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ANTONIO EVANGELISTA DE SOUZA NETTO
Curitiba
2019
AMAPAR
R. Ernâni Santiago de Oliveira, 87 - Centro Cívico, Curitiba - PR,
80530-130 Telefone: (41) 3254-6500
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AMAPAR/EMAP – Escola da Magistratura do Paraná
E-book Estudos de Direito Empresarial para Delegado de Polícia (Federal e Civil). 1. edição /
organizador Antonio Evangelista de Souza Netto – Curitiba: AMAPAR, 2019.
ISBN: 978-85-94263-05-6
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SUMÁRIO
1 DIREITO EMPRESARIAL.................................................................................................... 10
1.1 ORIGEM................................................................................................................................. 10
1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA..................................................................................................... 10
1.3 AUTONOMIA DO DIREITO EMPRESARIAL.................................................................... 12
1.4 FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL............................................................................. 12
1.5 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL........................................................ 12
1.6 PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL....................................................................... 13
1.7 DISCIPLINA PROCESSUAL DO DIREITO EMPRESARIAL............................................ 14
2. EMPRESÁRIO........................................................................................................................ 17
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO............................................................................ 17
2.2 INSCRIÇÃO DO EMPRESÁRIO.......................................................................................... 18
2.3 (IN)CAPACIDADE DO EMPRESÁRIO............................................................................... 18
2.4 IMPEDIMENTOS DO EMPRESÁRIO.................................................................................. 20
2.5 TEORIA DA EMPRESA E SEUS PERFIS............................................................................ 20
3.ESPÉCIES DE EMPRESA...................................................................................................... 24
3.1RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS................................................................................... 25
3.2 DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS.............................................................................................. 25
3.3 SÓCIO OCULTO.................................................................................................................... 26
3.4 SEGREDO COMERCIAL...................................................................................................... 27
4. TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO................................................................ 32
4.1CARACTERÍSTICAS DAS SOCIEDADES........................................................................... 33
4.2 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.............................................. 34
4.3 CLASSIFICAÇÕES DAS SOCIEDADES............................................................................. 36
4.3.1 Sociedades não personificadas e sociedades personificadas................................................ 36
4.3.2 Sociedades por quotas e sociedades por ações..................................................................... 37
4.3.3 Sociedades contratuais e sociedades estatutárias................................................................. 37
4.3.4 Sociedades de capital e sociedades de pessoas..................................................................... 37
4.3.5 Sociedades com responsabilidade ilimitada, limitada ou mista........................................... 37
4.4 SOCIEDADES DO CÓDIGO CIVIL..................................................................................... 38
4.4.1 Sociedade em comum........................................................................................................... 38
4.4.2 Sociedade em conta de participação..................................................................................... 39
4.4.3 Sociedade Simples................................................................................................................ 40
4.4.3.1 Elementos do Contrato Social........................................................................................... 41
4.4.3.2 Direitos e Obrigações dos Sócios...................................................................................... 43
4.4.3.3 Nulidade de exclusão na participação de lucros e perdas.................................................. 43
4.4.3.4 Administração da Sociedade Simples – artigos 1010 a 1021 do Código Civil................. 44
4.4.3.5 Relações com Terceiros nas Sociedades Simples............................................................. 45
4.4.3.6 Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio nas Sociedades Simples...................... 46
4.4.3.7 Dissolução da Sociedade Simples..................................................................................... 48
4.4.4 Sociedades Cooperadas e Agronegócio................................................................................ 49
4.4.5. Sociedade em Nome Coletivo............................................................................................. 51
4.4.6. Sociedade em Comandita Simples...................................................................................... 51
4.4.7. Sociedade Limitada............................................................................................................. 52
4.4.7.1. Aspectos Gerais das Sociedades Limitadas...................................................................... 52
4.4.7.2. Capital Social das Sociedades Limitadas......................................................................... 53
4.4.7.3. Administração das Sociedades Limitadas - Arts. 1060 A 1065 Do Código Civil........... 54
4.4.7.4. Conselho Fiscal das Sociedades Limitadas...................................................................... 55
4.4.7.5. Deliberações dos Sócios nas Sociedades Limitadas......................................................... 56
4.4.7.6. Aumento e redução do capital social nas sociedades limitadas....................................... 58
4.4.7.7. Resolução da sociedade em relação a sócios minoritários nas sociedades limitadas....... 58
4.4.7.8. Dissolução das Sociedades Limitadas.............................................................................. 59
4.4.7.9. Liquidação das Sociedades Reguladas Pelo Código Civil............................................... 59
4.5. SOCIEDADES COLIGADAS, CONTROLADORAS E CONTROLADAS NO CÓDIGO
CIVIL............................................................................................................................................ 60
4.6. OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS - INCORPORAÇÃO, FUSÃO, CISÃO (PARCIAL E
TOTAL) E TRANSFORMAÇÃO................................................................................................ 61
4.6.1. Incorporação........................................................................................................................ 62
4.6.2. Fusão.................................................................................................................................... 62
4.6.3. Cisão Total Ou Parcial......................................................................................................... 62
4.6.4. Transformação..................................................................................................................... 62
4.7. SOCIEDADES DEPENDENTES DE AUTORIZAÇÃO...................................................... 63
4.8. SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES.................................................................. 64
4.9. SOCIEDADES ANÔNIMAS................................................................................................. 64
4.9.1. Considerações Gerais.......................................................................................................... 64
4.9.2. Classificação das Ações...................................................................................................... 65
4.9.3. Valores das Ações............................................................................................................... 66
4.9.4. Debêntures........................................................................................................................... 66
4.9.5. Partes Beneficiárias............................................................................................................. 67
4.9.6. Bônus de Subscrição............................................................................................................ 67
4.9.7. Notas Promissórias e Commercial Papers........................................................................... 67
4.9.8. Constituição da Companhia................................................................................................. 67
4.9.9. Controle da Companhia....................................................................................................... 68
4.9.10. Alienação de Controle da Companhia............................................................................... 69
4.9.11. Órgãos Societários............................................................................................................. 69
4.9.12. Responsabilidade dos Administradores............................................................................. 70
4.9.13. Ação de Responsabilidade................................................................................................. 71
5. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL............................................................................ 79
5.1. DEFINIÇÃO........................................................................................................................... 79
5.2. ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIA................................................ 79
5.3. RESPONSABILIDADE PELAS DÍVIDAS.......................................................................... 81
5.4. PROIBIÇÃO DE CONCORRÊNCIA.................................................................................... 82
5.5. CESSÃO DE POSIÇÃO CONTRATUAL............................................................................ 83
5.6. PONTO COMERCIAL.......................................................................................................... 83
6. REGISTRO DE EMPRESAS................................................................................................. 92
7. NOME EMPRESARIAL, PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO E ESCRITURAÇÃO
EMPRESARIAL.......................................................................................................................... 98
7.1. NOME EMPRESARIAL. ...................................................................................................... 98
7.2. PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO......................................................................................... 100
7.3. ESCRITURAÇÃO EMPRESARIAL..................................................................................... 101
8. PROPRIEDADE INDUSTRIAL............................................................................................ 107
8.1. ASPECTOS GERAIS............................................................................................................. 107
8.2. PATENTES............................................................................................................................ 107
8.3. REGISTRO DE DESENHO INDUSTRIAL.......................................................................... 109
8.4. REGISTRO DE MARCA....................................................................................................... 110
8.5. INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS........................................................................................... 110
9. TÍTULOS DE CRÉDITO....................................................................................................... 118
9.1. TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO................................................................ 118
9.2. PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO....................................................................... 119
9.3. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO............................................................. 119
9.4. LETRA DE CÂMBIO............................................................................................................ 120
9.5. CHEQUE................................................................................................................................ 121
9.6. NOTA PROMISSÓRIA......................................................................................................... 122
9.7. DUPLICATA......................................................................................................................... 123
9.8. ATOS CAMBIAIS................................................................................................................. 124
9.8.1. Saque ou emissão................................................................................................................ 124
9.8.2. Aceite................................................................................................................................... 124
9.8.3. Endosso................................................................................................................................ 125
9.8.4. Aval..................................................................................................................................... 125
9.8.5. Protesto................................................................................................................................ 126
9.9. PRESCRIÇÃO DAS PRETENSÕES CAMBIAIS................................................................ 126
9.10. AÇÕES CAMBIAIS............................................................................................................ 127
10. CONTRATOS EMPRESARIAIS........................................................................................ 136
10.1. NOÇÕES GERAIS............................................................................................................... 136
10.2. REQUISITOS DOS CONTRATOS..................................................................................... 136
10.3. CLASSIFICAÇÕES DOS CONTRATOS........................................................................... 137
10.4. PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS...................................................................................... 139
10.5. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS..................................................................................... 141
10.6. MEIOS DE PROVA............................................................................................................ 142
10.7. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS........................................................................................ 143
10.8. CONTRATOS EM ESPÉCIE.............................................................................................. 144
10.8.1. Compra e Venda Mercantil............................................................................................... 144
10.8.2. Prestação de Serviços........................................................................................................ 144
10.8.3. Contratos Bancários (Conta-Corrente, Abertura de Crédito)............................................ 144
10.8.4. Arrendamento Mercantil Ou Leasing................................................................................ 146
10.8.5. Alienação Fiduciária em Garantia..................................................................................... 146
10.8.6. Factoring............................................................................................................................ 146
10.8.7. Franquia............................................................................................................................. 146
10.8.8. Concessão Mercantil......................................................................................................... 146
10.8.9. Comissão Mercantil........................................................................................................... 147
10.8.10. Agência e Distribuição.................................................................................................... 147
10.8.11. Representação Comercial Autônoma.............................................................................. 147
10.8.12. Seguro e Resseguro......................................................................................................... 147
11. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS........................................................... 155
11.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS.............................................................................................. 155
11.2. SUJEITOS ATIVOS DA FALÊNCIA................................................................................. 155
11.3. SUJEITOS PASSIVOS DA FALÊNCIA............................................................................. 156
11.4. COMPETÊNCIA NA FALÊNCIA E NA RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS.................. 156
11.5. JUÍZO UNIVERSAL........................................................................................................... 157
11.6. FUNDAMENTOS DO PEDIDO, RESPOSTA E DEPÓSITO ELISIVO........................... 157
11.6.1. Fundamentos do Pedido.................................................................................................... 157
11.6.2. Resposta............................................................................................................................. 158
11.6.3. Depósito Elisivo................................................................................................................ 158
11.7. SENTENÇA......................................................................................................................... 158
11.8. COMITÊ DE CREDORES................................................................................................... 160
11.9. DESENVOLVIMENTO DO PROCEDIMENTO PROCESSUAL..................................... 160
11.10. ORDEM DE PAGAMENTO DOS CRÉDITOS NA FALÊNCIA.................................... 160
11.11. RECUPERAÇÃO DE EMPRESA EM CRISE (RECUPERAÇÃO JUDICIAL E
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL) ....................................................................................... 162
11.11.1. Requisitos........................................................................................................................ 162
11.11.2. Meios de Recuperação Judicial....................................................................................... 163
11.11.3. Créditos não Abrangidos pela Recuperação Judicial...................................................... 164
11.11.4. Petição Inicial da Recuperação Judicial.......................................................................... 164
11.11.5. Plano de Recuperação Judicial........................................................................................ 165
11.11.6. Procedimento da Recuperação Judicial........................................................................... 166
11.11.7. Plano de Recuperação Judicial para Microempresas E Empresas de Pequeno Porte.... 167
11.11.8. Convolação da Recuperação Judicial em Falência.......................................................... 167
11.12. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL.............................................................................. 168
11.12.1. Créditos não Sujeitos à Recuperação Extrajudicial......................................................... 168
11.12.2. Procedimento da Recuperação Extrajudicial................................................................... 169
12. SISTEMAS FINANCEIROS................................................................................................ 187
12.1. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.............................................................................. 187
12.2. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO.................................................................... 188
12.3. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS....................... 188
13. JURISPRUDÊNCIA APLICADA DOS STJ SEPARADA POR TEMAS....................... 191
10
1. DIREITO EMPRESARIAL
1.1. ORIGEM
Constatou-se que desde o Código de Hamurabi (1.772 a.C) já havia normas voltadas à
disciplina das relações comerciais. Durante o Império Romano, embora o direito mercantil ainda
não fosse ramo autônomo do direito, também foram utilizadas normas que regulavam as atividades
comerciais. De todo modo, a disciplina das relações mercantis, nesse período, ainda estava sob os
domínios do Direito Civil.
O direito mercantil, contudo, só passou a ter caráter mais expressivo com o renascimento
mercantil, sobretudo pela intensificação do comércio marítimo, e pelo surgimento dos burgos,
locais de intenso exercício de atividades ligadas ao comércio. As corporações de ofício, formadas
pela reunião de comerciantes que se submetiam às regras comuns de orientação de suas atividades,
representam um marco significativo da origem do direito comercial. A partir das corporações é
possível reconhecer de modo mais nítido um conjunto de pessoas que exercem atividades da mesma
natureza e que se subordinam a normas gerais e abstratas, aplicáveis indistintamente a todos os
membros do grupo. É, essencialmente, a origem do sistema normativo de direito empresarial que
temos hoje.
monopólio jurisdicional passa, inclusive, para as mãos dos Estados. Esta fase também é marcada
pela divisão do direito privado, em dois ramos: direito civil e direito comercial.
c) fase da empresa, ou subjetiva contemporânea, que se inicia com a adoção da teoria da
empresa, a partir da vigência do Código Italiano de 1942. O Código Civil Brasileiro de 2002 passou
a adotar a teoria da empresa e, por conseguinte, promoveu a unificação formal do direito privado. A
teoria da empresa adota o exercício da empresa como o critério de subordinação dos empresários ao
regime jurídico-empresarial.
O Código Comercial Brasileiro de 1850 adotava a teoria dos atos do comércio, por
influência do Código Comercial Napoleônico de 1808. De acordo com a teoria dos atos do
comércio, comerciante seriam os sujeitos que praticassem determinados atos legalmente
qualificados como atos do comércio. O regulamento 737/1850, complementando as disposições do
Código Comercial Brasileiro de 1850, elencava os atos do comércio.
Nesse sentido, o artigo 19 do regulamento 737/1950 dispunha que se considerava mercancia
os seguintes atos:
a) a compra e venda ou troca de efeitos moveis, ou semoventes para os vender por grosso ou
a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso;
b) as operações de câmbio, banco, e corretagem;
c) as empresas de fabricas, de comissões, de depósitos, de expedição, de consignação, e
transporte de mercadorias;
d) as empresas de espetáculos públicos;
e) os seguro fretamentos e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo; e
f) a armação e expedição de navios.
O Código Civil de 2002, influenciado pelo Código Italiano de 1942, adotou a teoria da
empresa. Para a teoria da empresa, empresário é o sujeito que realiza uma atividade
economicamente organizada, destinada à produção ou circulação, de produtos ou serviços, com o
fim de lucro, denominada empresa. A definição de empresa está no artigo 966 do Código Civil. Ao
contrário da teoria dos atos do comércio, a teoria da empresa não adota um rol exaustivo de atos e
atividades para serem utilizados como critérios de qualificação do empresário.
Perfil poliédrico da empresa, segundo Alberto Asquini. De acordo com o jurista italiano, a
empresa seria um fenômeno econômico poliédrico, com os seguintes perfis:
a) perfil subjetivo, considerando a empresa como sendo um sujeito empresário;
b) perfil funcional, considerando a empresa como uma atividade economicamente
organizada, destinada à produção ou circulação de produtos ou serviços com o fim de lucro;
c) perfil objetivo ou patrimonial, considerando a empresa com um conjunto de bens
organizados ao exercício da atividade empresarial (ou seja, o estabelecimento); e
12
d) perfil corporativo, considerando a empresa como uma corporação reunida para alcançar
um fim econômico comum.
Princípio da livre iniciativa: Nos termos do artigo 170 da CF: A ordem econômica, fundada
na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios. De acordo com o
prof. Fábio Ulhoa Coelho, o princípio da livre-iniciativa se expressa em quatro aspectos:
a) imprescindibilidade da empresa privada para que a sociedade tenha acesso aos bens e
serviços de que necessita para sobreviver;
b) busca do lucro como principal motivação dos empresários;
c) necessidade jurídica de proteção do investimento privado; e
d) reconhecimento da empresa privada como polo gerador de empregos e de riquezas para a
sociedade.
Princípio da liberdade de Concorrência: Indicado no inciso IV do artigo 170 da CF. A livre
concorrência está tutelada em diversas normas infraconstitucionais, inclusive na lei 12.592/11 e nos
artigos 183 e seguintes da lei 9279/96. Diversas agências reguladoras, como Anatel, Anvisa ANP,
além do CADE, são responsáveis pela garantia da livre concorrência e combate à concorrência
desleal.
Princípio da garantia e defesa da Propriedade privada: Indicado, sobretudo, no inciso II, do
Artigo 170 da CF, e concretizado por várias leis infraconstitucionais, inclusive, o Código Civil de
2002.
Princípio da Função Social da Empresa: A função social da empresa decorre do artigo 5º,
XXIII da CF, além dos artigos 966 do Código Civil e das inúmeras normas infraconstitucionais que
seguem essa orientação. Merece destaque, inclusive, o artigo 116 da LSA: “O acionista controlador
deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social,
e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham
e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e
atender”.
14
QUESTÕES
QUESTÃO 1: Sobre a penhora do estabelecimento empresarial, assinale a alternativa
correta:
A) Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como
em semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-
depositário, determinando-lhe que apresente em 05 (cinco) dias o plano de administração.
B) Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como
em semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-
depositário, determinando-lhe que apresente em 15 (quinze) dias o plano de administração.
C) Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como
em semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-
depositário, determinando-lhe que apresente em 20 (vinte) dias o plano de administração.
D) Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como
em semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-
depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano de administração.
A alternativa que não contém um dos Princípios do Direito empresarial é a C. Como visto
acima, a doutrina aponta as seguintes características do Direito Empresarial:
a) cosmopolitismo, considerando a sua transcendência sobre os limites territoriais dos
Estados;
b) fragmentaridade, pois o direito empresarial possui ramos diversos, como o direito
societário, falimentar, cambial etc.);
c) informalismo, tendo em conta que as práticas comerciais precisam ser céleres, sem
entraves burocráticos;
d) elasticidade, tendo com conta o dinamismo do mercado, que não admite parâmetros
rígidos e inflexíveis; e
e) onerosidade, considerando que as atividades empresariais sempre objetivam o lucro.
GABARITO: C
17
2. EMPRESÁRIO
Como visto registro não é condição essencial, como regra, para a atribuição da qualidade de
empresário.
No entanto, conforme disposto no artigo 967 do CC é obrigatória a inscrição (registro pelo
arquivamento dos atos constitutivos) do empresário no Registro Público de empresas Mercantis (nas
Juntas Comerciais) da respectiva sede, antes do início da sua atividade.
Embora o registro seja obrigatório para concessão de regularidade e, em alguns casos, de
personalidade jurídica, como dissemos, o registro não atribui a qualidade de empresário ao sujeito.
A exceção está nos exercentes de atividade rurais, que passam a ser considerados
empresários a partir do registro nas juntas comerciais, conforme disposto no artigo 971 do Código
Civil.
Ainda com relação à aquisição da personalidade pelo registro, as sociedades em conta de
participação, por previsão expressa do legislador, não possuem personalidade jurídica, nem mesmo
poderão adquiri-la pelo registro. Nesse caso, portanto, ainda que eventualmente sejam registradas as
sociedades em conta de participação não adquirirão personalidade jurídica.
A irregularidade decorrente da falta de registro gera os seguintes efeitos:
a) responsabilidade ilimitada dos sócios;
b) impossibilidade de requerer a falência de terceiros, embora possa requerer a própria
falência;
c) impossibilidade para requerer recuperação judicial;
d) impossibilidade de contratar com o poder público.
A capacidade civil, em regra, é adquirida pela maioridade aos 18 anos completos. O maior
de 16 anos, contudo, adquirirá a emancipação se passar a exercer atividade empresarial com
recursos próprios.
Apesar dessa regra, em duas ocasiões poderá haver exercício da atividade empresarial por
empresário individual incapaz.
Numa primeira hipótese admite-se que o empresário continue exercendo a empresa se
houver incapacidade superveniente. Nesse caso, naturalmente, o empresário inicia a atividade sendo
capaz, porém em momento posterior se torna incapaz.
Uma segunda hipótese é a possibilidade da continuidade da atividade por sucessão
hereditária. Nesse caso o herdeiro incapaz poderá continuar a atividade já realizada pelo autor da
herança quando estava vivo.
Em ambos os casos, a atividade será exercida por representante, no caso de incapacidade
absoluta, ou por assistente, no caso de incapacidade relativa.
A continuidade da atividade pelo incapaz dependerá de prévia autorização judicial, mediante
expedição de alvará. Do alvará, além da indicação de representante ou assistente, o juiz deverá
indicar os bens que não ficarão sujeitos aos efeitos da atividade empresarial. Estes bens serão
reservados inclusive para garantir a futura subsistência do incapaz.
Com relação à proteção patrimonial do incapaz, aliás, o artigo 974, 2º do CC estipula que
não ficaram sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da
sucessão ou interdição, desde que estranhos ao acervo empresarial.
Sobre o empresário individual casado, o artigo 978 do Código Civil prevê, como exceção à
previsão do artigo 1.647, I, do CC, que ele poderá, independentemente da outorga conjugal ou do
regime de bens, alienar ou gravar de ônus real os imóveis que integrem o patrimônio destinado ao
exercício da empresa. Embora não haja menção expressa, a previsão do artigo 978 alcança também
os empresários que convivem em união estável, inclusive com pessoas do mesmo sexo.
Em todo caso, nada impede que o incapaz seja sócio de sociedade empresária, desde que não
exerça atividade de administração. Nesta hipótese o incapaz pode figurar como sócio mesmo para
no início da atividade empresarial que será exercida pela sociedade.
Já sobre o casamento ou união estável dos sócios das sociedades empresárias, o art. 977 do
Código civil estipula que conviventes, ou os cônjuges podem contratar sociedade, entre si ou com
terceiros. Com relação aos cônjuges, no entanto, só podem fazê-lo se não estiverem casados no
regime da comunhão universal de bens, ou no regime da separação obrigatória.
O impedimento é uma condição que impede o exercício da atividade empresarial por
algumas pessoas em situações especiais, independentemente de se questionar a (in)capacidade.
20
Como visto, o Código Comercial de 1850, regulamentado pelo decreto 737 de 1851 adotava
a teoria dos atos do comércio, por influência do direito francês e do Código Napoleônico. De acordo
com a teoria dos atos do comércio, considerava-se comerciante quem praticasse um dos atos do
comércio que estavam previstos abstratamente na norma.
O Código Civil de 2002, por influência do Código Italiano de 1942, revogou parcialmente o
código comercial de 1850, conforme o artigo 2.045. Com a revogação parcial suprimiu-se também a
teoria dos atos do comércio, adotando em seu lugar a teoria da empresa, por influência do Código
italiano de 1942. De acordo com a teoria da empresa, empresário é o sujeito que exerce
profissionalmente uma atividade chamada empresa. Empresa, conforme previsão do artigo 966 do
Código Civil, é uma atividade economicamente organizada que se destina à circulação de produtos
ou serviços, com o fim de lucro.
21
QUESTÕES
3. ESPÉCIES DE EMPRESA
Os direitos e obrigações dos sócios estão disciplinado, basicamente, nos artigos 1.001 a
1.009 do Código Civil, além das previsões específicas da lei 6404/76 (lei das sociedades anônimas).
Basicamente, os direitos dos sócios são os seguintes:
a) direito de participação nos resultados da atividade;
b) direito de participar das deliberações da sociedade;
c) direito de se retirar da sociedade nas hipóteses em que alei autoriza o direito de recesso;
d) direito exercer a fiscalização sobre a gestão da sociedade.
De acordo com o art. 997, V e VII do Código Civil: A sociedade constitui-se mediante
contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas.
Além disso, os artigos 1007 a 1009 do Código Civil estipulam o seguinte:
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Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na
proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente
participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas.
Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos
lucros e das perdas.
Art. 1.009. A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta responsabilidade solidária
dos administradores que a realizarem e dos sócios que os receberem, conhecendo ou devendo
conhecer-lhes a ilegitimidade (a solidariedade está disciplinada, inclusive, nos artigos 264 a 266 do
Código Civil).
Sobre este tema, são relevantes os conteúdos dos seguintes enunciados das jornadas de
direito civil do CJF:
Enunciado número 59 – Os sócios gestores e os administradores das empresas são
responsáveis subsidiária e ilimitadamente pelos atos ilícitos praticados, de má gestão ou contrários
ao previsto no contrato social ou estatuto, consoante estabelecem os arts. 990, 1.009, 1.016, 1.017 e
1.091, todos do Código Civil.
Enunciado número 487 – Na apuração de haveres de sócio retirante (art. 1.031 do CC),
devem ser afastados os efeitos da diluição injustificada e ilícita da participação deste na sociedade.
Alguns editais (inclusive os dos concursos da Polícia Federal e Abin) apontam o sócio
oculto em item isolado dos itens que tratam das sociedades. O ponto deveria estar colocado ao lado
das demais questões que dizem respeito às sociedades.
Em todo o caso, é relevante destacar que o sócio oculto (atualmente denominado de sócio
participante) é uma espécie de sócio das sociedades em conta de participação, disciplinada pelos
artigos 991 a 996 do Código Civil.
Os participativos contribuem para a formação do capital social e têm responsabilidade
limitada. Os sócios ostensivos são aqueles que além de contribuir para a formação do capital, são os
responsáveis pela gestão da sociedade e por sua representação perante terceiros. Os sócios
ostensivos têm responsabilidade ilimitada.
27
Em alguns editais (inclusive os dos concursos da Polícia Federal e Abin) contém o segredo
comercial como item da disciplina de Direito Empresarial.
Esta questão está relacionada aos direitos da propriedade intelectual, à garantia da livre
concorrência e à censura da concorrência desleal.
O Acordo TRIPs (agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights, ou
acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio) é um
tratado Internacional, integrante do conjunto de acordos assinados em 1994 que encerrou a Rodada
Uruguai e criou a Organização Mundial do Comércio. O TRIPS foi negociado no final da Rodada
Uruguai no Acordo Geral de Tarifas e Troca (GATT) em 1994
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_TRIPs).
O decreto 1.355 de 1994 promulgou a ata final que incorpora os resultados da Rodada
Uruguai de negociações comerciais multilaterais do GATT.
O acordo sobre os aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio,
no seu artigo 39, trata da proteção de informações confidenciais, nos termos seguintes:
1 - Ao assegurar uma proteção efetiva contra a concorrência desleal, conforme previsto no
artigo 10.º bis da Convenção de Paris (1967), os Membros protegerão as informações não
divulgadas em conformidade com o disposto no n. º 2 e os dados comunicados aos poderes públicos
ou organismos públicos em conformidade com o disposto no n. º 3.
2 - As pessoas singulares e coletivas terão a possibilidade de impedir que informações
legalmente sob o seu controlo sejam divulgadas, adquiridas ou utilizadas por terceiros sem o seu
consentimento de uma forma contrária às práticas comerciais leais (10), desde que essas
informações:
a) Sejam secretas, no sentido de não serem geralmente conhecidas ou facilmente acessíveis,
na sua globalidade ou na configuração e ligação exatas dos seus elementos constitutivos, para
pessoas dos círculos que lidam normalmente com o tipo de informações em questão;
b) Tenham valor comercial pelo facto de serem secretas; e
c)Tenham sido objeto de diligências consideráveis, atendendo às circunstâncias, por parte da
pessoa que detém legalmente o controlo das informações, no sentido de as manter secretas.
3 - Sempre que subordinem a aprovação da comercialização de produtos farmacêuticos ou
de produtos químicos para a agricultura que utilizem novas entidades químicas à apresentação de
dados não divulgados referentes a ensaios ou outros, cuja obtenção envolva um esforço
considerável, os Membros protegerão esses dados contra qualquer utilização comercial desleal.
Além disso, os Membros protegerão esses dados contra a divulgação, exceto quando necessário
28
para proteção do público, ou a menos que sejam tomadas medidas para garantir a proteção dos
dados contra qualquer utilização comercial desleal.
Referências
BARBOSA, Denis Borges. Propriedade intelectual: a aplicação do Acordo Trips. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2003.
BITTAR, Carlos Alberto. Teoria e prática da concorrência desleal. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2005.
CARRARO, André. Propriedade intelectual e a teoria dos jogos. Santa Cruz do Sul:
EDUNISC, 2006.
CERQUEIRA, Joao da Gama. Tratado da propriedade industrial. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1982.
DINIZ, Davi Moteiro. Propriedade industrial e segredo de comércio. Belo Horizonte: Del
Rey, 2003.
FEKETE, Elisabeth Kasznar. O Regime Jurídico do Segredo de Indústria e Comércio no
Direito Brasileiro. Editora Forense, 2003. 489.
FURTADO, Lucas Rocha. Sistema de propriedade industrial no direito brasileiro:
comentários a nova legislação sobre marcas e patentes - Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996.
Brasília: Brasília Jurídica Ltda, 1996.
PEREIRA, Marco Antonio Marcondes. Concorrência desleal por meio da
publicidade. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2001.
SILVEIRA, Newton. Propriedade intelectual: propriedade industrial, direito de autor,
software, cultivares. 3. ed. Barueri: Manole, 2005.
SOARES, Jose Carlos Tinoco. Tratado da propriedade industrial: patentes e seus
sucedaneos. São Paulo: Jurídica Brasileira, 1998.
29
QUESTÕES
COMENTÁRIOS
A) INCORRETA: Em regra os sócios não respondem com o seu patrimônio.
B) CORRETA: Art. 966 do CC: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
C) INCORRETA: Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
31
D) INCORRETA: Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com
terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no
da separação obrigatória.
E) INCORRETA: e) Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição,
no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
GABARITO: B
32
Como visto, os empresários podem ser uma pessoa física (empresário individual) ou uma
pessoa jurídica (Eireli e demais espécies de sociedades empresárias, com ou sem personalidade
jurídica).
As pessoas jurídicas de direito privado estão apontadas no artigo 44 do Código Civil.
São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações;
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos;
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
As sociedades são pessoas jurídicas, compostas por pessoas que se aproximam para exercer
uma atividade com fins lucrativos. As sociedades podem ser empresárias ou simples. Serão
empresárias se exercem a empresa, ou se são sociedades anônimas. Serão simples se não exercem a
empresas ou se são cooperativas. Quanto às sociedades que exercem atividades rurais, em regra,
serão simples. Poderão ser empresárias se optarem pelo registro nas juntas comerciais.
É importante atentar para o fato de que a expressão sociedade simples pode ter dois sentidos:
a) quanto ao objeto social, sociedade simples é aquela que não exerce atividade empresarial. Nesse
caso, ela pode assumir as formas de sociedade cooperativa, sociedade em comandita simples ou
sociedades limitadas; b) quanto à forma, sociedade simples é aquela que segue as normas dos
artigos 997 do Código Civil (nesse caso é chamada de sociedade simples pura).
De acordo com o art. 982, do Código Civil, salvo as exceções expressas, considera-se
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a
registro (art. 967); e, simples, as demais.
Sobre este ponto, confira os seguintes enunciados das jornadas de direito civil do CJF/STJ:
Enunciado número 196: A sociedade de natureza simples não tem seu objeto restrito às
atividades intelectuais.
Enunciado número 207: A natureza de sociedade simples da cooperativa, por força legal,
não a impede de ser sócia de qualquer tipo societário, tampouco de praticar ato de empresa.
Enunciado número 476: Eventuais classificações conferidas pela lei tributária às sociedades
não influem para sua caracterização como empresárias ou simples, especialmente no que se refere
ao registro dos atos constitutivos e à submissão ou não aos dispositivos da Lei n. 11.101/2005.
33
O parágrafo único do artigo 982, por sua vez, prevê que independentemente de seu objeto,
considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
Já o art. 983 do Código Civil, indica que a sociedade empresária deve constituir-se segundo
um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de
conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.
Essa questão foi abordada pelos seguintes enunciados das jornadas de direito Civil do
CJF/STJ:
Enunciado número 57: A opção pelo tipo empresarial não afasta a natureza simples da
sociedade.
Enunciado número 206: A contribuição do sócio exclusivamente em prestação de serviços é
permitida nas sociedades cooperativas (art. 1.094, I) e nas sociedades simples propriamente ditas
(art. 983, 2ª parte).
Enunciado número 382: Nas sociedades, o registro observa a natureza da atividade
(empresarial ou não – art. 966); as demais questões seguem as normas pertinentes ao tipo societário
adotado (art. 983). São exceções as sociedades por ações e as cooperativas (art. 982, parágrafo
único).
Enunciado número 474: Os profissionais liberais podem organizar-se sob a forma de
sociedade simples, convencionando a responsabilidade limitada dos sócios por dívidas da
sociedade, a despeito da responsabilidade ilimitada por atos praticados no exercício da profissão.
Enunciado número 475: Considerando ser da essência do contrato de sociedade a partilha do
risco entre os sócios, não desfigura a sociedade simples o fato de o respectivo contrato social prever
distribuição de lucros, rateio de despesas e concurso de auxiliares.
d) autonomia patrimonial. Quer dizer que por ser uma pessoa jurídica distinta dos sócios e
individualizada, tem patrimônio próprio. Esse seu patrimônio será, inclusive, utilizado em regra
para satisfazer a pretensão dos seus credores.
Sobre a pluralidade de sócios, convém destacar o contido no artigo 1033, IV, do Código
Civil, que prevê a dissolução da sociedade pela falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no
prazo de cento e oitenta dias. A dissolução não ocorrerá, contudo, se o sócio remanescente,
inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira,
no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para
empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada. No mesmo sentido,
o art. 1.051, II, do Código Civil prevê que se dissolve de pleno direito a sociedade em comandita
simples, quando por mais de cento e oitenta dias perdurar a falta de uma das categorias de sócio.
As sociedades simples estão disciplinadas no Código Civil e as empresárias no Código Civil
e na LSA. Apesar de não serem sociedades empresárias, as normas que orientam as sociedades
simples se aplicam, em regra, subsidiariamente às sociedades previstas no Código Civil.
As sociedades empresárias, em regra, adquirem a personalidade jurídica pelo registro dos
seus atos constitutivos na Junta Comercial.
As sociedades em conta de participação, contudo, espécie de sociedade sem personalidade
jurídica, não podem adquirir personalidade jurídica.
Como vimos, as sociedades têm autonomia patrimonial. Logo, em regra, será com seu
próprio patrimônio que a sociedade satisfará a pretensão dos seus credores.
No entanto, em algumas hipóteses poderá haver a desconsideração da personalidade jurídica,
casos em que poderá haver responsabilização dos sócios por obrigações ligadas à sociedade.
As normas que orientam essas questões, basicamente, são as seguintes:
Artigos 133 a 137 do NCPC
Artigo 50 do Código Civil – artigo 40 a 52
Artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor.
Artigo 2º, §2º da CLT.
Artigo 135 do Código Tributário Nacional.
Artigo 4º da lei 9.605/98.
Artigo 18, §3º, da lei 9.847/99.
Artigo 34 da lei 12.529/11.
Artigos 117, 158, 245 e 246 da lei 6.404/76.
35
NCPC – 1.062 – aplica-se aos juizados; 795 §4º obrigatoriedade do incidente; 134, §2º
dispensa o incidente.
Confira os seguintes Enunciados das Jornadas de Processo Civil Do CJF sobre
Desconsideração da Personalidade Jurídica:
Enunciado número 123. É desnecessária a intervenção do Ministério Público, como fiscal da
ordem jurídica, no incidente de desconsideração da personalidade jurídica, salvo nos casos em que
deva intervir obrigatoriamente, previstos no art. 178. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de
Terceiros)
Enunciado número 124. A desconsideração da personalidade jurídica no processo do
trabalho deve ser processada na forma dos arts. 133 a 137, podendo o incidente ser resolvido em
decisão interlocutória ou na sentença.
Enunciado número 125. Há litisconsórcio passivo facultativo quando requerida a
desconsideração da personalidade jurídica, juntamente com outro pedido formulado na petição
inicial ou incidentemente no processo em curso. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros)
Enunciado número 247. Aplica-se o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
no processo falimentar. (Grupo: Impactos do CPC nos Juizados e nos procedimentos especiais de
legislação extravagante)
Enunciado número 248. Quando a desconsideração da personalidade jurídica for requerida
na petição inicial, incumbe ao sócio ou a pessoa jurídica, na contestação, impugnar não somente a
própria desconsideração, mas também os demais pontos da causa. (Grupo: Petição inicial, resposta
do réu e saneamento)
Enunciado número 390. Resolvida a desconsideração da personalidade jurídica na sentença,
caberá apelação. (Grupo: Litisconsórcio e intervenção de terceiros)
Confira os Enunciados sobre desconsideração da personalidade jurídica das Jornadas
de Direito Civil do CJF
Enunciado número 7: Só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica quando
houver a prática de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam
incorrido.
Enunciado número 61: O termo “subsidiariamente” constante do inc. VIII do art. 997 do
Código Civil deverá ser substituído por “solidariamente” a fim de compatibilizar esse dispositivo
com o art. 1.023 do mesmo Código1.
Enunciado número 281: A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do
Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica.
Enunciado número 282: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si
só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica.
Enunciado número 283: É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada
“inversa” para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens
pessoais, com prejuízo a terceiros.
Enunciado número 284: As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de
fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.
Enunciado número 285: A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil,
pode ser invocada pela pessoa jurídica, em seu favor.
Enunciado número 286: Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à
pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais
direitos.
Enunciado número 406: A desconsideração da personalidade jurídica alcança os grupos de
sociedade quando estiverem presentes os pressupostos do art. 50 do Código Civil e houver prejuízo
para os credores até o limite transferido entre as sociedades.
Sociedades por quotas são as sociedades disciplinadas pelo código civil, cujo capital é
fracionado em quotas.
Sociedades por ações são as sociedades disciplinadas pela LSA, cujo capital social é
fracionado em ações. As ações são as unidades representativas do capital social. Entre as sociedades
empresárias, as sociedades anônimas e as sociedades em comanditas por ações são sociedades por
ações. As demais sociedades personificadas são sociedades por quotas.
Sociedades contratuais as sociedades disciplinadas pelo código civil, reguladas por contrato
social.
Sociedades estatutárias são as sociedades disciplinadas pela LSA, regularas por estatuto.
Entre as sociedades empresárias, as sociedades anônimas e as sociedades em comanditas por ações
são estatutárias. As demais sociedades são sociedades contratuais.
Sociedades de capital são aquelas nas quais as características pessoas dos sócios são
irrelevantes. A única importância quanto à pessoa do sócio é a sua contribuição para a formação do
capital social. As sociedades anônimas são o exemplo tradicional de sociedades de capital.
Sociedades de pessoas são aquelas sociedades nas quais as características pessoais dos
sócios são essenciais. Embora sejam essenciais, as contribuições para a formação do capital social
assumem um aspecto secundário nessas espécies de sociedades. Exemplo tradicional de sociedades
de pessoas são as sociedades em nome coletivo.
As sociedades em comum estão disciplinadas pelos artigos 986 a 990 do Código Civil, com
regulamentação subsidiária pelas normas que tratam das sociedades simples.
Nesse sentido é o seguinte é o enunciado 208 das jornadas de Direito Civil do CJF/STJ: As
normas do Código Civil para as sociedades em comum e em conta de participação são aplicáveis
independentemente de a atividade dos sócios, ou do sócio ostensivo, ser ou não própria de
empresário sujeito a registro (distinção feita pelo art. 982 do Código Civil entre sociedade simples e
empresária).
É uma sociedade sem personalidade jurídica. Denominava-se:
a) sociedade irregular, quando havia um instrumento contratual sem registro;
b) sociedade de fato, quando sequer havia instrumento contratual.
Atualmente, independentemente da (in)existência de instrumento contratual, a sociedade
sem personalidade jurídica por ausência de registro será uma sociedade em comum (exceto se for
sociedade em conta de participação).
Nesse sentido é o seguinte é o enunciado 58 das jornadas de Direito Civil do CJF/STJ: A
sociedade em comum compreende as figuras doutrinárias da sociedade de fato e da sociedade
irregular.
De acordo com o artigo 987 do Código Civil, nas sociedades em comum os sócios, nas
relações entre si ou em face de terceiros, só podem provar a existência da sociedade por meio
escrito. No entanto, os terceiros podem a existência da sociedade por qualquer meio.
O art. 988 do Código Civil indica que nas sociedades em comum, os bens e dívidas da
sociedade formam um patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.
O enunciado 210 das jornadas de direito civil do CJF assinala que: O patrimônio especial a
que se refere o art. 988 é aquele afetado ao exercício da atividade, garantidor de terceiro, e de
titularidade dos sócios em comum, em face da ausência de personalidade jurídica.
Como não tem personalidade jurídica, a sociedade em comum não terá proteção do nome
empresarial.
39
Embora possa ser sujeito passivo de falência requerida por terceiro, ou mesmo requerer sua
própria falência (autofalência), as sociedades em comum não poderão requerer a falência de
terceiros (figurar como sujeito ativo) nem requerer recuperação judicial.
Com relação à responsabilidade, é o art. 989 do Código Civil que trata da questão ao indicar
que os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, exceto se
houver um ajuste expresso limitativo de poderes. Este ajuste, no entanto, só terá eficácia perante
terceiros se os terceiros ao menos puderem ter conhecimento dele. Essa potencialidade cognitiva
pode ser demonstrada, por exemplo, pela publicidade do ajuste.
O artigo 47 do Código Civil, nesse pondo, destaque que a pessoa jurídica fica obrigada pelos
atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
Já o enunciado 211 das jornadas de direito civil do CJF/STJ prevê que: presume-se
disjuntiva a administração dos sócios a que se refere o art. 989.
Ainda com relação à responsabilidade, o artigo 990 do Código Civil prevê que os sócios
respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem,
previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
O enunciado 212 das jornadas de direito civil do CJF/STJ afirma que: Embora a sociedade
em comum não tenha personalidade jurídica, o sócio que tem seus bens constritos por dívida
contraída em favor da sociedade, e não participou do ato por meio do qual foi contraída a obrigação,
tem o direito de indicar bens afetados às atividades empresariais para substituir a constrição.
Já o enunciado 59 prevê que: Os sócios gestores e os administradores das empresas são
responsáveis subsidiária e ilimitadamente pelos atos ilícitos praticados, de má gestão ou contrários
ao previsto no contrato social ou estatuto, consoante estabelecem os arts. 990, 1.009, 1.016, 1.017 e
1.091, todos do Código Civil.
As sociedades em conta de participação estão reguladas nos artigos 991 a 996 do Código
Civil.
Sobre a disciplina normativa subsidiária, o artigo 996 do Código civil prevê o seguinte:
Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível,
o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de
contas, na forma da lei processual.
Com relação a essa questão, o enunciado 208 das jornadas de direito civil do CJF anuncia
que: As normas do Código Civil para as sociedades em comum e em conta de participação são
aplicáveis independentemente de a atividade dos sócios, ou do sócio ostensivo, ser ou não própria
40
de empresário sujeito a registro (distinção feita pelo art. 982 do Código Civil entre sociedade
simples e empresária).
São sociedades sem personalidade jurídica. Essas sociedades não poderão adquirir
personalidade jurídica, nem mesmo pelo eventual registro.
Em todo caso, para fins tributários, o decreto 9580/2018 (revogou o decreto 3000/99) que
disciplina o imposto de renda prevê, no seu artigo 160, que as sociedades em conta de participação
são equiparadas às pessoas jurídicas.
Como não tem personalidade jurídica, a sociedade em conta de participação não terá
proteção do nome empresarial.
Nesse sentido, o art. 1.162 do Código Civil é expresso ao indicar que a sociedade em conta
de participação não pode ter firma ou denominação.
Nas sociedades em conta de participação existem duas categorias de sócios:
a) sócio participativo (antes denominado sócio oculto), com responsabilidade limitada;
b) sócio ostensivo, com responsabilidade ilimitada, além de ser o responsável pela
representação (em sentido amplo) da sociedade perante terceiros.
Sobre a representação em sentido amplo e o exercício da atividade pelo sócio ostensivo, o
artigo 991 do Código Civil prevê expressamente que a atividade constitutiva do objeto social das
sociedades em conta de participação deverá ser exercida em nome próprio pelo sócio ostensivo.
O parágrafo único do artigo 991, nesse sentido, complementa a orientação indicando que
somente o sócio ostensivo se obriga perante terceiros. Já o sócio participativo, nos termos do
contrato social se obriga exclusivamente perante o sócio ostensivo.
Com relação à falência, temos duas situações:
a) falindo o sócio ostensivo, deve haver a dissolução da sociedade;
b) falindo o sócio participativo, o contrato social ficará sujeito às normas regulatórias dos
efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido, conforme assinalado no artigo 994, §3º do
Código Civil.
Por fim, outra regra importante, com relação à admissão de sócio, vedação, exceto
estipulação em contrário, de admissão pelo sócio ostensivo de novos sócios, sem a autorização dos
demais, conforme indicado no artigo 995 do CC.
Embora não sejam sociedades empresárias, as normas que regulam as sociedades simples se
aplicam, em regra, às sociedades empresárias.
41
Assim, trataremos das regras gerais das sociedades simples e, após, apontaremos as
particularidades normativas das demais espécies de sociedades empresárias.
Conforme estipulado no art. 997 do Código Civil, a sociedade constitui-se mediante contrato
escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e
a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e
atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
O parágrafo único do mencionado artigo, prevê ser ineficaz em relação a terceiros qualquer
pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.
Com relação ao caput, confira os seguintes enunciados das jornadas de direito Civil do
CJF/STJ:
Enunciado número 214: As indicações contidas no art. 997 não são exaustivas, aplicando-se
outras exigências contidas na legislação pertinente, para fins de registro.
Enunciado número 383: A falta de registro do contrato social (irregularidade originária –
art. 998) ou de alteração contratual versando sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade
superveniente – art. 999, parágrafo único) conduz à aplicação das regras da sociedade em comum
(art. 986).
Enunciado número 478: A integralização do capital social em bens imóveis pode ser feita
por instrumento particular de contrato social ou de alteração contratual, ainda que se trate de
sociedade sujeita ao registro exclusivamente no registro civil de pessoas jurídicas.
No que se refere ao inciso II, do artigo 997, confira os seguintes enunciados das jornadas de
direito Civil do CJF/STJ:
42
Os direitos e obrigações dos sócios das sociedades simples estão nos 1001 a 1009 e 1031 §1º
do Código Civil.
Todos os sócios devem contribuir para a formação do capital social, mediante subscrição,
seguida da integralização.
Se o sócio não integralizar as quotas nos termos da subscrição, ele se tornará remisso após
30 dias da constituição da mora, que se dá mediante notificação (mora ex persona).
O enunciado número 487 das jornadas de direito civil do CJF/STJ estipula que: Na apuração
de haveres de sócio retirante (art. 1.031 do CC), devem ser afastados os efeitos da diluição
injustificada e ilícita da participação deste na sociedade.
Nas sociedades simples, que não exercem atividades empresárias, pode haver contribuição
em serviços para a formação do capital social. Nas sociedades que exercem atividades empresárias
a contribuição deve ser em bens, naturalmente com expressão econômica.
O enunciado número 206 das jornadas de direito civil do CJF/STJ prevê que: A contribuição
do sócio exclusivamente em prestação de serviços é permitida nas sociedades cooperativas (art.
1.094, I) e nas sociedades simples propriamente ditas (art. 983, 2ª parte).
Nas hipóteses da entrega de bens para a formação do capital social os sócios são equiparados
aos vendedores e respondem, inclusive, pela evicção.
Em regra, a integralização do capital com a oferta de bem imóvel deverá ser dar por meio de
escritura pública. Nos casos das sociedades limitadas e anônimas, contudo, a escritura pública será
44
dispensável. Nesse sentido é a orientação dos artigos 35, inc. VII da lei 8934/94 e 89 da lei 6404/76
(confira também a seguinte jurisprudência REsp-STJ 689.937).
Nas sociedades simples, os sócios não podem ser substituídos nem ceder quotas sem
consentimento dos demais.
No caso da cessão de quotas, cedente e cessionário serão solidariamente responsáveis
perante a sociedade e terceiros, durante dois anos, contados da averbação da cessão.
Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse contrário ao
da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seu voto.
Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros
prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.
Sobre a responsabilidade, confira os seguintes enunciados das jornadas de direito civil do
CJF/STJ:
Enunciado número 60: As expressões “de peita” ou “suborno” do § 1º do art. 1.011 do novo
Código Civil devem ser entendidas como corrupção, ativa ou passiva.
Enunciado número 220: É obrigatória a aplicação do art. 1.016 do Código Civil de 2002,
que regula a responsabilidade dos administradores, a todas as sociedades limitadas, mesmo àquele
cujo contrato social preveja a aplicação supletiva das normas das sociedades anônimas.
Enunciado número 487: Na apuração de haveres de sócio retirante (art. 1.031 do CC),
devem ser afastados os efeitos da diluição injustificada e ilícita da participação deste na sociedade.
De acordo com o artigo 1023 do CC, se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas,
respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula
de responsabilidade solidária.
A responsabilidade dos sócios é, contudo, subsidiária.
Nesse sentido, o enunciado 61 das jornadas de direito comercial do CJF/STJ prevê que: O
termo “subsidiariamente” constante do inc. VIII do art. 997 do Código Civil deverá ser substituído
por “solidariamente” a fim de compatibilizar esse dispositivo com o art. 1.023 do mesmo Código.
O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas sociais anteriores à
admissão. Essa é a orientação do artigo 1025 do CC.
Além disso, conforme indicado pelo artigo 1026 do CC, o credor particular de sócio pode,
na insuficiência de outros bens do devedor, pretender por execução os lucros ou o saldo da
liquidação. O parágrafo único, em complemento, afirma que se a sociedade não estiver dissolvida,
pode o credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art.
1.031, será depositado em dinheiro, no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação.
Sobre este tema, confira os seguintes enunciados das jornadas de direito civil do
CJF/STJ:
Enunciado número 386: Na apuração dos haveres do sócio devedor, por consequência da
liquidação de suas quotas na sociedade para pagamento ao seu credor (art. 1.026, parágrafo único),
46
não devem ser consideradas eventuais disposições contratuais restritivas à determinação de seu
valor.
Enunciado número 387: A opção entre fazer a execução recair sobre o que ao sócio couber
no lucro da sociedade ou sobre a parte que lhe tocar em dissolução orienta-se pelos princípios da
menor onerosidade e da função social da empresa.
Enunciado número 388: O disposto no art. 1.026 do Código Civil não exclui a possibilidade
de o credor fazer recair a execução sobre os direitos patrimoniais da quota de participação que o
devedor possui no capital da sociedade.
Enunciado número 389: Quando se tratar de sócio de serviço, não poderá haver penhora das
verbas descritas no art. 1026, se de caráter alimentar.
Conforme orientação do artigo 1027 do CC, os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge
do que se separou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte que lhes couber na quota
social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade.
Nesse sentido, o enunciado 13 das jornadas de direito comercial do CJF/STJ prevê que: A
decisão que decretar a dissolução parcial da sociedade deverá indicar a data de desligamento do
sócio e o critério de apuração de haveres.
entendimento aplica-se ao art. 1.058 em caso de exclusão de sócio remisso ou redução do valor de
sua quota ao montante já integralizado.
Enunciado número 482: Na apuração de haveres de sócio retirante de sociedade holding ou
controladora, deve ser apurado o valor global do patrimônio, salvo previsão contratual diversa. Para
tanto, deve-se considerar o valor real da participação da holding ou controladora nas sociedades que
o referido sócio integra.
4. Resolução por falência ou insolvência de algum dos sócios.
Por fim, caso seja declarada a falência ou a insolvência de algum dos sócios, também haverá
dissolução parcial da sociedade (artigo 1030, parágrafo único)
O Enunciado 481 das jornadas de direito civil do CJF/STJ prevê que: O insolvente civil
fica de pleno direito excluído das sociedades contratuais das quais seja sócio.
2
Sobre as 100 maiores cooperativas de crédito no Brasil, a Fecoagro apurou o seguinte. Do total das maiores
cooperativas, 56 cooperativas são filiadas ao Sicredi, responsáveis pela administração de R$ 64 bilhões em ativos e R$
38 bilhões em operações de crédito; 30 cooperativas são filiadas ao Sicoob, que juntas administram R$ 40 bilhões em
ativos e R$ 22 bilhões em operações de crédito; 9 cooperativas são da Unicred, que administram R$ 8 bilhões em
ativos e R$ 4 bilhões em operações de crédito; e ainda na relação consta 1cooperativa filiada à Ailos; 2 filiadas à
Uniprime e 2 cooperativa solteira/independentes.http://www.fecoagro.coop.br/divulgadas-as-100-maiores-
cooperativas-de-credito-do-brasil/
3
https://forbes.uol.com.br/listas/2018/07/10-das-melhores-empresas-de-agronegocio-do-brasil/
4
https://forbes.uol.com.br/last/2019/02/santander-ve-crescimento-de-30-no-mercado-de-lcas/
50
No que se diz respeito à constituição formal da cooperativa, sob a forma de pessoa jurídica,
o artigo 982 do Código Civil, prevê que, salvo as exceções expressas, considera-se empresária a
sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art.
967); e, simples, as demais
O parágrafo único destaca, inclusive, que independentemente de seu objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
As sociedades cooperadas são, portanto, sociedades simples.
Embora sejam sociedades simples, as cooperativas deverão ser registradas nas juntas
comerciais.
É nesse sentido o teor do enunciado número 69 das Jornadas de Direito Civil do
CJF/STJ: As sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas
comerciais.
Entre outras normas que tratam das sociedades cooperativas, sobressaem-se as seguintes:
a) Lei n. 9.867/99, que dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais,
visando à integração social dos cidadãos;
b) LC 130/2009, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo;
c) lei 12690/12, que dispõe sobre a organização e o funcionamento das Cooperativas de
Trabalho; e
d) lei 5764/71, que define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico
das sociedades cooperativas.
Por serem sociedades simples, conforme indicado no enunciado número 206 das jornadas de
direito civil do CJF/STJ, a contribuição do sócio exclusivamente em prestação de serviços é
permitida nas sociedades cooperativas (art. 1.094, I), assim como ocorre com as sociedades simples
propriamente ditas (art. 983, 2ª parte).
Naturalmente, as sociedades cooperativas, por serem consideradas sociedades simples, não
se sujeitam à falência e não podem requer recuperação judicial.
A vedação ao acesso do regime recuperacional é uma questão que precisa ser avaliada,
sobretudo se considerarmos a atuação das cooperativas no seguimento do agronegócio e a sua
relevante influência no cenário econômico.
A respeito do empresário rural, veja os seguintes Enunciados das jornadas de Direito
Comercial do CJF/STJ:
Enunciado número 96 – A recuperação judicial do empresário rural, pessoa natural ou
jurídica, sujeita todos os créditos existentes na data do pedido, inclusive os anteriores à data da
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis.
51
As sociedades limitadas são disciplinadas pelos artigos 1052 a 1087 do Código Civil.
O enunciado número 65 das jornadas de direito civil do CJF/STJ prevê que: A expressão
“sociedade limitada” tratada no art. 1.052 e seguintes do novo Código Civil deve ser interpretada
stricto sensu, como “sociedade por quotas de responsabilidade limitada”.
Como regra, há aplicação a subsidiária das normas das sociedades simples. O contrato pode,
no entanto, prever aplicação subsidiária da LSA.
De acordo com o artigo 1054, o contrato social das sociedades limitadas deve mencionar, no
que couber, as indicações do artigo 997, que cuidam das sociedades simples, além da firma social,
se for o caso. As sociedades limitadas podem utilizar as duas espécies de nome: firma ou
denominação. Em todo o caso, ao final do nome deve ser indicado que se trata de sociedade
limitada, com a expressão “limitada” ou “Ltda”.
53
Com relação ao contrato social, o enunciado número 214 das jornadas de direito civil do
CJF/STJ assinala que: As indicações contidas no art. 997 não são exaustivas, aplicando-se outras
exigências contidas na legislação pertinente, para fins de registro.
Sobre a aplicação subsidiária de normas confira os seguintes enunciados das jornadas de
direito civil do CJF/STJ:
Enunciado número 217: Com a regência supletiva da sociedade limitada, pela lei das
sociedades por ações, ao sócio que participar de deliberação na qual tenha interesse contrário ao da
sociedade aplicar-se-á o disposto no art. 115, § 3º, da Lei n. 6.404/76. Nos demais casos, incide o
art. 1.010, § 3º, se o voto proferido foi decisivo para a aprovação da deliberação, ou o art. 187
(abuso do direito), se o voto não tiver prevalecido.
Enunciado número 222: Não se aplica o art. 997, V, à sociedade limitada na hipótese de
regência supletiva pelas regras das sociedades simples.
Enunciado número 223: O parágrafo único do art. 1.053 não significa a aplicação em bloco
da Lei n. 6.404/76 ou das disposições sobre a sociedade simples. O contrato social pode adotar, nas
omissões do Código sobre as sociedades limitadas, tanto as regras das sociedades simples quanto as
das sociedades anônimas.
Enunciado número 18: O capital social da sociedade limitada poderá ser integralizado, no
todo ou em parte, com quotas ou ações de outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do critério
de avaliação das respectivas participações societárias, diante da responsabilidade solidária pela
exata estimação dos bens conferidos ao capital social, nos termos do art. 1.055, § 1º, do Código
Civil.
Nas sociedades limitadas está vedada a contribuição que consista em prestação de serviços.
Com relação à cessão de quotas, conforme preconiza o artigo 1057 do Código Civil, na
omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio,
independentemente de audiência dos outros. Caso se trate de cessão de quotas para terceiros, no
entanto, o sócio só poderá fazê-lo caso não haja oposição de titulares de mais de um quarto do
capital social.
Sobre esta questão, confira os seguintes enunciados das jornadas de direito civil do CJF/STJ:
Enunciado número 225: Na omissão do contrato social, a cessão de quotas sociais de uma
sociedade limitada pode ser feita por instrumento próprio, averbado no registro da sociedade,
independentemente de alteração contratual, nos termos do art. 1.057 e parágrafo único do Código
Civil.
Enunciado número 391: A sociedade limitada pode adquirir suas próprias quotas,
observadas as condições estabelecidas na Lei das Sociedades por Ações.
A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros a partir da averbação do respectivo
instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.
Com relação ao sócio remisso, os demais sócios podem pretender: a) o pagamento de uma
indenização; b) a exclusão do sócio remisso; c) a redução da sua quota ao montante já realizado; d)
adquirir as quotas ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que
houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.
4.4.7.3. Administração das Sociedades Limitadas - Arts. 1060 a 1065 do Código Civil
Conforme indicado no artigo 1066 do Código Civil, sem prejuízo dos poderes da assembleia
dos sócios, pode o contrato instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e
respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembleia anual.
O artigo 1.069, do Código Civil, indica algumas das atribuições do conselho fiscal:
a) examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o estado da caixa
e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas;
b) lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames referidos no
inciso I deste artigo;
c) exarar no mesmo livro e apresentar à assembleia anual dos sócios parecer sobre os
negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço
patrimonial e o de resultado econômico;
d) denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis à
sociedade;
e) convocar a assembleia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias a sua
convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes; e
f) praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que se refere este artigo,
tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação.
Na lei 6404/76 (LSA) o conselho fiscal está disciplinado, basicamente, nos artigos 161 a
156-A.
56
Enunciado número 487 – Arts. 50, 884, 1.009, 1.016, 1.036 e 1.080: Na apuração de haveres
de sócio retirante (art. 1.031 do CC), devem ser afastados os efeitos da diluição injustificada e ilícita
da participação deste na sociedade.
Sobre o aumento do capital, conforme previsto no artigo 1.081 do Código Civil, como regra,
após a integralização de todo o capital social, pode haver aumento, com a correspondente
modificação do contrato. O § 1º do mesmo artigo, garante que, em até trinta dias após a deliberação,
terão os sócios preferência para participar do aumento, na proporção das quotas de que sejam
titulares.
O direito de preferência está previsto, inclusive, no artigo 171 da LSA.
A redução do capital social, por sua vez, está prevista no artigo 182 do Código Civil. Nesse
caso, o capital social poderá ser reduzido, mediante a modificação do contrato em duas hipóteses: a)
depois de integralizado, se ocorrer perdas irreparáveis; b) se o capital se revelar excessivo em
relação ao objeto da sociedade.
Além dos casos de exclusão por falta grave, por deliberação de mais da metade do capital
social, pode se entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa,
em virtude de atos de inegável gravidade. Nessa hipótese, poderá haver exclusão mediante alteração
do contrato social, desde que prevista a exclusão por justa causa.
O parágrafo único do artigo 1085 tinha a seguinte redação: A exclusão somente poderá ser
determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em
tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa.
Com nova redação, dada pela Lei nº 13.792, de 2019, o parágrafo único do artigo 1085
passou a prever expressamente que: Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na
sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser determinada em reunião ou assembleia
especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu
comparecimento e o exercício do direito de defesa.
59
A dissolução das sociedades limitadas deve ser compreendida a partir da leitura dos artigos
1.087 c/c arts. 1.044 e 1.033, todos do Código Civil.
Em síntese, haverá a dissolução das sociedades limitadas nas seguintes hipóteses:
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios;
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de tempo indeterminado;
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar;
VI – falência.
O artigo 1102 do Código Civil prevê que: Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante na
forma do disposto neste Livro, procede-se à sua liquidação, de conformidade com os preceitos deste
Capítulo, ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento da dissolução. O liquidante,
que não seja administrador da sociedade, investir-se-á nas funções, averbada a sua nomeação no
registro próprio.
Os deveres do liquidante estão indicados, basicamente, nos incisos do artigo 1.103 do
Código Civil. Nesse sentido, constituem deveres do liquidante:
I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade;
II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam;
III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempre
que possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do ativo e do
passivo;
IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o
remanescente entre os sócios ou acionistas;
V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo à solução do passivo, a integralização de
suas quotas e, se for o caso, as quantias necessárias, nos limites da responsabilidade de cada um e
proporcionalmente à respectiva participação nas perdas, repartindo-se, entre os sócios solventes e na
mesma proporção, o devido pelo insolvente;
60
VI - convocar assembleia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar relatório e balanço
do estado da liquidação, prestando conta dos atos praticados durante o semestre, ou sempre que
necessário;
VII - confessar a falência da sociedade e pedir concordata, de acordo com as formalidades
prescritas para o tipo de sociedade liquidanda;
VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas
finais;
IX - averbar a ata da reunião ou da assembleia, ou o instrumento firmado pelos sócios, que
considerar encerrada a liquidação.
Na lei 6404/76 (LSA) esta matéria está disciplinada nos artigos 243 a 264.
As coligações societárias ocorrem no âmbito das ligações societárias.
De acordo com o artigo 1097 do Código Civil, consideram-se coligadas as sociedades que,
em suas relações de capital, são controladas, filiadas ou de simples participação.
Em síntese, de acordo com o código civil, as sociedades coligadas (gênero) podem ser de
três espécies:
a) sociedade filiada, nos termos do artigo 1099 do Código Civil;
b) sociedade de simples participação, conforme o artigo 1100 do Código Civil; e c)
sociedade controladora, de acordo com o artigo 1098 do Código Civil.
Sociedade filiada: é a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento
ou mais do capital da outra, sem controlá-la.
Sociedade de simples participação: é a sociedade de cujo capital outra sociedade possua
menos de dez por cento do capital da outra, com direito de voto, sem controle.
Sociedade controladora: é a sociedade brasileira que possui a maioria de votos da outra
sociedade, com poder de eleger a maior dos administradores da outra sociedade.
Sociedade controlada: a) é sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos
votos nas deliberações dos quotistas ou da assembleia-geral, além de deter o poder de elegera
maioria dos administradores; e b) é a sociedade cujo controle esteja em poder de outra, em virtude
de ações ou quotas possuídas por sociedades já controladas.
O acionista controlador está definido no art. 116 da LSA como sendo a pessoa natural ou
jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é
titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas
61
4.6.1. Incorporação
4.6.2. Fusão
4.6.4. Transformação
Neste caso, a sociedade poderá se transforar numa sociedade por ações e, assim, negociar suas
ações no mercado de valores mobiliários.
tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas
quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
Embora parcialmente revogado pela LSA, o Decreto-lei nº2627/40 ainda disciplina algumas
questões referentes às sociedades anônimas dependente de autorização nos artigos 59 a 73.
Sociedade em Comandita por ações – lei 6404/76 – LSA
As sociedades em comandita por ações são sociedades com capital social fracionado em
ações e reguladas por estatuto.
Essas sociedades são reguladas pela LSA e, subsidiariamente, pelo Código Civil.
Quanto ao nome, podem adotar firma ou denominação.
Nessa sociedade já duas espécies de sócios:
a) sócio comum, que não administra a sociedade e tem responsabilidade limitada;
b) sócio administrador da sociedade, que responde de forma subsidiária, mas limitada e
solidariamente com os outros sócios pelas obrigações da sociedade.
O artigo 284 da LSA faz a ressalva de que não se aplica à sociedade em comandita por ações
as disposições daquela lei que digam respeito ao conselho de administração, autorização estatutária
de aumento de capital e emissão de bônus de subscrição.
A sociedade anônima é regulada pelas disposições da lei 6.404/76, conhecida como LSA.
São sociedades cujo capital social é fracionado em ações, por isso são denominadas
sociedades por ações.
São reguladas por estatuto e não por contrato social. Por isso são denominadas sociedades
estatutárias e não contratuais.
Por presunção legislativa as sociedades anônimas sempre terão por objeto o exercício de
atividade empresarial ou a participação em outras sociedades, conforme preconiza o art. 2°, § 3° da
LSA.
São sociedades de capital. Portanto, ao contrário do que se passa com as sociedades de
pessoas, as qualidades pessoais dos sócios são irrelevantes para a permanência nos quadros
65
societários. Nesse caso, nada impede a penhora de ações, seguida do ingresso de terceiros na
sociedade como novos sócios.
A responsabilidade dos sócios é limitada ao valor das ações subscritas.
Nos termos do art. 1.088 do Código Civil, na sociedade anônima ou companhia, o capital
divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações
que subscrever ou adquirir.
As sociedades anônimas podem ser abertas ou fechadas, conforme previsto no art. 4° da
LSA.
Sociedades anônimas abertas são aquelas que pode negociar suas ações e valores mobiliários
nos Mercados primário (mercado de balcão) e secundário (bolsa de valores) de valores mobiliários.
Por outro lado, sociedades anônimas fechadas são aquelas que só podem negociar suas ações
e valores mobiliários no mercado primário (mercado de balcão) de valores mobiliários.
Os valores mobiliários são títulos representativos de direitos, emitidos pela companhia.
Além das próprias ações, os principais valores mobiliários emitidos pela companhia são:
a) as debêntures;
b) os commercial paper;
c) as partes beneficiárias;
d) os bônus de subscrição.
e) direito de retirada.
O direito de voto não é um direito essencial.
Quanto à forma de transferência, as ações podem ser:
a) nominativas, quando se transferem mediante registro no “livro de registro de ações;
b) escriturais, quando são transferidas pela instituição financeira responsável, mediante
lançamento no sistema.
As ações podem ser divididas em classes, de acordo com os direitos específicos concedidos
aos seus titulares.
A divisão em classes, contudo, se submete a limites impostos pela lei: as ações ordinárias da
S/A aberta não podem ser divididas em classes; as ações ordinárias da S/A fechada e ações
preferenciais das S/A aberta ou fechada podem ser divididas em classes.
4.9.4. Debêntures
São título emitidos com o objetivo de conseguir recursos a curto prazo, entre 30 e 180 dias,
para a companhia.
mediante escritura pública, com uma única sociedade brasileira como acionista; ou após a sua
constituição reunir todas as suas ações nas mãos de apenas uma sociedade brasileira.
Com relação à instituição financeira, como já destacamos, é relevante notar o contido no art.
27, caput, da Lei 4.595/1964: Na subscrição do capital inicial e na de seus aumentos em moeda
corrente, será exigida no ato a realização de, pelo menos 50% (cinquenta por cento) do montante
subscrito.
Constituição por subscrição pública: na constituição por escritura pública deve haver o
registro prévio na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a colocação das ações à disposição dos
investidores interessados, e a realização de assembleia inicial de fundação.
A propósito, o art. 82 da LSA prevê que: o pedido de registro de emissão obedecerá às
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com:
a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento;
b) o projeto do estatuto social;
c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira
intermediária. Gestão do processo de constituição por subscrição pública - underwriting.
Constituição por subscrição particular. Na constituição por subscrição particular basta a
realização de assembleia dos subscritores ou a lavratura de escritura pública em cartório.
O art. 106 da LSA, prevê, inclusive que: o acionista é obrigado a realizar, nas condições
previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou
adquiridas.
Sobre a alienação de controle é relevante saber da cláusula de saída conjunta (tag along), um
instrumento de defesa dos sócios minoritários, com relação aos demais. Nesse ponto, o art. 254-A,
da LSA prevê o seguinte: A alienação, direta ou indireta, do controle de companhia aberta somente
poderá ser contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se obrigue a
fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos demais acionistas
da companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo igual a 80% (oitenta por cento) do
valor pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle.
Ainda sobre a alienação de controle, mediante oferta pública de ações (OPA ou take over),
merece destaque o texto do artigo 257 da LSA que prevê o seguinte: A oferta pública para aquisição
de controle de companhia aberta somente poderá ser feita com a participação de instituição
financeira que garanta o cumprimento das obrigações assumidas pelo ofertante.
A possibilidade de acordo de acionistas está indicada no artigo 118 LSA. O mencionado
artigo assinala que pode haver acordo de acionistas sobre as seguintes matérias:
a) compra e venda de ações;
b) preferência para aquisição de ações;
c) exercício do direito de voto; e
d) exercício do poder de controle da companhia.
De acordo com o artigo 159 da LSA, compete à companhia, mediante prévia deliberação da
assembleia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados
ao seu patrimônio.
QUESTÕES
QUESTÃO 1. Sobre os empresários com personalidade jurídica, assinale a alternativa
incorreta:
A) As empresas individuais de responsabilidade limitada são empresários com
personalidade direito privado.
B) As sociedades em comandita simples são sociedades com personalidade jurídica.
C) As sociedades em nome coletivo não são sociedades com personalidade jurídica.
D) As sociedades em comum são sociedades sem personalidade jurídica.
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
C) INCORRETA, nos termos do artigo 1.039 do CC.
Os empresários podem ser pessoas ou não pessoas. São pessoas os empresários que
possuem personalidade jurídica. Podem ser: empresários individuais ou empresa individual
de responsabilidade limitada (Eireli). Já as sociedades empresárias personificadas,
disciplinadas pelos artigos 1039 e seguintes do Código Civil, com aplicação subsidiária das
normas das sociedades simples (artigos 997 e seguintes do CC), são as seguintes: sociedade
em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedades limitadas. Todas essas são
denominadas sociedades contratuais (são reguladas por contrato social) e por quotas (tem
o capital social fracionado em quotas). Além dessas, as sociedades em comandita por ações
e as sociedades anônimas (lei 6404/76) também são sociedades personificadas,
denominadas estatutárias (reguladas por estatuto) e por ações (tem o capital social
fracionado em ações).
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
D) CORRETA, tendo em vista os artigos 986 e seguintes do CC.
Os empresários podem ser pessoas ou não pessoas. São pessoas os empresários que
possuem personalidade jurídica. Podem ser: empresários individuais ou empresa individual
de responsabilidade limitada (Eireli). Já as sociedades empresárias personificadas,
disciplinadas pelos artigos 1039 e seguintes do Código Civil, com aplicação subsidiária das
normas das sociedades simples (artigos 997 e seguintes do CC), são as seguintes: sociedade
em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedades limitadas. Todas essas são
denominadas sociedades contratuais (são reguladas por contrato social) e por quotas (tem
o capital social fracionado em quotas). Além dessas, as sociedades em comandita por ações
e as sociedades anônimas (lei 6404/76) também são sociedades personificadas,
denominadas estatutárias (reguladas por estatuto) e por ações (tem o capital social
fracionado em ações).
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
GABARITO: LETRA C.
74
A) CORRETA. Código Civil - Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros,
somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-
la de qualquer modo.
Os empresários podem ser pessoas ou não pessoas. São pessoas os empresários que
possuem personalidade jurídica. Podem ser: empresários individuais ou empresa individual
de responsabilidade limitada (EIRELI). Já as sociedades empresárias personificadas,
disciplinadas pelos artigos 1039 e seguintes do Código Civil, com aplicação subsidiária das
normas das sociedades simples (artigos 997 e seguintes do CC), são as seguintes: sociedade
em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedades limitadas. Todas essas são
denominadas sociedades contratuais (são reguladas por contrato social) e por quotas (tem
o capital social fracionado em quotas). Além dessas, as sociedades em comandita por ações
e as sociedades anônimas (lei 6404/76) também são sociedades personificadas,
denominadas estatutárias (reguladas por estatuto) e por ações (tem o capital social
fracionado em ações).
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
Confira os Enunciados das I e II Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça
Federal – CJF:
9. Quando aplicado às relações jurídicas empresariais, o art. 50 do Código Civil não pode
ser interpretado analogamente ao art. 28, § 5º, do CDC ou ao art. 2º, § 2º, da CLT.
75
10. Nas sociedades simples, os sócios podem limitar suas responsabilidades entre si, à
proporção da participação no capital social, ressalvadas as disposições específicas.
11. A regra do art. 1.015, parágrafo único, do Código Civil deve ser aplicada à luz da
teoria da aparência e do primado da boa-fé objetiva, de modo a prestigiar a segurança do
tráfego negocial. As sociedades se obrigam perante terceiros de boa-fé.
18. O capital social da sociedade limitada poderá ser integralizado, no todo ou em parte,
com quotas ou ações de outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do critério de
avaliação das respectivas participações societárias, diante da responsabilidade solidária
pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social, nos termos do art. 1.055, § 1º,
do Código Civil.
B) CORRETA. Código Civil - Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio
especial, do qual os sócios são titulares em comum.
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
C) CORRETA. Código Civil - Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão
praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente
terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer.
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
D) INCORRETA. Código Civil - Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art.
1.024, aquele que contratou pela sociedade.
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
GABARITO: LETRA D
A) CORRETA – Código Civil - Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela
destituição, em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato
ou em ato separado, não houver recondução. § 1o Tratando-se de sócio nomeado
administrador no contrato, sua destituição somente se opera pela aprovação de titulares de
quotas correspondentes, no mínimo, a dois terços do capital social, salvo disposição
contratual diversa. § 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua
destituição somente se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes a mais
da metade do capital social, salvo disposição contratual diversa. (Redação dada
pela Lei nº 13.792, de 2019).
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
Confira os Enunciados das I e II Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça
Federal – CJF:
9. Quando aplicado às relações jurídicas empresariais, o art. 50 do Código Civil não pode
ser interpretado analogamente ao art. 28, § 5º, do CDC ou ao art. 2º, § 2º, da CLT.
10. Nas sociedades simples, os sócios podem limitar suas responsabilidades entre si, à
proporção da participação no capital social, ressalvadas as disposições específicas.
11. A regra do art. 1.015, parágrafo único, do Código Civil deve ser aplicada à luz da
teoria da aparência e do primado da boa-fé objetiva, de modo a prestigiar a segurança do
tráfego negocial. As sociedades se obrigam perante terceiros de boa-fé.
77
12. A regra contida no art. 1.055, § 1º, do Código Civil deve ser aplicada na hipótese de
inexatidão da avaliação de bens conferidos ao capital social; a responsabilidade nela
prevista não afasta a desconsideração da personalidade jurídica quando presentes seus
requisitos legais.
13. A decisão que decretar a dissolução parcial da sociedade deverá indicar a data de
desligamento do sócio e o critério de apuração de haveres.
14. É vedado aos administradores de sociedades anônimas votarem para
aprovação/rejeição de suas próprias contas, mesmo que o façam por interposta pessoa.
15. O vocábulo “transação”, mencionado no art. 183 § 1º, d, da Lei das S.A., deve ser lido
como sinônimo de “negócio jurídico”, e não no sentido técnico que é definido pelo Capítulo
XIX do Título VI do Livro I da Parte Especial do Código Civil brasileiro.
16. O adquirente de cotas ou ações adere ao contrato social ou estatuto no que se refere à
cláusula compromissória (cláusula de arbitragem) nele existente; assim, estará vinculado à
previsão da opção da jurisdição arbitral, independentemente de assinatura e/ou
manifestação específica a esse respeito.
17. Na sociedade limitada com dois sócios, o sócio titular de mais da metade do capital
social pode excluir extrajudicialmente o sócio minoritário desde que atendidas as
exigências materiais e procedimentais previstas no art. 1.085, caput e parágrafo único, do
CC.
18. O capital social da sociedade limitada poderá ser integralizado, no todo ou em parte,
com quotas ou ações de outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do critério de
avaliação das respectivas participações societárias, diante da responsabilidade solidária
pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social, nos termos do art. 1.055, § 1º,
do Código Civil.
19. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações entre sócios/acionistas ou
entre eles e a sociedade.
63. O nu-proprietário de quotas ou ações gravadas com usufruto, quando não regulado no
respectivo ato institutivo, pode exercer o direito de fiscalização da sociedade.
64. Criado o conselho de administração na sociedade limitada, não regida supletivamente
pela Lei de Sociedade por Ações (art. 1.053, parágrafo único, do Código Civil) e, caso não
haja regramento específico sobre o órgão no contrato, serão aplicadas, por analogia, as
normas da sociedade anônima.
65. O mandatário do sócio residente ou domiciliado no exterior (art. 119 da Lei
6.404/1976) não é responsável pelas obrigações de seu mandante.
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66. A limitação de distribuição de dividendos periódicos de que trata o art. 204, §1º da Lei
das Sociedades por Ações refere-se ao lucro distribuível, reconhecido em balanço
intermediário levantado conforme o Estatuto Social, e não à antecipação do pagamento de
dividendos por conta do lucro cuja existência é provável, nos termos da legislação
tributária.
B) CORRETA. Código Civil - Art. 1.061. A designação de administradores não sócios
dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver
integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização. (Redação dada pela
Lei nº 12.375, de 2010).
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
C) CORRETA. Código Civil - Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou
mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado. Parágrafo único. A
administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos
que posteriormente adquiram essa qualidade.
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
D) INCORRETA. Código Civil - Art. 1.064. O uso da firma ou denominação social é
privativo dos administradores que tenham os necessários poderes.
c.f. Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede –
Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
GABARITO: LETRA D
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5. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
5.1. DEFINIÇÃO
Por ter natureza jurídica autônoma e valor próprio, distinto dos bens que o compõem, o
estabelecimento pode ser objeto de negócio jurídico, inclusive de alienação.
Aviamento é a potencialidade lucrativa do estabelecimento, ou seja, seu potencial de gerar
lucro. O aviamento decorre da organização sistemática dos bens empresarias, indispensáveis para o
exercício da atividade. É importante destacar que o aviamento é um atributo do estabelecimento, e
não um elemento que o integra.
A alienação do estabelecimento empresarial se instrumentaliza pelo contrato de trespasse,
cujos efeitos perante terceiros exigem o correspondente registro na Junta Comercial.
80
Sobre este ponto, o enunciado número 393 das jornadas de direito civil do CJF/STJ dispõe
que: A validade da alienação do estabelecimento empresarial não depende de forma específica,
observado o regime jurídico dos bens que a exijam.
Sobre a necessidade do registro para produção de efeitos dos contratos que envolvem o
estabelecimento empresarial, merece destaque o disposto no artigo 1.144 do Código Civil. Este
artigo prevê que: O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição
do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de
publicado na imprensa oficial.
Outra questão importante é a necessidade de preservação de patrimônio suficiente para
garantia dos credores do empresário alienante do estabelecimento. Naturalmente, o que garante as
dívidas dos credores são os bens que compõem o seu patrimônio. Como o estabelecimento é um
acervo de bens contido no patrimônio, a alienação do estabelecimento implica diminuição de
patrimônio e, consequentemente, de garantia dos credores. Por isso, para que a alienação do
estabelecimento seja válida e eficaz perante os credores do empresário é necessário que mesmo com
a venda do estabelecimento ele preserve patrimônio suficiente para pagamento dos seus credores,
ou colha a anuência de todos. A colheita da anuência dos credores pode ser expressa ou tácita, neste
último caso, após 30 dias da notificação dando ciência da alienação.
Esta é, inclusive, a orientação do artigo 1.145 do Código Civil. Este artigo ressalta que: Se
ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo
expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
A alienação do estabelecimento sem as cautelas assinaladas, além de ser irregular e ineficaz
perante os credores, implicará a prática de ato de falência, nos termos do artigo 94, III, “c”, da lei
11.101/05. Assim, o empresário que realizar a alienação irregular do estabelecimento poderá ter sua
falência decretada.
Sobre a ineficácia da alienação irregular, convém reproduzir o texto do art. 129, VI, da Lei
11.101/05, nos termos seguintes: São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o
contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção
deste fraudar credores: VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o
consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo
restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias,
não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo
oficial do registro de títulos e documentos.
81
O artigo 94 da Lei 11.105/05, por sua vez dispõe que: Será decretada a falência do devedor
que: III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e
sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo.
O enunciado número 233 das jornadas de direito civil do CJF/STJ dispõe que: A sistemática
do contrato de trespasse delineada pelo Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus
efeitos obrigacionais, aplica-se somente quando o conjunto de bens transferidos importar a
transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial.
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar
comprovada fraude na transferência.
Com relação aos débitos tributários, aplicam-se as disposições do artigo 133, I e II, do CTN:
A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de
comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos
tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I -
integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II -
subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a
contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou
profissão.
O enunciado número 59 das jornadas de direito comercial do CJF/STJ prevê que: Os sócios
gestores e os administradores das empresas são responsáveis subsidiária e ilimitadamente pelos atos
ilícitos praticados, de má gestão ou contrários ao previsto no contrato social ou estatuto, consoante
estabelecem os arts. 990, 1.009, 1.016, 1.017 e 1.091, todos do Código Civil.
Já o enunciado número 554 da súmula da jurisprudência dominante do STJ assinala que: Na
hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos
devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores
ocorridos até a data da sucessão.
De acordo com o art. 1.148 do Código Civil, se o contrato não dispuser de modo contrário, a
transferência do estabelecimento pressupõe a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados
para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal. Em todo o caso, os terceiros
poderão optar pela rescisão do contrato, mediante manifestação nesse sentido, realizada dentro do
prazo de 90 dias, contados da publicação da transferência, se ocorrer justa causa. Nesta hipótese
haverá eventualmente responsabilidade do alienante.
A sub-rogação é tratada de modo específico, principalmente, nos artigos 346 e 347, ambos
do Código Civil.
Com relação à cessão de locação, à sublocação e o empréstimo de imóvel, o artigo 13 da lei
8245/31 prevê que esses negócios só terão eficácia com o consentimento prévio e escrito do
locador.
Nesse sentido, o enunciado 234 das jornadas de direito civil do CJF/STJ prevê que: Quando
do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo ponto não se
transmite automaticamente ao adquirente.
O art. 1.149 do Código Civil, prevê, ainda, que a cessão dos créditos referentes ao
estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o
momento da publicação da transferência. Entretanto, o artigo traz a ressalva de que se o devedor
pagar ao cedente de boa-fé ele ficará exonerado da obrigação. Esta ressalva deve ser compreendida
a partir da leitura do artigo 290 do Código Civil: A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao
devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito
público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
O artigo 51 da referida lei indica os requisitos necessários para que o empresário possa
pretender a renovação compulsória:
a) realização de um contrato escrito;
b) contrato por tempo determinado de no mínimo 5 anos. Admite-se a soma de contratos por
tempo determinado, desde que não haja solução de continuidade entre eles;
c) demonstração de exercício regular da mesma atividade empresarial nos últimos 3 anos
que antecedem o pedido de renovação; e
d) propositura da ação renovatória nos seis primeiros meses do último ano de vigência do
contrato que se pretende renovar.
As exceções de retomada, defesas que podem ser apresentadas pelo locador para retomar o
imóvel são, basicamente, as indicadas no artigo 52 da lei de locações. Assim, o locador não estará
obrigado a renovar o contrato se:
a) por determinação do Poder Público tiver que realizar no imóvel obras que importarem na
sua radical transformação;
b) por determinação do Poder Público tiver de fazer modificações de tal natureza que
aumente o valor do negócio ou da propriedade;
c) o imóvel vier a ser utilizado pelo próprio locador ou para transferência de fundo de
comércio existente há mais de um ano, desde que o locador, seu cônjuge, ascendente ou ascendente,
sejam detentores da maioria do capital. Nesta hipótese não poderá haver utilização do imóvel para
realização de atividade empresarial do mesmo ramo do locatário, exceto se a locação também
contemplar o fundo de comércio, com as correspondentes instalações. Além disso, essa exceção de
retomada não é admitida nas locações de shopping center;
d) houver oferta de valor de aluguel inferior ao valor de mercado. Nesse caso o locatário
pode apresentar contraproposta equivalente ao valor de mercado;
e) se houver proposta de terceiro com valor superior ao ofertado pelo locatário na ação
renovatória. Nessa hipótese poderá o locatário cobrir a proposta melhor de terceiro.
Sobre o direito à indenização, merece destaque o §3º da Lei de Locações que prevê o
seguintes: O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros
cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio,
se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o
locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ou não iniciar as
obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar.
Também vale mencionar a modalidade de locação built to suit, disciplinada pelo artigo 54-
A, da Lei de locações, nos termos seguintes: Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel
urbano na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por si
85
mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja
a este locado por prazo determinado, prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato
respectivo e as disposições procedimentais previstas nesta Lei. § 1º Poderá ser convencionada a
renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de
locação. § 2º Em caso de denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário, compromete-se
este a cumprir a multa convencionada, que não excederá, porém, a soma dos valores dos aluguéis
a receber até o termo final da locação.
Por fim, as locações em shopping center (tenant mix) estão tratadas no artigo 54 da lei de
locações, que assegura a prevalência das condições livremente ajustadas entre as partes nas locações
dessa natureza.
QUESTÕES
59. A mera instalação de um novo estabelecimento, em lugar antes ocupado por outro,
ainda que no mesmo ramo de atividade, não implica responsabilidade por sucessão prevista
no art. 1.146 do CCB.
B)INCORRETA. Código CivilArt. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o
usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros
depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no
Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
C)CORRETA: Código Civil Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para
solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de
todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a
partir de sua notificação.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
D)INCORRETA: Código Civil Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo
pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados,
continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir,
quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
GABARITO: LETRA: C
A) INCORRETA: Código Civil - Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante
do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos
subsequentes à transferência.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
Confira os Enunciados das I e II Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça
Federal – CJF:
1. Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de marca não
implica a anulação do respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira os efeitos,
preservado o direito de o empresário alterá-lo.
2. A vedação de registro de marca que reproduza ou imite elemento característico ou
diferenciador de nome empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou
associação (art. 124, V, da Lei n. 9.279/1996), deve ser interpretada restritivamente e em
consonância com o art. 1.166 do Código Civil.
7. O nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem incorpóreo para
todos os fins de direito.
8. A sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao estabelecimento
adquirido, desde que não possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de
locação.
59. A mera instalação de um novo estabelecimento, em lugar antes ocupado por outro,
ainda que no mesmo ramo de atividade, não implica responsabilidade por sucessão prevista
no art. 1.146 do CCB.
60. Os acordos e negócios de abstenção de uso de marcas entre sociedades empresárias não
são oponíveis em face do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, sem prejuízo
de os litigantes obterem tutela jurisdicional de abstenção entre eles na Justiça Estadual.
B) CORRETA: Código Civil - Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para
solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de
todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a
partir de sua notificação.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
C) CORRETA: Código Civil - Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de
bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos,
translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
88
A) CORRETA: lei 8245/91 - Art. 55. Considera - se locação não residencial quando o
locatário for pessoa jurídica e o imóvel, destinar - se ao uso de seus titulares, diretores,
sócios, gerentes, executivos ou empregados. Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao
comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que,
cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo
determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos
dos contratos escritos seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio,
no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se: I - por determinação do
Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical
transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio
ou da propriedade; II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência
89
26. O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a
direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da
relação negocial.
27. Não se presume violação à boa-fé objetiva se o empresário, durante as negociações do
contrato empresarial, preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de
informações reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em
risco a competitividade de sua atividade.
28. Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os
contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na
inexperiência.
29. Aplicam-se aos negócios jurídicos entre empresários a função social do contrato e a
boa-fé objetiva (arts. 421 e 422 do Código Civil), em conformidade com as especificidades
dos contratos empresariais.
30. Nos contratos de shopping center, a cláusula de fiscalização das contas do lojista é
justificada desde que as medidas fiscalizatórias não causem embaraços à atividade do
lojista.
35. Não haverá revisão ou resolução dos contratos de derivativos por imprevisibilidade e
onerosidade excessiva (arts. 317 e 478 a 480 do Código Civil).
67. Na locação built to suit, é válida a estipulação contratual que estabeleça cláusula penal
compensatória equivalente à totalidade dos alugueres a vencer, sem prejuízo da aplicação
do art. 416, parágrafo único, do Código Civil.
68. No contrato de comissão com cláusula del credere, responderá solidariamente com o
terceiro contratante o comissário que tiver cedido seus direitos ao comitente, nos termos da
parte final do art. 694 do Código Civil.
B) CORRETA: lei 8245/91 - Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o
locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que,
cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo
determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos
dos contratos escritos seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio,
no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede – Manual
de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial (2017);
André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito Empresarial
Sistematizado (2018).
91
C) INCORRETA: lei 8245/91 - Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o
locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que,
cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo
determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos
dos contratos escritos seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio,
no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede – Manual
de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial (2017);
André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito Empresarial
Sistematizado (2018).
D) CORRETA: lei 8245/91 - Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o
locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que,
cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo
determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos
dos contratos escritos seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio,
no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede – Manual
de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial (2017);
André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito Empresarial
Sistematizado (2018).
GABARITO: C
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6. REGISTRO DE EMPRESAS
Sem prejuízo do disposto nos artigos 1.150 e seguintes do Código Civil, o registro de
empresas está regulado pela Lei 8934/94 e pela MP 861/2018
O Sistema Nacional de Registro de Empresas (Sinrem) é formado pelo DREI, departamento
de Registro Empresarial e Integração e pelas juntas comerciais.
O DREI –Departamento de Registro Empresarial e Integração – é subordinado ao Ministério
da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O regulamento está basicamente no decreto 8.001/2013
e na MP 861/2018.
O DREI é um órgão federal, responsável pela implementação da política nacional do
registro de empresas.
As Juntas Comerciais são as entidades responsáveis pela execução dos atos de registro nas
unidades federativas. Cada unidade federativa terá uma junta comercial. As juntas comerciais
subordinam-se administrativamente ao governo do respectivo ente federativo e, tecnicamente, ao
Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração
A Instrução Normativa DREI Nº 52, DE 9 DE NOVEMBRO DE 2018, dispõe sobre os
procedimentos de Registro Digital dos atos que competem ao Registro Público de Empresas
Mercantis e Atividades Afins e altera os Anexos I, II e III da Instrução Normativa DREI nº 48, de 3
de agosto de 2018 – LC 147/2014. Nesse sentido, confira os artigos 39-A e 39-B da lei 8934/94.
A Instrução Normativa DREI Nº 38 DE 02 DE MARÇO DE 2017 Institui os Manuais de
Registro de Empresário Individual, Sociedade Limitada, Empresa Individual de Responsabilidade
Limitada - EIRELI, Cooperativa e Sociedade Anônima.
Os empresários (empresários individuais, sociedades empresárias ou Eireli) tem,
basicamente, as seguintes obrigações:
a) realizar o registro;
b) manter escrituração regular, inclusive com a conservação dos livros empresariais;
c) providenciar sua demonstração contábil periodicamente.
Conforme indicado anteriormente, de acordo com o art. 967 do Código Civil, é obrigatória a
inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do
início de sua atividade.
O registro tem natureza jurídica meramente declaratória da condição de empresário e
constitutiva da personalidade jurídica. Como visto, para ser empresário basta o exercício da
empresa, independentemente do registro. No entanto, para aquisição da personalidade jurídica o
registro é indispensável.
93
Com relação aos sujeitos que exercem atividades rurais, o registro será necessário para que
adquiram a condição de empresário.
As sociedades em conta de participação não podem adquirir personalidade jurídica, nem
mesmo pelo registro.
As sociedades cooperativas, embora não sejam empresárias, serão registradas na Junta
Comercial, responsável pelo registro dos empresários, como veremos adiante.
As sociedades de advogados são registradas na própria Ordem dos Advogados do Brasil.
Sobre essas questões, confira os seguintes enunciados das jornadas de direito civil do
CJF/STJ:
Enunciado número 200: É possível a qualquer empresário individual, em situação regular,
solicitar seu enquadramento como microempresário ou empresário de pequeno porte, observadas as
exigências e restrições legais.
Enunciado número 201: O empresário rural e a sociedade empresária rural, inscritos no
registro público de empresas mercantis, estão sujeitos à falência e podem requerer concordata.
Enunciado número 202: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é
facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável
esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.
A ausência da regularidade do registro implica o seguinte: a) responsabilidade ilimitada dos
sócios da sociedade, ainda que teoricamente se trate de sociedade com responsabilidade limitada de
sócios; b) impossibilidade de requerer falência de terceiros ou de requerer recuperação judicial. Não
há impedimento de que o empresário irregular seja declarado falido ou que requeira a autofalência;
c) impossibilidade de contratar com o poder público.
De acordo com o art. 32 da lei 8934/94 (LRE), os atos de registro são os seguintes:
a) matrícula;
b) arquivamento; e
c) autenticação.
A matrícula é um dos atos de registro realizados pelas Juntas Comerciais que confere
regularidade às atividades dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e
administradores de armazéns-gerais;
O arquivamento é o ato de registro que atribui regularidade:
a) aos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas
mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;
b) aos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976;
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QUESTÕES
QUESTÃO 1. Assinale a alternativa incorreta
A) O Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), é composto pelo
Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (Drei) e pelas Juntas
Comerciais.
B)O registro de empresas compreende, basicamente, a matrícula, o arquivamento e a
autenticação.
C) Como regra, os documentos deverão ser apresentados para arquivamento na junta
comercial dentro de 30 (trinta) dias contados da sua assinatura.
D)A prorrogação do contrato social pode ser arquivada, ainda que findo o prazo nele
fixado.
A proteção do nome está no artigo 5º, XXIX, da CF, nos artigos 1.155 a 1.167 do Código
Civil, além do artigo 33 da Lei n. 8.934/94.
O nome empresarial é um dos elementos que individualiza a personalidade do empresário. O
nome tem proteção pelo registro na Junta Comercial. Como as juntas tem atribuições apenas dentro
dos limites territoriais das unidades federativas a que pertencem, a proteção do nome se dá nesse
âmbito. Logo, caso o empresário pretenda a tutela do seu nome em mais de uma unidade federativa,
deverá providenciar o registro nas respectivas juntas comerciais.
Em sentido contrário é o enunciado número 491 das jornadas de direito civil do CJF/STJ: A
proteção ao nome empresarial, limitada ao Estado-Membro para efeito meramente administrativo,
estende-se a todo o território nacional por força do art. 5º, XXIX, da Constituição da República e do
art. 8º da Convenção Unionista de Paris.
O nome empresarial é orientado pelos seguintes princípios: a) princípio da novidade,
segundo o qual o nome deve ser necessariamente novo; b) princípio da originalidade, segundo o
qual o nome deve ser necessariamente original; c) princípio da veracidade, de acordo com o qual o
nome deve ser correspondente ao sujeito indicado por ele.
O decreto n. 1.800/96, regulamento da Lei n. 8.934/94 trata do nome nos seus arts. 61 e 62.
No plano administrativo, a Instrução Normativa do Departamento de Registro Empresarial e
Integração – DREI – n. 15/2013 (alterada pela IN 40/2017 e pela IN 45/2018) dispõe sobre as
questões referentes ao nome empresarial.
A tutela do nome empresarial também pode ser encontrada na lei n. 9.279/96, sobretudo nos
artigos 195, inc. V, e 209.
É importante destacar que o nome, característica do empresário, não se confunde com a
marca. A marca é um signo distintivo de produtos e serviços produzidos pelo empresário.
Diferentemente do que se passa com o nome (cuja proteção é limitada ao território da unidade
federativa correspondente à Junta Comercial), a marca tem proteção, ao menos, em todo o território
nacional, a partir do registro no INPI. O registro de marca é regulado pela lei 9279/96 (LPI).
A propósito desse tema, confira os seguintes enunciados das jornadas de direito
comercial do CJF/STJ:
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Enunciado número 01: Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do
direito de marca não implica a anulação do respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira os
efeitos, preservado o direito de o empresário alterá-lo.
Enunciado número 02: A vedação de registro de marca que reproduza ou imite elemento
característico ou diferenciador de nome empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou
associação (art. 124, V, da Lei n. 9.279/1996), deve ser interpretada restritivamente e em
consonância com o art. 1.166 do Código Civil.
Enunciado número 60: Os acordos e negócios de abstenção de uso de marcas entre
sociedades empresárias não são oponíveis em face do Instituto Nacional de Propriedade Industrial –
INPI, sem prejuízo de os litigantes obterem tutela jurisdicional de abstenção entre eles na Justiça
Estadual.
O nome também não se confunde com o título de estabelecimento, signo distintivo do
estabelecimento empresarial, do local físico no qual o empresário exerce sala atividade. A tutela do
título de estabelecimento está na lei n. 9.279/96, basicamente nos artigos 122 c/c art. 124, II, e 195.
O nome de domínio, endereço do empresário na rede mundial de computadores, também não
se confunde com o nome. O nome de domínio é o endereço virtual, registrado Registro.br,
departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR - NIC.br. O núcleo foi criado
para implementar as decisões e os projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br, por sua
vez, responsável por coordenar e integrar as iniciativas e serviços da Internet no País.
Sobre o nome de domínio, o enunciado número 07 das jornadas de direito comercial do
CJF/STJ prevê que: O nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem
incorpóreo para todos os fins de direito.
O nome empresarial pode ser de duas espécies:
a) firma;
b) denominação.
A firma será utilizada:
a) pelo empresário individual;
b) pelas sociedades em nome coletivo; e
c) pelas sociedades em comandita simples.
A denominação será utilizada:
a) palas sociedades anônimas;
b) pelas sociedades cooperativas.
A firma ou a denominação podem ser utilizadas:
a) pela empresa individual de responsabilidade limitada (Eireli);
b) pelas sociedades limitadas;
100
Os livros empresariais estão disciplinados, basicamente, nos artigos 1179 a 1195 do Código
Civil e nos artigos 176 e 289 da LSA.
No âmbito infralegal, é a Instrução Normativa 11/2013 do DIREI que trata da escrituração
empresarial.
O empresário tem livros obrigatórios e especiais.
O livro Diário ou Razão é um livro obrigatório para todos os empresários, com exceção das
ME, EPP e MEI.
Além do livro diário existem outros livros que são obrigatórios apenas em algumas ocasiões,
são os chamados livros obrigatórios especiais. Podemos citar como exemplos os seguintes livros
obrigatórios especiais:
a) livro das Sociedades Anônimas, como o Registro de Ações Nominativas, o livro
Transferência de Ações Nominativas, o livro de Atas das Assembleias Gerais etc., previstos
basicamente no artigo 100 da Lei n. 6.404;
b) os livros das cooperativas, como os livros de matrícula, de atas das assembleias gerais, da
presença dos associados nas assembleias, etc., previstos no artigo 22 da lei 5764/71.
A despeito dos livros obrigatórios poderão ser utilizados outros livros, denominados Livros
Facultativos, como o livro caixa, o livro conta-corrente etc.
Merece ser lembrado o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), instituído pelo
Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 com o objetivo de substituir livros e documentos
contábeis e fiscais por documentos eletrônicos. Pela escrituração eletrônica todas as informações
contábeis do empresário passam a ser lançadas diretamente nos sistemas da Fazenda Pública.
Confira, nesse ponto, a INRFB nº 1.856/2018, que altera a INRFB nº 1.774/2017, que dispõe sobre
a Escrituração Contábil Digital (ECD).
A ausência de regularidade da escrituração do empresário implica:
a) ineficácia probatória dos livros empresariais;
b) ilegitimidade ativa para requerer a recuperação judicial ou a falência de terceiros; e
c) eventual prática de crime falimentar, conforme indicado no artigo 178 da Lei 11.101/05.
Como regra os livros empresariais são sigilosos. Aliás, o artigo 1190 do Código Civil prevê
que: Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer
pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade
empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
A exceção à regra da sigilosidade da escrituração está no artigo 1.193 do Código Civil, ao
estipular que as restrições à publicidade indicadas no código não se aplicam às autoridades
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QUESTÕES
QUESTÃO 1. Assinale a alternativa incorreta.
A)Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
B)Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes
de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis.
C)O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de
lançamentos não poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços.
D)Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob
qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a
sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em
lei.
A) CORRETA: Código Civil - Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é
indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração
mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro
apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.
Lei 13775/2018 - Duplicatas escriturais - Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a emissão de
duplicata sob a forma escritural. Art. 2º A duplicata de que trata a Lei nº 5.474, de 18 de
julho de 1968, pode ser emitida sob a forma escritural, para circulação como efeito
comercial, observadas as disposições desta Lei. Art. 9º Os lançamentos no sistema
eletrônico de que trata o art. 3º desta Lei substituem o Livro de Registro de Duplicatas,
103
previsto no art. 19 da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968. Art. 10. São nulas de pleno
direito as cláusulas contratuais que vedam, limitam ou oneram, de forma direta ou indireta,
a emissão ou a circulação de duplicatas emitidas sob a forma cartular ou escritural.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
Confira os Enunciados das I e II Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça
Federal – CJF:
4. Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa individual de
responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulteriores
alterações no salário mínimo.
58. O empresário individual casado é o destinatário da norma do art. 978 do CCB e não
depende da outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real o imóvel utilizado no
exercício da empresa, desde que exista prévia averbação de autorização conjugal à
conferência do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro de imóveis, com a
consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no registro público de empresas
mercantis.
60. Os acordos e negócios de abstenção de uso de marcas entre sociedades empresárias não
são oponíveis em face do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, sem prejuízo
de os litigantes obterem tutela jurisdicional de abstenção entre eles na Justiça Estadual.
61. Em atenção ao princípio do tratamento favorecido à microempresa e à empresa de
pequeno porte, é possível a representação de empresário individual, sociedade empresária
ou EIRELI, quando enquadrados nos respectivos regimes tributários, por meio de preposto,
perante os juizados especiais cíveis, bastando a comprovação atualizada do seu
enquadramento.
B) CORRETA: Código Civil - Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros
obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no
Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem
que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar
livros não obrigatórios.
Lei 13775/2018 - Duplicatas escriturais - Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a emissão de
duplicata sob a forma escritural. Art. 2º A duplicata de que trata a Lei nº 5.474, de 18 de
julho de 1968, pode ser emitida sob a forma escritural, para circulação como efeito
comercial, observadas as disposições desta Lei. Art. 9º - Os lançamentos no sistema
eletrônico de que trata o art. 3º desta Lei substituem o Livro de Registro de Duplicatas,
previsto no art. 19 da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968. Art. 10. São nulas de pleno
104
direito as cláusulas contratuais que vedam, limitam ou oneram, de forma direta ou indireta,
a emissão ou a circulação de duplicatas emitidas sob a forma cartular ou escritural.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
C) INCORRETA: Código Civil - Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que
adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro
Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas
para aquele.
Lei 13775/2018 - Duplicatas escriturais - Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a emissão de
duplicata sob a forma escritural. Art. 2º A duplicata de que trata a Lei nº 5.474, de 18 de
julho de 1968, pode ser emitida sob a forma escritural, para circulação como efeito
comercial, observadas as disposições desta Lei. Art. 9º Os lançamentos no sistema
eletrônico de que trata o art. 3º desta Lei substituem o Livro de Registro de Duplicatas,
previsto no art. 19 da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968. Art. 10. São nulas de pleno
direito as cláusulas contratuais que vedam, limitam ou oneram, de forma direta ou indireta,
a emissão ou a circulação de duplicatas emitidas sob a forma cartular ou escritural.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
D) CORRETA: Código Civil - Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma
autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para
verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e
fichas, as formalidades prescritas em lei.
Lei 13775/2018 - Duplicatas escriturais - Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a emissão de
duplicata sob a forma escritural. Art. 2º A duplicata de que trata a Lei nº 5.474, de 18 de
julho de 1968, pode ser emitida sob a forma escritural, para circulação como efeito
comercial, observadas as disposições desta Lei. Art. 9º Os lançamentos no sistema
eletrônico de que trata o art. 3º desta Lei substituem o Livro de Registro de Duplicatas,
previsto no art. 19 da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968. Art. 10. São nulas de pleno
direito as cláusulas contratuais que vedam, limitam ou oneram, de forma direta ou indireta,
a emissão ou a circulação de duplicatas emitidas sob a forma cartular ou escritural.
Cf.: COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
GABARITO: C
De acordo com a Lei nº 10.406/2002 (Código Civil), em seus artigos 1.179 e 1.180,
quanto aos registros contábeis, julgue os itens abaixo e, em seguida, assinale a opção
CORRETA.
1. Todas as sociedades empresárias, inclusive o pequeno empresário, estão obrigadas a
cumprir as exigências do Art. 1.179.
2. Todas as sociedades empresárias, exclusive o pequeno empresário, estão obrigadas a
cumprir as exigências do Art.1.179.
3. O número e a espécie de livros, de acordo com os artigos 1.179 e 1.180, ficam a
critério dos interessados, sendo indispensáveis o Diário, o Razão e demais livros exigidos por
Lei.
4. O número e a espécie de livros, de acordo com os artigos 1.179 e 1.180, ficam a
critério dos interessados, sendo indispensáveis o Diário e demais livros exigidos por Lei.
5. No caso de escrituração mecanizada, de acordo com o Art.1.180, o livro Diário pode
ser substituído por fichas, desde que adotado livro apropriado para o lançamento do balanço
patrimonial e do de resultado econômico.
6. No caso de escrituração mecanizada, de acordo com o Art.1.180, o livro Diário não
pode ser substituído por fichas, se for adotado livro apropriado para o lançamento do balanço
patrimonial e do resultado econômico.
Estão CERTOS apenas os itens:
A)1, 3 e 5.
B) 2, 4 e 6.
C) 2, 4 e 5.
D) 1, 4 e 6.
GABARITO: D: Considerando as explicações lançadas acima, sobretudo o teor dos
artigos 1.179 e seguintes do Código Civil.
8. PROPRIEDADE INDUSTRIAL
8.2. PATENTES
De acordo com o art. 8º da LPI, é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de
novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.
Para que a invenção seja patenteável são necessários os seguintes requisitos: novidade (quer
dizer que o objeto deva estar fora do estado da técnica, nos termos do art. 11 da LPI), atividade
inventiva (conforme indicado no art. 13 da LPI) e aplicação industrial (de acordo com o art. 15 da
LPI). O prazo de validade da patente de invenção é de 20 anos, sem possibilidade de renovação.
Para que o modelo de utilidade seja patenteável é necessária a presença dos seguintes
requisitos: novidade (o objeto deve estar fora do estado da técnica, de acordo com o art. 11 da LPI),
atividade inventiva (de acordo com o art. 14 da LPI) e aplicação industrial (conforme o texto do art.
15 da LPI). O prazo de validade da patente de modelo de utilidade é de 15 anos, sem possibilidade
de renovação.
108
Convém lembrar que, de acordo com o art. 10 da LPI, não se considera invenção nem
modelo de utilidade: a) descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; b) concepções
puramente abstratas; c) esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros,
educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; d) as obras literárias, arquitetônicas, artísticas
e científicas ou qualquer criação estética; e) programas de computador em si; f) apresentação de
informações; g) regras de jogo; h) técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como
métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e i) o todo ou
parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela
isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos
biológicos naturais.
No mesmo sentido, o art. 18 prevê que não são patenteáveis: a) aquilo que for contrário à
moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; b) as substâncias, matérias,
misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas
propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando
resultantes de transformação do núcleo atômico; e c) o todo ou parte dos seres vivos, exceto os
microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade,
atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
O mencionado artigo, ainda define os microorganismos transgênicos coo sendo organismos,
exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana
direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em
condições naturais.
Licença compulsória de patentes
A licença compulsória das patentes é tratada nos artigos 68 a 74 da LPI.
A licença compulsória poderá ocorrer, basicamente, nas seguintes hipóteses: a) quando o
titular da patente exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva; b) quando o titular da
patente por meio dela praticar abuso de poder econômico; c) quando não houver exploração do
objeto da patente no território brasileiro por falta de fabricação ou fabricação incompleta do
produto; d) por falta de uso integral do processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade
econômica; e e) quando a comercialização do objeto da patente não satisfizer às necessidades do
mercado.
A licença compulsória ocorrerá, ainda, se, cumulativamente: a) ficar caracterizada situação
de dependência de uma patente em relação a outra; b) o objeto da patente dependente constituir
substancial progresso técnico em relação à patente anterior; e c) o titular não realizar acordo com o
titular da patente dependente para exploração da patente anterior.
Patentes específicas
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Patentes verdes - exame prioritário de pedidos relacionados a tecnologias verdes – Res. INPI
175/2016.
Patentes MPE - ME e EPP – prioridades para requerimento de patentes realizados por
microempresas e empresas de pequeno porte. Res. 181/2017.
Patentes com Prioridade BR – patentes com origem do Brasil e prioridade de depósito no
exterior – Res. 180/2017.
Patentes pipeline (ou de revalidação – decorrentes da revogação do Código de PI – 5772/71)
- arts. 230 a 232 c/c art. 243 e 229-C.
De acordo com o art. 95 da LPI, considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental
de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto,
proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de
tipo de fabricação industrial.
O registro do desenho industrial depende da presença dos seguintes requisitos: a) a novidade
(e acordo com o art. 96 da LPI, o desenho industrial é considerado novo quando não compreendido
no estado da técnica); b) originalidade (conforme indicado no art. 97 da LPI, o desenho industrial é
considerado original quando dele resulte uma configuração visual distintiva, em relação a outros
objetos anteriores.
O art. 98 da LPI, ressalta que não se considera desenho industrial qualquer obra de caráter
puramente artístico.
Prazo do registro de desenho industrial (artigo 108 da LPI)
O registro de desenho industrial vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data do
depósito, prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada.
O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro,
instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição.
Se o pedido de prorrogação não tiver sido formulado até o termo final da vigência do
registro, o titular poderá fazê-lo nos 180 (cento e oitenta) dias subseqüentes, mediante o pagamento
de retribuição adicional.
O pagamento da retribuição deverá ser feito a cada 5 anos, conforme o art. 120 da LPI.
110
QUESTÕES
QUESTÃO 1.Assinale a alternativa incorreta:
A) A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante
concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
B) A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante
concessão de registro de indicação de origem e marca.
C) A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante
repressão às falsas indicações geográficas.
D) A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante
repressão à concorrência desleal.
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A) CORRETA: Lei 9279/96 – LPI - Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade
industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
do País, efetua-se mediante: I - concessão de patentes de invenção e de modelo de
utilidade; II - concessão de registro de desenho industrial; III - concessão de
registro de marca; IV - repressão às falsas indicações geográficas; e V - repressão
à concorrência desleal.
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
Confira os Enunciados das I e II Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça
Federal – CJF:
1. Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de marca não
implica a anulação do respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira os efeitos,
preservado o direito de o empresário alterá-lo.
2. A vedação de registro de marca que reproduza ou imite elemento característico ou
diferenciador de nome empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou
associação (art. 124, V, da Lei n. 9.279/1996), deve ser interpretada restritivamente e em
consonância com o art. 1.166 do Código Civil.
7. O nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem incorpóreo para
todos os fins de direito.
60. Os acordos e negócios de abstenção de uso de marcas entre sociedades empresárias não
são oponíveis em face do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, sem prejuízo
de os litigantes obterem tutela jurisdicional de abstenção entre eles na Justiça Estadual.
B) INCORRETA: Lei 9279/96 – LPI - Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade
industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
do País, efetua-se mediante: I - concessão de patentes de invenção e de modelo de
utilidade; II - concessão de registro de desenho industrial; III - concessão de
registro de marca; IV - repressão às falsas indicações geográficas; e V - repressão
à concorrência desleal.
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
C) CORRETA: Lei 9279/96 – LPI - Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade
industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
do País, efetua-se mediante: I - concessão de patentes de invenção e de modelo de
utilidade; II - concessão de registro de desenho industrial; III - concessão de
registro de marca; IV - repressão às falsas indicações geográficas; e V - repressão
à concorrência desleal.
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
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D) CORRETA: Lei 9279/96 – LPI - Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade
industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
do País, efetua-se mediante: I - concessão de patentes de invenção e de modelo de
utilidade; II - concessão de registro de desenho industrial; III - concessão de
registro de marca; IV - repressão às falsas indicações geográficas; e V - repressão
à concorrência desleal.
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
A) CORRETA: Lei 9279/96 – LPI - Art. 124. Não são registráveis como marca: I-
brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos,
nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou
imitação; II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva; III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal
contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou
114
atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimento dignos
de respeito e veneração; IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando
não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público; V - reprodução ou
imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome
de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais
distintivos; VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente
descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele
empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à
natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do
serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; VII - sinal ou expressão
empregada apenas como meio de propaganda; VIII - cores e suas denominações, salvo
se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo; IX - indicação geográfica,
sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação
geográfica; X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência,
natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina; XI -
reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de
qualquer gênero ou natureza; XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido
registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no
art. 154; XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social,
político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação
suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou
entidade promotora do evento; XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda
e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de
país; XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de
terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVI -
pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo
com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVII - obra literária, artística
ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam
suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular;
XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o
produto ou serviço a distinguir; XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte,
ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto
ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com
marca alheia; XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou
serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente
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A) CORRETA: Lei 9279/96 – LPI - Art. 8º É patenteável a invenção que atenda aos
requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Art. 9º É patenteável
como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação
industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte
em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Art. 10. Não se considera invenção
nem modelo de utilidade: I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
II - concepções puramente abstratas; III - esquemas, planos, princípios ou métodos
comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;
V - programas de computador em si; VI - apresentação de informações; VII -
regras de jogo; VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos
terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e IX - o
todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou
ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e
os processos biológicos naturais.
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2017.
Confira os Enunciados das I e II Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça
Federal – CJF:
1. Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de marca não
implica a anulação do respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira os efeitos,
preservado o direito de o empresário alterá-lo
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9. TÍTULOS DE CRÉDITO
a) causais, quanto só podem ser criados após a ocorrência de uma hipótese prevista em lei. A
duplicata é um título causal porque só pode ser sacada se houver uma compra e venda empresarial a
prazo ou uma prestação de serviços;
b) não causais (ou abstratos), quanto podem ser criados independentemente de uma causa
previamente prevista em lei. O cheque, a letra de câmbio e a nota promissória são títulos não
causais.
Quanto à circulação, os títulos podem ser:
a) ao portador, são os títulos que podem circular pela tradição, sem identificação do credor;
b) nominativos à ordem, são aqueles em que há identificação do credor e que podem ser
transferidos por endosso;
c) nominativos não à ordem, são aqueles em que há identificação do credor e que não podem
ser transferidos por endosso. Poderão, contudo, ser transferidos por cessão de crédito.
9.5. CHEQUE
O cheque é uma ordem de pagamento à vista, regulada basicamente pela lei 7354/85,
conhecida como Lei do Cheque.
É uma ordem de pagamento, de modelo livre, não causal, ao portador, ou nominativa à
ordem. Os cheques de valores inferiores a R$ 100,00 podem ser sacados ao portador, logo sem a
identificação do tomador. Caso seja de valor superior, o cheque será uma ordem nominativa à
ordem ou não à ordem. Se for à ordem, circula por endosso. Se for não à ordem, pelo lançamento da
clausula “não à ordem”, circulará por cessão de crédito.
Embora possa ser pós-datado o cheque sempre será uma ordem de pagamento para
cumprimento à vista. Nesse caso, a apresentação do cheque pós-datado antes da data indicada não
gerará efeitos cambiais. Poderá haver, contudo, dever de reparar eventuais danos pela incidência das
normas que regulam a responsabilidade civil. Nesse sentido é inclusive o enunciado 370 da Súmula
da Jurisprudência dominante do Superior Tribunal de justiça.
A lei n. 7357/85 previu as seguintes modalidades de cheque: a) cheque visado; b) cheque
administrativo; c) cheque cruzado; e d) cheque para se levar em conta.
O pagamento do cheque pode ser sustado por revogação ou oposição. A revogação está
prevista no artigo 35 da lei do cheque. Já a oposição, prevista no artigo 36 da lei do cheque...
De acordo com o artigo 35, “o emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê
de contra-ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões
motivadoras do ato (...) A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o prazo
de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de
prescrição.
122
A nota promissória é uma promessa de pagamento que está disciplinada, basicamente, nos
artigos 75 a 78 do decreto 57663/66, conhecido como Lei Uniforme de Genebra.
Cuida-se de uma promessa de pagamento, de modelo livre, não causal, nominativa à ordem
ou nominativa não à ordem. Logo pode circular por endosso, se for à ordem, ou por cessão de
crédito, se contiver a clausula “não à ordem”.
123
9.7. DUPLICATA
A duplicada é uma ordem de pagamento, regulada pela lei 5474/68, com aplicação
subsidiária das normas que disciplinam a letra de câmbio, nos termos do artigo 25 da lei.
É uma ordem de pagamento, de modelo livre, causal, nominativa à ordem. Poderá ser
nominativa não à ordem, caso seja lançada uma cláusula expressa “não à ordem”. Neste caso o
título só poderá circular por cessão de crédito.
Quanto à causa, as duplicatas só podem ser sacadas se houver uma compra e venda
mercantil a prazo ou uma prestação de serviços.
Por ser uma ordem de pagamento, na duplicata há um sacador, que cria o título e lança uma
ordem contra o sacado. O título é criado pelo saque, a partir do lançamento da assinatura do sacador
no corpo do título. O sacado recebe a ordem para pagar determinada quantia ao tomador, ou
beneficiário. O tomador ou beneficiário é aquele que irá receber o pagamento pelo cumprimento da
ordem. Nada impede que uma mesma pessoa assuma mais de uma posição nesta relação triangular.
Assim, a mesma pessoa pode sacar um título e dar a ordem para que o sacado pague para ela
mesma. Nesta hipótese o sacador e tomador serão a mesma pessoa.
Em tese, somente nos casos em que os títulos são sacados para pagamento à prazo haverá
possibilidade de aceite, ou seja, de aceitação da ordem antes da data estipulada para o seu
cumprimento.
De todo modo, a duplicata pode ser sacada para pagamento à vista ou a prazo.
124
9.8.2. Aceite
O aceite é o ato cambial que vincula o sacado ao cumprimento da ordem dada pelo sacador.
Na Letra de Câmbio o aceite é facultativo e irretratável. O aceite deve ser expresso. Admite
aceite parcial (limitativo ou modificativo). Pode haver colocação de cláusula não aceitável, neste
caso o credor só pode procurar o devedor na data do vencimento do título.
No aceite parcial limitativo há aceitação de parte do valor da ordem. No aceite parcial
modificativo há aceitação do valor da ordem, porém não há assentimento quanto ao modo de seu
cumprimento.
No cheque não se admite aceite.
Na nota promissória não se admite aceite.
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Na duplicata o aceite é obrigatório. O aceite pode ser expresso ou presumido. Admite aceite
parcial (limitativo ou modificativo). Pode haver colocação de cláusula não aceitável, neste caso o
credor só pode procurar o devedor na data do vencimento do título.
9.8.3. Endosso
9.8.4. Aval
9.8.5. Protesto
De modo geral o protesto é o ato cambial responsável pela publicidade de alguns eventos
relacionados com os títulos de crédito.
O protesto está disciplinado, principalmente, pela lei 9492/97.
O protesto pode ter por causa:
a) falta de aceite do título;
b) falta de devolução do título; ou
c) falta de pagamento do título.
O protesto é necessário para a cobrança dos coobrigados e seus respectivos avalistas
Para a cobrança do devedor principal e seus eventuais avalistas, o protesto é facultativo.
Há ainda o protesto por impontualidade injustificada, necessário para legitimar o pedido de
falência, nos termos do art. 94, I, da Lei11.101/2005.
Já não há mais necessidade de se realizar o protesto para constituir em mora o devedor do
contrato de alienação fiduciária em garantia, previsto no art. 2.º, § 2.º, do Decreto-lei 911/1969,
com as alterações da Lei 13.043/2014, atualmente a constituição em mora decorre apenas da
expedição de carta com aviso de recebimento.
QUESTÕES
QUESTÃO 1. Assinale a alternativa incorreta.
A) Como regra, nas duplicatas o aceite e obrigatório.
B)O cheque não admite aceite, considerando-se não escrita qualquer declaração com
esse sentido.
C) Como regra, nas letras de câmbio o aceite é facultativo.
D)Como regra, nas notas promissórias o aceite é facultativo.
primeira apresentação. Os interessados somente podem ser admitidos a pretender que não
foi dada satisfação a este pedido no caso de ele figurar no protesto. O portador não é
obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao aceite. Art. 25. O aceite é
escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou qualquer outra palavra
equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do
sacado aposta na parte anterior da letra. Quando se trate de uma letra pagável a certo
termo de vista, ou que deva ser apresentada ao aceite dentro de um prazo determinado por
estipulação especial, o aceite deve ser datado do dia em que foi dado, salvo se o portador
exigir que a data seja a da apresentação. À falta de data, o portador, para conservar os
seus direitos de recurso contra os endossantes e contra o sacador, deve fazer constar essa
omissão por um protesto, feito em tempo útil. Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o
sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada. Qualquer outra modificação
introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante
fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite. Art. 27. Quando o sacador tiver indicado
na letra um lugar de pagamento diverso do domicilio do sacado, sem designar um terceiro
em cujo domicilio o pagamento se deva efetuar, o sacado pode designar no ato do aceite a
pessoa que deve pagar a letra. Na falta dessa indicação, considera-se que o aceitante se
obriga, ele próprio, a efetuar o pagamento no lugar indicado na letra. Se a letra é pagável
no domicilio do sacado, este pode, no ato do aceite, indicar, para ser efetuado o pagamento,
um outro domicilio no mesmo lugar. Art. 28. O sacado obriga-se pelo aceite pagar a letra à
data do vencimento. Na falta de pagamento, o portador, mesmo no caso de ser ele o
sacador, tem contra o aceitante um direito de ação resultante da letra, em relação a tudo
que pode ser exigido nos termos dos artigos 48 e 49.Art. 29. Se o sacado, antes da
restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado, tal aceite é considerado como recusado.
Salvo prova em contrário, a anulação do aceite considera-se feita antes da restituição da
letra. Se, porém, o sacado tiver informado por escrito o portador ou qualquer outro
signatário da letra de que aceita, fica obrigado para com estes, nos termos do seu aceite.
Cf. TOMAZETTE, MARLON. Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito v. 2. São
Paulo: Atlas, 2017, p 133 e seguintes.
D) INCORRETA: decreto 2044/1908 Art. 54. A nota promissória é uma promessa de
pagamento e deve conter estes requisitos essenciais, lançados, por extenso no contexto:
I. a denominação de “Nota Promissória” ou termo correspondente, na língua em que for
emitida; II. a soma de dinheiro a pagar; III. o nome da pessoa a quem deve ser
paga; IV. a assinatura do próprio punho da emitente ou do mandatário especial. §
1º Presume-se ter o portador o mandato para inserir a data e lugar da emissão da nota
132
promissória, que não contiver estes requisitos. § 2º Será pagável à vista a nota
promissória que não indicar a época do vencimento. Será pagável no domicílio do emitente
a nota promissória que não indicar o lugar do pagamento. É facultada a indicação
alternativa de lugar de pagamento, tendo o portador direito de opção. § 3º
Diversificando as indicações da soma do dinheiro, será considerada verdadeira a que se
achar lançada por extenso no contexto. Diversificando no contexto as indicações da
soma de dinheiro, o título não será nota promissória. § 4º Não será nota promissória o
escrito ao qual faltar qualquer dos requisitos acima enumerados. Os requisitos essenciais
são considerados lançados ao tempo da emissão da nota promissória. No caso de má-fé do
portador, será admitida prova em contrário. Art. 55. A nota promissória pode ser
passada: I. à vista; II. a dia certo; III. a tempo certo da data. Parágrafo
único. A época do pagamento deve ser precisa e única para toda a soma devida.
Decreto 57993/66 - TÍTULO II DA NOTA PROMISSÓRIA - Art. 75. A nota promissória
contém:1. denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na
língua empregada para a redação desse título;2. a promessa pura e simples de pagar uma
quantia determinada;3. a época do pagamento;4. a indicação do lugar em que se efetuar o
pagamento;5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;6. a indicação
da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada;7. a assinatura de quem
passa a nota promissória (subscritor).Art. 76. O título em que faltar algum dos requisitos
indicados no artigo anterior não produzirá efeito como nota promissória, salvo nos casos
determinados das alíneas seguintes. A nota promissória em que se não indique a época do
pagamento será considerada à vista. Na falta de indicação especial, o lugar onde o título foi
passado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do
domicílio do subscritor da nota promissória. A nota promissória que não contenha
indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado ao
lado do nome do subscritor. Art. 77. São aplicáveis às notas promissórias, na parte em que
não sejam contrárias à natureza deste título, as disposições relativas às letras e
concernentes: endosso (artigos 11 a 20).
Cf. TOMAZETTE, MARLON. Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito v. 2. São
Paulo: Atlas, 2017, p 133 e seguintes.
GABARITO: D
A) INCORRETA: Decreto 57663/66 - Art. 11. Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva
expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. Quando o sacador
tiver inserido na letra as palavras "não à ordem", ou uma expressão equivalente, a letra só
é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. O endosso
pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer
outro coobrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra. Art. 12. O endosso
deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado considera-se como
não escrita. O endosso parcial é nulo. O endosso ao portador vale como endosso em
branco.
“A função primordial dos títulos de crédito é agilizar a circulação de riquezas, permitindo a
antecipação de valores que só seriam recebidos no futuro. Para que essa circulação ocorra,
é fundamental que o título de crédito seja passado para frente. Transfere-se o título e recebe
se uma parte do seu valor antes da data ali consignada para o recebimento. Essa
transferência do título de crédito possui uma forma própria na legislação cambiária que é o
endosso, sem prejuízo das formas tradicionais do direito das obrigações.” Cf.
TOMAZETTE, MARLON. Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito v. 2. São Paulo:
Atlas, 2017, p 148 e seguintes.
B) INCORRETA: decreto 57663/66 - Art. 11. Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva
expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. Quando o sacador
tiver inserido na letra as palavras "não à ordem", ou uma expressão equivalente, a letra só
é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. O endosso
pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer
outro coobrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra. Art. 77. São aplicáveis
às notas promissórias, na parte em que não sejam contrárias à natureza deste título, as
disposições relativas às letras e concernentes: endosso (artigos 11 a 20).
Cf. TOMAZETTE, MARLON. Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito v. 2. São
Paulo: Atlas, 2017, p 148 e seguintes.
C) CORRETA: decreto 57663/66 - Art. 13. O endosso deve ser escrito na letra ou numa
folha ligada a esta (anexo). Deve ser assinado pelo endossante. O endosso pode não
designar o benefício, ou consistir simplesmente na assinatura do endossante (endosso em
134
branco). Neste último caso, o endosso para ser válido deve ser escrito no verso da letra ou
na folha anexa. Art. 77. São aplicáveis às notas promissórias, na parte em que não sejam
contrárias à natureza deste título, as disposições relativas às letras e concernentes: endosso
(artigos 11 a 20).
Cf. TOMAZETTE, MARLON. Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito v. 2. São
Paulo: Atlas, 2017, p 148 e seguintes.
D) INCORRETA: decreto 57663/66 - Art. 15. O endossante, salvo cláusula em contrário, é
garante tanto da aceitação como do pagamento da letra. O endossante pode proibir um
novo endosso, e, neste caso, não garante o pagamento às pessoas a quem a letra for
posteriormente endossada. Admite-se o endosso sem garantia.
Cf. TOMAZETTE, MARLON. Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito v. 2. São
Paulo: Atlas, 2017, p 148 e seguintes.
GABARITO: C
A) INCORRETA – os prazos estão trocados. O cheque deve ser apresentado dentro do prazo
de 30 dias, se for da mesma praça, ou dentro do prazo de 60 dias, se for de praças diversas,
nos termos do artigo 33 da lei 7357/85.
B) INCORRETA - de acordo com o artigo 17 da lei 7357/85, o cheque pagável a pessoa
nomeada, com ou sem cláusula expressa ‘’ à ordem’’, é transmissível por via de endosso.
C) INCORRETA – de acordo com o artigo 59 da lei 7357/85 que prevê que prescrevem em 6
(seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta
Lei assegura ao portador.
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D) INCORRETA – de acordo com o artigo 6º da lei 7357/58, o cheque não admite aceite
considerando-se não escrita qualquer declaração com esse sentido.
E) CORRETA – de acordo com o artigo 29 da lei 7357/85, que prevê que o pagamento do
cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o
sacado, ou mesmo por signatário do título.
GABARITO: LETRA E
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As condições de validade (ou requisitos, de acordo com alguns editais) de contrato podem
ser gerais ou especiais.
As condições gerais estão indicadas no artigo 104 do Código Civil. São as seguintes:
a) partes capazes;
b) objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
c) forma prescrita ou não defesa em lei.
A condição especial é acordo de vontades, que deve ser livre e espontâneo, sob pena de ser
considerado defeituoso ou inválido. Em todo caso, o silêncio pode ser considerado manifestação de
vontade, sempre que as circunstâncias ou os usos autorizem, e não for necessária a declaração de
vontade expressa, nos termos do artigo 111 do Código Civil (silêncio circunstanciado ou
qualificado).
Embora não aparente, mesmo nos casos de mandado em causa própria, nos termos do artigo
685 do Código Civil, há manifestação de mais de uma vontade.
137
b) impessoal (são contratos nos quais as condições pessoais dos contratantes não são
determinantes para o negócio. Nesses casos, as obrigações contratuais são transmitidas por atos
inter vivos ou mortis causa.
Quanto à (im)permanência temporal, o contrato pode ser:
a) preliminar (também denominado de pactum em contrahendo, o contrato preliminar é um
pré-contrato, antecedente à realização de outro contrato posterior. O compromisso de compra e
venda é um bom exemplo de contratos dessa natureza. A disciplina dessas questões pode ser
encontrada nos artigos 462 e 466 do Código Civil);
b) contrato definitivo (é o contrato independente de qualquer outro).
Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no caput, exceto se houver
disposição específica em lei, a dúvida na interpretação beneficia a parte que não redigiu a cláusula
controvertida. (Artigo alterado pela MP 881/2019)
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas
neste Código.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 480-A. Nas relações interempresariais, é licito às partes contratantes estabelecer
parâmetros objetivos para a interpretação de requisitos de revisão ou de resolução do pacto
contratual. (Artigo incluído pela MP 881/2019)
Art. 480-B. Nas relações interempresariais, deve-se presumir a simetria dos contratantes e
observar a alocação de riscos por eles definida. (Artigo incluído pela MP 881/2019)
No mesmo sentido, confira os seguintes enunciados das Jornadas de Direito Comercial
do CJF:
Enunciado número 21, da I Jornada de Direito Comercial do CJF, de nossa autoria: “Nos
contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural
das relações interempresariais”.
Enunciado número 28 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: “Em razão do
profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os contratos empresariais
não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na inexperiência”.
A formação do contrato, basicamente disciplinada nos artigos 427 a 435 do Código Civil,
ocorre em quatro fases:
a) fase preliminar, ou de negociação prévia;
b) fase de propositura, ou fase de propostas (policitação ou oblação);
c) fase de constituição do contrato preliminar; e d) fase de constituição e conclusão do
contrato definitivo.
Com relação à formação dos contratos, merecem destaque os seguintes artigos do Código
Civil:
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos
dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
142
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também
presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a
resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação
do proponente.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao
contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode
revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta
realizada.
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do
proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e
danos.
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará
nova proposta.
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o
proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao
proponente a retratação do aceitante.
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida,
exceto: I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar
resposta; III - se ela não chegar no prazo convencionado.
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos
essenciais ao contrato a ser celebrado.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o
direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. Parágrafo
único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
A questão das provas dos negócios jurídicos está disciplinada nos artigos 212 a 232 do
Código Civil.
143
A matéria está disciplinada, basicamente, nos artigos 472 a 480 do Código Civil.
A extinção do contrato pode ocorrer pelas seguintes causas:
a) cumprimento ou esgotamento do objeto;
b) extinção por fatos anteriores à celebração do contrato (invalidade, cláusula de
arrependimento ou cláusula resolutiva expressa);
c) extinção por fatos posteriores à celebração do contrato:
c1) resolução (espécie de rescisão que gera a extinção do contrato por descumprimento. O
descumprimento pode ocorrer por inexecução voluntária, inexecução involuntária, por onerosidade
excessiva ou por previsão de cláusula resolutiva tácita);
c2) resilição (espécie de rescisão que provoca a dissolução do contrato por vontade das
partes, quando autorizado por lei. Cuida-se do exercício de um direito potestativo. A resilição pode
ser unilateral ou bilateral);
d) extensão por morte no caso de contrato pessoal.
144
Regulada, basicamente, pelos artigos 481 e seguintes do Código Civil. Há, também, a
Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias
(CISG), e os seguintes decretos: Decreto Legislativo n. 538/2012 e Decreto Presidencial n.
8.327/2014.
O contrato de prestação de serviços esta regulado nos artigos 593 a 609 do Código Civil. A
disciplina do Código Civil, no entanto, é subsidiária e só será utilizada se a prestação dos serviços
não estiver regulada por legislações especiais, inclusive de ordem trabalhista.
Os contratos bancários são aqueles nos quais há pelo menos uma instituição financeira entre
os contratantes. Os principais contratos bancários são:
a) depósito bancário;
b) mútuo feneratício;
c) financiamento;
d) conta-corrente;
e) abertura de crédito ou cheque especial;
f) cartão-de crédito;
g) aval bancário;
h) fiança bancária;
i) desconto bancário;
j) securitização de créditos, entre outros.
Sobre contratos bancários merecem destaque os seguintes enunciados das súmulas do STJ:
Súmula 297 do STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras.
Súmula 381 do STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas.
145
Súmula 566: Nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução- CMN
n. 3.518/2007, em 30-4-2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro no início do relacionamento
entre o consumidor e a instituição financeira.
Regulado pelas leis 6099/74 e 11649/08, o leasing, basicamente representa com contrato de
locação, com opção de compra ao final. O leasing pode ser: Financeiro, operacional, lease-back e
self leasing. Como regra geral, o prazo de duração é de: no mínimo 2 anos para bens com vida útil
de até 5 anos; no mínimo 3 anos para bens com vida útil superior a 5 anos; no mínimo 90 dias para
o leasing operacional (art. 8º da Resolução n. 2.309/96).
10.8.6. Factoring
O contrato de factoring, utilizado para que o empresário possa contar com colaborações na
gestão dos seus créditos, pode assumir duas formas:
a) conventional factoring (com antecipação de recebíveis); e
b) maturity factoring (sem antecipação de recebíveis).
10.8.7. Franquia
Está, basicamente previsto na lei 8955/94, sobretudo no ponto que prevê a apresentação da
Circular de Oferta de Franquia, com antecedência de 10 dias da assinatura do contrato.
É regulada pela lei 6729/79, e tem por objeto a compra e venda de veículos automotores
terrestres, envolvendo concedentes e concessionários.
147
A comissão está disciplinada nos artigos 693 e seguintes do Código Civil - é o contrato pelo
qual o comissário se obriga a praticar atos (compra ou venda) por conta do comitente empresário,
porém em nome próprio.
A agência e a distribuição estão tratadas nos artigos 710 e seguintes do Código Civil -
Agência é o acordo pelo qual uma pessoa assume, de forma permanente, mas sem vínculo de
dependência, a obrigação de promover negócios em uma região determinada, a conta da parte
contrária, mediante remuneração (CC, art. 710, caput, 1ª parte). Já a distribuição ocorre quando,
além do descrito acima, o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada (CC, art. 710, caput,
in fine).
Esses contratos estão disciplinados nos artigos 710 e seguintes do Código Civil, no Decreto-
lei 73/66 (seguros), e na Lei Complementar 126/07 (resseguros).
Para a compreensão doutrinária mais aprofundada do tema, convém conhecer o teor dos
seguintes enunciados das Jornadas de Direito Comercial do CJF:
Enunciado número 21. Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado,
tendo em vista a simetria natural das relações interempresariais.
148
Enunciado número 34. Com exceção da garantia contida no artigo 618 do Código Civil, os
demais artigos referentes, em especial, ao contrato de empreitada (arts. 610 a 626) aplicar-se-ão
somente de forma subsidiária às condições contratuais acordadas pelas partes de contratos
complexos de engenharia e construção, tais como EPC, EPC-M e Aliança.
Enunciado número 35. Não haverá revisão ou resolução dos contratos de derivativos por
imprevisibilidade e onerosidade excessiva (arts. 317 e 478 a 480 do Código Civil).
Enunciado número 36. O pagamento da comissão, no contrato de corretagem celebrado
entre empresários, pode ser condicionado à celebração do negócio previsto no contrato ou à
mediação útil ao cliente, conforme os entendimentos prévios entre as partes. Na ausência de ajuste
ou previsão contratual, o cabimento da comissão deve ser analisado no caso concreto, à luz da boa-
fé objetiva e da vedação ao enriquecimento sem causa, sendo devida se o negócio não vier a se
concretizar por fato atribuível exclusivamente a uma das partes.
Enunciado número 37. Aos contratos de transporte aéreo internacional celebrados por
empresários aplicam-se as disposições da Convenção de Montreal e a regra da indenização tarifada
nela prevista (art. 22 do Decreto n. 5.910/2006).
Enunciado número 38. É devida devolução simples, e não em dobro, do valor residual
garantido (VRG) em caso de reintegração de posse do bem objeto de arrendamento mercantil
celebrado entre empresários.
Enunciado número 67.Na locação built to suit (construído para servir, ou de construção
ajustada), é válida a estipulação contratual que estabeleça cláusula penal compensatória equivalente
à totalidade dos alugueres a vencer, sem prejuízo da aplicação do art. 416, parágrafo único, do
Código Civil5.
Enunciado número 68.No contrato de comissão com cláusula del credere, responderá
solidariamente com o terceiro contratante o comissário que tiver cedido seus direitos ao comitente,
nos termos da parte final do art. 694 do Código Civil6.
5Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo
exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver
sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
6Art.
694. O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o
comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das partes
150
QUESTÕES
Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede – Manual
de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial (2017);
André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito Empresarial
Sistematizado (2018).
Confira os Enunciados das I e II Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça
Federal – CJF:
20. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados entre
empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo suprir-se de insumos para sua
atividade de produção, comércio ou prestação de serviços.
21. Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a
simetria natural das relações interempresariais.
22. Não se presume solidariedade passiva (art. 265 do Código Civil) pelo simples fato de
duas ou mais pessoas jurídicas integrarem o mesmo grupo econômico.
23. Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer parâmetros
objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto contratual.
24. Os contratos empresariais coligados, concretamente formados por unidade de interesses
econômicos, permitem a arguição da exceção de contrato não cumprido, salvo quando a
obrigação inadimplida for de escassa importância.
25. A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar em
conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve-se presumir a
sofisticação dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada.
26. O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a
direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da
relação negocial.
27. Não se presume violação à boa-fé objetiva se o empresário, durante as negociações do
contrato empresarial, preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de
informações reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em
risco a competitividade de sua atividade.
28. Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os
contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na
inexperiência.
29. Aplicam-se aos negócios jurídicos entre empresários a função social do contrato e a
boa-fé objetiva (arts. 421 e 422 do Código Civil), em conformidade com as especificidades
dos contratos empresariais.
152
32. Nos contratos de prestação de serviços nos quais as partes contratantes são
empresários e a função econômica do contrato está relacionada com a exploração de
atividade empresarial, as partes podem pactuar prazo superior a quatro anos, dadas as
especificidades da natureza do serviço a ser prestado, sem constituir violação do disposto
no art. 598 do Código Civil.
33. Nos contratos de prestação de serviços nos quais as partes contratantes são
empresários e a função econômica do contrato está relacionada com a exploração de
atividade empresarial, é lícito às partes contratantes pactuarem, para a hipótese de
denúncia imotivada do contrato, multas superiores àquelas previstas no art. 603 do Código
Civil.
35. Não haverá revisão ou resolução dos contratos de derivativos por imprevisibilidade e
onerosidade excessiva (arts. 317 e 478 a 480 do Código Civil).
38. É devida devolução simples, e não em dobro, do valor residual garantido (VRG) em
caso de reintegração de posse do bem objeto de arrendamento mercantil celebrado entre
empresários.
67. Na locação built to suit, é válida a estipulação contratual que estabeleça cláusula penal
compensatória equivalente à totalidade dos alugueres a vencer, sem prejuízo da aplicação
do art. 416, parágrafo único, do Código Civil.
68. No contrato de comissão com cláusula del credere, responderá solidariamente com o
terceiro contratante o comissário que tiver cedido seus direitos ao comitente, nos termos da
parte final do art. 694 do Código Civil.
B) CORRETA: Lei 6099/74 - Art 1º O tratamento tributário das operações de arrendamento
mercantil reger-se-á pelas disposições desta Lei. Parágrafo único - Considera-se
arrendamento mercantil, para os efeitos desta Lei, o negócio jurídico realizado entre pessoa
jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de
arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora,
segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta. Art 2º Não terá o
tratamento previsto nesta Lei o arrendamento de bens contratado entre pessoas jurídicas
direta ou indiretamente coligadas ou interdependentes, assim como o contratado com o
próprio fabricante. § 1º O Conselho Monetário Nacional especificará em regulamento os
casos de coligação e interdependência. § 2º Somente farão jus ao tratamento previsto nesta
Lei as operações realizadas ou por empresas arrendadoras que fizerem dessa operação o
objeto principal de sua atividade ou que centralizarem tais operações em um departamento
especializado com escrituração própria. Art 3º Serão escriturados em conta especial do
ativo imobilizado da arrendadora os bens destinados a arrendamento mercantil.
153
Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede – Manual
de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial (2017);
André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito Empresarial
Sistematizado (2018).
C) CORRETA: Lei 6099/74
Art. 8o O Conselho Monetário Nacional poderá baixar resolução disciplinando as
condições segundo as quais as instituições financeiras poderão financiar suas controladas,
coligadas ou interdependentes que se especializarem em operações de arrendamento
mercantil. (Redação dada pela Lei nº 11.882, de 2008)
Parágrafo único. A aquisição de debêntures emitidas por sociedades de arrendamento
mercantil em mercado primário ou secundário constitui obrigação de natureza cambiária,
não caracterizando operação de empréstimo ou adiantamento.
Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede – Manual
de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial (2017);
André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito Empresarial
Sistematizado (2018).
D) CORRETA: Lei 6099/74 -
Art 5º Os contratos de arrendamento mercantil conterão as seguintes disposições:
a) prazo do contrato;
b) valor de cada contraprestação por períodos determinados, não superiores a um
semestre;
c) opção de compra ou renovação de contrato, como faculdade do arrendatário;
d) preço para opção de compra ou critério para sua fixação, quando for estipulada esta
cláusula.
Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede – Manual
de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial (2017);
André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito Empresarial
Sistematizado (2018).
GABARITO: A
A alternativa incorreta é a letra B. Conforme indicado no art 4º da lei 4886/65, não pode
ser representante comercial:
a) o que não pode ser comerciante;
b) o falido não reabilitado;
c) o que tenha sido condenado por infração penal de natureza infamante, tais como
falsidade, estelionato, apropriação indébita, contrabando, roubo, furto, lenocínio ou crimes
também punidos com a perda de cargo público;
d) o que estiver com seu registro comercial cancelado como penalidade.
GABARITO: B
A alternativa incorreta é a letra D. De acordo com o art. 3º da lei 6729/79, que regula a
concessão mercantil, constitui objeto de concessão:
I - a comercialização de veículos automotores, implementos e componentes fabricados ou
fornecidos pelo produtor;
Il - a prestação de assistência técnica a esses produtos, inclusive quanto ao seu atendimento
ou revisão; e
III - o uso gratuito de marca do concedente, como identificação.
GABARITO: D
155
Caso o sujeito ativo da falência seja um credor que não tiver domicílio no Brasil ele deverá
prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização (prevista no art. 101 da LFRE).
Fixada a competência, opera-se a atratividade do juízo falimentar. Nesse caso, como regra, o
juízo falimentar será competente para conhecer, processar e julgar todas as ações que envolvam o
falido.
Algumas demandas, no entanto, excepcionalmente, continuam tramitando nos juízos de
origem. De acordo com o artigo 76 da LFRE, não serão encaminhadas para o juízo falimentar as
demandas:
a) em que a massa falida autora ou litisconsorte ativa;
b) que contenham reclamações trabalhistas;
c) de execuções tributárias e de créditos inscritos na dívida ativa;
d) de competência da Justiça Federal por interesse da União; e
e) que contenham pretensão com obrigação ilíquida.
O pedido de falência poderá ter por fundamento uma das hipóteses assinaladas no art. 94 da
LFRE.
Assim, poderá ser decretada a falência do devedor empresário que: a) sem relevante razão de
direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido
de falência; b) executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal; e c) pratica atos de falência não incluídos no plano
de recuperação judicial:
Pratica ato de falência o empresário que:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou
fraudulento para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou
fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro,
credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os
credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
158
11.6.2. Resposta
Caso o pedido não tenha por fundamento a prática de ato de falência, no prazo para a
resposta o requerido poderá afastar a pretensão do requerente pela realização do depósito elisivo. O
deposito elisivo deverá corresponder ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e
honorários advocatícios.
11.7. SENTENÇA
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse
tempo seus administradores;
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias
contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do primeiro protesto por falta
de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal
dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se
esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito;
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as
exceções legais;
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido,
submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens
cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos
casos específicos; VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das
partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando
requerida com fundamento em provas da prática de crime definido na LFRE;
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no
registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a
inabilitação de que trata o art. 102 da LFRE;
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso
III do caput do art. 22 da LFRE;
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades
para que informem a existência de bens e direitos do falido;
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o
administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 da
LFRE;
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia-geral de
credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do
Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas
Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para
que tomem conhecimento da falência.
160
O curso procedimental está previsto, basicamente, nos artigos 104 e seguintes da LFRE.
Em síntese, a matéria está dividida da seguinte forma:
Deveres do falido – artigos 104 e seguintes da LFRE.
Arrecadação dos bens – artigos 108 e seguintes da LFRE.
Pedidos de restituição – artigos 85 e seguintes da LFRE.
Efeitos da decretação da falência sobre as obrigações do devedor – artigos 115 e seguintes
da LFRE.
Atos ineficazes – artigo 129 da LFRE.
Atos revogáveis – artigos 130 e seguintes da LFRE.
Realização do ativo – artigos 139 e seguintes da LFRE.
Pagamento do passivo – artigo 149, nos termos do artigo 83 da LFRE.
Encerramento da falência e extinção das obrigações e reabilitação do falido – art. 154 e
seguintes da LFRE.
VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho, e
precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, quanto à dívida
dos seus salários.
IX - sobre os produtos do abate, o credor por animais. (Incluído pela Lei nº 13.176, de
2015)
Os créditos com privilégio geral, indicados no artigo 965 do Código Civil, são os seguintes:
I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume do
lugar;
II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação da massa;
III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor
falecido, se foram moderadas;
IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre anterior à
sua morte;
V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, no
trimestre anterior ao falecimento;
VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no anterior;
VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos seus
derradeiros seis meses de vida;
VIII - os demais créditos de privilégio geral.
11.11.1. Requisitos
Conforme previsto no art. 48 da LFRE, poderá requerer recuperação judicial o devedor que,
no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda
aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado,
as responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base
no plano especial destinado às micro e pequenas empresas;
163
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos na LFRE.
O art. 50 da LFRE aponta, num rol não exaustivo, alguns meios de recuperação judicial.
Nesse sentido, o empresário que pretende a recuperação judicial poderá adotar os seguintes meios
para superar a crise:
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou
vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária
integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação
vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus
órgãos administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder
de veto em relação às matérias que o plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos
próprios empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de
garantia própria ou de terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI – venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo
como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive
aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos
créditos, os ativos do devedor.
164
Nos termos do art. 51 da LFRE, a petição inicial de recuperação judicial será instruída,
necessariamente, com:
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da
crise econômico-financeira;
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as
levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da
legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou
de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do
crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos
registros contábeis de cada transação pendente;
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários,
indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a
discriminação dos valores pendentes de pagamento;
165
c) na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores,
computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei.
A falência poderá ser decretada durante o processo de recuperação judicial, nos termos do
artigo 73 da LFRE, nas seguintes hipóteses:
a) por deliberação da assembleia-geral de credores, na forma do art. 42 da LFRE;
b) pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 da
LFRE;
c) quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4º do art. 56 da
LFRE; e
d) por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma
do § 1º do art. 61 da LFRE.
A despeito dessas ponderações, nada impede a decretação da falência por inadimplemento
de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos do artigo 94 da LFRE.
168
A recuperação extrajudicial está prevista, basicamente nos artigos 161 a 167 da LFRE.
A recuperação extrajudicial objetiva contratar dilação no prazo dos pagamentos ou
diminuição dos valores, no plano privado, com homologação judicial.
Os requisitos, indicados nos artigos 48, 162 e 163 da LFRE são os seguintes:
a) o requerente precisa não ser falido e, se o foi, devem ter sido declaradas extintas, por
sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
b) o requerente não pode ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial, inclusive se for o caso de pedido de recuperação especial para microempresas e empresas
de pequeno porte;
c) o requerente deve apresentar justificativa para o pedido, com exposição da crise;
d) o requerente deve apresentar por documentos as condições e as assinaturas dos credores
aderentes;
e) o requerente deve fazer a exposição da sua situação patrimonial;
f) o requerente deve apresentar demonstrações contábeis do último exercício social,
levantadas especialmente para instruir o pedido; e
g) o requerente deve apresentar relação nominal completa de credores, discriminando a
natureza dos respectivos créditos.
Caso não tenha obtenha a anuência de todos os seus credores, o requerente devedor, nos
termos do art. 163 da LFRE, poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação
extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que
representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos
a) trabalhistas e acidentários – acidente do trabalho (LFRE, art. 161, § 1º); De forma diversa,
na recuperação judicial, esses dois tipos de créditos podem fazer parte do plano; tributários (LFRE,
art. 161, § 1º);
c) do arrendador mercantil (contrato de leasing), do proprietário fiduciário, do promitente
vendedor de imóvel cujos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, do
proprietário em contrato de venda com reserva de domínio (LFRE, art. 49, § 3º); e
d) decorrentes de importâncias entregues ao devedor como adiantamento em contrato de
câmbio para exportação (LFRE, art. 49, § 4º, c/c art. 86, inc. II).
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 42. O prazo de suspensão
previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005 pode excepcionalmente ser prorrogado, se o
retardamento do feito não puder ser imputado ao devedor.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 43. A suspensão das ações e
execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 44. A homologação de plano
de recuperação judicial aprovado pelos credores está sujeita ao controle judicial de legalidade.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 45. O magistrado pode
desconsiderar o voto de credores ou a manifestação de vontade do devedor, em razão de abuso de
direito.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 46. Não compete ao juiz
deixar de conceder a recuperação judicial ou de homologar a extrajudicial com fundamento na
análise econômico-financeira do plano de recuperação aprovado pelos credores.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 47. Nas alienações realizadas
nos termos do art. 60 da Lei n. 11.101/2005, não há sucessão do adquirente nas dívidas do devedor,
inclusive nas de natureza tributária, trabalhista e decorrentes de acidentes de trabalho.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 48. A apuração da
responsabilidade pessoal dos sócios, controladores e administradores feita independentemente da
realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, prevista no art. 82 da Lei
n. 11.101/2005, não se refere aos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 49. Os deveres impostos pela
Lei n. 11.101/2005 ao falido, sociedade limitada, recaem apenas sobre os administradores, não
sendo cabível nenhuma restrição à pessoa dos sócios não administradores.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 50. A extensão dos efeitos da
quebra a outras pessoas jurídicas e físicas confere legitimidade à massa falida para figurar nos polos
ativo e passivo das ações nas quais figurem aqueles atingidos pela falência.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 51. O saldo do crédito não
coberto pelo valor do bem e/ou da garantia dos contratos previstos no § 3º do art. 49 da Lei n.
11.101/2005 é crédito quirografário, sujeito à recuperação judicial.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 52. A decisão que defere o
processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento.
Enunciado das Jornadas de Direito Comercial do CJF número 53. A assembleia geral de
credores para deliberar sobre o plano de recuperação judicial é una, podendo ser realizada em uma
ou mais sessões, das quais participarão ou serão considerados presentes apenas os credores que
firmaram a lista de presença encerrada na sessão em que instalada a assembleia geral.
171
QUESTÕES
QUESTÃO 1. Assinale a alternativa incorreta.
A) Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que, entre outros requisitos, não seja
falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes.
B) Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que, entre outros requisitos, não
tenha, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial.
C) Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que, entre outros requisitos, não
tenha, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano
especial de que trata a Seção V deste Capítulo.
D) Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que, entre outros requisitos, não tenha
sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por
qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
Confira os Enunciados das I e II Jornadas de Direito Comercial do Conselho da Justiça
Federal – CJF:
42. O prazo de suspensão previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005 pode
excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado ao
devedor.
43. A suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se
estende aos coobrigados do devedor.
44. A homologação de plano de recuperação judicial aprovado pelos credores está sujeita
ao controle judicial de legalidade.
45. O magistrado pode desconsiderar o voto de credores ou a manifestação de vontade do
devedor, em razão de abuso de direito.
46. Não compete ao juiz deixar de conceder a recuperação judicial ou de homologar a
extrajudicial com fundamento na análise econômico-financeira do plano de recuperação
aprovado pelos credores.
47. Nas alienações realizadas nos termos do art. 60 da Lei n. 11.101/2005, não há sucessão
do adquirente nas dívidas do devedor, inclusive nas de natureza tributária, trabalhista e
decorrentes de acidentes de trabalho.
48. A apuração da responsabilidade pessoal dos sócios, controladores e administradores
feita independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir
o passivo, prevista no art. 82 da Lei n. 11.101/2005, não se refere aos casos de
desconsideração da personalidade jurídica.
49. Os deveres impostos pela Lei n. 11.101/2005 ao falido, sociedade limitada, recaem
apenas sobre os administradores, não sendo cabível nenhuma restrição à pessoa dos sócios
não administradores.
50. A extensão dos efeitos da quebra a outras pessoas jurídicas e físicas confere
legitimidade à massa falida para figurar nos polos ativo e passivo das ações nas quais
figurem aqueles atingidos pela falência.
51. O saldo do crédito não coberto pelo valor do bem e/ou da garantia dos contratos
previstos no § 3º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005 é crédito quirografário, sujeito à
recuperação judicial.
52. A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de
instrumento.
175
53. A assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação judicial é
una, podendo ser realizada em uma ou mais sessões, das quais participarão ou serão
considerados presentes apenas os credores que firmaram a lista de presença encerrada na
sessão em que instalada a assembleia geral.
54. O deferimento do processamento da recuperação judicial não enseja o cancelamento da
negativação do nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito e nos tabelionatos de
protestos.
55. O parcelamento do crédito tributário na recuperação judicial é um direito do
contribuinte, e não uma faculdade da Fazenda Pública, e, enquanto não for editada lei
específica, não é cabível a aplicação do disposto no art. 57 da Lei n. 11.101/2005 e no
art.191-A do CTN.
56. A Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir para requerer a
falência do devedor empresário.
57. O plano de recuperação judicial deve prever tratamento igualitário para os membros da
mesma classe de credores que possuam interesses homogêneos, sejam estes delineados em
função da natureza do crédito, da importância do crédito ou de outro critério de similitude
justificado pelo proponente do plano e homologado pelo magistrado.
72. A legitimidade do Ministério Público para propor e conduzir a ação de
responsabilidade de que trata o art. 46 da Lei n. 6.024/1974 não cessa com a decretação da
falência da instituição submetida a regime especial, porquanto o art. 47 da mencionada lei
foi revogado tacitamente pelo art. 7º, II, da Lei n. 9.447/1997.
73. Para que seja preservada a eficácia do disposto na parte final do § 2º do artigo 6º da
Lei n. 11.101/05, é necessário que, no juízo do trabalho, o crédito trabalhista para fins de
habilitação seja calculado até a data do pedido da recuperação judicial ou da decretação
da falência, para não se ferir a par condicio creditorum e observarem-se os arts. 49,
“caput”, e 124 da Lei n. 11.101/2005.
74. Embora a execução fiscal não se suspenda em virtude do deferimento do processamento
da recuperação judicial, os atos que importem em constrição do patrimônio do devedor
devem ser analisados pelo Juízo recuperacional, a fim de garantir o princípio da
preservação da empresa.
75. Havendo convenção de arbitragem, caso uma das partes tenha a falência decretada: (i)
eventual procedimento arbitral já em curso não se suspende e novo procedimento arbitral
pode ser iniciado, aplicando-se, em ambos os casos, a regra do art. 6º, § 1º, da Lei n.
11.101/2005; e (ii) o administrador judicial não pode recusar a eficácia da cláusula
compromissória, dada a autonomia desta em relação ao contrato.
176
76. Nos casos de emissão de títulos de dívida pela companhia recuperanda, na qual exista
agente fiduciário ou figura similar representando uma coletividade de credores, caberá ao
agente fiduciário o exercício do voto em assembleia-geral de credores, nos termos e
mediante as autorizações previstas no documento de emissão, ressalvada a faculdade de
qualquer investidor final pleitear ao juízo da recuperação o desmembramento do direito de
voz e voto em assembleia para exercê-los individualmente, unicamente mediante
autorização judicial.
77. As alterações do plano de recuperação judicial devem ser submetidas à assembleia
geral de credores, e a aprovação obedecerá ao quorum previsto no art. 45 da Lei n.
11.101/05, tendo caráter vinculante a todos os credores submetidos à recuperação judicial,
observada a ressalva do art. 50, § 1º, da Lei n. 11.101/05, ainda que propostas as
alterações após dois anos da concessão da recuperação judicial e desde que ainda não
encerrada por sentença.
78. O pedido de recuperação judicial deve ser instruído com a relação completa de todos os
credores do devedor, sujeitos ou não à recuperação judicial, inclusive fiscais, para um
completo e adequado conhecimento da situação econômico-financeira do devedor.
79. O requisito do inc. III do §1º do art. 58 da Lei n. 11.101 aplica-se a todas as classes nas
quais o plano de recuperação judicial não obteve aprovação nos termos do art. 45 desta
Lei.
80. Para classificar-se credor, em pedido de habilitação, como privilegiado especial, em
razão do art. 83, IV, "d" da Lei de Falências, exige-se, cumulativamente, que: (a) esteja
vigente a LC 147/2014 na data em que distribuído o pedido de recuperação judicial ou
decretada a falência do devedor; (b) o credor faça prova de que, no momento da
distribuição do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, preenchia os
requisitos legais para ser reconhecido como microempreendedor individual, microempresa
ou empresa de pequeno porte.
81. Aplica-se à recuperação judicial, no que couber, o princípio da par condicio
creditorum.
B) CORRETA: Lei 11101/05 -
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido,
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes
requisitos, cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
177
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
C) INCORRETA: Lei 11101/05 -
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido,
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes
requisitos, cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
D) CORRETA: Lei 11101/05 -
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido,
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes
requisitos, cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)
178
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
GABARITO: C
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
C) INCORRETA: Lei 11101/05 -
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação
judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do
devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.
§1 º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar
quantia ilíquida.
§ 2 º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou
modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza
trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas
perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no
quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.
§ 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá determinar
a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma
vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese
nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do
deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo,
o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente
de pronunciamento judicial.
§ 5º Aplica-se o disposto no § 2º deste artigo à recuperação judicial durante o período de
suspensão de que trata o § 4º deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções
trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no
quadro-geral de credores.
§ 6º Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as
ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da
falência ou da recuperação judicial:
I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial;
II – pelo devedor, imediatamente após a citação.
§ 7 º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação
judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário
Nacional e da legislação ordinária específica.
180
A) INCORRETA: lei 11101/05 - Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá
pleitear sua recuperação judicial.
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
B) CORRETA: lei 11101/05 -
181
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será
decretada se o requerido provar:
I – falsidade de título;
II – prescrição;
III – nulidade de obrigação ou de título;
IV – pagamento da dívida;
V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de
título;
VI – vício em protesto ou em seu instrumento;
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados
os requisitos do art. 51 desta Lei;
VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de
falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não
prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado.
§1º Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu
ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor.
§ 2º As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a decretação
de falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante que
supere o limite previsto naquele dispositivo.
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
C) CORRETA: lei 11101/05 -
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da
sociedade;
IV – qualquer credor.
§ 1º O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que
comprove a regularidade de suas atividades.
§ 2º O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e
ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei.
182
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
D) CORRETA: lei 11101/05 -
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente
a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação
judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou
fraudulento para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos
ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo
a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os
credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a
legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens
livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os
credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua
sede ou de seu principal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação
judicial.
§ 1º Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o
pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo.
§ 2º Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que nela não se
possam reclamar.
§ 3º Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com
os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9º desta Lei, acompanhados, em
183
qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da
legislação específica.
§ 4º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com
certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução.
§ 5º Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de falência descreverá os fatos
que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão
produzidas.
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
GABARITO: A
Cf. o Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I a III e VI do art. 129 desta Lei que
tenham sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial será
declarado ineficaz ou revogado.
C) INCORRETA: lei 11101/05
Art. 135. A sentença que julgar procedente a ação revocatória determinará o retorno dos
bens à massa falida em espécie, com todos os acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos
das perdas e danos.
Parágrafo único. Da sentença cabe apelação.
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
D) CORRETA: lei 11101/05 -
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção
deste fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por
qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por
qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal,
tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto
de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da
hipoteca revogada;
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o
pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor
bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver
oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial
do registro de títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título
oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da
falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.
186
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa
ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.
Confira: Fabio Ulhoa Coelho – Manual de Direito Empresarial (2018); Gladston Mamede
– Manual de Direito Empresarial (2017); Marlon Tomazette - Curso de Direito Empresarial
(2017); André Santa Cruz – Direito Empresarial (2018); Tarcísio Teixeira - Direito
Empresarial Sistematizado (2018).
GABARITO: C
187
O art. 192 da Constituição Federal, dispõe que o sistema financeiro nacional, estruturado de
forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade,
em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis
complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições
que o integram.
De acordo com a Lei nº 4.595/64, integram o Sistema Financeiro Nacional:
a) o Conselho Monetário Nacional;
b) o Banco Central;
c) o Banco do Brasil S.A.;
d) o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico; e
e) as demais instituições financeiras públicas e privadas.
São órgãos normativos:
a) o Conselho Monetário Nacional;
b) o Conselho Nacional de Seguros Privados; e
c) o Conselho Nacional de Previdência Complementar.
São órgãos supervisores:
a) o Banco Central do Brasil;
b) a Comissão de Valores Mobiliários;
c) a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP; e
d) a Superintendência Nacional de Previdência Complementar.
São órgãos operadores:
a) as instituições financeiras públicas; e
b) as instituições financeiras privadas.
Nos termos do art. 17 da Lei nº 4.595/64, consideram-se instituições financeiras, para os
efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como
atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de
terceiros"
Também são consideradas instituições financeiras as seguintes pessoas:
a) as administradoras de cartões de crédito;
188
b) as sociedades de crédito;
c) as cooperativas de crédito;
d) as distribuidoras de valores mobiliários;
e) as corretoras de câmbio;
f) as sociedades de arrendamento mercantil;
g) as associações de poupança e empréstimo;
h) as sociedades de crédito imobiliário;
i) as companhias hipotecárias; e
j) as agências de fomento.
QUESTÕES
QUESTÃO 1: Assinale a alternativa que não contém um ente do Sistema Financeiro
Nacional.
A) Conselho Monetário Nacional.
B) Banco Central da República do Brasil.
C) Banco Central do Brasil.
D) Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico.
E) Instituições financeiras públicas e privadas.
A alternativa que não contém um ente do SFN é a letra B.
GABARITO: B
QUESTÃO 2: Assinale a alternativa que não contém um ente do Sistema Financeiro da
Habitação.
A) bancos múltiplos.
B) bancos comerciais.
C) agências de fomento mercantil.
D) sociedades de crédito imobiliário.
E) entidades abertas de previdência complementar.
A alternativa que deve ser assinalada é a C, conforme previsão do artigo 8º, da lei 4830/64.
Art. 8° O sistema financeiro da habitação, destinado a facilitar e promover a construção e a
aquisição da casa própria ou moradia, especialmente pelas classes de menor renda da
população, será integrado.
I – pelos bancos múltiplos;
II – pelos bancos comerciais;
III – pelas caixas econômicas;
IV – pelas sociedades de crédito imobiliário;
V – pelas associações de poupança e empréstimo;
190
A alternativa que deve ser assinalada é a letra C, de acordo com o Art . 6º da lei 6024/74: A
intervenção produzirá, desde sua decretação, os seguintes efeitos:
a) suspensão da exigibilidade das obrigações vencidas;
b) suspensão da fluência do prazo das obrigações vincendas anteriormente contraídas c)
inexigibilidade dos depósitos já existentes à data de sua decretação.
GABARITO: C
191
EMPRESA
A penhora sobre o faturamento de uma sociedade comercial deve ser a última alternativa a
ser adotada em um processo de execução, visto que implica verdadeiro óbice à existência da
empresa, entendida como atividade econômica organizada profissionalmente para a produção,
circulação e distribuição de bens, serviços ou riquezas (Artigo 966 do novo Código Civil:
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços) O ordenamento jurídico pátrio confere proteção
especial ao exercício da empresa - mormente o novo Código Civil, por intermédio do Livro II, com
a criação do novo Direito de Empresa -, de sorte que ampla a construção doutrinária moderna
acerca de suas características. Cesare Vivante, ao desenvolver a teoria da empresa no direito italiano
(cf. Trattato de Diritto Commerciale. 4. ed. Milão: Casa Editrice Dott. Francesco Vallardi, 1920)
congregou os fatores natureza, capital, organização, trabalho e risco como requisitos elementares a
qualquer empresa. No mesmo sentido, Alfredo Rocco salienta a importância da organização do
trabalho realizada pelo empresário e adverte que a empresa somente pode ser caracterizada quando
a produção é obtida mediante o trabalho de outrem, a ser recrutado, fiscalizado, dirigido e retribuído
exclusivamente para a produção de bens ou serviços (cf. Princípios de Direito Comercial. São
Paulo: Saraiva, 1931). Em espécie, denota-se inequívoca a caracterização da empresa exercida por
Begê Restaurantes de Coletividade LTDA ? empresário e sujeito de direito -, de modo que, embora
seja uma abstração enquanto entidade jurídica; tertius genus, para Orlando Gomes; ente sui generis,
conforme lição de Waldírio Bulgarelli e Ricardo Negrão; objeto de direito, segundo Rubens
Requião -, a empresa merece tutela jurídica própria. Ora, ao determinar a realização da penhora
sobre o faturamento da requerente, sem a nomeação de administrador, o ilustre Juízo de primeiro
grau não observou dois dos elementos principais da empresa, a saber, o capital e a organização do
trabalho. A penhora sobre o montante de 30% (trinta por cento) do faturamento da executada,
somada à ausência de nomeação de administrador, impedirá que a organização da atividade
econômica pelo empresário seja realizada com regularidade e habitualidade, visto que o capital
destinado ao investimento e circulação restará prejudicado. Dessa forma, por mais que o acórdão
recorrido tenha corretamente fixado o percentual sobre o qual deveria incidir a constrição, qual seja,
5% (cinco por cento) sobre o faturamento -, não nomeou administrador para gerir tal procedimento,
o que representa inequívoca afronta ao artigo 620 do Código de Processo Civil. A segunda penhora
equivocadamente realizada, bem como a inexistência de administrador nomeado, evidenciam que a
192
execução não ocorreu da forma menos gravosa para o executado. Recurso especial provido. (REsp
594.927/RS, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/03/2004,
DJ 30/06/2004, p. 320)
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
ADIANTAMENTO DE CONTRATO DE CÂMBIO. GARANTIA HIPOTECÁRIA.
EMPRESÁRIOS INDIVIDUAIS EM RECUPERAÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA
RECUPERAÇÃO. ATOS EXPROPRIATÓRIOS 1. A controvérsia gira em torno de definir o juízo
competente para promover os atos expropriatórios decorrentes de garantia hipotecária prestada por
empresário individual em recuperação judicial em contrato de adiantamento de câmbio. 2. O
empresário individual é a pessoa física que exerce atividade empresária em seu próprio nome,
respondendo com seu patrimônio pessoal pelos riscos da atividade. 3. O adiantamento de contrato
de câmbio não se submete à recuperação judicial, situação que a princípio se estende ao garante,
pois a natureza do crédito garantido é a mesma. 4. A jurisprudência desta Corte se inclina no
sentido de que o Juízo da recuperação judicial deve acompanhar os atos expropriatórios, de modo a
preservar tanto o direito creditório quanto a viabilidade do plano, mesmo nas hipóteses de créditos
extraconcursais. 5. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo da
recuperação judicial. (CC 155.390/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/11/2018, DJe 05/12/2018)
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
ESTABELECIMENTO AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL E
PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. TRESPASSE DO
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL. DÍVIDAS ANTERIORES. RESPONSABILIDADE.
SÚMULA 5 E 7 DO STJ. 1. Não se viabiliza o recurso especial pela violação do dever de prestação
jurisdicional, porque, embora rejeitados os embargos de declaração, a matéria em exame foi
devidamente enfrentada pelo Tribunal de origem, que emitiu pronunciamento de forma
fundamentada, ainda que em sentido contrário à pretensão da parte recorrente. 2. A Corte de
origem, soberana na análise dos fatos e das provas, consignou que a simples alienação do
estabelecimento não desobriga o alienante da quitação do seu passivo, sendo certo que, no caso dos
autos, não houve comprovação da existência de assunção de dívida ou de sucessão empresarial.
Derruir a conclusão a que chegou o Tribunal a quo demandaria, necessariamente, interpretação de
cláusulas contratuais, bem como novo exame do conjunto fático-probatório acostado aos autos, o
193
que é vedado pelas Súmulas 5 e 7 do STJ. 3. O suporte fático normativo previsto no art. 1.146 do
Código Civil, impõe outros requisitos além da mera transferência do estabelecimento comercial
para a cristalização da solidariedade entre alienante e adquirente, notadamente a exigência de
regular contabilização dos débitos anteriores à alienação, circunstância que não foi sequer alvo de
argumentação da parte em sede recursal. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp
1457672/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
20/09/2018, DJe 25/09/2018)
Informativo nº 0589 Período: 1º a 15 de setembro de 2016. QUARTA TURMA DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM PARA PLEITEAR DE
EMPREENDEDOR DE SHOPPING CENTER INDENIZAÇÃO POR DANOS A
ESTABELECIMENTO. Ainda que, no contrato de locação estabelecido com o empreendedor de
shopping center, conste como locatário apenas o sócio majoritário, a sociedade empresária possui
legitimidade ativa ad causam concorrente para pleitear indenização por danos ao estabelecimento
instalado no centro comercial. Sob a perspectiva do estabelecimento, há uma mitigação do axioma
latino societas distat a singulis, ou seja, embora haja uma conotação patrimonial, nele, há absoluta
sintonia de interesses da pessoa física com a jurídica, interesses que estão diretamente ligados ao
aviamento. Nessa linha, se uma sociedade empresária desenvolve seu estabelecimento em um
centro de compras, por óbvio, busca obter lucros com sua atividade empresarial, e, para que isso
ocorra, há que se ter uma simbiose entre a pessoa jurídica e a pessoa física, no tocante aos seus
interesses. Com efeito, por meio desse silogismo, é possível perceber que, havendo pretensão que
diga respeito ao estabelecimento com todos os seus componentes, não há dúvidas de que tanto a
sociedade empresária quanto seus sócios possuem interesses juridicamente protegidos capazes de
habilitá-los como titulares de direito material, podendo eventualmente deduzi-los em juízo. Ocorre
que a legitimidade está intrinsecamente ligada ao interesse de agir da parte, isto é, há que se
verificar, precipuamente, a utilidade que a referida demanda terá para aquele cujo bem da vida
sofreu ou está na iminência de sofrer alguma lesão. Ademais, o debate a respeito da legitimidade
ativa da sociedade empresária não pode passar à margem da efetiva consciência da atipicidade
contratual estabelecida com o shopping center, tampouco não se pode olvidar do aspecto teleológico
da legislação locatícia ora em exame. Nesse contexto, cumpre destacar que o contrato de shopping
center possui inúmeras nuances em relação aos demais contratos de locação convencionalmente
celebrados. Apesar de tal pacto amparar largamente o empreendedor - uma vez que este elabora
previamente as cláusulas contratuais, às quais os lojistas deverão se sujeitar -, é plausível afirmar
que a Lei n. 8.245/1991 (Lei de Locações), em consonância com os princípios fundamentais
estabelecidos pela CF, também tutela os bens e interesses dos lojistas dentro dessa relação negocial.
Conforme apontado por doutrina, claramente se nota que o escopo da legislação locatícia,
194
o credor privado não pode ter mais privilégios que o credor público, salvo exceções legalmente
expressas e justificáveis. REsp 1.355.812-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
22/5/2013.
Informativo nº 0485 Período: 10 a 21 de outubro de 2011. QUARTA TURMA
DISSOLUÇÃO. SOCIEDADE. INCLUSÃO. FUNDO DE COMÉRCIO. A Turma reiterou o
entendimento de que o fundo de comércio - também chamado de estabelecimento empresarial (art.
1.142 do CC/2002) - integra o patrimônio da sociedade e, por isso, deve ser considerado na
apuração de haveres do sócio minoritário excluído de sociedade limitada. O fundo de comércio é o
conjunto de bens materiais (imóveis, bens, equipamentos, utensílios etc) e imateriais (marcas
registradas, invenções patenteadas etc), utilizados por empresário individual ou sociedade
empresária no exercício de sua atividade empresarial. O fato de a sociedade ter apresentado
resultados negativos nos anos anteriores à exclusão do sócio não significa que ela não tenha fundo
de comércio. Precedentes citados: REsp 52.094-SP, DJ 21/8/2000; REsp 271.930-SP, DJ
25/3/2002; REsp 564.711-RS, DJ 20/3/2006, e REsp 130.617-AM, DJ 14/11/2005. REsp 907.014-
MS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 11/10/2011.
PONTO COMERCIAL
Informativo nº 0629 Publicação: 17 de agosto de 2018. TERCEIRA TURMA. Processo
REsp 1.698.814-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em
26/06/2018, DJe 29/06/2018. Locação. Imóvel não residencial. Parcelamento de débitos fiscais pelo
locatário. Ajuizamento de ação renovatória. Possibilidade. A certidão de parcelamento fiscal é
suficiente para suprir a exigência prevista no inciso III do art. 71 da Lei n. 8.245/1991 (Lei de
Locações) para efeito do ajuizamento de ação renovatória de locação empresarial. Informações do
Inteiro Teor. De início, relembre-se que a principal finalidade da ação renovatória é a proteção do
fundo de comércio desenvolvido pelo empresário locatário pelo longo período em que instalado no
local, investindo na locação comercial, na constituição de clientela, na publicidade do ponto
comercial, além da própria valorização do imóvel locado. Por isso, o Estado reconhece ao locatário
de imóvel comercial, buscando a proteção do seu fundo de comércio, o direito à renovação
compulsória do seu contrato de locação, uma vez atendidos os requisitos elencados no art. 51 da Lei
de Locações (LL). Além disso, estabeleceu o legislador procedimentos especiais para veiculação
das ações locatícias em geral. Especificamente quanto ao direito de renovação, o procedimento está
previsto no artigo 71 da LL, contendo a exigência legal de instrução da petição inicial com a juntada
de diversos documentos, inclusive a prova de quitação dos tributos e taxas incidentes sobre o
imóvel locado (inciso III do artigo 71). Partindo-se de uma interpretação sistemática e teleológica
desse dispositivo, aceita-se a comprovação do parcelamento fiscal no momento do ajuizamento da
197
demanda, com a demonstração de sua quitação durante o processo. Em primeiro lugar, ocorreu
efetivamente a quitação dos tributos, encaminhado mediante o parcelamento fiscal, ainda que
durante o processo. Em segundo lugar, ficam descaracterizados os efeitos da inadimplência durante
o parcelamento fiscal autorizada pelo ente público. Em terceiro lugar, por fim, essa medida não
causa qualquer prejuízo ao locador, não podendo o parcelamento do débito fiscal ser considerado
como falta grave ao disposto no contrato de locação, prestigiando-se a manutenção do pacto e a
proteção do fundo de comércio.
Informativo nº 0624 Publicação: 18 de maio de 2018. TERCEIRA TURMA. Processo REsp
1.704.498-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 17/04/2018, DJe
24/04/2018. Ação de cobrança. Cotas condominiais. Obrigação propter rem. Legitimidade da
arrendatária de imóvel para figurar no polo passivo da demanda juntamente com o proprietário. A
ação de cobrança de débitos condominiais pode ser proposta contra o arrendatário do imóvel.
Informações do Inteiro Teor. A controvérsia posta nos presentes autos consiste em definir se a
obrigação ao pagamento das despesas condominiais encerra-se, exclusivamente, na pessoa que é
proprietária do bem ou se ela se estende a outras pessoas que tenham uma relação jurídica vinculada
ao imóvel – que não o vínculo de propriedade –, a fim de determinar se está o condomínio credor
autorizado a ajuizar a ação de cobrança de débitos condominiais não somente em face da empresa
proprietária, mas também em desfavor da empresa arrendatária do ponto comercial. Inicialmente,
vale lembrar que a obrigação pelo pagamento de débitos de condomínio possui natureza propter
rem, como reconhece esta Corte. Com efeito, em julgamento de recurso repetitivo, a Segunda Seção
deste Tribunal firmou a tese de que "o que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações
condominiais não é o registro do compromisso de compra e venda, mas a relação jurídica material
com o imóvel, representada pela imissão na posse pelo promissário comprador, dependendo das
circunstâncias de cada caso concreto " (REsp 1.345.331/RS, Min. Luis Felipe Salomão, DJe
20/04/2015). Na hipótese, a arrendatária exerce a posse direta sobre o imóvel e usufrui dos serviços
prestados pelo Condomínio, não sendo razoável que não possa ser demandada para o pagamento de
despesas condominiais inadimplidas. Ressalte-se, por fim, que não se está a falar de solidariedade
entre proprietário e arrendatário para o pagamento dos débitos condominiais em atraso, até mesmo
porque, como se sabe, a solidariedade decorre da lei ou da vontade das partes. O que se está a
reconhecer é a possibilidade de a arrendatária figurar no polo passivo da ação de cobrança, haja
vista que a ação pode ser proposta em face de qualquer um daqueles que tenha uma relação jurídica
vinculada ao imóvel, o que mais prontamente possa cumprir com a obrigação.
Informativo nº 0468 Período: 28 de março a 8 de abril de 2011. SEGUNDA TURMA
SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. DÉBITO FISCAL. MULTA. Discute-se, no mérito do REsp, se
houve responsabilidade tributária por sucessão (nos moldes do art. 133 do CTN) por aquisição de
198
fundo de comércio ou se, como alega a recorrente, adquiriram-se imóveis e alguns pontos
comerciais de outra sociedade empresária. Afirma a recorrente que, após essas aquisições, passou a
sofrer sucessivo e infundado redirecionamento em execuções fiscais por dívidas da sociedade
empresária anterior. A Turma, ao prosseguir o julgamento, não conheceu do recurso; confirmou,
assim, a decisão recorrida de que os contratos e alterações contratuais juntados aos autos em nome
da empresa executada apenas confirmam sua extinção, atraindo, assim, a responsabilidade tributária
da empresa atual como sucessora daquela para com os débitos fiscais, multas moratórias e
punitivas, desde que, conforme a jurisprudência do STJ, seu fato gerador tenha ocorrido até a data
da sucessão. Ademais, observou-se que a substituição de desembargador por juiz convocado não
incorre em violação do princípio do juiz natural, desde que dentro dos parâmetros legais e com
observância das disposições estabelecidas na CF. Anotou-se que o tribunal a quo afastou a
ocorrência da prescrição, afirmando não se ter verificado desídia ou omissão da exequente, mas que
a falha da citação deu-se por mecanismo do Poder Judiciário, atraindo a aplicação das Súmulas ns.
106 e 7, ambas do STJ. Afirmou, ainda, não haver cerceamento de defesa ante a desnecessidade de
dilação probatória quanto à ocorrência da sucessão tributária com base em dois fundamentos: apesar
de regularmente intimada, a recorrente não manejou o recurso processual adequado, visto que
houve a preclusão, e a prescindibilidade da produção de outras provas além das carreadas aos autos,
uma vez que essas provas seriam suficientes para o julgamento antecipado da lide. Precedentes
citados: REsp 1.061.770-RS, DJe 2/2/2010; REsp 1.085.071-SP, DJe 8/6/2009; REsp 923.012-MG,
DJe 24/6/2010; REsp 36.540-MG, DJ 4/10/1993; AgRg no Ag 1.158.300-SP, DJe 26/3/2010; REsp
1.048.669-RJ, DJe 30/3/2009; AgRg no REsp 925.544-MG, DJe 25/3/2009, e REsp 1.092.089-SC,
DJe 9/11/2009. REsp 1.220.651-GO, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 5/4/2011.
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA DE COTAS
CONDOMINIAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU
OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. LEGITIMIDADE DA ARRENDATÁRIA DE IMÓVEL
DE FIGURAR NO POLO PASSIVO DA DEMANDA JUNTAMENTE COM O PROPRIETÁRIO
DO IMÓVEL. OBRIGAÇÃO PROTER REM. 1. Ação ajuizada em 12/03/2014. Recurso especial
concluso ao gabinete em 15/05/2017. Julgamento: CPC/73. 2. O propósito recursal é determinar se
a primeira recorrida -arrendatária de imóvel - pode figurar no polo passivo de ação de cobrança de
débitos condominiais. 3. Não há que se falar em violação do art. 535 do CPC/73 quando o Tribunal
de origem, aplicando o direito que entende cabível à hipótese, soluciona integralmente a
controvérsia submetida à sua apreciação, ainda que de forma diversa daquela pretendida pela parte.
4. As despesas condominiais, compreendidas como obrigações propter rem, são de responsabilidade
daquele que detém a qualidade de proprietário da unidade imobiliária, ou ainda pelo titular de um
dos aspectos da propriedade, tais como a posse, o gozo, a fruição, desde que esse tenha estabelecido
199
relação jurídica direta com o condomínio. 5. Na hipótese sob julgamento, a primeira recorrida, não
obstante não seja a proprietária do ponto comercial, é arrendatária do mesmo, exercendo a posse
direta sobre o imóvel. Inclusive, é quem usufrui dos serviços prestados pelo Condomínio, não sendo
razoável que não possa ser demandada para o pagamento de despesas condominiais inadimplidas. 6.
Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (REsp 1704498/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/04/2018, DJe 24/04/2018)
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
RESCISÃO CONTRATUAL COM RECONVENÇÃO. PONTO COMERCIAL. PERDA DO
ACERVO ORIGINÁRIO. COMPENSAÇÃO. MATÉRIA QUE DEMANDA REEXAME DE
PROVA. SÚMULA 7 DO STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO NOS
MOLDES EXIGIDOS PELO RISTJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. A conclusão da instância ordinária acerca da impossibilidade de se restaurar as
condições anteriores à celebração do negócio de transferência do ponto comercial, decorreu da
análise do conjunto probatório dos autos, cujo revolvimento é vedado em sede de recurso especial,
nos termos da Súmula 7/STJ. 2. O dissídio jurisprudencial não foi demonstrado nos moldes
exigidos pelo RISTJ, porquanto o recorrente não realizou o necessário cotejo analítico entre o
acórdão recorrido e o paradigma, limitando-se à mera transcrição de ementas. 3. Agravo regimental
a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 292.051/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 18/09/2015)
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO RENOVATÓRIA DE CONTRATO. LOCAÇÃO
COMERCIAL. ACCESSIO TEMPORIS. PRAZO DA RENOVAÇÃO. ARTIGOS
ANALISADOS: ART. 51 da Lei 8.245/91. 1. Ação renovatória de contrato de locação comercial
ajuizada em 09.06.2003. Recurso especial concluso ao Gabinete em 07.12.2011. 2. Discussão
relativa ao prazo da renovação do contrato de locação comercial nas hipóteses de "accessio
temporis". 3. A Lei 8.245/91 acolheu expressamente a possibilidade de "accessio temporis", ou seja,
a soma dos períodos ininterruptos dos contratos de locação para se alcançar o prazo mínimo de 5
(cinco) anos exigido para o pedido de renovação, o que já era amplamente reconhecido pela
jurisprudência, embora não constasse do Decreto n.º 24.150/1934. 4. A renovatória, embora vise
garantir os direitos do locatário face às pretensões ilegítimas do locador de se apropriar patrimônio
imaterial, que foi agregado ao seu imóvel pela atividade exercida pelo locatário, notadamente o
fundo de comércio, o ponto comercial, também não pode se tornar uma forma de eternizar o
contrato de locação, restringindo os direitos de propriedade do locador, e violando a própria
natureza bilateral e consensual da avença locatícia. 5. O prazo 5 (cinco) anos mostra-se razoável
para a renovação do contrato, a qual pode ser requerida novamente pelo locatário ao final do
período, pois a lei não limita essa possibilidade. Mas permitir a renovação por prazos maiores, de
200
10, 15, 20 anos, poderia acabar contrariando a própria finalidade do instituto, dadas as sensíveis
mudanças de conjuntura econômica, passíveis de ocorrer em tão longo período de tempo, além de
outros fatores que possam ter influência na decisão das partes em renovar, ou não, o contrato. 6.
Ouando o art. 51, caput, da Lei 8.2145 dispõe que o locatário terá direito à renovação do contrato
"por igual prazo", ele está se referido ao prazo mínimo exigido pela legislação, previsto no inciso II
do art. 51, da Lei 8.245/91, para a renovação, qual seja, de 5 (cinco) anos, e não ao prazo do último
contrato celebrado pelas partes. 7. A interpretação do art. 51, caput, da Lei 8.245/91, portanto,
deverá se afastar da literalidade do texto, para considerar o aspecto teleológico e sistemático da
norma, que prevê, no próprio inciso II do referido dispositivo, o prazo de 5 (cinco) anos para que
haja direito à renovação, a qual, por conseguinte, deverá ocorrer, no mínimo, por esse mesmo prazo.
8. A renovação do contrato de locação não residencial, nas hipóteses de "accessio temporis", dar-se-
á pelo prazo de 5 (cinco) anos, independentemente do prazo do último contrato que completou o
quinquênio necessário ao ajuizamento da ação. O prazo máximo da renovação também será de 5
(cinco) anos, mesmo que a vigência da avença locatícia, considerada em sua totalidade, supere esse
período. 9. Se, no curso do processo, decorrer tempo suficiente para que se complete novo
interregno de 5 (cinco) anos, ao locatário cumpre ajuizar outra ação renovatória, a qual, segundo a
doutrina, é recomendável que seja distribuída por dependência para que possam ser aproveitados os
atos processuais como a perícia. 10. Conforme a jurisprudência pacífica desta Corte, havendo
sucumbência recíproca, devem-se compensar os honorários advocatícios. Inteligência do art. 21 do
CPC c/c a Súmula 306/STJ. 11. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1323410/MG, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 20/11/2013)
atributivo, sendo adquirida pelo registro validamente expedido pelo INPI, que assegura ao titular
seu uso exclusivo em todo o território nacional, nos termos do art. 129, caput e § 1º, da Lei
9.279/1996 (LPI). Conforme esclarecido pela Terceira Turma do STJ, "A interpretação do art. 124,
V, da LPI que melhor compatibiliza os institutos da marca e do nome comercial é no sentido de que,
para que a reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciado de nome empresarial
de terceiros constitua óbice ao registro de marca - que possui proteção nacional -, necessário, nessa
ordem: (i) que a proteção ao nome empresarial não goze somente de tutela restrita a alguns Estados,
mas detenha a exclusividade sobre o uso do nome em todo o território nacional e (ii) que a
reprodução ou imitação seja 'suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais
distintivos'. Não sendo essa, incontestavelmente, a hipótese dos autos, possível a convivência entre
o nome empresarial e a marca, cuja colidência foi suscitada" (REsp 1.204.488-RS, DJe 2/3/2011).
Além disso, não cabe a aplicação ao caso do art. 8º da Convenção da União de Paris de 1883
(CUP), pois o escopo desse dispositivo é assegurar a proteção do nome empresarial de determinada
sociedade em país diverso que o seu de origem, que seja signatário da CUP, e não em seu país de
origem, onde se deve atentar às leis locais. Nesse sentido, não se pode olvidar que o art. 1.166 do
CC estabelece que "A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as
respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do
respectivo Estado". Já o art. 124, XIX, da LPI veda o registro de marca que reproduza outra
preexistente, ainda que em parte e com acréscimo, "suscetível de causar confusão ou associação
com marca alheia". Nessa toada, a finalidade da proteção ao uso das marcas é dupla: por um lado
protegê-la contra usurpação, proveito econômico parasitário e o desvio desleal de clientela alheia e,
por outro, evitar que o consumidor seja confundido (REsp 1.105.422-MG, Terceira Turma, DJe
18/5/2011). Ademais, sem perder de vista o enfoque pelo ângulo do direito marcário, a
possibilidade de confusão e/ou associação entre as marcas é notória, por possuírem identidade
fonética e escrita quanto ao elemento nominativo e ambas se destinarem ao segmento
mercadológico médico. REsp 1.184.867-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2014.
Informativo nº 0464. Período: 21 a 25 de fevereiro de 2011. TERCEIRA TURMA.
COLIDÊNCIA. MARCA. NOME COMERCIAL. LEI N. 9.276/1996. A Turma reiterou o
entendimento de que, para a aferição de eventual colidência entre denominação e marca, não se
deve ater apenas à análise do critério da anterioridade, mas também levar em consideração outros
dois princípios básicos do direito pátrio das marcas: o princípio da territorialidade, correspondente
ao âmbito geográfico da proteção, e o princípio da especificidade, segundo o qual a proteção da
marca, salvo quando declarado pelo INPI de alto renome ou notória, está diretamente vinculada ao
tipo de produto ou serviço, como pressuposto de necessidade de evitar erro, dúvida ou confusão
entre os usuários. Hodiernamente a proteção ao nome comercial se circunscreve à unidade
202
tem a função de sugerir a produção e venda de comida árabe) garante direito de uso exclusivo dessa
expressão em favor dos recorrentes, o que impediria a utilização do vocábulo "Areibian" no nome
empresarial e na marca do concorrente, ora recorrido. Destaca a Min. Relatora que, na hipótese dos
autos, o nome geográfico enquadra-se em uma das exceções ao direito de uso exclusivo de nome
empresarial anteriormente registrado, que não é absoluto nos termos do art. 9º da Instrução
Normativa n. 104/2007 do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) - órgão
integrante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Segundo o art. 4º, VI,
da Lei n. 8.934/1994, esse órgão possui a função de orientar, supervisionar e normatizar, no âmbito
do sistema nacional de registro de empresas mercantis (Sirem), a maneira de proceder no caso de
pedidos de registro de nomes empresariais idênticos ou semelhantes a outros anteriormente
registrados. É cediço que a proteção conferida à marca na Lei de Proteção Industrial (LPI, arts. 129
e 131) não se limita a assegurar direitos meramente individuais ao seu proprietário, mas também ao
público consumidor (art. 4º do CDC). E, para que haja violação do art. 129 da LPI, é necessário que
exista risco de dúvida, erro ou confusão no mercado entre os produtos ou serviços do mesmo ramo.
No caso dos autos, o Tribunal a quo entendeu que, apesar da semelhança dos vocábulos, não há
similitude a ponto de confundir o consumidor. Por essas razões, entre outras, a Turma negou
provimento ao recurso. REsp 989.105-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/9/2009.
RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE
USO DE MARCA E NOME EMPRESARIAL E DE REPARAÇÃO DE DANOS. EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
PRETENSÃO INIBITÓRIA. PRESCRIÇÃO. MARCO INICIAL. CIÊNCIA DA VIOLAÇÃO DO
DIREITO. PRAZO DE 10 ANOS. REPARAÇÃO DE DANOS. VIOLAÇÃO PERMANENTE.
PRAZO DE 5 ANOS. MARCO INICIAL QUE SE RENOVA A CADA DIA. 1. Ação ajuizada em
28/3/2011. Recursos especiais interpostos em 30/3/2017 e 4/4/2017 e conclusos à Relatora em
29/9/2017. 2. O propósito recursal é definir se as pretensões de abstenção de uso de marca e nome
empresarial e de reparação de danos decorrentes da utilização não autorizada de sinais registrados
estão prescritas. 3. Ausentes os vícios do art. 1.022 do CPC/15, devem ser rejeitados os embargos
de declaração. 4. A pretensão concernente à abstenção de uso de marca ou nome empresarial nasce
para o titular do direito protegido a partir do momento em que ele toma ciência da violação
perpetrada (princípio da actio nata), incidindo sobre ela o prazo prescricional de 10 anos. 5. A
notificação extrajudicial, no particular, constitui instrumento hábil à comprovação de que o alegado
uso indevido do signo distintivo era conhecido por seu titular, no mínimo, a partir da data nela
aposta (momento em que poderia ter ajuizado a ação cabível), o que dá ensejo a reconhecer como
prescrita a pretensão inibitória, em razão do decurso do prazo aplicável. 6. O prazo prescricional
para propositura de ação indenizatória por uso não autorizado de marca é quinquenal, sendo que seu
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termo inicial nasce a cada dia em que o direito é violado. Precedentes. - RECURSO ESPECIAL DE
WALTER BELTRAME & CIA LTDA CONHECIDO EM PARTE E PARCIALMENTE
PROVIDO. - RECURSO ESPECIAL DE BELTRAME & IRMÃOS LTDA PARCIALMENTE
PROVIDO. (REsp 1696899/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 18/09/2018, DJe 21/09/2018)
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE USO. NOME EMPRESARIAL.
NOME DE DOMÍNIO NA INTERNET. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL.
DESCABIMENTO. REGISTRO FEITO NO ESTRANEGRIO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA BRASILEIRA. PRESENÇA. REGRA DA PRIMEIRA POSSE. FIRST COME FIRST
SERVED. VALIDADE. IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. MÁ-FÉ. CONFIGURAÇÃO. 1.
Ação ajuizada em 13/06/2013. Recurso especial interposto em 13/04/2015 e atribuído a este
gabinete em 25/08/2016. 2. O propósito recursal consiste em apurar: (i) a legalidade de registro de
nome de domínio genérico (".com"), cujo registro é operado por entidade estrangeira, feita por
cidadão brasileiro que gera conflito com marca anteriormente registrada, perante órgão competente
nacional, pela recorrida; e (ii) a competência da Justiça brasileira para o julgamento desta
controvérsia. 3. A interposição de recurso especial não é cabível quando ocorre violação de
dispositivo constitucional ou de qualquer ato normativo que não se enquadre no conceito de lei
federal, conforme disposto no art. 105, III, "a" da CF/88. 4. O sistema de nomes de domínio (DNS)
é uma ferramenta criada para facilitar a utilização da internet por pessoas, como forma de criar
nomes reconhecíveis e memorizáveis por humanos. 5. O mero fato de o órgão registrador do nome
de domínio estar localizado em jurisdição estrangeira não afasta, necessariamente, a competência
dos Tribunais brasileiros. 6. Segundo a jurisprudência do STJ, cabe tanto ao juízo do foro do
domicílio do autor quanto ao do foro do local onde ocorreu o fato a competência para o
conhecimento e o julgamento da ação de abstenção de uso de marca cumulada com pedido de
indenização (EAg 783.280/RS, Segunda Seção, j. 23/02/2011, DJe 19/04/2012). 7. A existência de
procedimento arbitral (o UDRP) à disposição das partes não pode excluir o acesso à prestação
jurisdicional de terceiro, que não mantém nenhuma relação contratual com qualquer órgão
registrador de nomes de domínio. 8. A jurisprudência do STJ reconhece a validade e legitimidade
da aplicação da regra da primeira posse (first come, first served) na alocação de nomes de domínio.
9. Contudo, "a legitimidade do registro do nome do domínio obtido pelo primeiro requerente pode
ser contestada pelo titular de signo distintivo similar ou idêntico anteriormente registrado - seja
nome empresarial, seja marca". Para a procedência desse pleito, deve-se haver a demonstração de
má-fé no registro do nome de domínio impugnado. Precedentes. 10. Na hipótese, não há como
justificar a existência de boa-fé na utilização do símbolo idêntico ao nome comercial e à marca da
recorrida para, supostamente, realizar atividade jornalística, que consubstanciava na divulgação de
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matérias negativas acerca de acionista da recorrida. 11. Recurso especial parcialmente conhecido e,
nessa parte, não provido. (REsp 1571241/MT, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 08/06/2018)
DIREITO MARCÁRIO E CIVIL. PRETENSÃO CONDENATÓRIA PARA ABSTENÇÃO
DE UTILIZAÇÃO DE EXPRESSÃO A QUALQUER TÍTULO. 1. NOME EMPRESARIAL.
UTILIZAÇÃO SIMULTÂNEA DE NOME CIVIL IDÊNTICO NA COMPOSIÇÃO.
INEXISTÊNCIA DE HOMONÍMIA. POSSIBILIDADE DE CONVIVÊNCIA. 2. CONFRONTO
ENTRE MARCA REGISTRADA E NOME EMPRESARIAL. UTILIZAÇÃO DE NOME CIVIL
COMO MARCA. DIREITO DE PERSONALIDADE LATENTE. AUTORIZAÇÃO EXPRESSA E
LIMITADA. NOME EMPRESARIAL EMPREGADO EM SEGMENTO DISTINTO.
POSSIBILIDADE. 3. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Demanda proposta na vigência do
CC/1916, na qual se pretendeu a determinação de abstenção de utilização do termo "EINSTEIN" a
qualquer título, em razão de violação de marca e nome empresarial. 2. É compatível com a
regulamentação dos nomes empresariais, tanto a vigente à época dos registros como a atual, a
utilização do nome civil de sócio na composição dos nomes de pessoas jurídicas, de modo que a
verificação de identidade ou semelhança dos nomes empresariais deve observar a composição final,
e não termos destacados. 3. No confronto entre marca registrada e nome empresarial, a incidência
do princípio da anterioridade deve ser temperada pela incidência conjunta dos princípios da
anterioridade e territorialidade. Precedentes. 4. Conquanto o nome civil consista em direito de
personalidade - absoluto, obrigatório, indisponível, exclusivo, imprescritível, inalienável, incessível,
inexpropriável, irrenunciável e intransmissível -, a legislação nacional admite o destaque de parcela
desse direito para fins de transação e disposição, tal qual se dá na sua registrabilidade enquanto
marca, desde que autorizada de forma expressa e delimitada. 5. A determinação de abstenção de
utilização do termo apontado, que é também o prenome do sócio-fundador da sociedade-ré, resulta
em restrição indevida a seu direito de personalidade, uma vez que não há identidade entre as
denominações finais confrontadas, nem a utilização em mesmo segmento de mercado. 6. Recurso
especial provido. (REsp 1432522/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 17/04/2018, DJe 23/04/2018)
RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. NOME EMPRESARIAL.
ÂMBITO DE PROTEÇÃO. UNIDADE DA FEDERAÇÃO EM QUE ARQUIVADOS OS ATOS
CONSTITUTIVOS DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA. PREQUESTIONAMENTO.
INEXISTÊNCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. 1- Ação
distribuída em 26/11/2010. Recurso especial interposto em 3/9/2014 e concluso à Relatora em
25/8/2016. 2- O propósito recursal é definir se o nome empresarial adotado e utilizado pelo
recorrido viola direitos de propriedade industrial titulados pelo recorrente. 3- A ausência de decisão
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acerca das teses invocadas pelo recorrente impede, quanto a elas, o conhecimento do recurso
especial. 4- O nome empresarial goza de proteção jurídica tão somente no âmbito do ente federativo
onde se localiza a Junta Comercial em que arquivados os atos constitutivos da sociedade que o
titula, podendo ser estendida a todo território nacional apenas na hipótese de pedido de
arquivamento nas demais Juntas Comerciais. Precedentes. 5- Na espécie, os atos constitutivos das
partes foram arquivados em diferentes entes federativos, não havendo notícia de que o recorrente
tenha pleiteado proteção em todo o território nacional, de modo que sua pretensão de abstenção de
uso não merece prosperar. 6- Ademais, o acórdão recorrido concluiu que, dada a atividade
desempenhada por cada uma das empresas, a existência simultânea dos nomes empresariais não é
capaz de acarretar confusão e prejuízo aos consumidores. 7- O reexame de fatos e provas em
recurso especial é inadmissível. 8- Recurso especial não provido. (REsp 1686154/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 23/02/2018)
RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. DIREITO MARCÁRIO. NOME
EMPRESARIAL E MARCA. ARQUIVAMENTO DO CONTRATO SOCIAL PREVIAMENTE À
CONCESSÃO DO REGISTRO PELO INPI. CONFUSÃO. INOCORRÊNCIA.
ESTABELECIMENTOS LOCALIZADOS EM MUNICÍPIOS DISTANTES. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COTEJO
ANALÍTICO E SIMILITUDE FÁTICA. AUSÊNCIA. 1- Ação ajuizada em 10/11/2011. Recurso
especial interposto em 4/4/2017 e concluso à Relatora em 29/9/2017. 2- O propósito recursal é
definir se a utilização do nome empresarial da recorrida viola o direito de uso exclusivo de marca
titulada pelo recorrente. 3- Tanto o nome comercial quanto a marca gozam de proteção jurídica com
dupla finalidade: por um lado, ambos são tutelados contra usurpação e proveito econômico
indevido; por outro, busca-se evitar que o público consumidor seja confundido quanto à
procedência do bem ou serviço oferecido no mercado. 4- Hipótese concreta em que o Tribunal de
origem assentou (i) que a recorrida utiliza seu nome empresarial desde antes do depósito da marca
do recorrente no INPI, (ii) que a convivência de ambos não gera confusão no público consumidor; e
(iii) que não há qualquer elemento nos autos que indiciem a obtenção de vantagens indevidas pela
recorrida decorrentes da utilização da denominação em questão (sobretudo quando se considera que
as sedes das empresas localizam-se a aproximadamente 270 km de distância uma da outra). A
solução da controvérsia pelo acórdão impugnado, portanto, está em total consonância com o que
dispõe a legislação de regência e com o entendimento do STJ acerca da matéria. 5- O reexame de
fatos e provas em recurso especial é inadmissível. 6- O dissídio jurisprudencial deve ser
comprovado mediante o cotejo analítico entre acórdãos que versem sobre situações fáticas
idênticas. 7- Recurso especial não provido. (REsp 1707881/RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe 29/11/2017)
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reconhecidos como preenchidos pelo acórdão recorrido. 8- O dissídio jurisprudencial deve ser
comprovado mediante o cotejo analítico entre acórdãos que versem sobre situações fáticas
idênticas. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. (REsp 1641906/MG, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/09/2017, DJe 26/09/2017)
PROPRIEDADE INDUSTRIAL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. AÇÃO ANULATÓRIA DE REGISTROS.
CONFLITO ENTRE NOME EMPRESARIAL E MARCA. INSUFICIÊNCIA DO CRITÉRIO DE
ANTERIORIDADE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE. ART. 124, V,
DA LEI 9.279/96. DIREITO DE PRECEDÊNCIA AO REGISTRO. POSSIBILIDADE DE
EXERCÍCIO NA VIA JUDICIAL. CIRCUNSTÂNCIAS ESPECÍFICAS DO CONFLITO QUE,
TODAVIA, RESULTAM NA MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO POR
FUNDAMENTO DIVERSO. COTEJO ANALÍTICO. NÃO REALIZADO. SIMILITUDE
FÁTICA. AUSÊNCIA. 1- Ação distribuída em 31/7/2012. Recurso especial interposto em
26/9/2013 e atribuído à Relatora em 21/3/2017. 2- O propósito recursal é definir se os registros da
marca FRANZ ALIMENTOS devem ou não ser anulados em virtude do nome empresarial anterior
"CHOCOLATES FRANZ INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. - ME" e em razão do direito de
precedência ao registro alegado pela recorrente. 3- Devidamente analisadas e discutidas as questões
de mérito, e fundamentado suficientemente o acórdão recorrido, de modo a esgotar a prestação
jurisdicional, não há que se falar em violação do art. 535, II, do CPC/73. 4- O capítulo do acórdão
recorrido que adota orientação firmada pela jurisprudência do STJ não merece reforma. 5- Para
aferição de eventual colidência entre nome empresarial e marca e incidência da proibição legal
contida no art. 124, V, da Lei 9.279/96, não se pode restringir-se à análise do critério de
anterioridade, mas deve também se levar em consideração os princípios da especialidade e da
territorialidade. Precedentes. 6- É possível o reconhecimento judicial da nulidade do registro de
marca com fundamento em direito de precedência (art. 129, §1º, da Lei 9.279/1996), que deve,
todavia, ser sistematicamente interpretado à luz da proibição legal contida no art. 124, XIX, do
mesmo diploma. 7- Hipótese em que os elementos apurados pelos juízos de origem conduzem à
inexistência de má-fé, aproveitamento parasitário e deslealdade concorrencial, assim como de risco
de confusão ou associação dos consumidores, impondo a manutenção do acórdão recorrido por
fundamento diverso. 8- O dissídio jurisprudencial deve ser comprovado mediante o cotejo analítico
entre o acórdão recorrido e o paradigma, não sendo suficiente a mera transcrição da ementa e de
trechos sem que haja a indicação precisa da divergência. 9- Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa parte, desprovido. (REsp 1673450/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 19/09/2017, DJe 26/09/2017)
209
ESCRITURAÇÃO EMPRESARIAL
TRIBUTÁRIO. ISS. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. APRESENTAÇÃO DE
NOTAS FISCAIS. EQUIPARAÇÃO COM DECLARAÇÃO DE DÉBITO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 436 DO STJ. INAPLICABILIDADE. 1. O Plenário do STJ decidiu que "aos recursos
interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de
2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as
interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado
Administrativo n. 2, sessão de 09/03/2016). 2. O cumprimento da obrigação acessória relativa à
emissão de nota fiscal, porquanto essencial à correta escrituração das operações realizadas pelo
contribuinte e, consequentemente, ao exercício da fiscalização, tem por escopo o registro e a
comprovação acerca da ocorrência ou não do fato gerador (obrigação tributária principal). 3. O
referido dever instrumental (de emitir notas fiscais) não se confunde com o ato de constituição do
crédito tributário, que pressupõe a apuração dos valores devidos, pela Administração, por meio do
lançamento, ou pelo próprio contribuinte, consolidada em declaração do débito, com força de
confissão de dívida (Súmula 436 do STJ). 4. Hipótese em que o acórdão recorrido entendeu que as
notas fiscais apresentadas à municipalidade, com o objetivo de receber o valor dos serviços por ela
contratados, são equiparáveis à declaração do débito prestada pelo contribuinte e, portanto, aptas à
constituição do crédito tributário, dispensando o lançamento, interpretação que não pode ser
acolhida. 5. Recurso especial provido. (REsp 1490108/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/10/2018, DJe 06/11/2018)
HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (ART. 1º, I, DA LEI N.
8.137/1990) E ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. FALTA DE
JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO DO ELEMENTO FRAUDE.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. A extinção da ação penal na via eleita
consiste em medida excepcional, justificando-se somente quando se revelar, de plano, a atipicidade
da conduta, causa extintiva da punibilidade, ou a ausência de indícios mínimos de autoria. Nesse
contexto, a jurisprudência desta Casa não aceita, ordinariamente, discussões fundadas na ausência
de comprovação do elemento subjetivo do tipo ou na carência de indícios suficientes de autoria do
delito, porquanto tais esclarecimentos demandam, na maior parte das vezes, apreciação detalhada
dos elementos de convicção constantes do processo, providência manifestamente inconciliável com
o rito célere do remédio constitucional. Precedentes. 2. No caso, a peça acusatória, ao imputar aos
pacientes a fraude à Fazenda Nacional, por meio da apresentação de declarações inverídicas de
modo a suprimir o pagamento de tributos, baseou-se, apenas, nas funções desempenhadas pelos
acusados no âmbito da pessoa jurídica. Assim, o crime descrito no art. 1º, inciso I, da Lei n.
210
8.137/1990 foi atribuído aos pacientes somente por ostentarem a qualidade de Presidente e
Diretores da companhia. O denunciante não minudenciou a conduta delituosa e o liame dos
acusados com o crime narrado na inicial, imputando-lhes o delito exclusivamente em razão dos
altos cargos ocupados por eles na empresa. Entretanto, a mera detenção dos postos de Presidente e
de Diretores da pessoa jurídica, sem a descrição das competências desempenhadas pelos réus em
relação aos fatos criminosos, não evidencia a autoria ou eventual anuência com o crime. Nos termos
da orientação desta Corte, não é necessário ao denunciante elucidar a participação de cada acusado
do crime societário. Porém, no caso, observa-se a absoluta ausência de descrição do vínculo
subjetivo dos acusados com o delito delineado na peça acusatória. Evidente, portanto, o desrespeito
aos princípios do contraditório e da ampla defesa. 3. De mais a mais, consoante se observa dos
documentos acostados ao processo, embora a Comunicação Fiscal ao Ministério Público aponte a
existência de declaração inverídica da contribuinte, não asseverou, nem sequer minimamente, à
presença de fraude ou falsificação. As indagações referentes a presença de práticas ardilosas foram
todas respondidas negativamente pelos funcionários fiscais. Assim, embora os pacientes possam ter
recolhido de forma errônea o imposto devido, não descreveram os auditores fiscais nenhuma fraude
ou ardil no procedimento. Além disso, a pessoa jurídica contribuinte mantinha escorreita
escrituração e apresentou todos os documentos solicitados por ocasião da autuação fiscal. Desse
modo, não há nos autos dados inequívocos bastantes a demonstrar que a supressão ou a redução do
tributo ocorrera mediante fraude ou falsificação. A peça acusatória encontra-se consubstanciada
apenas na constituição definitiva do crédito tributário, concluindo o titular da ação penal pública, a
partir daí, que a redução dos valores se deu por meio de uma das condutas listadas no art. 1º da Lei
8.137/1990. Precedentes. 4. Relativamente ao crime de associação criminosa, o Ministério Público
não descreveu a associação efetiva, tampouco o vínculo permanente de cada um dos membros com
o grupo. A inicial apenas se refere ao delito previsto no art. 288 do Código Penal no momento da
capitulação legal, porém sem delineá-lo, ainda que sucintamente. Portanto, evidente o
constrangimento ilegal. Precedentes. 5. Ordem concedida para determinar o trancamento da Ação
Penal n. 0007676-60.2014.8.17.0001 relativamente aos pacientes RONALDO IABRUDI DOS
SANTOS PEREIRA, LUIZ EDUARDO FALCO PIRES CORREA, JOSE LUIS MAGALHAES
SALAZAR, JULIO CESAR PINTO e PAULO ALTMAYER GONCALVES. (HC 351.718/PE,
Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 16/10/2018,
DJe 30/10/2018)
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXIBIÇÃO
PARCIAL DOS LIVROS EMPRESARIAIS. POSSIBILIDADE. EXIBIÇÃO CORRELATA À
MATÉRIA EM DISCUSSÃO. SÚMULA 7/STJ. DECISÃO AGRAVADA QUE SE MANTÉM
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Afasta-se a ofensa aos
211
arts. 165, 458 e 535, todos do Código de Processo Civil, pois a Corte de origem dirimiu,
fundamentadamente e de forma coerente, as matérias que lhe foram submetidas, motivo pelo qual o
acórdão recorrido não padece de omissão, contradição ou obscuridade. 2. A agravante, em seu
arrazoado, não deduziu argumentação jurídica nova alguma capaz de alterar a decisão ora agravada,
que se mantém, na íntegra, por seus próprios fundamentos. 3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 477.195/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
15/05/2014, DJe 17/06/2014)
PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SUPOSTO CONSTRANGIMENTO POR SUSPEITA
DE FURTO. DISPARO DE ALARME SONORO SEGUIDO DE REVISTA PESSOAL.
AUSÊNCIA DE TRATAMENTO ABUSIVO POR PARTE DOS PREPOSTOS.
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Não
configura ofensa aos arts. 458 e 535 do CPC/73 o fato de o col. Tribunal de origem, embora sem
examinar individualmente cada um dos argumentos suscitados, adotar fundamentação contrária à
pretensão da parte, suficiente para decidir integralmente a controvérsia. 2. Segundo o entendimento
desta Corte, é preclusivo o prazo fixado pelo juiz para apresentação do rol de testemunhas, em
atenção ao princípio do tratamento igualitário das partes. Precedentes. 3. Em regra, o simples
disparo de alarme sonoro, seguido de revista pessoal, não é suficiente para ensejar o dano moral
indenizável, devendo, para tanto, ficar comprovado que tal circunstância foi acompanhada de
tratamento abusivo ou vexatório por parte dos prepostos do estabelecimento comercial. Precedentes.
4. In casu, o v. acórdão recorrido concluiu, mediante análise dos elementos fático-probatórios dos
autos, que a abordagem às consumidoras não se deu de forma excessiva ou vexatória, conforme
alegado. Diante de tal contexto, a alteração desse entendimento demandaria o reexame de fatos e
provas, providência vedada no recurso especial, a teor do disposto na Súmula 7 do STJ. 5. Agravo
interno não provido. (AgInt no AREsp 175.512/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 18/10/2018, DJe 25/10/2018)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
SUBMISSÃO À REGRA PREVISTA NO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 02/STJ.
EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO EM FACE DE MANDATÁRIOS, PREPOSTOS
E EMPREGADOS (ART. 135, II, DO CTN). INVIABILIDADE, NO CASO CONCRETO.
REAFIRMAÇÃO DAS TESES FIRMADAS NO JULGAMENTO DO RESP 1.604.320/RS. 1.
Cumpre destacar a existência das seguintes peculiaridades no caso concreto: (a) não pretende a
Fazenda Nacional a responsabilização de "diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas
212
de direito privado" (art. 135, III, do CTN) casos que são frequentemente enfrentados no âmbito
deste Tribunal , e sim a responsabilização de mandatários, prepostos e empregados, em razão da
suposta prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, que
originaram créditos tributários (art. 135, II, do CTN); (b) o nome do responsável não consta da
CDA e não houve a dissolução irregular da pessoa jurídica hipóteses nas quais a jurisprudência
desta Corte autoriza o redirecionamento da execução fiscal. 2. É certo que a existência de indícios
da prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos autoriza,
em tese, o redirecionamento da execução fiscal em face dos sujeitos previstos nos incisos do art.
135 do CTN, inclusive dos mandatários, prepostos e empregados (inciso II). Também é certo que
fica viabilizado o redirecionamento se a conduta ilícita constitui infração penal. Contudo, a
viabilidade do redirecionamento da execução fiscal deve observar o disposto na Súmula 430/STJ, in
verbis: "O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente". Essa orientação aplica-se, mutatis mutandis, aos
mandatários, prepostos e empregados (caso dos autos). Nesse contexto, independentemente de a
conduta tida por ilícita seja dolosa ou culposa, é necessário que haja a imputação, ao responsável,
de um resultado que não seja o mero inadimplemento do tributo. Na linha dos precedentes desta
Corte: (a) na hipótese de ocorrência de dissolução irregular da pessoa jurídica, o resultado
transcende o mero inadimplemento e autoriza o redirecionamento da execução fiscal; (b) quando a
Fazenda Pública apura a responsabilidade em sede de procedimento administrativo fiscal sujeito ao
contraditório e verifica a existência inequívoca de liame entre condutas supostamente ilícitas e
inadimplemento tributário, com a consequente inclusão do nome do responsável na Certidão de
Dívida Ativa, fica viabilizada a execução direta em face do sócio. 3. Desse modo, não verificada, no
caso concreto, hipótese autorizativa, fica inviabilizado o redirecionamento da execução fiscal.
Registro que a adoção de tal entendimento não implica impunidade em relação a eventuais ilícitos
praticados, pois as condutas ilícitas tipicadas como crime ensejam a responsabilização penal e os
danos causados à pessoa jurídica ensejam a responsabilidade civil, no âmbito empresarial. 4.
Ademais, a orientação desta Corte firmou-se no sentido de que os arts. 134 e 135 do CTN
estabelecem a responsabilidade de terceiros quando impossível a exigência do cumprimento da
obrigação tributária em face do devedor principal. Ressalte-se que há inúmeros precedentes deste
Tribunal que tratam a responsabilidade prevista no art. 135 do CTN como "subsidiária",
especialmente o acórdão proferido no REsp 1101728/SP (1ª Seção, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, DJe de 23.3.2009) submetido ao regime dos recursos repetitivos. 5. Agravo interno não
provido. (AgRg no AgRg nos EDcl no REsp 1485532/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/03/2018, DJe 27/03/2018)
213
REGISTRO DE EMPRESAS
Informativo nº 0406. Período: 7 a 11 de setembro de 2009. TERCEIRA TURMA.
EMPRESA. MARCA. NOME GEOGRÁFICO. Discute-se se o registro anterior do nome
empresarial e da marca com utilização de termo que remete à localização geográfica "Arábia" (que
tem a função de sugerir a produção e venda de comida árabe) garante direito de uso exclusivo dessa
expressão em favor dos recorrentes, o que impediria a utilização do vocábulo "Areibian" no nome
empresarial e na marca do concorrente, ora recorrido. Destaca a Min. Relatora que, na hipótese dos
autos, o nome geográfico enquadra-se em uma das exceções ao direito de uso exclusivo de nome
empresarial anteriormente registrado, que não é absoluto nos termos do art. 9º da Instrução
Normativa n. 104/2007 do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) - órgão
integrante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Segundo o art. 4º, VI,
da Lei n. 8.934/1994, esse órgão possui a função de orientar, supervisionar e normatizar, no âmbito
do sistema nacional de registro de empresas mercantis (Sirem), a maneira de proceder no caso de
pedidos de registro de nomes empresariais idênticos ou semelhantes a outros anteriormente
registrados. É cediço que a proteção conferida à marca na Lei de Proteção Industrial (LPI, arts. 129
e 131) não se limita a assegurar direitos meramente individuais ao seu proprietário, mas também ao
público consumidor (art. 4º do CDC). E, para que haja violação do art. 129 da LPI, é necessário que
exista risco de dúvida, erro ou confusão no mercado entre os produtos ou serviços do mesmo ramo.
No caso dos autos, o Tribunal a quo entendeu que, apesar da semelhança dos vocábulos, não há
similitude a ponto de confundir o consumidor. Por essas razões, entre outras, a Turma negou
provimento ao recurso. REsp 989.105-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/9/2009.
Informativo nº 0254. Período: 1º a 5 de agosto de 2005. SEGUNDA TURMA. VINÍCOLA.
REGISTRO. CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA. INEXIGIBILIDADE. O registro de
empresas nas entidades competentes para a fiscalização do exercício de profissionais é efetuado em
razão da atividade preponderante. Assim, o estabelecimento cuja atividade básica é a produção de
vinho e outros derivados de uva não está obrigado a registrar-se no Conselho Regional de Química,
uma vez que a fabricação daqueles produtos não se dá por meio de reações químicas dirigidas em
laboratórios químicos de controle. Para a fabricação daqueles produtos, deve haver um químico
responsável pelo controle, esse, sim, devidamente registrado no referido conselho. Precedentes
citados: REsp 653.498-RS, DJ 28/5/2005; REsp 371.797-SC, DJ 29/4/2002, e REsp 445.381-MG,
DJ 11/11/2002. REsp 706.869-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/8/2005.
Informativo nº 0574. Período: 26 de novembro a 18 de dezembro de 2015. SEGUNDA
SEÇÃO. DIREITO EMPRESARIAL. CERTIDÕES NEGATIVAS E TRANSFORMAÇÃO DE
SOCIEDADE SIMPLES EM EMPRESARIAL. Para efetuar o registro e o arquivamento de
alteração contratual, a fim de promover a transformação de sociedade civil em empresária, não é
214
exigível a apresentação de certidões negativas de débitos com o FGTS e com a União, exigindo-se,
contudo, certidão negativa de débito com o INSS. Realmente, o Decreto-Lei n. 1.715/1979 e a Lei
n. 8.036/1990 exigem, para o registro e o arquivamento de alteração contratual como a aqui
analisada, a apresentação de certidões negativas de débitos com o FGTS e com a União. Ocorre que
a Lei n. 8.934/1994 - que entrou em vigor posteriormente a esses mencionados diplomas normativos
- estabeleceu, no parágrafo único do seu art. 37, que, para instruir os pedidos de arquivamento, além
dos referidos nesse artigo (dentre os quais não constam certidões negativas de débitos com o FGTS
ou com a União), "nenhum outro documento será exigido das firmas individuais e sociedades
referidas nas alíneas a, b e d do inciso II do art. 32". Nesse contexto, a Terceira Turma, no REsp
1.290.954-SC (DJe 25/2/2014), firmou entendimento no sentido de que Lei n. 8.934/1994 derrogou
os dispositivos de leis anteriores que estabeleciam outras exigências para o arquivamento de atos
societários nas Juntas Comerciais. No referido julgado, confrontou-se a Lei n. 8.934/1994 com as
leis tributárias anteriores, identificando-se uma antinomia de segundo grau, em que há conflito entre
os critérios cronológico e da especialidade. Concluiu-se, então, que há de prevalecer o critério
cronológico, pois o enunciado normativo "nenhum outro documento será exigido", contido na Lei n.
8.934/1994, tem conteúdo nitidamente derrogatório, excluindo a possibilidade de subsistirem leis
anteriores em sentido contrário. Portanto, não mais subsistem as exigências de certidões negativas
de débitos com o FGTS e com a União, porque previstas em leis anteriores (Decreto-Lei n.
1.715/1979 e Lei n. 8.036/1990). Prevalece, apenas, a exigência de certidão negativa do INSS, pois
inserida na Lei n. 8.212/1991 por força da Lei n. 9.032/1995, que é posterior à Lei n. 8.934/1994.
Além disso, cabe ressaltar que, de fato, o parágrafo único do art. 34 do Decreto n. 1.800/1996
afirma que, obrigatoriamente, para instruir os pedidos de arquivamento, "Nenhum outro documento,
além dos referidos neste Regulamento, será exigido das firmas mercantis individuais e sociedades
mercantis, salvo expressa determinação legal, reputando-se como verdadeiras, até prova em
contrário, as declarações feitas perante os órgãos do Registro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins". Percebe-se, desse modo, que o Decreto foi bastante claro, diversamente da lei,
quanto à possibilidade de se exigirem outros documentos por determinação legal. Deve-se indagar,
entretanto, se o Decreto extrapolou as balizas da Lei. Ademais, uma interpretação sistemática dos
arts. 32 da Lei n. 8.934/1994 e 11 da LC n. 123/2006 poderia conduzir ao entendimento de que não
teria havido derrogação de dispositivos de leis anteriores à Lei n. 8.934/1994. Todavia, o
entendimento do aludido REsp 1.290.954-SC, da Terceira Turma do STJ, deve ser reafirmado. Isso
porque a interpretação da lei deve privilegiar o sentido que mais se harmoniza com os princípios
constitucionais, pois estes se encontram no vértice da pirâmide normativa, de onde emanam normas
fundamentais que se irradiam por todo ordenamento jurídico, alcançando inclusive as relações
jurídicas de direito privado. Com esse entendimento, a interpretação do caso em análise deve ser
215
de terceiros constitua óbice ao registro de marca - que possui proteção nacional -, necessário, nessa
ordem: (i) que a proteção ao nome empresarial não goze somente de tutela restrita a alguns Estados,
mas detenha a exclusividade sobre o uso do nome em todo o território nacional e (ii) que a
reprodução ou imitação seja 'suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais
distintivos'. Não sendo essa, incontestavelmente, a hipótese dos autos, possível a convivência entre
o nome empresarial e a marca, cuja colidência foi suscitada" (REsp 1.204.488-RS, DJe 2/3/2011).
Além disso, não cabe a aplicação ao caso do art. 8º da Convenção da União de Paris de 1883
(CUP), pois o escopo desse dispositivo é assegurar a proteção do nome empresarial de determinada
sociedade em país diverso que o seu de origem, que seja signatário da CUP, e não em seu país de
origem, onde se deve atentar às leis locais. Nesse sentido, não se pode olvidar que o art. 1.166 do
CC estabelece que "A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as
respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do
respectivo Estado". Já o art. 124, XIX, da LPI veda o registro de marca que reproduza outra
preexistente, ainda que em parte e com acréscimo, "suscetível de causar confusão ou associação
com marca alheia". Nessa toada, a finalidade da proteção ao uso das marcas é dupla: por um lado
protegê-la contra usurpação, proveito econômico parasitário e o desvio desleal de clientela alheia e,
por outro, evitar que o consumidor seja confundido (REsp 1.105.422-MG, Terceira Turma, DJe
18/5/2011). Ademais, sem perder de vista o enfoque pelo ângulo do direito marcário, a
possibilidade de confusão e/ou associação entre as marcas é notória, por possuírem identidade
fonética e escrita quanto ao elemento nominativo e ambas se destinarem ao segmento
mercadológico médico. REsp 1.184.867-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2014.
Informativo nº 0536. Período: 26 de março de 2014. TERCEIRA SEÇÃO. DIREITO
PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIME
ENVOLVENDO JUNTA COMERCIAL. Compete à Justiça Estadual processar e julgar a suposta
prática de delito de falsidade ideológica praticado contra Junta Comercial. O art. 6º da Lei
8.934/1994 prescreve que as Juntas Comerciais subordinam-se administrativamente ao governo da
unidade federativa de sua jurisdição e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro do
Comércio, órgão federal. Ao interpretar esse dispositivo legal, a jurisprudência do STJ sedimentou
o entendimento de que, para se firmar a competência para processamento de demandas que
envolvem Junta Comercial de um estado, é necessário verificar a existência de ofensa direta a bens,
serviços ou interesses da União, conforme determina o art. 109, IV, da CF. Caso não ocorra essa
ofensa, como na hipótese em análise, deve-se reconhecer a competência da Justiça Estadual.
Precedentes citados: CC 119.576-BA, Terceira Seção, DJe 21.6.2012; CC 81.261-BA, Terceira
Secão, DJe 16.3.2009. CC 130.516-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/2/2014.
217
fim dessa carreira. Ademais, aplica-se ao caso a eficácia da lei no tempo, as regras do art. 2º da Lei
de Introdução ao Código Civil (DL n. 4.657/1942). Com esse entendimento, a Turma negou
provimento ao recurso. REsp 840.535-DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/4/2008.
RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. NOME EMPRESARIAL.
ÂMBITO DE PROTEÇÃO. UNIDADE DA FEDERAÇÃO EM QUE ARQUIVADOS OS ATOS
CONSTITUTIVOS DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA. PREQUESTIONAMENTO.
INEXISTÊNCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. 1- Ação
distribuída em 26/11/2010. Recurso especial interposto em 3/9/2014 e concluso à Relatora em
25/8/2016. 2- O propósito recursal é definir se o nome empresarial adotado e utilizado pelo
recorrido viola direitos de propriedade industrial titulados pelo recorrente. 3- A ausência de decisão
acerca das teses invocadas pelo recorrente impede, quanto a elas, o conhecimento do recurso
especial. 4- O nome empresarial goza de proteção jurídica tão somente no âmbito do ente federativo
onde se localiza a Junta Comercial em que arquivados os atos constitutivos da sociedade que o
titula, podendo ser estendida a todo território nacional apenas na hipótese de pedido de
arquivamento nas demais Juntas Comerciais. Precedentes. 5- Na espécie, os atos constitutivos das
partes foram arquivados em diferentes entes federativos, não havendo notícia de que o recorrente
tenha pleiteado proteção em todo o território nacional, de modo que sua pretensão de abstenção de
uso não merece prosperar. 6- Ademais, o acórdão recorrido concluiu que, dada a atividade
desempenhada por cada uma das empresas, a existência simultânea dos nomes empresariais não é
capaz de acarretar confusão e prejuízo aos consumidores. 7- O reexame de fatos e provas em
recurso especial é inadmissível. 8- Recurso especial não provido. (REsp 1686154/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 23/02/2018)
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROTEÇÃO AO NOME
EMPRESARIAL. CIRCUNSCRIÇÃO À UNIDADE DA FEDERAÇÃO EM QUE REALIZADO
O REGISTRO. CONFLITO ENTRE MARCA E NOME EMPRESARIAL. ANTERIORIDADE
DO REGISTRO DO NOME. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO
IMPROVIDO. 1. A proteção do nome empresarial está circunscrita à unidade da federação de
jurisdição da Junta Comercial em que registrados os atos constitutivos da empresa, podendo ser
estendida a todo território nacional caso haja pedido complementar de arquivamento nas demais
Juntas Comerciais. Precedentes. 2. Registrados os nomes comerciais das partes em diferentes
estados da federação, sem pedido de proteção em todo o território nacional, não há falar em
abstenção de uso, ainda que o registro da agravante seja anterior. 3. No que se refere ao conflito
entre a marca registrada no INPI pela agravante e o nome comercial da agravada, registrado em
1992, verifica-se que o registro do nome comercial daquela antecede em muito o da marca. Veja-se
que somente no ano 2000 foi feito o registro da marca no INPI. Nesse sentido, não há como obstar o
219
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. CONCORRÊNCIA
DESLEAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. TRADE DRESS. CONJUNTO-
IMAGEM. ELEMENTOS DISTINTIVOS. PROTEÇÃO LEGAL CONFERIDA PELA TEORIA
DA CONCORRÊNCIA DESLEAL. REGISTRO DE MARCA. TEMA DE PROPRIEDADE
INDUSTRIAL, DE ATRIBUIÇÃO ADMINISTRATIVA DE AUTARQUIA FEDERAL.
DETERMINAÇÃO DE ABSTENÇÃO, POR PARTE DO PRÓPRIO TITULAR, DO USO DE
SUA MARCA REGISTRADA. CONSECTÁRIO LÓGICO DA INFIRMAÇÃO DA HIGIDEZ DO
ATO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. A tese a
ser firmada, para efeito do art. 1.036 do CPC/2015 (art. 543-C do CPC/1973), é a seguinte: As
questões acerca do trade dress (conjunto-imagem) dos produtos, concorrência desleal e outras
demandas afins, por não envolver registro no INPI e cuidando de ação judicial entre particulares, é
inequivocamente de competência da justiça estadual, já que não afeta interesse institucional da
autarquia federal. No entanto, compete à Justiça Federal, em ação de nulidade de registro de marca,
com a participação do INPI, impor ao titular a abstenção do uso, inclusive no tocante à tutela
provisória. 2. No caso concreto, dá-se parcial provimento ao recurso interposto por SS Industrial
S.A. e SS Comércio de Cosméticos e Produtos de Higiene Pessoal Ltda., remetendo à Quarta Turma
do STJ, para prosseguir-se no julgamento do recurso manejado por Indústria e Comércio de
Cosméticos Natura Ltda. e Natura Cosméticos S.A. (REsp 1527232/SP, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/12/2017, DJe 05/02/2018)
Informativo nº 0619. Publicação: 9 de março de 2018. QUARTA TURMA. Processo REsp
1.327.773-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 28/11/2017, DJe
15/02/2018. Tema: Propriedade industrial. Uso indevido de marca de empresa. Dano moral.
Aferição in re ipsa. O dano moral por uso indevido da marca é aferível in re ipsa. Informações do
Inteiro Teor. No tocante ao dano moral, especificamente quanto ao uso indevido da marca, verifica-
se que há, no estudo da jurisprudência da Casa, uma falta de harmonização, haja vista que parcela
dos julgados vem entendendo ser necessário – ainda que de forma indireta – a comprovação do
prejuízo; ao passo que, em outros precedentes, o STJ reconhece que o dano moral decorre
automaticamente da configuração do uso indevido da marca. Diante dessa dispersão da
jurisprudência, o tema do dano moral, quando presente a vulneração da marca, deve ser mais
aprofundado. De fato, a marca não tem apenas a finalidade de assegurar direitos ou interesses
meramente individuais do seu titular (ordem privada), mas visa, acima de tudo, resguardar o
mercado (ordem pública), protegendo os consumidores, conferindo-lhes subsídios para aferir a
origem e a qualidade do produto ou serviço, além de evitar o desvio ilegal de clientela e a prática do
proveito econômico parasitário. Não se pode olvidar, ademais, que a marca, muitas vezes, é o ativo
223
mais valioso da empresa, sendo o meio pelo qual o empresário consegue, perante o mercado,
distinguir e particularizar seu produto ou serviço, enaltecendo sua reputação. Portanto, por sua
natureza de bem imaterial, é ínsito que haja prejuízo moral à pessoa jurídica quando se constata o
uso indevido da marca, pois, forçosamente, a reputação, a credibilidade e a imagem da empresa
acabam sendo atingidas perante todo o mercado (clientes, fornecedores, sócios, acionistas e
comunidade em geral), além de haver o comprometimento do prestígio e da qualidade dos produtos
ou serviços ofertados, caracterizando evidente menoscabo de seus direitos, bens e interesses
extrapatrimoniais. O contrafator, causador do dano, por outro lado, acaba agregando valor ao seu
produto, indevidamente, ao se valer da marca alheia. Sendo assim, o dano moral por uso indevido
da marca é aferível in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da mera comprovação da prática de
conduta ilícita - contrafação -, revelando-se despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou a
comprovação probatória do efetivo abalo moral, haja vista que o vilipêndio do sinal, uma vez
demonstrado, acarretará, por consectário lógico, a vulneração do seu bom nome, reputação ou
imagem.
Informativo nº 0618. Publicação: 23 de fevereiro de 2018. RECURSOS REPETITIVOS.
Processo REsp 1.527.232-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por unanimidade,
julgado em 13/12/2017, DJe 05/02/2018. Tema Trade dress. Proteção legal. Teoria da
concorrência desleal. Competência da Justiça estadual. Registro de marca. INPI. Atribuição
administrativa. Uso da marca. Abstenção. Consectário lógico do ato administrativo. Justiça Federal.
Competência privativa. Destaque. As questões acerca do trade dress (conjunto-imagem) dos
produtos, concorrência desleal e outras demandas afins, por não envolver registro no INPI e
cuidando de ação judicial entre particulares, é inequivocamente de competência da Justiça estadual,
já que não afeta interesse institucional da autarquia federal. No entanto, compete à Justiça Federal,
em ação de nulidade de registro de marca, com a participação do INPI, impor ao titular a abstenção
do uso, inclusive no tocante à tutela provisória. Informações do Inteiro Teor. A questão
controvertida principal – único objeto da afetação ao rito dos recursos repetitivos – consiste em
delimitar a competência da Justiça estadual para: a) em reconhecimento de concorrência desleal,
determinar a privação de uso de elementos que não são registrados no Instituto Nacional de
Propriedade Industrial – INPI, caracterizados pelo "conjunto-imagem" (trade dress) de produtos
e/ou serviços e b) impor abstenção de uso de marca registrada pelo INPI. Quanto ao primeiro
questionamento, vale destacar que a Terceira Turma desta Corte, em recente precedente, entendeu –
entre outros pontos – que o conjunto-imagem de bens e produtos é passível de proteção judicial
quando a utilização de conjunto similar resulte em ato de concorrência desleal, em razão de
confusão ou associação com bens e produtos concorrentes (REsp 1.353.451-MG, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, DJe 28/9/2017). Com efeito, embora o sistema brasileiro não reconheça a proteção
224
que o conjunto-imagem (trade dress) é a soma de elementos visuais e sensitivos que traduzem uma
forma peculiar e suficientemente distintiva, vinculando-se à sua identidade visual, de apresentação
do bem no mercado consumidor. Não se confunde com a patente, o desenho industrial ou a marca,
apesar de poder ser constituído por elementos passíveis de registro. Embora não disciplinado na Lei
n. 9.279/1996, o conjunto-imagem de bens e produtos é passível de proteção judicial quando a
utilização de conjunto similar resulte em ato de concorrência desleal, em razão de confusão ou
associação com bens e produtos concorrentes (art. 209 da LPI). Cabe destacar que o diálogo entre
concorrência e direitos exclusivos decorrentes de propriedades industriais é limitado e somente
justificará a intervenção do Judiciário para afastar as condutas concorrenciais que desbordem a
razoabilidade da disputa legítima, encontrando suas balizas ora na confusão do consumidor
decorrente de imitação desleal (hipótese em análise), ora na usurpação de vantagem alheia
decorrente da associação de seu produto ou serviço com a prestação de seu concorrente, situação em
que é notório o intuito de "pegar carona" no sucesso obtido pelo investimento de outrem, e não para
meramente assegurar um direito de exploração exclusiva a bem não registrado na forma legalmente
exigida. Ao se analisar a confusão entre marcas, os parâmetros anunciados pela doutrina já
introduziam a importância fundamental dos elementos laterais para captura da atenção e do
interesse do público-alvo no momento do posicionamento de produtos no mercado. No contexto do
conjunto-imagem, deve-se transpor a fronteira da questão de direito marcário para se adentrar ao
campo fático da concorrência desleal, uma vez que se contrapõem marcas dessemelhantes
ostensivamente utilizadas, como no caso dos autos, porém se alega que a imagem global do produto
é capaz de implantar no imaginário do consumidor a confusão entre os produtos concorrentes. Em
razão dessas nuances, a confusão que caracteriza concorrência desleal é questão fática, sujeita a
exame técnico, a fim de averiguar o mercado em que inserido o bem e serviço e o resultado da
entrada de novo produto na competição, de modo a se alcançar a imprevisibilidade da conduta
anticompetitiva aos olhos do mercado.
Informativo nº 0608. Publicação: 30 de agosto de 2017. TERCEIRA TURMA. Processo
REsp 1.669.131-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em
27/6/2017, DJe 1/8/2017. Propriedade industrial. Patentes. Falta de pagamento de retribuição anual.
Obrigatoriedade de notificação do arquivamento do pedido ou da extinção da patente. Restauração
garantida pelo art. 87 da Lei n. 9.279/96 até três meses contados da notificação. Destaque. Para
arquivamento de pedido ou extinção de patente por falta de pagamento da retribuição anual prevista
no art. 84 da Lei n. 9.279/1996, exige-se notificação prévia do respectivo depositante ou titular.
Informações do Inteiro Teor. Discute-se acerca da necessidade de notificação prévia da extinção da
patente pela falta de pagamento de duas retribuições anuais. Inicialmente, cabe pontuar que esse
pagamento configura requisito imprescindível para que o titular de uma patente goze do monopólio,
226
garantido pelo Estado, de exploração comercial do objeto patenteado durante o seu prazo de
vigência. De acordo com o art. 84 da Lei de Propriedade Industrial (Lei n. 9.279/96), a retribuição
anual é devida a partir do início do terceiro ano do depósito e deve ser paga nos três primeiros
meses de cada período anual. Nesse contexto, a falta do pagamento da retribuição acarreta, como
regra, o arquivamento do pedido de patente, ou, caso já concedida, a sua extinção. Porém, a regra
do art. 87 do referido diploma legal prevê, como forma de preservar o direito do titular da patente, o
instituto da restauração. Estabelece o dispositivo aludido que, notificado do arquivamento do pedido
ou da extinção da patente em razão do não pagamento da retribuição anual, o depositante ou o
titular pode, no prazo de três meses contados dessa notificação, restaurar o pedido ou a patente, por
meio do pagamento de retribuição específica. Infere-se desse dispositivo legal que, na hipótese de
inadimplemento da retribuição anual, a notificação do arquivamento do pedido ou da extinção da
patente é obrigatória, porquanto necessária para o exercício do direito à restauração.
Informativo nº 0603. Publicação: 7 de junho de 2017. TERCEIRA TURMA. Processo REsp
1.627.606-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 2/5/2017, DJe
5/5/2017. Corretora de seguros. Criação de nova espécie securitária. Proteção autoral. Inexistência.
Ideias, projetos e planos de negócio. Patrimônio comum da coletividade. A criação de nova espécie
de seguro não possui a proteção da Lei de Direitos Autorais. Informações do Inteiro Teor. A
insurgência por parte da empresa especializada em gestão de riscos e seguros, com foco no mercado
de transporte, se limita à alegação de que identificou um nicho de mercado inovador, criando
modelo específico de seguro de responsabilidade civil com cobertura para danos ambientais em
transporte de cargas, que demandou conhecimentos, pesquisas e estudos para a produção de
parâmetros e estrutura da apólice, sendo, portanto, detentora de bem imaterial. Nesse passo, cumpre
saber se a criação de seguro inédito encontra proteção na Lei de Direitos Autorais, já que não se
trata de propriedade industrial (patente, marca, indicação geográfica ou desenho industrial). O art.
7º da Lei n. 9.610/1998 garante a proteção de obras intelectuais, isto é, as criações do espírito,
expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou
que se invente no futuro. Todavia, para não haver o engessamento do conhecimento bem como o
comprometimento da livre concorrência e da livre iniciativa, a própria Lei de Direitos Autorais
restringe seu âmbito de atuação, elencando diversas hipóteses em que não há proteção de
exclusividade, como as ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos; os
esquemas, planos ou regras para realizar negócios; as normas jurídicas e atos oficiais; e o
aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras. Assim, o direito autoral não
pode proteger as ideias em si, visto que constituem patrimônio comum da humanidade. Incide,
portanto, o princípio da liberdade das ideias, a proibir a propriedade ou o direito de exclusividade
sobre elas. De igual modo, processos, sistemas, métodos operacionais, projetos, conceitos,
227
princípios, descobertas, planos estratégicos, se não forem patenteáveis, não encontram guarida no
direito de autor. Um tema explorado em determinada obra, pode ser retomado em outras sem haver
imitação, por mais inovador que seja. Nesse contexto, não há plágio se a obra contiver
individualidade própria, centrada na criatividade, embora possam existir semelhanças oriundas da
identidade do objeto. Conclui-se, assim, que não há proteção autoral ao contrato por mais inovador
e original que seja; no máximo, ao texto das cláusulas contido em determinada avença (isto é, à
expressão das ideias, sua forma literária ou artística), nunca aos conceitos, dispositivos, dados ou
materiais em si mesmos (que são o conteúdo científico ou técnico do Direito). Ao contrário, admitir
que a Lei de Direitos Autorais ponha métodos, estilos e técnicas (contratuais ou não) dentre os bens
passíveis de proteção tolheria não só a criatividade e a livre iniciativa, mas também o avanço das
relações comerciais e da ciência jurídica, a qual ficaria estagnada com o direito de exclusividade de
certos tipos contratuais.
Informativo nº 0599. Publicação: 11 de abril de 2017. SEGUNDA TURMA Processo REsp
1.200.528-RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, por unanimidade, julgado em 16/2/2017, DJe 8/3/2017.
INPI. Contrato de transferência de tecnologia. Averbação. Alteração de Cláusula por parte da
autarquia. Possibilidade. O INPI pode intervir no âmbito negocial de transferência de tecnologia,
diante de sua missão constitucional e infraconstitucional de regulamentação das atividades atinentes
à propriedade industrial. Informações do Inteiro Teor. Na origem, impetrou-se mandado de
segurança contra ato administrativo praticado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(INPI) que, ao averbar contratos de transferências de tecnologia entre empresas, alterou
unilateralmente cláusulas, fazendo-os passar de onerosos para gratuitos. A questão dos autos está
centrada, portanto, na possibilidade de o INPI imiscuir-se no mérito das avenças firmadas entre
empresas, alterando os termos acordados, quando da averbação dos respectivos contratos. O art. 211
da Lei n. 9.279/96 contém disposição de caráter geral, esclarecendo que o INPI "fará o registro"
daqueles tipos de contratos e estabelecendo o prazo para a análise do pedido de registro, nada
deliberando sobre a possibilidade de eventuais "intervenções contratuais". O art. 240 da mesma lei,
por sua vez, alterou a redação do art. 2º da Lei n. 5.648/70, que tinha a seguinte redação: Art. 2º. O
Instituto tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a
propriedade industrial tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica. Parágrafo
único. Sem prejuízo de outras atribuições que lhe forem cometidas, o Instituto adotará, com vistas
ao desenvolvimento econômico do País, medidas capazes de acelerar e regular a transferência de
tecnologia e de estabelecer melhores condições de negociação e utilização de patentes, cabendo-lhe
ainda pronunciar-se quanto à conveniência da assinatura, ratificação ou denúncia de convenções,
tratados, convênio e acordos sobre propriedade industrial. A alteração resultou na seguinte
disposição textual: Art. 2º. O INPI tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional, as
228
normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, econômica,
jurídica e técnica, bem como pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação e
denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre propriedade industrial. Em que pese
tenha ocorrido a reformulação do preceito normativo supra, com a supressão de parcela de
competência do INPI, precisamente relativa às medidas de aceleração e regulação de transferência
tecnológica, bem como de fixação de melhores condições de negociação e utilização de patentes, a
conclusão de que tais atribuições não mais estariam no círculo de competências da mencionada
autarquia federal não prospera. Na parte inicial do atual preceito normativo, identifica-se uma
cláusula geral, de atendimento das funções social, econômica, jurídica e técnica. A função de uma
cláusula geral de direito é de servir de elemento jurídico conformador atemporal e, portanto, aberto,
de modo a favorecer atividades interpretativas evolutivas que preservem a sua dimensão
significativa. Assim, não reconhecer ao INPI competência para levar a efeito intervenções no
âmbito da atividade industrial internacional, a exemplo de intervenções contratuais na órbita
tecnológica, desatende a regra inserta no art. 240 da Lei n. 9.279/96, por inobservância do seu
núcleo normativo. Sob perspectiva distinta, conferir uma interpretação restritiva ao mencionado
preceito legal implicaria na total desconsideração da existência implícita de poderes. Ao se outorgar
competência a determinado órgão, deve-se assegurar os instrumentais necessários à perfeita
realização do seu escopo, ainda mais quando de inegável relevância pública.
Informativo nº 0578. Período: 3 a 16 de março de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. TERMO INICIAL PARA O PAGAMENTO DA RETRIBUIÇÃO
QUINQUENAL PREVISTA NO ART. 120 DA LEI N. 9.279/1996. O prazo para o pagamento da
"retribuição qüinqüenal" prevista no art. 120 da Lei n. 9.279/1996 conta-se da data do depósito do
pedido de registro do desenho industrial no INPI, e não da data do certificado de registro. Salienta-
se, inicialmente, que o registro de desenho industrial concedido pelo INPI vigorará por um período
de dez anos, renovável por três períodos sucessivos de cinco anos cada, podendo a proteção total
conferida pelo registro durar até 25 anos. Ressaltado isso, verifica-se que, dentre outros motivos, a
falta de pagamento da retribuição prevista nos arts. 108 e 120 da Lei n. 9.279/1996 (Lei da
Propriedade Industrial), poderá ocasionar a extinção desse registro. Acerca disso, o Ato Normativo
INPI n. 129/1997, que dispõe sobre a aplicação da Lei de Propriedade Industrial em relação aos
registros de desenho industrial, esclarece: "6. QÜINQÜÊNIOS - 6.1 O pagamento do segundo
qüinqüênio deverá ser efetuado durante o quinto ano, contado da data do depósito, podendo ainda
ser efetuado dentro dos seis meses subseqüentes a este prazo, independente de notificação, mediante
pagamento de retribuição adicional. (...) - 6.4. Conseqüência da não comprovação do pagamento do
qüinqüênio. 6.4.1 Não comprovado o pagamento, o INPI formulará exigência para a apresentação
da comprovação do pagamento, que deverá ser cumprida no prazo de 60 (sessenta) dias. 6.4.2 Não
229
cumprida a exigência, o INPI presumirá que o pagamento não foi efetuado, promovendo os
procedimentos cabíveis". Nesse contexto, o art. 120, §1º, da Lei n. 9.279/1996 ("Art. 120. O titular
do registro está sujeito ao pagamento de retribuição qüinqüenal, a partir do segundo qüinqüênio da
data do depósito. § 1º O pagamento do segundo qüinqüênio será feito durante o 5º (quinto) ano da
vigência do registro") deve ser interpretado no sentido de que o pagamento da retribuição
quinquenal do segundo quinquênio necessita ser efetuado durante o quinto ano de registro, contado
da data de depósito do pedido de registro do desenho industrial no INPI. REsp 1.470.431-PR, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/2/2016, DJe 8/3/2016.
Informativo nº 0576. Período: 5 a 19 de fevereiro de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS EM DESFAVOR DO INPI EM
AÇÃO DE NULIDADE DE REGISTRO DE MARCA. Na ação de nulidade de registro de marca
em que o INPI foi indicado como réu ao lado de sociedade empresária em virtude da concessão
indevida do registro e do não processamento do procedimento administrativo para anular o registro
indevidamente concedido, a autarquia federal responde solidariamente pelos honorários
advocatícios sucumbenciais, na hipótese em que se reconheceu a omissão do instituto quanto à
citada inércia, ainda que o ente federal tenha reconhecido a procedência do pedido judicial. O art.
175 da Lei n. 9.279/1996 (Lei de Propriedade Industrial - LPI) dispõe que "A ação de nulidade do
registro será ajuizada no foro da justiça federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito".
Com efeito, o tema acerca da natureza jurídica da intervenção do INPI, nas ações de nulidade de
marcas e patentes, é controvertido na doutrina e na jurisprudência. Isso porque, de fato, a lei impõe
a participação do INPI, presumindo a existência de um interesse jurídico que não se confunde com
o interesse individual das partes. Em regra, enquanto os particulares disputam um direito
patrimonial, calcado essencialmente em objetivos fático-econômicos, o INPI compromete-se com a
defesa do interesse social difuso: o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. Noutros
termos, por não se comprometer com o interesse individual de quaisquer das partes, o INPI, ao
menos em tese, tem posição processual própria e independente da vontade das partes litigantes, o
que de fato distancia a intervenção da LPI das intervenções típicas previstas no CPC - o qual
somente se aplica de forma subsidiária às demandas de nulidade de registro marcário. Assim, não
haveria que se cogitar da aplicação do art. 50 do CPC, porquanto a assistência é instituto voluntário,
ao passo que a intervenção da LPI é obrigatória. Todavia, na situação concreta, a solução se
distingue da regra geral, pois a autora direcionou sua demanda de forma expressa contra o INPI
justificada pela inércia do instituto em relação ao andamento de prévio requerimento administrativo
para declarar a nulidade do registro marcário concedido à ré. Desse modo, a causa de pedir da
recorrida não ficou limitada à concessão indevida do registro, mas incluiu o não processamento do
procedimento administrativo, situação imputável exclusivamente à autarquia. Assim, a demanda foi
230
corretamente direcionada ao INPI que, sim, compôs a lide como autêntico réu, devendo, portanto,
suportar todos os ônus de sua sucumbência. REsp 1.258.662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 2/2/2016, DJe 5/2/2016.
Informativo nº 0563. Período: 29 de maio a 14 de junho de 2015. QUARTA TURMA.
DIREITO EMPRESARIAL. PRODUTOS DESTINADOS À COMERCIALIZAÇÃO NO
EXTERIOR E CADUCIDADE DA MARCA. O fato de produto elaborado e fabricado no Brasil
ser destinado exclusivamente ao mercado externo não implica a caducidade do respectivo registro
de marca por desuso. De acordo com a Lei de Propriedade Industrial, uma vez passados cinco anos
da concessão do registro, se requerida a sua caducidade, deve o titular da marca demonstrar que, na
data do requerimento, já iniciou seu uso no Brasil, ou que, ainda que interrompido o seu uso, a
interrupção não ultrapassou mais de cinco anos consecutivos, ou que não tenha, nesse prazo, feito
uso com modificação que implique alteração de seu caráter distintivo original, sem a apresentação
de razões legítimas. Se o titular da marca registrada no Brasil industrializa, fabrica, elabora o
produto em território nacional, claramente inicia e faz uso da marca no Brasil, merecendo toda
proteção legal, pois aqui empreende, gerando produção, empregos e riqueza, sendo indiferente que
a mercadoria aqui produzida seja destinada ao mercado interno ou exclusivamente ao externo.
Produzir no País o produto com a marca aqui registrada atende suficientemente ao requisito legal de
"uso da marca iniciado no Brasil". REsp 1.236.218-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
5/2/2015, DJe 11/6/2015.
Informativo nº 0563. Período: 29 de maio a 14 de junho de 2015. QUARTA TURMA.
DIREITO EMPRESARIAL. CADUCIDADE DE MARCA POR USO ESPORÁDICO. É possível
que se reconheça a caducidade do registro da marca quando, em um período de cinco anos, o valor e
o volume de vendas do produto relacionado à marca forem inexpressivos (na situação em análise,
70 pacotes de cigarros que geraram receita de R$ 614,75) em comparação com operações
bilionárias realizadas pelo titular no mesmo período (produção de mais de 400 bilhões de cigarros).
De acordo com a Lei de Propriedade Industrial, uma vez passados cinco anos da concessão do
registro, se requerida a sua caducidade, deve o titular da marca demonstrar que, na data do
requerimento, já iniciou seu uso no Brasil, ou que, ainda que interrompido o seu uso, a interrupção
não ultrapassou mais de cinco anos consecutivos, ou que não tenha, nesse prazo, feito uso com
modificação que implique alteração de seu caráter distintivo original, sem a apresentação de razões
legítimas. Quanto ao uso efetivo da marca, a doutrina esclarece que "A Lei não define - e com razão
- os atos que hão de constituir uso. O uso é noção intuitiva: usar é exercitar, por em funcionamento.
Ao uso, que é uma atividade (= ação), contrapõe-se o desuso, que é, em essência, uma atitude
neutra (= omissão). Ambos, uso e desuso, são fatos jurígenos, gerando consequências no campo do
Direito. Usar, no sentido que o direito de propriedade industrial empresta a esse verbo, é projetar a
231
marca para o mundo, para que ela, antes mera potencialidade, passe a exercer a função a que se
destina. A Lei anterior, ao prever a extinção do registro como sanção para o desuso, empregava o
termo uso efetivo. A Lei nova não repete o adjetivo, falando apenas de uso, sem qualquer
qualificação. Muito embora o adjetivo 'efetivo' dê acento à realidade do uso, nem por isso nos
parece autorizada a conclusão de que a sua ausência leve à aceitação de qualquer uso. É que, em
função de sua categoria ôntica, as marcas só podem ser consideradas em uso quando 'ionizem' os
bens ou serviços a que se destinem, carregando, simbolicamente, informações sobre eles e
comunicando-as ao público. O fio condutor do exame de suficiência de uso é a atuação do titular no
sentido de por a sua marca diante do público". Assim, no caso em análise, o uso esporádico da
marca, com escassas negociações no mercado, é inexpressivo dentro da magnitude das operações
bilionárias realizadas pela empresa, portanto, insuficiente para configurar e comprovar o uso efetivo
da marca apto a afastar a caducidade por desuso. REsp 1.236.218-RJ, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 5/2/2015, DJe 11/6/2015.
Informativo nº 0556. Período: 23 de fevereiro a 4 de março de 2015. QUARTA TURMA.
DIREITO EMPRESARIAL. LEI APLICÁVEL NO CASO DE PEDIDO DE REGISTRO DE
DESENHO INDUSTRIAL EM ANDAMENTO QUANDO DA VIGÊNCIA DA LEI DE
PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Na hipótese em que o pedido de registro de desenho industrial
tenha sido formulado quando vigente o revogado Código de Propriedade Industrial (Lei
5.772/1971) e a concessão do registro tenha ocorrido já na vigência da Lei de Propriedade Industrial
(Lei 9.279/1996), a divulgação do objeto de registro ocorrida durante o "período de graça" (art. 96,
§ 3º, da Lei 9.279/1996) não afasta a caracterização do requisito da "novidade", ainda que não
realizado previamente requerimento de garantia de prioridade (art. 7º da Lei 5.772/1971). De acordo
com o revogado Código de Propriedade Industrial, encontrar-se-ia o desenho industrial no "estado
da técnica" quando tornado público antes do depósito, perdendo, assim, o requisito da "novidade",
sem o qual o registro não poderia ser concedido (art. 6º). Excepcionalmente, seria autorizada a
publicidade antes do depósito desde que previamente requerida a denominada "garantia de
prioridade", destinada a permitir que a invenção, o modelo ou o desenho industrial fossem
submetidos a entidades científicas ou apresentadas em exposições oficiais ou oficialmente
reconhecidas (arts. 7º e 8º). A Lei 5.772/1971 foi revogada pela Lei 9.279, publicada no DOU de
15/5/1996, que passou a vigorar integralmente em 15/5/1997, na forma do art. 243. A nova lei
modificou a definição do "estado da técnica" e, reflexamente, do requisito da "novidade", que
permaneceu sendo exigido. A "garantia de prioridade", por sua vez, disciplinada nos arts. 7º e 8º do
diploma anterior, foi substituída pelo denominado "período de graça" regido no § 3º do art. 96 da
nova Lei, segundo o qual: "Não será considerado como incluído no estado da técnica o desenho
industrial cuja divulgação tenha ocorrido durante os 180 (cento e oitenta) dias que precederem a
232
data do depósito ou a da prioridade reivindicada, se promovida nas situações previstas nos incisos I
a III do art. 12". Posto isso, surge a seguinte controvérsia: qual a legislação aplicável para definir
"estado de técnica" e o requisito material da "novidade" na hipótese em que o pedido de registro do
desenho industrial tenha sido formulado quando vigente a Lei 5.772/1971 e a concessão do registro
tenha ocorrido já na vigência da Lei 9.279/1996? A propósito do tema, a nova Lei dispôs, em seu
art. 229, que aos "pedidos em andamento serão aplicadas as disposições desta Lei, exceto quanto à
patenteabilidade das substâncias, matérias ou produtos obtidos por meios ou processos químicos e
as substâncias, matérias, misturas ou produtos alimentícios, químico-farmacêuticos e medicamentos
de qualquer espécie, bem como os respectivos processos de obtenção ou modificação, que só serão
privilegiáveis nas condições estabelecidas nos arts. 230 e 231" (redação original, posteriormente
modificada pela Lei 10.196/2001). Desse modo, na situação em análise, incidirá a primeira parte
desse dispositivo - que determina a aplicação da Lei 9.279/1996 aos pedidos em andamento -, já que
o desenho industrial objeto de registro não se insere nas exceções discriminadas pelo artigo,
relacionadas à patenteabilidade de produtos e processos químicos, farmacêuticos e alimentícios.
Observe-se que, quando o legislador desejou fosse indeferido o pedido em andamento que não
preenchesse os requisitos materiais da lei anterior, ele o fez expressamente (vide art. 229-A da Lei
9.279/1996), situação essa que não ocorre na hipótese em apreço, na qual se deve aplicar a nova
Lei. Não se trata propriamente de fazer retroagir a lei aos casos consolidados, decididos pelo INPI,
mas de reconhecer que cabe ao Poder Legislativo modificar os requisitos para a concessão de
patentes de invenção e de modelo de utilidade e de registro de desenho industrial e de marca. Assim
como a lei pode modificar, por exemplo, os requisitos para a usucapião antes da sua aquisição, as
hipóteses de retomada de imóveis locados e as regras pertinentes à herança e aos limites de
construção civil (leis de posturas), pode também alterar as hipóteses relativas à possibilidade de
concessão de registro de propriedade industrial. Frise-se, de mais a mais, que o STF, analisando o
art. 117 da Lei 5.772/1972 (dispositivo semelhante ao art. 229 da Lei 9.279/1996), considerou o art.
9º da Lei 5.772/1972 - que relacionou as invenções "não privilegiáveis" - aplicável aos pedidos em
andamento quando este diploma entrou em vigor (RE 93.679-3/RJ, Plenário, DJ de 9/3/1984). Ora,
assim como a lei nova pode restringir as hipóteses de privilégio, também pode ampliá-las mediante
alteração dos requisitos materiais respectivos, aplicando-as aos pedidos em andamento. Ante o
exposto, nos termos do art. 96 da Lei 9.279/1996, o desenho industrial, no caso em análise, não se
encontra inserido no "estado da técnica", não estando descaracterizado, por esse motivo, o requisito
material de "novidade". REsp 1.050.659-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
24/2/2015, DJe 4/3/2015.
Informativo nº 0550. Período: 19 de novembro de 2014. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. REQUISITOS DE VALIDADE DE PATENTE DE REVALIDAÇÃO. Uma
233
patente pipeline concedida no exterior e revalidada no Brasil não pode ser anulada ao fundamento
de falta de um dos requisitos de mérito do art. 8º da Lei 9.279/1996 (Lei de Propriedade Industrial -
LPI), mas apenas por ausência de requisito especificamente aplicável a ela (como, por exemplo, por
falta de pagamento da anuidade no Brasil) ou em razão de irregularidades formais. Da leitura dos
arts. 230 e 231 da LPI e de acordo com doutrina especializada, uma vez concedida a patente
pipeline por outra jurisdição, ela não poderá ser anulada invocando-se a ausência de um dos
requisitos de mérito previstos no art. 8º da LPI para a concessão das patentes ordinárias (novidade,
atividade inventiva e aplicação industrial). Precedentes citados: REsp 1.145.637-RJ, Terceira
Turma, DJe 8/2/2010; e REsp 1.092.139-RJ, Terceira Turma, DJe 4/11/2010. REsp 1.201.454-RJ,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/10/2014.
Informativo nº 0550. Período: 19 de novembro de 2014. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. UTILIZAÇÃO DE PROPAGANDA COMPARATIVA. É lícita a propaganda
comparativa entre produtos alimentícios de marcas distintas e de preços próximos no caso em que: a
comparação tenha por objetivo principal o esclarecimento do consumidor; as informações
veiculadas sejam verdadeiras, objetivas, não induzam o consumidor a erro, não depreciem o produto
ou a marca, tampouco sejam abusivas (art. 37, § 2º, do CDC); e os produtos e marcas comparados
não sejam passíveis de confusão. Com efeito, a propaganda comparativa é a forma de publicidade
que identifica explícita ou implicitamente concorrentes de produtos ou serviços afins, consagrando-
se, em verdade, como um instrumento de decisão do público consumidor. Embora não haja lei
vedando ou autorizando expressamente a publicidade comparativa, o tema sofre influência das
legislações consumerista e de propriedade industrial nos âmbitos marcário e concorrencial. Pelo
prisma dos arts. 6º, III e IV, 36 e 37, do CDC, a publicidade comparativa não é vedada, desde que
obedeça ao princípio da veracidade das informações, seja objetiva, e não seja abusiva. Segundo
entendimento doutrinário, para que a propaganda comparativa viole o direito marcário do
concorrente, as marcas devem ser passíveis de confusão ou a referência da marca deve estar
cumulada com ato depreciativo da imagem de seu produto, acarretando a degenerescência e o
consequente desvio de clientela. Além do mais, a doutrina também ensina que a tendência atual é no
sentido de permitir a publicidade comparativa, desde que: a) o seu conteúdo seja objetivo - isto é,
que se mostre sem enganosidade ou abusividade, confrontando dados e características essenciais e
verificáveis (que não sejam de apreciação exclusivamente subjetiva) -, não se admitindo a
comparação que seja excessivamente geral; b) não seja enganosa (no sentido de possibilitar a
indução em erro dos consumidores e destinatários da mensagem); c) não veicule informação falsa
em detrimento do concorrente; e d) distinga de modo claro as marcas exibidas, sem dar ensejo a
confusão entre os destinatários da mensagem e sem contribuir para a degenerescência de marca
notória. De mais a mais, a Resolução 126/1996, III, do Mercosul e o art. 32 do Código Brasileiro de
234
distintivos'. Não sendo essa, incontestavelmente, a hipótese dos autos, possível a convivência entre
o nome empresarial e a marca, cuja colidência foi suscitada" (REsp 1.204.488-RS, DJe 2/3/2011).
Além disso, não cabe a aplicação ao caso do art. 8º da Convenção da União de Paris de 1883
(CUP), pois o escopo desse dispositivo é assegurar a proteção do nome empresarial de determinada
sociedade em país diverso que o seu de origem, que seja signatário da CUP, e não em seu país de
origem, onde se deve atentar às leis locais. Nesse sentido, não se pode olvidar que o art. 1.166 do
CC estabelece que "A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as
respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do
respectivo Estado". Já o art. 124, XIX, da LPI veda o registro de marca que reproduza outra
preexistente, ainda que em parte e com acréscimo, "suscetível de causar confusão ou associação
com marca alheia". Nessa toada, a finalidade da proteção ao uso das marcas é dupla: por um lado
protegê-la contra usurpação, proveito econômico parasitário e o desvio desleal de clientela alheia e,
por outro, evitar que o consumidor seja confundido (REsp 1.105.422-MG, Terceira Turma, DJe
18/5/2011). Ademais, sem perder de vista o enfoque pelo ângulo do direito marcário, a
possibilidade de confusão e/ou associação entre as marcas é notória, por possuírem identidade
fonética e escrita quanto ao elemento nominativo e ambas se destinarem ao segmento
mercadológico médico. REsp 1.184.867-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2014.
Informativo nº 0548. Período: 22 de outubro de 2014. QUARTA TURMA. DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. HIPÓTESE DE LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO INPI. O
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) tem legitimidade passiva em ação que objetive
invalidar sua decisão administrativa declaratória de nulidade de registro marcário em face da
precedência de outro registro. Ainda que se tratasse de ação de nulidade de registro propriamente
dita (art. 175 da Lei 9.279/1996), não haveria como negar a legitimidade do INPI para figurar no
polo passivo na hipótese, porquanto haveria interesse da autarquia na convalidação de sua decisão,
proferida em processo administrativo de nulidade, tendo em vista que eventual invalidação pelo
Poder Judiciário implicará comando ao INPI para que desconstitua o registro anteriormente
proferido. REsp 1.184.867-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2014.
Informativo nº 0526. Período: 25 de setembro de 2013. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. MITIGAÇÃO DA EXCLUSIVIDADE DECORRENTE DO REGISTRO NO
CASO DE MARCA EVOCATIVA. Ainda que já tenha sido registrada no INPI, a marca que
constitui vocábulo de uso comum no segmento mercadológico em que se insere - associado ao
produto ou serviço que se pretende assinalar - pode ser utilizada por terceiros de boa-fé. Com efeito,
marcas evocativas, que constituem expressão de uso comum, de pouca originalidade, atraem a
mitigação da regra de exclusividade decorrente do registro, possuindo um âmbito de proteção
limitado. Isso porque o monopólio de um nome ou sinal genérico em benefício de um comerciante
236
estariam resguardadas mesmo sem prévio registro, ou seja, prevaleceriam sobre marcas colidentes,
ainda que estas fossem registradas anteriormente. REsp 1.162.281-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 19/2/2013.
Informativo nº 0514. Período: 20 de março de 2013. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. IMPOSSIBILIDADE DE IMPORTAÇÃO PARALELA DE UÍSQUE DE
MARCA ESTRANGEIRA SEM O CONSENTIMENTO DO TITULAR DA MARCA. Não é
possível a realização de "importação paralela" de uísque de marca estrangeira para o Brasil na
hipótese em que o titular da marca se oponha à importação, mesmo que o pretenso importador já
tenha realizado, em momento anterior à oposição, "importações paralelas" dos mesmos produtos de
maneira consentida e legítima. O titular de determinada marca estrangeira e o seu distribuidor no
Brasil podem firmar entre si um contrato de distribuição com cláusula de exclusividade territorial,
de modo que aquele distribuidor contratante detenha a garantia de exclusividade na distribuição dos
produtos daquela marca no território brasileiro. Nesse contexto, ocorre a chamada "importação
paralela" na hipótese em que outro distribuidor - que não tenha acordado cláusula de exclusividade
na distribuição dos produtos da marca no território nacional - adquira, no estrangeiro - isto é, fora
dos circuitos de distribuição exclusiva -, produtos originais daquela mesma marca estrangeira para a
venda no Brasil, considerando o fato de que terceiros não estão obrigados aos termos de contrato
celebrado entre o fornecedor e o seu distribuidor brasileiro exclusivo. Nesse caso, a mercadoria
entra na área protegida não porque houve venda direta ou atuação invasiva de outro distribuidor,
mas porque um adquirente "de segundo grau", que comprou o bem do próprio titular ou de outro
concessionário da mesma marca, revendeu-o no território reservado. No tocante ao regramento dado
pelo sistema jurídico brasileiro às hipóteses de "importação paralela", deve-se indicar que o art.
132, III, da Lei n. 9.279/1996 proíbe que o titular da marca impeça a livre circulação de produtos
originais colocados no mercado interno por ele próprio ou por outrem com o seu consentimento. Ou
seja, permitiu-se a chamada comercialização paralela interna ou nacional, hipótese em que, após a
primeira venda do produto no mercado interno, o direito sobre a marca se esgota, de modo que o
titular da marca não poderá mais invocar o direito de exclusividade para impedir as vendas
subsequentes. Com isso, a nova Lei da Propriedade Industrial incorporou ao sistema jurídico
brasileiro o conceito de exaustão nacional da marca, segundo o qual o esgotamento do direito sobre
a marca somente se dá após o ingresso consentido do produto no mercado nacional, o que implica
afirmar que o titular da marca ainda detém direitos sobre ela até o ingresso legítimo do produto no
país. Dessa maneira, o titular da marca internacional tem, em princípio, o direito de exigir o seu
consentimento para a "importação paralela" dos produtos de sua marca para o mercado nacional.
Como ressalva, ademais, cabe afirmar que certos casos, como o dos medicamentos, podem vir a
receber tratamento legal diferenciado, imposto por necessidades específicas determinadas por cada
239
vestígios, daí por que a parte deve requerer a realização da medida preparatória de busca e
apreensão como forma de colher a prova da materialidade delitiva e dos indícios de sua autoria. Nos
crimes contra a propriedade imaterial, submetidos à ação penal pública, a busca e a apreensão
podem ser efetuadas pela autoridade policial (art. 240, § 1º, do CPP). Contudo, nos crimes sujeitos à
ação penal privada, a medida preparatória cautelar deve ser realizada por dois peritos nomeados
pelo juiz, conforme os arts. 527 e 530-A do CPP. A hipótese trata de crimes contra a propriedade
imaterial, puníveis mediante ação penal privada, e, apesar de o mandado de busca e apreensão se
fundar no art. 240 do CPP, a medida seguiu o rito especial disposto na legislação de regência, à
exceção da presença de duas testemunhas (art. 530-C do CPP). Destacou-se que o fato de apenas
um perito oficial (acompanhado de um assistente, cuja qualificação técnica se desconheça nos
autos) ter efetivado o exame do corpo de delito em questão não leva à nulidade do procedimento.
Essa conclusão decorre da interpretação sistêmica dos arts. 527 e 159 do CPP, já na redação que lhe
deu a Lei n. 11.690/2008, que passou a exigir a presença de dois peritos tão somente nos exames
realizados sem o profissional oficial. Também não enseja nulidade a falta da assinatura de
testemunhas, especificamente designadas para esse fim no termo de busca e apreensão (arts. 245, §
7º, e 530-C do CPP), por se tratar de mera irregularidade formal, sendo certo que os policiais e os
oficiais de justiça que participaram da medida podem figurar como testemunha, para testar a
legalidade da diligência. Anote-se que o ato contou com a participação de representantes legais de
ambas as partes com a autorização expressa do juízo. Por último, vê-se que o interessado não
demonstrou ser-lhe imposto qualquer prejuízo (pas de nullité sans grief). Precedentes citados do
STF: HC 85.177-RJ, DJ 1º/7/2005; do STJ: REsp 543.037-RJ, DJ 16/11/2004; AgRg no REsp
978.445-MS, DJe 28/2/2011; HC 139.256-RO, DJe 14/3/2011; HC 175.212-MG, DJe 8/6/2011, e
AgRg no APn 510-BA, DJe 19/8/2010. RMS 31.050-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
28/6/2011.
Informativo nº 0477. Período: 13 a 17 de junho de 2011. TERCEIRA TURMA. INPI.
LIMITAÇÃO. REGISTRO. MARCA INDUTRIAL MISTA. A recorrente ajuizou, na origem, ação
de anulação parcial do ato administrativo do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) que
concedeu o registro de marca industrial com a observação de que o concedia como marca mista sem
exclusividade de uso dos elementos nominativos isoladamente. Isso porque a marca industrial, além
do elemento figurativo, contém as palavras comuns, corriqueiras e genéricas "porta" e "pronta",
sendo que a primeira palavra em linha superior e a segunda palavra na segunda linha, iniciando-se
da letra "p" da primeira palavra. As instâncias ordinárias julgaram improcedente o pedido e, no
REsp, a recorrente insiste na anulação parcial do registro concedido pelo recorrido (INPI). Após a
análise doutrinária da questão, no caso dos autos, o Min. Relator esclarece que a recorrente pretende
obter exclusividade sobre o uso da marca de palavras comuns desprovido de origem que, isolada ou
241
ramo de serviços de locação, loteamento, incorporação e venda de imóveis (classe 40.10 do INPI).
Adota-se tal posicionamento porque os nomes de edifícios ou de condomínios fechados não são
marcas nem são atos da vida comercial, mas sim atos da vida civil, pois individualizam a coisa, não
podendo ser enquadrados como serviços ou, ainda, produtos, mesmo porque, nos últimos, a marca
serve para distinguir séries de mercadorias e não objetos singulares. Para o exame da colisão de
marcas, não só se faz necessária a aferição do ramo da atividade comercial das sociedades
empresárias, mas se deve apreciar também a composição marcária como um todo. Ademais, no
caso, o tribunal a quo, lastreado na prova dos autos, concluiu pela ausência de risco de erro, engano
ou confusão entre as marcas, pois se destinam a consumidores de classes econômicas distintas, não
havendo qualquer ato de concorrência desleal praticado pela recorrida, sendo inexistente a má-fé.
Precedentes citados: REsp 863.975-RJ, DJe 16/11/2010; REsp 900.568-PR, DJe 3/11/2010, e REsp
1.114.745-RJ, DJe 21/9/2010. REsp 862.067-RJ, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Desembargador
convocado do TJ-RS), julgado em 26/4/2011.
Informativo nº 0466. Período: 7 a 18 de março de 2011. TERCEIRA TURMA.
PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA FRACA OU EVOCATIVA. Trata-se de REsp oriundo
de ação de nulidade de registro de marca proposta pela recorrente em desfavor da recorrida, com o
fim de obter a nulidade do registro de marca comercial que entendia colidir com a que já utilizava
há aproximadamente 22 anos. A pretensão foi acolhida em primeiro grau com fundamento no art.
124, XIX, da Lei n. 9.279/1996 (nova Lei de Propriedade Industrial - LPI), o qual teria sido violado
ao ser aceito o referido registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A sentença,
contudo, foi reformada pelo tribunal a quo, que entendeu, entre outras questões, ser possível a
convivência pacífica entre as marcas. A Turma negou provimento ao recurso sob o entendimento de
que marcas fracas ou evocativas, que constituem expressão de uso comum, de pouca originalidade
ou de forte atividade criativa podem coexistir harmonicamente, sendo descabida qualquer alegação
de notoriedade ou anterioridade de registro, com o intuito de assegurar o uso exclusivo da expressão
de menor vigor inventivo. Consignou-se, ainda, que marcas de convivência possível não podem se
tornar oligopólios, patrimônios exclusivos de um restrito grupo empresarial, devendo o Judiciário
reprimir a utilização indevida da exclusividade conferida ao registro quando esse privilégio implicar
a intimidação da concorrência, de modo a impedi-la de exercer suas atividades industriais e explorar
o mesmo segmento mercadológico. Registrou-se, por fim, que o tribunal a quo, ao confirmar a tese
de que não é possível conferir exclusividade ao titular de registro de marca fraca ou evocativa, não
divergiu da jurisprudência deste Superior Tribunal sobre a matéria, valendo ressaltar que o
reconhecimento de violação de literal disposição de lei somente se dá quando dela se extrai
interpretação desarrazoada, o que não ocorreu no caso. REsp 1.166.498-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/3/2011.
243
proposta na origem pela recorrente a fim de anular registro posterior ao seu no Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI) de determinada marca comercial feito por sociedade que opera no
mesmo segmento de mercado, ou seja, prestação de serviços de ensino, educação e afins. Em grau
de apelação, assentou-se não ter razão a recorrente sob o fundamento, entre outros, de não existir
colidência entre as marcas. A Turma deu provimento ao recurso por entender que o direito
decorrente do registro da marca exclui seu emprego por qualquer outra empresa do mesmo ramo de
atividade, por acarretar prejuízo à sua legítima detentora, como também aos consumidores que
ficam sujeitos à confusão em face da identidade de marcas para atividades idênticas desenvolvidas
por pessoas jurídicas distintas na mesma região. Salientou-se que a recorrente tem seu nome e título
de estabelecimento registrado desde 16/3/1971, o que ocorreu sob a vigência da Lei n. 5.772
daquele mesmo ano (antiga lei da propriedade industrial - LPI), razão por que a pretensão de obter a
anulação do registro da recorrida ainda mais se impõe nos termos do art. 65 do referido diploma
legal. Consignou-se, ademais, que, além do registro de seus atos constitutivos em 1971, a recorrente
solicitou sua marca no INPI em 1994, obtendo a referida concessão de exclusividade no uso da
expressão questionada em 28/6/1996, aplicando-se, assim, o art. 124, V, da Lei n. 9.279/1996 (nova
LPI). Desse modo, não viceja a afirmativa do tribunal de origem de inexistir colidência pelo fato de
a recorrente prestar serviços de ensino fundamental e a recorrida, de ensino universitário, uma vez
que nada impede, no futuro, que aquela venha a expandir-se no segmento de mercado em que atua,
passando também a prestar serviços educacionais de nível superior. Precedentes citados: REsp
62.770-RJ, DJ 4/8/1997; REsp 40.190-RJ, DJ 29/9/1997, e REsp 142.954-SP, DJ 13/12/1999. REsp
887.686-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/11/2010.
Informativo nº 0452. Período: 18 a 22 de outubro de 2010. TERCEIRA TURMA. LPI.
VIGÊNCIA. PRAZO. DEPÓSITO. PATENTE PIPELINE. A quaestio juris consiste em determinar
a tempestividade dos pedidos de patentes pipeline depositados pela indústria farmacêutica recorrida.
Explica a Min. Relatora que cumpre estabelecer, no REsp, a data em que a Lei de Propriedade
Industrial (Lei n. 9.279/1996 - LPI) entrou em vigor, diante da peculiaridade prevista no seu art.
243, que excepcionou a vigência da lei quanto aos arts. 230, 231, 232 e 239, ao estabelecê-la
expressamente a partir da data da sua publicação. Diferentemente da regra geral - em que o
legislador determina que toda a lei, salvo disposição contrária, entra em vigor na data de sua
publicação, não deixando dúvida quanto ao dies a quo -, a LPI prevê que parte dos seus dispositivos
(arts. 230, 231, 232 e 239) tem vigência imediata em 15/5/1996, data da sua publicação, e outra
parte dos dispositivos, quanto aos prazos tanto de vacância como para o depósito de patentes
pipeline, previsto em um ano (§ 1º do art. 230 e o § 1º do art. 231), tem vigência a partir da
publicação da citada lei quando se inicia sua contagem, em 15/5/1996, encerrando-se após um ano,
em 15/5/1997, e o restante da lei entra em vigor em 16/5/1997, após um ano, contando-se um dia
245
após a sua publicação. Desse modo, para a Min. Relatora, após análises feitas com base no art. 125
do CPC vigente à época e no art. 1º da LICC (cuja essência foi mantida no CC/2002), o prazo de
um ano para o depósito de patente pipeline foi cumprido pela recorrida, pois protocolizados em
15/5/1997, no último dia, uma vez que devem ser contados a partir da vigência da LPI, que é a data
da sua publicação na imprensa oficial, e o encerramento em 15/5/1997, conforme excepciona seu
art. 243. Anotou, ainda, que a LPI, por ser anterior (editada em 1996), não pode sujeitar-se às regras
da LC n. 95/1998, na qual se exige a fixação da vacatio legis em número de dias, contudo se deve
acatar a previsão do art. 1º da Lei n. 810/1949, que define o ano como sendo o período de doze
meses contados do dia do início da vigência, no mesmo dia e mês correspondentes do ano seguinte,
portanto em 15/5/1997. Com esse entendimento, a Turma negou provimento ao recurso,
confirmando a tempestividade dos pedidos de patentes pipeline depositados pela recorrida de
acordo com a decisão do TRF, mas por fundamento diverso. REsp 1.038.032-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 19/10/2010.
Informativo nº 0445. Período: 30 agosto a 3 de setembro de 2010. TERCEIRA TURMA.
MARCA. REGISTRO. COLIDÊNCIA. A Turma conheceu parcialmente do recurso especial e,
nessa extensão, negou-lhe provimento ao entendimento de que o registro conferido à marca da
empresa recorrida, ainda que posterior ao concedido à marca da empresa recorrente, não importa
ofensa ao art. 124, XIX, da Lei n. 9.279/1996 (Código de Propriedade Industrial), por se tratar
aquela de marca notoriamente conhecida, nos termos do art. 126, caput, do mesmo diploma legal.
Segundo o Min. Relator, esse código objetiva evitar a concorrência desleal e a possibilidade de
confusão entre os consumidores. Na espécie, afirmou-se que, embora ambas as marcas pertençam à
mesma classe de produtos, o ramo comercial em que atuam é distinto: enquanto a recorrente
comercializa roupas, acessórios e calçados na linha esporte fino, a recorrida fornece roupas,
acessórios e calçados de uso esportivo. Por tais razões, concluiu-se pela inexistência de colidência
entre as marcas. Em voto-vista no qual acompanha integralmente o Min. Relator, a Min. Nancy
Andrighi reforça importante distinção trazida pelo mencionado código entre os conceitos de marca
de alto renome (art. 125) e marca notoriamente conhecida (art. 126). O primeiro é exceção ao
princípio da especificidade e possui proteção absoluta em todas as classes, conquanto seja registrada
no país, já que seu reconhecimento ultrapassa o ramo de atividade em que atua. O segundo, por sua
vez, é exceção ao princípio da territorialidade e possui proteção restrita à classe em que adquiriu
notoriedade, independentemente de prévio depósito ou registro no país. Precedentes citados: REsp
658.702-RJ, DJ 21/8/2006, e REsp 550.092-SP, DJ 11/4/2005. REsp 1.114.745-RJ, Rel. Min.
Massami Uyeda, julgado em 2/9/2010.
Informativo nº 0443. Período: 16 a 20 de agosto de 2010. TERCEIRA TURMA.
REGISTRO. INPI. MARCA. DUPLICIDADE. Trata-se de ação anulatória de registro de marca,
246
com pedido de antecipação de tutela, proposta pela recorrida. No recurso especial, a recorrente
sustenta que a recorrida somente ajuizou a ação após ultrapassado o prazo decadencial de cinco
anos e também afirma ter a prevalência do registro da marca pela anterioridade de sua concessão.
Na hipótese dos autos, ambas as empresas prestam serviços de consultoria e estudos na área de
geologia, além de comercializarem produtos e derivados de minerais. Porém, anotou-se, nos autos,
que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) verificou que, embora tenha concedido o
registro da recorrente em 5/8/1991, portanto antes do registro da recorrida, feito em 25/8/1998,
durante o procedimento administrativo, não foi observado que já existia, desde 26/5/1989, pedido
de registro de marca idêntica solicitado pela recorrida. Nesses casos, é de rigor o sobrestamento do
procedimento que se iniciou por último, até que o pedido anterior seja julgado. Por outro lado,
quando um pedido de registro de marca é apresentado ao INPI e eventuais conflitos surgem, a
jurisprudência tem resolvido esses casos pela prevalência do registro mais antigo. No caso dos
autos, a ação anulatória de registro foi proposta em 18/12/2000, dentro do prazo legal e, enquanto
pendente processo administrativo, não flui o prazo prescricional. Por isso, o Min. Relator afastou a
preliminar de prescrição quinquenal. Ponderou ser a função primordial da marca identificar um
produto de um serviço, distinguindo-o de outros iguais ou similares existentes no mercado, de modo
a evitar que os consumidores confundam serviços afins da concorrência. É que o Brasil adota o
sistema atributivo, segundo o qual somente com o registro da marca no INPI é que se garante o
direito de propriedade e de uso exclusivo a seu titular, a não ser que se trate de marca notoriamente
conhecida. Dessa forma, para o Min. Relator, foge à lógica do razoável que um pedido de registro
posterior seja examinado e deferido sem que houvesse finalização do procedimento administrativo
daquele que iniciou primeiro. Diante do exposto, a Turma, prosseguindo no julgamento, negou
provimento ao recurso. Precedentes citados: AgRg no Ag 964.524-SE, DJe 1º/2/2010, e REsp
30.636-SC, DJ 11/10/1993. REsp 899.839-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 17/8/2010.
Informativo nº 0432. Período: 26 a 30 de abril de 2010. SEGUNDA SEÇÃO. PATENTE
PIPELINE. PROTEÇÃO. PRAZO REMANESCENTE. A Seção, ao prosseguir o julgamento, por
maioria, entendeu que a interpretação do art. 230, § 4º, c/c o art. 40 da Lei n. 9.279/1996 deve ser
restritiva e sistemática, a considerar o Acordo Sobre Aspectos de Direitos de Propriedade
Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPs) e com a Convenção de Paris para Proteção da
Propriedade Industrial (CUP), internalizada pelo Dec. n. 635/1992. Assim, a proteção oferecida às
patentes estrangeiras chamadas pipeline vigora pelo prazo remanescente de proteção no país onde
foi depositado o primeiro pedido até o prazo máximo de proteção concedido no Brasil (20 anos), a
contar do primeiro depósito no exterior, ainda que posteriormente abandonado, visto que, a partir de
tal data, já surgiu proteção ao invento. Precedente citado: REsp 1.145.637-RJ, DJe 8/2/2010. REsp
731.101-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 28/4/2010.
247
empresária fabricante de produto, cujo registro do desenho industrial foi feito em nome do sócio
majoritário, tem legitimidade para pleitear indenização por danos materiais e morais contra aquele
que imita ilicitamente o modelo registrado. Precedente citado: REsp 466.360-SP, DJ 20/10/2003.
REsp 590.645-SC, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 26/5/2009.
Informativo nº 0317. Período: 16 a 20 de abril de 2007. QUARTA TURMA. ANULAÇÃO.
ATO ADMINISTRATIVO. REGISTRO. MARCA. Trata-se de registro negado pelo Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI) por anterioridade de marca impeditiva, pertencendo à
mesma classe, fonética igual, grafia semelhante, além de os produtos serem afins - tintas e resinas -
(art. 65, item 17, do CPI). Na espécie, a embargante alegava que a firma detentora da marca anterior
(titular do registro) consentira que ela tivesse esse registro da marca. Isso posto, ressaltou o Min.
Relator que o INPI tem competência exclusiva no território nacional para a concessão de privilégios
e sua respectiva exploração nos termos do CPI, não podendo acordos privados se sobreporem às
determinações desse órgão oficial. Observou ainda que tanto o antigo CPI quanto a vigente Lei n.
9.279/1996 requerem instauração de processo administrativo originário do próprio INPI para
qualquer procedimento e com a devida decisão fundamentada. Logo é obrigatória a participação da
referida autarquia em eventual transferência do uso de marca. Outrossim, destacou que a conclusão
do aresto recorrido, quanto à confusão ou induzimento a erro do consumidor, se registrada a marca,
incide no enunciado da Súm. n. 7-STJ e que não houve o cotejo analítico entre os julgados tidos
como divergentes. Com esses argumentos, a Turma não conheceu do REsp. Precedentes citados:
REsp 142.954-SP, DJ 13/12/1999; REsp 284.742-SP, DJ 8/10/2001; REsp 30.751-SP, DJ
1º/8/1994, e REsp 325.158-SP, DJ 9/10/2006. REsp 256.442-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda,
julgado em 19/4/2007.
Informativo nº 0312. Período: 5 a 9 de março de 2007. TERCEIRA TURMA. MARCA.
DECLARAÇÃO. CADUCIDADE. AUSÊNCIA. USO. Trata-se de ação de restauração de registro
de marca para anular a decisão administrativa que declarou a caducidade dos registros daquela
marca. Destacou o Min. Relator que, se consta da inicial que o contrato, além de transferência de
tecnologia e assistência técnica, previa a licença para uso de marca, fica desbastada, no plano
infraconstitucional, a necessidade de sua averbação no órgão competente, antigamente o
Departamento Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Outrossim, o art. 94 do Código de
Propriedade Industrial autoriza o INPI a declarar de ofício a caducidade da marca por falta de uso.
Além de que o acórdão a quo explicitou que o deferimento da marca não foi para produtos
importados e que havia outros meios para que a marca não ficasse inativa, não se sustentando o
argumento da força maior diante da vedação da importação de produtos que seria objeto dos
registros da recorrente. Com esses argumentos, a Turma, ao prosseguir o julgamento, não conheceu
do recurso. REsp 649.261-RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 6/3/2007.
250
instância de origem, com base nas provas produzidas, da existência de desvio de finalidade e
simulação consubstanciados na constituição de pessoa jurídica de "fachada" (Ebenezer Construções
e Projetos Ltda., posteriormente sucedida por Data Construções e Projetos Ltda.), para a celebração
de contratos com órgão públicos no lugar de pessoas jurídicas que estavam impedidas de contratar
com a Administração Pública por força de decisão judicial ("Grupo OK Construções e
Incorporações S/A" e "Grupo OK Construções e Empreendimentos Ltda."). 4. Atos incompatíveis
com a ordem jurídica. Dissolução da sociedade mantida. 5. Honorários de advogado. Atração dos
enunciados 284/STF e 7/STJ. Limitando-se a dizer violados os arts. 20 e 21 do CPC, não há
conhecer do recurso tendo em vista a ausência de demonstração de sua violação em face da
sucumbência dos réus e razoabilidade do valor da verba, o que atrai o enunciado 7/STJ. 6.
RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. (REsp 1305918/DF, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/11/2018, DJe 20/11/2018)
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXAME DE
ADMISSIBILIDADE. OMISSÃO. SANEAMENTO DO VÍCIO, SEM ATRIBUIÇÃO DE
EFEITO MODIFICATIVO. 1. Os embargos de declaração têm por escopo sanar decisão judicial
eivada de obscuridade, contradição, omissão ou erro material. 2. É direito da parte obter
pronunciamento judicial sobre temas relevantes atinentes aos requisitos de admissibilidade do
recurso especial que, pelo acórdão embargado, fora provido. 3. Omissão sanada para fazer constar
que, em razão da ausência de prequestionamento, o recurso fazendário não foi conhecido quanto à
alegação de violação do art. 49, parágrafo único, do CTN, do art. 11 da Lei n. 9.779/1998 e do art.
1º do Decreto n. 20.910/1932, não sendo adequada, por outro lado, a aplicação dos entendimentos
das Súmulas 283 e 284 do STF, tendo em vista o recurso da Fazenda Nacional conter argumentação
adequada e suficiente à impugnação do acórdão a quo, assentado em fundamentação
infraconstitucional. 4. Inaplicável também a Súmula 7 do STJ, pois, considerado o contexto fático
contido no voto condutor, a controvérsia submetida à solução é unicamente de direito, sendo certo
que o precedente deste Tribunal Superior, invocado em favor da pretensão recursal, porque trata de
ICMS, não guarda correlação com a matéria julgada. 5. O acórdão embargado, em atenção ao art.
29, § 5º, da Lei n. 10.637/2002, concluiu que a manutenção e a utilização do crédito de IPI, na
hipótese de suspensão do imposto, são restritos ao estabelecimento industrial vendedor de matérias-
primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, não alcançando, portanto, as sociedades
empresárias adquirentes. 6. Embargos de declaração, em parte, acolhidos, sem atribuição de efeito
modificativo. (EDcl no REsp 1382354/PE, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 25/10/2018, DJe 29/11/2018)
Informativo nº 0602. Publicação: 24 de maio de 2017. TERCEIRA TURMA. Processo.
REsp 1.398.438-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 4/4/2017, DJe
252
11/4/2017. O art. 1.023 do CC/02 – que trata da responsabilidade dos sócios da sociedade simples
– não se aplica às associações civis. Informações do Inteiro Teor. O propósito do recurso especial é
a discussão acerca da necessidade de comprovar abuso da personalidade jurídica, nos termos do art.
50 do CC/2002, para que os administradores de uma associação civil sejam responsabilizados por
dívidas desta, quando os bens sociais forem insuficientes para cobrir suas dívidas. Em resumo, se é
aplicável o art. 1.023 do CC/02 às associações civis. Inicialmente, vale considerar que a lei civil
atual foi mais rigorosa que o diploma anterior, ao não empregar o termo “sociedade” para se referir
a esse tipo de pessoa jurídica (associação civil), pois se tratam de dois fenômenos muitos distintos.
Aliás, do ponto de vista doutrinário, é impossível confundir sociedade civil com associação, pois:
“nas primeiras [sociedades civis], há o fito de lucro, enquanto, nas segundas [associações], inexiste
finalidade lucrativa. O objetivo das associações é puramente cultural, beneficente, altruísta,
religioso, esportivo ou moral”. Diante de tais premissas, ressalte-se que uma simples análise
topográfica do art. 1.023 do CC/2002 demonstra que seu conteúdo trata das relações das sociedades
simples com terceiros, de modo a estabelecer uma relação subsidiária dos sócios pelas dívidas
contraídas pela sociedade, quando esta não conseguir adimpli-las. Nessas situações, aliás, não se
trata propriamente de desconsideração da personalidade jurídica, mas de mera subsidiariedade de
responsabilidade, como bem destacado no julgamento do REsp 895.792-RJ, Terceira Turma, DJe
25/4/2011. A possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica de associação civil é ainda
muito pouco assentada na doutrina e na jurisprudência, principalmente em razão de suas
características muito peculiares se comparadas com as sociedades empresárias. Veja-se que, ao se
desconsiderar a personalidade jurídica de uma associação, pouco restará para atingir, pois os
associados não mantêm qualquer vínculo jurídico entre si, por força do art. 53 do CC/02. De
qualquer forma, para a correta solução da presente controvérsia, basta a compreensão de que –
independentemente de como poderia ocorrer uma eventual desconsideração de associação civil –
não se aplica à hipótese dos autos o disposto no art. 1.023 do CC/02.
Informativo nº 0568. Período: 3 a 16 de setembro de 2015. RECURSOS REPETITIVOS.
DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE POR AUSÊNCIA
DE NOTIFICAÇÃO DE INSCRIÇÃO DE CORRENTISTA NO CCF. RECURSO REPETITIVO
(ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). TEMA 874. O Banco do Brasil, na condição de gestor
do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar
previamente o devedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva
para as ações de reparação de danos diante da ausência de prévia comunicação. Inicialmente,
destaca-se que a Segunda Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.061.134-RS, fixou, para os
efeitos do art. 543-C do CPC, a tese de que "os órgãos mantenedores de cadastros possuem
legitimidade passiva para as ações que buscam a reparação dos danos morais e materiais
253
decorrentes da inscrição, sem prévia notificação, do nome de devedor em seus cadastros restritivos,
inclusive quando os dados utilizados para a negativação são oriundos do CCF do Banco Central ou
de outros cadastros mantidos por entidades diversas". No entanto, o CCF tem natureza, finalidade e
características específicas, que não se confundem com as de outros cadastros a que se refere
imediatamente a lógica daquele julgado. Com efeito, o CCF tem natureza pública, visa à proteção
do crédito em geral e à preservação da higidez do sistema financeiro nacional, servindo aos
interesses da coletividade (art. 192 do CF), envolvendo relevante interesse de ordem pública,
submetido a normas de cunho estatutário obrigatório, estabelecidas pelas autoridades monetárias,
operando sob controle do Banco Central do Brasil (Bacen), sem prevalente intuito de obtenção de
ganhos. Já os demais cadastros são de natureza privada, instituídos e mantidos no interesse de
particulares, sociedades empresárias atuantes, sem vínculo sistêmico, no ramo comercial,
submetidos a normas de índole meramente contratual, operados por entidades privadas, que os
exploram com nítido intuito da obtenção de lucro. Segundo a Resolução 1.682/1990 do Bacen, a
inclusão no CCF ocorre automaticamente quando o cheque é devolvido por: a) falta de provisão de
fundos (motivo 12), na segunda apresentação; b) conta encerrada (motivo 13); e c) prática espúria
(motivo 14). Conforme o art. 10 da referida Resolução e o item 14 da Circular 2.989/2000 do
Bacen: "Nas devoluções pelos motivos 12 a 14, o banco sacado é responsável pela inclusão do
emitente no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF)". A mesma Resolução dispõe
que a instituição financeira, ao recusar o pagamento de cheque por motivo que enseje a inclusão de
ocorrência no CCF, deve providenciar a referida inclusão no prazo de quinze dias, contados da data
de devolução do cheque. Por sua vez, o correntista não fica prejudicado pela inscrição de seu nome
no CCF, senão após previamente notificado, pois as ocorrências do CCF devem ser
obrigatoriamente comunicadas pela instituição financeira sacada, por escrito, ao respectivo
correntista emitente do cheque e, somente após, serão consolidadas pelo executante dos serviços de
compensação de cheques e outros papéis e distribuídas, em meios magnéticos, às instituições
bancárias, conforme o art. 16 e o art. 27, "a", da Resolução 1.682/1990 do Bacen, alterado pelo art.
1º da Circular 2.250 do Bacen. Assim, tratando-se de sistema financeiro, não pode o Banco do
Brasil encarregar-se de desempenhar função estranha, notificação prévia de emitente de cheque sem
provisão de fundos, dever que as normas de regência do sistema atribuem corretamente a outro
componente do sistema, o próprio banco sacado, instituição financeira mais próxima do correntista,
detentor do cadastro desse cliente e do próprio saldo da conta do correntista, como depositário. É,
pois, de reconhecer-se a ilegitimidade do Banco do Brasil, na condição de gestor do CCF, para
responder pela ausência de prévia notificação aos correntistas inscritos no CCF, pelo que descabe
cogitar-se de sua responsabilização por danos materiais ou morais, exceto nas hipóteses em que
também figure como banco sacado. Precedentes citados: REsp 1.425.756-RS, Terceira Turma, DJe
254
de 16/6/2014; e AgRg no AREsp 230.981-RS, Quarta Turma, DJe de 17/9/2014. REsp 1.354.590-
RS, Rel. Min. Raul Araújo, Segunda Seção, julgado em 9/9/2015, DJe 15/9/2015.
Informativo nº 0555. Período: 11 de março de 2015. QUARTA TURMA. DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. ILEGITIMIDADE PASSIVA DE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
INTEGRANTES DE GRUPO ECONÔMICO EM EXECUÇÃO DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. Não estão legitimadas a integrar o polo passivo de ação de execução de
honorários advocatícios as sociedades empresárias que não figurarem no título executivo
extrajudicial, ainda que sejam integrantes do mesmo grupo econômico da sociedade empresária que
firmou o contrato de prestação de serviços advocatícios. O fato de sociedades empresárias
pertencerem a um mesmo grupo econômico, por si só, não as torna automaticamente solidárias nas
respectivas obrigações. Cada pessoa jurídica tem personalidade e patrimônio próprios, distintos,
justamente para assegurar a autonomia das relações e atividades de cada sociedade empresária,
ainda que integrantes de um mesmo grupo econômico. Somente em casos excepcionais essas
distinções podem ser superadas, motivadamente (art. 50 do CC). Esse raciocínio é ainda mais forte
em se tratando de processo de execução, que reclama título hábil a tanto, ou seja, dotado de
liquidez, certeza e exigibilidade em relação ao executado. A questão, portanto, resolve-se pela
observância dos limites subjetivos do título extrajudicial, nos termos do art. 568, I, do CPC: "São
sujeitos passivos na execução: I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo". Desse
modo, não se justifica, na espécie, a aplicação da teoria da aparência - ao menos para o fim de
constituir automaticamente título executivo extrajudicial. Com efeito, não se está a tratar de relação
de consumo ou hipótese outra que autorize presumir a hipossuficiência dos contratantes advogados.
Estes, na verdade, estão apenas a cobrar honorários advocatícios decorrentes de contrato de
prestação de serviços firmado com sociedade empresária específica, não havendo indícios objetivos
que permitam, no processo de execução, reconhecer-se a existência de confusão ou dúvida quanto
ao real devedor, de modo a estender a responsabilidade para além da contratante. Não podem os
credores, no intuito de agilizar o resgate de seu crédito perante sociedade empresária em aparente
dificuldade financeira, direcionar a execução para outras sociedades - ainda que integrantes do
mesmo grupo econômico - contra as quais não possuem título executivo, atropelando as normas
legais. A teoria da aparência, definitivamente, não admite esse viés. REsp 1.404.366-RS, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 23/10/2014, DJe 9/2/2015.
Informativo nº 0547. Período: 8 de outubro de 2014. PRIMEIRA SEÇÃO. DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. HIPÓTESE DE REDIRECIONAMENTO DE EXECUÇÃO FISCAL DE
DÍVIDA ATIVA NÃO-TRIBUTÁRIA CONTRA REPRESENTANTE LEGAL DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA EXECUTADA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-
STJ). Quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o redirecionamento
255
SOCIEDADE DESPERSONIFICADA
RECURSOS ESPECIAIS. DIREITO CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E AUTORAL.
QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DOS FATOS. LIBERDADE DO JULGADOR. CARÁTER
PERSONALÍSSIMO DO DIREITO AUTORAL. CONTRATO DE EDIÇÃO. CLÁUSULA DE
EXCLUSIVIDADE. OBJETO CONTRATADO. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS
EFEITOS DO CONTRATO. SOCIEDADE DESPERSONIFICADA NÃO CARACTERIZADA.
MÁ-FÉ. IMPOSSIBILIDADE DE PRESUNÇÃO. 1. Cuida-se, na origem, de ação declaratória de
direito de exclusividade de edição combinada com obrigação de não fazer e indenização por perdas
e danos. 2. O magistrado possui liberdade para qualificar juridicamente os fatos narrados pelas
partes em observância ao princípio da mihi factum, dabo tibi jus. 3. O direito autoral é considerado
como personalíssimo e possui proteção constitucional (art. 5º, incisos XXVII e XXVIII, alíneas "a"
256
e "b", da CF/1988), reconhecida a exclusividade dos direitos dos autores em relação a suas obras. 4.
O objeto de proteção do direito autoral é a criação ou a obra intelectual e não a ideia em si mesma.
5. A dimensão patrimonial do direito do autor confere a possibilidade de se auferir vantagem
econômica com a utilização da obra por ele criada conforme disposto em contrato escrito e cuja
interpretação deverá ser restritiva nos termos da legislação de regência. 6. O princípio da
relatividade dos efeitos do contrato determina que as consequências jurídicas da relação contratual
restringem-se às partes que o concluíram. 7. Um projeto familiar de viagem ao redor do mundo a
bordo de um veleiro não presume, sem prova específica, a existência de uma sociedade familiar
despersonificada. 8. Ausente a expressa cessão do direito do autor, não pode terceiro dispor de
direito autoral de outrem, não sendo possível ser considerado convencionado o que não constou
expressamente no contrato de edição. 9. A conclusão da prova técnica - de que os livros de autoria
de marido e esposa são obras diversas - descaracteriza o descumprimento da cláusula contratual de
exclusividade firmada por apenas um deles. 10. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito
universalmente aceito, sendo milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova. O
reconhecimento da má-fé exige prova de sua existência, o que não ocorreu no caso dos autos. 11.
Recurso especial de Vilfredo Schürmann e outros parcialmente provido para reconhecer a ausência
de violação contratual; recurso especial de Editora Grupo 1 LTDA prejudicado e recurso especial de
Distribuidora Record de Serviços de Imprensa S.A. parcialmente conhecido e não provido. (REsp
1546140/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 08/03/2016, DJe 28/03/2016)
SOCIEDADE EM COMUM
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RECURSO INCAPAZ DE
ALTERAR O JULGADO. AÇÃO DE COBRANÇA. DANOS MORAIS. PROCEDIMENTO
ORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZOS. PRECEDENTES. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE
PROFISSIONAL. IMPEDIMENTO. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. VALOR
EXORBITANTE DA INDENIZAÇÃO. NÃO VERIFICAÇÃO. RAZOABILIDADE.
ESPECIFICIDADES DA CAUSA. 1. A não adoção do rito especial na dissolução de sociedade em
comum (de fato) e a cumulação dos pedidos de indenização da inicial não importa nulidade, visto
que o rito comum ordinário é mais amplo e mais completo, mormente quando exercidos a ampla
defesa e o contraditório pela parte contrária. Ademais, devem ser prestigiados os princípios da
economia processual, efetividade, respeito ao contraditório e ausência de prejuízo concreto.
Precedentes. 2. O valor fixado à título de indenização por danos morais baseia-se nas peculiaridades
da causa. Assim, afastando-se a incidência da Súmula nº 7/STJ, somente comporta revisão por este
Tribunal quando irrisório ou exorbitante, o que não ocorreu na hipótese dos autos, em que arbitrado
257
afasta nem poderia atingir o ato inicial, antecedente lógico e necessário, qual seja, a extinção do
vínculo contratual de natureza societária por meio da dissolução. REsp 1.230.981-RJ, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/12/2014, DJe 5/2/2015.
Informativo nº 0205. Período: 12 a 16 de abril de 2004. QUARTA TURMA. OBRIGAÇÃO.
SÓCIO OSTENSIVO. ART. 326 DO CÓDIGO COMERCIAL. Na sociedade em conta de
participação (art. 326 do Código Comercial), os sócios ostensivos ou gerentes são os que praticam
os atos de comércio e são os únicos responsáveis para com os terceiros com quem tratam. No caso,
com a finalidade de administrar locações de flats, foi criada uma sociedade em conta de
participação, tendo como sócios uma empresa especializada na exploração de serviços e os
condôminos do edifício de apartamentos. Essa sociedade em conta de participação celebrou
contrato para fornecimento de móveis para mobiliar cada apartamento. Assim, a sócia ostensiva, no
caso a empresa especializada na exploração dos serviços, é que responde perante a empresa
fornecedora do mobiliário, uma vez que a duplicata sacada em nome dos condôminos é inexigível.
Precedente citado: REsp 168.028-SP, DJ 22/10/2001. REsp 192.603-SP, Rel. Min. Barros
Monteiro, julgado em 15/4/2003.
Informativo nº 0103. Período: 6 a 10 de agosto de 2001. QUARTA TURMA. SOCIEDADE
EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. FLAT. RESPONSABILIDADE. SÓCIO OSTENSIVO. Na
sociedade em conta de participação, empreendimento hoteleiro denominado flat, os sócios
participantes, conhecidos como sócios ocultos, não se obrigam para com terceiros – que não os
conhecem nem com eles tratam –, mas os sócios ostensivos são os que se obrigam com terceiros
pelos resultados das transações e obrigações sociais realizadas ou empreendimentos, nos termos
precisos do contrato. A relação do sócio oculto se dá unicamente com o sócio ostensivo que
gerencia o negócio. Sendo assim, os sócios ostensivos respondem pela duplicata levada a protesto
pelos serviços eventualmente prestados. REsp 168.028-SP, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgado
em 7/8/2001.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO. SOCIEDADE EM CONTA
DE PARTICIPAÇÃO. APURAÇÃO DE HAVERES. PERÍCIA. FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO
NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 283/STF. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA
211/STJ. REEXAME DE FATOS E PROVAS E INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS. INADMISSIBILIDADE. 1. A existência de fundamento do acórdão recorrido
não impugnado - quando suficiente para a manutenção de suas conclusões - impede a apreciação do
recurso especial. 2. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados,
não obstante a interposição de embargos de declaração, impede o conhecimento do recurso especial.
3. O reexame de fatos e provas e a interpretação de cláusulas contratuais são inadmissíveis em
259
recurso especial. 4. Agravo interno no agravo interno no agravo em recurso especial desprovido.
(AgInt no AgInt no AREsp 1140954/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 08/05/2018, DJe 14/05/2018)
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. ART.
5º DA LEI N. 7.492/1986. APROPRIAÇÃO INDÉBITA E DESVIO. CONSÓRCIO. SOCIEDADE
EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. ATUAÇÃO NO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL SEM
AUTORIZAÇÃO PELO BACEN. FATO TÍPICO. COMPATIBILIDADE COM O CRIME DE
OPERAÇÃO DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA SEM AUTORIZAÇÃO. ART. 16 DA LEI N.
7.492/1986. I - O recorrido operou sociedade em conta de participação, cujo objeto social consistia
na formação de um fundo financeiro coletivo destinado a compra, reforma ou construção de
imóveis. O recorrido, como sócio ostensivo, em nome próprio e sob sua própria e exclusiva
responsabilidade, captava clientes (sócios participantes ou ocultos), os quais, após o pagamento
mensal de aproximadamente 6 (seis) parcelas, seriam contemplados, sem sorteio, com uma carta de
crédito para aquisição do bem ou serviço pretendido. Centenas de clientes pagaram boletos
bancários emitidos em favor da sociedade sem jamais receberem qualquer contrapartida. II - O
delito previsto no art. 5º da Lei 7.492/1986 não pressupõe, como elemento normativo do tipo legal,
a atuação do agente, no mercado financeiro pátrio, na qualidade de instituição financeira formal e
materialmente constituída. Doutrina. Precedentes III - O art. 1º da Lei 7.492/86 explicita
interpretação legislativa que confere espectro amplo ao conceito de "instituição financeira" para fins
penais e, em especial, para os delitos contra o Sistema Financeiro Nacional. IV - São consideradas
instituição financeira as pessoas física ou jurídica que exercem, de forma habitual ou não, ainda que
à margem do controle do Banco Central, as atividades de consórcio, seguros, poupanças,
investimentos, entre outras. Conceito restritivo, que limite a aplicação da norma penal apenas a
pessoas jurídicas autorizadas pelo Banco Central, deixa de fora grande número de situações de risco
ou lesões ao bem jurídico tutelado. V - Por conferir maior grau de proteção ao bem jurídico tutelado
e por se encontrar em consonância com precedentes do STF e do STJ, conclui-se pela tipicidade da
conduta do recorrido, nos termos do art. 5º, caput, da Lei 7.492/86. VI - No âmbito da instituição
que opere no mercado sem a autorização do Banco Central podem ocorrer outros crimes
financeiros, em concurso formal ou material. Afastar os demais crimes porque o funcionamento da
instituição não se dá de forma regular caracteriza privilégio àqueles que atuam à margem da
legalidade. Os tipos penais do art. 5º e 16 da Lei 7.492/86 não são incompatíveis entre si, pois,
enquanto o art. 5º diz respeito à confiança dos negócios praticados no Sistema Financeiro, o art. 16
trata do funcionamento irregular, a fim de desestimular a proliferação de pessoas que atuam sem a
devida autorização. Doutrina. Precedentes. Recurso especial provido. (REsp 1536393/PR, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/11/2017, DJe 13/11/2017)
260
11.101/2005. Situação diversa, por outro lado, ocupam os devedores solidários ou coobrigados.
Para eles, a disciplina é exatamente inversa, considerando que o art. 49, § 1º, da Lei n. 11.101/2005
estabelece que "os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e
privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso". Nesse sentido, na recente I
Jornada de Direito Comercial realizada pelo CJF/STJ foi aprovado o Enunciado n. 43, segundo o
qual "[a] suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se estende
aos coobrigados do devedor". Precedentes citados: EAg 1.179.654-SP, DJe 13/4/2012, e REsp
1.095.352-SP, DJe 25/11/2010. REsp 1.269.703-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
13/11/2012.
Informativo nº 0386. Período: 9 a 13 de março de 2009. TERCEIRA TURMA. FALÊNCIA.
AVAL. SÓCIO. Pretende-se anular atos judiciais (penhora e arrematação de imóvel) ocorridos na
execução ajuizada unicamente em desfavor do avalista de título de crédito que vem a ser sócio na
sociedade avalizada ora falida. Quanto a isso, faz-se necessário destacar que o aval é dotado de
autonomia substancial: sua existência, validade e eficácia não estão jungidas à obrigação avalizada.
Desse modo, eventuais direitos que beneficiem o avalizado não se estendem ao avalista: a falência
em questão em nada afeta a obrigação do aval, pois o avalista não pode opor em seu favor qualquer
dos efeitos decorrentes da quebra do avalizado (nesse caso, a exceção pessoal). Por outro lado, não
há que se falar em suspensão da execução contra sócio em razão da quebra da sociedade, visto que,
nos termos do art. 24 do DL n. 7.661/1945 (vigente à época), a dívida posta em execução dever ser
de natureza particular do sócio solidariamente responsável pelas obrigações sociais (tais como os
das sociedades em nome coletivo, irregulares ou de fato) e, no caso, cuida-se de sociedade por
quotas de responsabilidade limitada, sem que houvesse desvio de finalidade ou confusão
patrimonial que pudesse ampliá-la. Precedente citado: REsp 1.747-PR, DJ 11/6/1990. REsp
883.859-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/3/2009.
respectivas quotas/ações, como é o caso, por exemplo, da sociedade em nome coletivo (art. 1.039
do CC) e da sociedade em comandita simples, no que concerne aos sócios comanditados (art. 1.045
do CC). A razão de ser da norma que determina a suspensão das ações, ainda que de credores
particulares dos sócios solidários, é simples, pois, na eventualidade de decretação da falência da
sociedade os efeitos da quebra estendem-se àqueles, conforme dispõe o art. 81 da Lei n.
11.101/2005. Situação diversa, por outro lado, ocupam os devedores solidários ou coobrigados.
Para eles, a disciplina é exatamente inversa, considerando que o art. 49, § 1º, da Lei n. 11.101/2005
estabelece que "os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e
privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso". Nesse sentido, na recente I
Jornada de Direito Comercial realizada pelo CJF/STJ foi aprovado o Enunciado n. 43, segundo o
qual "[a] suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se estende
aos coobrigados do devedor". Precedentes citados: EAg 1.179.654-SP, DJe 13/4/2012, e REsp
1.095.352-SP, DJe 25/11/2010. REsp 1.269.703-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
13/11/2012.
SOCIEDADE LIMITADA
RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO
CIVIL PÚBLICA. DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE LIMITADA. CONSTITUIÇÃO DE
SOCIEDADE PARA A CELEBRAÇÃO DE CONTRATOS CUJO GRUPO A QUE
VELADAMENTE VINCULADA ESTARIA PROIBIDO. POSSIBILIDADE DE DISSOLUÇÃO
E LIQUIDAÇÃO ANTE A VIOLAÇÃO A PRECEITOS DE ORDEM PÚBLICA. 1. Pedido de
dissolução de pessoa jurídica constituída em 1985, sucedida em 2001, sendo a ação de dissolução
ajuizada antes da entrada em vigor do CCB/02. Incidência do art. 2.034 do CCB, estatuindo regular
a dissolução de pessoa jurídica as leis anteriores e não o atual Código Civil. 2. Na forma do art.
1.218 do CPC/73, alguns dos dispositivos do CPC de 1939 remanesceram vigentes, notadamente
aqueles que regulavam o processo de dissolução e liquidação de sociedades empresárias.
Possibilidade, assim, de aplicação de suas normas na presente hipótese. 3. Reconhecimento pela
instância de origem, com base nas provas produzidas, da existência de desvio de finalidade e
simulação consubstanciados na constituição de pessoa jurídica de "fachada" (Ebenezer Construções
e Projetos Ltda., posteriormente sucedida por Data Construções e Projetos Ltda.), para a celebração
de contratos com órgão públicos no lugar de pessoas jurídicas que estavam impedidas de contratar
com a Administração Pública por força de decisão judicial ("Grupo OK Construções e
Incorporações S/A" e "Grupo OK Construções e Empreendimentos Ltda."). 4. Atos incompatíveis
com a ordem jurídica. Dissolução da sociedade mantida. 5. Honorários de advogado. Atração dos
enunciados 284/STF e 7/STJ. Limitando-se a dizer violados os arts. 20 e 21 do CPC, não há
263
Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp 866.305/MA, Rel. Ministra MARIA
ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 27/02/2018, DJe 08/03/2018)
RECURSO ESPECIAL. DIREITO SOCIETÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE
ALTERAÇÃO DE CONTRATO SOCIAL. SOCIEDADE LIMITADA. PRESCRIÇÃO.
DECRETO 3.078/1919. LEI DAS S/A E CÓDIGO COMERCIAL. INAPLICABILIDADE À
SITUAÇÃO FÁTICA. CÓDIGO CIVIL. INCIDÊNCIA DAS DISPOSIÇÕES CONCERNENTES
À ANULAÇÃO DE CONTRATOS. PRETENSÃO PRESCRITA. 1- Ação ajuizada em 29/8/2001.
Recurso especial interposto em 13/12/2013 e concluso à Relatora em 25/8/2016. 2- O propósito
recursal é definir se a pretensão deduzida na inicial - desconstituição de alterações promovidas no
contrato social da empresa recorrente - está prescrita. 3- Os fatos narrados na inicial ocorreram na
vigência do Decreto 3.708/1919 - que regulava as sociedades por cotas de responsabilidade limitada
-, do Código Comercial e do Código Civil de 1916. 4- A norma do art. 286 da Lei das S/A (de
aplicação subsidiária às sociedades limitadas) cuida especificamente do prazo incidente sobre
pretensões deduzidas com o objetivo de anulação de deliberações tomadas em assembleia-geral ou
especial, circunstância distinta da tratada neste processo. 5- Por outro lado, os fatos narrados na
inicial também não se subsomem à norma legal invocada pelos recorrentes, veiculada pelo art. 442
do Código Comercial, pois tal regra trata especificamente da prescrição da pretensão derivada do
inadimplemento de obrigações comerciais contraídas por escritura pública ou particular pela
sociedade. 6- Reconhecida a natureza contratual do contrato social, afigura-se razoável, à míngua de
qualquer disposição legal que lhe seja própria, o entendimento no sentido de que a prescrição
incidente sobre a pretensão de anulação ou desconstituição de alterações nele promovidas rege-se,
em circunstâncias como a verificada na hipótese, de acordo com a disposição do art. 178 do CC/16
(art. 178, II, CC/02 - decadência), que fixa prazo de quatro anos para seu exercício. 7- Recurso
especial não provido. (REsp 1543070/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 06/02/2018, DJe 20/02/2018)
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE
SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. PEDIDO
PARCIALMENTE PROCEDENTE, DETERMINANDO-SE A DISSOLUÇÃO PARCIAL.
JULGAMENTO EXTRA PETITA. NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO. 1. Decidida a lide nos limites em que foi proposta, não há falar em ocorrência de
julgamento extra petita quando a parte formula pedido abrangente e a decisão o acolhe apenas em
parte. 2. "O pedido feito de dissolução integral da sociedade não torna o julgamento extra petita por
ter o magistrado determinado a dissolução parcial, nos termos dos precedentes deste egrégio
Tribunal Superior" (EDcl no AREsp 58.926/MG, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 16/10/2012, DJe de 25/10/2012). Precedentes: REsp 796.719/RS, Terceira
267
grau facultada pelo dispositivo de lei. 05. O pedido de abertura de inventário interrompe o curso do
prazo prescricional para todas as pendengas entre meeiro, herdeiros e/ou legatários que exijam a
definição de titularidade sobre parte do patrimônio inventariado. 06. Recurso especial não provido.
(REsp 1639314/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
04/04/2017, DJe 10/04/2017)
TRIBUTÁRIO. ISS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR EMPRESA. MODIFICAÇÃO.
INVIABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. SOCIEDADE LIMITADA. ESPÉCIE SOCIETÁRIA EM
QUE A RESPONSABILIDADE DO SÓCIO É LIMITADA AO CAPITAL SOCIAL.
PRECEDENTES. 1. O Tribunal de origem concluiu que a recorrente presta serviço em caráter
empresarial, não fazendo jus à benesse prevista no art. 9º, § 3º, do Decreto-Lei nº 406/68, ante a
análise das provas constantes nos autos e da interpretação do contrato social. Com efeito, a
modificação da referida conclusão demandaria reexame do acervo fático-probatório e do contrato
contido dos autos, inviável em sede de recurso especial, sob pena de violação das Súmulas 5 e 7 do
STJ. 2. A orientação da Primeira Seção do STJ firmou-se no sentido de que o tratamento
privilegiado previsto no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei 406/68 somente é aplicável às sociedades
uniprofissionais que tenham por objeto a prestação de serviço especializado, com responsabilidade
pessoal dos sócios e sem caráter empresarial. Por tais razões, o benefício não se estende à sociedade
limitada, sobretudo porque nessa espécie societária a responsabilidade do sócio é limitada ao capital
social. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 616.471/RS, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/02/2015, DJe 09/02/2015)
SOCIEDADES ANÔNIMAS
Informativo nº 0633. Publicação: 11 de outubro de 2018. TERCEIRA TURMA. Processo.
REsp 1.635.637-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 18/09/2018, DJe
21/09/2018. Consórcio de empresas. Relação de consumo. Solidariedade. Art. 28, § 3º, do CDC.
269
Código Civil. Note-se que o exercício da pretensão de exigir contas não depende, propriamente, da
existência de saldo a favor do demandante. Porém, caso existente, o exercício da pretensão
satisfativa do crédito verificado, observa, implicitamente, o mesmo prazo prescricional da pretensão
de exigir, afinal tais pretensões são exercidas no bojo da mesma ação. Observa-se, portanto, que as
pretensões de exigir contas e a de obter o ressarcimento, na eventualidade de se apurar a existência
de crédito a favor do demandante, embora não se confundam, são imbricadas entre si e
instrumentalizadas na mesma ação, a observar, por isso, necessariamente, o mesmo prazo
prescricional. No tocante à pretensão do titular de ações de haver dividendos de sociedade anônima,
a lei especial regente das sociedades anônimas, preceitua que prescreve em 3 (três) anos a ação para
haver dividendos, contado o prazo da data em que tenham sido postos à disposição do acionista (art.
287, II, a, da Lei n. 6.404/1976). O dispositivo legal citado alude à pretensão de haver dividendos,
e, não textualmente, à pretensão de prestar as correlatas contas. Porém, não se pode deixar de
reconhecer que a pretensão do acionista de exigir contas da companhia não se exaure na sua simples
prestação, pois se destina, ainda, à apuração de saldo de dividendos e, caso existente, também à sua
satisfação. Assim, estabelecido por lei especial, regente da matéria posta, que a ação para haver
dividendos da companhia prescreve em 3 (três) anos, a veiculação de tal pretensão, no bojo de ação
de prestação de contas — mesmo que eventual —, deve observar o aludido prazo prescricional.
Informativo nº 0619. Publicação: 9 de março de 2018. TERCEIRA TURMA. REsp
1.642.118-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, por
maioria, julgado em 12/09/2017, DJe 20/02/2018. Ação regressiva. Condenação ao pagamento de
diferença de ações. Debêntures conversíveis em ação preferencial. Cisão parcial. Dívidas próprias
de natureza societária. Cabe ação de regresso para ressarcimento de condenação relativa a
obrigações tipicamente societárias suportada exclusivamente por empresa cindida contra empresa
resultante da cisão parcial, observando-se a proporção do patrimônio recebido. Informações do
Inteiro Teor. Trata-se de ação de regresso ajuizada por empresa cindida contra empresa resultante
de cisão parcial, a quem imputou a obrigação de arcar com parte de condenação, oriunda de
demanda judicial apreciada antes da divisão empresarial, em que sustenta a existência de
responsabilidade solidária entre as empresas, na medida em que a condenação decorreu da diferença
de quantidade de ações subscritas em razão do exercício de conversão de debêntures
correspondentes. De início, importante destacar que a cisão envolve duas classes de obrigações: a)
obrigações tipicamente societárias, decorrentes do vínculo societário que agrega os acionistas; e, b)
obrigações cíveis lato sensu, advindas da apuração do patrimônio líquido da sociedade cindida. No
tocante à primeira classe, nos termos do art. 229, § 1º, da Lei das Sociedades Anônimas (LSA),
verifica-se que haverá indiscutível sucessão de direitos e obrigações relacionados no protocolo de
cisão. Com efeito, da cisão decorrerá o aumento de capital da empresa destinatária, que absorverá a
271
parcela do patrimônio líquido cindido a título de integralização das ações subscritas em benefício
dos sócios da empresa cindida. Assim, há um completo entrelaçamento do quadro societário das
empresas em negociação. A atribuição de participação societária na empresa receptora aos sócios da
empresa cindida, na medida em que configura elemento essencial do instituto jurídico, não pode ser
afastada por mera disposição contratual, sob pena de absoluto desvirtuamento do instituto jurídico.
Não é por outra razão que a liberdade contratual para alteração da proporcionalidade entre as novas
ações subscritas no ato de incorporação do patrimônio cindido e as correspondentes ações da
empresa cindida, por expressa disposição legal, demanda a anuência de todos os sócios, inclusive
daqueles sem direito a voto, conforme dispõe o art. 229, § 5º, da LSA. Por sua vez, a segunda classe
de obrigações titularizadas pela sociedade trata da mera quantificação e especificação do objeto
transferido na cisão, elemento sem dúvida relevante inclusive para a verificação da
proporcionalidade de ações a serem subscritas em favor dos sócios. Quanto à parcela patrimonial, o
tratamento legal é tão distinto em relação às obrigações societárias a ponto de nem sequer se exigir
a participação (votação) dos sócios sem direito a voto. Isso porque a cisão será deliberada pela
Assembleia-Geral, ainda que reunida extraordinariamente e mediante quorum qualificado, na esteira
do que definem os arts. 121 e 136, IX, da Lei n. 6.404/1976, sem resguardar o direito de recesso ao
sócio dissidente. Com isso, conclui-se que o tratamento legal dispensado aos credores societários
não se confunde com a proteção legal atribuída aos credores cíveis da sociedade parcialmente
cindida. Enquanto para estes é imprescindível a verificação do protocolo de cisão e da relação
patrimonial envolvida, a fim de se extrair a extensão do patrimônio transferido, naquele impõe-se
tão somente a manutenção da proporção das ações ou a existência de deliberação social específica e
unânime em sentido diverso. No caso analisado, tem-se que a natureza da obrigação debatida é
inquestionavelmente de direito societário, porquanto se refere ao quantitativo de ações
correspondentes àquele debenturista a partir da opção por converter suas debêntures em proporção
inferior àquela posteriormente reconhecida na sentença – descompasso este que gerou reflexos na
proporção de ações percebidas na empresa sucessora, representando, assim, o liame obrigacional
entre as empresas sucessoras e cindida. Daí pela sucessiva extensão ou "transferência" do benefício
auferido aos demais sócios e sociedades envolvidos, em contraposição ao prejuízo suportado
individualmente pelo acionista em questão, é devido o reconhecimento de que as empresas
sucessoras devem suportar a indenização na exata proporção da participação do benefício,
igualmente auferido. Por via de consequência, é devida a ação de regresso para ressarcimento pela
empresa resultante da cisão, observando-se a proporção do patrimônio cindido recebido.
Informativo nº 0610. Publicação: 27 de setembro de 2017. QUARTA TURMA. REsp
1.326.281-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 3/8/2017, DJe
1/9/2017. Sociedade Anônima. Alienação de ações. Direito aos dividendos. Proprietário ou
272
usufrutuário das ações. Marco temporal. Data do ato de declaração. Dano para o ex-proprietário.
Inexistência. Não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio que manteve essa condição durante
o exercício financeiro sobre o qual é apurado o lucro, mas se desliga da empresa, por alienação de
suas ações, em data anterior ao ato de declaração do benefício. Informações do Inteiro Teor. A
questão controvertida consiste em saber se, em havendo declaração de dividendos e/ou juros sobre
capital próprio por Companhia de exercício social, referente a período em que o ex-acionista
detinha ações, é possível reconhecer dano pela antecedente alienação desses valores mobiliários.
Como premissa inicial, vale destacar ser incontroverso que o ato de declaração do dividendo
referente ao exercício social reclamado (por ocasião de Assembleia Geral Ordinária) ocorreu após a
alienação das ações pela ex-sócia. Nessa esteira, convém assinalar que o exercício social é o
período de levantamento das contas e apuração do resultado da companhia. Por meio do
encerramento do exercício, verifica-se a situação patrimonial em uma determinada data. O art. 175,
caput, da Lei de S.A. estabelece que o exercício terá duração de 1 (um) ano e a data do término será
fixada no estatuto, sendo, pois, a anualidade estabelecida por regra cogente inderrogável. Ademais,
a Lei n. 6.404/1976 exige o levantamento de balanço para a distribuição de dividendos, vedando
que se leve a efeito a distribuição sem a prévia demonstração de lucros realizados e líquidos, que a
justifique. Não se olvida, consoante disposto no art. 109, I, da Lei de S.A., ser direito intangível do
sócio participar dos lucros sociais – que, aliás, constituem o interesse econômico imediato daquele
que adquire ação -, que não pode ser privado pelo estatuto social nem pela assembleia geral (órgão
máximo de deliberação da sociedade anônima, que pode tratar de quaisquer assuntos que digam
respeito ao objeto social da sociedade empresária). Vale destacar que a apuração do referido lucro
passa pela análise do art. 205, caput, da Lei de Sociedades Anônimas, segundo o qual "A
companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do
dividendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação." Ademais, não obstante a
clareza do dispositivo legal, em uma interpretação sistemática do mencionado Diploma, fica nítido
que essa é a única possível, visto que a existência de lucro líquido, aferido do exercício em que se
tiver realizado, é pressuposto essencial à distribuição de dividendos, conforme o art. 202,
parágrafos, da Lei de S.A. Dessarte, em vista das disposições legais, tão somente o fato de deter
ações no período do exercício a que correspondem os dividendos, não resulta que exsurja
automático direito a eles, visto que assiste direito apenas àquele que, na data do ato de declaração
do dividendo, for proprietário ou usufrutuário da ação.
Informativo nº 0595. Publicação: 15 de fevereiro de 2017. TERCEIRA TURMA. REsp
1.321.263-PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, por unanimidade, julgado em 6/12/2016, DJe 15/12/2016.
Dissolução parcial de sociedade anônima. Possibilidade. Inexistência de lucros e não distribuição de
dividendos há vários anos. Princípio da preservação da empresa. É possível que sociedade anônima
273
de capital fechado, ainda que não formada por grupos familiares, seja dissolvida parcialmente
quando, a despeito de não atingir seu fim – consubstanciado no auferimento de lucros e na
distribuição de dividendos aos acionistas –, restar configurada a viabilidade da continuação dos
negócios da companhia. Informações do Inteiro Teor. A questão controvertida em debate visa
definir se é possível a dissolução parcial de sociedade anônima de capital fechado por não atingir
seu fim (art. 206, II, b, da Lei nº 6.404/76), consubstanciado no auferimento de lucros e na
distribuição de dividendos aos acionistas. As sociedades são classificadas como de pessoas e de
capitais, a depender da relevância dos sócios para a sua formação. Daí resulta o caráter intuito
personae das sociedades limitadas, em que prevalece o relacionamento pessoal dos sócios e a
confiança entre eles, em contraposição ao caráter intuito pecunae das sociedades anônimas,
preponderando a contribuição pecuniária dos seus integrantes. A jurisprudência desta Corte é firme
no sentido de ser possível a dissolução parcial de sociedades que concentram na pessoa de seus
sócios um de seus elementos preponderantes, partindo-se do pressuposto de que as sociedades
anônimas de capital fechado são, em sua maioria, formadas por grupos familiares, constituídas
intuito personae. Nesses casos, o rompimento da affectio societatis representa verdadeiro
impedimento a que a companhia continue a realizar o seu fim social, motivo que levou a Segunda
Seção a adotar a orientação de que é possível a dissolução parcial da sociedade anônima de capital
fechado (EREsp 1.079.763/SP, Segunda Seção, DJe 6/9/2012; EREsp 111.294/PR, Segunda Seção,
DJe 10/9/2007). No entanto, os precedentes desbordam da hipótese em que a sociedade não é um
grupo familiar, tratando-se, pois, de sociedade de capital, com nítido intuito pecunae, composta por
investidores institucionais. A finalidade lucrativa é da essência da sociedade por ações, consoante se
extrai do art. 2º da Lei nº 6.404/76. Ausente o lucro, fica autorizada a dissolução da sociedade
anônima por decisão judicial quando provado que ela não consegue preencher o seu fim, em ação
ajuizada por acionistas que representem 5% ou mais do capital social, nos termos do art. 206, II, b,
da Lei nº 6.404/76. Anote-se a existência de julgado da Terceira Turma (REsp 247.002/RJ, DJe
25/03/2002) em que se entendeu que o fato da sociedade anônima ser de capital fechado e não ser
unida por vínculos de natureza pessoal impossibilita sua dissolução parcial tão somente por não
distribuir dividendos por razoável lapso temporal, mas que, todavia, não se assemelha à hipótese
sob análise, uma vez que no precedente foi comprovado por prova pericial a impossibilidade de
percepção de lucros a curto prazo. Na concepção de doutrina, a Lei nº 6.404/76 acolheu o princípio
da preservação da empresa em seus arts. 116 e 117, por adotar a prevalência da função social e
comunitária da companhia e por caracterizar como abuso de poder do controlador a liquidação de
companhia próspera. A dissolução parcial, além de resguardar o interesse público na manutenção
das empresas e geração de empregos, visa proteger o interesse dos demais acionistas, contrários à
sua dissolução. Com efeito, não seria plausível a extinção da sociedade por sócios que representam
274
pouco mais de 10% das ações da companhia, como é o caso dos autos. Por fim, crave-se que a
dissolução parcial constitui solução menos gravosa, assegurando aos acionistas que entendem ser
possível uma reviravolta na sorte da companhia a continuação de suas atividades.
Informativo nº 0571. Período: 15 a 27 de outubro de 2015. SEGUNDA SEÇÃO. DIREITO
CIVL. INAPLICABILIDADE DO CDC ÀS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA
PRIVADA. O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre
participantes ou assistidos de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada,
mesmo em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial. É conveniente
assinalar, para logo, que não se cogita aqui em afastamento das normas especiais inerentes à relação
contratual de previdência privada para aplicação do Diploma Consumerista, visto que só terá
cabimento pensar na sua aplicação a situações que não tenham regramento específico na legislação
especial previdenciária de regência. Dessarte, como regra basilar de hermenêutica, no confronto
entre as regras específicas e as demais do ordenamento jurídico, deve prevalecer a regra
excepcional. Nesse passo, há doutrina afirmando que, como o CDC não regula contratos
específicos, em casos de incompatibilidade há clara prevalência da lei especial nova pelos critérios
de especialidade e cronologia. Desse modo, evidentemente, não caberá, independentemente da
natureza da entidade previdenciária, a aplicação do CDC de forma alheia às normas específicas
inerentes à relação contratual de previdência privada complementar. Esse entendimento foi
recentemente pacificado no STJ, em vista da afetação à Segunda Seção do STJ do AgRg no AREsp
504.022-SC (DJe 30/09/2014), tendo constado da ementa que "[...] é descabida a aplicação do
Código de Defesa do Consumidor alheia às normas específicas inerentes à relação contratual de
previdência privada complementar e à modalidade contratual da transação, negócio jurídico
disciplinado pelo Código Civil, inclusive no tocante à disciplina peculiar para o seu desfazimento".
Por oportuno, o conceito de consumidor (art. 2º do CDC) foi construído sob ótica objetiva,
porquanto voltada para o ato de retirar o produto ou serviço do mercado, na condição de seu
destinatário final. Por sua vez, fornecedor (art. 3º, § 2º, do CDC) é toda pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de prestação de serviços, compreendido como "atividade fornecida no
mercado de consumo, mediante remuneração" - inclusive as de natureza financeira e securitária -,
salvo as de caráter trabalhista. Nessa linha, afastando-se do critério pessoal de definição de
consumidor, o legislador possibilita, até mesmo às pessoas jurídicas, a assunção dessa qualidade,
desde que adquiram ou utilizem o produto ou serviço como destinatário final. Dessarte, consoante
doutrina abalizada sobre o tema, o destinatário final é aquele que retira o produto da cadeia
produtiva (destinatário fático), mas não para revendê-lo ou utilizá-lo como insumo na sua atividade
profissional (destinatário econômico). No ponto em exame, parece evidente que há diferenças
275
sensíveis e marcantes entre as entidades de previdência privada aberta e fechada. Embora ambas
exerçam atividade econômica, apenas as abertas operam em regime de mercado, podem auferir
lucro das contribuições vertidas pelos participantes (proveito econômico), não havendo também
nenhuma imposição legal de participação de participantes e assistidos, seja no tocante à gestão dos
planos de benefícios, seja ainda da própria entidade. Nesse passo, assinala-se que, conforme
disposto no art. 36 da LC 109/2001, as entidades abertas de previdência complementar são
constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas. Elas, salvo as instituídas antes da
mencionada lei, têm necessariamente, finalidade lucrativa e são formadas por instituições
financeiras e seguradoras, autorizadas e fiscalizadas pela Superintendência de Seguros Privados
(Susep), vinculada ao Ministério da Fazenda, tendo por órgão regulador o Conselho Nacional de
Seguros Privados (CNSP). Assim, parece nítido que as relações contratuais entre as entidades
abertas de previdência complementar e participantes e assistidos de seus planos de benefícios -
claramente vulneráveis - são relações de mercado, com existência de legítimo auferimento de
proveito econômico por parte da administradora do plano de benefícios, caracterizando-se genuína
relação de consumo. Contudo, no tocante às entidades fechadas, as quais, por força de lei, são
organizadas "sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos", a questão é
tormentosa, pois há um claro mutualismo entre a coletividade integrante dos planos de benefícios
administrados por essas entidades. Nesse diapasão, o art. 34, I, da LC 109/2001 deixa límpido que
as entidades fechadas de previdência privada "apenas" administram os planos (inclusive, pois, o
fundo formado, que não lhes pertence), havendo, conforme dispõe o art. 35, gestão compartilhada
entre representantes dos participantes e assistidos e dos patrocinadores nos conselhos deliberativo
(órgão máximo da estrutura organizacional) e fiscal (órgão de controle interno). No tocante ao
plano de benefícios patrocinado por entidade da administração pública, conforme dispõem os arts.
11 e 15 da LC 108/2001, há gestão paritária entre representantes dos participantes e assistidos -
eleitos por seus pares - e dos patrocinadores nos conselhos deliberativos. Ademais, é bem verdade
que os valores alocados ao fundo comum obtido, na verdade, pertencem aos participantes e
beneficiários do plano, existindo explícito mecanismo de solidariedade, de modo que todo
excedente do fundo de pensão é aproveitado em favor de seus próprios integrantes. Diante de tudo
que foi assinalado, observa-se que as regras do Código Consumerista, mesmo em situações que não
sejam regulamentadas pela legislação especial, não se aplicam às relações envolvendo participantes
e/ou assistidos de planos de benefícios e entidades de previdência complementar fechadas. Assim, a
interpretação sobre a Súmula 321 do STJ - que continua válida - deve ser restrita aos casos que
envolvem entidades abertas de previdência. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 26/8/2015, DJe 20/10/2015.
276
com patrimônio próprio, dos valores a que faria jus o acionista em razão de ações de que é titular,
procedeu, a toda evidência, a uma autorização de retirada ou recesso sem previsão legal, e isso tudo
sem observância dos procedimentos mínimos de apuração em balanço especial e no bojo de ação na
qual a pessoa jurídica não figurou como parte, circunstância que denuncia a extrapolação dos
limites subjetivos da coisa julgada. REsp 1.179.342-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 27/5/2014.
Informativo nº 0500. Período: 18 a 29 de junho de 2012. TERCEIRA TURMA.
SOCIEDADE ANÔNIMA. RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES. CONTAS
APROVADAS PELA AGO. A aprovação das contas sem reservas pela assembleia geral ordinária
(AGO), salvo se anulada, exonera os administradores e diretores de quaisquer responsabilidades
(art. 134, § 3º, da Lei n. 6.404/1976 - Lei das Sociedades Anônimas). Na espécie, a empresa
recorrente ajuizou ação indenizatória para obter do recorrido (diretor financeiro da empresa)
reparação correspondente ao valor das operações (derivativos) que realizou sem consentimento e
que geraram prejuízos em razão da disparidade cambial. Todavia, a regra do art. 134, § 3º, da lei
supradita é especial em relação ao art. 159 do referido diploma legal, de modo que, no caso de
aprovação de contas, não bastaria a prévia deliberação da assembleia geral para a propositura da
ação de responsabilidade civil, como ocorreu na hipótese, mas, mister, antes de tal propositura ou
concomitantemente a ela, o ajuizamento da ação de anulação da assembleia que aprovou as contas
da sociedade (art. 286 da mencionada lei). Salientou-se ainda que, somente após o trânsito em
julgado da sentença que acolher a anulatória (pela ocorrência de erro, dolo, fraude ou simulação),
será possível ajuizar a ação de responsabilidade pertinente. In casu, não é cabível ação de
responsabilidade civil contra quem dela, por força de lei e do ato jurídico perfeito, foi exonerado.
Precedentes citados: AgRg no Ag 640.050-RS, DJe 1º/6/2009; AgRg no Ag 950.104-DF, DJe
30/3/2009, e REsp 257.573-DF, DJ 25/6/2001. REsp 1.313.725-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 26/6/2012.
Informativo nº 0495. Período: 9 a 20 de abril de 2012. TERCEIRA TURMA. CISÃO
PARCIAL DA EMPRESA. CITAÇÃO DA SUCESSORA. A Turma, em preliminar, aplicou os
princípios da economia processual, da instrumentalidade das formas e aquele de que não há
nulidade sem prejuízo, para confirmar decisão monocrática que julgou liminarmente o mérito do
agravo de instrumento, com base no art. 527 do CPC, antes de intimada a parte contrária. Para o
douto colegiado, não houve prejuízo para o direito de defesa da parte, haja vista ter impugnado a
decisão unipessoal mediante agravo interno, devolvendo a apreciação da matéria ao tribunal a quo,
com posterior manejo dos recursos processualmente admissíveis, até trazer a controvérsia à
apreciação do STJ. No mérito, a Turma decidiu que a empresa cindenda pode ser citada para
substituir a empresa parcialmente cindida na relação processual em que a vítima de acidente
278
automobilístico pleiteia indenização por danos morais, apesar da estabilização da demanda. Para a
Min. Relatora, se há sucessão das empresas, consoante dispõe a legislação societária, a sucessora
não pode ser considerada, no processo, como um terceiro a quem não se estende a sentença judicial,
desde que o juiz considere, analisando a situação concreta, que as obrigações em litígio estão
abrangidas pelo regime de sucessão disposto na lei das sociedades anônimas. A análise da
responsabilidade da sucessora pelos atos praticados pela companhia cindida é matéria que se
confunde com o mérito da ação, momento em que o protocolo da operação será analisado, os bens
sucedidos serão individualizados e a responsabilidade pelo acidente, definida. REsp 1.294.960-RJ,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/4/2012.
Informativo nº 0478. Período: 20 a 24 de junho de 2011. QUARTA TURMA. S/A.
AUMENTO. CAPITAL. PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA. DIMINUIÇÃO. Trata-se de REsp em
que o recorrente pretende anular as deliberações para aumento de capital da companhia da qual é
sócio minoritário, uma vez que, segundo alega, os atos causaram diluição injustificada de sua
participação acionária na sociedade recorrida, o que não seria permitido em face do § 1º do art. 170
da Lei n. 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas - S/A). A Turma negou provimento ao recurso
pelos fundamentos, entre outros, de que a não observância da norma insculpida no referido
dispositivo legal na fixação do preço de emissão da ação ou a escolha de critério diferente, na
hipótese de aumento de capital, não tornam o ato deliberativo nulo, mesmo porque esse dispositivo
não prevê tal consequência. A suposta má escolha do critério de fixação do preço de emissão das
ações, se comprovada, poderá ensejar hipótese de responsabilidade civil dos controladores, que se
resolve em perdas e danos, e não em declaração de nulidade de assembleia (art. 117 da mesma lei).
Ademais, tal como salientou o acórdão recorrido, a pretensão autoral choca-se com o princípio da
preservação da empresa, pois a anulação da deliberação da assembleia inviabilizaria o próprio
funcionamento da companhia, além de causar imensuráveis transtornos aos demais acionistas e a
terceiros. REsp 1.190.755-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/6/2011.
Informativo nº 0460. Período: 13 a 17 de dezembro de 2010. QUARTA TURMA. VALOR.
CAUSA. PROVEITO ECONÔMICO. O recorrente é acionista minoritário de empresa de
telecomunicações e, em ação, alega ter sofrido prejuízo com a venda de grande parte das ações da
companhia determinada pelo conselho de administração, o que teria causado prejuízo de R$ 1
bilhão. Discute, no especial, o valor da causa em razão da caução exigida pelo art. 246, § 1º, b, da
Lei das Sociedades Anônimas. Quanto a isso, é certo que o valor da causa deve ser fixado de acordo
com o conteúdo econômico a ser obtido com a ação (arts. 258 e 259 do CPC). Porém, diante da
impossibilidade de mensuração dessa expressão econômica, acolhe-se a estimativa do autor de
quantia provisória, passível de posterior adequação ao que, no final, for apurado na sentença ou fase
de liquidação. Diante disso, é razoável acolher a fixação do valor da causa em razão do proveito
279
econômico indireto que advirá à recorrente em caso de procedência da demanda, o que, no caso,
equivale a R$ 65 mil (0,000065% - porcentagem referente às suas ações - da diferença entre o valor
da alienação do controle da companhia e seu real valor líquido). Ressalte-se que, devido ao respeito
à equidade, em nenhum caso (ou para pagar ou para receber) poderão ser arbitrados honorários de
sucumbência com lastro no ganho total de todos os acionistas. Precedentes citados: Ag 1.136.981-
SP, DJe 14/8/2009; AgRg no REsp 969.724-MA, DJe 26/8/2009; REsp 721.822-RS, DJ 6/6/2005;
AgRg no Ag 869.808-SP, DJ 26/10/2007; REsp 926.535-SP, DJ 14/6/2007; REsp 363.445-RJ, DJ
1º/4/2002; REsp 886.676-SP, DJ 27/11/2007; AgRg no REsp 968.021-PR, DJe 29/6/2009; REsp
162.194-SP, DJ 20/3/2000, e REsp 798.264-SP, DJ 16/4/2007. REsp 1.220.272-RJ, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 14/12/2010.
Informativo nº 0416. Período: 16 a 20 de novembro de 2009. QUARTA TURMA. S.A.
RENDA MENSAL VITALÍCIA. ASSEMBLEIA GERAL. Cuida-se de ação de cobrança de renda
mensal vitalícia (RMV), instituída em favor de ex-diretores e ex-conselheiros, em razão de
excepcional dedicação profissional, ajuizada contra sociedade anônima. Sustenta a recorrente que a
RMV constitui complemento de aposentadoria devido a quem foi empregado da ré, exercendo cargo
de diretor ou conselheiro e está aposentado, recebendo benefício das previdências oficial e privada.
Sustenta que a cessação do pagamento do benefício, feito por mais de cinco anos, depende da
desconstituição do instrumento particular de assunção de obrigações firmado pelas partes, ato
jurídico perfeito, gerador de direito adquirido. Porém, a Turma não conheceu do recurso por
entender que, para concluir que a RMV é benefício diverso da remuneração, seria necessário
revolver material fático-probatório, vedado nos termos da Súm. n. 7-STJ. Assim, tomada a RMV
como remuneração, não há como afastar a incidência da regra do art. 152 da Lei das Sociedades
Anônimas, no sentido de que sua fixação depende de ato da assembleia geral. Assinalou o Min.
Relator que o referido artigo foi modificado pela Lei n. 9.457/1997, tendo sua nova redação
ampliado a competência da assembleia, que passou a ser responsável pela fixação de benefícios de
qualquer natureza. Conquanto a alteração tenha-se dado em momento posterior ao da instituição da
vantagem ora questionada, sinaliza o sentido amplo dado pela lei ao termo remuneração. Por fim,
conforme iterativa jurisprudência deste Superior Tribunal, a matéria contida no art. 6º da LICC,
relativa à preservação do ato jurídico perfeito, tem índole nitidamente constitucional, razão pela
qual sua apreciação desborda dos lindes do recurso especial. Precedentes citados: REsp 704.975-SP,
DJe 8/9/2008; AgRg nos EDcl no Ag 823.553-RJ, DJ 12/11/2007; AgRg no Ag 489.676-RS, DJ
13/3/2006, e REsp 512.054-RS, DJ 11/5/2007. REsp 976.587-SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves,
julgado em 17/11/2009.
Informativo nº 0385. Período: 2 a 6 de março de 2009. QUARTA TURMA. PRESCRIÇÃO
BIENAL. LEI. SOCIEDADES ANÔNIMAS. Trata-se de litígio entre irmãos, reclamando as
280
que detém o controle acionário de duas sociedades anônimas. A sócia retirante pretende receber
seus haveres sociais pela entrega de ações de uma das sociedades anônimas, isso em desacordo com
o estatuto social, que prevê o pagamento parcelado em dinheiro. Diante disso, verifica-se que o
comando inserto no art. 668 do CPC de 1939, vigorado no art. 1.218, VII, do atual CPC, prevê a
alternância de três comandos distintos para a apuração dos haveres, aplicado um na falta do outro, e
o primeiro deles é justamente o previsto em contrato social. No caso, o estatuto prevê o referido
pagamento em trinta e seis parcelas mensais e sucessivas, atualizadas monetariamente. Assim, não
há como tachar de absurdo ou lesivo o critério adotado no estatuto a justificar uma excepcional
interferência do Judiciário, pois o pagamento parcelado vem atenuar, justamente, o impacto causado
pela descapitalização da sociedade a sofrer dissolução e, se corrigido monetariamente, não tem o
condão de causar o enriquecimento injustificado do sócio remanescente. Tal entendimento é
também corroborado pela jurisprudência do STJ. Anote-se que, em dissolução parcial, não se
fracionam os bens da sociedade a determinar, no caso, a entrega material das pretendidas ações,
pois o resultado prático disso seria a extensão da dissolução parcial também às outras sociedades.
Precedentes citados: REsp 87.731-SP, DJ 13/10/1997; REsp 83.031-RS, DJ 13/12/1999, e REsp
450.129-MG, DJ 16/12/2002. REsp 302.366-SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em
5/6/2007.
Informativo nº 0315. Período: 26 a 30 de março de 2007. QUARTA TURMA.
DISSOLUÇÃO. SOCIEDADE. PRINCÍPIO DE SAISINE. Com o falecimento, a propriedade e
posse dos bens do de cujus é transmitida imediatamente aos seus herdeiros legítimos. Assim, na
espécie, sem a partilha dos bens, todos os herdeiros, em condomínio, são detentores das ações
deixadas pelo acionista falecido e possuem eles legitimidade para postular a dissolução da
sociedade familiar, pois alegam que esta não cumpre o seu fim social. Não é necessário que as
ações tenham sido escrituradas individualmente a cada um dos herdeiros para que atendam ao
percentual de 5% estipulado no art. 206, b, da Lei n. 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas).
Pelo princípio de saisine, eles são possuidores e proprietários do montante de ações deixadas pelo
de cujus, que, no caso, representa mais de 5% do capital social da empresa. Concluindo, a Turma
conheceu em parte do recurso e, nesta parte, deu-lhe provimento para afastar a carência da ação e
determinar o retorno dos autos à vara de origem para prosseguir no exame da causa como entender
de direito. REsp 650.821-AM, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 27/3/2007.
Informativo nº 0301. Período: 16 a 20 de outubro de 2006. SEGUNDA TURMA.
EXECUÇÃO FISCAL. REMIÇÃO. BENS. FILHO. SÓCIO. A Jurisprudência deste Superior
Tribunal, ao se fundamentar no princípio da execução menos gravosa (art. 620 do CPC), sem se
descuidar da aferição do caráter familiar da sociedade executada, admite a legitimação do filho do
sócio na remição de bens, apesar de inexistir expressa previsão legal (vide arts. 787 e 789 do CPC).
282
Na hipótese, cuidou-se de sociedade anônima, a qual o Tribunal a quo não vislumbrou natureza
eminentemente familiar, o que, nesta sede, impõe a observância das Súmulas ns. 5 e 7 do STJ.
Apesar disso, é possível existir sociedades anônimas familiares (fechadas e constituídas em razão da
qualidade de seus sócios), tal qual prevê a doutrina. Precedentes citados: REsp 596.858-SP, DJ
7/6/2004; REsp 268.640-SP, DJ 11/12/2000; REsp 60.028-SP, DJ 31/3/1997, e REsp 6.132-PR, DJ
25/3/1991. REsp 857.638-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 17/10/2006.
Informativo nº 0289. Período: 19 a 23 de junho de 2006. TERCEIRA TURMA. S.A. AÇÃO.
DISSOLUÇÃO. DESISTÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO. A Turma, por maioria, decidiu que,
proposta a ação de dissolução da sociedade anônima e tendo um dos acionistas desistido no curso
do processo, descabe a extinção do processo sem julgamento do mérito em relação aos sócios
minoritários, reunidos no percentual necessário, uma vez que, pelo art. 206 da Lei das Sociedades
Anônimas, o juiz pode determinar a continuação do feito até o julgamento do pedido de dissolução,
seja parcial ou total. REsp 408.122-PR, Rel. originário Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. para
acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/6/2006.
Informativo nº 0287. Período: 29 de maio a 9 de junho de 2006. TERCEIRA TURMA.
PRESCRIÇÃO. COMPLEMENTAÇÃO. AÇÃO. EMPRESA TELEFÔNICA. SOCIEDADE
ANÔNIMA. Trata-se de ação de conhecimento com pedido condenatório proposta pela ora
recorrente contra companhia telefônica em que alega que não foi cumprido integralmente o contrato
de participação financeira, pelo qual houve subscrições equivalentes a 165.292 ações da companhia,
mas teria recebido apenas 1.687 ações e, conseqüentemente, teria recebido menos dividendos. O
Tribunal a quo entendeu aplicável à espécie o art. 287, II, g, da Lei das Sociedades Anônimas (Lei
n. 6.404/1976, com a redação dada pela Lei n. 10.303/2001) e extinguiu o processo sem julgamento
do mérito, por entender que o prazo de três anos previsto na referida lei já havia transcorrido. A
Turma conheceu e deu provimento ao recurso, por entender que as normas de prescrição devem ser
aplicadas restritivamente, não cabendo interpretação extensiva nem analógica. Assim, no
mencionado artigo, ao se dizer "ação movida pelo acionista" deve ser entendido que aquelas outras
pessoas que mantêm algum tipo de relação jurídica com a companhia mas não são seus acionistas
devem ser disciplinadas de forma própria. Assim, no caso, a recorrente afirmou, como causa de
pedir, o não-cumprimento integral do contrato de participação financeira, pretendendo receber a
complementação das ações ou seu equivalente em dinheiro. Logo, a causa de pedir é o
inadimplemento contratual e não o direito de acionista violado. Dessa modo, a prescrição rege-se
pelos prazos previstos no art. 177 do CC/1916 (20 anos) ou no art. 205 do CC/2002 (10 anos). Por
conseqüência, a Turma reformou o acórdão recorrido, anulou a sentença e determinou a remessa
dos autos à vara de origem, para que prossiga o processo, observado o devido processo legal. REsp
829.835-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 1º/6/2006.
283
processo de incorporação, além de indenização por perdas e danos. Isso posto, a Turma,
prosseguindo o julgamento e pelo voto de desempate, entendeu que o prazo prescricional incidente
na ação intentada deve ser o trienal previsto no art. 287, II, b, da Lei n. 6.404/1976 (Lei das
Sociedades Anônimas) e não o vintenário do art. 177 do CC/1916. Os recorridos são mais do que
terceiros interessados na relação, isso em face do estreito vínculo com as sociedades criadas, mesmo
que distantes de suas administrações. Precedentes citados: REsp 16.410-SP, DJ 16/5/1994; REsp
31.620-SP, DJ 17/10/1994, e REsp 178.008-SP, DJ 19/10/1998. REsp 94.453-RJ, Rel. Min. Barros
Monteiro, julgado em 15/4/2003.
Informativo nº 0113. Período: 15 a 19 de outubro de 2001. TERCEIRA TURMA.
FORNECIMENTO DE CERTIDÕES. DADOS. ACIONISTAS. SOCIEDADES ANÔNIMAS. A
qualquer pessoa é franqueado o direito à obtenção de certidões junto às companhias, relativas aos
livros de registro e transferência de ações nominativas. Os pedidos efetuados antes da modificação
operada pela Lei n. 9.457/97 prescindem da necessidade de declínio da causa do pedido. A
necessidade de justificativa no sentido de que a certidão se destina a esclarecimento de situações de
interesse pessoal, dos acionistas ou do mercado de valores mobiliários só se impôs com a entrada
em vigor dessa lei. As companhias, em nenhuma hipótese, podem dificultar o acesso do interessado
às certidões. Nenhum condicionamento pode ser imposto à sua obtenção, bem como o preço
cobrado pelo serviço há de ser módico, sob pena de inviabilizar o exercício do direito. A Turma,
prosseguindo o julgamento, não conheceu do recurso. REsp 238.618-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 15/10/2001.
Informativo nº 0095. Período: 7 a 11 de maio de 2001. TERCEIRA TURMA.
SOCIEDADES ANÔNIMAS. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS. PRESCRIÇÃO. A
aprovação das demonstrações financeiras e das contas pela assembléia geral de uma sociedade
anônima pode ser, simplesmente, o termo inicial do prazo de prescrição da ação de responsabilidade
civil contra os respectivos administradores e pode, também, significar, para estes, a extinção dessa
responsabilidade ? tudo dependendo dos interesses que se quer proteger: os da sociedade ou os dos
seus gestores. Trata-se de uma sociedade de economia mista, em que os eventuais prejuízos
causados pelo administrador comprometem o patrimônio público. A exigência de que a ação de
responsabilidade civil seja precedida da anulação da deliberação da assembléia geral que aprovou as
contas do administrador dificulta sobremaneira a indenização dos danos e não se justifica, porque
constitui uma sobreposição de demandas, à medida que a causa petendi de uma e de outra são
idênticas. Mas a lei é essa e, enquanto não for alterada, deve ser aplicada. Prosseguindo o
julgamento, a Turma, por maioria, não conheceu do recurso. REsp 257.573-DF, Rel. originário
Min. Waldemar Zveiter, Rel. para acórdão Min. Ari Pargendler (art. 52, IV, b, RISTJ), julgado em
8/5/2001.
285
devedor, a indústria agrícola, fraudulentamente ou não, deixava de honrar a dívida garantida pelas
cártulas. A disciplina das cédulas de crédito rural, por sua vez, é absolutamente diferente. Mesmo
porque se trata de títulos de crédito referentes a financiamentos tomados pelos produtores rurais
com integrantes do sistema nacional de crédito rural ou cooperativas (nesse sentido, são os arts. 1º,
caput e parágrafo único, 14, IV, 20, IV, 25, IV, e 77, parágrafo único, todos do Decreto-Lei
167/1967). Com efeito, as alterações trazidas pela Lei 6.754/1979, a toda evidência, não tiveram
como destinatárias as Cédulas de Crédito, pois estas são títulos representativos de financiamento
rural tomado pelo produtor ou cooperado para o incremento de suas próprias atividades. Ou seja,
nelas o produtor figura mesmo como devedor, ao contrário da nota promissória rural e da duplicata
rural, nas quais o devedor é o comprador do produto rural a prazo - no mais das vezes, a
agroindústria de grande porte. Nessa linha de raciocínio, o aval prestado por terceiros nas cédulas
de crédito rural constitui reforço de garantia do próprio produtor rural, sem o qual figuraria sozinho
como responsável pelo financiamento perante o credor. A um só tempo, o crédito rural estaria
sensivelmente dificultado - e certamente mais caro - ao pequeno produtor rural, e, além disso, tal
circunstância vai de encontro ao próprio sistema do crédito rural, o qual tem como um dos
principais objetivos "possibilitar o fortalecimento econômico dos produtores rurais, notadamente
pequenos e médios" (Lei 4.829/1965, art. 3º, III). REsp 1.315.702-MS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 10/3/2015, DJe 13/4/2015.
Informativo nº 0428. Período: 22 de março a 2 de abril de 2010. TERCEIRA TURMA.
DANO MORAL. CONTA CONJUNTA. CHEQUE. É ativa a solidariedade decorrente da abertura
de conta-corrente conjunta, pois cada correntista movimenta livremente a conta. Ademais, o cheque
sujeita-se aos princípios gerais do direito cambial, especialmente, ao princípio da literalidade, e o
art. 1º, VI, da Lei n. 7.357/1985 estabelece, como requisito do cheque, a assinatura do emitente
sacador. Assim, a responsabilidade pela emissão de cheque sem provisão de fundos é exclusiva
daquele que opôs sua assinatura na cártula. Dessa forma, o cotitular da conta-corrente que não
emitiu o cheque sem provisão de fundos é estranho ao título, por isso não pode ser penalizado com
a negativação, como inadimplente, de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito.
Consequentemente, para a jurisprudência deste Superior Tribunal, a inscrição indevida nos
cadastros de proteção ao crédito ocasiona dano moral. Com esse entendimento, a Turma julgou
procedente o pedido de compensação por danos morais, bem como da retirada do nome da
recorrente dos cadastros de proteção ao crédito. REsp 981.081-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 23/3/2010.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CÉDULA DE CRÉDITO RURAL
PIGNORATÍCIA. VALIDADE DA GARANTIDA PRESTADA POR AVALISTA. NATUREZA
JURÍDICA. DIREITO CAMBIAL. ART. 60, DECRETO-LEI Nº 167/67. 1.- Consoante o teor do
287
art. 60, do Decreto-Lei nº 167/67, a cédula de crédito rural sujeita-se ao regramento do direito
cambial, aplicando-se-lhe, inclusive, o instituto do aval. Precedentes. 2.- Agravo Regimental
improvido. (AgRg nos EDcl no REsp 1238045/SC, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 18/06/2013, DJe 01/07/2013)
PROCESSUAL CIVIL E DIREITO CAMBIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. OMISSÃO.
INEXISTÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. INVIABILIDADE. DUPLICATA. TÍTULO DE
CRÉDITO, SUJEITO A PRINCÍPIOS CAMBIÁRIOS. 1. Não caracteriza omissão, contradição ou
obscuridade quando o tribunal adota outro fundamento que não aquele defendido pela parte. 2.
Orienta a Súmula 07 desta Corte que a pretensão de simples reexame de provas não enseja recurso
especial. 3. A causalidade da duplicata reside apenas na sua origem, mercê do fato de somente
poder ser emitida para a documentação de crédito nascido de venda mercantil ou de prestação de
serviços. Porém, a duplicata mercantil é título de crédito, na sua generalidade, como qualquer outro,
estando sujeita às regras de direito cambial, nos termos do art. 25 da Lei nº 5.474/68, ressaindo daí,
notadamente, os princípios da cartularidade, abstração, autonomia das obrigações cambiais e
inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé. (REsp 261.170/SP, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/08/2009, DJe 17/08/2009) 4. Agravo
regimental não provido. (AgRg no REsp 825.378/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 01/09/2011, DJe 06/09/2011)
DIREITO CAMBIAL E PROCESSUAL CIVIL. NOTA PROMISSÓRIA.
DESCUMPRIMENTO DE REQUISITOS ESSENCIAIS. DESCARACTERIZAÇÃO COMO
TÍTULO EXECUTIVO. A ausência de requisitos essenciais (no caso, nome do sacador, local do
pagamento e data de emissão) descaracteriza a nota promissória como título executivo. Estando o
acórdão recorrido em harmonia com a jurisprudência desta Corte, incide o óbice contido na Súmula
STJ/83, aplicável também no caso da alínea "a" (AgRg no Ag 135.461/RS, Rel. Min. ANTONIO
DE PÁDUA RIBEIRO, DJU 18.08.1997). Agravo Regimental improvido. (AgRg no Ag
1281346/ES, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/03/2011, DJe
31/03/2011)
DIREITO COMERCIAL. CÉDULA DE CRÉDITO RURAL. NATUREZA JURÍDICA.
DIREITO CAMBIAL. ART. 60, DECRETO-LEI Nº 167/67. Consoante o teor do art. 60, do
Decreto-Lei nº 167/67, a cédula de crédito rural sujeita-se ao regramento do direito cambial,
aplicando-se-lhe, inclusive, o instituto do aval. Precedentes. Recurso especial provido (REsp
747.805/RS, Rel. Ministro PAULO FURTADO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/BA), TERCEIRA TURMA, julgado em 02/03/2010, DJe 11/03/2010)
288
LETRA DE CÂMBIO
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA DIREITO
CAMBIÁRIO E PROTESTO EXTRAJUDICIAL. CHEQUE. ORDEM DE PAGAMENTO À
VISTA. CÁRTULA ESTAMPANDO, NO CAMPO ESPECÍFICO, DATA DE EMISSÃO
DIVERSA DA PACTUADA PARA SUA APRESENTAÇÃO. CONSIDERA-SE, PARA
CONTAGEM DO PRAZO DE APRESENTAÇÃO, AQUELA CONSTANTE NO ESPAÇO
PRÓPRIO. PROTESTO, COM INDICAÇÃO DO EMITENTE DO CHEQUE COMO DEVEDOR,
AINDA QUE APÓS O PRAZO DE APRESENTAÇÃO, MAS DENTRO DO PERÍODO PARA
AJUIZAMENTO DE AÇÃO CAMBIAL DE EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. As teses a serem
firmadas, para efeito do art. 1.036 do CPC/2015 (art. 543-C do CPC/1973), são as seguintes: a) a
pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de apresentação à
instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada no campo específico da
cártula; b) sempre será possível, no prazo para a execução cambial, o protesto cambiário de cheque,
com a indicação do emitente como devedor. 2. No caso concreto, recurso especial parcialmente
provido. (REsp 1423464/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 27/04/2016, DJe 27/05/2016)
Informativo nº 0580. Período: 2 a 13 de abril de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
SUBJACENTE À NOTA PROMISSÓRIA PRESCRITA PARA A INSTRUÇÃO DA AÇÃO DE
LOCUPLETAMENTO PAUTADA NO ART. 48 DO DECRETO N. 2.044/1908.
Independentemente da comprovação da relação jurídica subjacente, a simples apresentação de nota
promissória prescrita é suficiente para embasar a ação de locupletamento pautada no art. 48 do
Decreto n. 2.044/1908. Inicialmente, deve-se esclarecer que a ação de enriquecimento sem causa
amparada prevista no art. 884 do CC não tem cabimento no caso em que a lei preveja outro meio
especificamente estabelecido para o ressarcimento do prejuízo, haja vista o disposto no art. 886 do
CC: "Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se
ressarcir do prejuízo sofrido". Diante disso, no caso em que se busque o ressarcimento de prejuízo
causado pelo não pagamento de nota promissória prescrita, não será cabível a ação de
enriquecimento sem causa amparada a que se refere o art. 884 do CC, mas sim a ação de
locupletamento pautada no art. 48 do Decreto n. 2.044/1908. Isso porque o referido art. 48 -
conquanto disponha, em título do Decreto n. 2.044/1908 destinado à letra de câmbio, que "Sem
embargo da desoneração da responsabilidade cambial, o sacador ou o aceitante fica obrigado a
restituir ao portador, com os juros legais, a soma com a qual se locupletou à custa deste" - também é
aplicável, com as adequações necessárias, à nota promissória, sendo o emitente da nota promissória
equiparado ao aceitante da letra de câmbio. É o que determina o art. 56 deste mesmo diploma legal,
289
segundo o qual "São aplicáveis à nota promissória, com as modificações necessárias, todos os
dispositivos do Título I desta Lei, exceto os que se referem ao aceite e às duplicatas". Diante dessas
considerações, cumpre analisar, no caso em análise, a necessidade de o autor da ação de
locupletamento (art. 48 do Decreto n. 2.044/1908) fundada em nota promissória não paga e
prescrita ter que fazer (ou não) prova da causa jurídica subjacente. Preliminarmente, conquanto
exista controvérsia na doutrina acerca da natureza dessa ação de locupletamento, trata-se de uma
ação de natureza cambiária, na medida em que amparada no título de crédito que perdeu sua força
executiva (e não na relação jurídica que deu origem à sua emissão), além de estar prevista na
legislação de regência de tais títulos. Nesse contexto, ressalta-se que, além de a prescrição da ação
cambiária ser um dos elementos do suporte fático da regra jurídica insculpida no referido
dispositivo, uma vez prescrita a ação executiva, dá-se o enriquecimento injustificado em razão do
não pagamento e nascem a pretensão e a ação correspondente, conforme entendimento doutrinário.
Além disso, nota-se, com base na dicção do aludido art. 48, que a ação de locupletamento é
autorizada ao portador do título de crédito (que, alcançado pela prescrição, perdeu sua força
executiva). Ora, se o portador do título é o legitimado para a propositura da demanda, é certo não
ser necessária a demonstração da causa jurídica subjacente como condição para o ajuizamento dessa
ação, uma vez que, se pensarmos na hipótese de título que tenha circulado, o portador não teria
como fazer prova da relação jurídica subjacente. Dessa maneira, a posse, pelo portador, da nota
promissória não paga e prescrita gera a presunção juris tantum de veracidade do locupletamento
ilícito havido pelo não pagamento (em contrapartida ao empobrecimento do portador do título),
nada obstante seja assegurada a amplitude de defesa ao réu. REsp 1.323.468-DF, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2016, DJe 28/3/2016.
Informativo nº 0315. Período: 26 a 30 de março de 2007. TERCEIRA TURMA. LETRA DE
CÂMBIO. PROTESTO. FALTA. ACEITE. É cabível o saque de letra de câmbio representativa de
crédito, em razão de contrato firmado entre sacada e sacador, podendo o portador levá-la a protesto
por falta de aceite. Precedentes citados: RMS 2.603-SP, DJ 23/5/1994; REsp 191.560-MG, DJ
19/12/2003, e REsp 141.941-MG, DJ 8/9/2003. REsp 900.005-SP, Rel. Min. Humberto Gomes de
Barros, julgado em 27/3/2007.
Informativo nº 0252. Período: 20 a 24 de junho de 2005. TERCEIRA TURMA.
EXECUÇÃO. LETRA. CÂMBIO. AUSÊNCIA. ACEITE. Trata-se de embargos do devedor
opostos à execução lastreada em letra de câmbio sem aceite. Nas vias ordinárias, a sentença julgou
procedentes os embargos (declarando nula a execução por falta de título executivo hábil para
instruí-la) e o Tribunal a quo negou provimento à apelação da recorrente. Explicitou a Min.
Relatora que a letra de câmbio é título de crédito próprio e abstrato, não se pode imprimir-lhe
natureza causal e imprópria como acontece na duplicata, por isso não persistem as alegações da
290
recorrente no sentido de vinculá-la ao negócio subjacente. Aduz ainda que, embora tenha havido o
protesto pela falta de aceite e de pagamento, a letra de câmbio sem aceite obsta a cobrança pela via
executiva. Pois a recusa do aceite traz como única conseqüência o vencimento antecipado da letra
de câmbio (art. 43 da LUG), pode, então, o tomador cobrá-la imediatamente do sacador. Mas, no
caso, o sacador e o tomador se confundem na mesma pessoa da recorrente demonstrando sem razão
suas alegações uma vez que a vinculação ao pagamento do título se dá tão-somente se o sacado
aceitar a ordem de pagamento que lhe foi endereçada. Sem reparos o acórdão recorrido e ausente a
divergência jurisprudencial alegada, a Turma não conheceu do recurso. REsp 511.387-GO, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/6/2005.
Informativo nº 0216. Período: 2 a 6 de agosto de 2004. TERCEIRA TURMA. LETRA DE
CÂMBIO. ACEITE. FALTA. PROTESTO. CABIMENTO. A Turma decidiu que não pode ser
vedado o protesto por falta de aceite de letra de câmbio. REsp 547.319-RS, Rel. Min. Carlos
Alberto Menezes Direito, julgado em 3/8/2004.
Informativo nº 0063. Período: 26 a 30 de junho de 2000. TERCEIRA TURMA. AVAL.
AUTONOMIA. Em ação com o fim de anular contrato de joint venture, foi obtida, mediante
medida cautelar incidental, a sustação dos efeitos do pacto e da carta de crédito, bem como do
embarque de quaisquer equipamentos. O recorrido ofereceu embargos à execução, sustentando a
inexigibilidade da letra de câmbio que fundamentava a pretensão executória, uma vez que originária
de carta de crédito, cujos efeitos foram suspensos em ação cautelar. Entendeu o Tribunal a quo que
o avalista não poderia opor exceção pessoal do devedor, a não ser que demonstrada a má-fé do
credor, inexistente no caso em exame. Prosseguindo o julgamento, a Turma, provendo o recurso,
entendeu que existem exceções que se ligam exclusivamente ao avalizado, não afetando a existência
do débito e outras dizem com o próprio débito, atingindo o avalista diretamente. Quando não se
trata de circunstância peculiar a seu emitente, mas diz com a razão de ser de sua existência, a
exceção será oponível também por seu avalista. Outrossim não existe dispositivo legal que impeça,
em relação ao avalista, invocação de matéria pertinente à relação original. Precedente citado: REsp
43.119-RS, DJ 12/2/1996. REsp 162.332-SP, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, julgado em 29/6/2000.
Informativo nº 0029. Período: 23 a 27 de agosto de 1999. TERCEIRA TURMA. ERRO.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DESCONTO CONTA CORRENTE. A instituição financeira não
pode debitar da conta corrente do autor, sem o seu consentimento, quando verificar que errou no
valor creditado pelo resgate de letras de câmbio. O autor contratou um desconto de 20% e não está
obrigado a aceitar um de 64%, vez que não concorreu para o erro do banco. Contudo, o autor
faleceu no curso do processo. A Turma decidiu que transmite-se aos herdeiros o direito de
reparação, pois a indenização é feita em pecúnia, constituindo-se em crédito que integra o
patrimônio do de cujus. REsp 219.619-RJ, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, julgado em 23/8/1999.
291
NOTA PROMISSÓRIA
SUMULA 504 - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota
promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
SÚMULA 258 - A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA EM NOTA
PROMISSÓRIA PRESCRITA. PRAZO QUINQUENAL PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO.
INCIDÊNCIA DA REGRA PREVISTA NO ART. 206, § 5º, INCISO I, DO CÓDIGO CIVIL. 1.
Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: "O prazo para ajuizamento de ação monitória
em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte
ao vencimento do título". 2. Recurso especial provido. (REsp 1262056/SP, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013, DJe 03/02/2014)
Informativo nº 0606. Publicação: 2 de agosto de 2017. QUARTA TURMA. REsp
1.323.951-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 16/5/2017, DJe
14/6/2017. Contrato particular de crédito a pessoa física para aquisição de material de construção.
Construcard. Título executivo extrajudicial inexistente. O contrato particular de abertura de crédito
a pessoa física visando financiamento para aquisição de material de construção – Construcard –,
ainda que acompanhado de demonstrativo de débito e nota promissória, não é título executivo
extrajudicial. Informações do Inteiro Teor. De início, não se desconhece que a natureza jurídica do
contrato de abertura de crédito denominado Construcard, para fins de possibilitar, de pronto, a
execução do crédito devido, tem sido objeto de intensas divergências nos Tribunais de piso. Nessa
ordem de ideias, diante da notória divergência na interpretação da lei federal, mostra-se necessária a
definição do seu enquadramento como título apto ou não a amparar, de plano, a execução
extrajudicial. Nesse ponto, cabe definir que o Construcard é uma linha de crédito voltada às pessoas
físicas para a compra de material de construção, reforma ou ampliação de imóvel residencial, com
verbas disponibilizadas pela Caixa Econômica Federal, por meio de concessão de cartão magnético
específico que disponibiliza determinado crédito a ser usado pelos clientes na medida de suas
necessidades, com a previsão de prazo certo para sua utilização e outro para amortização da dívida.
Ao que se percebe, apesar de haver a disponibilização de quantia certa; esta poderá ou não ser
utilizada pelo cliente, não se sabendo, no momento da assinatura do contrato, qual será, ao certo, o
valor do débito, as parcelas devidas e a data de início da contagem dos encargos correspondentes.
Isso porque a apuração dependerá da efetiva utilização do crédito em momento posterior, o que o
faz se aproximar, de alguma forma, do crédito rotativo, em que linhas de crédito são abertas com
292
determinado limite e usadas pelos clientes na medida de suas necessidades, sendo os encargos
cobrados conforme a utilização dos recursos. Inexistindo, pois, certeza e liquidez no próprio
instrumento, exigências que não são alcançadas mediante a complementação unilateral do credor
com a apresentação de extratos bancários, porquanto não lhe é dado criar títulos executivos à revelia
do devedor, o presente contrato de abertura de crédito carece de exequibilidade. Não obstante esses
entendimentos, salienta-se, ainda, que a questão fundamental para afastar a exequibilidade do
Construcard encontra-se na forma de averiguação da sua liquidez, que dependerá sempre de
apuração com base em fatos e provas. Por fim, apesar da dissonância de entendimentos dos
Tribunais Regionais Federais quanto à executoriedade do Construcard, fato é que, no tocante à
monitória, todos são unânimes em aceitar o sobredito contrato como meio a ampará-la, sendo, por
conseguinte, a praxe adotada atualmente pela CEF na obtenção desses créditos.
Informativo nº 0580. Período: 2 a 13 de abril de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
SUBJACENTE À NOTA PROMISSÓRIA PRESCRITA PARA A INSTRUÇÃO DA AÇÃO DE
LOCUPLETAMENTO PAUTADA NO ART. 48 DO DECRETO N. 2.044/1908.
Independentemente da comprovação da relação jurídica subjacente, a simples apresentação de nota
promissória prescrita é suficiente para embasar a ação de locupletamento pautada no art. 48 do
Decreto n. 2.044/1908. Inicialmente, deve-se esclarecer que a ação de enriquecimento sem causa
amparada prevista no art. 884 do CC não tem cabimento no caso em que a lei preveja outro meio
especificamente estabelecido para o ressarcimento do prejuízo, haja vista o disposto no art. 886 do
CC: "Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se
ressarcir do prejuízo sofrido". Diante disso, no caso em que se busque o ressarcimento de prejuízo
causado pelo não pagamento de nota promissória prescrita, não será cabível a ação de
enriquecimento sem causa amparada a que se refere o art. 884 do CC, mas sim a ação de
locupletamento pautada no art. 48 do Decreto n. 2.044/1908. Isso porque o referido art. 48 -
conquanto disponha, em título do Decreto n. 2.044/1908 destinado à letra de câmbio, que "Sem
embargo da desoneração da responsabilidade cambial, o sacador ou o aceitante fica obrigado a
restituir ao portador, com os juros legais, a soma com a qual se locupletou à custa deste" - também é
aplicável, com as adequações necessárias, à nota promissória, sendo o emitente da nota promissória
equiparado ao aceitante da letra de câmbio. É o que determina o art. 56 deste mesmo diploma legal,
segundo o qual "São aplicáveis à nota promissória, com as modificações necessárias, todos os
dispositivos do Título I desta Lei, exceto os que se referem ao aceite e às duplicatas". Diante dessas
considerações, cumpre analisar, no caso em análise, a necessidade de o autor da ação de
locupletamento (art. 48 do Decreto n. 2.044/1908) fundada em nota promissória não paga e
prescrita ter que fazer (ou não) prova da causa jurídica subjacente. Preliminarmente, conquanto
293
exista controvérsia na doutrina acerca da natureza dessa ação de locupletamento, trata-se de uma
ação de natureza cambiária, na medida em que amparada no título de crédito que perdeu sua força
executiva (e não na relação jurídica que deu origem à sua emissão), além de estar prevista na
legislação de regência de tais títulos. Nesse contexto, ressalta-se que, além de a prescrição da ação
cambiária ser um dos elementos do suporte fático da regra jurídica insculpida no referido
dispositivo, uma vez prescrita a ação executiva, dá-se o enriquecimento injustificado em razão do
não pagamento e nascem a pretensão e a ação correspondente, conforme entendimento doutrinário.
Além disso, nota-se, com base na dicção do aludido art. 48, que a ação de locupletamento é
autorizada ao portador do título de crédito (que, alcançado pela prescrição, perdeu sua força
executiva). Ora, se o portador do título é o legitimado para a propositura da demanda, é certo não
ser necessária a demonstração da causa jurídica subjacente como condição para o ajuizamento dessa
ação, uma vez que, se pensarmos na hipótese de título que tenha circulado, o portador não teria
como fazer prova da relação jurídica subjacente. Dessa maneira, a posse, pelo portador, da nota
promissória não paga e prescrita gera a presunção juris tantum de veracidade do locupletamento
ilícito havido pelo não pagamento (em contrapartida ao empobrecimento do portador do título),
nada obstante seja assegurada a amplitude de defesa ao réu. REsp 1.323.468-DF, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2016, DJe 28/3/2016.
Informativo nº 0559. Período: 6 a 16 de abril de 2015. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. AVAL EM CÉDULAS DE CRÉDITO RURAL. Admite-se aval em cédulas de
crédito rural. Isso porque a proibição contida no § 3º do art. 60 do Decreto-Lei 167/1967 não se
refere ao caput (cédulas de crédito), mas apenas ao § 2º (nota promissória e duplicata rurais).
Dispõe o art. 60 do DL 167/1967 que "Aplicam-se à cédula de crédito rural, à nota promissória rural
e à duplicata rural, no que forem cabíveis, as normas de direito cambial, inclusive quanto a aval,
dispensado porém o protesto para assegurar o direito de regresso contra endossantes e seus
avalistas". O § 2º do referido artigo, por sua vez, impõe ser "nulo o aval dado em Nota Promissória
Rural ou Duplicata Rural, salvo quando dado pelas pessoas físicas participantes da empresa
emitente ou por outras pessoas jurídicas". Já o § 3º preceitua que "também são nulas quaisquer
outras garantias, reais ou pessoais, salvo quando prestadas pelas pessoas físicas participantes da
empresa emitente, por esta ou por outras pessoas jurídicas". Observe-se que a afirmação de que
"também são nulas" outras garantias só pode complementar dispositivo no qual haja referência a
outra nulidade, e o único dispositivo do citado artigo a fazer tal assertiva é o § 2º, no tocante à
nulidade do aval. É dizer que a afirmação de que "também são nulas" outras garantias não pode
mesmo dizer respeito ao caput, que não contém previsão alguma acerca de nulidade de garantias.
Frise-se, ademais, que os arts. 11, 17 e 18 do Decreto-Lei 167/1967 fazem referência textual a
garantias prestadas por terceiros em cédulas de crédito rural. De mais a mais, observa-se que as
294
DO CPC E RES. 8/2008-STJ). O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do
título. Com efeito, qualquer dívida resultante de documento público ou particular, tenha ou não
força executiva, submete-se ao prazo prescricional de cinco anos, que está previsto no art. 206, § 5º,
I, do CC. Cabe registrar que a nota promissória é título de crédito abstrato, isto é, pode ser emitida
em decorrência de qualquer negócio jurídico e o seu pagamento resulta na extinção da obrigação
originária. O art. 132 do CC ainda esclarece que, salvo disposição legal ou convencional em
contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo e incluído o do vencimento. Assim, o
termo inicial para a fluência do prazo prescricional para a perda da pretensão relativa ao crédito
concernente à obrigação originária corresponde ao dia seguinte àquele previsto na cártula para o
pagamento do título de crédito - quando, então, se pode cogitar inércia por parte do credor. REsp
1.262.056-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/12/2013.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. NOTA PROMISSÓRIA. PRÁTICA DE AGIOTAGEM. MÚTUO. REDUÇÃO DOS
JUROS AOS PARÂMETROS LEGAIS. REEXAME DA PROVA DOS AUTOS.
INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7/STJ. FALTA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 211/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. "Havendo prática de
agiotagem, devem ser declaradas nulas apenas as estipulações usurárias, conservando-se o negócio
jurídico de empréstimo pessoal entre pessoas físicas mediante redução dos juros aos limites legais"
(REsp n. 1.560.576/ES, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 02/08/2016, DJe 23/08/2016). 2. O recurso especial não comporta exame de questões
que impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos autos (Súmula n. 7 do STJ). 3. A
simples indicação dos dispositivos legais tidos por violados, sem enfrentamento do tema pelo
acórdão recorrido, obsta o conhecimento do recurso especial, por falta de prequestionamento
(Súmula n. 211 do STJ). 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp
1322146/PR, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em
06/12/2018, DJe 13/12/2018)
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO
FIRMADA EM NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA A CONTRATO DE CONFISSÃO DE
DÍVIDA. 1. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. AGRAVO INCABÍVEL. APLICAÇÃO DO ART.
1.042 DO NCPC. FUNDAMENTO INATACADO. 2. EXISTÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO.
3. AGRAVO DESPROVIDO 1. Os agravantes não trazem argumentos válidos capazes de infirmar
a referida decisão monocrática, limitando-se a repisar as mesmas alegações apresentadas nos
recursos anteriores acerca da questão de fundo, sem enfrentar, de forma concreta, o óbice apontado
na decisão agravada, circunstância que inviabiliza a análise do presente agravo interno. 2. A dívida
297
representada por título de crédito extrajudicial goza de presunção de liquidez e certeza, que somente
serão afastadas se o devedor provar a inexistência de negócio subjacente a embasá-lo. 3. Agravo
interno desprovido. (AgInt no AREsp 1293940/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/10/2018, DJe 25/10/2018)
DUPLICATA
SÚMULA 248 -Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas
protestada, é título hábil para instruir pedido de falência.
PROTESTO EXTRAJUDICIAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. OS TABELIÃES DEVEM VELAR PELA AUTENTICIDADE,
PUBLICIDADE E SEGURANÇA DOS ATOS. EM CASO DE PROTESTO DE TÍTULOS OU
OUTROS DOCUMENTOS DE DÍVIDA, O TABELIÃO, AINDA QUE O DEVEDOR RESIDA
EM MUNICÍPIO DIVERSO DAQUELE DA SERVENTIA, DEVE SEMPRE BUSCAR
EFETUAR A INTIMAÇÃO, POR VIA POSTAL. PROTESTO DE CÉDULA DE CRÉDITO
BANCÁRIO. POSSIBILIDADE DE SER REALIZADO NO CARTÓRIO DE PROTESTO DO
DOMICÍLIO DO DEVEDOR OU NO CARTÓRIO EM QUE SE SITUA A PRAÇA DE
PAGAMENTO INDICADA NO TÍTULO, CABENDO A ESCOLHA AO CREDOR. Para fins do
art. 543-C do CPC: 1. O tabelião, antes de intimar o devedor por edital, deve esgotar os meios de
localização, notadamente por meio do envio de intimação por via postal, no endereço fornecido por
aquele que procedeu ao apontamento do protesto; 2. É possível, à escolha do credor, o protesto de
cédula de crédito bancário garantida por alienação fiduciária, no tabelionato em que se situa a praça
de pagamento indicada no título ou no domicílio do devedor. 3. No caso concreto, recurso especial
provido. (REsp 1398356/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Rel. p/
Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe
30/03/2016)
RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.
INCIDÊNCIA DE ISS SOBRE ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO. QUESTÃO
PACIFICADA PELO STF POR OCASIÃO DO JULGAMENTO DO RE 592.905/SC, REL. MIN.
EROS GRAU, DJE 05.03.2010. SUJEITO ATIVO DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA NA
VIGÊNCIA DO DL 406/68: MUNICÍPIO DA SEDE DO ESTABELECIMENTO PRESTADOR.
APÓS A LEI 116/03: LUGAR DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. LEASING. CONTRATO
COMPLEXO. A CONCESSÃO DO FINANCIAMENTO É O NÚCLEO DO SERVIÇO NA
OPERAÇÃO DE LEASING FINANCEIRO, À LUZ DO ENTENDIMENTO DO STF. O
SERVIÇO OCORRE NO LOCAL ONDE SE TOMA A DECISÃO ACERCA DA APROVAÇÃO
DO FINANCIAMENTO, ONDE SE CONCENTRA O PODER DECISÓRIO, ONDE SE SITUA A
298
combatidas por meio da fiscalização e não do afastamento da norma legal, o que traduziria
verdadeira quebra do princípio da legalidade tributária. 6. Após a vigência da LC 116/2003 é que se
pode afirmar que, existindo unidade econômica ou profissional do estabelecimento prestador no
Município onde o serviço é perfectibilizado, ou seja, onde ocorrido o fato gerador tributário, ali
deverá ser recolhido o tributo. 7. O contrato de leasing financeiro é um contrato complexo no qual
predomina o aspecto financeiro, tal qual assentado pelo STF quando do julgamento do RE
592.905/SC, Assim, há se concluir que, tanto na vigência do DL 406/68 quanto na vigência da LC
116//203, o núcleo da operação de arrendamento mercantil, o serviço em si, que completa a relação
jurídica, é a decisão sobre a concessão, a efetiva aprovação do financiamento. 8. As grandes
empresas de crédito do País estão sediadas ordinariamente em grandes centros financeiros de
notável dinamismo, onde centralizam os poderes decisórios e estipulam as cláusulas contratuais e
operacionais para todas suas agências e dependências. Fazem a análise do crédito e elaboram o
contrato, além de providenciarem a aprovação do financiamento e a consequente liberação do valor
financeiro para a aquisição do objeto arrendado, núcleo da operação. Pode-se afirmar que é no local
onde se toma essa decisão que se realiza, se completa, que se perfectibiliza o negócio. Após a
vigência da LC 116.2003, assim, é neste local que ocorre a efetiva prestação do serviço para fins de
delimitação do sujeito ativo apto a exigir ISS sobre operações de arrendamento mercantil. 9. O
tomador do serviço ao dirigir-se à concessionária de veículos não vai comprar o carro, mas apenas
indicar à arrendadora o bem a ser adquirido e posteriormente a ele disponibilizado. Assim, a entrega
de documentos, a formalização da proposta e mesmo a entrega do bem são procedimentos
acessórios, preliminares, auxiliares ou consectários do serviço cujo núcleo - fato gerador do tributo -
é a decisão sobre a concessão, aprovação e liberação do financiamento. 10. Ficam prejudicadas as
alegações de afronta ao art. 148 do CTN e ao art. 9o. do Decreto-Lei 406/68, que fundamente a sua
tese relativa à ilegalidade da base de cálculo do tributo. 11. No caso dos autos, o fato gerador
originário da ação executiva refere-se a período em que vigente a DL 406/68. A própria sentença
afirmou que a ora recorrente possui sede na cidade de Osasco/SP e não se discutiu a existência de
qualquer fraude relacionada a esse estabelecimento; assim, o Município de Tubarão não é
competente para a cobrança do ISS incidente sobre as operações realizadas pela empresa Potenza
Leasing S.A. Arrendamento Mercantil, devendo ser dado provimento aos Embargos do Devedor,
com a inversão dos ônus sucumbenciais. 12. Recurso Especial parcialmente provido para definir
que: (a) incide ISSQN sobre operações de arrendamento mercantil financeiro; (b) o sujeito ativo da
relação tributária, na vigência do DL 406/68, é o Município da sede do estabelecimento prestador
(art. 12); (c) a partir da LC 116/03, é aquele onde o serviço é efetivamente prestado, onde a relação
é perfectibilizada, assim entendido o local onde se comprove haver unidade econômica ou
profissional da instituição financeira com poderes decisórios suficientes à concessão e aprovação do
300
financiamento - núcleo da operação de leasing financeiro e fato gerador do tributo; (d) prejudicada a
análise da alegada violação ao art. 148 do CTN; (e) no caso concreto, julgar procedentes os
Embargos do Devedor, com a inversão dos ônus sucumbenciais, ante o reconhecimento da
ilegitimidade ativa do Município de Tubarão/SC para a cobrança do ISS. Acórdão submetido ao
procedimento do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. (REsp 1060210/SC, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/11/2012, DJe
05/03/2013)
DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DUPLICATA RECEBIDA POR ENDOSSO-
MANDATO. PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO. NECESSIDADE DE
CULPA. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC: Só responde por danos materiais e morais o
endossatário que recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os
poderes de mandatário ou em razão de ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da
ciência acerca do pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula. 2. Recurso especial não
provido. (REsp 1063474/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 28/09/2011, DJe 17/11/2011)
DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DUPLICATA DESPROVIDA DE CAUSA
RECEBIDA POR ENDOSSO TRANSLATIVO. PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO
ENDOSSATÁRIO. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC: O endossatário que recebe, por endosso
translativo, título de crédito contendo vício formal, sendo inexistente a causa para conferir lastro a
emissão de duplicata, responde pelos danos causados diante de protesto indevido, ressalvado seu
direito de regresso contra os endossantes e avalistas. 2. Recurso especial não provido. (REsp
1213256/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
28/09/2011, DJe 14/11/2011)
Informativo nº 0581. Período: 14 a 28 de abril de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. EMISSÃO DE DUPLICATA COM BASE EM MAIS DE UMA NOTA
FISCAL. Uma só duplicata pode corresponder à soma de diversas notas fiscais parciais. A nota
fiscal é o documento comprobatório da realização de um negócio jurídico sujeito à fiscalização
tributária relativo a bens móveis ou semoventes. Assim, faz prova da entrada e saída de mercadorias
de estabelecimentos empresariais, acompanhando a sua entrega aos destinatários. A fatura, por
outro lado, consiste em nota representativa de contratos de compra e venda mercantis ou de
prestação de serviços, devendo haver, entre outras identificações, a discriminação das mercadorias
vendidas e dos preços negociados e a menção à natureza dos serviços prestados. Pode, ainda, conter
somente a indicação dos números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas,
301
despachos ou entregas das mercadorias (arts. 1º, caput e § 1º, e 20 da Lei n. 5.474/1968). Nas
vendas a prazo, ou seja, naquelas cujo pagamento é feito após 30 (trinta) dias, a extração da fatura é
obrigatória, sendo o termo inicial do prazo a data da entrega ou do despacho das mercadorias. Já a
duplicata é de extração facultativa, podendo ser materializada no ato da emissão da fatura,
constituindo o título de crédito genuíno para documentar o saque do vendedor pela importância
faturada ao comprador (art. 2º da Lei n. 5.474/1968). Ademais, nos termos do art. 2º, § 2º, da Lei n.
5.474/1968, uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. Nesse sentido, o
seguinte precedente que reconheceu a inidoneidade de duplicata vinculada a mais de uma fatura
(REsp 577.785-SC, Terceira Turma, DJ 17/12/2004). Todavia, apesar de a duplicata só poder
espelhar uma fatura, esta pode corresponder à soma de diversas notas parciais. A nota parcial é o
documento representativo de uma venda parcial ou de venda realizada dentro do lapso de um mês,
que poderá ser agrupada a outras vendas efetivadas nesse período pelo mesmo comprador. REsp
1.356.541-MG, Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/4/2016, DJe 13/4/2016.
Informativo nº 0580. Período: 2 a 13 de abril de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. DUPLICATA MERCANTIL E ACEITE LANÇADO EM SEPARADO. O aceite
lançado em separado da duplicata mercantil não imprime eficácia cambiária ao título. O aceite
promovido na duplicata mercantil corresponde ao reconhecimento, pelo sacado (comprador), da
legitimidade do ato de saque feito pelo sacador (vendedor), a desvincular o título do componente
causal de sua emissão (compra e venda mercantil a prazo). Após o aceite, não é permitido ao sacado
reclamar de vícios do negócio causal realizado, sobretudo porque os princípios da abstração e da
autonomia passam a reger as relações, doravante cambiárias. Assim, na duplicata, quando o sacado
promover o aceite no título, a dívida, que era somente obrigacional, passará também a ser
cambiária, permitindo o acesso à via executiva, na medida em que nascerá um legítimo título
executivo extrajudicial (art. 15, I, da Lei n. 5.474/1968). Em outras palavras, o aceite na duplicata
mercantil transforma o comprador (relação de compra e venda mercantil a prazo) em devedor
cambiário do sacador ou, ainda, do endossatário, caso o título tenha sido posto em circulação por
meio do endosso. Cumpre ressaltar, ademais, que mesmo as duplicatas sem aceite podem possuir
força executiva se protestadas e acompanhadas dos comprovantes de entrega de mercadorias, em
não havendo recusa do aceite pelo sacado (art. 15, II, da Lei n. 5.474/1968). No que tange à forma
do aceite, não há como afastar uma de suas características intrínsecas, que é o formalismo. Desse
modo, esse ato deve ser formal e se aperfeiçoar na própria cártula, em observância ao que dispõe o
art. 25 da Lei Uniforme de Genebra (Decreto n. 57.663/1966): "O aceite é escrito na própria letra.
Exprime-se pela palavra 'aceite' ou qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado pelo
sacado. Vale como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra", incidindo
o princípio da literalidade. Não pode, portanto, o aceite ser dado verbalmente ou em documento em
302
executiva (e não na relação jurídica que deu origem à sua emissão), além de estar prevista na
legislação de regência de tais títulos. Nesse contexto, ressalta-se que, além de a prescrição da ação
cambiária ser um dos elementos do suporte fático da regra jurídica insculpida no referido
dispositivo, uma vez prescrita a ação executiva, dá-se o enriquecimento injustificado em razão do
não pagamento e nascem a pretensão e a ação correspondente, conforme entendimento doutrinário.
Além disso, nota-se, com base na dicção do aludido art. 48, que a ação de locupletamento é
autorizada ao portador do título de crédito (que, alcançado pela prescrição, perdeu sua força
executiva). Ora, se o portador do título é o legitimado para a propositura da demanda, é certo não
ser necessária a demonstração da causa jurídica subjacente como condição para o ajuizamento dessa
ação, uma vez que, se pensarmos na hipótese de título que tenha circulado, o portador não teria
como fazer prova da relação jurídica subjacente. Dessa maneira, a posse, pelo portador, da nota
promissória não paga e prescrita gera a presunção juris tantum de veracidade do locupletamento
ilícito havido pelo não pagamento (em contrapartida ao empobrecimento do portador do título),
nada obstante seja assegurada a amplitude de defesa ao réu. REsp 1.323.468-DF, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2016, DJe 28/3/2016.
Informativo nº 0564. Período: 15 a 30 de junho de 2015. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. OPOSIÇÃO DE EXCEÇÕES PESSOAIS A EMPRESA DE FACTORING. O
sacado pode opor à faturizadora a qual pretende lhe cobrar duplicata recebida em operação de
factoring exceções pessoais que seriam passíveis de contraposição ao sacador, ainda que o sacado
tenha eventualmente aceitado o título de crédito. Na operação de factoring, em que há envolvimento
mais profundo entre faturizada e faturizadora, não se opera um simples endosso, mas a negociação
de um crédito cuja origem é - ou pelo menos deveria ser - objeto de análise pela faturizadora. Nesse
contexto, a faturizadora não pode ser equiparada a um terceiro de boa-fé a quem o título pudesse ser
transferido por endosso. De fato, na operação de factoring, há verdadeira cessão de crédito, e não
mero endosso, ficando autorizada a discussão da causa debendi, na linha do que determina o art.
294 do CC, segundo o qual: "O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem,
bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente".
Provada a ausência de causa para a emissão das duplicatas, não há como a faturizadora exigir do
sacado o pagamento respectivo. Cabe ressaltar, por oportuno, que a presunção favorável à
existência de causa que resulta do aceite lançado nas duplicatas não se mostra absoluta e deve ceder
quando apresentada exceção pessoal perante o credor originário ou seu faturizador. Precedente
citado: REsp 612.423-DF, Terceira Turma, DJ 26/6/2006. REsp 1.439.749-RS, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 2/6/2015, DJe 15/6/2015.
Informativo nº 0547. Período: 8 de outubro de 2014. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. INSTRUÇÃO DO PEDIDO DE FALÊNCIA COM DUPLICATAS VIRTUAIS.
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A duplicata virtual protestada por indicação é título executivo apto a instruir pedido de falência com
base na impontualidade do devedor. Isso porque o art. 94, I, da Lei de Falências (Lei 11.101/2005)
não estabelece nenhuma restrição quanto à cartularidade do título executivo que embasa um pedido
de falência. REsp 1.354.776-MG, Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014.
Informativo nº 0535. Período: 12 de março de 2014. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. DIREITO DE REGRESSO RELACIONADO A CONTRATO DE
FACTORING. A faturizadora tem direito de regresso contra a faturizada que, por contrato de
factoring vinculado a nota promissória, tenha cedido duplicatas sem causa subjacente. Por um lado,
a doutrina é praticamente unânime no sentido de que a faturizadora não tem direito de regresso
contra a faturizada com base no inadimplemento dos títulos transferidos, haja vista que esse risco é
da essência do contrato de factoring e por ele a faturizada paga preço até mais elevado do que
pagaria, por exemplo, em um contrato de desconto bancário, no qual a instituição financeira não
garante a solvência dos títulos descontados. Por outro lado, essa circunstância não tem o alcance de
afastar toda e qualquer responsabilidade da cedente em relação à existência do crédito, haja vista
que tal garantia é própria da cessão de crédito comum - pro soluto. É por isso que a doutrina, de
forma uníssona, afirma que no contrato de factoring e na cessão de crédito ordinária a
faturizada/cedente não garante a solvência do crédito, mas a sua existência sim. Cuida-se, na
verdade, de expressa disposição legal, nos termos do que dispõem os arts. 295 e 296 do CC. Nesse
passo, o direito de regresso da faturizadora contra a faturizada deve ser garantido quando estiver em
questão não um mero inadimplemento, mas a própria existência do crédito. Não reconhecer tal
responsabilidade quando o cedente vende crédito inexistente ou ilegítimo representa compactuar
com a fraude e a má-fé. É bem verdade que há precedentes do STJ que não permitiram o regresso
da faturizadora, em situações que, aparentemente, diziam respeito a duplicatas frias. Em todas essas
hipóteses, porém, inexiste nota promissória emitida como garantia do negócio jurídico relacionado
ao factoring, o que diferencia os julgados do caso em exame. Por sua vez, em reforço à tese ora
adotada, há outros precedentes que permitiram, inclusive, o pedido de falência com base em nota
promissória recebida como garantia de duplicatas apontadas como frias endossadas a sociedades de
factoring. REsp 1.289.995-PE, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em 20/2/2014.
Informativo nº 0534. Período: 26 de fevereiro de 2014. SEXTA TURMA. DIREITO
PENAL. CONFIGURAÇÃO DO DELITO DE DUPLICATA SIMULADA. O delito de duplicata
simulada, previsto no art. 172 do CP (redação dada pela Lei 8.137/1990), configura-se quando o
agente emite duplicata que não corresponde à efetiva transação comercial, sendo típica a conduta
ainda que não haja qualquer venda de mercadoria ou prestação de serviço. O art. 172 do CP, em sua
redação anterior, assim estabelecia a figura típica do delito de duplicata simulada: "Expedir ou
aceitar duplicata que não corresponda, juntamente com a fatura respectiva, a uma venda efetiva de
305
bens ou a uma real prestação de serviço". Com o advento da Lei 8.137/1990, alterou-se a redação
do dispositivo legal, que passou a assim prever: "Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado". Conforme
se depreende de entendimento doutrinário e jurisprudencial, a alteração do artigo pretendeu abarcar
não apenas os casos em que há discrepância qualitativa ou quantitativa entre o que foi vendido ou
prestado e o que consta na duplicata, mas também aqueles de total ausência de venda de bens ou
prestação de serviço. Dessa forma, observa-se que o legislador houve por bem ampliar a antiga
redação daquele dispositivo, que cuidava apenas da segunda hipótese, mais grave, de modo a
também punir o emitente quando houver a efetiva venda de mercadoria, embora em quantidade ou
qualidade diversas. Precedente citado: REsp 443.929-SP, Sexta Turma, DJ 25/6/2007. REsp
1.267.626-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/12/2013.
Informativo nº 0506. Período: 4 a 17 de outubro de 2012. QUARTA TURMA. DIREITO
CIVIL. PROTESTO EXTRAJUDICIAL DE DUPLICATAS. LOCAL A SER TIRADO O
PROTESTO. PRAÇA DE PAGAMENTO CONSTANTE NO TÍTULO. O protesto de duplicata
será tirado na praça de pagamento constante no título, a teor do § 3º do art. 13 da Lei n. 5.474/1968.
Não é no domicílio do devedor da obrigação cambiária que deve ser tirado o protesto, mas sim na
praça de pagamento constante no título. REsp 1.015.152-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 9/10/2012.
Informativo nº 0502. Período: 13 a 24 de agosto de 2012. SEGUNDA SEÇÃO.
EXECUÇÃO. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO. A Seção entendeu que
as duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica podem ser
protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o
ajuizamento da execução, conforme previsto no art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997. Os
boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual devidamente acompanhados dos
instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria ou da
prestação dos serviços suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em
princípio, títulos executivos extrajudiciais. EREsp 1.024.691-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgados
em 22/8/2012.
Informativo nº 0484. Período: 26 de setembro a 7 de outubro de 2011. SEGUNDA SEÇÃO.
REPETITIVO. DUPLICATA. ENDOSSO-MANDATO. PROTESTO. RESPONSABILIDADE.
Trata-se de REsp sob o regime do art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ, no qual a Seção
entendeu que só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de crédito
por endosso-mandato e o leva a protesto, extrapolando os poderes do mandatário em razão de ato
culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento anterior ou
da falta de higidez da cártula. Precedentes citados: AgRg no Ag 552.667-RJ, DJ 23/8/2004; AgRg
306
5.474/1968, uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. Nesse sentido, o
seguinte precedente que reconheceu a inidoneidade de duplicata vinculada a mais de uma fatura
(REsp 577.785-SC, Terceira Turma, DJ 17/12/2004). Todavia, apesar de a duplicata só poder
espelhar uma fatura, esta pode corresponder à soma de diversas notas parciais. A nota parcial é o
documento representativo de uma venda parcial ou de venda realizada dentro do lapso de um mês,
que poderá ser agrupada a outras vendas efetivadas nesse período pelo mesmo comprador. REsp
1.356.541-MG, Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/4/2016, DJe 13/4/2016.
CHEQUE
SÚMULA – 572 - O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de
Cheques sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca
da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de
danos fundadas na ausência de prévia comunicação.
SÚMULA - 531 Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o
emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
SÚMULA 503 O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque
sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
SÚMULA 388 A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.
SÚMULA 370 Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
SÚMULA 299 É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
SÚMULA 244 Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato
mediante cheque sem provisão de fundos.
SÚMULA 48 compete ao juizo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar
crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. AÇÃO DE PRESTAÇÃO
DE CONTAS. SEGUNDA FASE. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA
CORRENTE. JUROS REMUNERATÓRIOS E CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS.
IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DOS ENCARGOS CONTRATUAIS, QUE DEVEM SER
MANTIDOS NOS TERMOS EM QUE PRATICADOS NO CONTRATO BANCÁRIO SEM
PREJUÍZO DA POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO DE AÇÃO REVISIONAL. 1. Tese para
os efeitos do art. 543-C do Código de Processo Civil de 1973: - Impossibilidade de revisão de
cláusulas contratuais em ação de prestação de contas. 2. O titular da conta-corrente bancária tem
interesse processual para propor ação de prestação de contas, a fim de exigir do banco que esclareça
qual o destino do dinheiro que depositou, a natureza e o valor dos créditos e débitos efetivamente
ocorridos em sua conta, apurando-se, ao final, o saldo credor ou devedor. Exegese da Súmula 259.
311
3. O rito especial da ação de prestação de contas não comporta a pretensão de alterar ou revisar
cláusula contratual, em razão das limitações ao contraditório e à ampla defesa. 4. Essa
impossibilidade de se proceder à revisão de cláusulas contratuais diz respeito a todo o procedimento
da prestação de contas, ou seja, não pode o autor da ação deduzir pretensões revisionais na petição
inicial (primeira fase), conforme a reiterada jurisprudência do STJ, tampouco é admissível tal
formulação em impugnação às contas prestadas pelo réu (segunda fase). 5. O contrato de conta-
corrente com abertura de limite de crédito automático (cheque especial) é negócio jurídico
complexo. Se o cliente não utiliza o limite de crédito, não há dúvida de que o banco está
empregando o dinheiro do correntista na compensação dos cheques, ordens de pagamento e
transferências por ele autorizadas. Havendo utilização do limite do cheque especial, concretiza-se
contrato de empréstimo, cuja possibilidade era apenas prevista no contrato de abertura da conta. 6.
A taxa de juros do empréstimo tomado ao banco não diz respeito à administração dos recursos
depositados pelo autor da ação. Ela compreende a remuneração do capital emprestado e flutua,
conforme as circunstâncias do mercado e as vicissitudes particulares, em cada momento, da
instituição financeira e do cliente. A taxa de juros em tal tipo de empréstimo é informada por meios
diversos, como extratos, internet e atendimento telefônico. 7. Não se sendo a ação de prestação de
contas instrumento processual adequado à revisão de contrato de mútuo (REsp. 1.293.558/PR,
julgado sob o rito do art. 543-C do CPC/1973, relator Ministro Luís Felipe Salomão), da mesma
forma não se presta esse rito especial para a revisão de taxas de juros e demais encargos de
empréstimos obtidos por meio de abertura de limite de crédito em conta-corrente. 8. O contrato
bancário que deve nortear a prestação de contas e o respectivo julgamento - sem que caiba a sua
revisão no rito especial - não é o simples formulário assinado no início do relacionamento, mas todo
o conjunto de documentos e práticas que alicerçaram a relação das partes ao longo dos anos. Esse
feixe de obrigações e direitos não cabe alterar no exame da ação de prestação de contas. 9. Caso
concreto: incidência do óbice da Súmula n. 283 do STF, no tocante à alegação de decadência quanto
ao direito de impugnar as contas. No mérito, o Tribunal de origem, ao decidir substituir a taxa de
juros remuneratórios aplicada ao longo da relação contratual e excluir a capitalização dos juros, ao
fundamento de que não houve comprovação da pactuação de tais encargos, efetuou, na realidade,
revisão do contrato de abertura de crédito em conta corrente, o que não é compatível com o rito da
prestação de contas. 10. Recurso especial a que se dá parcial provimento para manter os juros
remuneratórios e a capitalização nos termos em que praticados no contrato em exame, sem prejuízo
da possibilidade de ajuizamento de ação revisional. (REsp 1497831/PR, Rel. Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO, Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 14/09/2016, DJe 07/11/2016)
312
inscrição no referido cadastro, obrigação que incumbe ao banco sacado, junto ao qual o correntista
mantém relação contratual". 2. Mostra-se equivocada a comparação entre a função, de interesse
predominantemente privado, de serviço de proteção ao crédito comercial, que opera com recursos
privados de cada empresário ou sociedade empresária, sem risco sistêmico, e a função, de interesse
público relevante, desempenhada pelo operador do CCF, de proteção de todo o sistema financeiro, o
qual opera com recursos captados com a população (economia popular). 3. Recurso especial
desprovido. (REsp 1354590/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
09/09/2015, DJe 15/09/2015)
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA EM CHEQUE
PRESCRITO. PRAZO QUINQUENAL PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO. INCIDÊNCIA DA
REGRA PREVISTA NO ART. 206, § 5º, INCISO I, DO CÓDIGO CIVIL. 1. Para fins do art. 543-
C do Código de Processo Civil: "O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente
de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada
na cártula". 2. Recurso especial provido. (REsp 1101412/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013, DJe 03/02/2014)
DIREITO BANCÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CÉDULA DE CRÉDITO
BANCÁRIO VINCULADA A CONTRATO DE CRÉDITO ROTATIVO. EXEQUIBILIDADE.
LEI N. 10.931/2004. POSSIBILIDADE DE QUESTIONAMENTO ACERCA DO
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS RELATIVOS AOS DEMONSTRATIVOS DA
DÍVIDA. INCISOS I E II DO § 2º DO ART. 28 DA LEI REGENTE.
1. Para fins do art. 543-C do CPC: A Cédula de Crédito Bancário é título executivo
extrajudicial, representativo de operações de crédito de qualquer natureza, circunstância que
autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em conta-corrente, nas modalidades de
crédito rotativo ou cheque especial. O título de crédito deve vir acompanhado de claro
demonstrativo acerca dos valores utilizados pelo cliente, trazendo o diploma legal, de maneira
taxativa, a relação de exigências que o credor deverá cumprir, de modo a conferir liquidez e
exequibilidade à Cédula (art. 28, § 2º, incisos I e II, da Lei n. 10.931/2004). 3. No caso concreto,
recurso especial não provido. (REsp 1291575/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/08/2013, DJe 02/09/2013)
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA
MULTITUDINÁRIA. SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. AÇÃO RESCISÓRIA
PROPOSTA POR CONSÓRCIO NACIONAL FORD LTDA COM O OBJETIVO DE
RESCINDIR ACÓRDÃO QUE O CONDENOU À RESTITUIÇÃO DAS COTAS DE
314
jurídico no pagamento (arts. 304 a 306 do CC). 4. Por um lado, muito embora o art. 304 do CC
assegure que pode o interessado pagar a dívida, interesse caracterizado pelo fato de a situação
jurídica do terceiro sofrer repercussões com a relação obrigacional existente entre o credor e o
devedor, o art. 305 do mesmo diploma legal disciplina a situação de o terceiro não interessado pagar
em seu próprio nome, e o art. 306 do diploma civilista cuida da hipótese de pagamento feito por
terceiro com desconhecimento ou oposição do devedor. 5. Por outro lado, é nítido que o banco autor
da ação tem interesse jurídico, já que tem o dever de não causar danos à consumidora,
reconhecendo haver verossimilhança na afirmação de sua cliente acerca de extravio do talonário e
de sua falha na devolução do cheque, constando como motivo a inexistência de fundos (o que
propiciou o protesto a envolver o nome de sua cliente). 6. É patente a idoneidade do instrumento
processual utilizado, pois o autor expõe na inicial não ter sido possível localizar a portadora do
título levado a protesto, para quitação da obrigação e resgate da cártula protestada. Nesse passo,
quando a extinção da obrigação decorrer de processo judicial, o cancelamento do registro do
protesto poderá ser requerido com a apresentação da certidão expedida pelo juízo processante, com
elementos que identifiquem o documento de dívida protestado com menção do trânsito em julgado,
que substituirá o documento protestado (art. 26, § 4º, da Lei n. 9.492/1997). 7. Recurso especial
provido. (REsp 1318747/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 04/10/2018, DJe 31/10/2018)
CONTRATO DE FRANQUIA
PROCESSO CIVIL. ALEGAÇÃO DE SENTENÇA CITRA PETITA. AUSÊNCIA DE
INTERESSE RECURSAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. ISS. EMPRESA FRANQUEADA QUE PRESTA
319
fls. 30 e seguintes com uma característica franquia." 7. A alegada violação dos arts. 128 e 535 do
CPC, ao argumento de omissão no tocante a pedidos declinados na inicial, não restou configurada,
uma vez que, não tendo havido sucumbência da recorrente, mostra-se ausente seu interesse recursal.
Ademais, manifestou-se o acórdão recorrido quanto à questão, no sentido de que "verifica-se que o
pedido da autora restringe-se à restituição dos valores eventualmente recolhidos a título de ISS,
caso houvesse pagamento durante o trâmite da lide, o que de fato não ocorreu." 8. A admissão do
recurso especial pela alínea "c" do permissivo constitucional exige a demonstração do dissídio na
forma prevista pelo RISTJ, com a demonstração analítica das circunstâncias que assemelham os
casos confrontados, bem como pela juntada de certidão ou de cópia integral do acórdão paradigma,
ou, ainda, a citação do repertório oficial de jurisprudência que o publicou. In casu, o dissídio
jurisprudencial não restou demonstrado nos moldes exigidos pelo RISTJ. 9. Recurso Especial
parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do
CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1131872/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010)
Informativo nº 0591. Período: 4 a 18 de outubro de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. INCIDÊNCIA DO ART. 4º, § 2º, DA LEI DE ARBITRAGEM EM
CONTRATOS DE FRANQUIA. Em contrato de franquia, "a cláusula compromissória só terá
eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com
a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou
visto especialmente para essa cláusula" (art. 4º, § 2º, da Lei de Arbitragem). Inicialmente, no
contrato de franquia não há uma relação de consumo tutelada pelo CDC, mas de fomento
econômico, com intuito de estimular as atividades empresariais do franqueado (REsp 632.958-AL,
Quarta Turma, DJe 29/3/2010; e REsp 687.322-RJ, Terceira Turma, DJe 9/10/2006). Assim, não há
incidência das regras protetivas do CDC a esses contratos, não se admitindo a alegação de nulidade
do compromisso arbitral com base no disposto no art. 51, VII, do CDC, que proíbe a utilização
compulsória de arbitragem. Com fundamento em doutrina e em julgados do STJ, acrescente-se que
o contrato de franquia ou franchising é inegavelmente um contrato de adesão. Quanto à
diferenciação segundo a qual contratos "por adesão" são distintos de contratos "de adesão", essa
sutileza sintática é incapaz de representar alguma diferença semântica relevante, pois o Direito não
trata de forma distinta essas duas supostas categorias. Além de irrelevante para a resolução da
controvérsia a distinção semântica entre contratos "de adesão" e aqueles "por adesão", também não
há embasamento jurídico para limitar o alcance do disposto no art. 4º, § 2º, da Lei n. 9.307/1996
(Lei de Arbitragem) aos contratos representativos de relações de consumo. O contrato de adesão é
apenas uma técnica para a formação de contratos, quando exigências de economias de escala e de
uniformização do produto ou serviço se impõem a determinado segmento econômico, mas não é
321
tipo ou categoria autônoma de contrato. Não podemos, assim, limitar os contratos de adesão apenas
às relações de consumo, pois, como visto, é pacífico na jurisprudência do STJ que os contratos de
franquia não consubstanciam relações de consumo, mas utilizam essa técnica para a formação dos
contratos. Ao comentar especificamente o dispositivo em análise da Lei de Arbitragem, doutrina
entende que sua função não é outra que não a de favorecer o contratante economicamente mais
fraco, a fim de evitar a imposição de arbitragem como mecanismo de solução de controvérsias, ao
prever requisitos para a validade do compromisso arbitral em contratos de adesão. Assim, com o §
2º do art. 4º da Lei de Arbitragem, busca-se evitar que a cláusula de compromisso arbitral seja
incluída de forma leviana entre todas as demais cláusulas do contrato. Por força dessa regra
específica, todos os contratos de adesão, mesmo aqueles que não consubstanciam relações de
consumo, como os contratos de franquia, devem observar o disposto no art. 4º, § 2º, da Lei de
Arbitragem. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016, DJe 30/9/2016.
Informativo nº 0291. Período: 1º a 4 de agosto de 2006. SEGUNDA TURMA. ART. 2º, LEI
DE FRANQUIAS E ART. 110 DO CTN. RESP. A Lei Complementar n. 116/2003 incluiu no rol de
serviços a franquia (franchising). Outrossim, ainda que sob a alegação de violação do art. 110 do
CTN, descabe sua análise exegética em sede de recurso especial por se tratar da prevalência de
norma constitucional. Precedentes citados: REsp 550.099-SC, DJ 1º/2/2006; AgRg no REsp
741.435-SP, DJ 19/12/2005; AgRg no REsp 740.376-SP, DJ 12/12/2005, e AgRg no REsp 721.123-
SP, DJ 24/10/2005. REsp 840.211-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 3/8/2006.
CONTRATO DE LEASING
SÚMULA 564 - No caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro,
quando a soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o valor da
venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito de
receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de
outras despesas ou encargos pactuados.
SÚMULA 369 No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula
resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora.
SÚMULA 293 A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza
o contrato de arrendamento mercantil.
SÚMULA 138 O ISS incide na operação de arrendamento mercantil de coisas moveis.
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA.
ART. 543-C DO CPC. EXEQUIBILIDADE DE SENTENÇAS NÃO CONDENATÓRIAS.
ARTIGO 475-N, I, DO CPC. 1. Para fins do art. 543-C do CPC, firma-se a seguinte tese: "A
sentença, qualquer que seja sua natureza, de procedência ou improcedência do pedido, constitui
322
título executivo judicial, desde que estabeleça obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou
entregar coisa, admitida sua prévia liquidação e execução nos próprios autos". 2. No caso, não
obstante tenha sido reconhecida a relação obrigacional entre as partes, decorrente do contrato de
arrendamento mercantil, ainda é controvertida a existência ou não de saldo devedor - ante o
depósito de várias somas no decorrer do processo pelo executado - e, em caso positivo, qual o seu
montante atualizado. Sendo perfeitamente possível a liquidação da dívida previamente à fase
executiva do julgado, tal qual se dá com as decisões condenatórias carecedoras de liquidez, deve
prosseguir a execução, sendo certa a possibilidade de sua extinção se verificada a plena quitação do
débito exequendo. 3. Recurso especial provido. (REsp 1324152/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 04/05/2016, DJe 15/06/2016)
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE
FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. DIVERGÊNCIA.
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. JUROS COMPOSTOS. MEDIDA PROVISÓRIA 2.170-36/2001.
RECURSOS REPETITIVOS. CPC, ART. 543-C. TARIFAS ADMINISTRATIVAS PARA
ABERTURA DE CRÉDITO (TAC), E EMISSÃO DE CARNÊ (TEC). EXPRESSA PREVISÃO
CONTRATUAL. COBRANÇA. LEGITIMIDADE. PRECEDENTES. MÚTUO ACESSÓRIO
PARA PAGAMENTO PARCELADO DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS
(IOF). POSSIBILIDADE. 1. "A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir
pactuada de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior
ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada" (2ª
Seção, REsp 973.827/RS, julgado na forma do art. 543-C do CPC, acórdão de minha relatoria, DJe
de 24.9.2012). 2. Nos termos dos arts. 4º e 9º da Lei 4.595/1964, recebida pela Constituição como
lei complementar, compete ao Conselho Monetário Nacional dispor sobre taxa de juros e sobre a
remuneração dos serviços bancários, e ao Banco Central do Brasil fazer cumprir as normas
expedidas pelo CMN. 3. Ao tempo da Resolução CMN 2.303/1996, a orientação estatal quanto à
cobrança de tarifas pelas instituições financeiras era essencialmente não intervencionista, vale dizer,
"a regulamentação facultava às instituições financeiras a cobrança pela prestação de quaisquer tipos
de serviços, com exceção daqueles que a norma definia como básicos, desde que fossem
efetivamente contratados e prestados ao cliente, assim como respeitassem os procedimentos
voltados a assegurar a transparência da política de preços adotada pela instituição." 4. Com o início
da vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, a cobrança por serviços bancários
prioritários para pessoas físicas ficou limitada às hipóteses taxativamente previstas em norma
padronizadora expedida pelo Banco Central do Brasil. 5. A Tarifa de Abertura de Crédito (TAC) e a
Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) não foram previstas na Tabela anexa à Circular BACEN
3.371/2007 e atos normativos que a sucederam, de forma que não mais é válida sua pactuação em
323
contratos posteriores a 30.4.2008. 6. A cobrança de tais tarifas (TAC e TEC) é permitida, portanto,
se baseada em contratos celebrados até 30.4.2008, ressalvado abuso devidamente comprovado caso
a caso, por meio da invocação de parâmetros objetivos de mercado e circunstâncias do caso
concreto, não bastando a mera remissão a conceitos jurídicos abstratos ou à convicção subjetiva do
magistrado. 7. Permanece legítima a estipulação da Tarifa de Cadastro, a qual remunera o serviço
de "realização de pesquisa em serviços de proteção ao crédito, base de dados e informações
cadastrais, e tratamento de dados e informações necessários ao inicio de relacionamento decorrente
da abertura de conta de depósito à vista ou de poupança ou contratação de operação de crédito ou de
arrendamento mercantil, não podendo ser cobrada cumulativamente" (Tabela anexa à vigente
Resolução CMN 3.919/2010, com a redação dada pela Resolução 4.021/2011). 8. É lícito aos
contratantes convencionar o pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras e de Crédito (IOF)
por meio financiamento acessório ao mútuo principal, sujeitando-o aos mesmos encargos
contratuais. 9. Teses para os efeitos do art. 543-C do CPC: - 1ª Tese: Nos contratos bancários
celebrados até 30.4.2008 (fim da vigência da Resolução CMN 2.303/96) era válida a pactuação das
tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou outra denominação para o
mesmo fato gerador, ressalvado o exame de abusividade em cada caso concreto. - 2ª Tese: Com a
vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, a cobrança por serviços bancários
prioritários para pessoas físicas ficou limitada às hipóteses taxativamente previstas em norma
padronizadora expedida pela autoridade monetária. Desde então, não mais tem respaldo legal a
contratação da Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) e da Tarifa de Abertura de Crédito (TAC), ou
outra denominação para o mesmo fato gerador. Permanece válida a Tarifa de Cadastro
expressamente tipificada em ato normativo padronizador da autoridade monetária, a qual somente
pode ser cobrada no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira. - 3ª
Tese: Podem as partes convencionar o pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras e de
Crédito (IOF) por meio de financiamento acessório ao mútuo principal, sujeitando-o aos mesmos
encargos contratuais. 10. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1251331/RS, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/08/2013, DJe 24/10/2013)
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE
FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA. COMPENSAÇÃO/REPETIÇÃO SIMPLES DO INDÉBITO. RECURSOS
REPETITIVOS. TARIFAS BANCÁRIAS. TAC E TEC. EXPRESSA PREVISÃO
CONTRATUAL. COBRANÇA. LEGITIMIDADE. PRECEDENTES. FINANCIAMENTO DO
IOF. POSSIBILIDADE. 1. A comissão de permanência não pode ser cumulada com quaisquer
outros encargos remuneratórios ou moratórios (enunciados Súmulas 30, 294 e 472 do STJ). 2.
Tratando-se de relação de consumo ou de contrato de adesão, a compensação/repetição simples do
324
indébito independe da prova do erro (Enunciado 322 da Súmula do STJ). 3. Nos termos dos arts. 4º
e 9º da Lei 4.595/1964, recebida pela Constituição como lei complementar, compete ao Conselho
Monetário Nacional dispor sobre taxa de juros e sobre a remuneração dos serviços bancários, e ao
Banco Central do Brasil fazer cumprir as normas expedidas pelo CMN. 4. Ao tempo da Resolução
CMN 2.303/1996, a orientação estatal quanto à cobrança de tarifas pelas instituições financeiras era
essencialmente não intervencionista, vale dizer, "a regulamentação facultava às instituições
financeiras a cobrança pela prestação de quaisquer tipos de serviços, com exceção daqueles que a
norma definia como básicos, desde que fossem efetivamente contratados e prestados ao cliente,
assim como respeitassem os procedimentos voltados a assegurar a transparência da política de
preços adotada pela instituição." 5. Com o início da vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em
30.4.2008, a cobrança por serviços bancários prioritários para pessoas físicas ficou limitada às
hipóteses taxativamente previstas em norma padronizadora expedida pelo Banco Central do Brasil.
6. A Tarifa de Abertura de Crédito (TAC) e a Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) não foram
previstas na Tabela anexa à Circular BACEN 3.371/2007 e atos normativos que a sucederam, de
forma que não mais é válida sua pactuação em contratos posteriores a 30.4.2008. 7. A cobrança de
tais tarifas (TAC e TEC) é permitida, portanto, se baseada em contratos celebrados até 30.4.2008,
ressalvado abuso devidamente comprovado caso a caso, por meio da invocação de parâmetros
objetivos de mercado e circunstâncias do caso concreto, não bastando a mera remissão a conceitos
jurídicos abstratos ou à convicção subjetiva do magistrado. 8. Permanece legítima a estipulação da
Tarifa de Cadastro, a qual remunera o serviço de "realização de pesquisa em serviços de proteção ao
crédito, base de dados e informações cadastrais, e tratamento de dados e informações necessários ao
inicio de relacionamento decorrente da abertura de conta de depósito à vista ou de poupança ou
contratação de operação de crédito ou de arrendamento mercantil, não podendo ser cobrada
cumulativamente" (Tabela anexa à vigente Resolução CMN 3.919/2010, com a redação dada pela
Resolução 4.021/2011). 9. É lícito aos contratantes convencionar o pagamento do Imposto sobre
Operações Financeiras e de Crédito (IOF) por meio financiamento acessório ao mútuo principal,
sujeitando-o aos mesmos encargos contratuais. 10. Teses para os efeitos do art. 543-C do CPC: - 1ª
Tese: Nos contratos bancários celebrados até 30.4.2008 (fim da vigência da Resolução CMN
2.303/96) era válida a pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê
(TEC), ou outra denominação para o mesmo fato gerador, ressalvado o exame de abusividade em
cada caso concreto. - 2ª Tese: Com a vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, a
cobrança por serviços bancários prioritários para pessoas físicas ficou limitada às hipóteses
taxativamente previstas em norma padronizadora expedida pela autoridade monetária. Desde então,
não mais tem respaldo legal a contratação da Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) e da Tarifa de
Abertura de Crédito (TAC), ou outra denominação para o mesmo fato gerador. Permanece válida a
325
116//203, o núcleo da operação de arrendamento mercantil, o serviço em si, que completa a relação
jurídica, é a decisão sobre a concessão, a efetiva aprovação do financiamento. 8. As grandes
empresas de crédito do País estão sediadas ordinariamente em grandes centros financeiros de
notável dinamismo, onde centralizam os poderes decisórios e estipulam as cláusulas contratuais e
operacionais para todas suas agências e dependências. Fazem a análise do crédito e elaboram o
contrato, além de providenciarem a aprovação do financiamento e a consequente liberação do valor
financeiro para a aquisição do objeto arrendado, núcleo da operação. Pode-se afirmar que é no local
onde se toma essa decisão que se realiza, se completa, que se perfectibiliza o negócio. Após a
vigência da LC 116.2003, assim, é neste local que ocorre a efetiva prestação do serviço para fins de
delimitação do sujeito ativo apto a exigir ISS sobre operações de arrendamento mercantil. 9. O
tomador do serviço ao dirigir-se à concessionária de veículos não vai comprar o carro, mas apenas
indicar à arrendadora o bem a ser adquirido e posteriormente a ele disponibilizado. Assim, a entrega
de documentos, a formalização da proposta e mesmo a entrega do bem são procedimentos
acessórios, preliminares, auxiliares ou consectários do serviço cujo núcleo - fato gerador do tributo -
é a decisão sobre a concessão, aprovação e liberação do financiamento. 10. Ficam prejudicadas as
alegações de afronta ao art. 148 do CTN e ao art. 9o. do Decreto-Lei 406/68, que fundamente a sua
tese relativa à ilegalidade da base de cálculo do tributo. 11. No caso dos autos, o fato gerador
originário da ação executiva refere-se a período em que vigente a DL 406/68. A própria sentença
afirmou que a ora recorrente possui sede na cidade de Osasco/SP e não se discutiu a existência de
qualquer fraude relacionada a esse estabelecimento; assim, o Município de Tubarão não é
competente para a cobrança do ISS incidente sobre as operações realizadas pela empresa Potenza
Leasing S.A. Arrendamento Mercantil, devendo ser dado provimento aos Embargos do Devedor,
com a inversão dos ônus sucumbenciais. 12. Recurso Especial parcialmente provido para definir
que: (a) incide ISSQN sobre operações de arrendamento mercantil financeiro; (b) o sujeito ativo da
relação tributária, na vigência do DL 406/68, é o Município da sede do estabelecimento prestador
(art. 12); (c) a partir da LC 116/03, é aquele onde o serviço é efetivamente prestado, onde a relação
é perfectibilizada, assim entendido o local onde se comprove haver unidade econômica ou
profissional da instituição financeira com poderes decisórios suficientes à concessão e aprovação do
financiamento - núcleo da operação de leasing financeiro e fato gerador do tributo; (d) prejudicada a
análise da alegada violação ao art. 148 do CTN; (e) no caso concreto, julgar procedentes os
Embargos do Devedor, com a inversão dos ônus sucumbenciais, ante o reconhecimento da
ilegitimidade ativa do Município de Tubarão/SC para a cobrança do ISS. Acórdão submetido ao
procedimento do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. (REsp 1060210/SC, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/11/2012, DJe
05/03/2013)
328
ao sistema da incidência genérica sobre a circulação econômica, o imposto será recolhido pelo
comprador do bem que seja contribuinte do ICMS'. Daí também porque não se pode aplicar às
prestadoras de serviços de transporte aéreo, em relação às quais não incide o ICMS, como foi
decidido por esta Corte na ADI 1.600." (RE 461.968/SP). 4. Destarte, a incidência do ICMS,
mesmo no caso de importação, pressupõe operação de circulação de mercadoria (transferência da
titularidade do bem), o que não ocorre nas hipóteses de arrendamento em que há "mera promessa de
transferência pura do domínio desse bem do arrendante para o arrendatário". 5. A isonomia fiscal
impõe a submissão da orientação desta Corte ao julgado do Pretório Excelso, como técnica de
uniformização jurisprudencial, instrumento oriundo do Sistema da Common Law, reiterando a
jurisprudência desta Corte que, com base no artigo 3º, inciso VIII, da Lei Complementar 87/96,
propugna pela não incidência de ICMS sobre operação de leasing em que não se efetivou
transferência da titularidade do bem (circulação de mercadoria), quer o bem arrendado provenha do
exterior, quer não. 6. O Superior Tribunal de Justiça pode proceder ao juízo de admissibilidade do
recurso especial adesivo reputado prejudicado, uma vez provido o agravo de instrumento contra a
decisão denegatória de seguimento do recurso principal (Precedentes do STJ: AgRg no Ag
791.761/RS, Rel. Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em 05.02.2009, DJe 09.03.2009;
AgRg no AgRg no REsp 969.880/SP, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em
18.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 337.433/PR, Rel. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, Terceira
Turma, julgado em 04.11.2003, DJ 01.12.2003; REsp 264.954/SE, Rel. Ministro Carlos Alberto
Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 30.05.2001, DJ 20.08.2001; e REsp 93.537/SP, Rel.
Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 04.12.1997, DJ 16.02.1998).
7. Recurso especial adesivo da empresa provido, restando prejudicado o recurso principal manejado
pela Fazenda Nacional (que se dirige contra a base de cálculo do ICMS, determinada pelo Juízo a
quo). Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp
1131718/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2010, DJe
09/04/2010)
Lei n. 11.101/2005 às ações cíveis ilíquidas - como no caso em exame -, fixando a competência em
tais casos em favor do juízo cível competente, excluído o juízo universal falimentar. Precedentes:
CC 122.869/GO, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 22/10/2014, DJe
2/12/2014; CC 119.949/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em
12/9/2012, DJe 17/10/2012. 3. A Quarta Turma desta Corte Superior, por ocasião do julgamento do
AgRg no REsp 1.471.615/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, julgado em 16/9/2014, DJe 24/9/2014,
assentou que se fixa a competência do juízo cível competente, por exclusão do juízo universal
falimentar, tenha sido, ou não, a demanda ilíquida interposta antes da decretação da quebra ou da
recuperação judicial: "A decretação da falência, a despeito de instaurar o juízo universal falimentar,
não acarreta a suspensão nem a atração das ações que demandam quantia ilíquida: se elas já tinham
sido ajuizadas antes, continuam tramitando no juízo onde foram propostas; se forem ajuizadas
depois, serão distribuídas normalmente segundo as regras gerais de competência. Em ambos os
casos, as ações tramitarão no juízo respectivo até a eventual definição de crédito líquido." 4.
Aplicada a jurisprudência da Segunda Seção desta Corte Superior, no que concerne à relação
jurídica prévia - competência para resolver sobre demandas cíveis ilíquidas propostas contra massa
falida -, a resolução da segunda parte da questão de direito se revela simples. É que, tratando-se de
ação cível ilíquida na qual, além da massa falida, são requeridos o Estado de São Paulo e o
Município de São José dos Campos, pessoas jurídicas de direito público, será competente para
processar e julgar o feito o juízo cível competente para as ações contra a Fazenda Pública, segundo
as normas locais de organização judiciária. 5. Tese jurídica firmada: A competência para processar
e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra massa falida, quando em litisconsórcio
passivo com pessoa jurídica de direito público, é do juízo cível no qual for proposta a ação de
conhecimento, competente para julgar ações contra a Fazenda Pública, de acordo as respectivas
normas de organização judiciária. 6. Recurso especial conhecido e provido. 7. Recurso julgado sob
a sistemática do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015 e art. 256-N e seguintes do Regimento Interno
deste STJ. (REsp 1643873/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
13/12/2017, DJe 19/12/2017)
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO
CPC E RESOLUÇÃO STJ N. 8/2008. DIREITO EMPRESARIAL E CIVIL. RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. PROCESSAMENTO E CONCESSÃO. GARANTIAS PRESTADAS POR
TERCEIROS. MANUTENÇÃO. SUSPENSÃO OU EXTINÇÃO DE AÇÕES AJUIZADAS
CONTRA DEVEDORES SOLIDÁRIOS E COOBRIGADOS EM GERAL. IMPOSSIBILIDADE.
INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 6º, CAPUT, 49, § 1º, 52, INCISO III, E 59, CAPUT, DA LEI N.
11.101/2005. 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: "A recuperação judicial do devedor principal
não impede o prosseguimento das execuções nem induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas
332
contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou
fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a
novação a que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, § 1º, todos da Lei n.
11.101/2005". 2. Recurso especial não provido. (REsp 1333349/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/11/2014, DJe 02/02/2015)
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. REDIRECIONAMENTO DE EXECUÇÃO FISCAL
DE DÍVIDA ATIVA NÃO-TRIBUTÁRIA EM VIRTUDE DE DISSOLUÇÃO IRREGULAR DE
PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. ART. 10, DO DECRETO N. 3.078/19 E ART. 158, DA
LEI N. 6.404/78 - LSA C/C ART. 4º, V, DA LEI N. 6.830/80 - LEF. 1. A mera afirmação da
Defensoria Pública da União - DPU de atuar em vários processos que tratam do mesmo tema
versado no recurso representativo da controvérsia a ser julgado não é suficiente para caracterizar-
lhe a condição de amicus curiae. Precedente: REsp. 1.333.977/MT, Segunda Seção, Rel. Min. Isabel
Gallotti, julgado em 26.02.2014. 2. Consoante a Súmula n. 435/STJ: "Presume-se dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos
órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente". 3. É
obrigação dos gestores das empresas manter atualizados os respectivos cadastros, incluindo os atos
relativos à mudança de endereço dos estabelecimentos e, especialmente, referentes à dissolução da
sociedade. A regularidade desses registros é exigida para que se demonstre que a sociedade
dissolveu-se de forma regular, em obediência aos ritos e formalidades previstas nos arts. 1.033 à
1.038 e arts. 1.102 a 1.112, todos do Código Civil de 2002 - onde é prevista a liquidação da
sociedade com o pagamento dos credores em sua ordem de preferência - ou na forma da Lei n.
11.101/2005, no caso de falência. A desobediência a tais ritos caracteriza infração à lei. 4. Não há
como compreender que o mesmo fato jurídico "dissolução irregular" seja considerado ilícito
suficiente ao redirecionamento da execução fiscal de débito tributário e não o seja para a execução
fiscal de débito não-tributário. "Ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio". O suporte dado pelo
art. 135, III, do CTN, no âmbito tributário é dado pelo art. 10, do Decreto n. 3.078/19 e art. 158, da
Lei n. 6.404/78 - LSA no âmbito não-tributário, não havendo, em nenhum dos casos, a exigência de
dolo. 5. Precedentes: REsp. n. 697108 / MG, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
julgado em 28.04.2009; REsp. n. 657935 / RS , Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
julgado em 12.09.2006; AgRg no AREsp 8.509/SC, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe 4.10.2011; REsp 1272021 / RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 07.02.2012; REsp 1259066/SP, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 28/06/2012;
REsp.n. º 1.348.449 - RS, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11.04.2013;
AgRg no AG nº 668.190 - SP, Terceira Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
333
13.09.2011; REsp. n.º 586.222 - SP, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
23.11.2010; REsp 140564 / SP, Quarta Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, julgado em 21.10.2004.
6. Caso em que, conforme o certificado pelo oficial de justiça, a pessoa jurídica executada está
desativada desde 2004, não restando bens a serem penhorados. Ou seja, além do encerramento
irregular das atividades da pessoa jurídica, não houve a reserva de bens suficientes para o
pagamento dos credores. 7. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C
do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1371128/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/09/2014, DJe 17/09/2014)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. FALÊNCIA. HABILITAÇÃO. CRÉDITO DE NATUREZA ALIMENTAR.
ART. 24 DA LEI N. 8.906/1994. EQUIPARAÇÃO A CRÉDITO TRABALHISTA. 1. Para efeito
do art. 543-C do Código de Processo Civil: 1.1) Os créditos resultantes de honorários advocatícios
têm natureza alimentar e equiparam-se aos trabalhistas para efeito de habilitação em falência, seja
pela regência do Decreto-Lei n. 7.661/1945, seja pela forma prevista na Lei n. 11.101/2005,
observado, neste último caso, o limite de valor previsto no artigo 83, inciso I, do referido Diploma
legal. 1.2) São créditos extraconcursais os honorários de advogado resultantes de trabalhos
prestados à massa falida, depois do decreto de falência, nos termos dos arts. 84 e 149 da Lei n.
11.101/2005. 2. Recurso especial provido. (REsp 1152218/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/05/2014, DJe 09/10/2014)
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. RESOLUÇÃO N. 8/2008 DO STJ. EXECUÇÃO
FISCAL AJUIZADA CONTRA PESSOA JURÍDICA EMPRESARIAL. FALÊNCIA
DECRETADA ANTES DA PROPOSITURA DA AÇÃO EXECUTIVA. CORREÇÃO DO POLO
PASSIVO DA DEMANDA E DA CDA. POSSIBILIDADE, A TEOR DO DISPOSTO NOS
ARTS. 284 DO CPC E 2º, § 8º, DA LEI N. 6.830/80. HOMENAGEM AOS PRINCÍPIOS DA
CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DA
ORIENTAÇÃO FIXADA PELA SÚMULA 392 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. Na
forma dos precedentes deste Superior Tribunal de Justiça, "a mera decretação da quebra não implica
extinção da personalidade jurídica do estabelecimento empresarial. Ademais, a massa falida tem
exclusivamente personalidade judiciária, sucedendo a empresa em todos os seus direitos e
obrigações. Em consequência, o ajuizamento contra a pessoa jurídica, nessas condições, constitui
mera irregularidade, sanável nos termos do art. 284 do CPC e do art. 2º, § 8º, da Lei 6.830/1980"
(REsp 1.192.210/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 4/2/2011). 2. De fato, por
meio da ação falimentar, instaura-se processo judicial de concurso de credores, no qual será
334
realizado o ativo e liquidado o passivo, para, após, confirmados os requisitos estabelecidos pela
legislação, promover-se a dissolução da pessoa jurídica, com a extinção da respectiva
personalidade. A massa falida, como se sabe, não detém personalidade jurídica, mas personalidade
judiciária - isto é, atributo que permite a participação nos processos instaurados pela empresa, ou
contra ela, no Poder Judiciário. Nesse sentido: REsp 1.359.041/SE, Rel. Ministro Castro Meira,
Segunda Turma, julgado em 18/6/2013, DJe 28/6/2013; e EDcl no REsp 1.359.259/SE, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 2/5/2013, DJe 7/5/2013. 3. Desse
modo, afigura-se equivocada a compreensão segundo a qual a retificação da identificação do polo
processual - com o propósito de fazer constar a informação de que a parte executada se encontra em
estado falimentar - implicaria modificação ou substituição do polo passivo da obrigação fiscal. 4.
Por outro lado, atentaria contra os princípios da celeridade e da economia processual a imediata
extinção do feito, sem que se facultasse, previamente, à Fazenda Pública oportunidade para que
procedesse às retificações necessárias na petição inicial e na CDA. 5. Nesse sentido, é de se
promover a correção da petição inicial, e,igualmente, da CDA, o que se encontra autorizado, a teor
do disposto, respectivamente, nos arts. 284 do CPC e 2º, § 8º, da Lei n. 6.830/80. 6. Por fim,
cumpre pontuar que o entendimento ora consolidado por esta Primeira Seção não viola a orientação
fixada pela Súmula 392 do Superior Tribunal Justiça, mas tão somente insere o equívoco ora
debatido na extensão do que se pode compreender por "erro material ou formal", e não como
"modificação do sujeito passivo da execução", expressões essas empregadas pelo referido
precedente sumular. 7. Recurso especial provido para, afastada, no caso concreto, a tese de
ilegitimidade passiva ad causam, determinar o retorno dos autos ao Juízo de origem, a fim de que,
facultada à exequente a oportunidade para emendar a inicial, com base no disposto no art. 284 do
CPC, dê prosseguimento ao feito como entender de direito. Acórdão submetido ao regime estatuído
pelo art. 543-C do CPC e Resolução STJ 8/2008. (REsp 1372243/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 11/12/2013, DJe 21/03/2014)
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. DÍVIDAS
TRIBUTÁRIAS DA MATRIZ. PENHORA, PELO SISTEMA BACEN-JUD, DE VALORES
DEPOSITADOS EM NOME DAS FILIAIS. POSSIBILIDADE. ESTABELECIMENTO
EMPRESARIAL COMO OBJETO DE DIREITOS E NÃO COMO SUJEITO DE DIREITOS.
CNPJ PRÓPRIO DAS FILIAIS. IRRELEVÂNCIA NO QUE DIZ RESPEITO À UNIDADE
PATRIMONIAL DA DEVEDORA. 1. No âmbito do direito privado, cujos princípios gerais, à luz
do art. 109 do CTN, são informadores para a definição dos institutos de direito tributário, a filial é
uma espécie de estabelecimento empresarial, fazendo parte do acervo patrimonial de uma única
pessoa jurídica, partilhando dos mesmos sócios, contrato social e firma ou denominação da matriz.
335
Nessa condição, consiste, conforme doutrina majoritária, em uma universalidade de fato, não
ostentando personalidade jurídica própria, não sendo sujeito de direitos, tampouco uma pessoa
distinta da sociedade empresária. Cuida-se de um instrumento de que se utiliza o empresário ou
sócio para exercer suas atividades. 2. A discriminação do patrimônio da empresa, mediante a
criação de filiais, não afasta a unidade patrimonial da pessoa jurídica, que, na condição de devedora,
deve responder com todo o ativo do patrimônio social por suas dívidas, à luz de regra de direito
processual prevista no art. 591 do Código de Processo Civil, segundo a qual "o devedor responde,
para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as
restrições estabelecidas em lei". 3. O princípio tributário da autonomia dos estabelecimentos, cujo
conteúdo normativo preceitua que estes devem ser considerados, na forma da legislação específica
de cada tributo, unidades autônomas e independentes nas relações jurídico-tributárias travadas com
a Administração Fiscal, é um instituto de direito material, ligado à questão do nascimento da
obrigação tributária de cada imposto especificamente considerado e não tem relação com a
responsabilidade patrimonial dos devedores prevista em um regramento de direito processual, ou
com os limites da responsabilidade dos bens da empresa e dos sócios definidos no direito
empresarial. 4. A obrigação de que cada estabelecimento se inscreva com número próprio no CNPJ
tem especial relevância para a atividade fiscalizatória da administração tributária, não afastando a
unidade patrimonial da empresa, cabendo ressaltar que a inscrição da filial no CNPJ é derivada do
CNPJ da matriz. 5. Nessa toada, limitar a satisfação do crédito público, notadamente do crédito
tributário, a somente o patrimônio do estabelecimento que participou da situação caracterizada
como fato gerador é adotar interpretação absurda e odiosa. Absurda porque não se concilia, por
exemplo, com a cobrança dos créditos em uma situação de falência, onde todos os bens da pessoa
jurídica (todos os estabelecimentos) são arrecadados para pagamento de todos os credores, ou com a
possibilidade de responsabilidade contratual subsidiária dos sócios pelas obrigações da sociedade
como um todo (v.g. arts. 1.023, 1.024, 1.039, 1.045, 1.052, 1.088 do CC/2002), ou com a
administração de todos os estabelecimentos da sociedade pelos mesmos órgãos de deliberação,
direção, gerência e fiscalização. Odiosa porque, por princípio, o credor privado não pode ter mais
privilégios que o credor público, salvo exceções legalmente expressas e justificáveis. 6. Recurso
especial conhecido e provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução
STJ n. 8/08. (REsp 1355812/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 22/05/2013, DJe 31/05/2013)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. SUBMISSÃO
À REGRA PREVISTA NO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. PRESCRIÇÃO.
DISCUSSÃO ACERCA DO TERMO FINAL. QUESTÃO ATRELADA AO REEXAME DE
MATÉRIA FÁTICA. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO (ART. 47 DO DECRETO-LEI Nº
336
contrato de trust. Na vigência do contrato, porém, sobreveio a falência do banco interveniente. Insta
consignar que a norma extraída do enunciado do aludido art. 119, inciso IX, da Lei n. 11.101/2005,
que põe a salvo de arrecadação pela massa falida os patrimônios de afetação, faz referência expressa
à legislação que disciplina o respectivo patrimônio de afetação. Porém, o contrato de trust não tem
previsão no ordenamento jurídico brasileiro e, conquanto esteja previsto na Convenção de Haia
sobre a lei aplicável aos trusts e sobre o reconhecimento deles, assinada em 1985, o Brasil não é
signatário. Assim, não havendo norma jurídica que discipline o contrato de trust no Brasil, não há
amparo legal para afetação patrimonial. Nesse sentido, não se aplica a parte final da Súmula
417/STF, que a admite restituição de dinheiro que esteja em poder do falido, mas em nome de
outrem, indisponível por força de lei ou contrato. Isso porque a referida súmula tem aplicabilidade
naqueles contratos em que não há transferência de titularidade sobre a quantia em dinheiro, como
no mandato, ou em contratos que instituam patrimônio de afetação, nas hipóteses taxativamente
autorizada pela lei. Reforça esse entendimento a norma do art. 6º, alínea "c", da Lei n. 6.024/1984,
que, ao disciplinar a intervenção e liquidação extrajudicial de instituição financeira, estabelece que
a intervenção terá como efeito imediato a "inexigibilidade dos depósitos já existentes à data de sua
decretação". No caso dos autos, a receita das praças de pedágio, por estarem na titularidade do
banco interveniente por força de contrato de depósito em conta corrente, passaram a integrar o
patrimônio deste, devendo a arrecadação ser feita em favor da massa falida.
Informativo nº 0627. Publicação: 29 de junho de 2018. TERCEIRA TURMA. REsp
1.710.750-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 15/05/2018, DJe
18/05/2018. Recuperação judicial. Suspensão do processo até o trânsito em julgado da ação de
soerguimento. Não cabimento. Razoabilidade não verificada. Ofensa ao princípio da preservação da
empresa. Inocorrência. Ação de compensação por danos morais movida contra empresa em
recuperação judicial não deve permanecer suspensa até o trânsito em julgado da decisão final
proferida no processo de soerguimento. Informações do Inteiro Teor. De início, cumpre salientar
que, no que se refere ao prazo previsto no art. 6º, § 4º, da LFRE – segundo o qual o deferimento do
processamento da recuperação judicial suspende, por 180 dias, o curso da prescrição e de todas as
ações e execuções em face do devedor, este Tribunal Superior manifestou, reiteradamente,
entendimento no sentido de que o mero decurso do prazo não é bastante para, isoladamente,
autorizar a retomada das demandas movidas contra o devedor. Isso porque, de acordo com o
entendimento assentado, a suspensão também encontra fundamento nos arts. 47 e 49 da Lei n.
11.101/2005, que veiculam as normas que garantem a preservação da empresa e a manutenção dos
bens de capital essenciais à atividade na posse do devedor, devendo-se considerar, outrossim, a
complexidade envolvida em cada processo de recuperação, resultante da dimensão ou do
enredamento das relações jurídicas travadas pela sociedade que busca o soerguimento. Todavia, a
341
extrapolação do prazo previsto no art. 6º, § 4º, da LFRE não pode consistir em expediente que
conduza à prorrogação genérica e indiscriminada do lapso temporal suspensivo para todo e qualquer
processo relacionado à empresa recuperanda, fazendo-se necessário analisar as circunstâncias
subjacentes a cada caso. As exceções autorizadas pela jurisprudência desta Corte impedem tão
somente que a retomada da marcha processual das ações movidas contra a sociedade recuperanda
ocorram automaticamente em razão do mero decurso do prazo de 180 dias. Entretanto, manter as
ações contra a recuperanda suspensas indiscriminadamente depois de aprovado o plano de
soerguimento feriria a própria lógica recuperacional, na medida em que, a partir da consolidação
assemblear, os créditos devidos devem ser satisfeitos – sejam aqueles cujas condições de
exigibilidade foram mantidas, sejam aqueles em que tais condições foram alteradas –, sob o risco de
o processo ser convolado em falência (art. 73, IV, da LFRE), sendo certo que, caso o crédito não
integre o plano aprovado, não há óbice legal ao prosseguimento da ação. Deste modo, não é sequer
razoável admitir que, no particular, a autora da ação de compensação por danos morais tenha de
suportar o ônus que a suspensão pleiteada pelo devedor lhe acarretaria, haja vista a pequena
dimensão pecuniária de seu crédito quando comparado ao porte econômico da empresa recuperanda
e o tempo transcorrido desde o ajuizamento da ação (aproximadamente seis anos), o que resultaria
em afronta ao princípio da efetividade da jurisdição.
Informativo nº 0626. Publicação: 15 de junho de 2018. TERCEIRA TURMA. REsp
1.727.771-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 15/05/2018, DJe
18/05/2018. Ação de compensação por danos morais. Devedor em recuperação judicial.
Constituição do crédito. Evento danoso ocorrido em momento anterior ao pedido recuperacional.
Submissão aos efeitos da recuperação judicial. Sentença condenatória proferida posteriormente.
Irrelevância. O crédito derivado de fato ocorrido em momento anterior àquele em que requerida a
recuperação judicial deve sujeitar-se ao plano de soerguimento da sociedade devedora. Informações
do Inteiro Teor. O ponto central da controvérsia consiste em decidir se créditos decorrentes de
condenação transitada em julgado em momento posterior ao pedido de recuperação judicial devem
ou não ser incluídos no plano de soerguimento do devedor. De acordo com o disposto no art. 49 da
Lei 11.101/05 (Lei de Falência e Recuperação de Empresas - LFRE), estão sujeitos aos efeitos da
recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos.
Consoante assentado no voto condutor da maioria, proferido por ocasião do julgamento do REsp
1.634.046-RS (Rel. Min. Nancy Andrigui, Rel para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, DJe 18/05/2017), "a constituição de um crédito pressupõe a existência de um vínculo
jurídico entre as partes e não se encontra condicionada a uma decisão judicial que simplesmente o
declare". Assim, tratando-se, como na espécie, de vínculo jurídico decorrente de evento que causou
dano à esfera dos direitos de credores da recuperanda, a constituição do crédito correspondente não
342
se dá com a prolação da decisão judicial que o reconhece e o quantifica, mas com a própria
ocorrência daquele evento. Convém destacar que a própria LFRE está a determinar que, cuidando-
se de ação versando sobre quantia ilíquida, cujo processamento não é suspenso pelo pedido
recuperacional, o crédito decorrente da respectiva sentença judicial deve ser incluído no quadro
geral de credores, podendo o juízo onde elas tramitam, inclusive, determinar a reserva de valor para
satisfação da obrigação (art. 6º, §§ 1º e 3º). Destarte, reconhecido que o crédito em discussão foi
constituído em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, deve ele se sujeitar aos efeitos
do plano de soerguimento, a teor do que determina o precitado art. 49 da LFRE.
Informativo nº 0618. Publicação: 23 de fevereiro de 2018. TERCEIRA TURMA. REsp
1.591.141-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 05/12/2017,
DJe 18/12/2017. Sentença trabalhista condenatória. Crédito previdenciário reconhecido. Título
executivo judicial. Falência do empregador. Pedido de habilitação do crédito. Possibilidade.
Certidão de dívida ativa. Dispensabilidade. É desnecessária a apresentação de Certidão de Dívida
Ativa (CDA) para habilitação, em processo de falência, de crédito previdenciário resultante de
decisão judicial trabalhista. Informações do Inteiro Teor. Quanto à necessidade de apresentação da
CDA, a Terceira Turma alinha-se ao entendimento já sedimentado pela Quarta Turma deste
Tribunal, a qual, apreciando caso idêntico, (REsp 1.170.750-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 27/08/2013 - Informativo n. 530), entendeu que a constituição do crédito tributário pela
via administrativa do lançamento, da qual resulta a CDA, título executivo extrajudicial conforme o
art. 585, VII, do CPC, não se confunde com o crédito materializado no título executivo judicial no
qual foi reconhecida uma obrigação tributária, nascida com o fato gerador, cuja ocorrência se dá "na
data da prestação do serviço" (art. 43, § 2º, da Lei n. 8.212/1991). Efetivamente, a sentença da
justiça laboral que condena o empregador a uma obrigação de caráter trabalhista e, por
consequência, reconhece a existência do fato gerador da obrigação tributária, insere-se na categoria
geral de sentença proferida no processo civil que reconhece a existência de obrigação de fazer, não
fazer, entregar coisa ou pagar quantia (art. 475-N, CPC). Desse modo, a sentença consubstancia, ela
própria, título executivo judicial no qual subjaz o crédito para a Fazenda Pública.
Informativo nº 0617. Publicação: 9 de fevereiro de 2018. RECURSOS REPETITIVOS.
REsp 1.643.856-SP, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em
13/12/2017, DJe 19/12/2017. (Tema 976) Demanda cível contra massa falida. Pedidos ilíquidos.
Pessoa jurídica de direito público. Litisconsórcio passivo. Art. 6º, § 1º, da Lei n. 11.101/2005.
Incidência. Juízo Cível para o exame da ação de conhecimento. Competência. A competência para
processar e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra massa falida, quando em
litisconsórcio passivo com pessoa jurídica de direito público, é do juízo cível no qual for proposta a
ação de conhecimento, competente para julgar ações contra a Fazenda Pública, de acordo as
343
simplesmente o declare. Nesse sentido, pode-se afirmar que no bojo de um contrato trabalhista, a
partir do momento em que o empregado presta seu labor, assume a condição de credor (em relação
às correlatas verbas trabalhistas) de seu empregador, que, no final do respectivo mês, deve efetivar
sua contraprestação. Assim, uma sentença que reconheça o direito do trabalhador em relação à
aludida verba trabalhista certamente não constitui este crédito, apenas o declara. E, se este crédito
foi constituído em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, aos seus efeitos se encontra
submetido, inarredavelmente. Outrossim, extrai-se da própria lei de falência e recuperação judicial a
conclusão de que a consolidação do crédito (ainda que inexigível e ilíquido) não depende de
provimento judicial que o declare — e muito menos do transcurso de seu trânsito em julgado —,
para efeito de sua sujeição aos efeitos da recuperação judicial. Veja-se que o crédito trabalhista
anterior ao pedido de recuperação judicial pode ser incluído, de forma extrajudicial, inclusive,
consoante o disposto no art. 7º, da Lei n. 11.101/05. Dessa forma, é possível ao próprio
administrador judicial, quando da confecção do plano, relacionar os créditos trabalhistas pendentes,
a despeito de o trabalhador sequer ter promovido a respectiva reclamação. O art. 6º, §§ 1º, 2º e 3º,
da Lei n. 11.1.01/2005, por sua vez, permite o prosseguimento das ações trabalhistas na própria
Justiça Laboral, que decidirá as impugnações ao crédito postulado na recuperação, bem como
apurará o crédito a ser inscrito quando de sua definição no quadro geral de credores, sendo possível
inclusive determinar a reserva de importância que "estimar" devida na recuperação judicial. Com
base nessas premissas, há que se analisar a origem do crédito em discussão e inferir se se trata de
verbas trabalhistas relacionadas à prestação de serviço em momento anterior ao pedido de
recuperação judicial, a ela se sujeitando, ou se são posteriores, a serem concebidas como crédito
extraconcursal.
Informativo nº 0596. Publicação: 1º de março de 2017. TERCEIRA TURMA. REsp
1.532.154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 18/10/2016,
DJe 3/2/2017. Pedido de falência instruído com título executivo extrajudicial de valor superior a 40
(quarenta) salários-mínimos. Indícios de insolvência patrimonial do devedor. Desnecessidade.
Independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a decretação da
quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação líquida
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40
(quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência. Informações do Inteiro Teor. A questão
trazida nos autos restringe-se a decidir se a impontualidade do devedor seria requisito suficiente
para o processamento do pedido de falência. Inicialmente, é certo que o STJ possui julgados no
sentido de que o mencionado pleito de quebra não pode servir como substituto de uma ação de
cobrança, de modo que não é o inadimplemento de qualquer dívida que justifica o processamento
do pedido. A preocupação que norteou esses julgados, firmados na perspectiva da disciplina antiga
347
do Direito Falimentar, procedida pelo revogado Decreto-Lei n. 7.661/1945, em que havia espaço
para a formulação de pedidos de falência como substitutivo da ação de cobrança, inclusive de
valores ínfimos, foi superada com a edição da Lei n. 11.101/2005, que, em seu art. 94, I, para
caracterização da impontualidade, passou a exigir que a dívida seja de valor superior a quarenta
salários mínimos. Basta, assim, a impontualidade do devedor no pagamento de dívida de valor
superior a quarenta salários mínimos, não sendo necessários indícios ou provas da sua situação de
insolvência. Nessa linha, a Quarta Turma desta Corte Superior possui julgado específico no sentido
de que não se considera abusivo o pedido de falência lastreado em título cujo valor supere o limite
legal de 40 (quarenta salários mínimos). Portanto, o pedido de falência com fundamento na
impontualidade do devedor não se confunde com as hipóteses de insolvência de modo que a
apresentação de indícios da sua insuficiência patrimonial não é pressuposto para o seu deferimento.
Informativo nº 0591. Período: 4 a 18 de outubro de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. VINCULAÇÃO DE TODOS OS CREDORES À DETERMINAÇÃO DE
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL APROVADO POR MAIORIA PELA ASSEMBLEIA
GERAL DE CREDORES. Se, no âmbito de Assembleia Geral de Credores, a maioria deles -
devidamente representados pelas respectivas classes - optar, por meio de dispositivo expressamente
consignado em plano de recuperação judicial, pela supressão de todas as garantias fidejussórias e
reais existentes em nome dos credores na data da aprovação do plano, todos eles - inclusive os que
não compareceram à Assembleia ou os que, ao comparecerem, abstiveram-se ou votaram
contrariamente à homologação do acordo - estarão indistintamente vinculados a essa determinação.
Inicialmente, cumpre destacar que se afigura absolutamente possível que o Poder Judiciário, sem
imiscuir-se na análise da viabilidade econômica da empresa em crise, promova controle de
legalidade do plano de recuperação judicial que, em si, em nada contemporiza a soberania da
assembleia geral de credores. Nesse contexto, dispõe o art. 59 da Lei n. 11.101/2005 que a
concessão de recuperação judicial enseja a novação das obrigações originariamente assumidas pela
recuperanda, sem prejuízo das garantias e observado o disposto no § 1º do art. 50 da referida lei, o
qual preceitua que, na hipótese de alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia
ou sua substituição enseja o consentimento do correlato credor. Salientado isso, cumpre afastar,
peremptoriamente, argumento no sentido de que a novação operada pela homologação do plano de
recuperação judicial importaria, por si, na imediata extinção da obrigação principal originária e, por
conseguinte, das garantias àquela ofertadas, pois, concebidas como obrigação acessória. Isso porque
a "novação prevista na lei civil é bem diversa daquela disciplinada na Lei n. 11.101/2005. Se a
novação civil faz, como regra, extinguir as garantias da dívida, inclusive as reais prestadas por
terceiros estranhos ao pacto (art. 364 do Código Civil), a novação decorrente do plano de
recuperação traz como regra, ao reverso, a manutenção das garantias (art. 59, caput, da Lei n.
348
titulares. Ademais, assinala-se que a necessidade de que os credores com garantia real consintam,
por ocasião da alienação do bem dado em garantia, com a substituição ou supressão da garantia,
contemplada no art. 50, § 1º, da Lei n. 11.101/2005, afigura-se absolutamente preservada, na
medida em que todos os credores, representados pelas respectivas classes, ao aprovarem o plano de
recuperação judicial que dispôs sobre tal matéria (supressão das garantias reais e fidejussórias), com
ela anuíram, inegavelmente. Descabido, portanto, permitir que o plano de recuperação judicial, tal
como aprovado, não seja integralmente observado pelas partes envolvidas, a pretexto da aplicação
do § 1º do art. 50 da Lei n. 11.101/2005. REsp 1.532.943-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 13/9/2016, DJe 10/10/2016.
Informativo nº 0589. Período: 1º a 15 de setembro de 2016. TERCEIRA TURMA.
DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE ATIVA DO CREDOR
TRABALHISTA PARA PEDIR FALÊNCIA DE DEVEDOR. A natureza trabalhista do crédito não
impede que o credor requeira a falência do devedor. Da análise do art. 97, IV, da Lei n. 11.101/2005
(Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: [...] IV - qualquer credor), verifica-se que o
legislador conferiu ampla legitimidade ativa para o requerimento de decretação de falência do
devedor, de modo que, em princípio, estarão todos os credores aptos a fazê-lo. Nessa linha, há
doutrina no sentido de que o credor "é, por excelência, o titular da relação jurídica falimentar. [...] A
lei não distingue entre dívida civil, comercial, trabalhista ou fiscal, importando, isso sim, que seja
líquida, dando ensejo, repita-se, à ação executiva". Em igual sentido, existem doutrinadores pátrios
que têm entendido que "a palavra 'qualquer', constante do inciso, sugere que todos os credores,
individualmente ou em conjunto, podem requerer a falência do devedor. Incluir-se-iam, nesse rol,
os credores civis, comerciais, trabalhistas e fiscais". Assim, adota-se corrente doutrinária que
sustenta que: "Credores trabalhistas, fiscais, acidentários podem em tese requerer a falência do
devedor desde que possuam o título executivo pertinente, seja ele judicial ou extrajudicial e esteja
protestado para fins falimentares. Neste caso, é possível o pedido de falência com base no art. 94, I,
da LRF. Há, também, a possibilidade do pleito de falência com base no art. 94, II quando
superveniente uma execução frustrada". REsp 1.544.267-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
por unanimidade, julgado em 23/8/2016, DJe 6/9/2016.
Informativo nº 0580. Período: 2 a 13 de abril de 2016. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. RESPONSABILIDADE PELA REMUNERAÇÃO DO ADMINISTRADOR
JUDICIAL. É possível impor ao credor que requereu a falência da sociedade empresária a
obrigação de adiantar as despesas relativas à remuneração do administrador judicial, quando a
referida pessoa jurídica não for encontrada - o que resultou na sua citação por edital e na decretação,
incontinenti, da falência - e existirem dúvidas se os bens a serem arrecadados serão suficientes para
arcar com a mencionada dívida. De fato, o art. 25 da Lei n. 11.101/2005 é expresso ao indicar o
350
atribuições pertencentes à Assembleia, uma merece destaque, que é a de aprovar ou rejeitar o plano
de recuperação judicial, nos moldes apresentados pelo Administrador Judicial da empresa
recuperanda. Aliás, não cabe a esse órgão alterar os termos postos no referido plano. Apenas é
permitido que se delibere a respeito de possíveis modificações do instrumento. Sendo uma
verdadeira mesa de negociações, não há rigidez nas deliberações da Assembleia. Há, sim, certa
maleabilidade nas tratativas entre os credores para se adequar os seus interesses àqueles relativos
aos propósitos de reestruturação estabelecidos pelo devedor. Sem essa adequação, a preponderância
da vontade dos credores poderia desordenar o intuito de soerguimento da empresa, levando-a, muito
possivelmente, à bancarrota, o que prejudicaria exponencialmente as pretensões creditórias. Nesse
cenário, a doutrina recente acena com a "teoria dos jogos" na recuperação judicial. Por meio dela,
pode-se perceber uma interação estratégica entre o devedor e os credores, capaz de pressupor um
consenso mínimo de ambos a respeito dos termos delineados no plano de recuperação judicial. Tais
negociações demonstram o abandono de um olhar individualizado de cada crédito e um apego
maior à interação coletiva e organizada, já que isso evitaria consequências mais drásticas, como a
quebra da empresa. Nesse panorama, nota-se que, por meio da discussão do plano de recuperação
judicial, cabe à empresa devedora, de um lado, projetar seu fluxo de caixa futuro, de modo
transparente, a fim de estipular a verdadeira capacidade de pagamento das obrigações firmadas
perante os credores, e, por outro lado, que esses credores aprovem tal prospecto de forma célere,
ainda que isso resulte na abdicação de alguns direitos. Dessa feita, diante dos jogos estratégicos de
cada parte, é que se evidencia a relevância da Assembleia Geral de Credores, pois é ela que
ponderará a necessidade de a empresa se manter ativa com as diversas intenções de os credores
verem suas obrigações satisfeitas. Todavia, o processo de recuperação não se sustenta apenas com o
olhar nos credores. Há também a necessidade de se conjugar esse ponto de vista com o objetivo de
reerguimento e manutenção da sociedade empresarial, sendo esse propósito concretizado por meio
do princípio da preservação da empresa. O STJ, em diversos julgados, também sedimentou o
posicionamento a respeito da relevância da preservação da empresa, dada pela Lei n. 11.101/2005
(REsp 1.207.117-MG, Quarta Turma, DJe 25/11/2015). Ademais, não é apenas a legislação
brasileira que prevê esse princípio como o vértice do processo de recuperação judicial. Há, também,
no direito comparado, previsões semelhantes. Por via de consequência, tendo então o empresário,
por meio de seu plano de pagamento, apresentado proposta para os credores, diante da Assembleia
Geral, há nesse momento uma simbiose de interesses, buscando tanto a mantença do funcionamento
da sociedade empresária quanto à solução das obrigações pendentes. Há um equilíbrio entre as
pretensões. E o instrumento de negociação entre devedor e credor é o próprio plano de recuperação
judicial. Por ele, há vinculação tanto dos credores, que abrem mão de parcela dos seus direitos,
quanto do devedor, que se submete à vontade alheia para gerenciar seu empreendimento. Nesse
352
contexto, muito embora a legislação dite o prazo de até dois anos para a permanência do devedor
em recuperação judicial, depois de sua concessão, tal lapso não deve ser interpretado de forma
peremptória. A respeito do tema, confira-se a regra do caput do art. 61: "Proferida a decisão prevista
no art. 58 desta Lei, o devedor, permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as
obrigações previstas no plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão da
recuperação judicial." Como um complemento, exsurge o art. 50, I, dessa lei: "Art. 50. Constituem
meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: I -
concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas e vincendas."
Aliás, é de sabedoria cursiva que o mercado econômico possui vicissitudes que podem afetar o
processamento da recuperação da empresa. Ademais, é a própria lei que institui a soberania da
Assembleia, fazendo com que o devedor e os credores se vinculem às suas decisões. Isso está
presente no art. 45, c/c o art. 59, ambos da Lei de Falências. Desse modo, apesar de já ter-se
extrapolado o prazo bienal, se não há, no decorrer da controvérsia, a prolação da sentença que
encerra a recuperação judicial do empresário, é mesmo permitido ao recuperando encaminhar suas
novas necessidades à Assembleia de Credores. Enquanto não produzido o encerramento, por meio
de sentença, esse órgão ainda permanece com sua soberania para deliberações atinentes ao plano. E,
mesmo tendo transcorrido o prazo de dois anos de supervisão judicial, como não houve, como ato
subsequente, o encerramento da recuperação, os efeitos desta ainda perduraram, mantendo assim a
vinculação de todos os credores à deliberação da Assembleia. A propósito, a Lei de Falências
entroniza a Assembleia de Credores inclusive para deliberar a respeito de quaisquer objeções feitas
pelos credores não satisfeitos. É o que menciona o art. 56 da lei. Sendo assim, estando presente na
deliberação da Assembleia e não conseguindo obstar a aprovação do novo plano, cabe agora ao
credor dissidente se submeter à vontade da maioria, fruto da soberania advinda daquele órgão.
Destaca-se, por derradeiro, que não está a se falar de descumprimento do plano apresentado. Se
assim fosse, poderia o credor dissidente, nos termos do art. 62 da Lei de Falências, postular pela
convolação da recuperação em falência. REsp 1.302.735-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 17/3/2016, DJe 5/4/2016.
Informativo nº 0572. Período: 28 de outubro a 11 de novembro de 2015. TERCEIRA
TURMA. DIREITO EMPRESARIAL. PRAZO DE REALIZAÇÃO DE PROTESTO PARA FINS
FALIMENTARES. O protesto tirado contra o emitente do cheque é obrigatório para o fim de
comprovar a impontualidade injustificada do devedor no procedimento de falência (art. 94, I, da Lei
11.101/2005) e deve ser realizado em até seis meses contados do término do prazo de apresentação
(prazo prescricional da ação cambial). Do ponto de vista cambial, a execução do cheque pode ser
direcionada contra o emitente, os endossantes ou os respectivos avalistas (art. 47 da Lei
7.357/1985). Nesse contexto, a distinção entre a pretensão dirigida contra o emitente e aquela
353
dirigida contra o endossante conduz a outra diferenciação, que deve ser estabelecida entre o protesto
facultativo e o obrigatório. Dessa forma, no caso da pretensão dirigida contra o emitente, o protesto
(ou a apresentação) do cheque é ato meramente facultativo do credor, que pode optar por executar
diretamente o título, desde que o faça no prazo de prescrição de seis meses, contados da expiração
do prazo de apresentação (art. 59 da Lei do Cheque e Súmula 600 do STF). Já na hipótese de
pretensão dirigida contra o endossante, o protesto (ou apresentação) é obrigatório, sob pena de
perda de eficácia executiva do título contra o coobrigado. Essa diferenciação entre o protesto
cambial facultativo e o obrigatório foi analisada por este Tribunal Superior, quando do julgamento
do REsp 1.297.797-MG (Terceira Turma, DJe 27/2/2015), ocasião em que se firmou, quanto ao
prazo de realização de protesto, o seguinte: "A exigência de realização do protesto antes de
expirado o prazo de apresentação do cheque é dirigida apenas ao protesto obrigatório à propositura
da execução do título, nos termos dos arts. 47 e 48 da Lei n. 7.357/85". Salientado isso, tem-se que,
do ponto de vista falimentar, o protesto é medida obrigatória para comprovar a impontualidade do
devedor (art. 94, I, da Lei 11.101/2005). Sobre a distinção entre o protesto cambial e o protesto
falimentar, parte da doutrina ensina que: "Conforme sua finalidade, o protesto extrajudicial se
subdivide em: cambial e falimentar (também denominado de protesto especial). Aquele é o modo
pelo qual o portador de um título de crédito comprova a sua apresentação ao devedor (por exemplo,
para aceite ou pagamento). Constitui uma faculdade do credor, um ônus do qual ele deve
desincumbir-se para assegurar seu direito de ação contra os coobrigados no título, como
endossantes e avalistas, mas é dispensável para cobrar o crédito do devedor principal. Por outro
lado, o protesto para fins falimentares é obrigatório e visa a comprovar a impontualidade
injustificada do devedor empresário, tornando o título hábil a instruir o pedido de falência [...]. Cabe
esclarecer, entretanto, que tal distinção é meramente acadêmica, uma vez que o protesto é único e
comprova o mesmo fato: a apresentação formal de um título, independentemente da finalidade
visada pelo credor (se pedido de falência ou garantia do direito de ação contra coobrigados)". À luz
das distinções acima delineadas, verifica-se que um protesto cambial facultativo é obrigatório do
ponto de vista falimentar, de modo que pode ser realizado, para este último fim, até a data de
prescrição do cheque. REsp 1.249.866-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
6/10/2015, DJe 27/10/2015.
Informativo nº 0572. Período: 28 de outubro a 11 de novembro de 2015. QUARTA
TURMA. DIREITO EMPRESARIAL. DECLARAÇÃO DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
DO FALIDO. O reconhecimento da extinção das obrigações não tributárias do falido nos termos do
art. 135 do Decreto-Lei 7.661/1945 (art. 158 da Lei 11.101/2005) não depende de prova da quitação
de tributos. Inicialmente, destaca-se que, tanto no regramento anterior (Decreto-Lei 7.661/1945)
quanto na atual Lei de Falências (Lei 11.101/2005), a questão é tratada da mesma forma. Nesse
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passo, se o art. 187 do CTN - mesmo com a redação anterior à LC 118/2005 - é taxativo ao dispor
que a cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em
falência, e se o mesmo CTN não arrola a falência como uma das causas de suspensão da prescrição
do crédito tributário (art. 151), não há mesmo como se deixar de inferir que o crédito fiscal não se
sujeita aos efeitos da falência. Tem-se, então, que o pedido de extinção das obrigações do falido
poderá ser deferido: a) com maior abrangência, quando satisfeitos os requisitos da Lei Falimentar e
também os do art. 191 do CTN, mediante a "prova de quitação de todos os tributos"; ou b) em
menor extensão, quando atendidos apenas os requisitos da Lei Falimentar, mas sem a prova de
quitação de todos os tributos, caso em que as obrigações tributárias não serão alcançadas pelo
deferimento do pedido de extinção. Assim, na segunda hipótese, como o Fisco continua com seu
direito independente do juízo falimentar, a solução será a procedência do pedido de declaração de
extinção das obrigações do falido consideradas na falência, desde que preenchidos os requisitos da
Lei Falimentar, sem alcançar, porém, as obrigações tributárias, permanecendo a Fazenda Pública
com a possibilidade de cobrança de eventual crédito fiscal. De fato, a declaração de extinção das
obrigações do falido poderá referir-se somente às obrigações que foram habilitadas ou consideradas
no processo falimentar, não tendo, por isso, o falido, a necessidade de apresentar a quitação dos
créditos fiscais para conseguir o reconhecimento da extinção daquelas suas obrigações, em menor
extensão. REsp 834.932-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 25/8/2015, DJe 29/10/2015.
Informativo nº 0567. Período: 21 de agosto a 2 de setembro de 2015. TERCEIRA TURMA.
DIREITO EMPRESARIAL. RETIFICAÇÃO DO QUADRO GERAL DE CREDORES APÓS
HOMOLOGAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Ainda que o plano de
recuperação judicial já tenha sido homologado, é possível a retificação do quadro geral de credores
fundada em julgamento de impugnação. No âmbito da recuperação judicial, existem duas fases
distintas e paralelas, quais sejam: (a) a verificação e a habilitação de créditos, previstas na Seção II
da Lei 11.101/2005, arts. 7º ao 20; e (b) a fase de apresentação e deliberação do plano de
recuperação judicial, com assento nas Seções III e IV, arts. 53 ao 69. Assim, uma vez deferido o
processamento da recuperação judicial (art. 52), o juiz determina a expedição de edital com a
relação nominal de credores e respectivos créditos e, a partir de então, a um só tempo, iniciam-se a
fase de verificação e habilitação de créditos (art. 52, § 1º) e o prazo improrrogável de 60 dias para a
apresentação do plano de recuperação judicial, sob pena de convolação em falência (art. 53). Por
serem fases que ocorrem de maneira paralela, é possível que a aprovação do plano de recuperação
judicial ocorra antes da pacificação dos créditos, ou seja, é possível que o plano de recuperação
judicial seja aprovado antes do julgamento de impugnação de crédito e, consequentemente, antes da
consolidação do quadro geral de credores. Dessa maneira, a existência do plano de recuperação
judicial já homologado não pode ser um entrave à consolidação do quadro geral de credores. De
355
essencialmente, por duas razões: (i) trata-se de um prazo de suspiro para que o devedor melhor
reorganize suas contas e estabeleça estratégias, em conjunto com a coletividade de credores, acerca
de como solverá seu passivo, sem a necessidade de se defender em inúmeros processos individuais
que podem tramitar em foros distintos; (ii) nos termos do que dispõe o art. 6º, § 4º, da Lei
11.101/2005, esgotado o prazo de 180 (cento e oitenta) dias - com todo o abrandamento que lhe tem
justificadamente conferido a jurisprudência -, restaura-se "o direito dos credores de iniciar ou
continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial". Em suma, a
razão de ser da norma que determina a pausa momentânea das ações e execuções - stay period - na
recuperação judicial é a de permitir que o devedor em crise consiga negociar, de forma conjunta,
com todos os credores (plano de recuperação) e, ao mesmo tempo, preservar o patrimônio do
empreendimento, o qual se verá liberto, por um lapso de tempo, de eventuais constrições de bens
imprescindíveis à continuidade da atividade empresarial, impedindo o seu fatiamento, além de
afastar o risco da falência. Todavia, coisa diversa ocorre na segunda fase, com a aprovação do plano
e a posterior homologação (concessão) pelo juízo competente, em que não se aplicam os
dispositivos legais referentes à suspensão das execuções individuais (arts. 6º, caput, e 52 da Lei
11.101/2005). Diferentemente da primeira fase, em que as ações são suspensas, a aprovação do
plano opera novação dos créditos e a decisão homologatória constitui, ela própria, novo título
executivo judicial, nos termos do que dispõe o art. 59, caput e § 1º, da Lei 11.101/2005. Nesse
particular, cabe ressaltar que, muito embora seja sui generis a novação resultante da concessão da
recuperação judicial, pois mantém as garantias prestadas por terceiros (REsp 1.333.349-SP,
Segunda Seção, DJe 2/2/2015), as execuções individuais ajuizadas contra a própria devedora devem
ser extintas, e não apenas suspensas. Isso porque, uma vez ocorrida a novação, com a constituição
de título executivo judicial, caso haja inadimplemento da obrigação assumida por ocasião da
aprovação do plano, não há mais possibilidade de as execuções antes suspensas retomarem o curso
normal. Nesse caso, abrem-se três possibilidades: (i) se o inadimplemento ocorrer durante os 2 anos
a que se refere o caput do art. 61 da Lei 11.101/2005, o juiz deve convolar a recuperação em
falência; (ii) se o descumprimento ocorrer depois de escoado o prazo de 2 anos, qualquer credor
poderá pedir a execução específica assumida no plano de recuperação; ou (iii) requerer a falência
com base no art. 94 da Lei. Com efeito, não há possibilidade de a execução individual de crédito
constante no plano de recuperação - antes suspensa - prosseguir no juízo comum, mesmo que haja
inadimplemento posterior, porquanto, nessa hipótese, se executa a obrigação específica constante no
novo título judicial ou a falência é decretada, caso em que o credor, igualmente, deverá habilitar seu
crédito no juízo universal. Por fim, cabe ressaltar que, no caso de ser decretada a falência, "os
credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas" (art.
61, § 2º), hipótese na qual, da mesma forma, as execuções individuais não têm curso no juízo
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comum, mas no universal. Precedentes citados: CC 88.661-SP, Segunda Seção, DJe 3/6/2008; EDcl
no Ag 1.329.097-RS, Quarta Turma, DJe 03/02/2014; e AgRg no CC 125.697-SP, Segunda Seção,
DJe 15/2/2013. REsp 1.272.697-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015, DJe
18/6/2015.
Informativo nº 0564. Período: 15 a 30 de junho de 2015. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. INTERPRETAÇÃO DO ART. 94, III, F, DA LEI DE FALÊNCIAS. A mudança
de domicílio da sociedade em recuperação judicial, devidamente informada em juízo, ainda que sem
comunicação aos credores e sem data estabelecida para a instalação do novo estabelecimento
empresarial, não é causa, por si só, para a decretação de ofício da falência. Nos termos do art. 94,
III, "f", da Lei 11.101/2005, decreta-se a falência do devedor que se ausenta sem deixar
representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona
estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
estabelecimento. De fato, a fuga e a ocultação do devedor ou o abandono do estabelecimento
empresarial, com o fim de furtar-se de suas obrigações, não podem ser condutas que obtenham a
condescendência do Poder Judiciário. De outro lado, conforme a doutrina, a mudança do domicílio
comercial desacompanhada de comunicação aos credores não é suficiente, por si só, para
caracterização do abandono. Desse modo, embora a ocultação, ou a sua tentativa, pressuponha a
ideia de que o comerciante, fatalmente, deixará de cumprir as suas obrigações, a mudança do
domicílio comercial, mesmo que sem aviso aos credores, ainda não é motivo bastante para
caracterização da fuga. Isso porque é necessário provar que a mudança foi furtiva e realizada com o
objetivo de fraudá-los. É a má-fé, portanto, indubitavelmente, que norteia a decretação da falência
ante a ocultação dolosa do devedor, ou seja, com o fim de descumprir suas obrigações empresariais.
Aquela, contudo e como se sabe, há de ser provada, enquanto a boa-fé é presumida, magistério que
se colhe de vetusto brocardo jurídico. Dessa forma, a simples alteração de endereço não é causa
suficiente para o decreto de quebra, havendo que se perquirir se houve, de fato, abandono ou
ocultação pelo devedor, o que deverá se dar sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, de
modo que a sociedade empresária em recuperação deverá ser intimada para, em se constatando que
não mais exerce sua empresa em seu antigo endereço, informar ao juízo acerca do ocorrido e fazer
prova de que não houve tentativa de furtar-se ao cumprimento de suas obrigações. REsp 1.366.845-
MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 18/6/2015, DJe 25/6/2015.
Informativo nº 0558. Período: 19 de março a 6 de abril de 2015. TERCEIRA TURMA.
DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. CAPACIDADE PROCESSUAL DO
FALIDO. O falido tem capacidade para propor ação rescisória para desconstituir a sentença
transitada em julgado que decretou a sua falência. Com a decretação da falência, o falido sofre uma
capitis diminutio referente aos direitos patrimoniais envolvidos na falência, sendo afastado da
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administração dos seus bens. Sendo assim, num processo em que se discuta, por exemplo, a venda
desses bens, o falido apenas poderia acompanhá-lo como assistente. Ele não poderia, portanto,
tomar a iniciativa das ações com relação a bens da massa. Entretanto, no caso em que se pretenda
rescindir decisão que decreta falência, a situação é diferente. Nesse caso, nem a massa nem os
credores têm interesse na desconstituição da decretação de falência. Realmente, o falido é o único
interessado. Por isso, se a legitimidade deste para propor a rescisão do decreto falimentar fosse
retirada, ele ficaria eternamente falido, ainda que injustamente, ainda que contrariamente à ordem
legal. Com efeito, a decisão que decreta a falência, conquanto acarrete ao falido uma capitis
diminutio em relação aos seus bens, não o torna incapaz, de sorte que ele mantém a legitimidade
para a propositura de ações pessoais. Ora, dizer que o falido não pode propor ação rescisória contra
o decreto falencial é dar uma extensão que a lei não deu. Desse modo, ele tem todos os poderes
processuais e todos os poderes como sujeito de direito para tentar reverter o referido decreto
falimentar. REsp 1.126.521-MT, Rel. originário Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2015, DJe 26/3/2015.
Informativo nº 0557. Período: 5 a 18 de março de 2015. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. ABRANGÊNCIA DE EXPRESSÃO DOS ARTS. 67, CAPUT, E 84, V, DA LEI
11.101/2005. Nos termos dos arts. 67, caput, e 84, V, da Lei 11.101/2005, em caso de decretação de
falência, serão considerados extraconcursais os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo
devedor entre a data em que se defere o processamento da recuperação judicial e a data da
decretação da falência, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços
e contratos de mútuo. Isso porque a expressão "durante a recuperação judicial" gravada nos arts. 67,
caput, e 84, V, da Lei 11.101/2005 abrange o período compreendido entre a data em que se defere o
processamento da recuperação judicial e a decretação da falência. De fato, pode-se questionar se o
termo inicial do benefício de que tratam os referidos artigos dá-se: (a) com o ajuizamento do pedido
de recuperação (art. 51 da LF); (b) a partir da decisão que defere o seu processamento (art. 52 da
LF); ou (c) da decisão que a concede (art. 58 da LF). É bem verdade que a redação do caput do art.
67 e do inciso V do art. 84 da LF não se reveste de clareza e precisão. Nesse contexto, é dever
constitucional do STJ atribuir à lei federal sua mais adequada interpretação, para tanto se valendo
dos recursos que orientam o processo hermenêutico, destacando-se, no caso presente, os métodos
lógico e sistemático, não se olvidando que "na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que
ela se dirige e às exigências do bem comum", conforme determina o art. 5º da LINDB, que indica a
fórmula teleológica. No campo da teleologia, há de se ter por indubitável que o intento da Lei de
Falências é conferir primazia à recuperação da empresa, como orienta seu art. 47, segundo o qual "a
recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
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trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
função social e o estímulo à atividade econômica". Nessa conjuntura, é certo que a adoção do
entendimento de que o termo inicial do benefício legal em análise seria (c) a decisão que concede a
recuperação judicial (art. 58) reduziria as vulnerabilidades de outros credores nas hipóteses de
ocorrência de fraudes, sendo autêntica a preocupação com o risco de, por força de uma
interpretação mais abrangente da expressão utilizada no texto legal, esse instituto possa servir,
eventualmente, à prática de ardis ou procedimentos inspirados por motivações menos nobres.
Apesar disso, o direito positivo e, sobretudo, a própria Lei de Recuperação e Falências cuidam de
proteger os credores das ilegalidades que venham a ser praticadas pela empresa recuperanda se no
intento de lhes causar prejuízo. Não há dúvida de que, comprovado o escopo fraudulento, deverá o
magistrado declarar a ineficácia do privilégio legal, sem prejuízo das demais sanções previstas na
lei. Tanto é assim que, para os fins do art. 84, V, só serão qualificadas como extraconcursais as
"obrigações resultantes de atos jurídicos válidos". Além disso, na decisão que defere o
processamento do pedido de recuperação, o magistrado, de pronto, designa um administrador
judicial, a quem compete, dentre outros deveres, "exigir dos credores, do devedor ou seus
administradores quaisquer informações" (art. 22, I, "d"). Por conseguinte, desde a (b) decisão que
defere o processamento da recuperação judicial (art. 52), cuidou o legislador de pôr a empresa
recuperanda sob fiscalização, evidenciando a preocupação com sua manutenção e visando a evitar a
utilização do instituto para a prática de ilegalidades. A disposição é sintomática e denota que esse
momento processual guarda relevância, não se traduzindo simples despacho protocolar, mas efetiva
avaliação, ainda que superficial, acerca das atuais condições da empresa e dos requisitos para o
deferimento da recuperação. Afinal, o administrador judicial não é um adorno ou mero coadjuvante
no processo, cabendo-lhe até mesmo requerer a falência do devedor no caso de descumprimento das
obrigações assumidas no plano de recuperação (art. 22, II, "b"). O citado art. 52 apresenta, ainda,
outras disposições que bem demonstram a profundidade da (b) decisão que defere seu
processamento e a preocupação do legislador com o risco de fraude, merecendo destaque os incisos
IV e V, que determinam, respectivamente, a obrigação de o devedor apresentar contas mensais
enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores, bem
como a intimação do Ministério Público, da Fazenda Pública Federal e de todos os estados e
municípios em que tiver estabelecimento, para que possam resguardar seus interesses e exercer
fiscalização sobre os atos do recuperando. Além do mais, o parágrafo único do art. 67 determina
que os "créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial pertencentes a fornecedores de bens
ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação judicial terão
privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, no limite do valor dos bens ou
serviços fornecidos durante o período da recuperação". De fato, a leitura desse dispositivo - em
360
especial, do trecho "após o pedido de recuperação judicial" - induz-nos a concluir que benefício não
valerá tão logo (a) seja ajuizado o pedido de recuperação (art. 51), senão em momento posterior,
que tanto poderá ser tanto (b) a partir da decisão que defere o processamento da recuperação (art.
52) quanto (c) da decisão que a concede (art. 58). Todavia, o mencionado parágrafo único do art. 67
da LF contém uma sutil indicação de que a classificação dos créditos dos fornecedores como
extraconcursais não poderia ser remetida somente para quando (c) concedida a recuperação. Com
efeito, reza o referido dispositivo que o credor-fornecedor, titular de créditos quirografários
vinculados à recuperação judicial (segundo o art. 49, sujeitam-se à recuperação os créditos
existentes na data do pedido, ainda que não vencidos), que continuar a prover o devedor de bens e
serviços após o pedido de recuperação judicial, terá seus créditos (os anteriores ao pedido, reitere-
se) alçados à categoria dos que têm privilégio geral (art. 83, V), até o limite dos bens ou serviços
fornecidos durante o período da recuperação. Ou seja, em prevalecendo a interpretação de que a
regra do parágrafo do art. 67 só tem incidência para créditos constituídos após a (c) decisão que
concede a recuperação (art. 58), o resultado prático seria de que os valores decorrentes de operações
praticadas no lapso temporal que vai do pedido até a decisão concessória não gozariam do mesmo
privilégio que aqueles relativos a operações anteriores, o que se mostra discrepante do objetivo da
lei. Ora, os momentos que sucedem o requerimento de recuperação são os mais delicados para a
empresa. Registre-se que, quando deferido o processamento, há a obrigação de se publicar edital
noticiando o pedido (art. 52, § 1º), o que torna oficialmente públicas as dificuldades pelas quais
passa a devedora, induzindo os credores à natural postura da autodefesa. Decerto que optarão pela
solução de continuidade do fornecimento de bens e serviços, ante a relevante incerteza quanto à
viabilidade da pessoa jurídica requerente. Nessas condições, devem ser recompensados os que
acreditaram e contribuíram para a reabilitação, mesmo com o resultado infrutífero do esforço, em
razão da decretação da falência. Ademais, quando (c) deferida a recuperação, os credores têm mais
transparentes as condições da empresa, conhecendo de modo exato qual é o plano que visa a
reerguê-la. Pode-se fiscalizá-lo com mais rigor. Antes disso, porém - e, em especial, desde o (b)
deferimento até a (c) concessão -, verifica-se o momento de maior risco. Se não houver estímulo aos
fornecedores, nada mais será provido à empresa, exacerbando o risco da falência. Sendo assim,
forçoso concluir que os efeitos da recuperação judicial não se efetivam somente após o momento
em que (c) formalmente concedida pelo juiz (art. 58). A par das consequências que são
expressamente atribuídas à (b) decisão que defere o processamento (art. 52), outros dispositivos da
lei indicam que a expressão "durante a recuperação judicial" não se limita aos momentos que
sucedem a decisão concessiva. Nesse sentido, o art. 49 dispõe que "estão sujeitos à recuperação
judicial todos os créditos existentes na data do pedido , ainda que não vencidos", inspirando-nos à
conclusão de que os créditos posteriores a esse momento devem, efetivamente, receber tratamento
361
diferenciado. Do mesmo modo, o art. 64 prevê que o devedor é mantido sob fiscalização do comitê
de credores e do administrador judicial "durante o procedimento de recuperação judicial",
fiscalização, aliás, que pode e deve ser exercida tão logo deferido o processamento da recuperação
(art. 52, I e § 2º). Precedente citado: REsp 1.398.092-SC, Terceira Turma, DJe 19/5/2014. REsp
1.399.853-SC, Rel. originária Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 10/2/2015, DJe 13/3/2015.
Informativo nº 0555. Período: 11 de março de 2015. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. ALIENAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DE ATIVO DA FALIDA E
DESNECESSIDADE DE PRÉVIA PUBLICAÇÃO DE EDITAL. Na hipótese de alienação
extraordinária de ativo da falida (arts. 144 e 145 da Lei 11.101/2005), não é necessária a prévia
publicação de edital em jornal de grande circulação prevista no § 1° do art. 142 da Lei 11.101/2005.
A Lei de Falências, em seu art. 142, prevê três modalidades ordinárias de alienação do ativo, quais
sejam: leilão, pregão e propostas fechadas. Além disso, os arts. 144 e 145 do referido diploma legal
preveem a alienação extraordinária do ativo da pessoa jurídica mediante proposta aprovada ou
homologada pelo juiz. Ciente disso, verifica-se que não é necessário que a alienação extraordinária
do ativo seja precedida de publicação de edital em jornal de grande circulação, para que seja dada
ampla publicidade à intenção de venda, como exige o art. 142, § 1º, da Lei de Falências. Isso porque
o referido dispositivo legal diz respeito exclusivamente à alienação ordinária, por três motivos, a
saber: primeiro, por uma razão topográfica, pois o enunciado normativo do art. 142 diz respeito à
alienação ordinária, sendo que a alienação extraordinária somente passa a ser tratada no art. 144 da
Lei de Falências; segundo, por uma razão ontológica, uma vez que a necessidade de edital prévio
praticamente eliminaria a diferença entre a alienação ordinária e a extraordinária, haja vista que,
depois de publicado o edital, pouco restaria ao juiz além de proclamar a melhor proposta ou fazer
uma sessão de lances mediante pregão ou leilão; e terceiro, por uma razão teleológica, pois a
exigência de edital comprometeria a celeridade do procedimento de alienação do ativo, podendo
inviabilizar a continuidade da atividade empresária, que é um dos principais objetivos da Lei de
Falências. Por fim, cabe lembrar que até mesmo na execução individual, em que o devedor merece
maior proteção do que na execução concursal, já se admite a venda direta de ativo, inclusive por
preço inferior ao da avaliação, sem necessidade de publicação de editais, à luz do que dispõe o art.
685-C do CPC. REsp 1.356.809-GO, Rel. Min. Paulo De Tarso Sanseverino, julgado em 10/2/2015,
DJe 18/2/2015.
Informativo nº 0551. Período: 3 de dezembro de 2014. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. SUSPENSÃO DA FLUÊNCIA DE JUROS LEGAIS E CONTRATUAIS EM
LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. Após a decretação da liquidação extrajudicial de instituição
financeira, os juros contra a massa liquidanda, sejam eles legais ou contratuais, terão sua fluência ou
362
contagem suspensa enquanto o passivo não for integralmente pago aos credores habilitados,
devendo esses juros serem computados e pagos apenas após a satisfação integral do passivo se
houver ativo que os suporte, observando-se a ordem do quadro geral de credores. De fato, a regra
legal segundo a qual a decretação da liquidação extrajudicial produzirá, de imediato, a não fluência
de juros (art. 18, d, da Lei 6.024/1974) não discrimina a natureza destes, se remuneratórios,
moratórios ou legais. A respeito dessa discriminação, deve-se dizer que se trata de tipificação
abrangente, na medida em que visa à preservação do ativo para pagamento da massa, por presumir,
com caráter relativo, que o ativo não é suficiente para o pagamento de todos os credores. Dessa
forma, na liquidação extrajudicial, os juros, sejam eles legais ou contratuais, têm sua fluência
suspensa por força do art. 18, d, da Lei 6.024/1974, a exemplo do que ocorre durante o
processamento da falência (art. 124 da Lei 11.101/2005, que, de forma expressa, prevê a
inexigibilidade dos juros "previstos em lei ou em contrato" que tenham vencido após a decretação
da falência, condicionada à ausência de ativo para o pagamento dos credores). REsp 1.102.850-PE,
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 4/11/2014.
Informativo nº 0550. Período: 19 de novembro de 2014. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. PEDIDO DE FALÊNCIA FUNDADO EM IMPONTUALIDADE
INJUSTIFICADA. Em pedido de falência requerido com fundamento na impontualidade
injustificada (art. 94, I, da Lei 11.101/2005), é desnecessária a demonstração da insolvência
econômica do devedor, independentemente de sua condição econômica. Os dois sistemas de
execução por concurso universal existentes no direito pátrio - insolvência civil e falência -, entre
outras diferenças, distanciam-se um do outro no tocante à concepção do que seja estado de
insolvência, necessário em ambos. O processo de insolvência civil apoia-se no pressuposto da
insolvência econômica, que consiste na presença de ativo deficitário para fazer frente ao passivo do
devedor, nos termos do art. 748 do CPC: "Dá-se a insolvência toda vez que as dívidas excederem à
importância dos bens do devedor". O sistema falimentar, ao contrário, não tem alicerce na
insolvência econômica. O pressuposto para a instauração de processo de falência é a insolvência
jurídica, que é caracterizada a partir de situações objetivamente apontadas pelo ordenamento
jurídico. No direito brasileiro, caracteriza a insolvência jurídica, nos termos do art. 94 da Lei
11.101/2005, a impontualidade injustificada (inciso I), execução frustrada (inciso II) e a prática de
atos de falência (inciso III). Nesse sentido, a insolvência que autoriza a decretação de falência é
presumida, uma vez que a lei decanta a insolvência econômica de atos caracterizadores da
insolvência jurídica, pois se presume que o empresário individual ou a sociedade empresária que se
encontram em uma das situações apontadas pela norma estão em estado pré-falimentar. É bem por
isso que se mostra possível a decretação de falência independentemente de comprovação da
insolvência econômica. REsp 1.433.652-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/9/2014.
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decretação da quebra (art. 98, parágrafo único). Precedente citado: REsp 604.435-SP, Terceira
Turma, DJ 1º/2/2006. REsp 1.433.652-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/9/2014.
Informativo nº 0549. Período: 5 de novembro de 2014. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. CONTROLE JUDICIAL DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
Cumpridas as exigências legais, o juiz deve conceder a recuperação judicial do devedor cujo plano
tenha sido aprovado em assembleia (art. 58, caput, da Lei 11.101/2005), não lhe sendo dado se
imiscuir no aspecto da viabilidade econômica da empresa. De fato, um vértice sobre o qual se apoia
a referida lei é, realmente, a viabilidade econômica da empresa, exigindo-se expressamente que o
plano de recuperação contenha demonstrativo nesse sentido (art. 53, II). No entanto, se é verdade
que a intervenção judicial no quadrante mercadológico de uma empresa em crise visa tutelar
interesses públicos relacionados à sua função social e à manutenção da fonte produtiva e dos postos
de trabalho, não é menos certo que a recuperação judicial, com a aprovação do plano, desenvolve-se
essencialmente por uma nova relação negocial estabelecida entre o devedor e os credores reunidos
em assembleia. Realmente, existe previsão legal para o magistrado conceder, manu militari, a
recuperação judicial contra decisão assemblear - cram down (art. 58, § 1º) -, mas não o inverso,
porquanto isso geraria exatamente o fechamento da empresa, com a decretação da falência (art. 56,
§ 4º), solução que se posiciona exatamente na contramão do propósito declarado da lei. Ademais, o
magistrado não é a pessoa mais indicada para aferir a viabilidade econômica de planos de
recuperação judicial, sobretudo daqueles que já passaram pelo crivo positivo dos credores em
assembleia, haja vista que as projeções de sucesso da empreitada e os diversos graus de tolerância
obrigacional recíproca estabelecida entre credores e devedor não são questões propriamente
jurídicas, devendo, pois, acomodar-se na seara negocial da recuperação judicial. Assim, o
magistrado deve exercer o controle de legalidade do plano de recuperação - no que se insere o
repúdio à fraude e ao abuso de direito -, mas não o controle de sua viabilidade econômica. Nesse
sentido, na I Jornada de Direito Comercial CJF/STJ, foram aprovados os Enunciados 44 e 46, que
refletem com precisão esse entendimento: 44: "A homologação de plano de recuperação judicial
aprovado pelos credores está sujeita ao controle de legalidade"; e 46: "Não compete ao juiz deixar
de conceder a recuperação judicial ou de homologar a extrajudicial com fundamento na análise
econômico-financeira do plano de recuperação aprovado pelos credores". REsp 1.359.311-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/9/2014.
Informativo nº 0548. Período: 22 de outubro de 2014. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. FALÊNCIA DE INCORPORADORA IMOBILIÁRIA E CLASSIFICAÇÃO
DOS CRÉDITOS ORIUNDOS DE DESPESAS EFETUADAS POR ADQUIRENTE DE IMÓVEL
PARA A CONCLUSÃO DE PRÉDIO RESIDENCIAL. Quando o adquirente de unidade
imobiliária - em razão da impossibilidade de conclusão da edificação por parte da incorporadora
365
responsável, ante a decretação de sua falência - tenha assumido despesas necessárias à conclusão do
prédio residencial, os gastos desembolsados pelo adquirente devem ser inscritos no processo de
falência da referida incorporadora como créditos quirografários. No processo falimentar,
especialmente no tocante aos créditos habilitados, o princípio norteador é o da par conditio
creditorum, na esteira do qual os credores do falido devem ser tratados em igualdade de condições,
salvo se a lei expressamente dispuser de forma contrária, como ocorre com os créditos com
preferências e privilégios eleitos pelo legislador como dignos de prioridade no pagamento. Neste
contexto, o art. 43, III, da Lei 4.591/1964 (Lei de Incorporações Imobiliárias) preconiza que, no
caso de decretação da quebra do incorporador e ante a impossibilidade de término da construção do
edifício pela maioria dos adquirentes, estes se tornam credores privilegiados em relação aos valores
já pagos ao incorporador pela compra do imóvel. Na hipótese em foco, o valor ora pleiteado é
oriundo de mero ressarcimento dos custos das obras de finalização do empreendimento imobiliário.
Assim, o crédito em análise não se encontra inserto em nenhuma das hipóteses previstas no art. 102,
§§ 2º e 3º, do Decreto-Lei 7.661/1945 - que previa a classificação de créditos como privilegiados e
especiais -, sendo certo, portanto, que a atribuição de privilégio previsto no art. 43, III, da Lei das
Incorporações Imobiliárias refere-se, tão somente, aos créditos decorrentes das importâncias pagas
ao incorporador pela aquisição das unidades autônomas, e não por despesas com construção do
prédio residencial. REsp 1.185.336-RS, Rel. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/9/2014.
Informativo nº 0547. Período: 8 de outubro de 2014. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. HIPÓTESES AUTÔNOMAS DE PEDIDO DE FALÊNCIA. É desnecessário o
prévio ajuizamento de execução forçada para se requerer falência com fundamento na
impontualidade do devedor. Isso porque o art. 94, I e II, da Lei de Falências (Lei 11.101/2005)
prevê a impontualidade e a execução frustrada como hipóteses autônomas de falência, não
condicionando a primeira à segunda. Precedentes citados: REsp 1.079.229-SP, Quarta Turma, DJe
12/6/2014; e AgRg no Ag 1.073.663-PR, Quarta Turma, DJe 10/2/2011. REsp 1.354.776-MG, Min.
Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014.
Informativo nº 0547. Período: 8 de outubro de 2014. TERCEIRA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL. INSTRUÇÃO DO PEDIDO DE FALÊNCIA COM DUPLICATAS VIRTUAIS.
A duplicata virtual protestada por indicação é título executivo apto a instruir pedido de falência com
base na impontualidade do devedor. Isso porque o art. 94, I, da Lei de Falências (Lei 11.101/2005)
não estabelece nenhuma restrição quanto à cartularidade do título executivo que embasa um pedido
de falência. REsp 1.354.776-MG, Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014.
Informativo nº 0539. Período: 15 de maio de 2014. QUARTA TURMA. DIREITO
EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA. O
reconhecimento, por sentença transitada em julgado, de que elidiu a falência o depósito do valor
366
principal do título executivo extrajudicial cujo inadimplemento baseou o pedido de quebra (art. 1º, §
3º, Decreto-Lei 7.661/1995) não torna prevento o juízo para um segundo pedido de falência
fundado na execução frustrada (art. 2º, I, do Decreto-Lei 7.661/1945) do título executivo advindo
daquela sentença quanto aos juros e a correção monetária. O juízo da falência é indivisível porque
competente para todas as ações sobre bens e interesses da massa falida, conforme enfatizava o art.
7º, § 2º, da antiga Lei Falimentar (Decreto-Lei 7.661/45), norma repetida no art. 76 da atual Lei de
Recuperação de Empresas (Lei 11.101/2005). O objetivo da vis atractiva do juízo falimentar é
submeter a universalidade dos bens do devedor comum a um regime único, evitando que apareçam
duas ou mais falências paralelas em juízos diferentes, para que, assim, haja paridade no tratamento
dos créditos. É necessário, portanto, que, para se instaurar o juízo universal da falência, seja
efetivamente decretada a falência pelo juízo competente. Na hipótese em análise, houve
reconhecimento do depósito elisivo do primitivo pedido de quebra, por sentença transitada em
julgado, desaparecendo a possibilidade de decretação da falência com fundamento no título de
crédito, não se tendo, por isso, instaurado o juízo universal da falência. Efetivamente, o fato de
existir uma execução frustrada, advinda de um título judicial nascido de uma ação falimentar extinta
pelo depósito elisivo parcial, não tem o condão de determinar a distribuição, por prevenção, de um
segundo pedido de falência, pelo fato de que não mais existe a possibilidade de ocorrerem falências
em juízos diferentes. REsp 702.417-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/3/2014.
i
Reprodução textual dos apontamentos do Prof. André Santa Cruz, sobre as propostas do Prof. Fabio Ulhoa Coelho, no
Novo Código Comercial: “(i) define expressamente “empresa” como sendo “a atividade econômica organizada para
produção ou circulação de bens ou serviços”;
(ii) define e elenca expressamente o que se considera como “normas empresariais”, incluindo nelas os princípios e os
costumes (a ideia declarada dos organizadores é fazer um código principiológico);
(iii) trata de forma extremamente detalhada os princípios empresariais, preocupando-se inclusive em definir alguns;
(iv) preocupa-se tanto com os princípios empresariais que trata separadamente dos princípios de cada sub-ramo do
direito empresarial (societário, cambiário, falimentar, agronegócio, comércio marítimo etc.);
(v) prevê a figura da “norma de autorregulamentação”, que terá eficácia em juízo quando discutida e aprovada em
Congresso Empresarial, cujas condições e forma de realização estão dispostas no próprio CCom;
(vi) exclui do conceito de empresário a pessoa, física ou jurídica, “dedicada a atividade de prestação de serviços típicos
de profissão regulamentada” (foi uma tentativa de reescrever, de forma menos confusa, a atual regra do art. 966,
parágrafo único, do CC/2002);
(vii) mantém a figura da EIRELI, mas com mudanças relevantes no seu regime jurídico, já que segundo o projeto de
CCom ela “será exercida: I – pelo empresário individual em regime fiduciário; ou II – pela sociedade limitada
unipessoal” (no regime atual, a EIRELI não se confunde nem com o empresário individual nem com a sociedade
empresária, e seu titular deve ser necessariamente uma pessoa física);
(viii) traz regras mais detalhadas sobre registro do que as previstas no CC/2002, algumas delas diferentes, inclusive,
das regras previstas na Lei 8.934/1994, que terão de ser revogadas (por exemplo: o projeto de CCom tem regras mais
simplificadas para cancelamento de registro e reduz de 10 para 5 anos o prazo para que se caracterize a inatividade do
empresário);
(ix) prevê a figura do empresário individual informal, aquele que exerce atividade empresarial sem registro, mas
estabelece que o poder público desenvolverá políticas que estimulem a sua regularização;
(x) praticamente repete as regras do CC/2002 sobre nome empresarial;
367
(xi) tem mais regras sobre estabelecimento empresarial que o CC/2002, define expressamente o contrato de
“trespasse” e o disciplina de forma mais detalhada, preocupando-se, inclusive, em deixar claro que “a cessão da
locação empresarial depende de anuência do locador, mesmo que integrante ou derivada de trespasse” (esse tema é
polêmico na doutrina, já tendo motivado a edição de enunciados nas Jornadas de Direito Civil e Comercial);
(xii) regula expressamente o “comércio eletrônico” feito “entre empresários” (o que exclui, pois, as relações de
consumo), estabelecendo regras específicas sobre o uso do site (por exemplo: “o empresário que se utilizar de
ambiente eletrônico em sua atividade deve adotar medidas mínimas de segurança das informações trocadas nas
transações comerciais, atualizando-as periodicamente, com base na evolução da tecnologia e na experiência
adquirida”; “o sítio de empresário acessível pela rede mundial de computadores deve conter a política de privacidade
e os termos de uso, devendo ser disponibilizada ligação direta para esses documentos na página introdutória”) e do
nome de domínio (por exemplo: “Configura conduta parasitária o registro de nome de domínio em que o núcleo
distintivo do segundo nível reproduz marca registrada alheia, salvo se feito por quem for também titular, em razão da
especialidade, do registro de igual marca”);
(xiii) tem regras sobre escrituração bem mais detalhadas que o CC/2002, prevendo que “os livros podem ser
escriturados e as demonstrações contábeis elaboradas em meio eletrônico, desde que certificadas as assinaturas no
âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas brasileira (ICP-Brasil)”;
(xiv) prevê a responsabilização do empresário por “concorrência desleal” ou “parasitismo”, condutas que são
devidamente definidas (“Concorrência desleal é o emprego de meios ilegais, fraudulentos ou repudiados pela
generalidade dos empresários que atuam no mesmo segmento de mercado”; “Concorrência ou conduta parasitária é
o aproveitamento, sem a devida autorização, do potencial de resultados econômicos de marca, nome empresarial ou
outros sinais distintivos alheios, de apelo publicitário notoriamente associado a outra empresa ou, por qualquer meio,
de investimentos realizados por outrem na exploração de sua atividade econômica”) e exemplificadas (“São exemplos
de concorrência desleal: I – divulgação de informação falsa em detrimento da imagem de concorrente;...”; “Art. 160.
São exemplos de parasitismo: I – a equiparação do produto ou serviço ao de outro empresário, concorrente ou não,
feita com o propósito de difundir informação, insuscetível de comprovação objetiva, sobre as qualidades dos que
oferece ao mercado;...”);
(xv) trata expressamente do “negócio jurídico empresarial”, prevendo regras específicas e bastante detalhadas sobre
sua validade, sobre sua interpretação e sobre a prescrição e a decadência a ele aplicável;
(xvi) estabelece que “pessoas casadas podem ser sócias entre si, independentemente do regime de bens do
casamento” (no CC/2002, não se permite isso quando o regime é de comunhão universal ou de separação
obrigatória);
(xvii) reduz os tipos societários a apenas quatro (limitada, anônima, nome coletivo e conta de participação), excluindo
a sociedade em comandita;
(xviii) prevê expressamente a possibilidade do uso de arbitragem para solução de litígios societários (algo já muito
feito na prática atualmente);
(xix) quanto aos atos societários, prevê expressamente que “Desde que certificadas as assinaturas no âmbito da
Infraestrutura de Chaves Públicas brasileira (ICP-Brasil), os atos societários não podem ter a existência, validade,
eficácia e registrabilidade negadas só pela circunstância de terem sido elaborados e mantidos em meio eletrônico”;
(xx) tem regras específicas sobre desconsideração da personalidade jurídica, uma delas prevendo que “a simples
insuficiência de bens no patrimônio da sociedade para a satisfação de direito de credor não autoriza a
desconsideração de sua personalidade jurídica”;
(xxi) permite que as quotas da sociedade limitada tenham ou não valor nominal;
(xxii) prevê expressamente o usufruto de quotas, o penhor ou caução de quotas como garantia real, a aquisição de
quotas pela própria sociedade para manter em tesouraria;
(xxiii) prevê que “As deliberações sociais, salvo exceções legais ou disposição do contrato social
ou de acordo de quotistas, são tomadas por maioria absoluta de votos, calculada segundo o valor da participação de
cada sócio no capital social”;
(xxiv) permite a criação de quotas preferenciais sem direito a voto (o assunto hoje causa polêmica, e as Juntas
Comerciais não têm admitido tal prática);
(xxv) optou por também não tratar da sociedade anônima, assim como fez o CC/2002, de modo que ela continuará a
ser regida por sua lei específica (Lei 6.404/1976);
(xxvi) cria a figura da “sociedade de profissão intelectual”, sendo ela aquela que é “constituída para proporcionar o
exercício em comum de profissão intelectual ou regulamentada”, mas faz ressalva afirmando que “é facultada a
organização de sua atividade como empresa, bem como a adoção de qualquer um dos tipos societários previstos no
artigo 190”;
(xxvii) permite que a sociedade de profissão intelectual seja unipessoal e que o sócio contribua com serviços para a
formação do seu capital (na sociedade limitada, mantém a proibição atualmente vigente de contribuição com
serviços);
368
(xxviii) disciplina expressamente e de forma detalhada os contratos empresariais (“quando a relação obrigacional
envolver apenas empresários, como credor e devedor principais”), deixando claro que a eles não se aplicam as regras
do Código de Defesa do Consumidor (atualmente o STJ as tem aplicado, excepcionalmente, quando há
“vulnerabilidade técnica, econômica ou jurídica” de um dos empresários contratantes);
(xxix) traz regras específicas sobre a responsabilidade civil dos empresários (por exemplo: “o protesto de título regular
não dará ensejo à indenização por danos morais”; “o protesto de título, ainda que indevido, não dará ensejo à
indenização por danos morais em favor do empresário que tiver outros títulos protestados”;
(xxx) disciplina especificamente vários contratos empresariais em espécie, inclusive contratos de colaboração
(franquia, distribuição etc.), de logística (armazenamento, transporte etc.), financeiros, de fomento mercantil
(factoring) e de shopping center (nesse ponto, cabe uma pergunta: por que não privilegiar a atipicidade contratual,
em homenagem à liberdade de contratar e à liberdade contratual decorrentes da autonomia da vontade, que no
âmbito das relações empresariais deve ficar imune ao dirigismo negocial?);
(xxxi) tem regras específicas sobre títulos de crédito, definindo-os como todo “documento, cartular ou eletrônico, que
contém a cláusula cambial”;
(xxxii) prevê que “é lícito ao empresário emitir, aceitar ou endossar títulos de crédito atípicos, os quais poderão ser
avalizados por qualquer pessoa”, que “todo título de crédito é título executivo extrajudicial” e que as suas disposições
nessa matéria “são aplicáveis mesmo ao título de crédito emitido, aceito, endossado, avalizado, protestado ou
cobrado por quem não é empresário”;
(xxxiii) trata especificamente de alguns títulos de crédito típicos que já possuem leis específicas, como a duplicata, o
conhecimento de depósito, o warrant e o conhecimento de transporte (a lei das duplicatas, por exemplo, é
expressamente revogada na parte final do projeto de CCom);
(xxxiv) regula detalhada e especificamente o agronegócio, o qual é conceituado como “a rede de negócios que integra
as atividades econômicas organizadas de fabricação e fornecimento de insumos, produção, processamento,
beneficiamento e transformação, comercialização, armazenamento,
logística e distribuição de bens agrícolas, pecuários, de reflorestamento e pesca, bem como seus subprodutos e
resíduos de valor econômico”;
(xxxv) disciplina especificamente também os títulos de crédito do agronegócio, como a cédula de produto rural, o
certificado de depósito agropecuário e a letra de crédito do agronegócio;
(xxxvi) disciplina, também de forma específica e detalhada, o direito comercial marítimo (até hoje essa matéria está
disciplinada no Código Comercial de 1850);
(xxxvii) tem um livro específico para tratar do “processo empresarial”, cujas regras se aplicam quando, num processo
judicial, “I – autor e réu forem empresários; II – autor ou réu for empresário e a outra parte inserir sua atividade no
agronegócio ou em outra rede de negócios empresariais; III – a controvérsia versar sobre a aplicação deste Código ou
da legislação comercial; ou IV – em matéria obrigacional ou societária, as partes tiverem ajustado sua aplicação”;
(xxxviii) prevê alguns procedimentos especiais no âmbito do processo empresarial, como a ação de “dissolução parcial
de sociedade” (o novo CPC já tratou dela também), o incidente de “superação de impasse” (“Havendo grave
desinteligência entre os sócios, que ponha em risco a continuidade da sociedade, será admissível a instauração da
superação de impasse”), a “ação de exigir contas” e a “ação de invalidação de deliberação assemblear”;
(xxxix) cuida da “falência transnacional” e da “recuperação judicial transnacional”, prevendo a cooperação do juízo
brasileiro com o juízo falimentar estrangeiro;
(xl) prevê que “os Tribunais poderão instituir, conforme as peculiaridades locais, varas, turmas e câmaras
especializadas no processamento e julgamento de questões de direito comercial ou empresarial” (isso já é feito
atualmente em vários tribunais do país);
(xli) estabelece que o seu corpo normativo “não altera as obrigações legais do empresário, da sociedade e dos seus
sócios ou acionistas relativamente: I – às relações de emprego regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT; II
– às relações de consumo regidas pela Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor) e
legislação complementar; III – aos tributos e contribuições; IV – à responsabilidade pelo meio ambiente; e V – à
responsabilidade por infração da ordem econômica”; e (xlii) revoga, dentre outras leis e regras legais específicas, toda
a parte de títulos de crédito e de direito de empresa do CC/2002 (arts. 887 a 926 e 966 a 1.195).”
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