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Exmo.(a) Sr.(a) Dr.

(a) Juiz (a) de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de


Nova Serrana-MG

HARLEY CHISTIAN DO VALE SILVA, brasileiro, casado, delegado civil, portador do


CIRG n.º xxxxxxxxxx/xx, inscrito no CPF/xx sob o n.º xxxxxxxxxx, residente e
domiciliado na rua Machado de Assis 256, neste ato, representado por seu procurador
judicial, conforme instrumento particular de procuração anexa, com endereço
profissional constante rua Gumercindo Martins 20, onde recebe intimações, vem,
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 61 da Lei
7.357/85 ( Lei do Cheque), propor a presente
AÇÃO CAMBIÁRIA DE LOCUPLETAMENTO ILÍCITO

contra JANE CHIRLEY BRANDÃO, brasileira, divorciada, advogada, portador do CIRG


n.º xxxxxxxxxx, inscrito no CPF/xx sob o n.º xxxxxxxxxx, residente e domiciliado na rua
Pacífico Pinto 118, pelos fatos e fundamentos de direito a seguir expostos.

1. DOS FATOS:
O Requerente é credor da quantia de R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais),
referente ao cheque nº 851033, da conta-corrente nº 1.297-1 da agência 2354, do
Banco do Brasil, localizada na Cidade de Nova Serrana/MG, emitido de Belo
Horizonte /MG o Requerido na data de 2 de fevereiro de 2022.
O cheque foi apresentado a Instituição Financeira para compensação no dia
03/02/2022 tendo sido devolvido pelos motivos, 11 (sem fundos, na 1ª apresentação), e
12 (sem fundos na 2ª apresentação) conforme visualiza-se nos carimbos apostos pelas
instituições financeiras no verso dos cheques.
Em que pese os esforços do Requerente em ter o pagamento do débito devido, o qual
restou infrutífero, continua amargando o prejuízo causado pelo Requerido, não
havendo alternativa, senão compeli-la que o faça judicialmente.

2. DO DIREITO:
A pretensão do Requerente funda-se na ação cambial de enriquecimento ilícito,
prevista no artigo 61 da Lei nº 7.357/85 ( Lei do Cheque), in verbis:
Art. 61. A Ação de enriquecimento contra o emitente ou
outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o
não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos,
contados do dia em que se consumar a prescrição prevista
no art. 59 e seu parágrafo desta lei.
Neste sentido, os cheques possuem prazo de 06 (seis) meses para sua execução,
contados a partir da expiração do prazo de apresentação para pagamento, que estão
definidos no art. 33 da Lei do Cheque.
Art. 33. O cheque deve ser apresentado para pagamento, a
contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias,
quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60
(sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou
no exterior.
Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares
com calendários diferentes, considera-se como de emissão o
dia correspondente do calendário do lugar de pagamento.
Ao término desses lapsos temporais, portanto, inicia-se a contagem do prazo de 02
(dois) anos para a propositura da ação de enriquecimento indevido. Não tendo
transcorrido o referido prazo, desde a prescrição, a presente ação é a medida judicial
mais adequada a fim de se evitar o enriquecimento indevido, senão vejamos:
Data de emissão do cheque: 02/02/2022
Prazo final de apresentação (60 dias): 02/04/2022
Prazo final de execução (06 meses): 02/11/2022
Prazo final de ação locupletamento ilícito (02 anos): 02/04/2024
Respeitado o prazo, a inadimplência da Requerida configura por si só, condição
essencial para o ajuizamento da presente demanda de cunho tipicamente cambial.
Nesse sentido, leciona o professor Fábio Ulhôa Coelho:
Prescrita a execução, o portador do cheque sem fundos poderá, nos 2 anos seguintes,
promover a ação de enriquecimento indevido contra o emitente, endossantes e
avalistas (LC, art. 61). Trata-se de modalidade de ação cambial, de natureza não
executiva. O portador do cheque, por meio de processo de conhecimento, pede a
condenação judicial de qualquer devedor cambiário no pagamento do valor do título,
sob o fundamento de que se operou o enriquecimento indevido. De fato, se o cheque
está sem fundos, o demandado locupletou-se sem causa lícita, em prejuízo do
demandante, e é essa, em princípio, a matéria de discussão na ação. (Grifo
Nosso).
É importante esclarecer que a presente ação se difere da ação ordinária de cobrança,
no quesito onus probandi. Na ação de locupletamento ilícito, o próprio cheque basta
como prova do fato constitutivo do autor, enquanto na ação de cobrança é necessário
que o autor comprove o negócio gerador do crédito reclamado.
Quanto à correção monetária, frise-se, que a mesma representa a simples atualização
do valor do cheque, devendo incidir invariavelmente desde o vencimento da obrigação.
Ademais, desnecessária, a indicação de causa debendi. Neste sentido:
EMENTA: “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE
LOCUPLETAMENTO SEM CAUSA. CHEQUE PRESCRITO.
CIRCULAÇÃO. CAUSA DEBENDI. DESNECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO. MÁ-FÉ DO PORTADOR NÃO
COMPROVADA. CORREÇÃO MONETÁRIA. DATA DA
EMISSÃO. JUROS DE MORA. DATA DA PRIMEIRA
APRESENTAÇÃO. Assim como as demais ações cambiárias,
na ação de locupletamento ilícito, prevista no art. 61 da Lei
do Cheque, não é necessário comprovar a ”causa debendi".
Em qualquer ação manejada pelo portador para cobrança de
cheque, a correção monetária incide a partir da data de emissão
estampada na cártula e os juros de mora a contar da primeira
apresentação.” (TJMG - Apelação Cível 1.0000.21.231157-5/001,
Relator(a): Des.(a) Marco Aurélio Ferrara Marcolino , 13ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 03/02/2022, publicação da
súmula em 03/02/2022) negrito e sublinhado nossos.
Assim, a fim de se evitar o enriquecimento indevido do Requerido, é que se busca
através da presente ação o recebimento da quantia devida, corrigida monetariamente
pelos índices oficiais e com juros de mora incidentes desde o vencimento da obrigação.

3. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS:


Diante de todo o exposto, pede-se, encarecidamente, a Vossa Excelência, o
julgamento procedente do pedido, condenando o Requerido a pagar a importância de
R$ - 3.600,00 (três mil e seiscentos reais), corrigidos monetariamente e com juros de
mora a contar do vencimento da obrigação, perfazendo o valor de R$ 4.461,90 (quatro
mil, quatrocentos e sessenta e um reais e noventa centavos), até a presente data,
conforme memória de cálculo anexa.
No mais, requer:
a) A citação do requerido, na forma do art. 18 da lei 9.099/95, para comparecer à
audiência de conciliação, onde poderá apresentar contestação, se assim o desejar, sob
pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;
b) A condenação do requerido ao pagamento do valor do débito indicado, corrigido e
atualizado do valor da dívida que, que corrigido perfaz, R$ 4.461,90 (quatro mil,
quatrocentos e sessenta e um reais e noventa centavos), nesta data; Por fim,
protesta o requerente provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em
Direito.
Pleiteia ainda o prosseguimento do feito, nos moldes da lei 9.099/95.
Dá-se a causa o valor de R$ 4.461,90 (quatro mil, quatrocentos e sessenta e um
reais e noventa centavos)
Nestes termos, pede e espera deferimento.

22 de maio de 2023.
GABRIEL FLÁVIO DE SOUZA LACERDA
OAB/MG nº 000.001
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