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COMARCA DE BETIM/MG
I - PRELIMINARMENTE
A Autora não tem como assumir o ônus do pagamento das custas e despesas
relativas ao processo sem, contudo, prejudicar seus sustentos.
“Basta que o próprio interessado, ou seu procurador declare, sob as penas da lei, que
o seu estado financeiro não lhe permite arcar com o custeio do processo”
“Como regra geral, a parte tem o ônus de custear as despesas das atividades
processuais, antecipando-lhe o respectivo pagamento, à medida que o processo realiza
sua marcha. Exigir, porém, esse ônus, como pressuposto indeclinável de acesso ao
processo, seria privar os economicamente fracos da tutela jurisdicional do Estado (...)
Necessitado, para o legislador, não é apenas o miserável, mas, sim, `todo aquele cuja
situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de
advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família’ (artigo 2º, parágrafo único,
da Lei 1.060/50) (...)”
A propósito, não só os doutrinadores se preocuparam em esclarecer a matéria em
comento, mas também os tribunais pátrios têm reiteradamente entendido que:
Assim, faz jus a parte Autora à isenção do pagamento das custas processuais.
II - DOS FATOS
Ocorre Excelência, que aqui não se discute a autenticidade da dívida, muito pelo
contrário, a Autora admite dever à Ré, mas o que se discute que, pela falta de responsabilidade
e organização da mesma, lesou moralmente à autora ilicitamente como será comprovado
adiante.
Veja Excelência, no caso em tela, a Autora não nega a dívida, pelo contrário,
deseja quitá-la, o que se pleiteia é a reparação por danos morais em virtude da má prestação de
serviço por parte da Ré que ensejou a inadimplência da Autora e resultando na negativação
indevida do seu nome junto do SPC.
III – DO DIREITO
O Código Civil no seu art. 186 combinado com o art. 927, impõem o dever de
indenizar àqueles que causam prejuízos a outras pessoas. Assim, o Código busca trazer para o
ordenamento jurídico positivo os diferentes tipos de danos indenizáveis já consolidados pela
jurisprudência. Visando este objetivo, procura enumerar as possibilidades em que o dano pode
ser causado. Um exemplo claro é o dano moral que será pleiteado aqui.
Assim, verifica-se que a lei, de forma expressa, não dá guarida a postura da Ré,
e ainda, prevê a indenização pelos danos causados por essa postura negligente e irresponsável
perpetrada pela escola.
[...] O valor da indenização por danos morais deve ser fixado com prudência, segundo
os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, mostrando-se apto a reparar,
adequadamente, o dano suportado pelo ofendido, servindo, ainda, como meio de
impedir que o condenado reitere a conduta ilícita. Em casos de inscrição indevida
de nome em cadastro de proteção ao crédito sem ocorrência de fraude, tem-se
entendido que deve a indenização por danos morais ser fixada em valor
equivalente a vinte salários mínimos. APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.20.580023-
8/001 - COMARCA DE JUIZ DE FORA (g.n.)
Verifica-se, dessa forma que não resta dúvida quanto a relação consumerista,
bem como a necessidade de indenizar pelos danos morais causados. Ademais, a
responsabilidade objetiva daquele que presta serviços é unanime na jurisprudência. Portanto,
deve indenizar o consumidor pelos danos causados, em quantia suficiente para inibir a sua
prática delituosa.
[...] não se trata de “pecúnia doloris”, ou “pretium doloris”, que se não pode avaliar e
pagar; mas satisfação de ordem moral, que não ressarce prejuízo e danos e abalos e
tribulações irreversíveis, mas representa a consagração e o reconhecimento pelo
direito, do valor da importância desse bem, que é a consideração moral, que se deve
proteger tanto quanto, senão mais do que os bens materiais e interesses que a lei
protege.
Disso resulta que a toda injusta ofensa à moral deve existir a devida reparação.
Assim, mediante a documentação acoplada comprovando à saciedade a
ocorrência de ato ilícito perpetrado pela Ré, e, plenamente caracterizado o dano moral de
presunção jure et de jure, não resta alternativa para a Autora senão socorrer-se do Poder
Judiciário para ver o seu direito tutelado e protegido, posto que esgotados todos os seus esforços
em se ver livre de tal situação. Por isso, é devido o reconhecimento o dano moral e nexo causal,
sugere-se o valor de 20 (vinte) salários mínimos à título de indenização por danos morais no
presente caso, atendendo aos princípios norteadores da fixação dos danos morais a espécie.
Tal proteção está inserida no inciso VIII, do artigo 6º do CDC, onde visa facilitar
a defesa do consumidor lesado, com a inversão do ônus da prova, a favor do mesmo:
VI – DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Como exposto, a Autora não nega a dívida, mas comprovou que deixou efetuar
os pagamentos por conta da ação da Ré ao não manter meios de recebimentos.
Desta forma, a Autora pleiteia autorização para que possa efetuar o depósito
judicial do valor de R$ 368,54 (trezentos e sessenta e oito reais e cinquenta e quatro centavos)
mensalmente, até que a Ré regulariza a emissão de boletos para que assim possa exonerar-se da
obrigação, já que não consegue realizar o pagamento diretamente à ela, que se recusa a receber
o valor devido.
Termos em que,