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RELATÓRIO DE PROJETO

LICENCIATURA EM ENERGIAS RENOVÁVEIS

INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE ENERGIA


RENOVÁVEL E CLIMATIZAÇÃO

FÁBIO MIGUEL MENDES SANTOS Nº29818

LOCAL: energia.pt
ORIENTADOR: Eng.º Celso Miranda
SUPERVISOR: Eng.ª Adelina Fernanda Magalhães Rodrigues

ANO LETIVO 2018 / 2019


SUMÁRIO

O presente relatório de estágio, efetuado no âmbito da Unidade curricular “Projeto” do


3º ano de Licenciatura em Energias Renováveis e realizado na empresa ENERGIA.PT,
da área das Energias Renováveis e Climatização, tem por objetivo relatar todas as
atividades desenvolvidas ao longo do mesmo.

As atividades realizadas, durante o período de estágio, centraram-se na instalação e


manutenção de sistemas solares térmicos, manutenção de sistemas de aquecimento a
biomassa e na instalação de sistemas de arrefecimento evaporativo.

O relatório inicialmente descreve e caracteriza a empresa e as energias renováveis a


ela associadas, seguidamente descreve as atividades realizadas pela empresa e pelo
estudante, e finaliza com uma reflexão sobre as mais-valias adquiridas durante o
período de estágio.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que, apesar das dificuldades, me deram força para nunca fraquejar
perante os problemas que foram surgindo ao longo do meu percurso, e a toda a res-
tante família que sempre me apoiou.

Um obrigado especial à minha professora, Eng.ª Adelina Rodrigues, pelo estímulo,


disponibilidade e apoio dispensados.

À energia.pt, pela oportunidade de realização de um estágio que me possibilitou uma


melhor preparação para entrar no mercado de trabalho. Em particular ao meu orienta-
dor na empresa, Eng.º Celso Miranda pelo apoio e orientação ao longo do estágio, e
aos colaboradores da empresa, que também proporcionaram condições necessárias
para o desempenho das tarefas, em especial ao responsável pela equipa de Energias
Renováveis, Cláudio Almeida, pela disponibilidade, atenção e apoio durante todo o
período de estágio.

Para finalizar, a todos os amigos que me acompanharam durante esta etapa da minha
vida e me apoiaram em todas as ocasiões.
ÍNDICE

1. INTRODUÇAO ................................................................................................................. 7
2. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ............................................................................... 8
2.1. DESCRIÇÃO GERAL .......................................................................................... 8
2.2. ORGANIZAÇÃO DA ENERGIA.PT ..................................................................... 8
2.3. ENERGIAS RENOVÁVEIS ASSOCIADAS À ENERGIA.PT ............................... 8
2.3.1. ENERGIA SOLAR ......................................................................................... 8
2.3.2. BIOMASSA .................................................................................................... 9
2.4. BIOCLIMATIZAÇÃO ........................................................................................... 10
2.4.1. ARREFECIMENTO EVAPORATIVO ............................................................ 11
3. ATIVIDADES REALIZADAS PELA EMPRESA ............................................................... 11
3.1. INSTALAÇAO E MANUTENÇAO DE SISTEMAS SOLARES TÉRMICOS ........ 12
3.1.1. FUNCIONAMENTO DE SISTEMAS SOLARES TERMICOS ...................... 13
3.1.1.1. CIRCULAÇÃO FORÇADA............................................................... 14
3.1.1.2. TERMOSSIFÃO ............................................................................... 15
3.2. MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE CALDEIRAS A PELLETS ........................ 16
3.2.1. FUNCIONAMENTO DE CALDEIRAS A PELLETS ...................................... 16
3.3. CLIMATIZAÇÃO DE ESPAÇOS INDUSTRIAIS ................................................. 18
3.3.1. FUNCIONAMENTO DE SISTEMAS DE ARREFECIMENTO EVAPORATI-
VO ................................................................................................................. 19
4. ATIVIDADES REALIZADAS PELO ESTUDANTE ........................................................... 21
4.1. SISTEMAS SOLARES TÉRMICOS .................................................................... 21
4.1.1. INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA TÉRMICO COM CIRCULAÇÃO FORÇA-
DA ................................................................................................................ 21
4.1.2. MANUTENÇÃO DE SISTEMAS SOLARES TÉRMICOS ............................. 35
4.1.2.1. CIRCUITO PRIMÁRIO ..................................................................... 35
4.1.2.2. CIRCUITO SECUNDÁRIO .............................................................. 37
4.1.2.3. CONTROLO..................................................................................... 39
4.2. CALDEIRAS A PELLETS .................................................................................... 39
4.2.1. MANUTENÇÃO DE CALDEIRAS A PELLETS ........................................... 39
4.2.2. REPARAÇÕES CALDEIRAS A PELLETS .................................................. 45
4.3. ARREFECIMENTO EVAPORATIVO .................................................................. 51
4.3.1. INSTALAÇÃO DE BIOCOOLER................................................................... 51
5. REFLEXÕES FINAIS ...................................................................................................... 58
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 59
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Custo por kW entre diversos combustíveis para aquecimento ................................... 10


Figura 2 – Esquema de instalação do sistema solar térmico com circulação força ..................... 13
Figura 3 – Sistema solar térmico com circulação forçada ............................................................ 15
Figura 4 – Sistema solar térmico com termossifão ...................................................................... 16
Figura 5 – Interior de uma caldeira a pellets ................................................................................. 18
Figura 6 – Instalação de um BIOCOOLER com cubo difusor ...................................................... 19
Figura 7 – Principais constituintes de um sistema de arrefecimento evaporativo do ar .............. 20
Figura 8 – Sistema de Arrefecimento Evaporativo – BIOCOOLER ............................................. 21
Figura 9 – Componentes do sistema solar térmico com circulação forçada ............................... 22
Figura 10 – Linho e massa VEDOX ............................................................................................. 23
Figura 11 – Ligação de um joelho ¾”, passador ¾”, válvula anti retorno ¾” e 3 T de latão ¾” à
entrada da água da rede .............................................................................................................. 23
Figura 12 – Válvula de passagem e válvula misturadora termostática ........................................ 24
Figura 13 – Válvula de segurança aplicada no segundo T de latão ............................................ 24
Figura 14 – Circuito secundário do sistema solar térmico com circulação forçada ..................... 25
Figura 15 – Ligação em paralelo de canais ................................................................................. 26
Figura 16 – Estrutura de fixação dos coletores solares planos ................................................... 27
Figura 17 – Ligação dos painéis através de uniões bicone ¾” 20mm ......................................... 27
Figura 18 – Módulos de fixação entre os coletores solares ......................................................... 28
Figura 19 – Sentido do fluido solar ............................................................................................... 28
Figura 20 – Circuito de retorno do fluido solar com o devido isolamento térmico ....................... 29
Figura 21 – Cruzeta de latão ........................................................................................................ 29
Figura 22 – Circuito de saída do fluido com o isolamento térmico e sonda de temperatura ....... 30
Figura 23 – Fixação do grupo hidráulico e controlador solar…………. …….. .............................. 31
Figura 24 – Tubos de cobre que fazem a ligação entre a casa das máquinas e o telhado ........ 31
Figura 25 – IN solar e OUT solar correspondentes ao depósito……….. ...................................... 32
Figura 26 – Vaso de expansão solar ligado ao grupo hidráulico……… ....................................... 32
Figura 27 – Instalação dos circuitos na casa das máquinas ………….. ....................................... 33
Figura 28 – Enchimento do circuito primário com o fluido térmico…... ........................................ 35
Figura 29 – Limpeza do queimador………………………………………. ....................................... 40
Figura 30 – Limpeza do compartimento de encaixe do queimador e câmara de combustão ..... 41
Figura 31 – Limpeza da gaveta de cinzas ………………………………... ..................................... 41
Figura 32 – Limpeza dos canais de passagem de ar e turbuladores…........................................ 42
Figura 33 – Extrator de fumos ……………………………………………. ....................................... 42
Figura 34 – Parafuso sem fim e respetivo motor redutor ………………. ...................................... 43
Figura 35 – Limpeza do tubo de vacuómetro ……………………………. ...................................... 43
Figura 36 – Chaminé de extração de gases ……………………………... ..................................... 44
Figura 37 – Motor de limpeza automática …………………………………. .................................... 44
Figura 38 – Pellets de limpeza ……………………………………………. ...................................... 45
Figura 39 – Caldeira com sistema de alimentação automático ………….. ................................... 46
Figura 40 – Limpeza do interior do silo da caldeira ……………………….. ................................... 46
Figura 41 – Caldeira e respetivo silo de pellets ………………………........................................... 47
Figura 42 – Remoção da tampa lateral para averiguação do motor redutor ................................ 47
Figura 43 – Tubo flexível responsável pelo transporte dos pellets até à zona de combustão .... 48
Figura 44 – Caldeira automática com o respetivo silo …………………..... ................................... 48
Figura 45 – Parafuso sem fim que foi removido do equipamento …... ........................................ 49
Figura 46 – Demonstração de possíveis problemas, causas e resoluções em caldeiras ........... 50
Figura 47 – BIOCOOLER ………………………………………………............................................ 51
Figura 48 – Condutas de suporte e de difusão ………………………..... ...................................... 51
Figura 49 – Desenho do quadrado, corte do orifício e levantamento da borda da cobertura ..... 52
Figura 50 – Conduta inserida no orifício e sua fixação na borda da cobertura ............................ 53
Figura 51 – Chapa de alumínio para vedação ..…………………………. ...................................... 53
Figura 52 – Fixação da chada de alumínio na conduta e na cobertura ....................................... 54
Figura 53 – BIOCOOLER fixado na conduta de suporte ………………. ...................................... 54
Figura 54 – Fixação da conduta através de barras de suporte em alumínio ............................... 55
Figura 55 – Canais de distribuição de água …………………………….. ....................................... 55
Figura 56 – Condutas de suporte e de difusão……………….. ..................................................... 56
Figura 57 – Cabos de aço aplicados em todos os cantos da conduta de suporte ...................... 56
Figura 58 – Furação para a passagem dos cabos de alimentação .............................................. 57
Figura 59 – Trajeto dos cabos de alimentação desde o BIOCOOLER até ao quadro elétrico .... 57
LISTA DE ABREVIATURAS:

 AQS – Águas Quentes Sanitárias


 CFC – Clorofluorcarboneto
 SS – Sistema Solar
 PST – Painel Solar Térmico
 SST – Sistema Solar Térmico
 CDT – Controlador Diferencial de Temperatura
1. INTRODUÇÃO

O presente relatório faz uma síntese do estágio curricular realizado ao longo de 300
horas. O estágio foi realizado na energia.pt, uma empresa da área das Energias
Renováveis e Climatização.

Neste documento vai ser dada a conhecer a Empresa, as suas atividades e os vários
serviços prestados, bem como explicar os métodos de trabalho e o funcionamento dos
constituintes de alguns sistemas, nomeadamente sistemas solares térmicos, sistemas
movidos a biomassa e sistemas de arrefecimento evaporativo do ar. Por fim é efetua-
da uma reflexão sobre as atividades desenvolvidas.

Ao longo da licenciatura, em diversas unidades curriculares, os conhecimentos adqui-


ridos permitiram o enriquecimento do conhecimento relativo à importância e à utiliza-
ção dos vários sistemas envolvendo energias renováveis e que são o futuro do nosso
país, uma vez que, o aproveitamento das fontes de energias renováveis constituiu hoje
um enorme desafio para a sociedade, na medida em que normalmente envolve pro-
cessos ou sistemas tecnológicos relativamente inovadores, os quais, no passado, nem
sempre se revelaram suficientemente interessantes do ponto de vista do investimento
que exigiam, caracterizados também por baixos níveis de eficiência nos processos de
transformação e aproveitamento energético. A sua implementação visa, também, a
otimização dos consumos energéticos e a redução da fatura energética, sem quais-
quer limitações à atividade e/ou à produção.

Deste modo, o estágio efetuado na Empresa energia.pt contribuiu largamente para


serem adquiridas competências ao nível da instalação e manutenção de sistemas de
aproveitamento de energia renovável, que podem servir para produção de águas
quentes (AQS) ou como apoio ao aquecimento de uma residência, nomeadamente,
sistemas solares térmicos e caldeiras a biomassa, e ainda, ao nível da montagem de
sistemas de arrefecimento evaporativo, através de um processo desenvolvido pela
natureza, para a climatização de grandes espaços industriais.

O objetivo do relatório consiste na consolidação dos conhecimentos teóricos, adquiri-


dos durante a Licenciatura em Energias Renováveis e a sua devida aplicação em con-
texto real de trabalho, nomeadamente, na instalação e manutenção de sistemas sola-
res térmicos, manutenção de caldeiras a pellets e instalação de sistemas de arrefeci-
mento evaporativo (BIOCOOLER).

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2. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

2.1. DESCRIÇÃO GERAL

A empresa energia.pt localiza-se na Rua Terras de Santa Maria, Arrifana – Santa


Maria da Feira e é uma empresa da área das energias renováveis e climatização.

A empresa surge em 2004 com o objetivo de divulgar, comercializar e instalar diversos


sistemas de equipamentos na área das Energias Renováveis e Climatização, nomea-
damente, caldeiras a biomassa, sistemas de aquecimento com recurso a energia solar
térmica, recuperadores de calor, bombas de calor, equipamentos de ar-condicionado,
entre outros. Encontra soluções ao nível da eficiência energética, auxiliando a identifi-
car os focos de perdas de energia numa habitação, indústria ou comércio; ao nível da
sustentabilidade, permitindo ao cliente um melhor aproveitamento dos recursos ener-
géticos que lhe são disponibilizados gratuitamente e ao nível de infraestruturas, estan-
do habilitada à execução de obras de engenharia e instalação de equipamentos.

2.2. ORGANIZAÇÃO DA ENERGIA.PT

É uma empresa bastante experiente e competente, formada por uma equipa dinâmica
e multi-disciplinar. Pode ser dividida em duas partes principais: a parte interna, que é
responsável pela gestão, organização, projeção e distribuição de tarefas e pela parte
externa, que é responsável pela execução dos trabalhos e desafios exigidos pelo
cliente.

A parte externa é composta por três equipas que se dividem conforme a especialidade
dos trabalhadores. Uma das equipas lidera a parte de Eletricidade, uma segunda lide-
ra a parte de Pichelaria e uma terceira responsável pelas tarefas que dizem respeito
às Energias Renováveis e Climatização, equipa esta com a qual se efetuou estágio.

De salientar que todas as equipas mencionadas possuem um conhecimento mais vas-


to para além das suas especialidades.

2.3. ENERGIAS RENOVÁVEIS ASSOCIADAS À ENERGIA.PT

2.3.1. ENERGIA SOLAR

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Uma das formas mais antigas de aproveitamento da energia solar é a sua conversão
em energia térmica, podendo-se a partir dela obter também energia elétrica, através
do vapor resultante do aquecimento de um fluido, que faz rodar as pás de uma turbina,
criando um movimento de rotação do eixo do gerador que produz eletricidade.

A energia Solar é obtida através da captação das radiações eletromagnéticas prove-


nientes do sol, quer para a produção de energia elétrica quer como fonte de calor para
sistemas de aquecimento. Esta energia poderá ser aproveitada através de um sistema
solar térmico, para produção de água quente (AQS) que poderá ser utilizada para
banhos, ou como apoio ao aquecimento de uma casa (piso radiante, por exemplo).

O aproveitamento da energia solar térmica para produzir água quente tem vindo a ser
cada vez mais frequentes nas habitações, pois tem-se apresentado como a opção
mais rentável no aquecimento de água numa cozinha, casa de banho ou piscina. Des-
ta forma, cresce a necessidade de implementação de sistemas solares térmicos com
circulação forçada ou termossifão.

Outra forma de aproveitar a energia solar será através de um sistema solar fotovoltai-
co, para produção de energia elétrica, que poderá ser vendida à rede (microprodução
– produção e venda de energia elétrica à rede) ou utilizada para o consumo próprio,
através do armazenamento em baterias.

2.3.2. BIOMASSA

A sociedade e o planeta requerem fontes de energia limpas do ponto de vista ambien-


tal e produzidas de uma forma sustentada para garantir a qualidade de vida e o futuro
das gerações vindouras.

A Biomassa apresenta-se como uma excelente alternativa. Uma fonte de energia


renovável, derivada de material biológico natural, tal como a madeira (lenha) ou resí-
duos florestais (pellets). Uma das principais vantagens da Biomassa é o seu aprovei-
tamento direto por meio da combustão da matéria orgânica em fornos ou caldeiras.

Dentro da Biomassa encontram-se os pellets, um combustível processado a partir de


madeira triturada e prensada, na forma cilíndrica, desidratada e tratada de modo a
maximizar o poder calorífico específico do combustível. Estes por sua vez, servirão de
combustível para caldeiras, salamandras e recuperadores de calor.

Adquirir um equipamento de elevada eficiência, destinado à alimentação de sistemas


de aquecimento ambiente ou aquecimento de águas sanitárias, é uma medida funda-

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mental para reduzir os consumos de energia. Deste modo, caldeiras a biomassa for-
necem uma solução sustentável de energia eficiente. Um dos benefícios da sua utili-
zação é de que a biomassa se caracteriza como neutra no que se refere à emissão de
carbono.

Lenha e pellets são hoje a fonte de combustível mais económica para o aquecimento
de uma habitação, o que permite pagar o investimento nos equipamentos de aqueci-
mento a biomassa em muito pouco tempo. A figura seguinte mostra as diferenças de
custo por kW entre os combustíveis para aquecimento, tomando como referência o
custo por kW da lenha. Podemos facilmente verificar a poupança que obtemos quando
utilizamos a biomassa em detrimento das restantes formas de combustível para aque-
cimento.

Figura 1 – Custo por KW entre diversos combustíveis para aquecimento

2.4. BIOCLIMATIZAÇÃO

Bioclimatização é um processo desenvolvido pela Natureza para a climatização atra-


vés da evaporação da água. A sensação de frescura quando se sai de uma piscina
num dia de calor é, por exemplo, um processo de bioclimatização. Outro exemplo des-
te processo natural é o protagonizado pela brisa marítima. A corrente de ar em contac-
to com a água produz uma evaporação que reduz significativamente a temperatura do
ar, transportando-o na mesma humidade. Estes são alguns dos exemplos que expli-
cam o fenómeno de bioclimatização. Assim, os bioclimatizadores conseguem criar um

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ambiente com o máximo de conforto, pois controlam determinados parâmetros para
obter, através de um processo natural, a qualidade do ar, que são:

 Reduzem a temperatura do ar;


 Influenciam a humidade relativa do ar, aumentando até um nível ótimo para a
saúde e conforto das pessoas;
 Atuam sobre a renovação de ar, não o recirculando, mas alterando para novo
ar, filtrado e fresco;
 Ao existir uma pequena pressão, impedem a entrada de partículas, poeiras e
odores do exterior para o interior do edifício;
 Criam iões negativos (ação positiva) e eliminam a eletricidade estática.

2.4.1. ARREFECIMENTO EVAPORATIVO - BIOCOOLER

A qualidade do ar interior e a climatização de grandes espaços industriais é de extre-


ma importância para a saúde e bem-estar do operário.

O sistema de Arrefecimento Evaporativo – BIOCOOLER é uma solução compacta


para um arrefecimento eficaz no interior de qualquer tipo de edifícios, desde casas até
armazéns e fábricas. Arrefece, insuflando ar fresco, expulsando o ar viciado, focos de
calor, gases nocivos, partículas, pólens etc. Tem aplicação em quase todo o tipo de
ambiente, com uma gama de utilizações muito mais abrangente do que ar condiciona-
do e a ventilação tradicional.

São várias as vantagens deste sistema, do ponto de vista ecológico, de salientar que
devido a ser um processo completamente natural, só necessitamos de água, que
depois é devolvida à atmosfera em forma de vapor, não são utilizados gases refrige-
rantes CFC ou similares, logo não são prejudiciais ao meio ambiente. Estes equipa-
mentos renovam constantemente o ar do local, eliminando o excesso de temperatura,
a poluição, fumos, odores etc. Substituindo ar congestionado por ar tratado, fresco e
com nível de humidade apropriado para garantir condições benéficas para as pessoas.

3. Atividades realizadas pela empresa

Entre as diversas formas de se aproveitar a energia solar, a energia.pt concebe os


seus serviços para a instalação e manutenção de sistemas solares térmicos com circu-
lação forçada ou termossifão, destinados ao aquecimento de águas ou como apoio ao

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aquecimento de uma casa, e para a instalação e manutenção de painéis solares foto-
voltaicos para produção de energia elétrica.

A energia.pt é uma empresa que contribui para a sustentabilidade da nossa floresta e


do nosso planeta, dispondo soluções para o aquecimento de uma casa de forma efi-
ciente e confortável, dispondo os seus serviços para a instalação, manutenção, repa-
ração e abastecimento de caldeiras a pellets, como fonte primária de energia.

O arrefecimento e a renovação do ar no interior de grandes espaços industriais, em


épocas de grande calor, são prioridades de qualquer empresa. A energia.pt realiza a
instalação e manutenção de sistemas de Arrefecimento Evaporativo - BIOCOOLER
em grandes espaços industriais ou comerciais.

Durante o período de estágio na energia.pt foram acompanhadas várias intervenções


nesta área junto de um colaborador da mesma - Cláudio Almeida, e que é a pessoa
responsável pela área das Energias Renováveis e Climatização.

Irá ser efetuada a descrição dos trabalhos realizados, durante o período de estágio,
em colaboração com equipa de Energias Renováveis e Climatização da empresa, bem
como o princípio de funcionamento de cada sistema abordado.

Mais á frente, no capítulo 4 referente às atividades desempenhadas pelo estudante, irá


ser efetuada a descrição do procedimento de cada tarefa realizada.

3.1. INSTALAÇAO E MANUTENÇAO DE SISTEMAS SOLARES


TERMICOS

Uma das atividades realizadas pela empresa passa pela instalação de um sistema de
coletores solares térmicos com circulação forçada numa residência em Arrifana – San-
ta Maria da Feira.

O sistema irá produzir o aquecimento de águas (AQS), sendo composto por dois cole-
tores solares que serão instalados num telhado sanduíche. O respetivo depósito de
AQS, com capacidade de 300L, vaso de expansão solar e de AQS, grupo circulador e
controlador solar serão instalados na casa das máquinas da residência, onde se
encontram os tubos de cobre que ligam o circuito dos coletores solares ao circuito do
depósito. A figura 2 representa o esquema da instalação.

A manutenção destes equipamentos é de extrema importância para o seu correto fun-


cionamento e desempenho. Várias das deslocações da equipa de Energias Renová-

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veis e Climatização contribuíram para a manutenção preventiva de sistemas solares
térmicos.

Figura 2 – Esquema de instalação do sistema solar térmico com circulação forçada

3.1.1. FUNCIONAMENTO DE SISTEMAS SOLARES TÉRMICOS

Os sistemas solares térmicos fornecem água quente para qualquer necessidade, for-
necem água quente sanitária, apoio ao aquecimento central, aquecimento de piscinas,
aplicações industriais, entre outras. Um sistema solar adequado garante um ótimo
aproveitamento da energia solar, contribuindo desta forma, para uma máxima poupan-
ça energética.

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A superfície do painel solar transforma a luz solar em calor aproveitável. Este calor é
absorvido pelo líquido solar que se encontra dentro do painel e é transportado com a
ajuda de uma bomba através de tubos devidamente isolados, até ao depósito de água
quente. A água quente está agora disponível num depósito acumulador pronta a ser
consumida. O material isolante deste, impede o arrefecimento da água, sendo possível
utilizar a água quente através da energia solar em períodos onde não existe sol, como
por exemplo, durante a noite.

Os principais componentes do Sistema Solar (SS) para aquecimento de água consis-


tem num Painel Solar Térmico (PST), num depósito de armazenamento, numa bomba
de circulação e numa unidade de controlo. O depósito de armazenamento tem como
função armazenar a água quente. O Sistema Solar Térmico (SST) é construído para
ter uma vida útil de aproximadamente 20 anos, apesar de necessitar de uma manu-
tenção preventiva anual, para que dure o tempo previsto sem perder eficiência.

As instalações solares diferem-se quanto ao tipo de circulação, aos componentes utili-


zados e ao modo de transferência de energia do sol para a água do depósito, deste
modo os tipos de classificação existentes são: circulação natural e circulação forçada.

3.1.1.1. CIRCULAÇÃO FORÇADA

O funcionamento de sistemas com circulação forçada é baseado na existência de uma


eletrobomba, com o objetivo de forçar o transporte do fluido e transferência de calor,
do painel até ao depósito de armazenamento e vice-versa.

Este é um sistema mais complexo, pelo que requer assim mais material do que o ter-
mossifão, logo os custos vão ser mais elevados.

O funcionamento da bomba é regulado através do regulador diferencial térmico, utili-


zando dois sensores, um localizado na zona mais quente do painel solar e outro na
zona mais fria do depósito, normalmente esta diferenciação situa-se nos 5ºC. Depois
do valor ser atingido, a bomba vai transportar o fluido de transferência térmica do pai-
nel solar para o depósito de armazenamento, através do permutador onde irá ocorrer a
transferência de energia na forma de calor. Se a temperatura do PST for igual à do
depósito, a bomba desliga-se.

Para que não seja possível uma eventual circulação em sentido contrário do fluido
térmico quando a temperatura do fluido é inferior à temperatura do depósito leva a que
sejam utilizadas as válvulas anti-retorno. A figura 3 representa o esquema de um sis-
tema solar térmico com circulação forçada.
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Figura 3 – Sistema solar térmico com circulação forçada

3.1.1.2. TERMOSSIFÃO

Um sistema solar térmico com termossifão é um sistema compacto composto por um


coletor solar térmico normalmente plano e um acumulador de água. Neste sistema, a
água quente do depósito é distribuída pelos pontos de consumo, aproveitando ao
máximo a energia solar. Este sistema pode servir como apoio a um esquentador ou
caldeira que já exista, com as devidas alterações.

Existe um circuito fechado, que passa dentro do coletor solar e do termossifão, onde
circula um fluido térmico que, ao chegar ao termossifão, aquece a água da rede nele
existente. A circulação do fluido térmico acontece devido à alteração da sua densida-
de, pois o fluido quente é menos denso do que o fluido frio e, por isso, sobe enquanto
o fluido frio desce. Este circuito é contínuo sempre que haja radiação solar.

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Figura 4 – Sistema solar térmico com termossifão

3.2. MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE CALDEIRAS A PELLETS

Outros dos serviços realizados pela energia.pt dedicaram-se à manutenção de caldei-


ras a pellets. Uma vez que estes equipamentos são uma das melhores soluções de
baixo impacto ambiental para aquecer uma residência com uma redução considerável
na fatura energética, é de extrema importância manter sempre a caldeira no seu corre-
to funcionamento e desempenho.

Por vezes o equipamento apresenta falhas no seu funcionamento que são resultado
da danificação ou degradação de alguns dos seus componentes. Dessa forma, será
necessária uma averiguação desses problemas de modo a que a caldeira volte a fun-
cionar devidamente.

3.2.1. FUNCIONAMENTO DE UMA CALDEIRA A PELLETS

Os equipamentos a pellets podem regula automaticamente o seu funcionamento atra-


vés de uma placa central eletrónica, que funciona com base na temperatura ambiental
desejada e a potência requerida. Esta placa regula a frequência de carregamento dos
pellets, a velocidade e quantidade de emissão de ar na câmara de combustão, a velo-
cidade do ventilador para expulsão dos gases da combustão e regula o programador,
permitindo programar as horas a que se pretende que o equipamento ligue e desligue.

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As fases de funcionamento de uma caldeira correspondem:

 Carregamento de pellets

Os pellets devem ser colocados no depósito do equipamento para que este possa se
autoalimentar, e através de um mecanismo sem fim os pellets são automaticamente
introduzidos no queimador, na cadência necessária para manter o calor programado.

 Ignição

É feita através de uma resistência elétrica localizada atrás do queimador. Esta irá tor-
nar-se incandescente e em conjunto com a passagem de ar irá atear os pellets, permi-
tindo um acendimento rápido e automático.

 Combustão

Durante a combustão ocorre a permuta do calor que aquece a água no interior da cal-
deira, mediante a temperatura desejada.

 Descarga dos gases

Os gases resultantes da combustão são libertados pela chaminé de extração de gases


com a ajuda de um motor de extração.

O arranque da caldeira dá-se quando a temperatura da água no interior da mesma for


inferior à programada. Neste instante, os pellets são transportados do reservatório até
à superfície de queima. Para isso, recorre-se a um parafuso sem fim acionado por um
motor elétrico, que promove uma queima controlada, dentro dos níveis pretendidos,
consoante as necessidades do espaço. Passados poucos minutos, o sistema de con-
trolo ativa o ignitor e inicia-se a combustão dos pellets quando se atinge uma tempera-
tura aproximadamente de 200ºC. Uma vez formado o leito de brasa, a alimentação do
combustível e do ar para a combustão é processada, com a finalidade de ser atingida
a temperatura da água no interior da caldeira. Quando a temperatura da água no inte-
rior da mesma for próxima ao valor programado terá de se proceder ao corte da ali-
mentação dos pellets, enquanto a insuflação do ar para a combustão se mantém acio-
nada durante mais alguns minutos, para que a caldeira entre em modo standby. Só
voltará a entrar em funcionamento, quando o gradiente entre a temperatura da água

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do permutador de calor e a temperatura programada for inferior a um dado valor que
varia de fabricante para fabricante.

Figura 5 – Interior de uma caldeira a pellets

3.3. CLIMATIZAÇAO DE ESPAÇOS INDUSTRIAIS

A pedido de uma empresa, localizada em São João da Madeira, a energia.pt realizou a


instalação de dois sistemas de Arrefecimento Evaporativo - BIOCOOLER que serão
responsáveis pelo arrefecimento, ventilação e extração de ar viciado e focos de calor
no seu interior.

Os BIOCOOLERS serão instalados num telhado sanduíche, as respetivas condutas e


difusores, que permitem a saída do ar fresco, serão instaladas no interior da fábrica
em zonas pré-definidas, e os cabos elétricos que alimentam um ventilador e uma
bomba, serão encaminhados até ao respetivo quadro elétrico.

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Figura 6 – Instalação de um BIOCOOLER com cubo difusor

3.3.1. FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE ARREFECIMENTO


EVAPORATIVO

Genericamente, arrefecimento evaporativo ocorre quando algum meio ou produto cede


calor para que a água evapore. A evaporação de um produto qualquer é um processo
endotérmico, isto é, demanda calor para se realizar. Esta transferência de calor pode
ser forçada (quando fornecemos calor) ou induzida (quando criamos condições para
que o produto retire calor do meio). Um exemplo bastante conhecido é a Torre de arre-
fecimento, pois nela uma parcela de água é induzida a evaporar, retirando calor da
água remanescente, que arrefece por ceder calor. No arrefecimento evaporativo de ar
o mesmo princípio é utilizado, o ar cede calor para que a água evapore, resultando
numa corrente de ar mais fria à saída do difusor.

O arrefecimento evaporativo do ar opera através das leis da termodinâmica, fazendo


uso da troca de massa e de calor. O BIOCOOLER é formado basicamente por um
ventilador, uma bomba de água, pelos canais distribuidor de água, um reservatório e
células de um papel especial que não absorve a água.

19
Figura 7 – Principais constituintes de um sistema de arrefecimento evaporativo do ar

Durante o processo, o ar externo é puxado pela força do ventilador, passando pelas


células de papel, que são constantemente molhadas pela água do reservatório, circu-
lada pela bomba de água. Nesse momento, o ar externo, seco e quente absorve
humidade e tem sua temperatura reduzida pelo processo de evaporação da água,
resultando num um ar mais húmido e frio que o ar externo. Considerando que o ar
disponibilizado é cem por cento renovado, arrefecido, humidificado, filtrado e limpo.
Este sistema possui um baixo custo de instalação e um baixo custo operacional e é
um equipamento vantajoso relativamente ao meio ambiente.

As condições para a sua instalação são as seguintes:

 Renovação de ar

Logo após passar por um sistema de arrefecimento evaporativo, o ar tem a sua humi-
dade relativa elevada para níveis próximos à saturação. Ao adentrar o ambiente este
ar aquece, abatendo as cargas térmicas existentes no local e reduzindo a humidade
relativa sem, no entanto, voltar aos níveis originais (antes do arrefecimento).

 Exaustão e aberturas

Como num processo de ventilação comum, a renovação total do ar implica a exaustão


ou aberturas compatíveis com a vazão de ar admitida. Assim sendo, portas, janelas,
frestas ou exaustores são, via de regra, bem-vindos. Há apenas a necessidade de se

20
verificar a disposição das mesmas para se otimizar a circulação do ar por todo o
ambiente.

 Qualidade da água

Água com altos teores de minerais, principalmente cálcio deve ser evitada pois a con-
centração dos sólidos solúveis tende a aumentar com a evaporação (só água pura
evapora) e, a partir de certo ponto, haverá supersaturação e precipitação dos minerais.

Figura 8 – Sistema de Arrefecimento Evaporativo – BIOCOOLER

4. ATIVIDADES REALIZADAS PELO ESTUDANTE

4.1. SISTEMAS SOLARES

4.1.1. INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA SOLAR TÉRMICO COM


CIRCULAÇÃO FORÇADA

21
O sistema solar térmico é constituído por:

 Dois coletores solares planos


 Depósito de AQS com capacidade de 300 L
 Vaso de expansão solar
 Vaso de expansão de AQS
 Grupo hidráulico
 Controlador solar

Figura 9 – Componentes do sistema solar térmico com circulação forçada

I. Ligação do circuito secundário, correspondente às tubagens que ligam a saída


da água quente do depósito aos pontos de consumo, e que ligam o circuito que
abastece o depósito, através da água fria da rede

Começou-se pela ligação no ponto de entrada da água da rede. Primeiro apertou-se


um joelho de latão 90º ¾” à entrada da água fria da companhia, que irá abastecer o
depósito e misturar-se com a água quente para consumo.

Em torno da rosca do joelho de latão, enrola-se linho, no sentido de aperto, e passa-se


massa VEDOX em toda a volta. Isto irá servir como vedante. Com o auxílio de uma

22
chave inglesa aperta-se o joelho de latão no ponto de entrada da água da companhia.
De seguida, liga-se um passador ao joelho de latão. Com a chave inglesa aperta-se o
passador ao joelho. A este passador liga-se uma válvula de retenção ¾”, que permite
a passagem do fluido num sentido, impedindo-o em sentido contrário, e a esta válvula
ligam-se três T de latão ¾”, como mostra a figura 11. Todos os apertos com estas
peças requerem a colocação de linho e massa VEDOX como vedante.

Figura 10 – Linho e massa VEDOX

Figura 11 - Ligação de um joelho ¾”, passador ¾”, válvula anti retorno ¾” e 3 T de latão ¾” à
entrada da água da rede

O primeiro T de latão serve para a ligação da mistura da água fria da companhia com
a água quente para consumo. Esta mistura consegue-se através de uma válvula mis-
turadora termostática. Na saída da água quente, na parte superior do depósito, coloca-
se uma válvula de passagem e posteriormente a válvula misturadora termostática, que
é responsável pela mistura da água fria da companhia com a água quente para con-
sumo, de forma a permitir que a água quente para consumo não alcance temperaturas
demasiado elevadas. A sua utilização possibilita a extração de maiores volumes de
água, promove a utilização racional de energia e pode evitar queimaduras.

23
Figura 12 – Válvula de passagem e válvula misturadora termostática

Ao primeiro T de latão aperta-se uma válvula de passagem, correspondente ao circuito


de mistura. Ao segundo T de latão, uma válvula de segurança ¾”, como mostra a figu-
ra 13. As válvulas de segurança são como uma segunda linha de defesa do sistema
contra o problema do aquecimento, a sua função passa por, em caso de excesso de
temperatura ou pressão, libertarem uma parte do fluido, retirando assim fluido quente
do sistema e baixando desta forma, tanto a pressão como a temperatura.

Ao terceiro T de latão corresponde a saída para o depósito de AQS e a saída para o


circuito do vaso de expansão de AQS.

Um fluido dilata (aumenta o volume) quando é aquecido. Num circuito solar (fechado),
é o vaso de expansão que permite compensar essa dilatação, impedindo que a válvula
de segurança descarregue, ou que algum acessório ou tubo ceda provocando a rutura
nesse circuito.

Figura 13 – Válvula de segurança aplicada no segundo T de latão

24
O circuito secundário é composto por tubagens PEX multicamada de 20mm. Do pri-
meiro T de latão (na válvula de passagem) à válvula misturadora termostática aplica-
se a tubagem PEX multicamada de 20mm. Para isso, recorre-se a uma fita métrica,
tesoura corta-tubos e um curvador de tubos para auxiliar o processo. Ao terceiro T de
latão aplica-se a tubagem, desde a saída inferior do T, até á entrada de água fria da
companhia no depósito, respeitando o processo anterior. O circuito para o vaso de
expansão de AQS liga-se à outra saída do T de latão. De seguida, faz-se a ligação
desde a saída da água quente da válvula misturadora termostática até ao circuito de
consumo, com o devido isolamento térmico (22 x 9 esponja) na tubagem PEX multi-
camada, como mostra a figura 14.

A resistência do depósito e o controlador serão alimentados por um cabo 5G2,5 que é


passado desde a caixa estanque (lado direito do vaso de expansão, onde se encontra
o cabo de alimentação), até outra caixa, onde se conectam a resistência do depósito e
o cabo do controlador solar.

Figura 14 – Circuito secundário do sistema solar térmico com circulação forçada

25
II. Ligação do circuito primário, correspondente às tubagens que ligam o circuito
dos coletores solares térmicos à serpentina do depósito de AQS

Os painéis irão ser ligados em paralelo de canais de acordo com a figura 15. As liga-
ções em paralelo de canais apresentam vantagens como, por exemplo, um baixo cus-
to, instalação simples, menor perda de carga e maior rendimento.

Figura 15 – Ligação em paralelo de canais

A estrutura de suporte dos coletores solares, em alumínio, será aplicada num telhado
plano sanduíche. Estas coberturas facilitam a fixação da estrutura e são superfícies
seguras para instalação.

Tanto os perfis de alumínio que constituem a estrutura como os coletores, foram


transportados para o telhado, de forma segura, através de cordas resistentes ao peso
dos materiais.

A zona onde a estrutura irá ser aplicada foi previamente definida, com a marcação dos
respetivos pontos de fixação ao telhado, respeitando a orientação para sul. De segui-
da, a estrutura de fixação foi montada de acordo com os perfis de alumínio que a
constituem, com a inclinação necessária para o máximo aproveitamento de energia
solar durante todo ano.

A resistência da estrutura à ação do vento deve ser sempre garantida. Na fixação da


estrutura ao telhado da residência utilizaram-se parafusos auto perfurantes 8 x 125
mm, com a ajuda de uma máquina aparafusadora. A figura 16 mostra a estrutura de
suporte fixada ao telhado sanduíche.

Os tubos de cobre que se conseguem visualizar na figura 16 correspondem à ligação


entre o circuito da casa das máquinas e o circuito dos painéis solares.

26
Figura 16 - Estrutura de fixação dos coletores solares planos

O próximo passo consiste na colocação dos 2 coletores planos em cima da estrutura


de fixação. Com os painéis na estrutura, procede-se á junção dos circuitos de cada
painel através de uniões bicone ¾” de 20mm.

Figura 17 – Ligação dos painéis através de uniões bicone ¾” 20mm

Para a estabilidade e segurança dos painéis usam-se, entre eles, módulos de fixação
em inox.

27
Figura 18 – Módulos de fixação entre os coletores solares

O retorno do fluido solar que vem do depósito para o circuito dos painéis irá passar
pela entrada na parte inferior direita dos painéis e o fluido aquecido por eles irá sair,
em direção ao circuito de serpentina do depósito, pela parte superior esquerda.

Figura 19 – Sentido do fluido solar

No ponto de entrada do fluido solar no circuito de painéis, apertou-se um joelho bicone


90º com redução de 20 mm para 15 mm (o circuito de tubagens dos painéis tem sec-
ção de 20 mm e a da tubagem de cobre tem 15 mm). Com tubagem de cobre de 15
mm, fez-se a ligação entre a entrada do fluido solar no coletor e o tubo de cobre que

28
sai no telhado (também de medida 15 mm), através de uniões bicone de 15 mm. Usar
sempre o devido isolamento para diminuição das perdas térmicas sujeitas nas tuba-
gens. Foi utilizado isolamento 15x9 de esponja.

Figura 20 – Circuito de retorno do fluido solar com o devido isolamento térmico

No canto inferior esquerdo e no canto superior direito, nos tubos de cobre do circuito
dos painéis, colocam-se tacos bicone, pois essas entradas não terão ligação.

Na saída do fluido solar, na parte superior esquerda, coloca-se uma cruzeta de latão
22 x 22 x ½” x ½” onde irá ser ligada a tubagem de cobre do circuito de saída do fluido
e uma sonda de temperatura, que comunica a temperatura de saída ao controlador
solar.

Figura 21 – Cruzeta de latão

29
A tubagem de cobre do circuito de saída do fluido deve conter o respetivo isolamento
térmico. Essa tubagem é ligada ao outro tubo de cobre que sai no telhado. A sonda irá
passar por um tubo Gris, que se encontra junto desses tubos de cobre, e sair na casa
das máquinas para posteriormente ser ligada ao controlador solar.

Figura 22 – Circuito de saída do fluido com o isolamento térmico e sonda de temperatura

Com a instalação do circuito primário exterior (telhado) finalizada, falta concluir o cir-
cuito primário na casa das máquinas.

No interior da casa das máquinas, marcaram-se os devidos pontos para a fixação do


controlador solar e do grupo hidráulico de uma via, onde foi feita a ligação do vaso de
expansão solar. Grupo completamente montado, com bomba de circulação e cabo de
conexão, ligação para coletor e depósito, termómetro, isolamento do grupo, conjunto
de segurança composto por uma válvula de segurança, saída para vaso de expansão,
manómetro, válvulas de enchimento e caudalímetro para regular o caudal até à capa-
cidade de instalação, mediante uma válvula de três vias.

A figura seguinte mostra a fixação do grupo hidráulico e controlador solar na parede.

30
Figura 23 – Fixação do grupo hidráulico e controlador solar

O circuito de retorno do fluido que passa pelo grupo hidráulico é ligado desde o tubo
de cobre que se encontra na parede (figura 24), que vem do telhado até à casa das
máquinas, até ao depósito por onde o fluido solar sai, em direção ao circuito dos pai-
néis. A tubagem necessita do respetivo isolamento térmico.

Figura 24 – Tubos de cobre que fazem a ligação entre a casa das máquinas e o telhado

Como mostra a figura 25, a ligação do circuito primário ao depósito é feita através das
saídas da sua serpentina. No depósito é representado por IN solar o ponto de entrada
do fluido aquecido, e por OUT solar o ponto de saída do fluido em direção ao circuito
dos painéis.

31
Figura 25 – IN solar e OUT solar correspondentes ao depósito

O vaso de expansão solar é ligado na saída do monómetro do grupo hidráulico, atra-


vés de uma manga inox.

Figura 26 – Vaso de expansão solar ligado ao grupo hidráulico

Ao CDT (controlador diferencial de temperatura) irão ser ligados 3 cabos, o cabo da


sonda de temperatura que se encontra na cruzeta de latão, que mede a temperatura à

32
saída dos painéis, o cabo da sonda de temperatura do depósito e uma saída a relé da
bomba de circulação, que é acionada de acordo com a diferença de temperatura entre
o coletor solar térmico e o reservatório. O CDT serve para controlar o fluxo de água
entre o coletor e o reservatório de acordo com a diferença de temperatura entre esses
dois pontos.

Com as tubagens de cobre e respetivos isolamentos do circuito primário, ligados entre


o depósito e os tubos de cobre que se encontram na parede da casa das máquinas, a
instalação do circuito primário dá por finalizada. A figura seguinte mostra a instalação
dos circuitos na casa das máquinas.

Figura 27 – Instalação dos circuitos na casa das máquinas

III. Limpeza, enchimento e purga do circuito

Após efetuar todas as ligações entre os diversos componentes do circuito primário,


deverá proceder-se à sua limpeza. Para essa operação, realizam-se as seguintes tare-
fas:

 Verificar o correto posicionamento e a correta localização de todos os compo-


nentes;

 Verificar se não ficaram acessórios por apertar;

33
 Verificar se não há válvulas fechadas inadvertidamente, que impeçam a circu-
lação;

 Abrir os purgadores de ar incluindo o da bomba de circulação;

 Encher lentamente o circuito;

 Fechar todos os purgadores quando começar a sair fluido;

 Deixar circular o fluido por uns minutos para arrastar a sujidade e proceder ao
esvaziamento.

Após a limpeza, procede-se ao seu enchimento final e purga do sistema.

Depois de misturar o anticongelante (Glicol) com água, obtém-se o nível de proteção


contra o congelamento do fluido térmico. O fluido térmico, constituído por Glicol e água
será bombeado para o circuito primário.

Primeiramente abre-se o elemento de purga da bomba de circulação antes de a colo-


car em funcionamento. Abre-se os restantes elementos de purga, comprova-se que
todas as válvulas de fecho estão na sua posição correta, e procede-se ao enchimento
do circuito primário, através de uma unidade de enchimento (figura 28), até que saia
fluido pelos purgadores de ar. Fecham-se todos os elementos de purga e, por fim,
comprova-se a inexistência de fugas.

Depois de confirmar que tudo está correto para o bom funcionamento do sistema, pre-
para-se o controlador solar e o sistema ficará apto a produzir o aquecimento de água
(AQS).

34
Figura 28 – Enchimento do circuito primário com o fluido térmico

4.1.2. MANUTENÇÃO DE SISTEMAS SOLARES TÉRMICOS

Os sistemas solares térmicos de aquecimento de águas requerem uma inspeção e


manutenção periódicas de modo a que todos os componentes do sistema funcionem
de forma eficiente.

A periodicidade de manutenção obrigatória para o instalador é anual.

4.1.2.1. CIRCUITO PRIMÁRIO

Coletor solar:

o Cobertura (vidro)

 Efetuar a limpeza do coletor.


 Verificar a existência de condensações acentuadas e determinar a causa apa-
rente.
o Absorvedor

35
 Inspeção visual para deteção de alterações no tratamento seletivo (coletor
seletivo) ou pintura negra (coletor não seletivo) comparativamente ao seu
aspeto original.

o Ligações hidráulicas

 Verificar o estado das uniões entre coletores e entre estes e a tubagem. Rea-
pertar, se necessário. Caso tal não seja suficiente, propor a correção adequa-
da.

o Caixa (Termossifão)

 Inspeção visual para a deteção de deformações e/ou degradação.

Estrutura de suporte:

 Recuperar partes da estrutura que apresentem indícios de corrosão, lixar e pin-


tar.
 Verificar uniões e o aperto dos parafusos.

Circuito hidráulico:

o Tubagem

 Inspeção visual para a deteção de fugas e sinais de corrosão.


 Comprovar estanquicidade, verificando a pressão indicada pelo monómetro,
repor pressão caso seja necessário.

o Isolamento

 Inspeção visual para verificar estado de conservação e ausência de humidade.


 Em isolamento exterior verificar o estado de proteção mecânica.

o Fluido (Água + Glicol)

 Com o apoio de um refratómetro, verificar se a temperatura de congelamento


da solução se adequa à zona em causa. Registar o valor medido.

36
 Verificar e registar o valor do ph do fluido. Propor a sua substituição integral
caso seja inferior a 7.

Purgadores:

 Confirmar o correto funcionamento dos purgadores automáticos.


 Efetuar a purga de ar da instalação.

Bomba:

 Verificar a estanquicidade e a ausência de ruídos.

Vaso de expansão:

 Verificar a pressão. Registar valor medido.


 Inspeção visual para deteção de pontos de corrosão.

Válvula de segurança:

 Acionar para evitar incrustação ou calcificação. Substituir caso não se restabe-


leça a estanquicidade a cada 2 anos.

Caudalímetro:

 Verificar o valor do caudal. Ajustar caso necessário e registar o valor.

Permutador:

 Verificar eficácia.

Sondas de temperatura:

 Verificar a correta colocação.

4.1.2.2. CIRCUITO SECUNDÁRIO

Depósito:

37
 Verificar sistema de proteção contra corrosão (ânodo de magnésio).
 Verificar o estado de conservação do isolamento e a estanquicidade de todas
as ligações hidráulicas.
 Em instalações abastecidas por água que não seja proveniente da rede públi-
ca, aferir a operacionalidade do sistema de filtragem/tratamento. Caso esse
sistema não exista ou se encontre inoperativo, verificar da existência de lodos
no inferior do depósito e limpar.
 Em instalações abastecidas por água da rede pública, a periodicidade da verifi-
cação e limpeza do interior do depósito deve ser a recomendada pela boa prá-
tica local.

Permutador de calor:

 Verificar a eficácia. Limpar caso se verifique a existência de obstrução signifi-


cativa.

Grupo de segurança:

 Acionar para evitar a incrustação ou calcificação. Substituir caso não se resta-


beleça a estanquicidade a cada 2 anos.

Vaso de expansão:

 Verificar pressão. Registo do valor medido.


 Inspeção visual para detetar pontos de corrosão.

Misturadora termostática:

 Verificar o seu correto funcionamento

Circuito hidráulico:

o Tubagem

 Inspeção visual para deteção de fugas e sinais de corrusão.


o Isolamento

38
 Inspeção visual para verificar o estado de conservação e ausência de humida-
de. Em isolamento exterior verificar o estado da proteção mecânica.

4.1.2.3. Controlo

Central regulação:

 Verificar o estado das ligações elétricas.


 Controlo de funcionamento e regulação. Registo do programa de funcionamen-
to estabelecido.

Resistência elétrica:

 Verificar o estado das ligações elétricas


 Controlo de funcionamento e regulação, em ordem a manter a prioridade do
Sol.

Outros componentes elétricos:

 Verificar o estado das ligações elétricas.

4.2. CALDEIRAS A PELLETS

4.2.1. MANUTENÇÃO DE CALDEIRAS A PELLETS

A falta de limpeza compromete a segurança do equipamento. Todas as operações de


manutenção (limpeza, possíveis substituições, etc.) devem efetuar-se com a chama
apagada e com a caldeira fria. Antes de efetuar qualquer operação de limpeza ou
manutenção, assegurar de forma preventiva que a alimentação da caldeira foi cortada
desconectando o cabo elétrico da ficha.

As caldeiras requerem uma manutenção cuidada. O principal cuidado a ter, consiste


na limpeza regular das cinzas na zona de queima dos pellets. Esta pode ser feita de
uma forma prática através do auxílio de um simples aspirador de cinzas. Para a reali-
zação da manutenção de uma caldeira deve-se utilizar sempre luvas apropriadas e
ferramentas eficazes nas suas tarefas de limpeza.

A manutenção de uma caldeira requer as seguintes operações de manutenção:

39
 Retirar o queimador do seu compartimento de encaixe e proceder à sua limpe-
za, eliminando os resíduos presentes.

Para isso utilizou-se uma escova de aço para o raspar, um pincel de limpeza, e atra-
vés de um atiçador de brasas ou similar, libertou-se a furação, limpando todos os orifí-
cios presentes no queimador, para que se consiga facilitar a passagem do ar e a
queima dos pellets.

Figura 29 – Limpeza do queimador

 Aspirar as cinzas do compartimento de encaixe do queimador e da câmara de


combustão.

Utilizou-se um aspirador de cinzas, uma espátula e um escovilhão para a limpeza des-


tas zonas.

40
Figura 30 – Limpeza do compartimento de encaixe do queimador e câmara de combustão

 Limpar o depósito de cinzas (gaveta de cinzas).

Inicialmente abriu-se a porta de limpeza de cinzas, retirou-se a gaveta de cinzas para


o exterior, removendo-as e, através de um escovilhão, limpou-se todo o interior da
gaveta.

Figura 31 – Limpeza da gaveta de cinzas

 Limpar turbuladores e tubos por onde circula o ar.

Para tal, abriu-se a tampa na zona superior do equipamento, retirou-se o galvanizado


e o grupo de turbuladores. Puxaram-se os turbuladores para cima, e utilizou-se um
aspirador para a limpeza desta zona e um escovilhão de aço para limpar o interior dos
tubos. Os turbuladores que foram retirados foram limpos com o escovilhão.

41
Figura 32 - Limpeza dos canais de passagem de ar e turbuladores

 Limpar o motor de extração de fumos.

Retirou-se o extrator de fumos que foi devidamente limpo através de uma escova de
plástico e de um pincel de limpeza, para não danificar as suas partes frágeis.

Figura 33 – Extrator de fumos

42
 Verificar se o mecanismo de transporte de pellets se encontra no seu correto
funcionamento e verificar se não existe obstruções no tubo de transporte para
evitar futuros entupimentos.

Removeu-se o motor redutor e o parafuso sem fim, responsável pelo transporte dos
pellets até à zona de combustão, para efetuar uma limpeza mais profunda. Averiguou-
se o estado do motor e utilizou-se um escovilhão para limpeza do parafuso sem fim.

Figura 34 – Parafuso sem fim e respetivo motor redutor

 Limpar o tubo de vacuómetro.

Com bastante cuidado, removeu-se o tubo de vacuómetro e soprou-se o seu interior


para remoção de impurezas.

Figura 35 – Limpeza do tubo de vacuómetro

43
 Limpar e verificar fugas na conduta de fumos.

Utilizou-se fita de alumínio nas uniões da conduta de extração.

Figura 36 – Chaminé de extração de gases

 Inspecionar e limpar o motor de limpeza automática.

Figura 37 – Motor de limpeza automática

 Comprovar que a junta de fibra de vidro, colocada nas portas frontais, está
totalmente compatível com o aro da mesma, o que as torna estanques. Em
caso contrário substituí-las.

 Verificar se as sondas de temperatura estão no seu correto funcionamento

 Verificar a válvula de segurança da caldeira.

 Controlo da parte elétrica e dos componentes eletrónicos.

44
No final da limpeza do interior da caldeira, dos seus componentes e depois da realiza-
ção de todas as operações necessárias, utilizou-se como combustível, para o arran-
que da caldeira, uma caixa de pellets de limpeza, um pellet com maior poder calorífico,
com o objetivo de eliminar a fuligem e alcatrão da conduta de extração dos gases.

Figura 38 – Pellets de limpeza

Estas são as tarefas necessárias para a realização de uma manutenção de caldeiras a


pellets. Todos os passos devem ser cumpridos para o correto funcionamento do equi-
pamento e para prevenção de possíveis avarias que ocorrem quando a limpeza dos
principais componentes não se verifica.

4.2.2. REPARAÇÕES DE CALDEIRAS A PELLETS

A falta de manutenção de caldeiras origina mensagens de erros que por vezes não
são avarias mas simplesmente falta de limpeza em zonas chave destes equipamentos.
Contudo, alguns problemas devem-se à degradação de componentes que requerem a
sua substituição ou reparação.

Seguem-se algumas reparações efetuadas pela equipa de Energias Renováveis e


Climatização da energia.pt.

Situação 1

o Problema

45
O transporte automático dos pellets, responsável pelo parafuso sem fim, desde o silo
da caldeira até ao seu interior não se verificava.

Figura 39 – Caldeira com sistema de alimentação automático

o Solução

O primeiro passo foi esvaziar completamente o silo dos pellets. Logo se verificou que
no seu fundo havia acumulação significativa de serrim e essa acumulação de serrim é
que dificultava a entrada dos pellets no parafuso sem fim do equipamento.

Realizou-se a limpeza do silo, removendo todo o serrim acumulado no fundo, e de


seguida, abasteceu-se novamente o silo. Testou-se o sistema de transporte dos pel-
lets e comprovou-se o correto funcionamento do parafuso sem fim.

Figura 40 - Limpeza do interior do silo da caldeira

46
Situação 2

o Problema

A ignição automática de uma caldeira não ocorria, uma vez que, os pellets não eram
transportados até à zona de combustão.

o Solução

Inicialmente removeu-se toda a carga de pellets do silo da caldeira, através de um


aspirador, comprovando que não havia acumulação de serrim no seu fundo que dificul-
tasse o funcionamento do parafuso sem fim.

Figura 41 – Caldeira e respetivo silo de pellets

Posteriormente, mediu-se a passagem de corrente no motor redutor do parafuso sem


fim. Para isso, retirou-se a tampa lateral do equipamento e testou-se a passagem de
corrente, através de um alicate amperímetro.

Figura 42 – Remoção da tampa lateral para averiguação do motor redutor

47
Através do alicate amperímetro comprovou-se a passagem de corrente. De seguida,
averiguou-se o tubo flexível responsável pelo transporte do combustível, desde o
depósito interno da caldeira até à zona de combustão onde se realiza a queima dos
pellets. Este tubo apresentava-se danificado, provocando o seu entupimento e, conse-
quentemente, não permitindo a passagem dos pellets até à zona de combustão.

Figura 43 – Tubo flexível responsável pelo transporte dos pellets até à zona de combustão

O tubo flexível foi retirado do equipamento e substituído por um tubo novo. Feita a
substituição, testou-se o arranque da caldeira e comprovou-se o seu correto funcio-
namento.

Situação 3

o Problema

Numa outra situação, o parafuso sem fim de uma caldeira não efetuava o transporte
de pellets do silo para o depósito interno.

Figura 44 – Caldeira automática com o respetivo silo

48
o Solução

Para comprovar que não havia acumulação de serrim no fundo do silo, esvaziou-se a
carga do depósito. O fundo do silo apresentou-se sem qualquer impedimento para o
funcionamento do parafuso sem fim. De seguida, mediu-se a passagem de corrente
elétrica no motor redutor do sistema de alimentação automático, com o auxílio de um
amperímetro. Não se comprovou a passagem de corrente no motor, logo, o parafuso
sem fim (figura 45) foi removido do equipamento e o respetivo motor foi para repara-
ção (para o técnico da marca) para depois ser ligado ao parafuso sem fim e introduzi-
do no interior da máquina. Durante o período em que o motor redutor esteve em repa-
ração, o abastecimento da caldeira realizou-se manualmente.

Figura 45 – Parafuso sem fim que foi removido do equipamento

A figura seguinte apresenta problemas que podem ocorrer nestes equipamentos e


descreve as suas possíveis causas e resoluções.

49
Figura 46 – Demonstração de possíveis problemas, causas e resoluções em caldeiras

50
4.3. ARREFECIMENTO EVAPORATIVO

4.3.1. INSTALAÇÃO DE BIOCOOLER

A fábrica onde se realizou a instalação dos sistemas de arrefecimento evaporativo já


possuía a instalação de três BIOCOOLERS na sua cobertura. Mas, de forma a conse-
guir que todo o ar interior fosse purificado e arrefecido, foi necessária a instalação de
mais dois equipamentos de arrefecimento evaporativo do ar.

A instalação iniciou-se pela colocação dos BIOCOOLERS, em zonas estrategicamente


pré-definidas, de maneira a que todo o ar interior do espaço fosse renovado.

O sistema de arrefecimento evaporativo do ar é constituído por:

 BIOCOOLER
 Conduta de suporte
 Conduta de difusão

Figura 47 – BIOCOOLER

Figura 48 – Condutas de suporte e de difusão

51
Inicialmente, na zona de instalação do BIOCOOLER, alinhada com os outros equipa-
mentos existentes, desenhou-se um quadrado com 560x560 mm, que representa a
medida das condutas. Para a medição e marcação, utilizou-se uma régua, uma fita
métrica e um marcador. De seguida, com uma rebarbadeira, cortou-se o orifício para a
passagem da conduta. Após o corte do orifício, levantou-se uma borda em torno do
quadrado, utilizando um alicate e a própria chapa do painel sanduiche.

Figura 49 – Desenho do quadrado, corte do orifício e levantamento da borda da cobertura

Concluída esta fase, o próximo passo é inserir a conduta de suporte no orifício. Puxou-
se a conduta, do interior da fábrica até ao orifício, através de uma corda resistente,
deixando o comprimento na parte exterior da conduta necessário para o encaixe do
BIOCOOLER. Utilizou-se um nível para nivelar a conduta e um marcador para dese-
nhar na conduta a linha de nível. Através de uma aparafusadora, com parafusos auto-
perfurantes, fixou-se a borda do painel da cobertura na conduta de suporte.

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Figura 50 – Conduta inserida no orifício e sua fixação na borda da cobertura

Para não permitir a entrada da água para o interior das instalações, na zona do orifí-
cio, a sua vedação é fundamental. Para isso, numa chapa de alumínio, foram feitas as
medidas necessárias para o corte da chapa para a sua fixação em torno da conduta e
no painel sanduiche, de acordo com a figura 51.

Figura 51 – Chapa de alumínio para vedação

A chapa de alumínio irá passar por fora da conduta, sendo fixada em volta dela e da
cobertura sanduiche. Utilizou-se cola e veda entre a chapa e a conduta e entre a cha-
pa e a cobertura para uma melhor vedação. Para a fixação da chapa de alumínio na

53
conduta e na cobertura sanduiche, utilizaram-se parafusos auto-perfurantes, que
foram fixados através da aparafusadora.

Figura 52 – Fixação da chada de alumínio na conduta e na cobertura

De seguida, pousou-se o BIOCOOLER sobre a conduta de suporte. A aba da saída de


ar do BIOCOOLER entra na conduta. Com o equipamento inserido na conduta de
suporte, fixou-se, através de parafusos auto perfurantes, aplicados do interior para o
exterior, o BIOCOOLER à conduta, através da aba, contra a conduta.

Figura 53 – BIOCOOLER fixado na conduta de suporte

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A conduta de suporte para o segundo BIOCOOLER foi aplicada num orifício onde exis-
tia um ventilador antigo. As tarefas realizadas para a colocação da conduta e do BIO-
COOLER foram as mesmas que no processo anterior, mas como já existia um ventila-
dor, o orifício para a passagem da conduta já estava feito. Uma vez que o orifício não
tinha as medidas de acordo com as condutas, apenas foi necessário colocar duas bar-
ras de suporte em alumínio para a fixação da conduta. Fixaram-se as barras de supor-
te à cobertura e à conduta e para vedação, utilizou-se cola e veda.

Figura 54 – Fixação da conduta através de barras de suporte em alumínio

O abastecimento de água é feito através de uma entrada na lateral do equipamento,


para mangueira com rosca de ½”. A figura seguinte mostra os canais de distribuição
da água interligados em todos os BIOCOOLERS, através de tubos de água de polieti-
leno, como mostra a figura seguinte.

Figura 55 – Canais de distribuição de água

55
Resta fazer a ligação das condutas interiores, das condutas de difusão e dos cabos
elétricos responsáveis pela alimentação do motor do ventilador e do motor de distribui-
ção da água.

Com a ajuda de um andaime, as condutas de suporte interiores foram fixadas à condu-


ta que suporta o BIOCOOLER, através de parafusos auto-perfurantes que fixam as
condutas entre si. De seguida, fixou-se o cubo difusor, por onde o ar arrefecido e
renovado irá sair, à conduta de suporte, através de parafusos auto-perfurantes que
são aplicados nos seus quatro lados.

Figura 56 – Condutas de suporte e de difusão

Com cabo de aço, as condutas de suporte foram fixadas ao teto da fábrica, para maior
segurança e estabilidade das condutas. Os cabos de aço foram aplicados em todos os
cantos da conduta de suporte.

Figura 57 – Cabos de aço aplicados em todos os cantos da conduta de suporte

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Para finalizar, a alimentação elétrica do ventilador e da bomba de distribuição da água
é feita através da passagem dos respetivos cabos elétricos, do canto inferior do equi-
pamento até ao interior da fábrica, onde serão ligados no respetivo quadro elétrico.
Para isso, fez-se um pequeno furo por onde os cabos de alimentação irão passar.
Estes cabos passam por dentro de tubos VD 16, são fixados com abraçadeiras numa
esteira de metal que se encontra no teto, e seguem ao longo da esteira pela parede
até alcançarem o quadro elétrico.

Figura 58 – Furação para a passagem dos cabos de alimentação

Figura 59 – Trajeto dos cabos de alimentação desde o BIOCOOLER até ao quadro elétrico

Todas as tarefas descritas anteriormente foram realizadas para a instalação das con-
dutas de suporte, de difusão, e para a ligação dos cabos de alimentação do segundo
BIOCOOLER.

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5. REFLEXÕES FINAIS

Considera-se que o principal objetivo do estágio curricular, o de colocar em prática os


conhecimentos adquiridos durante o curso de Licenciatura em Energias Renováveis,
foi alcançado.

Durante este percurso como estagiário da energia.pt, foram aparecendo determinadas


barreiras e dificuldades, que só com a prática puderam ser ultrapassadas.

Uma das conclusões a que se chegou é que, uma das grandes barreiras enfrentadas
no decorrer do estágio prende-se com a falta de preparação de origem técnico-prática
ao longo do curso.

Com o desenvolvimento das diferentes tarefas efetuadas, pôde-se também constatar


que é preciso aplicar um vasto leque de conhecimentos para se conseguir trabalhar
com os diversos tipos existentes de sistemas de energia renovável.

Uma das aprendizagens consideradas mais relevantes relaciona-se com a necessida-


de constante de eficácia, rapidez de montagem e perspicácia na previsão e resolução
dos eventuais problemas a que uma instalação está sujeita.

A energia.pt demonstrou manter uma posição competitiva, assegurando o fornecimen-


to dos seus serviços, realizando manutenções regulares dos sistemas solares e siste-
mas de biomassa, contribuindo desta forma para melhorar a eficiência energética dos
seus clientes.

Apesar dos entraves de origem prática, considera-se que o estágio contribui para uma
elevada evolução, sendo que desta forma todas as espectativas iniciais existentes
foram superadas.

Em forma de conclusão pode-se afirmar que o estágio serviu efetivamente para uma
maior consolidação de todos os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo
do curso, bem como para um crescimento pessoal associado.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA PARA A ENERGIA. Guia para Instaladores de Coletores Sola-


res: Aquecimento de Água com Garantia de Qualidade. Lisboa, 2004. Disponível
em:<http://www.aguaquentesolar.com>. Acesso em: 2018.

TECNOLOGIAS: Tipos de sistemas solares térmicos. Portal das energias renová-


veis. Disponível em: <http://energiasrenovaveis.com>. Acesso em: 2018.

SOLZAIMA. AQUECIMENTO CENTRAL A PELLETS. SOLZAIMA. Disponível


em: <http://solzaima.com>. Acesso em: 2018.

BIOCOOLER SMART - COOLING: 100% NATURAL COOLING - Ideal for large buil-
dings. Chatron. Disponível em: <https://www.chatron.pt>. Acesso em: 2018.

eneriga.pt. Disponível em: <http://www.energia.pt>

PORTAL DA ENERGIA. Disponível em:<https://www.portal-energia.com/>. Acesso


em: 2018.

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