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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CIVEL

DA COMARCA DE SARANDI - PR

AUTOS n° 0009522-69.2022.8.16.0160
QUEILA REGINA OLIVEIRA, já qualificada, por seus procuradores
e advogados que esta subscreve, vem, respeitosamente, na presença deste
Órgão Julgador apresentar CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO

DA SÍNTESE INICIAL

Alega O Requerente foi casado com a Requerida até o início de


2019, sendo decretado o divórcio do casal em 24 de outubro de 2020 pelo juízo
da Vara de Família e Sucessões desta comarca, nos autos 0007549-
84.2019.8.16.0160.
Entre os bens a serem partilhados se encontra o imóvel localizado
na Rua Laura Pepi Lovato, nº 1288-A, Jardim São José, nesta comarca,
adquirido por meio de financiamento imobiliário junto ao banco Caixa em 300
meses, que tem sido utilizado exclusivamente pela Requerida desde a
separação de fato do casal.
Decretada a partilha ficou estipulado que caberia a cada uma das
partes 50 % sobre os valores pagos, devendo para tanto propor ação própria
no juízo competente para ser concretizada a partilha. Diante disso, o
Requerente almeja a extinção do patrimônio em comum e, mais, ser ressarcido
pela fruição da parte do bem que lhe pertence.

DA REALIDADE FÁTICA.

Conforme explanado inicialmente, realmente houve a partilha do


bem, com consequente formação do condomínio, todavia, o Requerente não
trouxe aos autos, os valores reais a serem repartidos, e muito menos o que tem
deixado de pagar da sua cota parte.
O imóvel hoje, segundo a própria caixa econômica (extrato em
anexo), é tido como garantia do contrato no valor de R$137.511,27 (cento e
trinta e sete mil quinhentos e onze reais e vinte e sete centavos), sendo que,
deste valor, ainda resta um debito de R$80.031,91 (oitenta mil e trinta e um
reais e noventa e um centavos).
Ou seja, do valor total do imóvel, somente tem-se por quitado o valor
de R$57.478,36 (cinquenta e sete mil quatrocentos e setenta e oito reais e
trinta e seis centavos), valor muito diferente do apresentado pelo Requerente.
Há que se deixar claro que todos os valores citados estão constantes nos
extratos da própria caixa em anexo, diferentemente do Requerente que
atualizou os valores como se o que foi pago para Caixa fosse atualizado da
mesma maneira.
Ainda, o Requerente exige o pagamento de sua cota parte, todavia,
como se verá a seguir, o mesmo está em debito com a Requerida, desde 2019,
pelos valores referentes aos seus 50% do imóvel, que vem sendo pago de
forma exclusiva pela Requerida.
Desta forma, conforme se comprovará, o condomínio deverá sim ser
extinto, todavia, deverá o Requerente cumprir com suas obrigações perante o
mesmo.

DA JUSTIÇA GRATUITA
A Requerida não têm condições de arcar com as despesas de uma
demanda judicial sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família.
Conforme se encontra previsto no inciso LXXIV, do artigo 5°, da
Constituição Federal, a pessoa que não possuí recursos financeiros suficientes,
tem direito à assistência judiciária gratuita, que consiste na dispensa da
antecipação das custas relativas aos atos processuais praticados, inclusive por
intermédio dos oficiais de justiça e das publicações em jornal.
Para fins de deferimento de assistência judiciária gratuita, a
Agravante afirma ser pessoa reconhecidamente pobre na acepção jurídica dos
termos e não tem condições de arcar com as despesas processuais de uma
demanda, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família. Portanto, declara
aqui expressamente, sua situação de pobreza, nos termos da Lei 1.060/50.
Ainda, o NCPC é claro ao trazer atualizações quanto a concessão
do refererido beneficio, vejamos;
“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na
petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.
§ 1º (...).
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos
autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de
indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural. (grifo nosso)”.
Isto posto requer a Requerida a concessão da assistência judiciária
gratuita relativamente a todas as custas e despesas do processo, inclusive com
a condenação do Requerente em honorários advocatícios a serem arbitrados
por este Juízo.

DA EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO

A requerida não se opõe a extinção do condomínio e consequente


alienação do bem.
Todavia, a mesma não possui condições de comprar como propõe o
Requerido sua parte. Portanto, em nada se opõe de que a casa seja colocada
a venda, e assim que sua venda for concretizada, os valores remanescentes da
quitação do financiamento e demais encargos, divididos entre as partes na
proporção de 50% para cada um.

DA RECONVENÇÃO
DAS OBRIGAÇÕES DOS CONDÔMINOS

Narra o Requerente, que após ação de divorcio, com sentença


datada de 24 de outubro de 2020, fora estabelecido um condomínio necessário
entre as partes, invocando para si os benefícios de venda, aluguel etc, que
deveria a Requerida lhe pagar. Todavia, esquece o Requerente, que a mesma
lei que lhe atribui benefícios, lhe atribui também obrigações, vejamos, o que diz
o Código Civil Brasileiro:
“Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a
concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a
suportar os ônus a que estiver sujeita.
Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos
condôminos.”
“Art. 1.317. Quando a dívida houver sido contraída por todos os
condôminos, sem se discriminar a parte de cada um na obrigação,
nem se estipular solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou
proporcionalmente ao seu quinhão na coisa comum.”

Ou seja, é de responsabilidade dos condôminos na proporção de


sua parte, que no caso é de 50% para cada um, concorrer com as despesas
inerentes ao bem, e como já demonstra que desde 03/2019 não cumpre com
sua obrigação no quinhão de sua parte, já que, ate a presente data a
Requerida pagou sozinha o valor de R$ 39.606,37 (trinta e nove mil, seiscentos
e seis reais e trinta e sete centavos) a titulo de financiamento.
Desta forma, há que se deixar claro que, o Requerente nunca arcou
com tais custos, mas para o bom andamento processual, usaremos apenas
como base o inicio da ação de divorcio, iniciada em 22/07/2019, desde esta
data, o mesmo nunca pagou sua parte nas parcelas de financiamento, IPTU, e
conservação mínima do imóvel.
Se utilizarmos a tabela do próprio Requerente juntada em mov. 1.8,
temos a confissão de que o mesmo, desde de 03/2019 não participa do custeio
das despesas do referido condomínio.
Ainda, conforme em anexo, existem valores de IPTU nunca pagos
pelo Requerente, totalizando o valor de $ 1.638,46 (hum mil seiscentos e trinta
e oito reais e quarenta e seis centavos)
Ou seja, deve o Requerente, a titulo de condômino pagar para
Requerida o valor de R$20.622,42 (vinte mil e seiscentos e vinte e dois reais e
quarenta e dois centavos) a titulo de custos de financiamento, e manutenção
do bem comum.
Diferentemente do valor que alega lhe ser de direito, todos os
valores anteriores ao divorcio, em tese, foram pagos de forma conjunta, já os
valores aqui apresentados, foram pagos de maneira individual pela Requerida,
devendo ser ressarcida de metade de tudo o que pagou.
DO VALOR REAL DO BEM E SUA DIVISÃO.

Portanto, conforme amplamente demonstrado, os valores


apresentados pelo Requerente, não condizem com a realidade dos fatos.
Alega o mesmo que possui direito ao recebimento de quantia
exorbitante, comparada com a realidade, ainda, alega que o valor que pagou a
titulo de financiamento deve ser restituído pela Requerida. Todavia, se esquece
que, o que fora financiado junto ao Banco Caixa Econômica, possui juros e
outros custos embutidos.
Ou seja, alegar que fora pago o valor superior a cento e cinquenta e
sete mil e requerer metade disso como indenização, beira o absurdo, levando
em conta que o bem em si, não vale sequer esse valor, pois como já dito, o
mesmo quer imputar a Requerida, que custei taxas e juros do banco.
Desta forma, deverá ser o bem avaliado e posto a venda, sendo que,
o valor obtido com o lucro, esse sim, deverá ser dividido, após claro, quitação
de todos os encargos.

DO PAGAMENTO DE ALUGUEL

Conforme amplamente demonstrado, vem a Requerida arcando com


os custos de financiamento e impostos sozinha, não tendo ajuda nenhuma da
parte Requerente, sendo que está apenas requer os frutos do que a Requeria
com muito suor planta.
Alega o Requerido ter direito a um aluguel no valor de R$400,00
(quatrocentos reais), até que o bem seja alienado. Pois bem, a parcela hoje do
financiamento, conforme extratos em anexo, supera os oitocentos reais. Desta
forma, requer seja compensado o pagamento dos alugueis, com o valor que o
Requerente deveria arcar com o financiamento.
DOS REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto, requer:
a) Requer seja julgada totalmente improcedente a
pretensão do Autor, extinguindo-se o processo com o julgamento do
mérito, fundamentado no artigo 487, I do Código de Processo Civil;
b) Requer seja marcada audiência de conciliação para
que se chegue a um valor real de divisão.
c) Requer seja feito a compensação entre o aluguel
que alega o Requerente ser devido e o valor que deveria pagar de
prestação mensal pelo seu quinhão do financiamento imobiliário.
d) Requer seja acolhido a reconvenção, com a devida
condenação da parte autora no valor de R$20.622,42 (vinte mil e
seiscentos e vinte e dois reais e quarenta e dois centavos).

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Maringá/PR, 03 de março de 2023

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