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Disciplina: PRR - Legislação Aplicada à Engenharia de Segurança do Trabalho

Identificação da tarefa: Tarefa 1. Envio de arquivo


Pontuação: 20 pontos

Tarefa 1

1. Considerando a evolução da teoria do risco no Brasil, apresente


dissertação, com no mínimo 20 linhas, discorrendo sobre os seguintes
pontos por período de regência normativo:

a) Indique, por período, quais as normas legais em vigor para cada


tipo de risco desde 1891 até os dias atuais.
b) Indique os tipos de riscos propugnados por essas normas nesses
respectivos períodos.
c) Apresente as definições, características, vantagens e desvantagens
de cada um desses riscos.

Desde a Antiguidade até a Idade Média o trabalho sempre esteve aliado


a um sentido negativo, de castigo e sofrimento.
Somente a partir do Renascimento, a noção negativa associada ao
trabalho vai aos poucos tomando uma feição positiva, quando surgiram as
ideias de valorização do trabalho como manifestação da cultura, e este
começou timidamente a ser visto como um valor da sociedade e do próprio
homem.
Sabe-se que a relação existente entre trabalho-saúde-doença já era
percebida desde a Antiguidade. Porém, como somente os escravos
trabalhavam (considerados não-cidadãos) eram eles que estavam expostos
aos riscos do trabalho. Por este motivo, não havia uma preocupação efetiva no
sentido de se garantir proteção ao trabalho, já que a mão de obra era
abundante.
Em 1700, um médico italiano chamado Bernardino Ramazzini, publicou
um trabalho sobre doenças ocupacionais chamado De Morbis Artificum Diatriba
(Doenças do Trabalho), no qual relacionou os riscos à saúde ocasionados por
produtos químicos, poeira, metais e outros agentes encontrados nas atividades
exercidas por trabalhadores em várias ocupações. Ele orientava os demais
médicos a fazer a seguinte pergunta ao paciente: “Qual o seu trabalho?” Por
sua vida dedicada a este assunto, Ramazzini ficou conhecido como o pai da
Medicina Ocupacional.
Ao longo dos anos, vários médicos e higienistas se ocuparam da
observação do trabalho (qualitativa, e não quantitativa ainda, devido às
limitações tecnológicas da época) em diversas atividades e conseguiram
chegar a várias descobertas importantes, como o médico francês Patissier que
recomendava aos ourives levantar a cabeça de vez em quando e olhar para o
infinito como modo de evitar a fadiga visual; e também Rene Villermé, médico
francês que foi além dos ambientes de trabalho insalubres e associou a
influência das jornadas excessivas, as péssimas condições dos alojamentos, a
qualidade da alimentação e o “salário abaixo das necessidades reais”, sobre o
mau estado de saúde dos trabalhadores.
A Revolução industrial foi um processo de grandes transformações
econômicas, tecnológicas e sociais, que se iniciou em meados do século XVIII
na Europa Ocidental, mais precisamente na Inglaterra e que revolucionou o
modo como trabalhamos e vemos o mundo.
Entretanto, o avanço tecnológico dos meios de produção se contrastava
com o crescimento das doenças e mortes entre os trabalhadores assalariados
devido às precárias condições de trabalho.
No século XX foram criados vários organismos com o objetivo final de
proteção do trabalho. Vejam na tabela a seguir as datas de criação de alguns
destes importantes órgãos:
Em 1914 foi feita a Criação do National Institute of Occupational Safety
and Health (NIOSH), órgão de pesquisa em Segurança e Saúde no Trabalho.
Atualmente praticamente todos os países utilizam a metodologia de avaliação
da exposição ocupacional estabelecida por este órgão.
Em 1919 criado a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em 1938 foi feita a criação da American Conference of Governmental
Industrial Hygienists (ACGIH), Associação dos Higienistas do Governo
Americano e que desenvolve pesquisas sobre os Limites de Exposição
Ocupacional para os agentes físicos, químicos e biológicos e Índices Biológicos
de Exposição.
Em 1966 teve a Criação da FUNDACENTRO, Fundação Jorge Duprat
Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, voltada para o estudo e
pesquisa dos problemas relativos à segurança, higiene e medicina do trabalho,
onde que em 1974 passou a ser vinculada ao Ministério do Trabalho. Criada
inicialmente como Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e
Medicina do Trabalho.
Enquanto no início do século XIX, a Inglaterra já se preocupava com a
proteção dos trabalhadores das indústrias têxteis, (ainda que com obrigações
absurdas para a nossa referência atual, porém aplicáveis à época), somente no
final daquele século, por volta de 1870 é que se tem notícia da instalação da
primeira indústria têxtil no Brasil, no estado de Minas Gerais.
E somente vinte anos depois é que surgiria no Brasil um dos primeiros
dispositivos legais relativos à proteção do trabalho, mais precisamente em
1891, com a publicação do Decreto 1.313 que tratava da proteção do trabalho
de menores. Os trabalhadores adultos não eram abrangidos por este decreto.
Estávamos nos primeiros anos da república velha e o Brasil começava a
dar os primeiros passos, ainda bastante tímidos, em direção à proteção do
trabalho. Enquanto isso, na Inglaterra já havia, há mais de oitenta anos, uma
regulamentação sobre o trabalho infantil, através da Factory Law!.
A Primeira Lei de proteção dos Trabalhadores: a “lei de saúde e moral
dos aprendizes” foi aprovada pelo parlamento da Inglaterra no ano de 1802.
Durante o auge da primeira Revolução Industrial, quando muitos trabalhadores
morriam ou sofriam enfermidades por conta das condições de trabalho da
época.
No Brasil, as primeiras regulamentações de segurança do trabalho
começaram a surgir por volta de 1930, juntamente com a expansão industrial
que começava a se espalhar pelo país. O presidente Getúlio Vargas, iniciou o
processo de direitos trabalhistas individuais e coletivos com a criação da
Consolidação das Leis do Trabalho, ou como conhecemos até hoje, a CLT, em
1943.
A partir daí a segurança do trabalho evoluiu gradativamente no país,
com a criação de leis trabalhistas, fundos de pensão para acidentados e
organizações governamentais, até o ano de 1978, quando foram criadas as
primeiras Normas Regulamentadoras, as NR.
A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 implementou os planos de
benefícios da Previdência Social. Dentre esses benefícios, estão aqueles
voltados aos trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho, sendo uma
grande mudança.
Hoje é o momento da segurança no trabalho ser mais atuante do que
nunca, pois conta com todos os requisitos que são necessários para seu
desenvolvimento. A CIPA, o SESMT, diversos documentos, os mais variados
EPIs e EPCs que tem disponíveis no mercado, incentivo fiscal, a introdução da
responsabilidade social, o respeito ao meio ambiente, o advento da internet
que facilita muito as transações burocráticas, enfim, o profissional conta com
tudo ao seu favor.
O diferencial é ter uma equipe muito bem treinada com treinamentos e
campanhas constantes, educar também a alta administração, pois é de lá vai
sair os recursos financeiros para desenvolver diversos projetos. Esse é o ponto
chave que o TST tem para envolver a equipe na íntegra no que se refere à
segurança.
Com o advento da norma OHSAS 18001 a segurança no trabalho teve
um grande ganho para desenvolver sua política de segurança e manual que
possibilita padronizar regras que devem ser respeitadas por todos,
acrescentando os terceiros em uma conduta de equidade e postura
prevencionista.
Essa área tem tudo para dar certo, os números negativos podem ser
reduzidos com a ajuda de profissionais éticos, íntegros e comprometidos com o
fator humano.
O ganho é de todos, principalmente se unirem com o mesmo propósito:
o de preservar vidas e promover a qualidade de vida no trabalho.
2. Apresente dissertação, com no mínimo 20 linhas, sobre a hierarquia
das normas, indicando na pirâmide as definições, características de
cada norma.

Uma das primeiras noções que se estuda no curso de Direito diz


respeito à hierarquia das normas, aprendendo-se que há as de maior e as de
menor importância, ou seja, algumas prevalecem sobre outras. Nenhuma delas
pode contrariar o que disponha a Constituição, por isso dita Carta ou Lei
Magna.
Não é outro o motivo de, inicialmente, qualquer projeto de lei ter que ser
analisado quanto à sua constitucionalidade. Sem superar essa análise, sendo
dito haver alguma inconstitucionalidade, o projeto não avança, morrendo no
nascedouro.
Também é forçoso ressaltar que no Direito Público somente se pode
fazer o que a lei, autorize expressa e textualmente, diferentemente do Direito
Privado, no qual pode-se fazer tudo aquilo que a lei não proíba.
No Direito brasileiro, observa-se a chamada Pirâmide de Kelsen:
Constituição Federal e Emendas Constitucionais promulgadas, Leis
Complementares, Leis delegadas, Leis ordinárias, Decretos–Lei,
Regulamentos, Tratado, Acordos, Atos, Convenções Internacionais após
Decretos Legislativos, Costumes e Doutrina, Jurisprudência, Decretos, Medidas
Provisórias, Resoluções, Portarias, Instruções Normativas, Contratos em geral
Essa pirâmide, concebida pelo notável jurista austríaco, serve de
fundamento para sua teoria e baseia-se na ideia de que há normas jurídicas
inferiores (normas fundadas) que, necessariamente, têm que observar e
respeitar o disposto nas normas jurídicas superiores (normas fundantes).
No âmbito das unidades que compõem a federação (estados, municípios
e Distrito Federal), também têm-se as Constituições estaduais ou as Leis
Orgânicas, suas eventuais Leis Complementares, em seguida as Leis
Ordinárias, etc. que, de forma alguma, podem contrariar o que diga a legislação
federal. Analogamente, dentro de um estado, a Lei Orgânica de cada município
tem que respeitar a Constituição estadual e as
Leis municipais não podem ter nada que infrinja a legislação estadual.
No serviço público, de qualquer esfera, mais que se esperar, exige-se
que o ocupante de cargo público conheça e aplique corretamente a legislação.
Seus atos têm fé pública e presunção de legalidade. Esse conhecimento é
requisito a ser cobrado de todos, e não apenas dos que sejam servidores
públicos estrito senso (concursados e pertencentes aos quadros de sua
unidade funcional, seja ela uma repartição, uma autarquia ou uma fundação
pública, isto é, da administração direta ou indireta).
É inaceitável que alguém que não pertença ao serviço púbico (o que é
cada dia mais comum) e exerça cargos comissionados ou de assessoramento
e direção – além da excrescência da terceirização nas atividades-fim –, não
estando subordinado à lei que criou o regime jurídico dos servidores públicos
civis da sua área de atuação, alegue o fato para fugir daquela
responsabilidade.
Agir dessa maneira demonstra, claramente, despreparo, falta da
necessária capacitação e de compromissos com o serviço público. Ou coisa
pior, ainda que se possa tentar arguir tratar-se de crime próprio (ação ou
omissão de determinadas pessoas especificadas legalmente. No caso, que a
lei exija ser servidor público para cometer).
É maior e mais grave a situação se o ato decorreu ou contou com a
participação de servidor público (concursado ou não, pois ainda existem os
admitidos como celetista antes da Constituição Federal de 1988 e tornados
servidores públicos por força do art. 19 dos Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias, que de “transitórias” não têm nada), quem sabe,
dando um parecer ou uma informação que induza as chefias superiores a
endossarem e consumarem um ato administrativo ilegal.

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