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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE

SÃO FRANCISCO DO SUL – PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Prioridade Idoso

Nos termos do Artigo 71 da Lei nº 10.741/2003, é


assegurada prioridade na tramitação dos processos e
procedimentos e na execução dos atos e diligências
judiciais em que figure como parte ou interveniente
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,
em qualquer instância

IVANILDA DE QUADROS BAGOLIN, brasileira, casada, aposentada, inscrita no CPF/MF

sob o nº 304.836.540-00, residente e domiciliada na Rua dos Estivadores, nº 1001 - Bairro

Acaraí, São Francisco do Sul/SC, por intermédio da procuradora outorgada, vem

respeitosamente perante Vossa Excelência propor a presente AÇÃO REVISIONAL DE


CONTRATO BANCÁRIO c/c TUTELA DE URGÊNCIA, em face de BANCO PAN S/A,

sociedade anônima, inscrita no CNPJ n. 59.285.411/0001-13, com sede na Avenida

Paulista, n. 1.374, 16º andar, Bairro Bela Vista, CEP 01310-946, em São Paulo/SP, pelos

fatos e fundamentos a passa a expor.

1. QUESTÕES PRÉVIAS
1.1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, a Autora aduz não possuir capacidade financeira para suportar


as obrigações pecuniárias relativas ao processo, sem que isso impacte negativamente sua

subsistência. Em virtude disso, pleiteia a outorga dos privilégios de justiça gratuita, conforme

prescrito no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal e no artigo 99 do Código de Processo

Civil.

Desta feita, autodeclara-se em estado de hipossuficiência, por não ter acesso


a suficientes recursos monetários que lhe permitam suportar as despesas processuais sem causar

grave detrimento a sua manutenção. Para corroborar sua solicitação, anexa a documentação

pertinente com o intuito de comprovar, de maneira tangível e incontestável, sua incapacidade de

destinar fundos para as obrigações do processo, em virtude de sua evidente insuficiência

financeira.
Doravante, é imperativo salientar que, por expressa disposição legal, a Autora

tem direito à concessão da assistência judiciária gratuita, visto que a legislação aplicável prevê

que tal benefício pode ser solicitado e outorgado por meio de uma simples petição e com a
declaração de insuficiência financeira, não demandando a apresentação de mais provas.

Convém ressaltar que, conforme o artigo 98 do Código de Processo Civil, o


benefício em pauta não está vinculado a um estado de extrema penúria, sendo suficiente a

“insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e honorários advocatícios”.


Nessa perspectiva, é estabelecido pela doutrina:

Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É possível
que uma pessoa natural, mesmo com boa renda mensal, seja
merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é
proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A gratuidade
judiciária é um dos mecanismos de viabilização do acesso à justiça; não
se pode exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que
comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se desfazer de
seus bens, liquidando-os para angariar recursos e custear o processo.
(DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça
Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que a parte seja


pobre ou necessitada para que possa beneficiar-se da gratuidade da
justiça. Basta que não tenha recursos suficientes para pagar as custas, as
despesas e os honorários do processo. Mesmo que a pessoa tenha
patrimônio suficiente, se estes bens não têm liquidez para adimplir com
essas despesas, há direito à gratuidade. (MARINONI, Luiz Guilherme.
ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo
Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art. 98)

Destarte, faz-se imprescindível o requerimento para que seja outorgado à

Autora o privilégio da assistência judiciária gratuita, fundamentando-se no artigo 5º, inciso LXXIV,
da Constituição Federal, e ancorando-se nos preceitos dispostos no artigo 98 do Código de
Processo Civil, visando garantir a plena efetivação do direito fundamental de acesso à justiça,

independentemente de sua capacidade econômica.

2. DOS FATOS

No dia 05/04/2023, a autora adquiriu um veículo da marca Renault, modelo

Sandero, no valor de R$ 34.000,00, ao qual desembolsou o valor R$ 12.000,00 e financiou o saldo


remanescente de R$ 22.000,00, juntamente com outras taxas associadas, resultando em um valor

total de R$ 25.155,72 financiado, considerando impostos.

Conforme se verifica no contrato entabulado, a taxa de juros mensal foi fixada


em 5,18% e a taxa anual em 83,21%, conduzindo a um pagamento de 48 prestações mensais de

R$ 1.466,83. Assim, o valor total financiado de R$ 25.831,75, estendido pela quantidade de meses,
resulta num total de R$ 70.407,84.

Entretanto, a taxa de juros remuneratórios que se manifesta abusiva, tendo

em vista a notável disparidade entre a referida taxa e a média vigente no mercado financeiro para
a mesma modalidade de operação de crédito, conforme os dados fornecidos pelo Banco Central
do Brasil, à época da formalização do contrato privado. Com efeito, a data da formalização do

contrato de crédito, 05 de abril de 2023, revela uma taxa média no mercado financeiro para a

operação de crédito em questão de 2,11% ao mês e 28,46% ao ano, segundo dados do Bacen,

consideravelmente inferior à taxa acordada.

Para a confirmação da taxa média de juros remuneratórios para a operação de

crédito correspondente, segundo o Banco Central, basta uma consulta simples no portal

eletrônico, utilizando-se dos seguintes códigos de pesquisa: 25471 para taxa média mensal, e

20749 para taxa média anual. 1

Sendo assim, por meio de um cálculo matemático simples, é possível concluir


que a taxa de juros remuneratórios praticada excede em 145% a média do mercado financeiro,

segundo o Banco Central do Brasil, apurada em Abril/2023. Tal desproporção em relação à taxa

média configura uma evidente abusividade por parte da instituição bancária ré.

Caso a média da taxa de juros remuneratórios do mercado financeiro tivesse


sido aplicada desde o início, o valor original da parcela, segundo a taxa do Bacen, seria de R$

861,12. Portanto, a parte autora arcou com valores excessivos, que devem ser levados em
consideração para a diminuição do saldo devedor e o cálculo do novo valor da parcela, que

redistribui o novo saldo devedor, a partir da limitação dos juros, pelo prazo remanescente do

contrato.

Assim sendo, em consonância com o entendimento jurisprudencial

consolidado, além da limitação da taxa de juros remuneratórios, deve ser reconhecida a

1
https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries
abusividade do contrato para que sejam eliminados os efeitos decorrentes da mora. Para tal fim,

a parte autora solicita, em caráter de tutela de urgência, que seja autorizado o depósito judicial

dos valores considerados incontroversos, conforme a planilha de cálculos anexa a esta peça
exordial, o que representa o pagamento mensal de R$ 798,19.

No mérito, a parte autora requer que a taxa de juros remuneratórios seja


limitada à média do mercado, segundo o Bacen, com a consequente limitação da parcela ao novo

valor apresentado. A planilha de cálculos anexa permite que Vossa Excelência visualize os valores
que oneram excessivamente a parte autora, em decorrência da taxa de juros remuneratórios

abusiva e significativamente acima da média do mercado

Esta situação, por si só, revela um notável desequilíbrio e sinaliza uma

condição de abusividade, constituindo uma violação aos princípios de razoabilidade e

proporcionalidade. Dada a magnitude desta discrepância, a autora se vê compelida a buscar a

intervenção e a proteção do Poder Judiciário, cuja medida vem respaldada pela gravidade da
situação, conforme será delineada meticulosamente nos argumentos que se seguem. Por fim,

tendo em conta a idade da autora (70 anos), solicita-se que seja garantida a prioridade na

tramitação do presente processo, conforme estabelecido pelo Artigo 71 da Lei nº 10.741 de 2003.

3. DO MÉRITO
3.1. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Com base na interação previamente estabelecida entre as partes, verifica-se

que tal relação encontra-se substancialmente subordinada às diretrizes inscritas no Código de


Defesa do Consumidor. Com efeito, tal questão já resta totalmente consolidada pelo Superior

Tribunal de Justiça, conforme exemplifica a Súmula 297, que estabelece: "O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável às instituições financeiras".

Assim, estão presentes os elementos que formam a relação jurídica

consumerista, quais sejam a presença do consumidor, do fornecedor, da prestação de um serviço


e da Autora, atraindo a Lei nº 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire


ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

(...)
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Adicionalmente, é de notória ciência que a legislação destinada à defesa do

consumidor endossa de forma explícita a possibilidade de amenizar o princípio do "pacta sunt

servanda" quando identificada desvantagem excessiva ao consumidor. Esse fato se mostra

especialmente relevante em casos que envolvem contratos de adesão, como o que ora se
apresenta. Neste contexto, assim prevê o Código de Defesa do Consumidor:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências

Ademais, é de vital importância reconhecer que o princípio 'pacta sunt

servanda' não deve ser aplicado de forma indiscriminada em todas as situações. No caso
específico, que envolve uma relação de consumo, é absolutamente viável mitigar a aplicação do

princípio e partir para uma análise crítica das cláusulas contratuais, com o intuito de revisá-las, eis

que diante de situação abusiva. A doutrina ilustra de forma lúcida ao analisar a proteção

contratual proporcionada pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), destacando:

Em relação aos aspectos contratuais da proteção ao consumidor,


o CDC configura uma ruptura significativa com a tradição do
Direito Privado, cujos alicerces residem no liberalismo que
predominava durante a época das grandes codificações
europeias do século XIX. Esta ruptura ocorre ao: a) flexibilizar o
princípio da intangibilidade do conteúdo do contrato,
promovendo uma considerável alteração na regra milenar
expressa pelo brocardo 'pacta sunt servanda', e ao realçar o
princípio da conservação do contrato (art. 6º, n.V). (GRINOVER,
Ada Pellegrini, et al. Código brasileiro de defesa do consumidor
comentado pelos autores do anteprojeto. 7. ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2001, p. 444).

Neste contexto, destaca-se a Súmula nº 286 do Egrégio Superior Tribunal de


Justiça, cujo teor é o seguinte: "A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não

obsta a possibilidade de discussão acerca de eventuais ilegalidades dos contratos precedentes".


Tal possibilidade de revisão do contrato e de alteração de suas cláusulas leva à relativização do

princípio "pacta sunt servanda". Contudo, essa relativização ocorre apenas com o objetivo de

eliminar as ilegalidades e reequilibrar a relação entre as partes, preservando, sempre que viável,
a relação jurídica.

Deste modo, a revisão contratual é fundamentada nos princípios dispostos no

artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor e nos artigos. 421 e 422 do Código Civil. Nesse

sentido, o contrato deve ser pautado na boa-fé, na probidade e deve respeitar a sua função social,

buscando sempre a manutenção de um equilíbrio nas prestações ao longo de sua execução e


conclusão. Assim, resta plenamente factível a revisão das cláusulas do contrato de financiamento

objeto da presente lide, com vistas a extinguir eventuais práticas abusivas que possam ter sido

cometidas pela instituição financeira Ré.

É fundamental ressaltar que a autora, no papel de consumidora, encontra-se

em uma situação de vulnerabilidade, exigindo proteção jurídica para equilibrar a relação

contratual existente. Assim, pleiteia-se a aplicação das normas de proteção ao consumidor neste

caso específico, bem como a inversão do ônus da prova, conforme estabelece o artigo 6º do

Código de Defesa do Consumidor.

Adicionalmente, é importante lembrar que a entidade em discussão, um

banco, é submetida à regulamentação do Banco Central do Brasil e, portanto, carrega a


responsabilidade de manter e preservar documentos. Essa obrigação atribui ao banco uma maior

facilidade em apresentar provas, o que consequentemente implica na aplicação da regra de


distribuição dinâmica do ônus da prova, conforme preconizado no artigo 373, § 1º do Código de

Processo Civil, cujos pleitos são primordiais para salvaguardar os direitos do Consumidor e
garantir um processo equitativo e justo, que leve em consideração a disparidade entre as partes
envolvidas.
3.2. DA ABUSIVIDADE DIANTE DA FLAGRANTE DESPROPORCIONALIDADE DE 145%
ENTRE AS TAXAS DE JUROS REMUNERATÓRIOS ESTIPULADAS CONTRATUALMENTE
E OS ÍNDICES MÉDIOS DE MERCADO

De plano, é crucial destacar que o Superior Tribunal de Justiça admite a revisão

das taxas de juros remuneratórios em circunstâncias excepcionais. Essa concessão é aplicável

especificamente quando se encontra evidente uma relação de consumo e a existência de

abusividade é irrefutavelmente evidenciada. Esta abusividade tem a capacidade de colocar o


consumidor em um cenário de desvantagem desproporcional, conforme estabelece o artigo 51,

§ 1º, do Código de Defesa do Consumidor - considerando sempre as peculiaridades intrínsecas


de cada caso concreto.

Portanto, não restam dúvidas quanto à admissibilidade da revisão de taxas de

juros sob certas condições excepcionais, sobretudo considerando que ao agir dessa forma, a parte

Ré está violando o respeito às regulamentações estabelecidas em um precedente do Superior


Tribunal de Justiça, o Tema 27, que dispõe sobre a revisão das taxas de juros remuneratórios em

casos excepcionais, desde que esteja claramente demonstrada a abusividade que coloca o

consumidor em desvantagem exagerada, considerando as peculiaridades do julgamento

concreto.

Além disso, o assunto também se encontra no enunciado da Súmula 296 do

Superior Tribunal de Justiça, que define que os juros remuneratórios são devidos à taxa média de

mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil. Nesta esteira, a Corte Superior esclarece que a

média mensal divulgada pelo Banco Central do Brasil incorpora em seu cálculo as taxas de juros
acertadas pelas instituições financeiras que oferecem crédito para variados perfis de mutuários,
de forma que pode ser adotada como critério para limitação do encargo pelo Poder Judiciário, in

verbis:

DIREITO BANCÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. JUROS
REMUNERATÓRIOS. COBRANÇA ABUSIVA. NÃO
COMPROVAÇÃO. LIMITAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ACÓRDÃO
RECORRIDO EM SINTONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
MORA CARACTERIZADA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO
CONHECIDO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A
jurisprudência do STJ manifesta-se no sentido de que a
circunstância de a taxa de juros remuneratórios praticada pela
instituição financeira exceder a taxa média do mercado não
induz, por si só, à conclusão de cobrança abusiva, consistindo a
referida taxa em um referencial a ser considerado, e não em um
limite que deva ser necessariamente observado pelas
instituições financeiras. 2. No caso concreto, o Tribunal a quo
se apoiou na orientação do STJ, ao afirmar que a média
mensal divulgada pelo Banco Central do Brasil também
considera no seu cálculo as taxas de juros pactuadas pelas
instituições financeiras que concedem crédito para perfis
diferenciados de mutuários, de maneira que pode ser
utilizada para fins de limitação do encargo pelo Poder
Judiciário. Dissídio jurisprudencial, portanto, não
demonstrado. 3. Agravo interno desprovido.

(STJ - AgInt no AREsp: 2219456 RS 2022/0308574-4, Data de


Julgamento: 13/02/2023, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 24/02/2023) (Grifou-se)

Com base nestes fundamentos, a jurisprudência do Tribunal de Justiça de


Santa Catarina tem admitido a seguinte relação entre a taxa contratada e a taxa média de

mercado: a taxa contratada não deve ultrapassar em mais de 10% a média de mercado para
a modalidade contratada. Portanto, é inequívoco o entendimento do Tribunal de Justiça de

Santa Catarina ao adotar como referência para detecção de abusividade a flexibilização da taxa

de juros remuneratórios até o limite de 10% acima da taxa média divulgada pelo Banco Central

do Brasil. Isso posto e nesta mesma direção, o conjunto de Câmaras de Direito Comercial do

Tribunal de Justiça de Santa Catarina elaborou o Enunciado IV, estipulando que na aplicação da

taxa média de mercado definida pelo Banco Central do Brasil, devem ser preservados os princípios

da mínima onerosidade para o consumidor, da razoabilidade e da proporcionalidade.

Veja-se precedentes recentes desta Corte de Justiça Catarinense:

AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL.


DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO
RECURSO. INSURGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
REVISÃO CONTRATUAL. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 297 DO STJ.
FLEXIBILIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONTRATUAIS.
AFASTAMENTO DAS ABUSIVIDADES CABÍVEL. JUROS
REMUNERATÓRIOS. NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA À TAXA
MÉDIA DE MERCADO ANUNCIADA PELO BACEN.
ENTENDIMENTO DO STJ CORROBORADO NOS ENUNCIADOS
DO GRUPO DE CÂMARAS DE DIREITO COMERCIAL. CORRETA
APLICAÇÃO DA SÉRIE TEMPORAL. PERCENTUAL QUE
EXTRAPOLA O LIMITE JURISPRUDENCIAL ESTABELECIDO
DE DEZ POR CENTO. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL E
DESTE COLEGIADO. ABUSIVIDADE RECONHECIDA.
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRETENDIDA A EXCLUSÃO DA
CONDENAÇÃO. INVIABILIDADE. CABIMENTO DA RESTITUIÇÃO
A FIM DE EVITAR ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REQUERIDA A REDUÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. VERBA ARBITRADA EM VALOR MÓDICO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 85, §§ 2º E 8º, DO CPC. MANUTENÇÃO
DA DECISÃO AGRAVADA. RECURSO DESPROVIDO.

(TJ-SC - APL: 51015881820218240023, Relator: Torres Marques,


Data de Julgamento: 28/03/2023, Quarta Câmara de Direito
Comercial) (Grifou-se)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVISÃO DE


CONTRATO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO PARA
AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO
DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. INCONFORMISMO DO
AUTOR. (1) CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO QUE
ESTABELECE OS JUROS REMUNERATÓRIOS EM
PERCENTUAL QUE SUPERA EM 10% A MÉDIA PRATICADA
PELO MERCADO À ÉPOCA DA CONTRATAÇÃO.
PROVIMENTO NO PONTO. (2) REQUISITOS DO ART. 300,
CAPUT, DO CPC DEMONSTRADOS. DECISÃO REFORMADA
PARA AFASTAR OS EFEITOS DA MORA, DETERMINAR A
ABSTENÇÃO OU EXCLUSÃO DA INSCRIÇÃO JUNTO AOS
CADASTROS RESTRITIVOS, E DEFERIR A MANUTENÇÃO DA
POSSE DO BEM, TUDO CONDICIONADO AO DEPÓSITO DO
VALOR INCONTROVERSO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.

(TJSC, Agravo de Instrumento n. 5006489-22.2023.8.24.0000, do


Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Rodolfo Tridapalli,
Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 11-05-2023). (Grifou-
se)

Sendo assim, quanto ao caso em pauta, baseando-se nos dados divulgados

pelo Banco Central do Brasil em operações de crédito para a compra de veículos por pessoas

físicas com recursos livres (Série Temporal 25471), a taxa média de juros remuneratórios para

o mês de abril de 2023 foi definida em 2,11% ao mês e 28,46% ao ano. Por outro lado, o
contrato objeto da lide praticou uma taxa de juros remuneratórios de 5,18% ao mês e 83,21%
ao ano, valores estes bem superiores à média do mercado. Portanto, se faz fundamental sublinhar

que a taxa de juros remuneratórios estipulada no contrato ultrapassa notavelmente a média de


mercado, marcando uma diferença de 145%. Tal circunstância por si só denota desequilíbrio

flagrante que aponta para uma condição de abusividade, caracterizando uma violação aos
princípios de razoabilidade e proporcionalidade.

Cumpre enfatizar, por oportuno, é sabido que, embora as taxas divulgadas

pelo Banco Central do Brasil não representem um critério fixo e inalterável para a determinação
das taxas de juros remuneratórios, todavia, elas se configuram como um valioso indicador que

pode orientar o juiz na detecção de possível abusividade praticada pela entidade financeira.

Desta forma, à luz da legislação vigente, sobretudo o Código de Defesa do


Consumidor, ante a posição de vulnerabilidade da Autora nesta relação contratual, justificada a

intervenção jurídica para revisão das cláusulas contratuais e adequação da taxa de juros ao
patamar médio de mercado, visando a restabelecer a equidade na relação contratual e garantir a

justiça social.

3.3. DA DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA

A possibilidade de desconstituição da mora, diante de uma comprovada

abusividade contratual, é um entendimento solidificado e pacífico na jurisprudência brasileira,

corroborado pela posição adotada pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso

Especial nº 1.061.530/RS, sob o rito dos recursos repetitivos, como indicado no mencionado
julgado sobre a mora. Vejamos:

ORIENTAÇÃO 1 - JUROS REMUNERATÓRIOS

É admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em


situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de
consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor
em desvantagem exagerada - art. 51, §1º, do CDC) fique
cabalmente demonstrada, ante as peculiaridades do julgamento
em concreto”

ORIENTAÇÃO 2 - CONFIGURAÇÃO DA MORA

a) A identificação da abusividade nos encargos demandados


durante a normalidade contratual (juros remuneratórios e
capitalização) desconstitui a mora; [...] (REsp 1061530 RS, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
22/10/2008, DJe 10/03/2009).

Não obstante, ao longo dos últimos anos, a jurisprudência dos Tribunais

reconheceu que a desconstituição da mora impede que quaisquer de seus efeitos recaiam sobre

o devedor, incluindo: a cobrança de multa contratual, a incidência de juros moratórios, a


apreensão de veículo financiado e até mesmo a inscrição do nome do devedor em registros de

inadimplência.

Em outras palavras, caso seja comprovada, mediante os autos, a existência de


cláusula contratual abusiva, decorrente da taxa de juros remuneratórios em nível ilegal ou de

capitalização de juros não expressamente acordada, a mora e seus efeitos legais serão
inteiramente afastados pelo juízo. Vejamos a jurisprudência local, que ratifica tal entendimento:

APELAÇÕES CÍVEIS. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CÉDULA DE


CRÉDITO BANCÁRIO. TOGADO A QUO QUE JULGOU
PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS DEDUZIDOS NA
PETIÇÃO INICIAL. INCONFORMISMO DE AMBOS OS
CONTENDORES. [...]DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.
RESSONÂNCIA JURÍDICA DO RECONHECIMENTO DE
ABUSIVIDADE NO PERÍODO DE NORMALIDADE
CONTRATUAL. ENTENDIMENTO SUFRAGADO NO RECURSO
ESPECIAL N. 1.061.530/RS, DE RELATORIA DA MINISTRA
NANCY ANDRIGHI. AFASTAMENTO COGENTE DA MORA
DEBENDI.

(TJSC, Apelação n. 0306508-33.2017.8.24.0038, do Tribunal de


Justiça de Santa Catarina, rel. José Carlos Carstens Kohler, Quarta
Câmara de Direito Comercial, j. 17-11-2020).

Logo, qualquer possível inadimplência na qual o devedor possa ter incidido

deve ser eliminada, em face da evidente conduta abusiva da instituição financeira na cobrança de

juros remuneratórios. Consequentemente, deve ser assegurado o direito da autora à eliminação


da inadimplência, assim como proibido à instituição bancária ré proceder à cobrança de seus
respectivos efeitos, a saber: a aplicação de multa contratual, a incidência de juros moratórios, a

apreensão de veículo financiado e até mesmo a inscrição do nome da parte autora em registro
de devedores inadimplentes. É o que se requer.

3.4. DA REESTRUTURAÇÃO DO NOVO VALOR DA PARCELA MENSAL

É importante enfatizar que a parte autora não busca que o Judiciário

reconheça qualquer tipo de inadimplência, mas apenas solicita que os juros remuneratórios sejam

ajustados à média do mercado financeiro, de modo que os valores já pagos sejam deduzidos e o

saldo devedor reajustado ao número de parcelas originalmente estabelecido no contrato.


O novo valor da parcela será composto pelo saldo devedor considerado

existente, isto é, com a taxa de juros reajustada e deduzidos os valores pagos

excessivamente, consequentemente diluído no prazo contratual remanescente. Ademais,


salienta-se que os valores já desembolsados, eventualmente, a título de mora das parcelas já
quitadas, deverão ser deduzidos do saldo devedor ou restituídos por meio de indébito simples,

caso se verifique a existência de crédito em favor da parte autora.

De acordo com os registros financeiros, o saldo remanescente atual do


financiamento é de 24.863,39. Contudo, existem 03 parcelas que já foram pagas a maior, cuja

diferença totaliza o valor de 1.817,13. Quando subtraímos essas diferenças pagas em excesso do
saldo remanescente, chegamos ao novo valor de capital financiado, que é de 23.046,26. Esse novo

capital será, então, sujeito a uma taxa de juros de 2,11% ao mês. O número de prestações ainda

por liquidar é de 45 meses. Ao considerar estes fatores, o valor de cada prestação futura

recalculado, totaliza o valor de 798,19 mensais, com base na apresentação dos cálculos
elaborados, que permitem a Vossa Excelência visualizar numericamente a abusividade imposta à

parte autora, conclui-se que seu direito à revisão das cláusulas contratuais abusivas deve ser

garantido, diante da devida instrução do presente processo.

Portanto, não há dúvidas de que o banco réu estabeleceu uma taxa de juros
remuneratórios abusiva em detrimento da parte autora, de maneira que a revisão contratual se

faz necessária, com a mencionada limitação dos juros à taxa média do Bacen, à época da

contratação do respectivo crédito.

3.5. DO DEPÓSITO EM JUÍZO DO VALOR INCONTROVERSO - OBSERVÂNCIA AO ARTIGO


330 §§ 2º E 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL:

Com respeito e deferência às estipulações inscritas no artigo 330 §§ 2º e 3º do

Código de Processo Civil, a parte autora apresenta meticulosa planilha de cálculos, elaborada
levando em consideração a taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil para
a modalidade, vigente no mês em referência. Dita planilha aponta para uma parcela justa de R$

798,19, em contraposição ao valor contratado de R$ 1466,83.

Nesta esteira, encontram-se precedentes deste Colendo Tribunal de Justiça de

Santa Catarinense:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. REVISIONAL DE CONTRATO
BANCÁRIO. FINANCIAMENTO DE VEÍCULO OFERECIDO COMO
GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. TUTELA DE URGÊNCIA
ANTECIPADA INDEFERIDA. INSURGÊNCIA DO AUTOR. MÉRITO.
TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA PARA AUTORIZAR O
DEPÓSITO JUDICIAL DO VALOR INCONTROVERSO, VEDAR
RESTRIÇÃO CREDITÍCIA EM NOME DO AUTOR E MANTÊ-LO NA
POSSE DO BEM. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
JURISPRUDENCIAIS (STJ, RESP REPETITIVO 1.061.530/RS) E
LEGAIS (ART. 300, CPC). AÇÃO REVISIONAL PROPOSTA PARA
IMPUGNAR DÉBITO. JUROS REMUNERATÓRIOS EM
PERCENTUAL SUPERIOR À VARIÁVEL ADMITIDA SOBRE A TAXA
MÉDIA DE MERCADO. INDICAÇÃO DO VALOR TIDO POR
INCONTROVERSO E PEDIDO DE DEPÓSITO EM JUÍZO. EFICÁCIA
DA LIMINAR CONDICIONADA À EFETIVAÇÃO DO DEPÓSITO
JUDICIAL. DECISÃO REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.

(TJ-SC - AI: 50470462220218240000 Tribunal de Justiça de


Santa Catarina 5047046-22.2021.8.24.0000, Relator: Guilherme
Nunes Born, Data de Julgamento: 26/10/2021, Primeira Câmara
de Direito Comercial)

Logo, em estrita observância ao imperativo legal, a parte autora requer que o

Juízo defira a abertura de conta vinculada, com a finalidade específica de efetuar o depósito

mensalmente dos valores referentes ao financiamento que não está sob controvérsia, permitindo
assim a continuidade do cumprimento das obrigações contratuais enquanto persiste a lide da

dívida.

4. DA TUTELA DE URGÊNCIA

De acordo com o artigo 294 do Código de Processo Civil, "a provisão de

proteção pode ser baseada em urgência ou evidência" com esta sendo subdividida em cautelar e
antecipada, podendo ser concedida tanto antecipadamente quanto incidentalmente. A questão

em análise se refere à provisão de proteção de urgência antecipada, conforme estipulado no


artigo 300, in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,
conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para
ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo
a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou
após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos
da decisão.

Dessa forma, para a concessão da proteção solicitada, é necessário

demonstrar: i) a probabilidade do direito; ii) o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do


processo; iii) a ausência de perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Além disso, a

exigência de caução e/ou a nomeação de uma audiência de justificação podem ser facultativas.

No contexto analisado, a possibilidade do direito torna-se evidente, baseada


na controvérsia parcial da dívida e na identificação de suposta cobrança imprópria, levando em
consideração que os juros remuneratórios foram fixados acima do limite autorizado em relação à

taxa média de mercado no momento da celebração do contrato (Abril/2023), em operações de

crédito para a compra de veículos por pessoas físicas, com recursos livres (Série Temporal 25471),

conforme indicam dados do Banco Central do Brasil. Naquele mês, a taxa média de juros
remuneratórios estava em 2,11% ao mês e 28,46% ao ano.

Em contraste, o contrato questionado impôs uma taxa de juros

remuneratórios de 5,18% ao mês e 83,21% ao ano, números significativamente superiores à média

do mercado. Assim, torna-se essencial destacar que a taxa de juros remuneratórios definida no
contrato excede de forma significativa a média de mercado, apresentando uma diferença

alarmante de 145 %. Tal situação por si só evidencia um desequilíbrio gritante que sugere uma
condição de abusividade, marcando uma transgressão aos princípios de razoabilidade e

proporcionalidade.

Já, o perigo do dano, no contexto apresentado, é evidente, especialmente

considerando que a Autora é uma pessoa idosa, ficando submetida a cobranças de juros
exorbitantes e muito acima da taxa média de mercado na época da contratação. Tal condição

pode precipitar um ciclo vicioso de endividamento, no qual a Autora se vê constantemente

lutando para liquidar a dívida, enquanto os juros excessivos continuam a aumentar o valor devido,

sob pena de assim não fizer, perder a posse do bem financiado, necessário para o seu dia a dia,
saúde ou outros compromissos pessoais, causando, portanto, inconveniências significativas, além
dos óbvios prejuízos financeiros. Ressalta-se também a ausência evidente de um risco de

irreversibilidade dos efeitos da decisão. Adicionalmente, consta requerimento alhures para o

depósito judicial do montante considerado incontroverso.


Neste contexto, solicita-se prontamente a concessão da tutela de urgência

com os seguintes objetivos:

a) Seja autorizado o depósito mensal e sequencial dos valores indiscutíveis da


parcela, no montante de R$ 798,19, com o propósito de descaracterizar qualquer inadimplência

da parte autora, tendo em conta a taxa abusiva de juros remuneratórios;


b) Seja o banco réu proibido de incluir a parte autora em qualquer registro

negativo de inadimplentes, sendo obrigado a remover o respectivo registro, caso já tenha sido
efetuado;

c) Seja concedida a manutenção da posse do veículo alienado fiduciariamente


à parte autora, proibindo qualquer ação de "busca e apreensão" do mesmo por parte do banco

réu.

d) Seja eliminada a cobrança de penalidades de mora em desfavor da parte

autora, tais como multa por atraso e juros moratórios;

Dessa forma, é de suma importância que providências judiciais sejam

instauradas com a maior brevidade possível para prevenir tais prejuízos e salvaguardar os direitos

da Autora, motivo pelo qual pleiteia-se a concessão da tutela de urgência antecipada, nos termos
delineados.

5. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) Seja concedido o benefício da gratuidade da justiça, já que a Autora

demonstra não possui condições financeiras para suportar os custos processuais sem prejudicar

o próprio sustento e de sua família;


b) Seja garantida a prioridade na tramitação do presente processo,
conforme estabelecido pelo Artigo 71 da Lei nº 10.741 de 2003, diante da idade da autora (70

anos);

c) O deferimento da tutela de urgência inaudita altera pars, a fim de

autorizar imediatamente a abertura de uma conta judicial, permitindo o depósito do valor

incontroverso, de acordo com o Art. 330 do Código de Processo Civil (CPC), no total de R$
798,19 mensais, levando em consideração a taxa abusiva de juros remuneratórios. Além disso,
solicita-se a garantia de manutenção da posse do veículo alienado fiduciariamente à parte

autora, interditando qualquer operação de "busca e apreensão" do mesmo por parte do banco

réu. Por fim, requer-se o afastamento da cobrança de qualquer penalidade de mora, como multa
moratória ou juros de mora, em desfavor da parte autora, por possíveis atrasos durante a
vigência do contrato entre as partes;

d) A citação da parte adversa para, querendo, apresentar defesa nos autos,


sob o risco de confissão e decretação de revelia.
e) Seja concedida a inversão do ônus da prova, ante a hipossuficiência da

Requerente perante a Requerida, nos termos do artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do

Consumido;
f) Ao final, julgar integralmente procedentes as solicitações da ação, com o
intuito de ajustar a taxa de juros remuneratórios do contrato bancário estabelecido entre as

partes à média de mercado, isto é, 2,11% ao mês e 28,46% ao ano. Reconhecendo-se que o

novo valor da parcela mensal a ser pago é de R$ 798,19, confirma-se a tutela de urgência,

visando eliminar de forma definitiva a caracterização da mora por parte da autora, bem como

seus efeitos, bem como, eventualmente, a repetição e/ou compensação dos valores que

porventura restarem cobrados de forma indevida ao longo da relação contratual;


g) A produção de todos os meios de prova permitidas em direito, incluindo

– caso necessário - a realização de perícia contábil para a confirmação dos argumentos


apresentados, sob pena de cerceamento de defesa, pelo qual desde já, solicita-se a aplicação

dos efeitos do artigo 400 do Código de Processo Civil, em caso de recusa em exibir os

documentos necessários para a realização da perícia;

h) Por fim, condenação da Ré ao pagamento das despesas processuais, bem


como dos honorários de sucumbência.

6. DO VALOR DA CAUSA

Atribui-se à causa o valor de R$ 23.046,26 (vinte e três mil e quarenta e seis

reais e vinte e seis centavos)


7. DAS PUBLICAÇÕES

Outrossim, requer que todas as publicações e intimações, referentes a este

processo, expedidas em nome da patrona que esta subscreve, LUANA F. DE QUADROS


BAGOLIN, inscrita na OAB/SC sob o nº 45.816 sob pena de nulidade, nos termos do artigo 272

do Código de Processo Civil.

Nestes termos, pede deferimento.

São Francisco do Sul, data do protocolo eletrônico.

LUANA F. DE QUADROS BAGOLIN


ADVOGADA OAB/SC 45.816.

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