores é fundamental para a difusão da metodologia,


pois fomenta na comunidade o debate relativo à segurança e à proteção pública
cidadã, estimulando a responsabilidade da sociedade nos locais, que é onde os
cidadãos residem e trabalham, e envolvendo esses atores sociais com as
instituições responsáveis pela Segurança Pública.

A interlocução sistemática e a ação integrada proporcionam uma articulação


pontual entre os órgãos de Justiça e Segurança Pública, seja através do CESPDS
ou da CCPSP, com apoio e participação das áreas específicas que atuam na
Prevenção à criminalidade, na gestão do Sistema Socioeducativo e Sistema
Prisional.
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Em suma, a metodologia Igesp tem como pressuposto básico a abordagem


científica confiável na produção e disponibilização de dados oficiais e no
compartilhamento desses para tomada de decisões. De igual forma, a aplicação
da metodologia Igesp pressupõe a articulação e a compatibilização territorial
para corresponsabilização dos atores representantes das instituições de
Segurança Pública.

Assim, a efetiva implementação da metodologia Igesp está pautada pela divisão


territorial em nível de Risp, conforme se vê a seguir:

Fonte: CINDS/MG.

3.1 Uso de dados para diagnóstico do problema.

Para identificar o problema de criminalidade é relevante levar em consideração


apenas o que for considerado um problema criminalidade, ou seja, um grupo
considerável de eventos e ocorrências que causem danos e impactem a
comunidade e que sejam indicados pelas estatísticas criminais.

Essa é a primeira etapa para solucionar um problema. Ela consiste na avaliação


diagnóstica, através da análise de dados oficiais da criminalidade local. Devem
ser levados em conta não só as estatísticas criminais, mas as características
ambientais e culturais, além dos equipamentos de atendimento ao público no
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que tange à segurança. É relevante analisar e observar todo contexto em que o


problema de criminalidade a ser combatido está inserido (Minas Gerais,,2013). O
levantamento destas informações é fundamental para a próxima etapa da
metodologia.

O modelo de documento para construção do diagnóstico que deverá ser


utilizado na metodologia IGESP pode ser encontrado no ambiente virtual.

3.2 Troca de informações para qualificação dos dados.

De posse dos dados é importante que esses sejam qualificados e que haja troca
de informações entre todos envolvidos no problema de criminalidade. O diálogo,
nestes casos, deve ser orientado de forma a reunir todas as informações
referentes ao problema e que abranja todos os pontos de vista dos envolvidos,
construindo uma análise qualificada do problema.

Esta etapa pressupõe a compreensão ampla do fenômeno, exige que todos os


dados levantados na etapa anterior sejam considerados e que ele se dedique na
formulação de hipóteses sobre as possíveis causas do crime. A análise refere-se
à observação não somente à investigação das causas fundamentais, mas também
de fatores relacionais e de risco que explicam a ocorrência de um dado problema.
(Minas Gerais,2013).

É fundamental que os dados levantados anteriormente sejam complementados.


Para Moreira (2009), “uma análise completa envolve o máximo de pessoas e
grupos afetados, buscando descrever todas as causas possíveis de problema,
avaliando todas as atuais respostas e sua efetividade”. (Moreira, 2009, p. 46).

Cabe destacar que uma boa análise diagnóstica deve dar subsídios para a
construção de respostas efetivas e eficazes, que sejam capazes de solucionar o
problema ou respondê-lo. No caso de eventos de criminalidade essa análise deve
ser capaz de oferecer ferramentas para a construção de uma resposta que reduza
o número de ocorrências ou que sejam capazes de solucionar o crime.

3.3 Rotina de trabalho integrado.

Após as etapas anteriores é necessário que seja pactuado um plano de trabalho


e que seja estabelecida uma rotina de ações integradas. Essa rotina não significa
que todos devem fazer tudo junto, mas que os trabalhos devem ser
acompanhados por todos os envolvidos e que existam momentos de
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compartilhar o andamento das ações desenvolvidas. Nestes momentos deve


existir diálogo aberto e franco sobre o sucesso ou não das ações. Devem ser
apontadas as dificuldades encontradas e os entraves, também devem ser
discutidas as diferentes soluções.

A metodologia Igesp se operacionaliza por meio de reuniões regulares com foco


nos pilares: solução de problemas, gestão por resultados e gestão em rede, os
quais se interconectam.

Os modelos de documentos para construção dos relatórios e planos de


ação que deverão ser utilizados na metodologia IGESP podem ser
encontrados no ambiente virtual.

Para cada encontro serão construídos diagnósticos, relatórios e demais produtos


conforme o item 5 desta apostila.

Dinâmica das reuniões ordinárias:

a) São realizadas reuniões internas de Avaliação Diagnóstica na Sejusp com o


objetivo de elaborar um relatório situacional, contendo informações relevantes
sobre indicadores e serviços ofertados em cada Risp de modo a contribuir com as
soluções.

Os indicadores analisados são:


➔ Crimes violentos: estupro consumado; estupro de vulnerável consumado;
estupro de vulnerável tentado; estupro tentado; extorsão consumado;
extorsão tentado; extorsão mediante sequestro consumado; homicídio
tentado; roubo consumado; roubo tentado; sequestro e cárcere privado
consumado; sequestro e cárcere privado tentado.
➔ Vítimas de homicídio consumado.
➔ Registros de furto consumado.
➔ Registros de lesão corporal consumado.

Serão analisados todos os indicadores, desde 2017, o que permitirá identificar a


variação de cada uma das naturezas e o comportamento padrão dessas em cada
uma das Risps.
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O Secretário Executivo de Segurança Pública, juntamente com os Assessores de


Articulação Interinstitucionais - AAIs -, a Subsecretaria de Prevenção à
Criminalidade - Supec -, a Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo - Suase
- e a Diretoria Geral do Departamento Penitenciário - Depen- fazem análise dos
indicadores monitorados pela metodologia Igesp para identificação dos principais
focos de problemas, equipamentos e serviços disponíveis no local e as principais
ações da Sejusp a serem desempenhadas na Risp.

Após análise dos dados disponibilizados, o Secretário Executivo de Segurança


Pública, da Sejusp, irá se reunir com a Risp para discussão das ações estratégicas
que visem contribuir com a melhoria da segurança local.

b) As reuniões de proposições são estratégicas, entre os representantes da


Sejusp e representantes das Risps, cujo objetivo é a identificação de ações que
visem melhorar os resultados, principais demandas e limitações das Regiões.

Nessas reuniões serão analisadas as principais demandas, as quais poderão ser


levadas ao conhecimento do CESPDS, o qual decidirá pela criação de Câmaras
Temáticas para estudo e proposição de soluções. As demandas analisadas,
dependendo do seu teor, poderão ser levadas à CCPSP para análise e deliberação.

c) As reuniões de mobilização visam estabelecer as articulações de rede


necessárias ao desempenho de ações integradas e troca de informações
estratégicas.

São realizadas pelo Subsecretário de Inteligência e Atuação Integrada - Suint - e


os membros das Risps, por meio de videoconferência após 45 dias da reunião de
proposições, com o objetivo de identificar os principais gargalos na articulação da
rede local. Essas reuniões de mobilização têm como subsídio o relatório
elaborado pelas Risps após 30 dias da reunião de Proposições e encaminhado à
Suint.

d) As reuniões de Monitoramento tem por objetivo monitorar o andamento das


ações, os resultados esperados e as novas estratégias integradas propostas com
o envolvimento dos atores corresponsáveis. Tem como subsídio a ata da reunião
de mobilização e o plano de ações proposto na reunião de Proposições das Risps.

O Secretário Executivo de Segurança Pública, faz as reuniões locais, se necessário,


com os representantes máximos da Risp e a rede local para discussão de novas
estratégias.
20

Dinâmica trimestral:

Reuniões de avaliação de desempenho das Risps na Câmara de Coordenação da


Política de Segurança Pública – CCPSP.

Fonte: SEJUSP/MG

O Secretário Sejusp, o Comandante-geral da PMMG e do CBMMG, juntamente


com o Chefe da PCMG se reúnem com a Risp identificada pelo Secretário
Executivo de Segurança Pública, pela necessidade de intervenção.

Em todas as fases do ciclo Igesp é de fundamental importância que a condução


se dê por meio de técnicas que garantam a uniformidade de sua aplicação
enquanto um método de trabalho.

Assim sendo, o coordenador da reunião Igesp, em cada uma das suas etapas, tem
a função de estabelecer um elo entre cada uma das unidades integradas e deve
ter postura de cooperação e não uma postura de mando ou de cobrança, sem
deixar de coordenar a estipulação de ações efetivas e problematizar o eventual
não cumprimento de alguma delas.

O coordenador da reunião Igesp deve se munir de informações e das demandas


colocadas em cada reunião anterior, bem como da resposta institucional a elas.
De igual forma, o coordenador deve identificar os obstáculos que dificultam a
eficiência das Risps no cumprimento das ações previamente estipuladas, bem
como identificar as boas práticas que possam ser compartilhadas com outras
regiões.

Por fim, as demandas Igesp seguem um fluxo, desde a sua exposição nas reuniões
até a sua efetiva resolução, as quais podem transitar por várias instâncias,
conforme a sua natureza.
21

4. Ferramentas e Adequação do processo de atuação integrada à rotina da


Igesp:

Fonte: SEJUSP/MG

Considerando que os pilares da metodologia Igesp são a base de sustentação


para que a mesma possa ser operacionalizada em qualquer região do estado de
Minas Gerais, destacamos, a seguir cada uma das etapas:

Gestão em rede - A gestão em rede visa propiciar interlocuções diretas,


sistemáticas e estratégicas entre as diferentes agências do Sistema de Defesa
Social (Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Prevenção à
Criminalidade, Departamento Penitenciário e Sistema Socioeducativo, junto
Sistema de Justiça Criminal (Ministério Público, Poder Judiciário e Defensoria
Pública), bem como outros órgãos, tais como: Prefeitura Municipal, Defesa Civil,
Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Autarquias, Fundações do estado e
sociedade civil através dos Conselhos Municipais de Segurança Pública.

Esse modelo de gestão pressupõe uma rede organizada, horizontal, constituída,


necessariamente, de agentes autônomos que, em torno de uma causa e um
objetivo comum, realizam um trabalho de cooperação a favor da segurança de
seus cidadãos.

Nesse sentido, a metodologia Igesp pretende envolver e organizar uma rede de


Segurança Pública e defesa social capaz de articular intervenções sociais e
22

situacionais, a fim de agir sobre os fatores de risco que provocam atitudes ou


comportamentos violentos ou de conflito, e que possam contribuir para a
incidência da criminalidade, sinistros e agravos à saúde por causas externas, num
determinado território.

Gestão para resultados - O planejamento operacional integrado se pauta por um


diagnóstico preciso do fenômeno enfrentado, numa realidade estudada e com
uso dos recursos disponíveis para obtenção de melhores resultados.

A gestão eficiente, eficaz e efetiva da resposta aos fenômenos de Segurança


Pública e Defesa Social utiliza a ciência para a alocação racional dos recursos
públicos, define objetivos, traça metas e ações factíveis e constrói indicadores
adequados de avaliação e de produtividade.

Nesse sentido, o monitoramento de resultados visa maior racionalidade nas


ações, além do esclarecimento do processo de planejamento e definição de
metas, ações e prazos. Esses resultados orientam e maximizam as ações das
instituições que compõem o Sistema de Defesa Social e geram transparência e
eficiência no combate e prevenção à criminalidade.

Na gestão para resultados, a metodologia Igesp vai monitorar indicadores de


Criminalidade pactuados pelos órgãos que compõem o SIDS, tais como:

➔ Crimes violentos: estupro consumado; estupro de vulnerável consumado;


estupro de vulnerável tentado; estupro tentado; extorsão consumado;
extorsão tentado; extorsão mediante sequestro consumado; homicídio
tentado; roubo consumado; roubo tentado; sequestro e cárcere privado
consumado; sequestro e cárcere privado tentado.
➔ Vítimas de homicídio consumado.
➔ Registros de furto consumado.
➔ Registros de lesão corporal consumado.

Para a identificação do problema e para a construção de um plano de ação eficaz


é importante que sejam utilizadas boas ferramentas e boas metodologias de
análise de problemas, neste sentido temos a sugestão do Ciclo PDCA que pode
colaborar nesta etapa.
Gestão orientada para a solução de problemas - é a concepção de gestão que
propõe mudar o foco no controle de incidentes para o gerenciamento de
problemas prioritários afetos à Segurança Pública e Defesa Social que sejam
recorrentes, relacionados e que causem prejuízos à comunidade.
23

A gestão orientada para o problema está focada na prevenção, fundamentando-


se no uso de informações, bem como na análise dos fatores situacionais e de risco
que possam gerar oportunidades para a ocorrência de fenômenos criminais e
sinistros. Isso permite uma intervenção mais precisa nas causas que contribuem
para a incidência de problemas afetos à Segurança Pública e Defesa Social para
as quais a sociedade anseia respostas das autoridades.

Dessa forma, as estratégias e ações devem ser incisivas, focadas em alvos


repetitivos, sejam nos agentes infratores, nas vítimas ou nos objetos
constantemente vitimados. Além disso, os esforços devem se concentrar nas
zonas quentes de criminalidade e nos horários de maior incidência, ao invés de
serem alocados de forma aleatória ou após a ocorrência do fato.

O uso do ciclo do PDCA como ferramenta para solução de problemas é a base


para a garantia de um processo articulado, com propostas exequíveis, com prazos
factíveis e acompanhamento sistemático, em conformidade com a DNAISP e o
Processo de Atuação Integrada do Governo Federal.

Fonte: SEJUSP/MG. Baseado no PDCA.

PDCA é uma sigla em inglês para as seguintes orientações - Planejar (Plan),


executar (Do), checar (Check), e atuar (act) para consolidação ou melhoria de
estratégias. O ciclo PDCA é uma proposta de melhoria contínua e tem sido muito
utilizado por organizações e empresas visando a melhoria da qualidade de suas
entregas à população. Segundo a Enap (2016) o ciclo do PDCA pode ser explicado
da seguinte forma:
24

➔ Plan (planejamento): Planeja-se o que vai ser feito, pode ser um novo
produto, uma mudança, ou até mesmo uma ação frente a um problema
identificado.
➔ Do (execução): realizar, executar as atividades conforme o planejamento
inicial.
➔ Check (verificação): Avaliar se os resultados esperados pelo planejamento
foram alcançados durante a execução.
➔ Act (ação): Tomar alguma ação para contornar eventuais desvios
identificados na verificação da execução. (ENAP, 2016, p.5).

4.1-Ciclo PDCA aplicado a metodologia Igesp - Ciclo de Planejamento Integrado

Para Moreira (2009) o processo de solução de problemas se estrutura no


direcionamento das atividades policiais visando identificar os problemas de
criminalidade repetitivos, analisar suas causas e seus efeitos, propor e
implementar soluções e posteriormente avaliar os resultados alcançados. Neste
sentido, cabe verificarmos como o ciclo PDCA será implementado na nova fase
da metodologia Igesp.

4.1.1. Planejamento

De posse dos dados e da identificação e análise do problema é necessário refletir


o que fazer. Juntamente com os atores envolvidos é importante fazer o
planejamento das ações a serem realizadas. É importante construir um plano de
ação condizente com a realidade.

Para o planejamento adequado é importante observar a competência das


instituições definindo bem qual será a contribuição delas na solução do
problema. É importante, também, que seja definido um objetivo a ser alcançado,
que pode ser mensurado por uma meta, período para implementação das ações,
estratégias eficazes, atuações integradas e que envolvam todos os atores
envolvidos naquele problema (Minas Gerais, 2013).

Devem ser estabelecidas ações possíveis e focalizadas no problema, bem como


deve ser acordado um prazo factível para o cumprimento daquela ação. Às vezes
para o cumprimento de uma ação pode ser que mais de uma instituição seja
envolvida, ou que apenas uma se responsabilize. Mas é relevante que seja
definido quem é o responsável pela ação. O responsável não é a instituição, mas
um indivíduo da mesma. O responsável pela ação deve acompanhar de perto
25

tanto o planejamento quanto a execução das ações.

As respostas e as ações devem ser voltadas tanto para o combate, que incida na
redução dos números de ocorrência, quanto para a prevenção, que impeça que
aquele tipo de crime volte a impactar aquela localidade.

4.1.2. Ação-Execução

É nesta etapa que as tarefas são executadas. Após a construção do planejamento,


o plano de ação deve ser colocado em prática. As tarefas planejadas devem ser
executadas de acordo com o planejamento, observando bem todos os detalhes
acordados. É importante que os responsáveis pela ação acompanhem de perto a
execução e que estejam em constante diálogo com a equipe responsável pela
ação.

4.1.3. Verificação- Avaliação

Após a realização e implementação das etapas anteriores é necessário que seja


realizado o monitoramento e avaliação do plano de ação implementado. As ações
após serem implementadas devem ser monitoradas periodicamente para que se
verifique sua efetividade e a necessidade ou não de ajustes. (Minas Gerais, 2013).

Caso seja necessário ajustar, é preciso acionar os atores envolvidos e planejar


outro tipo de intervenção. Nesse caso orienta-se que seja retomado o processo
de identificação e análise dos fatores que levaram ao insucesso da ação.

Ao final do período estabelecido para a implementação da ação, deve ser


realizada uma avaliação completa de todos os resultados alcançados (Minas
Gerais,2013).

4.1.4 Ação- Consolidação

Após a avaliação algumas ações podem ser realizadas: a correção da ação, caso
seja necessário; ações para a consolidação daquele resultado; ou a finalização
completa da ação.

Caso seja necessário corrigir alguma ação é importante que seja realizada uma
nova pactuação e a construção de um novo planejamento. Cabe aos responsáveis
mapear onde ocorreram os erros e acertos, verificar as ações que serão mantidas
e as que serão corrigidas.

Caso o resultado obtido tenha sido alcançado cabe verificar se todas as ações
26

serão mantidas ou encerradas. O foco agora não será mais o combate do


problema, mas avaliar as ações a serem realizadas para que o resultado alcançado
seja consolidado e se mantenha.

5. Produtos e Entregas

Para o bom andamento da metodologia é necessário que todos os documentos


sejam elaborados e encaminhados no padrão exigido pelo Governo do Estado e
disponibilizados através da Sejusp. Devem ser observados os prazos das entregas
e a qualidade das informações encaminhadas. Os documentos são os seguintes:

● I - REGISTRO DE ATA DA REUNIÃO DE PROPOSIÇÕES DA RISP;


● II - RELATÓRIO INTEGRADO DE ACOMPANHAMENTO 30 DIAS APÓS A
REUNIÃO DE PROPOSIÇÕES;
● III - PLANEJAMENTO DE ATUAÇÃO INTEGRADA.

Todos os modelos de documentos a serem utilizados na metodologia IGESP


podem ser encontrados no ambiente virtual.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARKE, Ronald V.; ECK, John E. Crime Analysis for Problem Solvers in 60 Small
Steps. U.S.Department Of Justice. Office of Community Oriented Policing Service.
2003.Tradução: Alessandro de Souza Soares e Elenice de Souza.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Doutrina Nacional de Atuação


Integrada de Segurança Pública - DNAISP. Brasília, 2019. Disponível em:<
http://www.pm.pi.gov.br/download/202002/PM11_5d300e81d1.pdf> .Acesso
em 05 de mai. de 2021.

ENAP, Introdução à Gestão de Processos- Modulo 4- Ferramentas para Gestão


de Processos. Brasília, 2016. 9 p. Disponível em: <
https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/2900>. Aceso em 05 de mai. de 2021.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Defesa Social. Manual IGESP 2013. Belo
Horizonte, 2013.

MINAS GERAIS, Fundação João Pinheiro. Relatório da avaliação de Impacto da


Integração das Polícias Civil e Militar: uma avaliação da experiência de Minas
Gerais no âmbito do programa “Integração da Gestão em Segurança Pública” –
IGESP. 2008.

MOREIRA, Cícero Nunes; OLIVEIRA, Alexandre Magno. Método IARA in; Curso de
policiamento orientado para o problema. SENASP/MJ. 2009. P.36- 67. Disponível
em:<https://www.academia.edu/30637983/Curso_Policiamento_orientado_par
a_o_problema >.Acesso em 05 de mai. de 2021.

SAPORI, Luis Flávio; ANDRADE, Scheilla Cardoso. Desafios da governança do


sistema policial no Brasil: o caso da política de integração das polícias em Minas
Gerais. In: Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo . Vl 7, nº1. P. 102 -
130.

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