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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS


ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR
CENTRO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO

CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS


BACHARELADO EM CIENCIAS MILITARES

A HONRA PESSOAL E O DECORO DA CLASSE PREVISTOS NO


ART. 64, II DA LEI N° 14.310, CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DOS
MILITARES DE MINAS GERAIS, RELACIONADO COM OS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA MORALIDADE E DA
LEGALIDADE.

YURI EDER CAETANO

Belo Horizonte
2011
2

YURI EDER CAETANO

A HONRA PESSOAL E O DECORO DA CLASSE PREVISTOS NO


ART. 64, II DA LEI N° 14.310, CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DOS
MILITARES DE MINAS GERAIS, RELACIONADO COM OS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA MORALIDADE E DA
LEGALIDADE.

Monografia apresentada ao Curso de


Formação de Oficiais Bombeiro Militar do
Corpo de Bombeiros Militar de Minas
Gerais, como requisito parcial de
obtenção do título de Bacharel em
Ciências Militares.

Orientador: Prof. André Mourão

Belo Horizonte
2011
3

Dedico esse trabalho aos meus pais e aos


meus queridos amigos que somaram,
mesmo que muitas vezes distantes,
consideravelmente para o meu sucesso
profissional.
4

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus por me iluminar e me dar forças para que eu


pudesse chegar onde cheguei; agradeço à minha família por compreenderem minha
ausência, muitas vezes em momentos sensíveis aos quais não pude comparecer por
estar ocupado no curso, agradeço o meu orientador, por me dar a oportunidade de
concretizar uma amizade sólida e desprender horas de dedicação ao meu trabalho
e, por fim, agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
construção desta pesquisa.
5

“Alguns homens vêm às coisas


como são e se perguntam: por quê?
Eu sonho coisas que nunca foram e
digo: por que não?”
(George Bernard Shaw)
6

RESUMO

Este trabalho tem como finalidade a exposição do que seria a honra pessoal e o
decoro da classe, estudando também a relação que há entre os Princípios da
moralidade e da legalidade. Teve como método de pesquisa a analise de livros e
estudo dos meios de comunicação analisando notícias e publicações. Pode-se
perceber ao final da pesquisa que existem grandes relações entre os Princípios ora
estudados e os termos pesquisados do Código de Ética, sendo que a ética pessoal e
o decoro da classe são de tamanha abrangência que quando aflorados em fatos e
atos cometidos englobam mais do que os Princípios, estes voltados para os
andamentos administrativos.

Palavras-chave: honra pessoal, decoro da classe, legalidade e moralidade.


7

ABSTRACT

This work has as purpose the exposition of what it would be the personal honor and
the honor of the class, also studying the relation between the principles of the
morality and the legality. It had as research method, to analyze books and to study
the medias analyzing notes and publications. It can be perceived by the end of the
research that exists great relations between the principles that have been studied
and the searched terms of the Code of Ethics, and the personal ethics and the honor
of the class are of so great coverage that when arisen in facts and committed acts
involve more than the principles, which come back toward the administrative courses.

Keywords: personal honor, honor of the classroom, legality and morality.


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BBM Batalhão de Bombeiro Militar


BI Boletim Interno
BM Bombeiro Militar
BM/1 Primeira Seção do Estado Maior
BM/5 Quinta Seção do Estado Maior
CBMMG Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
CE Constituição Estadual
CEDM Código de Ética e Disciplina Militar
CEDMU Conselho de Ética de Disciplina Militar da Unidade
CF Constituição Federal
COB Comando Operacional de Bombeiros
EB Exército Brasileiro
MATEPPAD Manual Técnico de Processos e Procedimentos
Administrativos Disciplinares
PMMG Polícia Militar de Minas Gerais
PAD Processo Administrativo Disciplinar
PADS Processo Administrativo Disciplinar Sumário
RDPM Regulamento Disciplinar da Polícia Militar
9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 11

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................... 14
2.1 Conceitos fundamentais……..…………………………………………….. 14
2.1.1 Ética…………………………………………………...…………………......... 14
2.1.2 Moral…………………………………………………………………………… 15
2.1.3 Honra pessoal………………..................................................................... 17
2.1.4 Decoro da classe………........................................................................... 18
2.1.5 Princípios Constitucionais.…………………..………………....................... 19
2.1.5.1 Princípio da Legalidade………................................................................. 20
2.1.5.2 Princípio da Moralidade………................................................................. 22
2.1.6 Conselho de Ética e Disciplina dos Militares da Unidade
(CEDMU).................................................................................................. 24
2.2 Origem e história dos Corpos de Bombeiros…....................................... 25
2.2.1 Origem e história do Corpo de Bombeiros Militar no Brasil e em Minas
Gerais....................................................................................................... 26
2.3 Princípios e valores do CBMMG.............................................................. 31
2.4 Transgressões disciplinares…………………………................................. 35
2.5 O desvio da conduta militar…………..………..……….............................. 43
2.6 Embasamento legal…….......................................................................... 44
2.7 A exclusão no CBMMG……………………………………………………… 47
2.7.1 A exclusão para o militar com menos de três anos de efetivo
serviço……............................................................................................... 48
2.7.2 A exclusão para o militar com mais de três anos de efetivo
serviço...................................................................................................... 49
2.8 Casos concretos envolvendo a honra pessoal e o decoro da
classe........................................................................................................ 51
2.8.1 Bombeiro componente do CBMMG.......................................................... 51
2.8.2 Policial militar do Distrito Federal……...................................................... 53
2.8.3 Bombeiro Militar do Pará…………………………...................................... 54
10

2.8.4 A revista Veja noticia………………………………………………………… 54


2.9 Acórdãos………………………………………………………………………. 55
2.9.1 Militar acusado de roubo tentado………………………………………….... 55
2.9.2 Militar acusado de homicídio tentado……………………………………… 57
2.9.3 Policial militar acusado de homicídio consumado e tentado……………. 58
2.9.4 Militar reformado acusado de receptação de veículo produto de furto…. 59
2.9.5 Sargento condenado por crime hediondo………………………………….. 59

3 METODOLOGIA...................................................................................... 61

4 DISCUSSÃO............................................................................................ 62

5 CONCLUSÃO.......................................................................................... 65

REFERÊNCIAS....................................................................................... 68

ANEXOS………………………………………………………………………. 72
11

1 INTRODUÇÃO

O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), uma instituição


centenária, séria e valorizada por toda a sociedade, conhecida nacionalmente,
possui seus valores e objetivos bem definidos, voltados para a excelência na
prestação de serviços dos mais diversos, na área do socorro, salvamento e resgate.
Assim sendo, não pode deixar sua imagem ser manchada por ações e fatos
isolados. Fatos esses, que muitas vezes denigrem a imagem da instituição e afeta a
credibilidade e a confiança conquistadas no decorrer de dezenas de anos, através
de trabalhos árduos e sacrificantes.

Neste contexto, a presente monografia foi formulada visando trabalhar a honra


pessoal e o decoro da classe previstos no art. 64, II da Lei n° 14.310, Código de
Ética e Disciplina dos militares de Minas Gerais, relacionado com os Princípios
Constitucionais da Moralidade e da Legalidade, tendo como justificativa o fato de
que as instituições militares possuem seus pilares de sustentação fortes e saudáveis
principalmente pelos costumes aprimorados no decorrer do tempo voltados para a
hierarquia e a disciplina, hoje constitucionalizados.

Tal afirmativa do parágrafo anterior consta na Constituição Estadual de Minas Gerais


no artigo, 142 que tem a seguinte redação:

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, forças públicas estaduais,


são órgãos permanentes, organizados com base na hierarquia e na
disciplina militares e comandados, preferencialmente, por oficial da ativa do
último posto1 (MINAS GERAIS, 1997).

No entanto, uma bela aprovação popular e a aceitação da sociedade não são


suficientes para apagar determinados fatos negativos divulgados pela mídia

1
Grifo do autor.
12

envolvendo militares, o que leva ao descrédito e a perda de parte da confiança


conquistada ao longo de décadas.

Os fatos que vão de encontro aos Princípios morais do CBMMG devem ser
apurados com rigor e destreza, principalmente aqueles que por sua repercussão ou
gravidade venham atentar contra a honra pessoal e o decoro da classe, sendo
inadmissíveis no meio militar.

Vários são os fatores correlacionados ao cometimento das transgressões


disciplinares. Fato é que as transgressões disciplinares existem. Tendo então este
trabalho como principal problemática a explicação a fundo do que seria honra
pessoal e o decoro da classe, relacionando tais ditames com os Princípios da
Moralidade e da legalidade.

Sintetizando, surge a seguinte problemática: o que seria a honra pessoal e o decoro


da classe? Pode-se criar uma pesquisa bibliográfica que sirva de embasamento
teórico para os militares envolvidos na apuração das transgressões disciplinares
envolvendo esses ditames?

A honra pessoal e o decoro da classe são regras normalizadas de ampla


interpretação, carecendo de um estudo apurado e sistematizado para melhor
entendimento e aplicação da norma no caso concreto.

Dada às perguntas de partida, traçam-se os seguintes objetivos:

O geral visa criar uma fonte de consulta para os militares do CBMMG envolvidos na
apuração de transgressões de natureza demissionária.
13

Os objetivos específicos: explicar o que vem a ser a “honra pessoal” e o “decoro da


classe”; expor um conhecimento sólido a respeito dos Princípios constitucionais em
questão, além disso, relacionar os Princípios da Moralidade juntamente com o da
Legalidade à honra pessoal e ao decoro da classe.

Assim, a pesquisa se justifica, uma vez que será criada uma fonte de consulta
sólida, e proposta ao final deste trabalho, possíveis soluções para minimizar ou
desarraigar o cometimento de ações que atentem contra a honra pessoal e o decoro
da classe na Instituição Militar.

O trabalho foi desenvolvido e organizado contendo a introdução (visão geral da


pesquisa); revisão da literatura (onde está todo embasamento teórico e legal usado);
uma discussão (visando uma reflexão do conteúdo descrito na pesquisa), e a
conclusão (onde estão o fechamento das idéias do autor).
14

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Conceitos Fundamentais

É de fundamental importância para elucidação do tema proposto e posteriormente


resolução da problemática em questão, saber o significado juridicamente aceito de
determinados termos como a Ética, a Moral, a Honra Pessoal, o Decoro da classe e
os Princípios Constitucionais da Legalidade e da Moralidade, elencados no tema. A
partir desta sequência lógica e elucidação de tais ditames desinibe-se a
compreensão de toda temática envolvida neste trabalho.

2.1.1 Ética

Vem do grego “ethos”, que significa o modo de ser de uma pessoa, de um grupo
social, conjunto de valores morais que dão um norte às condutas humanas. Coloca
um equilíbrio na vida em sociedade. Cada conjunto de indivíduos possui seu
conjunto de valores (CORTELLA, 2011,p.106).

Oliveira já define a ética, em sentido lato senso, como sendo uma “morada” ou seja
abrigo onde o homem socialmente habita e educa-se (OLIVEIRA, 2006, p.14).

Assim, nesse contexto, explica-se o porquê da classe militar do Estado de Minas


Gerais possuir seu próprio código de ética e na área de planejamento e gestão seus
Princípios e valores bem definidos.

Na prática, a ética e as condutas tidas como éticas são construídas de acordo com o
tempo e a história das instituições e das sociedades. O CBMMG, juntamente com a
15

Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) levaram décadas para materializar, de fato,
um código de ética atualizado e de acordo com os anseios contemporâneos,
logicamente que, como as demais normas vigentes no país, ele também necessita
de revisões constantes, para não perder sua finalidade, acompanhando os avanços
sociais.

Assim como a ética no militarismo existem outros milhares de tipos de éticas: a ética
médica, a ética religiosa, a ética na política, entre outras. Uma pessoa que não
segue a ética de seu grupo é chamada de “antiético”(FERREIRA, 1977). Ou seja,
todo grupo social tem seus Princípios e valores a serem seguidos. A ética é como
um Princípio no direito, ela determina uma linha imaginária a ser seguida através
dos atos morais de determinado grupo.

Cortella afirma que não existe “falta de ética”, quem diz isso está equivocado, talvez
o que a pessoa queira dizer é que determinado ato é “antiético”, algo contrário aos
Princípios éticos de quem analisa. A ética seria o conjunto de Princípios e valores de
um determinado grupo, mais voltada para o campo teórico. A moral é a prática, o
exercício das suas condutas. A ética são Princípios que orientam a conduta de
determinado grupo social (CORTELLA, 2011, p.110).

2.1.2 Moral

A moral origina-se do latim, mores, relativo aos costumes, ao dia a dia, as ações
rotineiras do ser-humano. Assim, moral é o conjunto de regras do convívio diário de
relações entre os homens. Como no direito, a moral é tida como uma forma de
controle social. É mais ampla que o direito positivado, porém ambos ajudam na
delimitação e na restrição de condutas aceitas ou não por uma célula da sociedade
(DIMOULIS, 2011, p.56).
16

Sua definição e aplicação na prática são bem mais amplas do que no direito, pois
nem todo ato positivado no direito é um ato tido como honroso e consequentemente
aceito sob os Princípios morais da sociedade, porém ambos se convergem em um
único fim, o “controle social” (NADER, 2011, p.35). Sendo que a Instituição Militar
por seu papel de manutenção da ordem e do bem-estar social possui suas regras de
conduta próprias e bem mais apuradas e restritas, se comparada à sociedade e às
normas vigentes no país, de forma genérica.

Exemplo do citado acima é o caso, fictício, de um militar que após consentimento


mantém relações de marido e mulher com sua própria filha, lembrando que neste
caso ambos são maiores de idade e conscientes de seus atos. Tal conduta não é
tida como imoral por certa parte da sociedade e no cenário do país não será tida
como ilegal. Porém, nas Forças Militares, de forma geral, tal fato não é aceito. O ato
será tido como imoral e não acatado pelos integrantes da Instituição, isso vai contra
os valores morais, contra a regra subjetiva da natureza humana, contra os Princípios
religiosos em predominância no país e contra os Princípios militares.

Mesmo sendo um fato fictício, provoca um sentimento de repúdio no interior do


militar, que foi criado na “caserna”2 com os lemas e os objetivos de salvar e proteger.
Indo assim contra os valores pregados pela Instituição.

Outro acontecimento, e este amplamente divulgado na mídia, é o parlamentar que


após acusação de crime, por exemplo, corrupção, renuncia para não perder os
direitos políticos e posteriormente se reeleger. Fazendo um paralelo ao militar que
após cometer um ato de corrupção é submetido a processo disciplinar de natureza
demissionária, requere exoneração do cargo para arquivamento dos autos. Este
militar não poderá de forma alguma reingressar na Instituição. O fato delituoso em
apuração vai de encontro aos Princípios morais do militarismo, afronta a disciplina
militar, um dos pilares fundamentais da manutenção da hierarquia e disciplina. É um
acontecimento tido como legal e no legislativo aceito, porém no CBMMG não. O
2
Expressão usada para designar quartel, regimento militar.
17

militar que cometer tal atitude não será aceito de forma alguma nas fileiras
novamente, salvo por ordem judicial.

Em muitos momentos também é percebido que o comportamento humano, através


de suas ações rotineiras, não interferirá em nada no serviço público e tão pouco no
comportamento moralmente aceito pelo grupo o qual o indivíduo está inserido.
Exemplo disso é uma profissional, Bombeira Militar, que executa da melhor forma
possível seu serviço, excelente militar, porém, na sua vida íntima, possui dois filhos,
um de cada pai. É um comportamento tido na sociedade como “imoral”, a sociedade
em sua maioria não aceita de bom grado tal acontecimento. No entanto para o
serviço público pouco importa, não interferindo nos atos públicos.

Moral então são os costumes, a rotina. Possuem duas funções: a primeira é orientar
o comportamento dos indivíduos de um determinado grupo; e a segunda serve como
critério de avaliação da conduta humana, ou seja, a distinção do certo e do errado
(DIMOULIS, 2011, p.56).

2.1.3 Honra pessoal

Honra, “qualidade de pessoa que se procede corretamente, conforme os preceitos


morais da sociedade” (PAULO, 2005, p.174). Entendida também como “Sentimento
de dignidade própria que leva o indivíduo a procurar merecer e manter a
consideração geral; pundonor, brio” (FERREIRA, 1977, p.253).

Honra pessoal refere-se à conduta como pessoa, não importando se o militar está
ou não de serviço, reflete sua boa reputação e o respeito de que é merecedor no
seio da comunidade, é o sentimento de dignidade própria como o apreço e o
respeito que o militar se torna merecedor perante seus superiores, pares e
subordinados (GEN EX GLEUBER, 2002, p.9).
18

A honra pessoal, confirmada pelo ordenamento jurídico interno, pode ser tida como
um sentimento de dignidade e moral inerentes à pessoa humana. Está relacionada
ao sentimento de dignidade própria, como apreço e o respeito de que é objeto, ou se
torna merecedor o indivíduo, perante os concidadãos (MATEPPAD, p.88).

2.1.4 Decoro da classe

Diz respeito ao seguimento da decência, compostura, correção moral, dignidade,


nobreza, honradez, brio, pundonor. Todos os preceitos pregados pelas Instituições
Militares, pilares que sustentam a fama e a confiança em tais instituições por
décadas.

Pundonor militar está intimamente relacionado à honra pessoal, sendo o esforço do


militar para pautar sua conduta como a de um profissional correto, em serviço ou
fora dele. O militar deve manter alto padrão de comportamento ético, que se refletirá
no seu desempenho perante a Instituição que lhe serve e no grau de respeito que
lhe é devido (GEN EX GLEUBER, 2002, p.10).

Ainda, em definição do decoro da classe, o VADE-MECUM 10 do Exército Brasileiro


(EB) define o termo como valores moral e social da Instituição Militar e a sua
imagem ante a sociedade. Representa o conceito social dos militares. Está
diretamente ligado à conduta ilibada, à assistência aos dependentes, ao
cumprimento dos deveres como cidadão, ao zelo pela imagem da Instituição e à
observância dos preceitos da ética militar (GEN EX GLEUBER, 2002, p.10).

Além disso, segundo o ordenamento jurídico interno do CBMMG, trata-se de uma


repercussão do valor dos indivíduos e classes profissionais. Não se trata do valor da
organização e sim da classe de indivíduos que a compõem. (MATEPPAD, p.87)
19

2.1.5 Princípios Constitucionais

Princípios são fontes do direito, surgindo como norteadores das ações humanas em
sentido amplo. Na administração pública funciona da mesma forma, direcionam as
ações dos servidores públicos, somente com esse guia e consequentemente com a
imposição legislativa pode-se ter uma Constituição Federal forte, alicerçada na
dignidade da pessoa humana e executável na prática de maneira justa e harmoniosa
(PAULO; ALEXANDRINO, 2010).

Silva afirma que a Administração Pública é informada por diversos Princípios gerais,
destinados de um lado, a orientar a ação do administrador na prática dos atos
administrativos e, de outro lado, a garantir a boa administração, que se
consubstancia na correta gestão dos negócios públicos e no manejo dos recursos
públicos, no interesse coletivo (SILVA, 2011, p.667).

Todo ato da administração pública deve seguir deliberadamente os Princípios


constitucionais, uma vez que o ato administrativo que não seguir os trilhos
delineados por esses Princípios, poderá nascer com nulidade relativa e muitas vezes
absoluta (PAULO; ALEXANDRINO, 2010). Este segundo tipo de nulidade seguirá a
teoria da “árvore dos frutos envenenados”, um ato que começa viciado terá frutos
viciados, envenenados, e assim suscetíveis à nulidade.

Tem que ter em mente que os Princípios constitucionais regulam as ações


administrativas. Fato bem descrito na expressão usada por Nery e Nery Júnior
(2009, p.351) quando dizem que os Princípios previstos no art.37 da Constituição
Federal:

São preceitos fundantes da ordem constitucional, reitores dos


comportamentos do poder público. Não são apenas preceitos normativos de
previsão de atitudes concretas, circunstâncias que os igualaria a qualquer
20

outra norma positivada. São, sim, elementos que formam o corpo de


estatuto de liberdade e de libertação que compõem a Constituição. Por isso
é que não são estatísticos, mas dinâmicos; não são concretos, mas
abstratos, na medida em que sua concretude se aplica a determinada
situação; não são fechados, mas abertos, com incidência e conteúdos que
podem variar no tempo e no espaço.

2.1.5.1 Princípio da Legalidade

Moraes afirma que o Princípio da legalidade, previsto no artigo 5° da CF, aplica-se


normalmente na Administração Pública, porém de forma mais rigorosa e especial,
pois o administrador público somente poderá fazer o que estiver expressamente
autorizado em lei e nas demais espécies normativas, inexistindo incidência de sua
vontade subjetiva, Pois na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei
autoriza, diferentemente da esfera particular, onde será permitido fazer tudo que a
lei não proíba. Esse Princípio coaduna-se com a própria função administrativa, de
executor do direito, que atua sem finalidade própria, mas sim em respeito à
finalidade imposta pela lei, e com a necessidade de preservação da ordem jurídica
(MORAES, 2011, p.341);

Já Alexandrino diz que o Princípio da legalidade previsto no inciso II do art.5° da


Constituição Federal, prevê que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa se não em virtude de lei” reforçando a ideia de um governo de leis e
não mais atendendo aos caprichos da vontade de um governante, que outrora
governava com poderes absolutos ( PAULO e ALEXANDRINO, 2010 p. 117).

Lenza afirma que o Princípio da legalidade surgiu com o Estado de Direito, opondo-
se a toda e qualquer forma de poder autoritário, antidemocrático. Art.5° da CF:
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se não em virtude
de lei.” Tal inciso deve ser lido de forma diferente para o particular e para o
administrador. O particular pode fazer tudo que a lei não proíbe, vigorando o
“Princípio da autonomia da vontade”, já o administrador só poderá fazer o que a lei
21

permitir. Deve andar nos “trilhos da lei”. A Administração deve atuar segundo a lei e
nunca contra ou além da lei. Por esse motivo os atos ilegais poderão ser invalidados
de ofício ou pelo judiciário (LENZA, 2011, p.1160).

Logo, a omissão de leis que teriam que proibir determinadas condutas, faz com que
essas condutas possam ser executadas por determinados agentes particulares sem
que haja qualquer tipo de sanção. Paulo e Alexandrino (2010, p. 117) afirmam que:

O enunciado desse inciso II do art.5° veicula a noção mais genérica do


Princípio da legalidade. No que diz respeito aos particulares, tem ele como
corolário a afirmação de que somente a lei pode criar obrigações e, por
outro lado, a asserção de que a inexistência de lei proibitiva de determinada
conduta implica ser ela permitida.

Diferentemente dessa definição ampla, surge o Princípio da legalidade na


administração pública, aqui bem mais restrito do que no art.5° da CF/88, uma vez
que neste certame jurídico a legalidade prevê que o servidor público, no
desempenho de suas funções fará apenas o que a lei permitir, estendendo esta
definição de lei, para normas de forma geral, entre elas decretos, resoluções,
memorandos (PAULO; ALEXANDRINO, 2010, p.117);

Sabendo que a administração pública está sujeita também ao Princípio da


Indisponibilidade do Interesse Público (o qual prevê que o administrador não poderá
dispor do interesse público por livre e espontânea vontade porque não está
representando seus interesses particulares no desempenho de suas funções,
devendo agir nos limites impostos pela lei), não vai ser o administrador público que
define o que é, ou não, melhor para a administração pública, mas sim a lei. É
indispensável que o servidor na sua função faça apenas o que a lei autorize e não o
que o mesmo achar por bem, podendo este sugerir mudanças, mas efetivá-las
apenas após sua positivação em normas legais (MORAES, 2011).
22

Como afirmam Paulo e Alexandrino (2010 p. 355):

Em suma, a Administração, além de não poder atuar contra a lei ou além da


lei, somente pode agir segundo a lei (a atividade administrativa não pode
ser contra legem nem praeter legem, apenas secundum legem). Os atos
eventualmente praticados em desobediência a tais parâmetros são atos
inválidos e podem ter sua invalidade decretada pela própria administração
que os haja editado (autotutela administrativa) ou pelo Poder Judiciário.

Vale lembrar que neste sentido da observância de normas, a administração deve


atender o pregado nos Princípios Constitucionais, conforme preconizado no art.2° da
lei n° 9.784/1999, visando principalmente à legalidade e a boa-fé dos atos públicos.

Em suma, o administrador público irá fazer apenas o que a lei o permitir nunca a
mais nem a menos. Deverá o administrador ter suas ações administrativas pautadas
em um trilho imaginário imposto pelo Princípio da Legalidade administrativa.
Diferentemente do administrador particular que faz o que a lei permite e o que a lei
não proíbe.

2.1.5.2 Princípio da Moralidade

O Princípio da Moralidade é um direcionador do direito. Com mais exatidão, um guia


do direito administrativo. Distinguimos tal Princípio do Princípio da Legalidade
através do entendimento do vocábulo romano “nom omne quod licet honestum est”
que traduzido para o português diz que “nem tudo que é lícito é honesto”. Tal
vocábulo mostra que a Moralidade não está contida na legalidade nem vice versa
(GUSMÃO, 2007).

O legislador ao criar a lei 9.784/99 a qual estabelece normas básicas do processo


administrativo positivou os preceitos éticos ao citar no art. 2°, inciso IV que a
23

Administração Pública atuará segundo “padrões éticos de probidade, decoro e boa-


fé”.

Lenza afirma que a Administração Pública, de acordo com o Princípio da Moralidade


administrativa, deve agir com boa fé, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade e
ética (LENZA, 2011, p.1162).

Moraes diz que segundo o Princípio da Moralidade administrativa, não bastará ao


administrador o estrito cumprimento da estrita legalidade, devendo ele no exercício
de sua função pública, respeitar os Princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois
a moralidade constitui, a partir da Magna Carta, pressuposto de todo ato da
administração pública (MORAES, 2011, p. 342).

Ricardo Cunha Chiamenti confirma que “a moralidade administrativa ganhou status


de Princípio constitucional da Administração Pública após a Constituição Federal de
1988, antes, porém implicitamente, a ordem jurídica já era consagrada” (CHIAMENTI
et al, 2010, p.234).

Moraes afirma que o Princípio da Moralidade está intimamente ligado com a ideia de
probidade, dever inerente ao administrador público, que a conduta do administrador
público em desrespeito ao Princípio da Moralidade administrativa enquadra-se nos
denominados atos de improbidade, previstos no artigo 37, § 4°, da CF, e sancionado
com a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública (MORAES, 2011,
p.344).

Ricardo Cunha Chiamenti afirma que o Princípio da Moralidade corresponde à


proibição dos atos administrativos distanciarem-se da moral, dos Princípios éticos,
da boa-fé e da lealdade. Obriga ainda, o exame da proporcionalidade e da
razoabilidade, da equidade e da transparência. Colocam que a atuação
24

administrativa não poderá contrariar a lei, a moral, os bons costumes, a honestidade


e os deveres da boa administração (CHIAMENTI et al., 2010, p.236).

Percebe-se então que o Princípio da Moralidade está voltado para a probidade, boa
fé, lealdade, correto cumprimento do dever e à ética profissional. Regulando a
administração e os atos administrativos. Tem abrangência ampla e vai muito além
da simples positivação em normas. Podendo o administrador ser punido civil, penal
e administrativamente caso não ocorra o correto cumprimento de tal Princípio
jurídico.

Aqui vem uma crítica à escola positivista, uma vez que, com argumentos desta
cumprir-se-á o que está na lei. Os Princípios são fontes primárias da lei, indo muito
além das normas positivadas. Mesmo não constando em lei, poderá o intérprete
desta, pressupor o uso de tal Princípio, obrigando o servidor público a agir com
caráter e boa índole nos atos da administração pública.

2.1.6 Conselho de Ética e Disciplina dos Militares da Unidade (CEDMU)

De acordo com o MATEPPAD as autoridades com poder de decisão buscam


assessoramento através dos conselhos com intuito de manter sua credibilidade e a
credibilidade de sua Instituição. No âmbito do CBMMG temos como exemplo de
conselhos o Estado Maior, a Comissão de Promoção de Oficiais e o Conselho de
Ética e Disciplina Militares (SILVA, 2010);

O Conselho de Ética e Disciplina Militar da Unidade (CEDMU) é um colegiado


formado para assessorar o comandante, chefe ou diretor nos assuntos atinentes à
disciplina militar emitindo parecer (SILVA, 2010). Assim como nos trás o art. 369 do
MATEPPAD que reza: “O Conselho ficará incumbido de emitir parecer sobre toda e
qualquer documentação recebida no período de designação, ainda que o período de
25

atuação do conselho tenha se encerrado antes da emissão do parecer”(MINAS


GERAIS, 2006).

Tal colegiado será formado por três militares sendo que preferencialmente um
desses militares será do mesmo posto ou graduação do militar cujo processo está
sendo analisado, porém mais antigo que este, admitindo mais três militares como
suplentes. Os suplentes atuarão em caso de suspeição ou impedimento de algum
membro do conselho em questão. Exemplo disso pode ser o caso de um militar
pertencente ao CEDMU que terá que analisar um processo envolvendo um “inimigo
pessoal”. Assim o militar componente do CEDMU alegará suspeição, deixando
comissão (MINAS GERAIS, 2002).

De preferência conselho deverá ter uma formação mista, diversos postos ou


graduações, lembrando sempre que o militar mais antigo será o presidente e o mais
moderno o escrivão. Havendo a impossibilidade da formação do conselho, a
autoridade competente pedirá auxílio à autoridade imediatamente superior que
nomeará o conselho próprio. Os militares componentes do CEDMU serão nomeados
pelo Comandante ou autoridade imediatamente superior, sendo tal fato publicado
em Boletim Interno (BI) (MINAS GERAIS, 2002).

2.2 Origem e história do Corpo de Bombeiros

Sempre houve a necessidade de ajudar e ser ajudado. O homem mediante suas


peculiaridades é um ser social, por não saber viver isolado. Já na Idade Média
existia uma carruagem construída pelos Anglo-Saxões que socorria os feridos, isso
por volta de 900 D.C., como relata Ferraz (2011, p.13):

A assistência e o transporte de pessoas constituem uma preocupação da


raça humana há muitos séculos. Um dos exemplos que podemos citar a
esse respeito é por sinal bastante conhecido por nós que é a “Parábola do
26

bom Samaritano”, do Novo Testamento, onde o Fariseu ferido é atendido e


transportados até um abrigo por um viajante caridoso, natural da região da
Samária.
De maneira mais concreta, já na Idade Média nos chega a primeira
descrição de uma carruagem para transporte de feridos e enfermos,
construída pelos Anglo-Saxões, por volta de 900 D.C. Já os Normandos
utilizaram liteiras conduzidas por homens ou animais destinadas ao
transporte de doentes, isto ocorrido nos idos do ano de 1.100 D.C. Em
1.300 D.C. os ingleses já usavam pesadas carruagens para socorrer
pacientes.
A ideia de socorrer acidentados ao mesmo tempo em que provia à vítima
cuidados iniciais com a finalidade de manter-lhe a vida até chegar em um
hospital com maiores recursos foi de um jovem francês estudante de
medicina, que viveu na época da Revolução Francesa e adquiriu
experiências tratando de pessoas feridas por ocasião das agitações
populares que eclodiam naquela época, por volta do ano de 1.795. O nome
deste jovem era Dominique Jean Larrey. Nos próximos cem anos que se
seguiram pouco houve de avanço, sendo relatado algo na Guerra Civil
Americana, e na 1ª Guerra Mundial através de voluntários.

2.2.1 Origem e história do Corpo de Bombeiros Militar no Brasil e em Minas Gerais

No Brasil, o Corpo de Bombeiros surgiu após a assinatura do Decreto Imperial n°


1.775 em 02 de julho de 1856 pelo então Imperador Dom Pedro II (FERRAZ, 2011).

Em Minas Gerais surgiu essa Instituição em 31 de agosto de 1911 através da lei n°


557 com efetivo retirado da Guarda Civil, sendo posteriormente integrada à Força
Pública Estadual. Foi então estruturado como Corpo de Bombeiros em 1934 após se
desvincular da Força Pública, porém, posteriormente, reintegrado à Polícia Militar
por força da lei n° 4.234 de agosto de 1966, ficando subordinado a esta Instituição
até 1999 quando houve nova desvinculação (FERRAZ, 2011).

O Corpo de Bombeiro Militar de Minas Gerais possui orçamento próprio e “status” de


Secretaria de Estado, fazendo parte do Sistema Integrado de Defesa Social (SIDS)3
(BATISTA, 2009).

3
Sistema que integra a segurança pública em Minas Gerais, maiores dados está disponível em:
https://www.sids.mg.gov.br/. Acessado em 06/04/2011.
27

O efetivo do CBMMG está fixado pela lei 16.307 de agosto de 2006 prevendo 7.999
militares. O seu efetivo é distribuído no estado de Minas Gerais através de
Diretorias, Centros e 11 (onze) Batalhões sendo que entre eles estão: 1° Batalhão
de Bombeiros Militar (BBM), 2°BBM, 3°BBM e o Batalhão de Operações Aéreas em
Belo Horizonte e Região Metropolitana, o 4° BBM em Juiz de Fora, o 5° BBM em
Uberlândia, 6° BBM em Governador Valares, 7° BBM em Montes Claros, 8° BBM em
Uberaba, 9° BBM em Varginha e o 10° BBM em Divinópolis. Esses Batalhões se
subdividem em Companhias e Pelotões destacados. Ocupando assim os pontos
estratégicos de atendimento imediato no Estado (BATISTA 2009).

Ferras (2011, p.14) cita que:

No Brasil o sistema de atendimento Pré-Hospitalar, iniciou-se em 1981 no


Distrito Federal, logo depois foi iniciado no Rio de Janeiro (1981). No ano de
1990 entrou em funcionamento o Sistema de Resgate de São Paulo e mais
recentemente e 1994, o sistema de resgate do Município de Belo Horizonte
- MG.

Assim o bombeiro começa a formação de sua identidade. O instinto de salvar e de


fazer o bem vai muito além de qualquer norma ou regulamento, no interior da alma
do militar brota tal força que, mesmo sendo positivada na Constituição Federal,
Estadual e em normas e regulamentos internos, não torna o intuito de ajudar o
próximo mais ou menos importante, pois o militar do CBMMG é formado para salvar
e proteger.

Pela própria história e seus objetivos, é inadmissível ter na Instituição uma conduta
que não seja retilínea e moralmente aceita. Ao cidadão civil é aceitável
determinadas condutas não tidas como crime, porém, em virtude dos serviços
prestados e da função fim para o qual se destina o CBMMG, é inadmissível que o
componente do Corpo de Bombeiros Militar tenha determinadas atitudes que possa
macular de forma negativa a imagem da corporação.
28

Por isso, faz-se necessário o estudo e a ampla divulgação do que venha ser a honra
pessoal e o decoro da classe, objetos do núcleo deste estudo, com o intuito de
prevenir transgressões e conscientizar os componentes da Instituição Militar
estadual, das sanções advindas do cometimento de tais desvios.

As Instituições Militares preconizam pela hierarquia e a disciplina de seus homens,


desde os tempos remotos. Seus pilares estão nos costumes, que vêm sofrendo
mudanças com o decorrer do tempo, mas sempre voltados para a hierarquia e a
disciplina.

Para melhor compreensão do anteriormente dito, segue as breves palavras de


Barbosa (2007, p. 17), o qual expôs que:

A organização militar, dada a sua função constitucional encontra alicerce na


hierarquia e na disciplina, entretanto, para a manutenção desses pilares que
sustentam as instituições militares, necessário se faz sua legitimação legal,
e, no caso das instituições militares mineiras, tal legitimidade pode ser
encontrada no artigo 6º do Código de Ética e Disciplina dos Militares –
CEDM.

Já é sabido, então, que o Corpo de Bombeiro Militar, é pautado na hierarquia e na


disciplina. Mas o que seria isso?

A hierarquia é tida como a enumeração de autoridades e responsabilidades


específicas dentro da Instituição Militar, é a divisão em camadas, em graus de
responsabilidades e deveres.

Segundo CHIAVENATO (1997, citado por BARBOSA 2007, p. 17), “a hierarquia


divide a organização em camadas ou escalas ou níveis de autoridade, tendo os
superiores autoridade sobre os inferiores.”
29

Segundo a definição dada pelo dicionário Aurélio da língua portuguesa, hierarquia


militar é:

Hierarquia militar. 1. Ordenação da autoridade, em diferentes níveis, dentro


da estrutura das forças armadas. [No Exército, Marinha de Guerra e
Aeronáutica brasileiros existem hoje, respectivamente, os seguintes postos
e graduações, aqui citados em ordem decrescente: marechal, almirante,
marechal-do-ar (preenchidos apenas em épocas excepcionais); general-de-
exército, almirante-de-esquadra, tenente-brigadeiro; general-de-divisão,
vice-almirante, major-brigadeiro; general-de-brigada, contra-almirante,
brigadeiro-do-ar; coronel, capitão-de-mar-e-guerra, coronel-aviador;
tenente-coronel, capitão-de-fragata, tenente-coronel-aviador; major, capitão-
de-corveta, major-aviador; capitão, capitão-tenente, capitão-aviador;
primeiro-tenente (nas três armas); segundo-tenente (nas três armas);
aspirante-a-oficial, guarda-marinha, aspirante-a-oficial-aviador; subtenente,
suboficial; primeiro-sargento (nas três armas); segundo-sargento (nas três
armas); terceiro-sargento (nas três armas); cabo (nas três armas); soldado,
marinheiro, soldado. No Exército do Brasil colonial e imperial, a hierarquia
militar era a seguinte: marechal-de-exército; tenente-general; marechal-de-
campo; brigadeiro, mestre-de-campo, ou coronel; tenente-coronel; sargento-
mor ou major; ajudante ou capitão; tenente; alferes; primeiro-cadete;
segundo-cadete; primeiro-sargento; segundo-sargento; furriel; cabo-de-
esquadra; anspeçada; soldado; e na Marinha de Guerra: almirante; vice-
almirante; chefe-de-esquadra; chefe-de-divisão; capitão-de-mar-e-guerra;
capitão-de-fragata; capitão-tenente; tenente-do-mar ou primeiro-tenente;
segundo-tenente; guarda-marinha; aspirante; primeiro-sargento; segundo-
sargento; quartel-mestre; cabo; marinheiro. Em Portugal, atualmente,
existem, no Exército e na Aeronáutica, os postos seguintes: marechal,
general, brigadeiro, coronel, tenente-coronel, major, capitão, tenente e
alferes; e na Marinha de Guerra: almirante, vice-almirante, contra-almirante,
comodoro, capitão-de-mar-e-guerra, capitão-de-fragata, capitão-tenente,
primeiro-tenente, segundo-tenente, subtenente e guarda-marinha
(equivalentes)4.

Já a disciplina é o acatamento e a obediência a um ordenamento jurídico, estando


também prevista na conduta subjetiva da sociedade como um todo. A seguir está a
definição dada pelo mesmo dicionário Aurélio:

Disciplina: Do lat. disciplina.


Substantivo feminino.
1.Regime de ordem imposta ou livremente consentida.
2.Ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar,
escolar, etc.).
3.Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor.
4.Observância de preceitos ou normas.
5.Submissão a um regulamento.
4
Dicionário Aurélio na versão digital, disponível como programa para instalação em:
http://www.baixaki.com.br/iphone/download/aurelio.htm
30

6.Qualquer ramo do conhecimento (artístico, científico, histórico, e


7.Qualquer ramo do conhecimento (artístico, científico, histórico, etc.).
8.Ensino, instrução, educação.
9.Conjunto de conhecimentos em cada cadeira dum estabelecimento de
ensino; matéria de ensino (FERREIRA, 1977).

A disciplina militar é mais severa, preconiza com mais afinco o cumprimento dos
deveres nos diversos níveis da hierarquia e cobra a exteriorização das boas
condutas como a: hombridade, honradez, sinceridade, coragem, camaradagem.

Barbosa (2007, p.18) define a disciplina como:

consiste na exteriorização da ética profissional dos militares do Estado e


manifesta-se pelo exato cumprimento de deveres, em todos os escalões e
em todos os graus da hierarquia, quanto aos aspectos infra relacionados:
– pronta obediência às ordens legais;
– observância às prescrições regulamentares;
– emprego de toda a capacidade em benefício do serviço;
– correção de atitudes;
– colaboração espontânea com a disciplina coletiva e com a efetividade
dos resultados pretendidos pelas IMEs.

Deste modo, os militares devem interiorizar os dois institutos citados (a hierarquia e


a disciplina), visando garantir que a boa imagem da Instituição, vinculada perante a
sociedade, se prolongue de geração em geração.

Destarte, para que se garanta a preconização advinda de anos, faz-se necessária a


aplicação de sanções com maior rigor e destreza, principalmente para aqueles que
mediante condutas incompatíveis com o regime militar, venham a atentar contra a
honra e o decoro da classe.
31

2.3 Princípios e valores do CBMMG

O CBMMG é uma Instituição centenária que possui autonomia orçamentária e


financeira, estatui suas ações e seus objetivos através de seu planejamento
estratégico, tendo bem definida sua missão, que será:

A prestação dos serviços de prevenção contra sinistro, proteção, socorro e


salvamentos, sempre atendendo de forma eficiente e ágil, os cidadãos em
todo o território mineiro, atuando de forma integrada com os órgãos do
Sistema de Defesa Social e sociedade, visando à melhoria da qualidade de
vida e o exercício pleno da cidadania (CBMMG, 2010).

O negócio do CBMMG tem como objetivo o bem estar social e assim é estabelecido
como a: “Qualidade de vida por meio de ações de proteção pública” (CBMMG,
2010).

A Instituição ainda tem como visão:

Servir à sociedade mineira com atividades preventivas e de resposta a


sinistros, garantindo a proteção à vida, ao patrimônio e ao meio ambiente e
contribuindo com a transformação do Estado (CBMMG, 2010).

Tais garantias estão contidas no Código de Ética, principal escopo de estudo deste
trabalho, ele mostra de forma direta e indireta os valores e os Princípios a serem
seguidos pelos componentes do CBMMG.

O Código de Ética e Disciplina dos militares de Minas Gerais surge com a publicação
da lei 14.310 de 19 de junho de 2002, em substituição ao antigo Regulamento de
Disciplinar da Polícia Militar (RDPM), trazendo diversas inovações e o conforto de
garantir o direito ao contraditório e à ampla defesa ao militar acusado de qualquer
32

ato tido como infração na parte administrativa, igualando oficiais e praças no que
tange ao direito de defesa em processos administrativos de natureza demissionária.
(BARBOSA, 2007, p.10)

Seu art. 9° “manifestou elementos constitutivos dos pilares do abrigo miliciano,


descrevendo detalhadamente os fios de confecção da malha ética; Princípios
descritivos dos “tipos” das transgressões disciplinares (arts. 13, 14, 15 e 34)”
(OLIVEIRA, 2006, p. 16). Elenca ainda que “a honra, o sentimento do dever militar e
a correção de atitudes impõem uma conduta moral e profissional irrepreensíveis a
todo integrante das IMEs” enumerando os Princípios da ética militar. Princípios estes
que serão irrenunciáveis e intransferíveis, devendo o militar lhes ter em mente a todo
o momento. Seguem tais Princípios descritos:

1° “amar a verdade e a responsabilidade como fundamentos da dignidade


profissional”, devendo o militar pautar-se pela verdade e ter em mente seus deveres
e suas responsabilidades profissionais, abdicando-se de seus interesses particulares
em prol da Instituição. (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

2° “observar os Princípios da Administração Pública, no exercício que lhe couberem


em decorrência do cargo”, cumprir todos os Princípios Constitucionais elencados no
art. 37 da Constituição Federal e demais normas reguladoras do tema (MINAS
GERAIS, 1989, p.2).

3° “respeitar a dignidade da pessoa humana”, respeitar as diferenças sociais, os


direitos elencados no art.5° da Constituição Federal, como a liberdade de religião, o
direito de ir e vir, a liberdade de imprensa, entre outros (MINAS GERAIS, 1989, p.2).

4° “cumprir e fazer cumprir as leis, códigos, resoluções, instruções e ordens das


autoridades competentes”, respeitar o ordenamento jurídico e as normas vigentes no
33

país, cumprindo e fazendo cumprir, no seu nível de fiscalização, a legislação


brasileira, e assessorando, quando fugir de sua alçada, a autoridade competente
para fiscalizar o correto cumprimento das normas (MINAS GERAIS, 1989, p.2).

5° “ser justo e imparcial na apuração de atos cometidos por integrantes das IMEs”
Nada mais é que cumprir os previsto no art.37 da CF, ou seja, possuir senso de
justiça e imparcialidade em apurações designadas mediante seu cargo ou posto
(MINAS GERAIS, 2002, p.2).

6° “zelar pelo seu próprio preparo profissional e incentivar a mesma prática nos
companheiros, em prol do cumprimento da missão comum”, ter a disciplina
consciente, ou seja, preparar-se fisicamente e mentalmente para os desafios do
serviço diário, incentivar seus superiores, pares e principalmente seus subordinados
a fazerem o mesmo (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

7° “praticar a camaradagem e desenvolver o espírito de cooperação”, tratar seus


superiores, pares e subordinados com respeito e companheirismo (MINAS GERAIS,
2002, p.2).

8° “ser discreto e cortês em suas atitudes, maneiras e linguagem e observar as


normas da boa educação”, isso vale para o tratamento com público em geral, seja
ele interno ou externo, cortesia e boa educação devem ser exaladas em todas as
relações (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

9° “abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de assuntos internos das IMEs ou


de matéria sigilosa”, caso tenha alguma matéria interna a ser tratada, qualquer que
seja ela, envolvendo qualquer tipo de caso, seja ele reclamações, queixas,
comunicações,… haverá sempre um canal interno para que esse problema seja
34

resolvido, evitando o desvirtuamento das informações e consequentemente a quebra


da credibilidade institucional perante a sociedade (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

10° “cumprir seus deveres de cidadão”, de maneira geral, exercer a cidadania,


cumprir para com suas obrigações como cidadão, ser exemplo positivo perante a
sociedade, quitar impostos, respeitar decisões políticas, entre outras (MINAS
GERAIS, 2002, p.2).

11° “respeitar as autoridades civis e militares”, o militar deve, igualmente, tratar a


todos com os Princípios da boa educação e correção de atitudes, devendo, no
entanto, conceder às autoridades o tratamento e acatamento às suas ordens, nos
níveis de suas autoridades e competências (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

12° “garantir assistência moral e material à família ou contribuir para ela”, deverá o
militar voltar-se para o seio familiar, contribuir para a formação, sustentação e
manutenção dos preceitos familiares (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

13° “preservar e praticar, mesmo fora do serviço ou quando já na reserva


remunerada, os preceitos da ética militar”, ou seja, sempre cumprir todos esses
Princípios transcritos e exemplificados (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

14° “exercitar a proatividade no desempenho profissional”, buscar metas em longo


prazo, solucionar e antecipar os problemas profissionais, antes que estes afetem à
administração (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

15° “abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidade pessoal
de qualquer natureza ou encaminhar negócios particulares ou de terceiros”, não
deverá o militar da ativar ter sob sua administração empresas ou outra forma de
35

negócio, nunca poderá também, aproveitar de seu cargo ou função, para conseguir
vantagens indevidas (MINAS GERAIS, 2002, p.2).

16° “o militar não poderá fazer uso das designações hierárquicas em atividades
liberais, comerciais ou industriais, para discutir ou provocar discussão pela imprensa
a respeito de assuntos institucionais. Não poderá também apresentar-se fardado no
exercício de cargo de natureza civil, em atividades religiosas, e em circunstâncias
prejudiciais à imagem das IMEs”, assim ficam resguardadas os uso e a
apresentação das insígnias militares pelos componentes da Instituição (MINAS
GERAIS, 2002, p.2).

Caso, o militar viole algum Princípio relatado, certamente irá incorrer em


transgressão disciplinar, ou seja, será punido administrativamente não interferindo
em outra sanção advinda das esferas do Direito brasileiro. Assim, segue exposição
das transgressões disciplinares.

2.4 Transgressões disciplinares

É toda ofensa à honra ou aos preceitos militares. Ofensas essas que se distinguem
das ofensas tuteladas pelo código penal militar, ditas como crimes militares e
previstas na parte especial do Código Penal Militar.

O dicionário Aurélio traz o conceito de transgressão como: “ato ou efeito de


transgredir; infração, violação;” e o conceito de disciplina como: “observância de
preceitos ou normas; submissão a um regulamento.” Ou seja, a transgressão
disciplinar à luz do dicionário seria a violação de preceitos ou normas pré-
estabelecidas (FERREIRA, 1977).
36

A Constituição Federal admite de forma indireta as transgressões disciplinares


quando afirma em seu art. 5°, inciso LXI que:

ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem


escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei (BRASIL, 1988).

Essa transgressão é novamente mostrada no art. 142 § 2º da Carta Magna, “não


caberá „habeas-corpus‟ em relação a punições disciplinares militares”, de forma
indireta também.

O Corpo de Bombeiros Militar é força auxiliar e reserva do Exército Brasileiro,


subordinado ao governo do estado, segundo preceitua-se a Constituição Federal,
sendo assim, é de fundamental importância saber a visão do EB quanto às
transgressões disciplinares, tal definição está prevista no Regulamento Disciplinar
do Exército (R-4):

Art. 14. Transgressão disciplinar é toda ação praticada pelo militar contrária
aos preceitos estatuídos no ordenamento jurídico pátrio ofensiva à ética,
aos deveres e às obrigações militares, mesmo na sua manifestação
elementar e simples, ou, ainda, que afete a honra pessoal, o pundonor
militar e o decoro da classe (BRASIL, 2002).

A Marinha do Brasil como Instituição Militar, também possui seu Código de Ética, e
tem como definição da expressão “transgressões disciplinares” a expressão
“contravenções disciplinares” definindo assim tal preceito jurídico como:

Art.6° - Contravenção Disciplinar é toda ação ou omissão contrária às


obrigações ou aos deveres militares estatuídos nas leis, nos regulamentos,
nas normas e nas disposições em vigor que fundamentam a Organização
Militar, desde que não incidindo no que é capitulado pelo Código Penal
Militar como crime (BRASIL, 1983).
37

O Código de Ética dos militares do estado de Minas Gerais define transgressão


disciplinar, como:

Art. 11 – Transgressão disciplinar é toda ofensa concreta aos Princípios da


ética e aos deveres inerentes às atividades das IMEs em sua manifestação
elementar e simples, objetivamente especificada neste Código, distinguindo-
se da infração penal, considerada violação dos bens juridicamente tutelados
pelo Código Penal Militar ou comum (MINAS GERAIS, 2002).

Essa transgressão será leve, média ou grave, podendo ter atenuantes ou


agravantes conforme o caso e as circunstâncias.

Estão descritos, ainda neste Código, nos artigos 13, 14 e 15, as transgressões
disciplinares, ou seja, o que o militar não deve fazer. Em seu artigo 12 são definidos
os “graus” de potencialização das transgressões:

Art. 12 – A transgressão disciplinar será leve, média ou grave, conforme


classificação atribuída nos artigos seguintes, podendo ser atenuada ou
agravada, consoante a pontuação recebida da autoridade sancionadora e a
decorrente de atenuantes e agravantes (MINAS GERAIS, 2002).

Iniciamos a explicação de tais condutas pelo art. 15, as transgressões tidas como
leves. Por serem de menor potencial ofensivo contra a conduta retilínea do militar,
possuem punição condizente com a ação praticada. Podendo o militar, após o
decorrer do processo com todos seus trâmites legais, garantidos o contraditório e a
ampla defesa, perder até dez pontos, conforme previsto no artigo 18 da Lei
14.310/02 – CEDM:

Art. 18 - para cada transgressão, a autoridade aplicadora da sanção


atribuirá pontos negativos dentro dos seguintes parâmetros:
I – de um a dez pontos para infração de natureza leve (MINAS GERAIS,
2002).
38

Já as transgressões de natureza média, igualmente por sua magnitude e agressão


aos Princípios e valores, a pontuação perdida será proporcional à ofensa. Nesse
caso, a punição acarretará a perda de onze a vinte pontos no conceito. Sendo que
em todas as transgressões a autoridade aplicadora irá partir de uma média simples
da faixa colocada para tal punição, como por exemplo, a transgressão média que
prevê a perda de onze a vinte pontos, a autoridade punidora irá partir dos quinze
pontos, acrescentado um ponto em cada agravante apurado e retirando um ponto a
cada atenuante. Ou seja, se o militar é punido em uma falta média com três
agravantes e um atenuante, ele irá perder em seu conceito dezessete pontos, como
dita o CEDM.

São circunstâncias atenuantes: estar o militar classificado no conceito “A”; ter


prestado serviços relevantes; ter o agente confessado a autoria da transgressão ou
cometer a falta disciplinar com intuito de evitar consequências mais danosas, em
defesa própria ou de outrem, por falta de experiência e por motivos de relevante
valor social ou moral (MINAS GERAIS, 2002).

Constituem circunstâncias agravantes: o militar transgressor estar classificado no


conceito “C”; praticar duas ou mais transgressões simultaneamente; reincidência de
transgressões; conluio de duas ou mais pessoas; cometer a transgressão com
abuso de autoridade hierárquica ou funcional, durante execução do serviço, fardado
em público, induzindo outrem, mediante concurso de pessoas, com abuso de
confiança mediante o cargo ou função, por motivo egoístico, para acobertar erros ou
com o fim de obstruir ou dificultar investigações policiais (MINAS GERAIS, 2002)

Então, assim chega-se às principais transgressões, as de natureza grave. Após


consulta junto à Seção Jurídica da Corregedoria do CBMMG, na pessoa do Sr°
Major BM Cláudio, este nos enumerou as principais, as seis primeiras elencadas nos
incisos do art.13, que por sua gravidade poderão levar o militar transgressor a ser
réu em um processo demissionário para provar ou não a sua competência e aptidão
em continuar na carreira militar. Pois suas condutas tipificadas e se executadas
39

amoldam-se quase que por inteiro às condutas ofensivas à “honra pessoal” ou levam
ao “decoro da classe”, expressões já estudadas neste trabalho.

A seguir será exposta cada transgressão e exemplificado caso a caso, dando como
exemplos circunstâncias que poderiam culminar no ataque à honra pessoal e ao
decoro da classe.

As principais transgressões disciplinares de natureza grave, expressas no art.13 do


CEDM, são:

I – praticar ato atentatório à dignidade da pessoa ou que ofenda os


Princípios da cidadania e dos direitos humano, devidamente comprovado
em procedimento apuratório;
II – concorrer para o desprestígio da respectiva IME, por meio da prática de
crime doloso devidamente comprovado em procedimento apuratório, que,
por sua natureza, amplitude e repercussão, afete gravemente a
credibilidade e a imagem dos militares;
III – faltar, publicamente, com o decoro pessoal, dando causa a grave
escândalo que comprometa a honra pessoal e o decoro da classe;
IV – exercer coação ou assediar pessoas com as quais mantenha relações
funcionais;
V – ofender ou dispensar tratamento desrespeitoso, vexatório ou humilhante
a qualquer pessoa;
VI – apresentar-se com sinais de embriaguez alcoólica ou sob efeito de
outra substância entorpecente, estando em serviço, fardado, ou em situação
que cause escândalo ou que ponha em perigo a segurança própria ou
alheia (MINAS GERAIS, 2002).

Ao estudar e analisar uma a uma percebe-se que estas transgressões, dependendo


das circunstâncias ocorridas, poderão levar o transgressor a incorrer em atos que
atinjam a honra pessoal e o decoro da classe.

O inciso I nos cita as faltas que atentam contra a dignidade da pessoa humana, ou
aos direitos humanos, após fato devidamente comprovado. Para melhor elucidação,
cito um exemplo de Bombeiro Militar que deixa de tratar uma vítima com a dignidade
merecida, ou seja, nega socorro a essa vítima a qual o referido bombeiro, tinha o
40

dever de socorrer. Isso atentará contra a história da corporação, contra seus


Princípios e valores, contra a objetividade para qual a Instituição foi criada. Levará o
trabalho de centenas de homens a se perder, trazendo o desprestígio à Instituição.
Tal fato é inadmissível. Faltará contra honra pessoal e o decoro da classe, que
possui seus Princípios e objetivos bem definidos.

O inciso II do art.13 do CEDM mostra o cometimento do crime doloso contra a vida,


por exemplo, um homicídio, “matar alguém”, cometido sem nenhuma justificativa,
nenhuma excludente de ilicitude prevista no Código Penal comum:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo (BRASIL, 1940).

Ou no Código Penal Militar:

Exclusão de crime
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento do dever legal;
IV - em exercício regular de direito.
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio,
aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade,
compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e
manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o
terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque (BRASIL, 1969).

A exemplo, cita-se o militar que comete um homicídio após a cobrança de dívida de


um desafeto, tal fato demonstrará descontrole emocional e consequentemente
levará ao desprestígio toda uma Instituição, expondo o militar e o CBMMG.
41

Na mesma transgressão analisamos uma lesão corporal leve decorrente do serviço.


Se injustificada, levará o militar a ser punido, porém, não tem substâncias para
colocar o transgressor como réu em um processo administrativo disciplinar de
natureza demissionária, caso não se repercuta de maneira consideravelmente
negativa no meio social. tem-se também que analisar o fato pela ótica dos Princípios
da proporcionalidade, oportunidade e conveniência (DELMANTO, 1988). Seria
oportuno submeter o referido militar a um processo de natureza demissionária?
Quais foram as circunstâncias que levaram o cometimento de tal transgressão?
Então todo o fato deve ser analisado com olhar criterioso, sabendo que o futuro
profissional de alguém está em análise e uma decisão tomada de maneira errada
pode aflorar a injustiça, muitas vezes incorrigível.

Mas a principal circunstância a ser analisa, é balizar o caso, dentro do Princípio da


proporcionalidade, rezando que, haverá a individualização da ação ofensiva e o réu
será punido proporcionalmente à ofensa cometida (CARVALHO et al.,1999).

Passemos para o inciso III do art. 13 do CEDM, o qual nos descreve a honra pessoal
e o decoro da classe. A honra pessoal é um conjunto de valores e premissas
militares, condutas valorosas e bem vistas no meio social. Já o atentado ao decoro
da classe, resumidamente, diz respeito à conduta que vai de encontro à Instituição,
contra os seus Princípios e valores.

No inciso IV do mesmo artigo, temos a figura da coação. O Dicionário Aurélio nos


retrata a coação como: “ato de coagir, obrigar que alguém faça determinado ato.”
Tipificada também no Código Penal Militar como crime militar:

Coação
Art. 342. Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer
interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra
pessoa que funciona, ou é chamada a intervir em inquérito policial, processo
administrativo ou judicial militar:
Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena correspondente à violência.
42

Podendo sofrer variação de pena quanto à autoridade que for vítima de tal crime,
variando até quinze anos de reclusão, caso a vítima seja Oficial General. Assim o
inciso mostra que além de crime, o militar que incorrer em tal infração não será digno
de ostentar o fardamento de uma Instituição de tamanha representatividade como é
o CBMMG, uma vez que tal ato vai contra todos os Princípios e valores da
corporação.

Já o inciso V do art. 13 do CEDM mostra a figura dos Direitos Humanos, ou seja,


tratar de maneira ofensiva qualquer pessoa, não pré-estabelece posto ou
graduação, tanto vale para o superior que trata o subordinado de maneira
desrespeitosa ou vice-versa, o subordinado que desprende tratamento incondizente
à superior, ou a qualquer pessoa da sociedade.

Por fim, o inciso VI do mesmo art. 13 retrata a questão do militar que se apresenta,
de serviço ou não, com sintomas de embriaguez ou do uso de qualquer substância
que lhe altera os sentidos. Estas substâncias podem ser legais ou ilegais, desde que
provoque alguma alteração nos reflexos do militar. Podendo ocorrer, segundo a
mesma norma em quatro casos distintos: estando o bombeiro militar de serviço, ou
seja, trabalhando efetivamente; estando fardado, neste caso não necessita estar o
mesmo de serviço, podendo compreender suas horas de descanso, folga ou até
mesmo de férias; em situação que cause escanda-lo, sendo ainda mais ampla, pois
não necessita que o militar esteja de serviço ou fardado, apenas que provoque
escândalo, repercussão negativa perante a sociedade; e a quarta, diz respeito ao
militar que, mediante uso de substância entorpecente, coloca em perigo a sua
segurança ou de terceiro.

Depreendemos que cada caso é particular, que dependerá do fato, e que a


Imprensa, mesmo de forma velada, contribuirá consideravelmente para a conclusão
se tal ato atentou ou não contra a honra e o decoro da classe. Mas deve-se ressaltar
que não será a mídia que vai ditar se o militar praticante do ato deve ser punido com
a demissão, ou qualquer outro tipo de sanção disciplinar, porém a divulgação do fato
43

na sociedade irá, apenas, potencializar a infração, aumentando o clamor social e


popular para a administração punir de maneira exemplar o infrator, mesmo porque
se tal correção não for feita de maneira devida gerará um sentimento de injustiça e
descrédito perante a sociedade.

2.5 O desvio de conduta

O desvio de conduta é toda ação ou omissão que atinja a conduta honrosa esperada
por um militar. As regras de conduta estão tipificadas no Código de Ética e disciplina
dos militares, como transgressões disciplinares e os crimes militares que estão
previstos no Código Penal Militar.

É de extrema importância a corporação conhecer, prevenir e reprimir os atos


desviantes dos integrantes da Instituição. O militar do CBMMG tem por objetivo fim a
preservação da ordem e o socorrimento de cidadãos desamparados e enfermos,
assim como dita a Constituição Estadual de Minas Gerais, em seu art. 142, inciso II,
estabelece como competência do CBMMG.

[…] a coordenação e a execução de ações de defesa civil, a prevenção e


combate a incêndio, perícias de incêndio, busca e salvamento e
estabelecimento de normas relativas à segurança das pessoas e de seus
bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe (MINAS GERAIS, 1989).

Aos olhos da sociedade é, e consequentemente terá que ser aos olhares dos
comandantes, estes englobando diretores e chefes, inadmissível, quem tem o dever
de proteger e zelar pela ordem pública cometer desvios de conduta.

Esses desvios ao ocorrerem minam de forma negativa a credibilidade de toda uma


corporação. Afetando, diretamente a confiança e a aceitação da Instituição no
44

âmbito social. Por isso tais atos desviantes devem ser apurados e seus autores
responsabilizados.

O Militar, com poder de correção, tem que atentar para responder de maneira
coerente ao clamor popular, cuidando para não cometer injustiças. Lembrando que a
mídia não causará a demissão ou uma punição mais severa ao contraventor das
normas, porém sim, potencializar-se-á o clamor popular em prol da punição do
suposto transgressor.

A apuração e consequentemente a correção de atitudes desviantes, foi citada por


Carvalho et al. (1999, p. 41) de maneira sucinta no texto que segue:

Por constituir-se em antítese da doutrina militar, o desvio de conduta de


seus homens mereceria, com certeza, toda uma análise detalhada, mesmo
se tivesse a sua ocorrência acontecida por uma única vez. Ressalta-se que
quando a ocorrência do desvio de conduta a corporação trata do caso de
forma estanque, solucionando-o apenas de forma específica, sendo que o
genérico abrangeria um todo, para que se constitua uma doutrina a respeito
do fato, o que ocorreria para a prevenção de tais desvios.

Tal autor relembra a importância da correção e, se conveniente, a exposição do fato


para demais integrantes da Instituição com intuito de prevenir determinados atos no
âmbito geral.

2.6. Embasamento legal

Com intuito de buscar o real entendimento do tema proposto é de fundamental


importância saber um breve histórico dos direitos fundamentais relacionados com a
problemática estudada e o real significado dos Princípios da moralidade e da
legalidade no processo legal. Assim serão expostas algumas normas já estudadas.
45

A Constituição Federal Brasileira traz em seu art. 37 que:

A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos Princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência […] (BRASIL, 1988).

Aqui estão escritos os Princípios pelos quais a administração pública e


consequentemente seus componentes irão cumprir no cotidiano, na execução de
seus trabalhos diários e, principalmente, seguir os trilhos impostos por tais ditames
na conduta pessoal no desenrolar de cada tarefa pública.

A Lei Federal 9.784/99 expõe e normaliza a positivação dos Princípios


constitucionais nos atos públicos. A principal colocação encontra-se em seu art. 2°,
que reza:

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos Princípios da


legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre
outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;[…]
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;[…]
(BRASIL, 1999).

Imperando assim o Princípio da legalidade nos atos públicos, conforme inciso I, e a


busca da ética, o decoro e a boa-fé nos atos executados pela administração,
conforme inciso IV.

Retomando à Magna Carta, ela ainda regulada a carreira militar nos estados e no
Distrito Federal, através do art. 42 com a seguinte redação:
46

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,


instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, §
8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual
específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as
patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores.(BRASIL,
1990).

Dessa forma se faz necessário, para maior compreensão do anteriormente dito, a


seguinte complementação, sobre a mesma Constituição Federal.

Art. 142 § 2° […] VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado


indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar
de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
de guerra;
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de
liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será
submetido ao julgamento previsto no inciso anterior (BRASIL, 1988).

Confirmando tais dizeres a Constituição Estadual de Minas Gerais reza que:

Art. 39 – São militares do Estado os integrantes da Polícia Militar e do


Corpo de Bombeiros Militar, que serão regidos por estatuto próprio
estabelecido em lei complementar.
§ 7º – O Oficial somente perderá o posto e a patente se for julgado indigno
do oficialato ou com ele incompatível, por decisão do Tribunal de Justiça
Militar, ou de tribunal especial, em tempo de guerra, e a lei especificará os
casos de submissão a processo e o rito deste.
§ 8º – O militar condenado na Justiça, comum ou militar, a pena privativa de
liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será
submetido ao julgamento previsto no parágrafo anterior.
§ 9º – A lei estabelecerá as condições em que a praça perderá a graduação,
observado o disposto no art. 111 (MINAS GERAIS, 1989).

Ou seja, o Oficial das Forças Militares, Estadual ou Federal, só perderá o posto ou a


patente se for julgado indigno ou incompatível com o oficialato, após decisão do
Tribunal Militar. No caso dos militares do estado de Minas Gerais quem processará e
julgará tal ato será o Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais.
47

Assim, concomitante, o Código de Ética dos Militares do Estado de Minas Gerais em


seu Art. 64, incisos I e II, regula quando o servidor será submetido a processo
administrativo disciplinar.

Art. 64 – Será submetido a Processo Administrativo-Disciplinar o militar,


com no mínimo três anos de efetivo serviço, que:
[…] II – praticar ato que afete a honra pessoal ou o decoro da classe,
independentemente do conceito em que estiver classificado (MINAS
GERAIS, 2002).

Esse é um dos alvos de estudo deste trabalho. Uma vez que já foi exposto o real
entendimento de tal artigo, e será feito um apanhado geral do processo envolvido
nas entrelinhas deste ditame jurídico.

2.7 A exclusão no CBMMG

O militar que cometer ato que afete a honra pessoal ou decoro da classe, tipificado
no artigo 64, inciso II, do CEDM, incorrerá em falta grave gerando um Processo
Administrativo Disciplinar com intuito de avaliar a conveniência ou não do militar
faltoso permanecer nas fileiras do CBMMG, podendo ser instaurado pelo
Corregedor, Chefe do Estado Maior ou pelo Comandante Operacional (CEDM,2002).

Porém, existe a distinção no Processo Apuratório entre o Processo Disciplinar de


Militares que possuem mais ou menos de três anos de efetivo serviço. O Militar
estável, com mais de três anos de efetivo serviço, ou não estável, com menos de
três anos de efetivo serviço prestado à Instituição. Tal distinção substituiu a
diferenciação que havia no antigo RDPM, o qual distinguia militares com mais ou
menos de cinco anos de efetivo serviço e havia a diferenciação, também, do
processo que tinha como acusado oficial ou do processo que tinha como acusado
uma praça (BARBOSA, 2007).
48

Portanto, a seguir será mostrado o Processo de Exclusão no CBMMG com intuito de


expor o desfecho de todo esse trâmite, uma vez que terá o fim dado ao militar
agente ativo de ato que afeta a honra pessoal e o decoro, e paralelamente será
mostrada, também, a diferença entre militares que possuem até três anos de efetivo
serviço e os que possuem mais de três anos, distinção introduzida pelo Código de
Ética Militar.

2.7.1 A exclusão para o Militar com menos de três anos de efetivo serviço

Após o advento da lei 14.310/02 passa-se a considerar o Militar como estável ao


concluir três anos de efetivo serviço, acompanhando a nova carta magna de 1988, e
instável, o Bombeiro Militar com menos de três de efetivo serviço.

Para efeitos da apuração das transgressões disciplinares que afetam a honra


pessoal ou o decoro da classe será instaurado, sendo o acusado militar instável, isto
é com menos de três anos de efetivo serviço, um Processo Administrativo Disciplinar
Sumário. Ou seja, o Bombeiro Militar com menos de três anos de efetivo serviço,
após cometer algum ato que atente contra a honra pessoal ou o decoro da classe
será submetido a um processo disciplinar sumário, o qual terá apenas um
encarregado responsável pela apuração (BARBOSA, 2007).

No PADS o Militar tem o direito à ampla defesa e ao contraditório, incluindo nesta o


direito de ser notificado de todos os atos decorrentes do processo, tendo direito
inclusive de requerer a produção de provas. Seus direitos são preservados e o
mesmo tem a oportunidade de provar sua capacidade de permanecer ou não nas
fileiras da Instituição. No mesmo processo, as razões escritas de defesa deverão ser
apresentadas pelo acusado ou por seu procurador legalmente constituído, no prazo
de cinco dias úteis, ao final da instrução. É um processo sumário, logo, concluído
com mais celeridade se comparado com o PAD. O período para conclusão do PADS
é de vinte dias prorrogáveis por mais dez, já o Processo Administrativo Disciplinar,
49

PAD, possui o período de conclusão mais longo e seu parecer é proferido por três
militares (BARBOSA, 2007).

2.7.2 A exclusão para o Militar com mais de três anos de efetivo serviço

Será convocada uma comissão para emitir parecer a respeito da permanência ou


não do Militar faltoso nas fileiras do CBMMG, após a instauração do Processo
Administrativo Disciplinar, essa instauração se dá mediante ordem das seguintes
autoridades: Comandante Regional, Corregedor e Chefe do Estado-Maior. A CPAD,
após os trâmites legais, emitirá parecer pela permanência ou não do militar nas
fileiras, o qual passará pelo conselho de ética e disciplina que também, a nível de
assessoramento, emitirá seu parecer, concordando ou não com a CPAD e
posteriormente o processo seguirá para a autoridade instauradora com intuito da
tomada de decisão ( BARBOSA, 2007).

A autoridade instauradora poderá ou não seguir os pareceres emitidos pela CPAD e


pelo CEDMU, cabendo tal autoridade se decidir pelo arquivamento do feito, mandar
que se proceda o arquivamento e posterior cientificação do acusado. Caso a
autoridade decida pela exclusão do militar, os autos deverão ser encaminhados para
o comandante geral para a tomada de decisão. Segundo Barbosa (2007, p. 52):

Mesmo depois de encerrados os trabalhos da CPAD, antes dos autos


serem encaminhados para o Comandante-Geral, para fins de decisão, estes
deverão, obrigatoriamente, se submeterem a apreciação de um outro órgão
colegiado denominado Conselho de Ética e Disciplina Militares da Unidade
– CEDMU, que tem por missão analisar e emitir parecer nos assuntos de
natureza disciplinar, funcionando, dessa forma como um órgão consultivo
para a autoridade

Toda decisão emanada pela administração poderá sofrer recurso, admitindo-se para
isso o duplo grau recursal, conforme Barbosa (2007, p. 52):
50

[…] o Código de Ética recepciona o instituto da suspensão até o julgamento


do recurso, bem como admite o duplo grau recursal, sendo considerado
como primeiro revisor a autoridade que se encontra em instância superior
aquela que aplicou a sanção. Quanto a possibilidade de reconsideração de
ato, apesar de sua possibilidade, não é considerada pelo CEDM, como
instância recursal, pois a autoridade que aplicou a sanção somente poderá
decidir sobre o recurso se entender procedente o pedido.

Assim, a Ampla Defesa e o Contraditório tem que estar bem claro e evidente em
todas as fases do processo, ou seja, o acusado deverá ter uma defesa efetiva e
habilitada, sendo convocada em todas as fases do processo. Podendo contradizer
toda e qualquer prova contra sua pessoa, tendo o direito de resposta e defesa.
Podendo, caso não seja cumprido todos os ditames legais, ensejar na anulação de
todo processo no prazo prescricional de cinco anos (BARBOSA, 2007).

Portanto, tem-se que, após haver fortes indícios, através de denuncias ou suspeição
do cometimento de ato atentatório à honra pessoal ou ao decoro da classe, será
instaurado um processo disciplinar para avaliar a conveniência ou não do militar
acusado permanecer ou sua exoneração das fileiras do CBMMG. Será um PAD,
caso o militar tenha três ou mais anos de efetivo serviço, ou um PADS, caso o militar
tenha menos de três anos de efetivo serviço.

Após a instauração do processo, tem-se a instalação da comissão. Decorrido esses


trâmites, vem à fase de instrução, onde são ouvidos todos os envolvido e concedida
a ampla defesa, o contraditório e o direito ao devido processo legal ao acusado.
Com o término desta fase é confeccionada a conclusão e novamente abre-se vistas
à defesa (2007, p. 57).

Após a defesa final toda documentação é enviada ao CEDMU para análise e


emissão de parecer, tão logo concluído os trabalhos a documentação é enviada para
a autoridade a qual irá decidir sobre o caso, pronunciando sua decisão, pela
permanência ou não do militar nas fileiras. Caso opte pela permanência do militar, é
dada cientificação ao acusado e os autos arquivados em sua pasta funcional, caso
51

contrário, irão abrir vistas à defesa, obedecendo ao Princípio do duplo grau de


recurso. Poderá assim a defesa impetrar recurso para a autoridade imediatamente
superior à qual proferiu a decisão (SILVA, 2010, p.30).

2.8 Casos concretos envolvendo a honra pessoal e o decoro da classe

É de extrema importância à colocação de todo esse estudo no caso prático, na


realidade que ocorre nas instituições militares.

2.8.1 Bombeiro componente do CBMMG

Vale salientar a importância de estudar o que ocorre no CBMMG para depois


buscarmos novos exemplos em outras instituições. O caso ora estudado refere-se a
um militar que em tese havia atentado contra honra pessoal e o decoro da classe.

Pesa contra o referido Militar a seguinte acusação: Que o mesmo havia apresentado
para o serviço com sintomas de embriagues e que após receber ordem para
comparecer à Seção de Saúde da Unidade, o mesmo resistiu e efetuou alguns
disparos com sua arma de fogo, sendo que logo depois arriou o pavilhão nacional
vindo a rasgar o mesmo, assim como consta na decisão exarada na solução do PAD
n° 03/2009 oriunda do COB.

Consta da acusação que o militar teria incorrido no disposto em art. 64, II da


Lei nº 14.310/02, por ter, em data de 12/set/08, apresentado para o serviço
com sintomas de embriaguez e quando determinado a comparecer na
Assistência à Saúde, teria oferecido resistência ao cumprimento da ordem
mediante ameaça e violência, utilizando-se da arma de fogo que portava,
efetuando disparos para o alto e lados, diante da tropa. O militar teria,
também, arriado o Pavilhão Nacional e rasgado a Bandeira de forma
acintosa, ainda, teria se despido de sua farda frente a tropa. As disposições
legais tipificadas como transgressões disciplinares, art. 13, III e VI e art. 14,
52

II, III e VI toda da Lei nº 14.310/02, foram imputadas ao militar acusado, que
foi submetido a PAD (CBMMG,2011).

Consta também na mesma decisão a análise e a fundamentação do desfecho dado


ao caso, noticiando a autoria e a materialidade, a imputabilidade penal comprovada
do acusado e a decisão da autoridade competente, assim como segue:

DA ANÁLISE E FUNDAMENTAÇÃO
Analisado os autos do processo verifica-se que os Princípios do processo
foram observados: Contraditório e defesa que se fez na amplitude desejada
pela defesa do acusado. É de se esclarecer que o PAD tem procedimento
talhado pela lei e que a Comissão observou todas as disposições impostas.
Entendemos que a solução dada pela autoridade instauradora do Processo
foi laborada em acerto ao contrariar o CEDMU, que se encontrou vício
impeditivo de avaliação de mérito deveria sugerir diligências saneadoras.
A matéria da acusação é apurada verticalmente na profundidade exigida
para o caso. O acusado tem em sua defesa, em síntese, alegações de
cunho processual, referente à inobservância de contraditório, o que
entendemos improcedentes, quando a defesa intervém no processar
durante todo o tempo. E, no mérito alega inimputabilidade do militar
acusado, alegação que não pode prosperar diante de laudo da Junta
Central de Saúde. Junta a defesa vários documentos médicos que
demonstram que o acusado passa por tratamento psicológico e psiquiátrico
desde bem antes dos fatos ensejadores do PAD, ocorrerem.
Contudo, diante das alegações de inimputabilidade é de se verificar se o
militar acusado, em tempo dos fatos, tinha ou não a capacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, diante da sua situação de paciente em tratamento médico-
psicológico.
A questão da incapacidade mental passa pela verificação pericial, e tal, fora
procedida, fls. 235/236, por peritos oficiais da Junta Central de Saúde da
Polícia Militar, como já dito. A JCS constatou a imputabilidade do militar.
Diante do laudo pericial e demais provas carreadas aos autos que
confirmam a ocorrência dos fatos como se deram e da autoria certificada,
não é de se olvidar que à autoridade não há alvedrio mas, dever de
providenciar quando do cometimento de transgressões pelo militar.
Assim, materialidade factual comprovada e autoria das condutas
confirmadas na apuração, não resta alternativa que demitir o acusado das
fileiras da Corporação (CBMMG, 2011).

Foi exposto um exemplo de ato atentatório à honra pessoal e ao decoro da classe


cometido no CBMMG. Percebe-se, como explícito no estudo antecedente ao
exemplo, o cometimento da transgressão, o clamor da tropa para que sejam
tomadas as medidas cabíveis, a manutenção do contraditório e da ampla defesa, o
devido processo legal, a autoridade competente instauradora e julgadora e a
decisão, seguindo a linha de pensamento exposta neste trabalho.
53

Como se trata de situações pelas quais jornais e revistas exploram com intuito
comercial, não é raro estar estampada diversas notícias como essas nos meios de
comunicação (jornais, noticiários de televisão, sites da internet).

Serão expostas algumas dessas notícias para exemplificar melhor esses atos
atentatórios à honra pessoal e ao decoro da classe, pois em virtude da obrigação
prevista na Magna Carta e do dever profissional são incompatíveis com a carreira
militar.

2.8.2 Policial militar do Distrito Federal

No dia 07 de setembro o R7 noticia que: “sargento da Polícia Militar é acusado de


ajudar filho a matar em Santa Maria (DF)”
Pesa, ainda, na notícia que:

imagens de um serviço de segurança flagraram o momento do crime. Em


frente de um bar, o jovem atira na vítima e em seguida o pai já com a moto
ligada pega o rapaz e eles vão embora. A arma utilizada no crime era da
corporação. DISPONÍVEL em < http://videos.r7.com> acesso em
08/09/2011.

2.8.3 Bombeiro Militar do Pará

Já, outro site noticia que: “Bombeiro militar é acusado de abusar de criança de 4
anos.”

Pesa na notícia que o referido militar foi preso em flagrante após praticar sexo oral
com uma menina de quatro anos:
54

O bombeiro militar cabo Zaqueu Souza Miranda, 37 anos, foi preso em


flagrante em Benevides, no início da noite de segunda-feira (7), acusado de
ter estuprado uma menina de quatro anos. Durante uma visita à casa da
mãe e do padrasto da criança, com os quais mantinha amizade, Zaqueu
ficou sozinho com a menina. Uma mulher afirma ter visto o bombeiro
praticando sexo oral com a criança.
Zaqueu Miranda chegou à casa da mãe da criança, que é vendedora de
frutas na BR-316, por volta das 15h30, e acabou ficando a sós com a
menina na sala da residência. Alessandra Santos da Silva, 25 anos, que
trabalha com a mãe da menina, entrou na casa para pegar café. “Entrei na
sala. Ele estava sentado no sofá. Ela estava jogando no celular dele e ele
praticava sexo oral nela”, disse Alessandra…
A mãe da criança diz que conversou com a filha e que a menina confirmou
os abusos. “Ele chegou em casa, passei um café para ele. Ele me ajudou
em algumas coisas. Eu voltei para minha banca e pedi para a moça pegar
um café para mim. Quando ela chegou, ele estava sentado no sofá, ela
estava no braço do outro sofá, de perna aberta. Nunca vi motivo nenhum
para isso, ele é sempre muito brincalhão. Foi um choque muito grande para
mim”, lamenta a mãe da menina…
Sobre o caso, o capitão Elias Rocha falou com a imprensa em nome da
corporação e afirmou que o Corpo de Bombeiros adotará todos os
procedimentos que a situação exigir. DISPONÍVEL em
<http://cabecadecuia.com> com acesso em 08/09/2011.

2.8.4 A revista Veja noticia

Em 04 de abril de 1999 a revista veja noticia: “tortura, estupro e homicídio os


acusados são policiais.”

O sargento da polícia militar José Carlos de Souza, do Batalhão de Niteroi,


no Rio de Janeiro, confessou ter participado do assassinato da estudante de
comunicação social Patrícia Fernandes Braga, 20. A garota foi estuprada,
assassinada a tiros e depois teve o corpo queimado. O policial alega que
estava junto com os assassinos, tentou evitar o crime, mas não conseguiu.
Em São Paulo quatro policiais militares estão sendo acusados de triplo
homicídio qualificado e ocultação de cadáver: os soldados Edvaldo Rubéns
de Assis, Marcelo Christov e Humberto da Conceição e o segundo-tenente
Alessandro Rodrigues de Oliviveira abordaram três adolescentes que
deixavam um baile de carnaval em São Vicente e os sequestraram. Os
corpos foram achados em um riacho duas semanas depois. Um dos PMs,
Edvaldo, disse ter feito os disparos. Todos estão presos esperando
julgamento. DISPONÍVEL em <http://veja.abril.com.br>, em 08/09/2011.

Assim foram expostos diversos casos que, divulgados pela mídia ou não, contribuem
de forma considerável para o desprestígio e a queda da credibilidade das
Instituições Militares, por se tratarem de casos que afetam a honra e o pundonor
55

militar. Tais fatos têm que ser apurados e seus responsáveis punidos de forma a
tornarem-se exemplos a não serem seguidos pela classe dos militares.

As transgressões atentatórias à honra militar e ao decoro da classe não possuem


uma Instituição exata para aflorarem. O homem é suscetível de erro e vulnerável ao
cometimento de determinados atos que nunca poderão ser aceitos no meio militar.
Por isso a correção é inadiável e a divulgação como exemplo negativo é necessária.
Com intuito de manter a ordem, a disciplina, o prestígio e o bom funcionamento das
instituições militares.

2.9 Acórdãos

É a decisão exarada por um colegiado, um Tribunal. Diferenciando-se das


sentenças, pois estas são emitidas por decisões monocráticas. Paulo (2005, p. 20)
define que acordão é uma decisão proferida por órgão colegiado, decisão coletiva,
tomada por votos dos juízes competentes do Tribunal, Corte ou Câmara.

2.9.1 Militar acusado de roubo tentado

Fato analisado no Tribuna de Justiça Militar de Minas Gerais 5, retrata que o Ex-Sd
BM Célio Miguel da Silva Gonçalves teria efetuado uma tentativa de roubo a mão
armada no estabelecimento conhecido como “Breik-Breik”, sendo excluído
administrativamente, por autoridade competente no uso do devido processo legal.
Foi de unanimidade de votos a decisão do conselho pela manutenção da exclusão
do referido cidadão, que pleiteava seu retorno às fileiras da Instituição por alegação
do não cumprimento dos Princípios da ampla defesa e do contraditório no ato de sua
exclusão.

5
Órgão colegiado da Justiça Militar de Minas Gerais, Disponível em <http://www.tjm.consultajurisprud
encia.mg.gov.br/jcab/recursos/APELACAOCIVELNo014.pdf> Com Acesso em 12/11/2011.
56

É de fundamental importância ressaltar algumas passagens das palavras do relator


Juiz Cel PM Rúbio Paulino Coelho o qual reconhece as falhas na Instituição Militar
para investigar e punir os possíveis transgressores, quando relata que:

No manuseio mais detido dos autos, verifica-se uma certa fragilidade dos
mecanismos de acompanhamento e controle dos desvios de conduta
motivada, talvez, pelo número elevado de servidores militares, ensejando
que, em algumas vezes, não sejam detectadas transgressões disciplinares
na primeira falta ou crime cometido. (anexo 1)

Ele ainda exemplifica essas falhas no caso concreto quando relata que:

No caso do ex-Sd BM Célio Miguel da Silva Gonçalves, parece-nos que


esta assertiva é aplicável, pois somente na quarta tentativa de assalto ao
estabelecimento Breik-Breik, e, ainda, após seu envolvimento com extravio
do talonário de cheques, de conta vinculada de agente suprido do 1º BBM,
cujo responsável era seu superior hierárquico, 2º Tem QOR Raimundo
Anastácio Pena, utilizando-se de dois cheques para abastecimento de
combustível no Posto de Gasolina Aporé, conforme restou apurado nos
autos de SRR nº 05/98/1ºBBM (fls.83 a 90), é que chegou ao conhecimento
da administração a conduta incompatível com os Princípios da ética,
pundonor militar e decoro da classe, posto até então constar em seus
registros funcionais tratar-se de um ótimo militar.(Anexo 1)

E segue as palavras do mesmo hermeneuta o qual define as condutas ilibadas


exigidas do militar, estando ele de serviço ou não. Indo ao encontro dos termos
definidos neste trabalho, ao afirmar que:

Do profissional de Segurança Pública exige-se conduta ilibada. O militar


pertencente ao Corpo de Bombeiro deve cultuar ainda mais tais predicados,
pelo grau de empatia e confiança que suas ações despertam no seio da
sociedade Mineira.(Anexo 1)
57

2.9.2 Militar acusado de homicídio tentado

Após acusação de tentativa de homicídio, o soldado PM Anderson Aurélio Ramos,


cumprido o devido processo legal, é excluído das fileiras da PMMG. Após seu
julgamento na justiça comum, por se tratar de crime doloso contra vida, o réus foi
absolvido por ter cometido o crime em legítima defesa, requereu então junto ao
Tribunal de Justiça Militar seu retorno às fileiras da Instituição PMMMG, sendo por
unanimidade de votos indeferida tal solicitação.
Os juízes entenderam que o apelante foi excluído não pelo fato em si, mas pelas
circunstâncias e a repercussão negativa do fato, levando o autor ao cometimento de
falta grave contra a honra pessoal e o decoro classe.

O juiz Osmar Duarte Marcelino relata que:

Considerando a exposição do processo, onde restou provado que o


acusado, embora classificado no bom comportamento, cometeu
transgressão disciplinar de natureza gravíssima, quando na noite de
10/jul/92, envolveu-se em um tiroteio com civis, sendo o causador deste fato
e ainda, feito uso de bebida alcoólica, tudo isto ocasionando o fato que
sobremaneira afetou a honra pessoal e principalmente o pundonor militar e
o decoro da classe, tendo repercutido de maneira negativa na imprensa e
comunidade local, bem como na imprensa estadual, escrita e falada. (Anexo
2,p.6)
(Disponívelem:<http://www.tjm.consultajurisprudencia.mg.gov.br/jcab/recurs
os/ApelCivelno063.pdf > Com acesso em 12/11/2011)

Ele ainda considera os antecedentes pregressos do militar e faz referência aos


Princípios morais pregados pela Instituição, quando narra que: “os atos praticados
pelo acusado são frontalmente contrários à honra pessoal, ao pundonor militar e ao
decoro da classe e incompatíveis com os Princípios éticos que regem nossa
Corporação, tornando o Acusado irremediavelmente comprometido para o exercício
da profissão.” ( Anexo 2, p.6)
58

2.9.3 Policial militar acusado de homicídio consumado e tentado

Tal fato6 é apreciado pelo Tribunal de Justiça Militar de São Paulo7. Pesa contra com
Sr° 1° Ten PM Danyel Laghi a seguinte acusação: que o referido militar no dia 6 de
agosto de 2001, por volta das 18:30 horas, na Estrada do Governo, altura do n° 439,
no Bairro Pouso Alegre, em concurso com outros autores, teria planejado e
executado a vítima Américo Grilo Nogueira, agindo com divisão de tarefas
destinadas a consecução do resultado criminoso. E na mesma ocasião produziram
lesões corporais em Cicero Felix Gomes, ofendendo sua integridade. (Anexo 3)

Efectivamente, tal militar foi denunciado à corregedoria de sua Instituição e chamado


para prestar esclarecimentos, no entanto, não compareceu para esclarecer o
assunto e nem tão pouco voltou para trabalhar. Arrumou posteriormente um
atestado médico e homologou o tal documento em local diverso do seu Batalhão.
(Anexo 3)

O Tribunal de Justiça Militar do estado de São Paulo, após receber pedido do


Comandante Geral da Polícia Militar deste estado para julgar o referido oficial
indigno ou não com o oficialato, procedeu da seguinte forma.(Anexo 3)

Conforme o mérito da coisa julgada o Conselho decidiu aguardar a matéria que


possui um processo criminal na Justiça Comum em andamento, “mesmo com fortes
indícios da autoria e da materialidade do fato”; já analisando a situação a qual o
militar deu casa após tomar conhecimento da acusação a ele imputada, em suma o
desaparecimento injustificado, o Tribunal considerou o oficial indigno com o oficialato
por ter praticado ato incompatível com suas funções e atentatórios à honra pessoal,
ao decoro da classe e ao pundonor militar. (Anexo 3)

6
Acórdão disponível em < http://www.tjmsp.jus.br/ementario_pdf/0685.pdf> Acesso em 12/11/2011.
7
Criada pela Lei Estadual nº 2.856, de 8 de janeiro de 1937 a Justiça Militar de São Paulo conta com
o Tribuna de Justiça Militar, disponível maiores dados no Portal < http://www.tjmsp.jus.br/> com
acesso em 12/11/2011.
59

2.9.4 Militar reformado acusado de receptação de veículo produto de furto

Pesa contra o 1°Ten PM Antônio Oscar Lima, Militar reformado, a acusação de ter
sido o mesmo flagrado em posse de veículo clonado. Diante dos fatos tal acusação
foi colocada em votação pelo conselho de Justiça do Tribunal Militar de São Paulo.
Não conseguindo lograr êxito na sua defesa, foi considerada tal atitude, por parte do
Militar, como sendo fato atentatório à honra pessoal, ao decoro da classe e ao
pundonor militar, culminando assim, por unanimidade de votos, à incapacidade do
acusado para permanecer no oficialato. Sendo levantado ainda pelo relator, e
confirmado pela corte, que tal fato é exemplo negativo e nunca deverá ser seguido
pelos pares e nem pelos subordinados do ex-Militar em questão. (Anexo 4)8

2.9.5 Sargento condenado por crime hediondo

O ex-Sargento. Paulo Claudemir Michelon Finger da Brigada Militar gaúcha, após


sofrer condenação por crime de atentado violento ao pudor, transitado em julgado,
foi também excluído segundo o Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul,
após representação feita pela procuradoria de justiça. Vale ressaltar a observação e
justificação do relator no ato da exclusão.( Anexo 5)

A grave conduta delitiva perpetrada pelo representado afeta a honra


pessoal e o decoro da classe militar, tendo em vista a natureza hedionda do
delito de atentado violento ao pudor, revelando uma personalidade
distorcida do agente, que, valendo-se de sua condição de policial militar, em
serviço de policiamento ostensivo, viola gravemente os deveres e as
obrigações e a ética policial militar, estatutariamente assumidos,
desmerecendo a confiança do Estado e da sociedade. Anexo 5, Disponível
em<http://www.tjmrs.jus.br/juris prudencia/arquivo_jurisprudencia.asp?pIndi
ce=2326> Com acesso em 12/11/2010.

Ainda vale lembrar que neste caso, antes de ocorrer esta exclusão o cidadão em
questão já havia sido excluído por processo disciplinar interno da corporação, não

8
Disponível em < http://www.tjmsp.jus.br/ementario_pdf/1133.pdf> com Acesso em 12/11/2011
60

prejudicando em nada a exclusão perante a justiça militar, uma vez que são esferas
distintas.
61

3 METODOLOGIA

Foram realizadas pesquisas bibliográficas com o intuito de trazer para o trabalho o


real significado dos Princípios ora estudados, suas fontes históricas e os possíveis
caminhos ligados a um futuro, o qual poderá ser vivenciado. Foram consultados
assim, trabalhos acadêmicos, artigos científicos, livros e materiais relacionados ao
tema, através da pesquisa bibliográfica. Também foi realizada uma pesquisa de
campo, na área de noticiários publicados, voltada para análise e exposição de fatos
tidos como desonrosos e consequentemente não aceitos no meio militar.

Assim a forma de pesquisa utilizada nesta monografia foi o levantamento


bibliográfico, através da documentação indireta, consulta em livros, artigos. Foram
consultadas também diversas leis, decretos, memorandos e resoluções. O método
utilizado foi o hipotético-dedutivo, onde a resolução da hipótese partiu da consulta
em diversas fontes.

A normalização empregada neste estudo foi a última edição (2011) do Manual para
Normalização de Publicações Técnico-Científicas da Universidade Federal de Minas
Gerais.
62

4 DISCUSSÃO

Como foi visto o Código de Ética do Corpo de Bombeiros Militar e da Polícia Militar,
ambos de Minas Gerais é uma norma nova, com menos de uma década de
existência voltado apenas para uma classe no estado mineiro, a classe dos militares.
Por esse motivo é pouco exposta em bibliografias. Foram encontradas poucas obras
relacionando o tema exposto. O autor que relata teve que fazer uso de diversos
trabalhos monográficos na área da Segurança Pública, para então embasar as
conclusões e discussões a seguir.

Para servir de base de análise e exposição, exemplificando o que foi dito no decorrer
do trabalho, foi encontrado junto aos arquivos da BM/1, desde 2008, uma publicação
de ato que atentou contra a honra e o decoro da classe. E ainda, por se tratar de um
assunto polêmico e que, quando ocorrido, provoca grande repercussão no meio
social e na imprensa, foram levantados diversos casos que se enquadram no artigo
64 II do Código de Ética dos militares mineiros.

No embasamento teórico foram utilizadas diversas normas, ao invés de doutrinas,


não se abrindo mão destas em muitas passagens. Como é sabido, o Direito
Brasileiro advém do Direito Romano, onde todas as obrigações e deveres são
oriundos das leis positivadas, não sendo diferente neste trabalhando acadêmico,
onde foi dada preferência ao estudo das normas.

A revisão da literatura trouxe um relato e exposição dos sustentáculos jurídicos


usados, visando buscar embasamento legal para as funções e ações exercidas no
CBMMG. Entre as normas citadas foram colocadas a Constituição Federal Brasileira
de 1988 e a Constituição Estadual de Minas Gerais. Em diversos pontos coincidiu a
especificação e a imposição dos Princípios ora relacionados, a Legalidade e a
Moralidade.
63

Paralelamente, o Código de Ética surge em consonância com a CF/88, pregando e


andando nas linhas impostas pelos Princípios Constitucionais.

Posteriormente, é de fundamental importância a exposição de um breve histórico do


CBMMG, com intuito de relembrar os Princípios morais e os pilares da Instituição
para que a seguir entendamos os conceitos de honra pessoal e o decoro da classe.

Em virtude, de se tratar de uma Instituição Militar que é força reserva das Forças
Armadas, foram utilizados os conceitos de transgressão disciplinar de algumas
Instituições Militares como: o Exército Brasileiro, a Marinha Brasileira e o próprio
Bombeiro Militar de Minas Gerais. Aflorando em ambas as definições de
transgressão disciplinar como um ataque à ética militar.

Os Princípios Constitucionais são sólidos e as bibliografias estudadas convergem


para um único ponto, mostrando que o Princípio da Legalidade versa do estrito
cumprimento do que está na lei, aquilo que a lei manda e não no que ela é omissa.
Já o Princípio da Moralidade é exposto como uma linha direcional do militar,
pregando que os atos cometidos por militares, no desenrolar do cotidiano na
caserna ou no cumprimento de sua missão constitucional, devem ser dotados de
extrema moralidade e boas intensões.

Assim, após pequena explanação das dificuldades e caminhos tomados na


consolidação deste trabalho acadêmico, passamos então a analisar o núcleo ora
proposto pelo tema em questão.

Em análise a toda explanação teórica desta monografia, vemos que a honra pessoal
e o decoro da classe são termos sólidos, logo, podem ser definidos e se encaixam
em diversos casos concretos. Desde que a conduta do militar faltoso atente contra
64

os Princípios relacionados no art.9° do Código de Ética dos Militares do Estado de


Minas Gerais.

Como na definição dos termos “honra pessoal” e “decoro da classe” bem definida
neste trabalho, percebemos que tais condutas nada mais são que a negativa dos
Princípios da ética militar relacionados no citado parágrafo anterior. Ou seja, o militar
que atentar contra a ética militar, contra seus Princípios, poderá incorrer no afronto à
honra pessoal e ao decoro da classe. Ressalvado o Princípio da Proporcionalidade
na aplicação da medida “punitiva”.

Já os Princípios constitucionais estudados estão voltados para o andamento


administrativo das instituições. Deverá sim o militar pautar-se em todos os Princípios
constitucionais no decorrer de suas funções, caso contrário irá igualmente afrontar
os Princípios da ética militar e consequentemente incorrer em falta de natureza
demissionária.

Trançando um paralelo entre os Princípios Constitucionais e os Princípios da Ética


Militar, percebemos que aqueles são amplos, superiores até mesmo a determinadas
normas, sendo invocados sempre que a lei for obscura ao caso concreto ou até
mesmo omissa. Porém estes, os Princípios da Ética Militar, são bem mais amplos
englobando todos os Princípios constitucionais. Uma vez que após a inclusão do
militar nas fileiras do CBMMG não poderá este de forma alguma afrontar tais
Princípios. Em resumo, não terá hora nem ocasião definida para que esses
Princípios militares sejam invocados. O Bombeiro Militar em momento algum, na
hora de folga ou até mesmo na reforma, conforme acórdãos, poderá descumprir os
preceitos pregados pela Ética Militar.
65

5 CONCLUSÃO

Pode-se perceber que a definição de honra pessoal e decoro da classe é muito


ampla e aplicável a diversos casos reais. Por essa definição surge a interpretação e
a adequação no caso concreto, trazendo à tona possíveis subjetividades da
autoridade julgadora.

Têm-se casos que são titulados, de maneira unanime, como atentatórios à honra
pessoal e ao decoro da classe, conforme vistos anteriormente (sequestro, assalto,
roubo, extorsão), outros vão de encontro à honra, porém não interferem de maneira
significativa no CBMMG, de maneira tal que a administração tenha que interferir.

Assim pode-se perceber a diferença de honra pessoal exigida pela administração e


a honra exigida no meio social. Muitas vezes esses objetivos se cruzam tornando-se
uma linha única a ser seguida, usado nesse trabalho como comportamento honroso
que espelha as exigências da sociedade e os Princípios basilares da administração
pública.

É perceptível que a honra pessoal e o decoro da classe são amplos e generalistas,


uma vez que eles poderão ser infringidos sem ao menos ter os Princípios da
administração alcançados, ou seja, aqueles englobam estes. O Princípio da
Moralidade e da Legalidade, apesar de amplos na sua aplicação estão contidos na
honra pessoal e no decoro da classe.

Os Princípios da Moralidade e da Legalidade dizem respeito aos atos da


administração pública, ao bom andamento administrativo. Deverá o administrador
agir dentro dos Princípios éticos e morais para se proceder aos atos administrativos
e dentro do Princípio da legalidade, igualmente visando o bom e correto andamento
da administração do CBMMG. Porém, mesclando tais Princípios com a honra
66

pessoal e o decoro da classe, estes muito mais amplos que os Princípios


constitucionais, “amarrará” totalmente o servidor militar. Uma vez que deverá o
mesmo agir dentro dos Princípios éticos estando cumprindo atos da administração
ou não, ou seja, de serviço ou de folga.

A honra pessoal e o decoro dizem respeito a todos os atos e fatos envolvendo o


militar. Logo, o Bombeiro Militar do CBMMG deverá refletir honradez e exemplos
sociais a serem seguidos. Sendo inadmissível o cometimento de atos, sejam eles
em virtude do serviço ou em momentos de folga e descanso, que afetem a
credibilidade da Instituição Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.

São evidentes que os desvios de conduta desta natureza afligem diversas


Instituições, necessitando de uma política administrativa voltada para prevenção e
estudo dos precedentes do comento das transgressões. Sendo que para isso é
imprescindível à correção das pequenas faltas e o acompanhamento dos potenciais
infratores.

Para trabalhar preventivamente a conduta dos militares do CBMMG tem-se que:


efetuar um treinamento contínuo e a exposição de atos corretos e atitudes que foram
tomadas de maneira incorreta que geraram consequências para seus autores; um
acompanhamento contínuo dos militares no atendimento psicológico, procurando
fazer com que esses militares valorizem o seio familiar e a convivência em equipe no
seu cotidiano; e, principalmente, valorizar o militar correto, íntegro, dedicado, elogiá-
lo perante a tropa e enaltecê-lo, lhe transmitir responsabilidades e autonomia,
expondo este como exemplo positivo a ser seguido.

Assim, percebemos que todos os objetivos foram alcançados. O objetivo geral, o


qual propunha a criação de uma fonte de consulta, foi atingido. E os objetivos
específicos também foram alcançados, pois estão expostos e exemplificados
diversos fatos ocorridos que vieram de encontro aos Princípios militares. A honra
67

pessoal e o decoro da classe foram mostrados de formar clara e concisa, no corpo


deste trabalho e posteriormente discutido sua amplitude no capítulo reservado para
tal; e, principalmente, o objetivo central do trabalho, núcleo do tema, foi feita e
explicada a relação entre a honra pessoal e o decoro da classe, explícito claramente
na discussão e na conclusão desta monografia, seguida das sugestões
apresentadas pelo autor para melhor condução da tropa no cotidiano dos
aquartelamentos.
68

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ANEXO 1
73

ANEXO 2
74

ANEXO 3
75

ANEXO 4
76

ANEXO 5

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