Você está na página 1de 5

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 18º JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS/AM

PROCESSO Nº 0207725-65.2023.8.04.0001

ZAZ TRANSPORTES E SERVIÇO LOGISTICO, já qualificada nos autos


do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado, que assina digitalmente,
procuraçã o anexo, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº XXXX, com
escritó rio localizado na rua .......vem a presença de Vossa Excelência, apresentar

CONTESTAÇÃO

Com base no Art. 335 do CPC, em face da Açã o de Obrigaçã o de


fazer/nã o fazer, em trâ mite neste juízo, sob o nº 0207725-65.2023.8.04.0001,
proposto pelo senhor JOSE AMINTAS RODRIGUES DA COSTA, já qualificada nos
autos do processo, pelos fatos e motivos expostos a seguir:

RESUMO DOS FATOS

No dia 29.03.2023 a requerente ajuizou a presente açã o de cobrança,


requerendo em sua inicial os pagamentos de 124 (cento e vinte e quatro) títulos,
requerendo o valor de R$ 708.157,78 (setecentos e oito mil cento e cinquenta e
sete reais e setenta e oito centavos).

O requerente alega também que, o requerido pagou o valor de R$


200.000,00 (duzentos mil reais) a título de entrada de um acordo pactuado no mês
de outubro de 2022 e que posterior a essa data o requerente nã o fez mais nenhum
tipo de pagamento.
Em virtude disso o requerente ajuizou a presente demanda.

DA REALIDADE DOS FATOS

O requerido no mês de outubro de 2022 realizou um acordo para a


quitaçã o da dívida que tinha com a requerente no valor de R$ 402.051,35
(quatrocentos e dois mil cinquenta e um reais e trinta e cinco centavos), mas
devido as tratativas na época acordaram o valor de R$ 399.998,00 (trezentos mil
novecentos e noventa e oito reais) que seria pago da seguinte forma:

 Entrada: R$ 200.000,00 (duzentos mil);


 Parcelas: 06 (seis) parcelas no valor de R$ 33.333,00 (trinte e
três mil trezentos e trinta e três reais);

O requerido no dia 07 de outubro de 2022 realizou os pagamentos


do valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil) referente a entrada acordada.

Acontece que, devido à queda na venda de frete o requerido acabou


se encontrando numa situaçã o difícil por um curto período, mas no dia 09 de
fevereiro de 2023, realizou o pagamento de forma integral do valor restante do
acordo no valor de R$ 198.000,00 (cento e noventa e oito mil reais).

No dia 23 de março de 2023 o requerido foi surpreendido com o


ajuizamento da açã o de cobrança pelo requerente, sendo cobrado o pagamento no
valor de R$ 708.157,78 (setecentos e oito mil cento e cinquenta e sete reais e
setenta e oito centavos), referente a 124 (cento e vinte e cinco) títulos.

O requerido tentou diversas vezes entrar em contato com o


requerente para que fosse feita a baixa nos valores pagos, mas nã o logrou êxito,
sendo informado que deveria pagar o valor que estava sendo cobrado
judicialmente.
DOS VALORES CONTRADITÓRIOS

Os valores citados na exordial conforme a requerente totaliza a


quantia de R$ 784.153,47 (setecentos e oitenta e quatro mil cento e cinquenta e
três reais e quarenta e sete centavos), conforme print abaixo:

O pró prio requerente em sua pró xima narrativa admite o


recebimento do valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil) como forma de pagamento,
mas deixa de citar o segundo valor de R$ 198.000,00 (cento e noventa e oito mil
reais) transferido no dia 09.02.2023 (comprovantes anexos).

Excelência, apó s isso o requerente cita outro valor, sendo este o valor
real da dívida segundo sua narrativa no valor de R$ 708.157,78 (setecentos e oito
mil cento e cinquenta e sete reais e setenta e oito reais).

Como pode ser o observado os valores citados sã o confusos e


contraditó rios, uma vez que nã o fica realmente claro qual o valor real da dívida e
nem o que foi abatido com os valores que já foram pagos.

DO ENRIQUECIMENTO ILICITO

Fica comprovada a conduta astuciosa da requerente em cobrar os


títulos que já foram pagos novamente, com juros e correçã o, conforme planilha em
anexo.

O Art. 884 do CC Lei No 10.406, de 10 de janeiro de 2002, é claro em


seu disposto quando se trata da conduta de auferir valores indevidos, vejamos:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à
custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários.

No caso em tela fica clara a conduta da requerida em tentar receber


novamente o valor pago, com intuito de continuar aumentando o seu patrimô nio e
dificultando qualquer tentativa de negociaçã o para receber os valores de forma
integral.

DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO

Entende a jurisprudência majoritá ria que o consumidor lesado nã o é


obrigado a esgotar as vias administrativas para poder ingressar com açã o judicial,
mas sim, pode fazê-lo imediatamente depois de deflagrado o dano.

Confere a Lei 8.078/90, diante do acontecido narrado acima, que a


requerente possui direito de receber nã o só a quantia paga, mas o dobro de seu
valor, conforme artigo 42, pará grafo ú nico, no qual diz, in verbis:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor


inadimplente nã o será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.

Pará grafo ú nico. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetiçã o do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correçã o monetá ria e juros legais, salvo hipó tese de
engano justificá vel. (grifo nosso)

No entendimento decorre o valor de R$ 398.000,00 (trezentos e


noventa e oito mil reais) que está sendo cobrado novamente pelo requerido
conforme a sua pró pria planilha juntado nos autos do processo.

Nesse sentido deve ser aplicado o Art. 42 do CDC, ao caso narrado em


decorrência da cobrança indevida de 59 (cinquenta e nove) títulos que já foram
pagos, assim o requerente fica no direito de receber em dobro de R$ 796.000,00
(setecentos e noventa e seis mil reais), acrescido de 20% de honorá rios
advocatícios.

DA COMPENSAÇÃO

Você também pode gostar