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AO M.M.

JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE


MARATAÍZES-ES.

SIDINEI SANTIAGO MENDES, brasileiro, casado, pedreiro, CPF:


656.754.017.68, com endereço Rua Guaçui, S/N, Centro, CEP: 29.345.000,
Marataízes, por seu Advogado infra-assinado Dr. JAMILSON JOSÉ DE
ALMEIDA JUNIOR, OAB-ES: 13.326, Tel.: 28-99938-3831, e-mail:
jjaj29@hotmail.com, com escritório de Advocacia na Rod. Marataízes X Safra, km
01, Bairro Esplanada, Marataízes, ES, CEP: 29.345.000, vêm com a devida vênia
ao M.M. Juízo, propor a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO, BAIXA DA


NEGATIVAÇÃO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face de REALIZE CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO


S.A., instituição financeira da LOJAS RENNER S.A., CNPJ: 27.351.731/0001-38,
endereço Av. Dolores Alcaraz Caldas, Nº.: 90, andares 9 e 10, CEP: 90110-180,
Bairro Praia de Belas, Porto Alegre, RS, e-mail:
csc.nucleodedocumentacao@lojasrenner.com.br, Telefone: (52) 2121-7000/ (51)
2121-7307, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

Inicialmente, requer a Vossa Excelência seja deferido os benefícios da


assistência judiciária, em estrita consonância com o que preconiza a Nova Lei
Adjetiva Civil (NCPC) na Seção IV do Capítulo II, especificamente nos seus
artigos 98 a 102 trata do tema, cominada com o art. 5º, LXXVII da CF88, por não
ter a Autora condições de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência que instrui a exordial.

II - PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO COM FUNDAMENTO NA


LEI DO IDOSO (LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003):

Conforme documentos em anexos, o Autor é comprovadamente idoso, pois


nasceu em 21/01/1957, possuindo assim 66 anos; 2 meses; 4 semanas; 1 dia,
completos no momento da propositura desta ação.

Os fundamentos legais para a prioridade de trâmite processual concedida


aos idosos encontram-se nos artigos 1º e 71 da Lei Nº 10.741/2003 (Estatuto do
Idoso) e art. 1.048 do NCPC.

Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os


direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos.

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Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e
procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.

Art. 1.048 NCPC. Terão prioridade de tramitação, em qualquer


juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:

I - Em que figure como parte ou interessado pessoa com idade


igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença
grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º,
inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988;

Assim sendo, preenchendo o Autor os requisitos legais, requer que lhe seja
concedido a prioridade de tramitação processual, com fulcro nos artigos 1º e 71
da Lei Nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) e art. 1.048 do NCPC.

III - DOS FATOS:

O Autor possui com o Réu um cartão de crédito Nº.: 4745.****.****.6211. No


mês de outubro de 2022, o total de débitos da fatura do cartão de crédito do
Autor foi de R$ 337,52 (TREZENTOS E TRINTA E SETE REAIS E CINQUENTA E
DOIS CENTAVOS), com vencimento para o dia 18/10/2022, sendo que o mesmo
foi quitado integralmente no dia 03/11/2022, (vide doc. 1).

Na fatura do mês de novembro de 2022, com vencimento para 18/11/2022,


o valor total do boleto foi de R$ 1.282,84 (UM MIL DUZENTOS E OITENTA E
DOIS REAIS E OITENTA E QUATRO CENTAVOS), e não ocorreu a amortização
do pagamento de R$ 337,52 (TREZENTOS E TRINTA E SETE REAIS E
CINQUENTA E DOIS CENTAVOS), efetuado no dia 03/11/2022, (vide doc. 2).

Com isso, conforme (doc. 2), no boleto de vencimento 18/11/2022, foi


cobrado do Autor, no mesmo dia 03/11/2022, encargos de refinanciamento
17,99%, juros de mora, anuidade e multa contratual.

Assim sendo, (vide doc. 2), no boleto de vencimento 18/11/2022, no dia


03/11/2022, não entrou na fatura os créditos de R$ 337,52 (TREZENTOS E
TRINTA E SETE REAIS E CINQUENTA E DOIS CENTAVOS) pagos pelo Autos,
mas no mesmo dia 03/11/2022, foram cobrados encargos de refinanciamento
17,99%, juros de mora, anuidade e multa contratual.

No boleto referente ao mês de dezembro de 2022, com vencimento para


18/12/2022, (vide doc. 3), acusa o pagamento de R$ 337,52 (TREZENTOS E
TRINTA E SETE REAIS E CINQUENTA E DOIS CENTAVOS), efetuado no dia
03/11/2022.

Na fatura de vencimento 18/12/2022, (vide doc. 3), o Demandante contesta o


“crédito de refinanciamento de saldo financiado”, no valor de R$ 945,32
(NOVECENTOS E QUARENTA E CINCO REAIS E TRINTA E DOIS CENTAVOS),
com data retroativa a 03/11/2022, efetuado por conta própria de Réu, “sem
anuência prévia do Autor”.

O questionado refinanciamento gerou a partir de 03/11/2022, parcelas de


faturas do rotativo de 14,99%, sendo ao todo 8 (oito) prestações no valor de R$
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214,12 (DUZENTOS E QUATORZE REAIS E DOZE CENTAVOS), totalizando
uma despesa para o Autor de R$ 1.712,96 (UM MIL SETECENTOS E DOZE
REAIS E NOVENTA E SEIS CENTAVOS), (vide doc. 3).

Percebendo que o banco por conta própria efetuou o refinanciamento, o


Autor ligou pedindo o cancelamento do parcelamento do refinanciamento das 8
(oito) prestações no valor de R$ 214,12 (DUZENTOS E QUATORZE REAIS E
DOZE CENTAVOS), dos quais não foram comunicados previamente ao Autor.

Na referida ligação, informaram ao Autor que com o pagamento do total da


fatura do cartão de R$ 544,88 (QUINHENTOS E QUARENTA E QUATRO REAIS
E OITENTA E OITO CENTAVOS) o refinanciamento seria cancelado.

Prontamente o Autor efetuou o pagamento de R$ 544,88 (QUINHENTOS E


QUARENTA E QUATRO REAIS E OITENTA E OITO CENTAVOS), no dia
06/12/2022, 12 (doze) dias antes do vencimento da fatura, atendendo a exigência
do Réu, conforme informação dada pelo SAC.

Surpreendentemente, quando o Autor recebeu a fatura com vencimento para


18/01/2023, (vide doc. 4), verificou que não foi efetivado o cancelamento do
refinanciamento conforme havia sido acordado em ligação anterior.

O Autor ligou novamente e o atendente do Réu explicou que não efetivou o


cancelamento do refinanciamento, “pasmem”, porque antes de dar a nota do
atendimento o Requerente desligou o telefone. Essa foi a absurda justificativa do
Requerido que não motivou o cancelamento do refinanciamento.

Na mesma ligação, o Réu informou que para fazer o cancelamento teria que
fazer o pagamento do valor de R$ 244,16 (DUZENTOS E QUARENTA E
QUATRO REAIS E DEZESSEIS CENTAVOS), no dia 01/02/2023, da fatura que
venceria em 18/02/2023, diretamente em dinheiro “espécie”, nas Lojas Renner em
Cachoeiro de Itapemirim, a 50 km de distância da residência do Autor.

Prontamente e mais uma vez o Autor confiando na boa-fé do Réu, buscando


solucionar o problema, o Requerente pessoalmente se deslocou para às Lojas
Renner em Cachoeiro de Itapemirim, a 50 km de distância de sua casa, pagando
em dinheiro vivo o boleto no valor de R$ 244,16 (DUZENTOS E QUARENTA E
QUATRO REAIS E DEZESSEIS CENTAVOS), no dia 01/02/2023, de uma fatura
que ainda venceria em 18/02/2023, (vide doc. 05).

O Réu informou que após o pagamento do referido boleto no dia 01/02/2023,


o Autor deveria ligar 2 (dois) dias depois para requisitar o cancelamento do
refinanciamento.

Após os 2 (dois) dias do prazo estipulado pelo Réu, o mesmo informou ao


Autor que não poderia fazer o cancelamento do refinanciamento.

O Autor foi feito de “bobo” por parte do Réu, que deu orientações
equivocadas e fazendo falsas promessas, eternizando um problema que veio
parar no Poder Judiciário, mas poderia ter sido facilmente resolvido
administrativamente.

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Concluindo, o Réu fez o Autor de “joguete”, de forma que o Requerido não
honrou com às informações trazidas pelo seu próprio SAC, desrespeitando os
combinados acordos e pagamento efetuados para a baixa do refinanciamento.
O saldo devedor do boleto de 18/04/2023 é de R$ 1.578,71 (UM MIL
QUINHENTOS E SETENTA E OITO REAIS E SETENTA E UM CENTAVOS), vide
(doc. 6).

O valor de R$ 1.228,46 (UM MIL DUZENTOS E VINTE E OITO REAIS E


QUARENTA E SEIS CENTAVOS), no boleto de 18/04/2023, são juros e taxas
indevidas.

Assim, resta somente como dívida capital do Autor o montante de R$ 350,25


(TREZENTOS E CINQUENTA REAIS E VINTE E CINCO CENTAVOS),
devidamente quitado na data de 19/04/2023, vide (doc. 7)

Conforme o exposto o Autor tentou por diversas vezes resolver a questão na


esfera administrativa, sem êxito, não restando outra forma se não a presente
demanda judicial.

Por conta desta problemática o Autor teve seu CPF negativado, e a redução
de seu score.

Desde o início o Autor tentou liquidar o refinanciamento, e a negativação se


deu por causa da dívida referentes aos encargos provenientes das cobranças
indevidas, sendo estes o refinanciamento juros e taxas.

A grande insatisfação do Autor que gerou a presente demanda é o


questionado refinanciamento da dívida de cartão de crédito, sem a sua
anuência prévia, de forma que o capital estava pago e o que está sendo
cobrado são tão somente juros e encargos.

IV - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ART. 6º CDC:

Se tratando de uma lide no conceito consumerista, requer-se a aplicação do


art. 6º do CDC, objetivando a modificação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas, a efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos, o
acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados, a
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.
 
Diante da hipossuficiência do consumidor (Lei n. 8.078/1990), ao elaborar o
texto do código consumerista, o legislador antecipou, no art. 6º, inciso VIII, a
facilitação ao acesso da justiça, garantido, dentre outros direitos, a inversão do
ônus da prova.

 Segundo voto do Des. Ronaldo Moritz da Silva, “entende-se que a


hipossuficiência de que cuida o mencionado dispositivo não é de ordem
econômica, referindo-se às condições ou aos meios disponíveis para a obtenção

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de determinada prova” (TJSC, Apelação Cível n. 2013.012385-8, da Capital, rel.
Des. Ronaldo Moritz Martins da Silva, j. 16-05-2013).
 
Assim, é aplicável, na espécie, a disposição do Código de Defesa do
Consumidor relativa à inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII), pela qual, requer,
desde já, seja deferida de plano por Vossa Excelência, sendo o Réu compelido a
apresentar todos os boletos de cobrança gerados, pagamentos efetuados pelo
Autor, a razão que justificou a negativação, bem como todas às ligações
efetuados pelo Requerente nos dias 06/12/2022, 18/01/2023, 01/02/2023 e
03/02/2023.

V - DA TUTELA ANTECIPADA PARA A BAIXA DA NEGATIVAÇÃO:

É evidente que a medida de exclusão do nome do Autor do rol de


inadimplentes, é de fácil acesso e que inclusive pode ser revertida, por isso, não
há que se falar em prejuízo ao Requerido se a liminar for prontamente atendida
em caráter inaudita altera parte, mesmo porque poderá ainda a Réu apresentar
suas razões em momento posterior, em atenção ao contraditório.

Por amor ao debate, se necessário e se restar comprovado pela


improcedência da ação, poderá o juízo ainda a qualquer tempo reverter a
medida sem demais delongas, e sem risco de perecimento ao direito do autor ou
do Réu.

Neste cenário, convém determinar, pelos documentos exposto e pela


singela argumentação exposta, a exclusão do nome do Autor do rol de
inadimplentes em sede de tutela provisória de urgência sem audiência da parte
contrária, somente sendo fixada multa se tal determinação for descumprida, com
forte no art. 300 do CPC.

A concessão de tutela antecipada se justifica quando houver elementos que


evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo, consoante disposição do artigo 300 do Novo Código de Processo
Civil.

Art. 300 CPC. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

No tocante à verossimilhança das alegações, resta indiscutível, haja vista a


documentação anexa. O fumus boni iuris também restou demonstrado, com a
percepção de que tal ato é ilegal e que o Requerente busca tão somente a sanar
a ilegalidade cometida contra si.

Por outro lado, o periculum in mora, reside na demora na análise da


pretensão causaria a inexorável perda do interesse processual e o aumento do
prejuízo financeiro do Autor.

Já o risco de dano irreparável ou de difícil reparação está configurado no


constrangimento a que vem sendo submetido o Requerente com o nome
negativado indevidamente e recebendo constantes ligações e mensagens de
cobrança.

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Ad argumentandum tantum, o Autor aponta suas justificativas para a
procedência do pedido de tutela de urgência, baseados no fumus boni iuris e
periculum in mora.

No caso em tela faz-se necessário e urgente a procedência do pedido de


tutela de urgência, com natureza antecipada, visando estancar a lesão ao direito
do Autor, suspendendo assim às indevidas cobranças e retirando o nome da
indevida negativação.

O Autor está irresignado da cobrança dos juros e taxas, haja vista que
entende ter pagado pela dívida capital do que ora consumiu no cartão de crédito.

Cumpre frisar que o Autor descobriu por seus próprios meios a negativação
de seu nome, procedimento irregular do Réu ao restringir o CPF do Consumidor
sem prévia comunicação legal.

O consumidor deve ser informado, previamente, sobre sua inscrição em


registro de inadimplentes pelo mantenedor de cadastro de proteção ao crédito, na
forma do art. 43, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor.

Diante das alegações e das provas ora acostadas, é possível a antecipação


dos efeitos da tutela até final julgamento da ação principal, ocasião em que, por
dilação probatória própria, concluir-se-á pela procedência da pretensão.
Outrossim, a antecipação dos efeitos da tutela não acarretaria a irreversibilidade
do provimento, não subsistindo razão para seu indeferimento.

O deferimento da medida também se submete às imposições do


artigo 311 do NCPC, in verbis:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida,


independentemente da demonstração de perigo de dano ou
de risco ao resultado útil do processo, quando:
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o
manifesto propósito protelatório da parte;
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de
casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova
documental adequada do contrato de depósito, caso em que
será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado,
sob cominação de multa;
IV – a petição inicial for instruída com prova documental
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o
réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz
poderá decidir liminarmente.
 
Nos termos do artigo 497 do NCPC, “Na ação que tenha por objeto a
prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a
tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de
tutela pelo resultado prático equivalente.”, sem prejuízo na conversão em perdas
e danos prevista pelo artigo 499: “A obrigação somente será convertida em
perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.”, inclusive, possibilitando-se
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a fixação das astreintes como determinação inibitória, que vise a garantir a
obtenção do resultado, consoante inteligência do artigo 500: “A indenização por
perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente para
compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.” Ressalta-se que o
objetivo da astreintes não é obrigar o réu a pagar a multa, mas sim cumprir a
obrigação na forma específica, para que desista de seu intento de descumprir a
obrigação.

Requer-se em sede de antecipação de tutela, o cancelamento das


cobranças de refinanciamento do cartão de crédito, sendo declarada a
inexistência de débito, e feita a baixa da negativação do Autor junto aos órgãos
cerceadores de crédito.

Desta forma, caso às cobranças continuem a ser realizadas, mesmo após


o pedido de antecipação de tutela para a sua paralização, requer-se que seja
aplicada multa em face do Réu.

Requer-se a expedição de ofício para os órgãos cerceadores de crédito,


objetivando a retirada no Nome do Autor da negativação.

Requer-se no mérito da ação a confirmação final dos pedidos de baixa da


negativação e paralização imediata das cobranças.

V - DECLARAÇÃO DE INEXISTENCIA DO DÉBITO:

Requer o Autor a declaração da inexistência do débito, com relação ao


refinanciamento não autorizado feito pela operadora do cartão de crédito.

O Autor tentou de toda forma administrativamente quitar o débito, de


maneira antecipada para se livrar dos juros e encargos do cartão de crédito.

O Réu teve a desfaçatez de dizer que não efetivou o cancelamento do


refinanciamento, porque antes de dar a nota do atendimento o Autor desligou o
telefone.

Cabe ressaltar, que o Autor não tem obrigação legal de dar nota de
atendimento ao Réu, para que só assim consiga efetivar um serviço ou solicitação
administrativa.

Com essa absurda justificativa do Requerido, este se negou a realizar o


cancelamento do refinanciamento na primeira tentativa administrativa.

O Autor realizou inúmeras ligações para o Réu, que literalmente o fizeram de


“bobo”, pois não resolveu o problema, eis que às orientações do SAC do
Demandando restaram em esforços em vão do Demandando.

O Réu orientou por 2 (duas) vezes ao Autor a pagar a fatura do cartão de


crédito antes do vencimento, não tendo resolvido seu problema, sendo que em
uma das vezes, o Requerente foi orientado a ir na loja física a 50 km de distância
da sua casa para pagar a fatura em dinheiro em espécie, sem lograr êxito em
cancelar o malfadado refinanciamento que está perpetuando a cobrança de juros
e encargos desnecessariamente.

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A conduta do Réu caracteriza prática abusiva, bem como falha na prestação
do serviço, traduzindo-se em nítido ato ilícito.

SEÇÃO IV da LEI 8.078/90


Das Práticas Abusivas
        Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou
serviços, dentre outras práticas abusivas:   
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação
prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor,
tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição
social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente
excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de
orçamento e autorização expressa do consumidor,
ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as
partes;
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal
ou contratualmente estabelecido.             (Incluído pela
Lei nº 9.870, de 23.11.1999)

Doravante, requer-se a declaração da inexistência do débito, confirmando no


mérito da ação, a sustação e cancelamento do refinanciamento e suas cobranças
indevidas de taxas, juros, encargos e a consequente baixa da negativação.

Efetivamente requer-se a declaração de inexistência do débito do


questionado refinanciamento que gerou a partir de 03/11/2022, parcelas de
faturas do rotativo de 14,99%, sendo ao todo 8 (oito) prestações no valor de R$
214,12 (DUZENTOS E QUATORZE REAIS E DOZE CENTAVOS), totalizando
uma despesa para o Autor de R$ 1.712,96 (UM MIL SETECENTOS E DOZE
REAIS E NOVENTA E SEIS CENTAVOS), (vide doc. 3).

O saldo devedor do boleto de 18/04/2023 é de R$ 1.578,71 (UM MIL


QUINHENTOS E SETENTA E OITO REAIS E SETENTA E UM CENTAVOS), vide
(doc. 6), porém a real dívida capital é R$ 350,25 (TREZENTOS E CINQUENTA
REAIS E VINTE E CINCO CENTAVOS), que foi paga em 19/04/2023, vide (doc.
7).

Assim sendo, o valor restante de R$ 1.228,46 (UM MIL DUZENTOS E


VINTE E OITO REAIS E QUARENTA E SEIS CENTAVOS), no boleto de
18/04/2023, são juros, encargos e taxas indevidas, dos quais requer a declaração
de inexistência de débito.

Requer-se a inversão do ônus da prova para que o Réu informe quanto foi
pagou efetivamente pelo Autor sobre o refinanciamento, para que este seja ao
final restituído com juros e correção monetária.

Do valor que o Autor pagou efetivamente sobre o refinanciamento, requer


ser restituído com juros e correção monetária.

VI - DANOS MORAIS:

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O parcelamento automático da fatura é ilegal porque fere o Código de
Defesa do Consumidor. De acordo com o Código, é obrigação das instituições
financeiras informar clara e adequadamente sobre todas as condições de
crédito, incluindo taxas de juros, encargos e forma de pagamento. Além disso, o
consumidor tem o direito de escolher a melhor forma de pagamento para si, o
que não é respeitado quando a fatura é automaticamente parcelada. O
consumidor, cliente daquele banco se depara com parcelamento automático e
sem meios de lutar contra o sistema bancário, pois ao reclamar com a agência
bancária, lhe informam que é conduta permitida pelo Banco Central. Mas não é!

Ao contrário do que os bancos alegam, a resolução 4549/2017 do Banco


Central não autoriza o parcelamento automático das faturas. Ele, na verdade, é
claro ao estipular que o Banco deve conceder condições de pagamentos que
seja favorável e melhor financeiramente ao consumidor. Além disso, qualquer
conduta que seja automática, que não tenha a autorização ou solicitação do
cliente, é ilegal e abusiva e consumidor precisa reagir a esse atentado a seu
direito. No caso em tela o Consumidor foi vítima do parcelamento automático da
fatura e foi cobrado indevidamente, sendo possível exigir a devolução do valor
cobrado a mais, além da indenização por danos morais.

O Autor de todos os meios administrativos buscou pagar o débito principal


do cartão, para esquivar das altíssimas taxas e juros e encargos do cartão de
crédito, mas o Réu fez “hora com a cara do Consumidor” e lhe imputou a
cobrança do refinanciamento.

Presentes os requisitos dos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do


Consumidor, incontestável é a relação de hipossuficiência existente entre as
partes, pois a Autora injustamente foi prejudicado pela inobservância do Réu dos
mínimos preceitos dos deveres legais de guarda, transparência, reparação e
vigilância dos atos de seus funcionários e prepostos.

Ressalte-se que todo aquele que se disponha a exercer atividade nos


campos de fornecimento de bens ou serviços responde civilmente pelos danos
resultantes de vício do empreendimento. Quem quer que pratique qualquer ato,
omisso ou comissivo, de que resulte prejuízo, deve suportar as consequências do
seu procedimento. É regra elementar de equilíbrio social. A justa reparação é
obrigação que a lei impõe a quem causa dano injustamente a outrem, conforme o
art. 14 do CDC.

A ilicitude praticada pelo Réu é grave, merece ser repelida exemplarmente


com a justa condenação do pagamento de danos morais em prol do Autor.

O CASO EM TELA, É CONDIZENTE COM A APLICAÇÃO DO DANO


MORAL PUNITIVO, FUNDAMENTADO NA TEORIA DO “PUNITIVE
DAMAGES”, POIS O CARÁTER PUNITIVO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS INVOCAM A CHAMADA "TEORIA DO VALOR DO DESESTÍMULO",
SEGUNDO A QUAL, NA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO PELOS DANOS
MORAIS SOFRIDOS, DEVE O JUIZ ESTABELECER UM VALOR CAPAZ DE
IMPEDIR / DISSUADIR PRÁTICAS SEMELHANTES QUE SOFREU A
REQUERENTE.

Deve ser levado em consideração nobre julgador, é o fato de que a


negativação é considerada abusiva e injusta, ante a ausência de notificação por
escrito do consumidor na forma prevista no artigo 43, parágrafo e artigo 2º, ambos
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do Código de Defesa do Consumidor. Ora nobre julgador, o Requerente reside no
mesmo endereço há muitos anos e em momento algum foi notificado pela
Requerida, ferindo assim, o que a lei expressa claramente.

Cumpre ressaltar, outrossim, que a ausência de prévia comunicação escrita


não causa mera irregularidade, mas sim invalida a inscrição do nome do
consumidor em cadastro de inadimplentes. Decerto, a notificação do consumidor
antes do cadastro tornar-se público é ato solene, formal e necessário. Trata-se,
portanto, de requisito indispensável à validade do cadastro desfavorável ao
consumidor.

A situação vexatória de tomar conhecimento do cadastro através de terceiro


enseja grave sofrimento moral. Não é preciso argumentar excessivamente para
demonstrar que um cadastro que traz informações negativas acerca do
consumidor, mormente inválido, gera inúmeros transtornos e abalos à sua honra e
dignidade. Nesse ponto, a posição do Superior Tribunal de Justiça arrima-se ao
que expomos; fixou-se, inclusive, o entendimento acerca da desnecessidade de
comprovação da ocorrência de abalo moral. O atentado aos direitos relacionados
à personalidade, provocados pela inscrição inválida em banco de dados, é mais
grave e mais relevante do que a lesão patrimonial. O dano moral prescinde de
demonstração, contentando-se a jurisprudência majoritária com a existência do
ilícito. O consumidor ofendido nem sequer deve ser compelido a indicar a utilidade
prática que teria a prévia comunicação escrita.

E a obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na


Constituição Federal, precisamente em seu art. 5º, onde a todo cidadão é
"assegurado o direito de resposta, proporcionalmente ao agravo, além de
indenização por dano material, moral ou à imagem" (inc. V) e também pelo seu
inc. X, onde "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação."

Sobrevindo, em razão de ilícito, perturbação nas relações psíquicas, na


tranquilidade, nos sentimentos e nos afetos do Autor, configura-se o dano moral
puro, passível de ser indenizado, conforme previsão do artigo 5º, X, da
Constituição Federal, porquanto molestados direitos inerentes à personalidade,
atributos imateriais e ideais.

Requer o Autor, que o Réu seja condenado no pagamento de Indenização


por DANOS MORAIS, com fulcro nos artigos 186 e 927 do Código Civil, e artigos
6, 12, 14, 18, 20, 22, 43 do CDC, pela falha na prestação do serviço, que está
trazendo incomodo, constrangimento e prejuízos ao Requerente.

Requer-se a condenação do Réu, no pagamento de indenização por


danos morais in re ipsa, pela falha no serviço que trouxe prejuízos ao Autor,
devendo ser aplicado severamente dentro dos princípios do “punitive damages”,
penalizando a atitude omissa e negligente, de modo a coibir novos atentados
contra os direitos do consumidor, sendo o quantum indenizatório total
arbitrado “em até” R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS).

VII - PEDIDOS:

Por tudo que foi exposto, vêm à presença de V.Exa. para requerer o
seguinte:
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1- A citação do Réu para que responda aos termos da presente demanda e para
comparecer às audiências de conciliação e de instrução e julgamento a serem
designadas por este MM. Juízo, nela oferecendo, se quiser, contestação, sob
pena de revelia e confissão.

2- Requer-se a Vossa Excelência seja deferido os benefícios da assistência


judiciária gratuita, em estrita consonância com o que preconiza a Nova Lei
Adjetiva Civil (NCPC) na Seção IV do Capítulo II, especificamente nos seus
artigos 98 a 102 trata do tema, cominada com o art. 5º, LXXVII da CF88, por não
ter o Autor condições de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência que instrui a exordial. Conforme item: I - DA
GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

3- Requer o Autor que lhe seja concedido a prioridade de tramitação processual,


com fulcro nos artigos 1º e 71 da Lei Nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) e art.
1.048 do NCPC. Conforme item: II - PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO
PROCESSO COM FUNDAMENTO NA LEI DO IDOSO (LEI No 10.741, DE 1º DE
OUTUBRO DE 2003).

4- Requer-se à inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII), sendo deferida de plano
por Vossa Excelência, devendo o Réu ser compelido a apresentar todos os
boletos de cobrança gerados, pagamentos efetuados pelo Autor, demostrar o
capital pago e às taxas e encargos cobrados, bem como a razão que justificou a
negativação, além de todo o teor das ligações efetuados pelo Requerente nos
dias 06/12/2022, 18/01/2023, 01/02/2023 e 03/02/2023. Requer-se a inversão
do ônus da prova para que o Réu informe quanto foi pagou efetivamente
pelo Autor sobre o refinanciamento, para que este seja ao final restituído
com juros e correção monetária. Requer-se que a inversão do ônus da prova
pelo Réu seja feita sob pena de revelia e confissão.

5- Requer-se em sede de antecipação de tutela, o cancelamento das cobranças


de refinanciamento do cartão de crédito, sendo declarada a inexistência de débito
dos juros, taxas e encargos cobrados, sendo feita a baixa da negativação do
Autor junto aos órgãos cerceadores de crédito. Desta forma, caso às cobranças
continuem a ser realizadas, mesmo após o pedido de antecipação de tutela para
a sua paralização, requer-se que seja aplicada multa em face do Réu. Requer-
se a expedição de ofício para os órgãos cerceadores de crédito, objetivando a
retirada no Nome do Autor da negativação. Requer-se no mérito da ação a
confirmação final dos pedidos de baixa da negativação e paralização imediata das
cobranças.

6- Requer-se a declaração da inexistência do débito, confirmando no mérito da


ação, a sustação e cancelamento do refinanciamento e suas cobranças indevidas
de taxas, juros, encargos e a consequente baixa da negativação. Efetivamente
requer-se a declaração de inexistência do débito do questionado refinanciamento
que gerou a partir de 03/11/2022, parcelas de faturas do rotativo de 14,99%,
sendo ao todo 8 (oito) prestações no valor de R$ 214,12 (DUZENTOS E
QUATORZE REAIS E DOZE CENTAVOS), totalizando uma despesa para o Autor
de R$ 1.712,96 (UM MIL SETECENTOS E DOZE REAIS E NOVENTA E SEIS
CENTAVOS), (vide doc. 3). Do valor que o Autor pagou efetivamente sobre o
refinanciamento, requer ser restituído com juros e correção monetária. O
saldo devedor do boleto de 18/04/2023 é de R$ 1.578,71 (UM MIL QUINHENTOS
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E SETENTA E OITO REAIS E SETENTA E UM CENTAVOS), vide (doc. 6),
porém a real dívida capital é R$ 350,25 (TREZENTOS E CINQUENTA REAIS E
VINTE E CINCO CENTAVOS), que foi paga em 19/04/2023, vide (doc. 7). Assim
sendo, o valor restante de R$ 1.228,46 (UM MIL DUZENTOS E VINTE E OITO
REAIS E QUARENTA E SEIS CENTAVOS), no boleto de 18/04/2023, são juros,
encargos e taxas indevidas, dos quais requer a declaração de inexistência de
débito.

7- Requer-se a condenação do Réu, no pagamento de indenização por danos


morais in re ipsa, pela falha no serviço que trouxe prejuízos ao Autor, devendo
ser aplicado severamente dentro dos princípios do “punitive damages”,
penalizando a atitude omissa e negligente, de modo a coibir novos atentados
contra os direitos do consumidor, sendo o quantum indenizatório total
arbitrado “em até” R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS).
8- Que sejam procedentes todos os pedidos requeridos nesta ação, condenado
por fim o Réu a pagar às custas e os honorários advocatícios, arbitrados em 20%
(vinte por cento) sobre o valor da condenação.

Atribui-se à causa o valor de R$ 12.000,00 (DOZE MIL REAIS), para efeitos


fiscais e de alçada.

Nestes termos, espera deferimento.


Cachoeiro de Itapemirim, ES.
27 de abril de 2023.

DR. JAMILSON JOSÉ DE ALMEIDA JUNIOR


OAB-ES: 13.326

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