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AO JUÍZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ/SC

JUSTIÇA GRATUITA
TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA - IDOSO

DANIEL PEREIRA, brasileiro, casado, aposentado, portador da carteira de


habilitação nº.01130629263, inscrito no CPF sob o n 094.356.039-04, com endereço na
rua: Felipe Domingues Petry, Nº 600, Residencial Algarve, Bloco B Apto 504, Bairro
Praia Comprida, CEP 88103690, São José, Santa Catarina, endereço eletrônico
marivonimarian@gmail.com, vem por meio de seu procurador signatário Marcos
Roberto Bunn, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na OAB/SC sob n. 31.179, e no
CPF sob n. 006.765.459-20, e, Advogados e estagiários que compõem o Núcleo de
Prática Jurídica Faculdade Uniban/Anhanguera – NPJ - Unidade São José, com
endereço na Rua Luiz Fagundes, nº 1680, Picadas do Sul, São José, Santa Catarina,
conforme procuração anexa, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, com
fulcro no art. 3º, I da Lei n.º 9.099/95, arts. 186 e 927 do Código Civil, bem como o art.
6º, VI e VIII do Código do Consumidor, propor a presente.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO c/c COM DANO MORAL

em face de Banco ITAU CONSIGNADOS S.A., instituição financeira de direito privado,


inscrita no CNPJ sob n. º 33.885.724/0001-19, estabelecida na Praça Alfredo Egydio de
Souza Aranha, nº 100 – Torre Conceição – 9º andar – Parque Jabaquara – São Paulo -
SP. CEP: 04344-902 pelos fatos e fundamentos que passa a expor e ao final requerer:

I –PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO - FATOR IDADE


Nos termos do Art. 71 do Estatuto do Idoso, confere prioridade na tramitação
dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que
figure pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.

II – DOS FATOS

No mês de maio de 2023, o Autor relatou que o empréstimo abaixo vem sendo
descontado de sua conta relativo a benefício do INSS, realizado pela instituição
financeira Banco Pan , Ré da presente ação.
Constatou que se tratava de 05 (cinco) empréstimos consignados feitos em seu
nome, sem o seu consentimento.
O primeiro no valor de R$ 1.649,74 (hum mil seiscentos e quarenta e nove reais
e setenta centavos) parcelado em 84 (oitenta e quatro vezes) cada parcela no valor de
R$ 19,64 (dezenove reais e sessenta e quatro centavos), descontadas mensalmente
de sua conta a partir de janeiro de 2021, conforme demonstrado em tabela:
CONTRATO COMP. 1ª COMP. DATA DA INICÍO DE QTDE DE VALOR DA VALOR
PARCELA ÚLTIMA INCLUSÃO DESCONT PARCELA PARCELA DO
PARCELA O S EMPRÉSTI
MO
622824318 01/2021 12/2027 04/09/2020 01/2021 84 19,64 1.649,74

O segundo empréstimo no valor de R$ 5.227,32 (cinco mil e duzentos e vinte e


sete reais e trinta e dois centavos) parcelado em 84 (oitenta e quatro vezes) cada
parcela no valor de R$ 62,23 (sessenta e dois reais e vinte e três centavos),
descontadas mensalmente de sua conta a partir de janeiro de 2021, conforme
demonstrado em tabela:
CONTRATO COMP. 1ª COMP. DATA DA INICÍO DE QTDE DE VALOR DA VALOR
PARCELA ÚLTIMA INCLUSÃO DESCONT PARCELA PARCELA DO
PARCELA O S EMPRÉSTI
MO
626124496 01/2021 12/2027 04/09/2020 01/2021 84 62,23 5.227,32

O terceiro empréstimo no valor de R$ 8.022,40 (oito mil e vinte e dois reais e


quarenta centavos) parcelado em 84 (oitenta e quatro vezes) cada parcela no valor de
R$ 197,50 (cento e noventa e sete reais e cinquenta centavos), descontadas
mensalmente de sua conta a partir de outubro de 2021, conforme demonstrado em
tabela:

CONTRATO COMP. 1ª COMP. DATA DA INICÍO DE QTDE DE VALOR DA VALOR


PARCELA ÚLTIMA INCLUSÃO DESCONT PARCELA PARCELA DO
PARCELA O S EMPRÉSTI
MO
631909668 10/2021 09/2028 05/05/2021 10/2021 84 197,50 8.022,40

O quarto empréstimo no valor de R$ 6.453,45 (seis mil e quatrocentos e


cinquenta e três reais e quarenta e cinco centavos.) parcelado em 84 (oitenta e quatro
vezes) cada parcela no valor de R$ 167,30 (cento e sessenta e sete reais e trinta
centavos), descontadas mensalmente de sua conta a partir de outubro de 2022,
conforme demonstrado em tabela:
CONTRATO COMP. 1ª COMP. DATA DA INICÍO DE QTDE DE VALOR DA VALOR
PARCELA ÚLTIMA INCLUSÃO DESCONT PARCELA PARCELA DO
PARCELA O S EMPRÉSTI
MO
648714248 11/2022 10/2029 05/10/2022 11/2022 84 167,30 6.453,45

O quinto empréstimo no valor de R$ 3.953,08 (três mil e novecentos e cinquenta


e três reais e oito centavos) parcelado em 84 (oitenta e quatro vezes) cada parcela no
valor de R$ 104,40 (cento e quatro reais e quarenta centavos), descontadas
mensalmente de sua conta a partir de fevereiro de 2023, conforme demonstrado em
tabela:
CONTRATO COMP. 1ª COMP. DATA DA INICÍO DE QTDE DE VALOR DA VALOR
PARCELA ÚLTIMA INCLUSÃO DESCONT PARCELA PARCELA DO
PARCELA O S EMPRÉSTI
MO
646629458 02/2023 01/2030 23/01/2023 02/2023 84 104,40 3.953,08

Como pode-se perceber, o autor é idoso, possuindo muito dificuldade com a


tecnologia. A própria equipe que lhe atendeu o ajudou com a liberação a sua conta
GovBR para ter acesso aos seus extratos bancários, e só assim conseguiu verificar os
empréstimos que havia em seu nome. Em virtude do fato do autor não possuir
habilidades com a tecnologia moderna, demorou a identificar os descontos em seus
extratos, visto que o mesmo não tinha acesso a essas informações que já se estendem
por longos anos com pequenas parcelas. Com o tempo o autor percebeu que os
descontos eram progressivos diminuindo seu auxilio pelo INSS, não sabendo como agir
diante da situação então decidiu buscar por orientação.
A equipe então detectou 12 empréstimos consignados em que o autor sequer
tinha conhecimento e que reduziu muito sua capacidade financeira.
Vale ressaltar que o Autor NUNCA TEVE NADA RELACIONADO AO BANCO
ITAU CONSIGNADO S.A. lhe sendo estranha a ocorrência de tal fato. O Autor afirma
que EM NENHUM MOMENTO LIGOU, AUTORIZOU OU ASSINOU ALGO
REFERENTE A TAL EMPRÉSTIMO.
O Autor se recusa a ter que arcar com o pagamento de um empréstimo que
nunca quis que fosse feito, tendo ocorrido fraude em sua formação, não tendo
confiança nesse tipo de forma de resolução da questão, recorre ao judiciário para ter
por resolvido a lesão a seu direito.

III – DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

O Código de Processo Civil, no seu artigo 300, dispõe nos seguintes


termos:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

A probabilidade do direito (fumus boni iuri) é latente no sentido de que não há


controvérsias a respeito do contínuo descumprimento dos direitos do consumidor,
submetido a constrangimento de ser cobrado abusivamente sem o prévio
conhecimento das reais condições da oferta, fato devidamente comprovado pelo
extratos bancários acostado na inicial. A conduta perpetrada pelo réu agride
frontalmente a boa fé e a transparência.
A conduta é violadora dos princípios da transparência, da lealdade, da
confiança, da boa-fé objetiva, princípios estes norteadores do CDC (vide arts. 4.º, 6.º,
inciso I, 47, 51, inciso IV, dispositivos do CDC) pois sequer cópia do instrumento
contratual foi fornecida aos consumidores tampouco autorização para os descontos.
O perigo de dano (periculum in mora) está configurado pelo grave prejuízo
a que o consumidor vem sendo submetidos há vários meses. Enquanto for praxe do
réu a conduta ilegal e desrespeitosa aos consumidores, cobrando dos mesmos
indevidamente por serviços que sequer foram solicitados, os danos aos
consumidores continuarão a ser gerados diariamente com o agravamento dos
constrangimentos emocionais. A conduta do demandado pode gerar danos de difícil
– se não impossível – reparação, pois não se afigura razoável que o consumidor
continue exposto à prática ilícita da parte demandada.
Ademais, o perigo de dano está presente diante da natural demora de
tramitação de uma ação judicial, a qual intensificará o prejuízo causado dia a dia
ao consumidor com descontos indevidos, os quais, em caso de não ser concedida a
antecipação da tutela, serão obrigados a continuar recebendo sua aposentadoria a
menor.

Diante do exposto, requer seja determinado a suspensão imediatas dos


descontos da aposentadoria dos valores, oficiando-se para tanto o INSS.
.
IV- DO DIREITO

1. DA INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO ENTRE AS PARTES

O Autor afirma que não contratou qualquer empréstimo junto a instituição


financeira, que seja pessoalmente, por telefone ou por qualquer pessoa interposta.

Ao realizar os empréstimos sem o consentimento ou autorização do Autor, agiu


a instituição financeira de forma ilegal, já que o Autor não autorizou o referido
empréstimo e também não autorizou que os descontos fossem na modalidade
consignado em seu benefício previdenciário.

A realização de um empréstimo de alguns requisitos que devem ser levados em


consideração, os quais são o consentimento do tomador, a necessidade de capital,
a capacidade de pagamento, o tomador concordar com as taxas de juros e
correção monetária dos valores, bem como ter ciência da incidência de imposto
na operação.

Conforme artigo 54-C do Código de Defesa do Consumidor

Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao


consumidor, publicitária ou não

III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da


contratação do crédito ou da venda a prazo;

IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de


produto, serviço ou crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso,
analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada ou se a
contratação envolver prêmio

No mais, nos termos do artigo 54-D na oferta do crédito/contratação, o


fornecedor deverá informar previamente e esclarecer ao consumidor, levando em
consideração sua idade, sobre a natureza e a modalidade do crédito oferecido, sobre
todos os custos incidentes, observado o disposto nos arts. 52 e 54-B do CDC e sobre
as consequências genéricas e específicas do inadimplemento.

Não tendo o Autor, sequer autorizado os empréstimos com desconto na


modalidade consignado, bem como o contrato do mesmo ter sido realizado por meio de
fraude, pois utilizou seu documento e dados sem autorização, tampouco ter sido
conivente com os juros, correção monetária e os impostos, representa a realização
dos referidos empréstimos de forma unilateral pela Ré, sendo esta verdadeira
afronta a liberdade contratual, ao sistema jurídico brasileiro, ao Direito do
Consumidor, aos princípios contratuais e aos requisitos de existência e
validade do negócio jurídico.

Conforme exposto, o Autor nunca firmou contrato de empréstimos junto à


empresa requerida, sendo que, sequer, negociou tal serviço perante a instituição
financeira.

Assim, resta evidente que o contrato de empréstimo objeto desta lide deve ser
declarado nulo por não preencher os requisitos mínimos de existência e validade do
negócio jurídico (contrato de empréstimo consignado), portanto, violada a regra geral
de formação dos contratos prevista no art. 104 e 107 do Código Civil; in verbis:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma
especial, senão quando a lei expressamente a exigir.

Diante do exposto, o contrato realizado é nulo de pleno direito, viciado na


sua forma e na própria vontade.

2. Da responsabilidade da parte Requerida

Como mencionado na descrição dos fatos, o Autor não contratou empréstimos e


nem mesmo autorizou os descontos de forma consignada.

No presente caso, o ato ilícito perpetrado pela Ré foi a negligência na sua


prestação de serviços, por realizar vários empréstimos em nome do requerente sem
que fosse solicitado pelo mesmo, descumprindo, desta forma, todas as regras de
proteção e as garantias dos consumidores e violação dos princípios contratuais.

Desta forma, resta configurada a falha na prestação de serviço pela instituição


Ré, sendo que, por consequência, o Autor nada deve a empresa, pelo contrário, vem
suportando abalos financeiros concernentes à um contrato de empréstimo que não
contraiu, visto que estão sendo descontados de seu benefício previdenciário as
parcelas referentes ao empréstimo não contratado.

Além disso, há de se reconhecer a inobservância das normas relativas à


proteção do consumidor previstas no CDC.

Ressalta-se que o Autor figura no presente caso, apesar de contra sua vontade,
como consumidor dos serviços da Ré, inegável é que a relação do Autor com o banco
é consumerista, incidindo a legislação de direito do consumidor, matéria inclusive, já
sumulada pelo STJ (Súmula 297).

É necessária, ainda, a consideração do art. 14, parágrafo primeiro do CDC, que


consagra a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços, levando em
consideração alguns fatores:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.

Percebe-se que houve uma prestação defeituosa do serviço, com má-fé e falha
na segurança do seu “modo de fornecimento”, não sendo verificados os requisitos
mínimos para a conclusão de um contrato de empréstimo, sendo o principal deles a
vontade do Autor de contratar, visto que a Ré se utilizou de dados do Autor para fazer o
contrato, e alega que o Autor o teria assinado. Porém o Autor assevera: NUNCA
ASSINOU CONTRATO ALGUM COM A EMPRESA RÉ TAMPOUCO AUTORIZOU
TAIS EMPRÉSTIMOS.

In casu, tem-se que a requerida inobservou todas as regras pertinentes para a


realização do empréstimo, firmado indevidamente um contrato em nome de um
consumidor que nunca pleiteou o serviço.
Sendo assim, requer desde já que seja declarada a inexistência do débito,
cancelando o contrato do empréstimo objeto da demanda, eis que nunca foi contratado
qualquer tipo de empréstimo consignado pelo requerente junto a instituição requerida,
conforme já exaustivamente exposto.

3. DO DANO MORAL

O Código civil prevê a reparabilidade de quaisquer danos, quer morais, quer


materiais, causados por ato ilícito, caracterizando-se por uma cláusula geral de
ilicitude e cuja consequência é inibir, presente e futuras ações do tipo e ainda reparar a
vítima pelos atos ilícitos praticados, vejamos: Art. 186. Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Ainda:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem

Restando configurada a responsabilidade, o ilícito e os danos, surge ao autor o


direito da reparabilidade com as seguintes incidências de indenização, a que passa a
se expor e fundamentar.

É notório o dano moral sofrido por aquele que tem todos esses meses
descontados em sua conta bancária valores referentes às parcelas de empréstimos e
produtos que não contratou, privando-o de parte de seus proventos.

A indenização por danos morais deve ser fixada num montante que sirva de
reprimenda pedagógica à requerida e a sociedade, como um todo, de que o nosso
direito não tolera as condutas danosas, negligentes e culposas, impunemente, devendo
a condenação atingir efetivamente, de modo muito significativo, o patrimônio do
causador do dano, contudo sem causar enriquecimento ilícito por parte do autor, para
que assim, o Estado possa demonstrar que o direito existe para ser cumprido.

É notório que a conduta da requerida em firmar um empréstimo consignado em


nome do requerente sem que ele contratasse o serviço, violou a honra, imagem e
proteção de dados do mesmo, sendo crível, portanto, compelir a empresa requerida a
indenizar o requerente por danos morais, em virtude dos atos ilícitos cometidos.
É o entendimento do STJ:

Apelação Cível. Ação declaratória de inexistência de débito c.c. devolução de


quantias pagas c.c. indenização por danos morais c.c. tutela de urgência para
suspensão imediata dos descontos por empréstimo consignado indevido.
Sentença de parcial procedência. Inconformismo da ré. Falha na prestação
de serviços. Empréstimo consignado não reconhecido. Teoria do Risco do
Negócio. Dever de segurança do serviço. Responsabilidade de natureza
objetiva. Inteligência do art. 14 do CDC. Cancelamento que ocorreu na esfera
administrativa, sem criação de objeções pela ré. Quantia que não foi
creditada em conta da autora. Ocorrência, no entanto, de desconto em
benefício previdenciário. Motivo para a repetição de valores existente. Falha
bancária que atingiu a honra da autora, que se viu privada de verba de
natureza alimentar. Dano moral caracterizado. Sentença mantida. Ônus
sucumbenciais que remanescem como arbitrados em sentença. Recurso não
provido, nos termos da fundamentação.
(TJ-SP - AC: XXXXX20208260003 SP XXXXX-76.2020.8.26.0003, Relator:
Hélio Nogueira, Data de Julgamento: 30/06/2021, 23ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 30/06/2021)

Assim, considerando o grau de ofensa e a potencialidade financeira do ofensor,


o caráter punitivo da medida e de compensação dos prejuízos, requer a condenação da
Ré ao pagamento de danos morais.

4. DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO - Devolução em dobro dos valores


indevidamente descontados

Conforme demonstrado a responsabilidade da requerida pelo ilícito praticado


fica evidentemente comprovado pelos contratos de empréstimos jamais contratados
pelo requerente, incidindo os descontos ilegais no benefício previdenciário do autor no
importe de R$ 19,64 (dezenove reais e sessenta e quatro centavos), R$62,23
(sessenta e dois reais e vinte e três centavos), R$197,50 (cento e noventa e sete reais
e cinquenta centavos), R$167,30 (cento e sessenta e sete reais e trinta centavos) e por
fim R$104,40 (cento e quatro reais e quarenta centavos) todos descontados
mensalmente.

Conforme lei 8.078/90, o autor possui direito de receber não somente os valores
descontados em seu benefício, como também o dobro do valor.

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a


ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

Desde o início do desconto (01/2021) até a presente data foram descontadas 29


parcelas que totalizam R$569,56 (quinhentos e sessenta e nove reais e cinquenta e
seis centavos) do contrato nº 622824318 e 29 parcelas que totalizam R$1.804,67 (hum
mil e oitocentos e quatro reais e sessenta e sete reais) do contrato nº 626124496.
Desde outubro de 2021 foram 20 parcelas que totalizam R$3.950,00 (três mil e
novecentos e cinco reais) do contrato nº 631909668. Outras 7 parcelas (com desconto
inicial em outubro de 2022) que totalizam R$1.171,10 (hum mil cento e setenta e um
reais e dez centavos) do contrato nº 648714248; e por fim 5 parcelas (com desconto
inicial em fevereiro de 2023) que totalizam R$522,00 (quinhentos e vinte e dois reais)
do contrato nº 646629458

. Deste modo, pugna o requerente para que seja procedida a devolução em


dobro, de todas as eventuais parcelas descontadas indevidamente até o término da
presente demanda, uma vez que o CDC no parágrafo único do artigo 42, estabelece o
direito daquele que é indevidamente cobrado a receber em dobro o valor pago.

5. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Como se sabe, o Juiz pode determinar que o fornecedor do produto ou serviço


exiba em juízo todos os documentos necessários à prova do seu direito, invertendo
assim o ônus da prova, segundo o qual, aquele que detiver os documentos necessários
para apreciação do feito deve trazê-los ao processo, sob pena de refutarem
verdadeiras as alegações da exodial.

Consoante disposto no art. 6°, VIII da Lei 8.078/90, é direito básico do


consumidor a facilitação da defesa dos seus direitos, com a inversão do ônus da prova
a seu favor quando verossímeis suas alegações e manifesta sua hipossuficiência.

O autor é hipossuficiente frente a parte ré em todos os aspectos, primeiramente


o autor está na condição de consumidor dos serviços da requerida, portanto, é a parte
vulnerável da relação de consumo.

Seu poderio, informacional, técnico, econômico e jurídico, nem se compara com


o autor por tamanha discrepância.
As provas documentais anexadas aos autos, traduz na verossimilhança das
alegações da parte autora preenchendo o requisito para a inversão do ônus da prova
nos termos do artigo 6°, VIII da Lei 8.078/90.

Diante do exposto, requer a inversão do ônus da prova, ante o preenchimento


dos requisitos da Lei, e resguardando a proteção do autor frente a disparidade da parte
ré.

IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS

.
a) Sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita sendo o requerente pobre
nos termos da lei;
b) Seja deferido o pedido de tutela antecipara para a imediata suspensão dos
descontos bem como seja oficiado o INSS;
c) Seja JULGADA PROCEDENTE OS PEDIDOS para declarar a inexistência de
relação jurídica/obrigacional do autor perante o banco/réu que justificasse os
descontos mensais em sua pensão previdenciária;
d) Seja condenado o banco/réu ao reembolso em dobro dos valores mensais,
corrigido monetariamente, mais juros moratórios de 1% (um por cento), a partir
das respectivas datas dos descontos;
e) Seja condenado o banco/réu ao pagamento a título de indenização por dano
moral no valor de R$7.000,00 (sete mil reais);
f) A inversão do ônus da prova nos termos do art. 6 VII, do CDC, seja o Réu
intimado a exibir as gravações ou documentos que comprovam a contratação;
g) A prioridade da tramitação nos termos do artigo 71 da Lei n° 10,742/2003
(estatuto do idoso);
h) A citação do banco/réu, para, querendo, contestar, sob pena de revelia;

i) Seja condenado o banco/réu ao pagamento em favor dos advogados do autor


de honorários advocatícios.

j) Protesta-se por todos os meios de provas admitidas em direito especialmente a


apresentação pela requerida do contrato de empréstimo.

Dá-se à causa o valor de R$ 41.675,25 (quarenta e um mil e seiscentos e setenta e


cinco reais e vinte e cinco centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento
São José, 15 de junho de 2023.

MARCOS ROBERTO BUNN


OAB/SC 31.179

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