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Sobre o autor
Wesley Silva
Introdução
Uma das principais causas de acidentes de trabalho graves e fatais é a queda de
trabalhadores em diferentes níveis. Os riscos de queda em altura estão presentes em
vários ramos de atividades e organizações. Apesar da Norma Regulamentadora estar
em vigor há mais de uma década, ainda enfrentamos muitos desafios no
Gerenciamento dos Riscos dessas atividades.
No entanto, muitos pontos ainda precisam evoluir e posso citar aqui alguns deles:
qualidade dos treinamentos em todas as regiões do país, melhor controle e inspeção
dos equipamentos, procedimentos de emergência, melhoria em projetos de
construção com o foco em eliminar o trabalho em altura e uma maior discussão sobre a
questão dos pontos de ancoragem.
Vamos abordar ao longo deste texto alguns pontos que acredito que precisam ser
melhor entendidos pelos profissionais que fazem a gestão dos riscos dessas
atividades, com o foco principal nos pontos de ancoragem.
A minha intenção não é esgotar o tema, mas colocar a discussão em pauta. Uma vez
que temos equipamentos de segurança de qualidade, precisamos voltar os olhos para
os pontos de ancoragem, pois a resistência do sistema dependerá da escolha do ponto
de ancoragem.
É certo que todo trabalho em altura precisa de uma Análise de Riscos. Mas será que
está sendo realizada uma análise de riscos de forma adequada?
Espero que você encontre as respostas para essas perguntas ao final. Boa Leitura!
Elementos do SPIQ
Importante!
Todo Sistema de Proteção Contra Quedas precisa ser selecionado por profissional
qualificado ou legalmente habilitado em segurança do trabalho. Sendo que o
Profissional legalmente habilitado é aquele trabalhador previamente qualificado e
com registro no competente conselho de classe. Exemplo: CREA.
Já o trabalhador qualificado é aquele que comprove conclusão de curso específico
para sua atividade em instituição reconhecida pelo sistema oficial de ensino.
Sendo o ponto de ancoragem parte integrante do SIPQ ele precisará atender também
as especificações do item 35.6.6 e 35.6.6.3, descritos na sequência.
1) Devem ser efetuadas inspeções inicial, rotineira e periódica do SPIQ, observadas
as recomendações do fabricante ou projetista, recusando-se os elementos que
apresentem defeitos ou deformações.
2) A inspeção periódica deve ser realizada no mínimo uma vez a cada doze meses,
podendo o intervalo entre as inspeções ser reduzido em função do tipo de utilização,
frequência de uso ou exposição a agentes agressivos.
Exemplo de pontos a serem inspecionados no cinto tipo paraquedista. Fonte: Guia do SPIQ da CBIC
Nota: Importante neste ponto é como registrar que o ponto de ancoragem foi
inspecionado. Além disso, como o trabalhador autorizado terá acesso a essa
informação. A minha sugestão seria uma placa de identificação informando dados
do ponto de ancoragem e data da última inspeção.
Conforme o item 35.6.7, o SPIQ deve ser selecionado de maneira que, em caso de
uma eventual queda, a força de impacto transmitida ao trabalhador não exceda 6 kN.
Já o item 35.6.8 traz que os sistemas de ancoragem destinados à restrição de
movimentação devem ser dimensionados para resistir às forças que possam vir a ser
aplicadas.Considerando que o conjunto (Cinto de Segurança e Talabarte) não pode
permitir um impacto superior a 6 kN, o que equivale aproximadamente a 600 kg de
impacto sobre o trabalhador, o ponto de ancoragem deve suportar, no mínimo, essa
mesma carga. No entanto, é imprescindível levar em conta um fator de segurança
adicional. Para garantir essa condição, torna-se necessário um projeto elaborado por
um profissional legalmente habilitado, assegurando a avaliação adequada dessa
exigência no momento do planejamento da escada.
Por definição, temos que a estrutura é uma estrutura artificial ou natural utilizada para
integrar o sistema de ancoragem, com capacidade de resistir aos esforços desse
sistema.
1 - Escada
2 - Suporte
3 - Linha de ancoragem vertical
A conexão das linhas de vida na estrutura da escada tipo fixa vertical só será possível
se elas forem projetadas para a carga que será solicitada em caso de retenção de
queda. Um profissional legalmente habilitado (PLH) terá que realizar projeto
específico se o sistema de ancoragem for permanente, sendo que este sistema
precisará ter sua função descrita nesta responsabilidade legal.
A força vertical utiliza os 6 kN (quilonewton) como parâmetro. Esta é a força máxima a
ser transmitida ao trabalhador que será repassada “verticalmente” ao ponto de
ancoragem. A força gerada precisa ficar abaixo dos 6 kN, mas o parâmetro utilizado
para cálculos é sempre os 6 kN. O profissional qualificado em segurança do trabalho
precisa garantir que a força abaixo de 6 kN seja repassada ao trabalhador, o PLH de
estruturas precisa garantir que a estrutura seja compatível com esta força, incluído um
fator de segurança.
Um exemplo de força vertical pode ser observado na conexão de um talabarte em uma
estrutura de andaime ou em um degrau de escada. A boa prática recomenda que as
estruturas que suportam um sistema de ancoragem tenham uma carga de ruptura
equivalente a, pelo menos, duas vezes a carga máxima de trabalho a que estarão
sujeitas. Portanto, ao aplicar a força vertical de 6 kN, o PLH (Profissional Legalmente
Habilitado) precisa garantir uma carga de ruptura mínima de 12 kN. Para linhas
horizontais flexíveis, outras forças são geradas e devem ser conhecidas de antemão.
Desta forma, paras as atividades em campo que envolvam trabalhos em altura com o
uso de escadas, deverá ser observado a existência de sistemas e pontos de
ancoragem adequados para a atividade. Em resumo, o local ou estrutura deverá
possuir por exemplo uma linha de vida para que o trabalho em altura ocorra de forma
segura.
Não é recomendado o uso dos degraus das escadas como pontos de ancoragem.
Para que se possa usar o degrau como ponto de ancoragem, o mesmo precisará
atender às condições descritas anteriormente, como: definição por profissional
legalmente habilitado de que os degraus foram construídos e projetados para serem
utilizados como pontos de ancoragem e fazem parte do SPIQ, registros de inspeção e
registro de evidências de que os degraus foram projetados para retenção de quedas,
entre outras.
Outro ponto que precisamos considerar é que a distância percorrida durante uma
queda utilizando o talabarte em Y será possivelmente superior à distância
percorrida quando comparada com o uso do trava quedas deslizante. Isso poderá
gerar lesões ao trabalhador em uma eventual queda.
Acredito que após a leitura deste texto você já saberá responder melhor aos
questionamentos inseridos na introdução.
Mas antes de encerrar nossa discussão sobre o tema, preciso reforçar alguns pontos
que precisam ser aplicados em sua gestão de trabalhos em altura:
Um abraço!
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