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Prioridade Idoso
Paulista, n. 1.374, 16º andar, Bairro Bela Vista, CEP 01310-946, em São Paulo/SP, pelos
1. QUESTÕES PRÉVIAS
1.1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
subsistência. Em virtude disso, pleiteia a outorga dos privilégios de justiça gratuita, conforme
prescrito no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal e no artigo 99 do Código de Processo
Civil.
grave detrimento a sua manutenção. Para corroborar sua solicitação, anexa a documentação
financeira.
Doravante, é imperativo salientar que, por expressa disposição legal, a Autora
tem direito à concessão da assistência judiciária gratuita, visto que a legislação aplicável prevê
que tal benefício pode ser solicitado e outorgado por meio de uma simples petição e com a
declaração de insuficiência financeira, não demandando a apresentação de mais provas.
Autora o privilégio da assistência judiciária gratuita, fundamentando-se no artigo 5º, inciso LXXIV,
da Constituição Federal, e ancorando-se nos preceitos dispostos no artigo 98 do Código de
Processo Civil, visando garantir a plena efetivação do direito fundamental de acesso à justiça,
2. DOS FATOS
R$ 1.466,83. Assim, o valor total financiado de R$ 25.831,75, estendido pela quantidade de meses,
resulta num total de R$ 70.407,84.
em vista a notável disparidade entre a referida taxa e a média vigente no mercado financeiro para
a mesma modalidade de operação de crédito, conforme os dados fornecidos pelo Banco Central
do Brasil, à época da formalização do contrato privado. Com efeito, a data da formalização do
contrato de crédito, 05 de abril de 2023, revela uma taxa média no mercado financeiro para a
operação de crédito em questão de 2,11% ao mês e 28,46% ao ano, segundo dados do Bacen,
crédito correspondente, segundo o Banco Central, basta uma consulta simples no portal
eletrônico, utilizando-se dos seguintes códigos de pesquisa: 25471 para taxa média mensal, e
segundo o Banco Central do Brasil, apurada em Abril/2023. Tal desproporção em relação à taxa
média configura uma evidente abusividade por parte da instituição bancária ré.
861,12. Portanto, a parte autora arcou com valores excessivos, que devem ser levados em
consideração para a diminuição do saldo devedor e o cálculo do novo valor da parcela, que
redistribui o novo saldo devedor, a partir da limitação dos juros, pelo prazo remanescente do
contrato.
1
https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries
abusividade do contrato para que sejam eliminados os efeitos decorrentes da mora. Para tal fim,
a parte autora solicita, em caráter de tutela de urgência, que seja autorizado o depósito judicial
dos valores considerados incontroversos, conforme a planilha de cálculos anexa a esta peça
exordial, o que representa o pagamento mensal de R$ 798,19.
valor apresentado. A planilha de cálculos anexa permite que Vossa Excelência visualize os valores
que oneram excessivamente a parte autora, em decorrência da taxa de juros remuneratórios
intervenção e a proteção do Poder Judiciário, cuja medida vem respaldada pela gravidade da
situação, conforme será delineada meticulosamente nos argumentos que se seguem. Por fim,
tendo em conta a idade da autora (70 anos), solicita-se que seja garantida a prioridade na
tramitação do presente processo, conforme estabelecido pelo Artigo 71 da Lei nº 10.741 de 2003.
3. DO MÉRITO
3.1. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Tribunal de Justiça, conforme exemplifica a Súmula 297, que estabelece: "O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável às instituições financeiras".
(...)
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
especialmente relevante em casos que envolvem contratos de adesão, como o que ora se
apresenta. Neste contexto, assim prevê o Código de Defesa do Consumidor:
(...)
servanda' não deve ser aplicado de forma indiscriminada em todas as situações. No caso
específico, que envolve uma relação de consumo, é absolutamente viável mitigar a aplicação do
princípio e partir para uma análise crítica das cláusulas contratuais, com o intuito de revisá-las, eis
que diante de situação abusiva. A doutrina ilustra de forma lúcida ao analisar a proteção
princípio "pacta sunt servanda". Contudo, essa relativização ocorre apenas com o objetivo de
eliminar as ilegalidades e reequilibrar a relação entre as partes, preservando, sempre que viável,
a relação jurídica.
artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor e nos artigos. 421 e 422 do Código Civil. Nesse
sentido, o contrato deve ser pautado na boa-fé, na probidade e deve respeitar a sua função social,
objeto da presente lide, com vistas a extinguir eventuais práticas abusivas que possam ter sido
contratual existente. Assim, pleiteia-se a aplicação das normas de proteção ao consumidor neste
caso específico, bem como a inversão do ônus da prova, conforme estabelece o artigo 6º do
Processo Civil, cujos pleitos são primordiais para salvaguardar os direitos do Consumidor e
garantir um processo equitativo e justo, que leve em consideração a disparidade entre as partes
envolvidas.
3.2. DA ABUSIVIDADE DIANTE DA FLAGRANTE DESPROPORCIONALIDADE DE 145%
ENTRE AS TAXAS DE JUROS REMUNERATÓRIOS ESTIPULADAS CONTRATUALMENTE
E OS ÍNDICES MÉDIOS DE MERCADO
juros sob certas condições excepcionais, sobretudo considerando que ao agir dessa forma, a parte
casos excepcionais, desde que esteja claramente demonstrada a abusividade que coloca o
concreto.
Superior Tribunal de Justiça, que define que os juros remuneratórios são devidos à taxa média de
mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil. Nesta esteira, a Corte Superior esclarece que a
média mensal divulgada pelo Banco Central do Brasil incorpora em seu cálculo as taxas de juros
acertadas pelas instituições financeiras que oferecem crédito para variados perfis de mutuários,
de forma que pode ser adotada como critério para limitação do encargo pelo Poder Judiciário, in
verbis:
mercado: a taxa contratada não deve ultrapassar em mais de 10% a média de mercado para
a modalidade contratada. Portanto, é inequívoco o entendimento do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina ao adotar como referência para detecção de abusividade a flexibilização da taxa
de juros remuneratórios até o limite de 10% acima da taxa média divulgada pelo Banco Central
do Brasil. Isso posto e nesta mesma direção, o conjunto de Câmaras de Direito Comercial do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina elaborou o Enunciado IV, estipulando que na aplicação da
taxa média de mercado definida pelo Banco Central do Brasil, devem ser preservados os princípios
pelo Banco Central do Brasil em operações de crédito para a compra de veículos por pessoas
físicas com recursos livres (Série Temporal 25471), a taxa média de juros remuneratórios para
o mês de abril de 2023 foi definida em 2,11% ao mês e 28,46% ao ano. Por outro lado, o
contrato objeto da lide praticou uma taxa de juros remuneratórios de 5,18% ao mês e 83,21%
ao ano, valores estes bem superiores à média do mercado. Portanto, se faz fundamental sublinhar
flagrante que aponta para uma condição de abusividade, caracterizando uma violação aos
princípios de razoabilidade e proporcionalidade.
pelo Banco Central do Brasil não representem um critério fixo e inalterável para a determinação
das taxas de juros remuneratórios, todavia, elas se configuram como um valioso indicador que
pode orientar o juiz na detecção de possível abusividade praticada pela entidade financeira.
intervenção jurídica para revisão das cláusulas contratuais e adequação da taxa de juros ao
patamar médio de mercado, visando a restabelecer a equidade na relação contratual e garantir a
justiça social.
corroborado pela posição adotada pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso
Especial nº 1.061.530/RS, sob o rito dos recursos repetitivos, como indicado no mencionado
julgado sobre a mora. Vejamos:
reconheceu que a desconstituição da mora impede que quaisquer de seus efeitos recaiam sobre
inadimplência.
capitalização de juros não expressamente acordada, a mora e seus efeitos legais serão
inteiramente afastados pelo juízo. Vejamos a jurisprudência local, que ratifica tal entendimento:
deve ser eliminada, em face da evidente conduta abusiva da instituição financeira na cobrança de
apreensão de veículo financiado e até mesmo a inscrição do nome da parte autora em registro
de devedores inadimplentes. É o que se requer.
reconheça qualquer tipo de inadimplência, mas apenas solicita que os juros remuneratórios sejam
ajustados à média do mercado financeiro, de modo que os valores já pagos sejam deduzidos e o
diferença totaliza o valor de 1.817,13. Quando subtraímos essas diferenças pagas em excesso do
saldo remanescente, chegamos ao novo valor de capital financiado, que é de 23.046,26. Esse novo
capital será, então, sujeito a uma taxa de juros de 2,11% ao mês. O número de prestações ainda
por liquidar é de 45 meses. Ao considerar estes fatores, o valor de cada prestação futura
recalculado, totaliza o valor de 798,19 mensais, com base na apresentação dos cálculos
elaborados, que permitem a Vossa Excelência visualizar numericamente a abusividade imposta à
parte autora, conclui-se que seu direito à revisão das cláusulas contratuais abusivas deve ser
Portanto, não há dúvidas de que o banco réu estabeleceu uma taxa de juros
remuneratórios abusiva em detrimento da parte autora, de maneira que a revisão contratual se
faz necessária, com a mencionada limitação dos juros à taxa média do Bacen, à época da
Código de Processo Civil, a parte autora apresenta meticulosa planilha de cálculos, elaborada
levando em consideração a taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil para
a modalidade, vigente no mês em referência. Dita planilha aponta para uma parcela justa de R$
Santa Catarinense:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. REVISIONAL DE CONTRATO
BANCÁRIO. FINANCIAMENTO DE VEÍCULO OFERECIDO COMO
GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. TUTELA DE URGÊNCIA
ANTECIPADA INDEFERIDA. INSURGÊNCIA DO AUTOR. MÉRITO.
TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA PARA AUTORIZAR O
DEPÓSITO JUDICIAL DO VALOR INCONTROVERSO, VEDAR
RESTRIÇÃO CREDITÍCIA EM NOME DO AUTOR E MANTÊ-LO NA
POSSE DO BEM. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
JURISPRUDENCIAIS (STJ, RESP REPETITIVO 1.061.530/RS) E
LEGAIS (ART. 300, CPC). AÇÃO REVISIONAL PROPOSTA PARA
IMPUGNAR DÉBITO. JUROS REMUNERATÓRIOS EM
PERCENTUAL SUPERIOR À VARIÁVEL ADMITIDA SOBRE A TAXA
MÉDIA DE MERCADO. INDICAÇÃO DO VALOR TIDO POR
INCONTROVERSO E PEDIDO DE DEPÓSITO EM JUÍZO. EFICÁCIA
DA LIMINAR CONDICIONADA À EFETIVAÇÃO DO DEPÓSITO
JUDICIAL. DECISÃO REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
Juízo defira a abertura de conta vinculada, com a finalidade específica de efetuar o depósito
mensalmente dos valores referentes ao financiamento que não está sob controvérsia, permitindo
assim a continuidade do cumprimento das obrigações contratuais enquanto persiste a lide da
dívida.
4. DA TUTELA DE URGÊNCIA
proteção pode ser baseada em urgência ou evidência" com esta sendo subdividida em cautelar e
antecipada, podendo ser concedida tanto antecipadamente quanto incidentalmente. A questão
exigência de caução e/ou a nomeação de uma audiência de justificação podem ser facultativas.
crédito para a compra de veículos por pessoas físicas, com recursos livres (Série Temporal 25471),
conforme indicam dados do Banco Central do Brasil. Naquele mês, a taxa média de juros
remuneratórios estava em 2,11% ao mês e 28,46% ao ano.
do mercado. Assim, torna-se essencial destacar que a taxa de juros remuneratórios definida no
contrato excede de forma significativa a média de mercado, apresentando uma diferença
alarmante de 145 %. Tal situação por si só evidencia um desequilíbrio gritante que sugere uma
condição de abusividade, marcando uma transgressão aos princípios de razoabilidade e
proporcionalidade.
considerando que a Autora é uma pessoa idosa, ficando submetida a cobranças de juros
exorbitantes e muito acima da taxa média de mercado na época da contratação. Tal condição
lutando para liquidar a dívida, enquanto os juros excessivos continuam a aumentar o valor devido,
sob pena de assim não fizer, perder a posse do bem financiado, necessário para o seu dia a dia,
saúde ou outros compromissos pessoais, causando, portanto, inconveniências significativas, além
dos óbvios prejuízos financeiros. Ressalta-se também a ausência evidente de um risco de
negativo de inadimplentes, sendo obrigado a remover o respectivo registro, caso já tenha sido
efetuado;
réu.
instauradas com a maior brevidade possível para prevenir tais prejuízos e salvaguardar os direitos
da Autora, motivo pelo qual pleiteia-se a concessão da tutela de urgência antecipada, nos termos
delineados.
5. DOS PEDIDOS
demonstra não possui condições financeiras para suportar os custos processuais sem prejudicar
anos);
incontroverso, de acordo com o Art. 330 do Código de Processo Civil (CPC), no total de R$
798,19 mensais, levando em consideração a taxa abusiva de juros remuneratórios. Além disso,
solicita-se a garantia de manutenção da posse do veículo alienado fiduciariamente à parte
autora, interditando qualquer operação de "busca e apreensão" do mesmo por parte do banco
réu. Por fim, requer-se o afastamento da cobrança de qualquer penalidade de mora, como multa
moratória ou juros de mora, em desfavor da parte autora, por possíveis atrasos durante a
vigência do contrato entre as partes;
Requerente perante a Requerida, nos termos do artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do
Consumido;
f) Ao final, julgar integralmente procedentes as solicitações da ação, com o
intuito de ajustar a taxa de juros remuneratórios do contrato bancário estabelecido entre as
partes à média de mercado, isto é, 2,11% ao mês e 28,46% ao ano. Reconhecendo-se que o
novo valor da parcela mensal a ser pago é de R$ 798,19, confirma-se a tutela de urgência,
visando eliminar de forma definitiva a caracterização da mora por parte da autora, bem como
seus efeitos, bem como, eventualmente, a repetição e/ou compensação dos valores que
dos efeitos do artigo 400 do Código de Processo Civil, em caso de recusa em exibir os
6. DO VALOR DA CAUSA