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PRELIMINARMENTE

1.DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

Preliminarmente o requerente pleiteia digne-se Vossa Excelência a conceder-lhe os


benefícios da Justiça Gratuita Plena.

Urge-se o presente pleito, tendo-se em vista que a requerente encontra-se atualmente


passando por forte crise de ordem financeira, não dispondo de numerário suficiente
para fazer frente à presente demanda, sem prejuízo de seu sustento.

Isto porque, a mesma encontra-se desempregada, e tendo recentemente separado-se


judicialmente, sujeitou-se à pagamento de alugueres e demais encargos para seu
sustento sem qualquer pensionamento, o que lhe impede de auferir condições de
arcar com as presentes custas.

A Carta Magna preconiza o direito líquido e certo a todos os cidadãos de ingresso na


esfera Judicial, para garantia de seus direitos basilares, e para tanto, a requerente
necessita por ora aludido benefício, posto que não tem como arcar com custas
processuais, emolumentos, honorários periciais e afins sem prejuízo de sua
subsistência, e em qualquer condição diversa não poderia ingressar com a presente
demanda.

Igualmente a mesma deixa de efetuar o pagamento de qualquer honorário advocatício


ao presente patrono, que atuará de forma gratuita, contando apenas com eventual
sucumbência.

Assim com esteio na Carta Magna, requer a concessão, por ora, dos benefícios da
justiça gratuita plena, até que possa auferir de condições para fazer frente as mesmas.

2.DA TUTELA ANTECIPATÓRIA, OBSTACULARIZAÇÃO DO SAQUE


COMPULSÓRIO DE VALORES DA CONTA CORRENTE DA REQUERENTE E DO
ENVIO DO NOME E CPF DA MESMA À ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO DE CRÉDITO,
FACE A DISCUSSÃO DO CONTRATO.

Da situação fática apresentada, denota-se que o contrato que norteia o negócio


jurídico, é adesivo e eivado de cláusulas viciadas e leoninas, onde restaram pactuadas
cláusulas que geram excessiva vantagem à uma parte em detrimento da outra.

Face ao que restou expendido e do mais que será demonstrado nesta peça, claro
estão os interesses da requerente em ver-se desobrigada das cláusulas leoninas
pactuadas e principalmente que reste determinado eficazmente o "quantum" devidos
pela mesma à requerida, para quitação definitiva, quiçá, havendo, após respectiva
perícia contábil, saldo em favor da mesma, donde caberá repetição de indébito.
O MM Juízo há de aplacar os efeitos danosos e prejuízos a serem suportados pela
requerente. Atualmente a mesma encontra-se com saldo devedor junto à requerida
que concomitantemente às exigências de imediata quitação sem qualquer abatimento,
passou às vias das ameaças, pretendendo, a requerida coagir à requerente frente à
possibilidade de remessa de seu nome e CPF aos Institutos restritivos de créditos
(SPC e SERASA), o que por óbvio causaria uma série de transtornos, inclusive em
Instituições Financeiras diversas.

Outrossim, atualmente a requerida efetua de forma COMPULSÓRIA O DESCONTO


DO VALOR MÍNIMO DE PAGAMENTO DA CONTA CORRENTE DA REQUERENTE,
CONDIÇÃO ESTA JÁ REITERADAMENTE SOLICITADA O SOBRESTAMENTO.

Assim, de forma compulsória, a requerida determina a extração de valores da conta


corrente da requerente, condição esta que deverá ser obstada.

Ora, facilmente se vislumbra, que com a remessa do nome da requerente aos aludidos
órgãos, a mesma passará a sofrer toda a sorte de limitações de créditos,
impedimentos de compras à prazo, bloqueios, impedimento de retirada de talonários
de cheques, itens estes que já se incorporam à rotina comercial, e que por óbvio,
restaria por causar ainda mais prejuízos à mesma.

POR ISSO URGE-SE O PRESENTE PLEITO.

Cumpre-se fundamentar a condição legítima e sobremaneira justa do r. Juízo em


conceder a tutela antecipatória nos termos do artigo 273 do Estatuto Processual Civil
pátrio, "verbis":

"Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os


efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

II - fique caracterizado os abusos de direito de defesa, ou o manifesto propósito


protelatório."

O ilustre Juiz do Tribunal de Alçada, professor Titular de Processo Civil da


Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutor Rogério Fux, em palestra proferida
junto à Universidade Federal do Paraná, nesta Capital, em 27 de junho de 1995, por
ocasião da Primeira Jornada de Processo Civil, demonstrando exegese das mais
arejadas, bem como representando as correntes mais modernas e predominantes
sobre o tema, lecionou, "verbis":

"O artigo 273 do Código e Processo Civil, impõem duas condições alternativas para a
concessão da tutela antecipatória: casos de perigo e casos de evidência do direito,
quando então a natureza discricionária do Juízo para a conexão torna-se um dever."

Esclareça-se igualmente, que a tutela ora requerida, não trará em seu bojo os efeitos
da irreversibilidade, face à sua natureza e a condição da requerente, se mister, em
oferecer caução ao Juízo, se assim Vossa Excelência determinar.
Ainda, o Magistrado citado anteriormente, comentou sobre o temor dos Magistrados,
relativamente à concessão da tutela antecipatória: a irreversibilidade dos efeitos da
concessão, "verbis":

"Nos casos em que a tutela antecipatória foi irreversível, deve-se verificar qual o maior
dano a ser causado. Deverá haver um balanceamento de interesses. Não pode o
magistrado negar provimento à medida, justificando a sua irreversibilidade."

Sobre questão tão tormentosa, tem-se a posição precisa do insigne CÂNDIDO


RENGE DINAMARCO, em sua obra "A reforma do CPC, II, Malheiros, São Paulo,
1995, p. 143, "verbis":

".... prova inequívoca é prova tão robusta que não permite equívocos ou dúvidas,
infundido no espírito do juiz o sentimento de certeza e não de mero verossimilhança."

Por derradeiro, cumpre-se colecionar a jurisprudência majoritária de nossos pretórios,


acerca do tema:

"IMPOSSIBILIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - INSCRIÇÃO DO NOME DO


DEVEDOR NO SERASA - DECORRÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL E DISCUSSÃO DO
VALOR REAL DO DÉBITO." (STJ AGA 208932 - Rel. Min. Carlos Alberto Menezes. p.
23.02.99)

"IMPOSSIBILIDADE DO CREDOR - SPC E SERASA - NOME DO DEVEDOR -


HIPÓTESE DE PENDÊNCIA JUDICIAL PARA A DISCUSSÃO DA DÍVIDA." (STJ
RESP 201104/SC - Rel. Min. Rui Rosado de Aguiar, p. 13.04.99)

"AGRAVO REGIMENTAL - RECURSO ESPECIAL NÃO ADMITIDO - INSCRIÇÃO


DOS DEVEDORES SERASA - ESTANDO EM DISCUSSÃO O DÉBITO, INVIÁVEL SE
MOSTRA A INCISÃO DO DEVEDOR NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO, MORMENTE PORQUE NÃO DEMONSTRADO O DANO AO CREDOR -
PRECEDENTES." (STJ AGA 221029/RS - Rel. Min. Carlos Alberto Menezes, p.
27.04.99)

"TUTELA ANTECIPADA - AÇÃO ORDINÁRIA - CONTABILIZAÇÃO E JUROS ACIMA


DE 12% AO ANO EM CONTA CORRENTE DE ABERTURA DE CRÉDITO BANCÁRIO
- POSSIBILIDADE DA CONCESSÃO DA TUTELA. Se o entendimento que se aditado
é no sentido da cobrança de juros acima de 12% ao ano e sua capitalização mensal é
ilegal, a pretensão do devedor de se ver onerado com o lançamento de tais débitos em
conta corrente de abertura de crédito enquanto perdurar a discussão judicial ou a
inclusão de seu nome no sistema de proteção ao crédito é legítima e deve ser
concedida antecipadamente." (DJ RS. AGI 195159264 da 4ª Câm. Civ. do TA. Des.
Wellington Pacheco de Barros).

"TUTELA ANTECIPADA. Conversão para que o nome do devedor não seja incurso no
rol de inadimplentes do SERASA e organismo afim, admissibilidade, desde que o
débito esteja sendo objeto de discussão judicial." (2ª TA Civ. SP - 9ª Câm. AI 456.382-
00/8 - Rel. Juiz Francisco Casconi - p. 10.04.96)

"ANTECIPAÇÃO DE TUTELA - CPC - ARTIGO 273 - CENTRAL DE RESTRIÇÕES -


NEGATIVAÇÃO JUNTO ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS - COAÇÃO INDEVIDA -
LIMINAR MANTIDA. Estando em discussão a legitimidade do crédito, correta a
decisão que manda sustar a negativação do devedor junto à "Central de Restrições", e
que o impõe, na prática de qualquer operação bancária. Precedentes da Câmara a
respeito do CADIN. Aplicação do artigo 42 do CDC." (TARS 4ª Câm. AI 18405-4/0 -
Rel. Júlio Vidal, p. 23.10.97)
Por tudo o que restou exposto, e mais pelo que será suprido pelo notório saber jurídico
de Vossa Excelência, despiciendas outras considerações de ordem doutrinária e
jurisprudencial, no mínimo para não sobrecarregar ainda mais o ilustre Magistrado na
apreciação do pleito de tutela antecipatória, no que se refere à práticas financeiras
abusivas e ilegais, bem como o pleito que visa a obstacularização do envio do nome e
CPF da requerente aos órgãos restritivos de crédito, bem como a obstacularização de
saque compulsório de valores da conta corrente da mesma.

DO MÉRITO

DOS FATOS

A Requerente é consumidora dos serviços prestados pela Requerida, sendo titular do


cartão de crédito ....., n.º ...., conforme os inclusos documentos.

Ressalte-se, por oportuno, que a Autora nunca recebeu cópia do contrato firmado com
a Requerida, não obstante os insistentes apelos neste sentido. Requer, desde já, a
intimação da ré a apresentar cópia autenticada ou original dos contratos, sob pena de
aplicação do art. 359, I e II do CPC.

Não obstante as dificuldades financeiras geradas pela imposição de quitação dos


débitos, a Requerente procedeu a uma série de pagamentos com o objetivo de saldar
integralmente seus débitos junto à Requerida. Óbvio que não conseguiria quitá-los
conforme almejava. As taxas de juros exorbitantes, somadas a uma administração
unilateral do saldo devedor, catapultou a dívida a patamares insustentáveis
impossibilitando sua quitação. O estado de inadimplência provocada pela cobrança de
taxas de juros irreais, não tardou a chegar - parou de pagar as parcelas sujeitando-se
a toda sorte de restrições.

Melhor explicando:

Efetuado o recalculo do débito do cartão de crédito supra, de acordo com os


parâmetros legalmente estabelecidos, apurou-se que, em data de ...../....../...... seu
Saldo era Credor na quantia de R$ .....

Isto porque, no mês de ...... de ......, a requerente realizou uma composição de débito,
onde pagou uma entrada de R$ ...... e mais nove parcelas de R$ ......, para uma dívida
à época de R$..... conforme documentos em anexo.

Portanto, do Saldo Devedor apontado pela Requerida foi encontrado crédito porque
atualizados os valores pelos juros legais e corrigidos pelo IDJ.

Assustada com a evolução da dívida a autora buscou um recalculo da dívida com base
nos juros legais. Constatou o óbvio: estava pagando muito mais do que devia. A
evolução do débito, motivado pela capitalização dos juros e pela cobrança de juros
irreais, taxas e outros encargos não previstos em contrato, está na ordem de no
mínimo 300% há mais do que efetivamente devido nos últimos ....... meses.
POR ISSO URGE-SE A PRESENTE.

DO DIREITO

A Lei n.º 8.078, de 11/09/90 (Código de Proteção e Defesa ao Consumidor), define, no


art. 54, o que são contratos de adesão, "in verbis":

"Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos
ou serviços, sem que consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo".

Nesses casos, a vontade do autor ficou alijada de qualquer manifestação livre, como
bem assinala CARLOS ALBERTO DA COSTA PINTO (Trabalho cit., pg. 34):

"Necessidade, falta de conhecimento, indiferença, ingenuidade, tudo concorre para


tornar mais fraca a posição do cliente. Em face dele, a empresa, autora do padrão de
todos os seus contratos, tem a superioridade, resultante destas deficiências, da
posição do cliente, bem como as vantagens da sua qualidade de ente organizado e,
em muitos casos, poderoso, em contraste com a dispersão e, em muitos casos,
debilidade social, e econômica dos consumidores."

Na questão "sub judice", restou à autora apenas concordar - através da adesão - com
as cláusulas e condições preestabelecidas pela Requerida - o que caracteriza
conforme ampla jurisprudência, ato típico de abuso do poder econômico.

Sabidamente o crédito é, hoje, uma necessidade vital tanto para a pessoa física
"quanta gares" às pessoas jurídicas, no caso em tela a utilização do cartão de crédito
na sociedade em que vivemos torna-se indispensável devido às possibilidades de
vantagens onde, em realidade, não se concretizam. Com efeito, o acesso ao crédito
para o indivíduo é condição de cidadania e, para a atividade empresarial, condição de
subsistência. Dentro desta ótica de necessidade, indispensável o crédito para sua
subsistência.

Ocorre que a modalidade de contrato em estudo obviamente subtrai a uma das partes
contratuais - o aderente - praticamente toda e qualquer manifestação da livre
autonomia na vontade de contratar, constrangendo-se, pela necessidade do crédito, à
realização do negócio jurídico sem maiores questionamentos.

Despicienda e infrutífera a discussão sobre o enquadramento das instituições


financeiras na qualidade de prestadoras de serviços ou vendedora de produtos
próprios, no Código de Defesa do Consumidor. A Lei 8078/90 em seu art. 3º - II,
expressamente o diz. Farta ainda é a jurisprudência neste sentido. Ocorre que as
Instituições Financeiras se portam como se estivessem acima da Lei. Os contratos
com cláusulas abusivas, unilaterais, desproporcionais e injustas, tornaram-se uma
constante. Ignoram o texto da lei. Desconhecem os limites legais a que estão sujeitos
e fazem as suas próprias regras. Quase sempre, meras portarias do Banco Central,
afrontam até mesmo dispositivos constitucionais. Nas relações com empresas do porte
da Requerida, a utilização de contratos de massa com cláusulas confusas e
propositadamente pouco claras, possibilitam as instituições financeiras criar
armadilhas detectadas somente por especialistas. A desproporção de forças entre as
partes conflita com o princípio de equilíbrio que deve reger todo e qualquer contrato e
que conta com respaldo do CDC.

Como é sabido, nos contratos de adesão, a supressão da autonomia da vontade é


inconteste.

Na questão "sub-judice", o contrato firmado entre as partes é de adesão. A Requerida,


de forma unilateral e arbitrária, estabeleceu as cláusulas que deveriam ser cumpridas
pelo aderente. A esta não foi dado o direito de discutir ou modificar as cláusulas do
contrato em flagrante desrespeito ao que estatui o art. 6 - V da Lei 8078/90 e art. 145 -
III, IV e V do Código Civil. Dado a premente necessidade de adquirir crédito, o Autor
simplesmente aderiu.

1. DA FUNÇÃO SOCIAL DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO

A função social de uma Administradora de Cartões de Crédito não é, certamente, a de


extorquir os seus clientes, impondo-lhes taxas de juros altíssimas, fazendo aumentar a
inadimplência com todas suas conseqüências. O montante dos juros, taxas, multas e
demais encargos cobrados pela Administradora, mormente em época de sabida
deflação, são absolutamente estranhos a realidade vivida pelo país. As
Administradoras captam recursos no mercado a taxas de juros que raramente
ultrapassam a casa de 1% a.m. Esses mesmos recursos são reaplicados no mercado
consumidor de crédito a taxas que variam de 9.5% a 14.5% a.m. Havendo
inadimplência, os encargos incidentes podem chegar a 22% a.m., ou seja, 890% a.a.
O abuso das instituições financeiras é patente. Tal prática tem dificultado o progresso
e o desenvolvimento da economia pátria.

Impor limites à especulação e ao ganho desmesurado das Instituições Financeiras é


de premente necessidade sob pena de, não o fazendo, comprometer o crescimento
dos meios de produção e da economia do país. "Data veria", já é hora de aplicar o art.
5º da Constituição Federal, restabelecendo, nas piores das hipóteses, o equilíbrio dos
direitos e deveres na relação contratual.

O direito positivo consagrou no texto da Constituição Federal, como objetivo


fundamental da República, o "construir uma sociedade livre, fusta e solidária" (art. 3º,
inc. I, da Carta Magna), preceitua ainda, quando do estabelecimento dos princípios
gerais da atividade econômica, que esta "... terá por fim assegurar a todos a existência
digna, conforme os ditames da justiça social." (art. 170, caput, da Constituição
Federal).

Inaceitável, portanto, a postura unilateral e individualista observada no contrato em


estudo porque completamente dissociada do meio em que foi produzida; meio este
que deverá traduzir um objetivo inafastável de justiça social, baseado na solidariedade
de seus agentes.

2. - DA INEXIGIBILIDADE DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA

Sob outro prisma, a comissão de permanência não pode ser cumulada com a multa
contratual, conforme reza o contrato e, até mesmo, com os juros legais de mora, por
determinação da Resolução 1.129 do Banco Central, editando decisão do Conselho
Monetário Nacional, proferido nos termos do artigo 4º, VI e IX da lei n.º 4.595, de
31.12.84. (Resp. n.º 5.635 - SP, Rel. Min. Athos Carneiro, in DJU de 09.09.91, pág.
12.205).

Assim já pronunciou o egrégio Superior Tribunal de Justiça:

Contrato - Instituição Financeira - Multa Contratual e Comissão de Permanência -


Cumulação - Inadmissibilidade "Execução. Comissão de Permanência. Multa
Contratual. A Multa Contratual e a Comissão de Permanência não se agregam.
Recurso especial denegado." Maioria. (AC. da 44 T do STJ - mv - Resp 34.549-6 - MG
- Rel. Min. Fontes de Aguiar - j17.11.94 - Recte: .....; Requeridos: ..... e outros - DJU
07.08.95, pág. 23.042) (ementa oficial).

Na mesma ótica:

Execução promovida por instituição financeira. Multa contratual. Inexigibilidade


cumulativamente com a comissão de permanência. "Nas execuções promovidas por
instituições financeiras, a multa contratual não pode ser exigida conjuntamente com a
comissão de permanência e com os juros legais de mora. Resolução n.º 7.129 do
Banco Central, editando decisão do Conselho Monetário Nacional, proferida nos
termos do artigo 4º, VI e IX da lei n.º 4.595/64". (Resp. n.º 5.635 SP, relator Min. Athos
Carneiro in DJU 09.09.93, pág. 12.205).

Uma vez provada a existência da comissão de permanência e esta somente poderá


ser verificada com a instauração da perícia, temos que os Tribunais vêm entendendo a
julgar a comissão de permanência como indevida, visto que a atual conjuntura
econômica manifesta uma total imprevisão contratual nos moldes antes acordados,
devendo para todos os efeitos de equilíbrio entre as partes, ser usada a Teoria da
Imprevisão ou da Onerosidade Excessiva - "Rebus sic stantibus..."

A comissão de permanência na verdade, são juros moratórios com outro rótulo.


Quando cumulada com os juros remuneratórios, fica caracterizado um verdadeiro "bis
in idem".

Os doutrinadores pátrios definem juro como sendo "o preço do uso do capital. Vale
dizer, é o fruto produzido pelo dinheiro, pois é como fruto civil que a doutrina a define.
Ele a um tempo remunera o credor por ficar privado de seu capital a pagar-lhe o risco
em que incorre de o não receber de volta". (Silvio Rodrigues - Direito Civil, vol. 02,
Saraiva, 1.991, pág. 317).

Os juros moratórios cobrados (sob rótulo de comissão de permanência, constitui um


enriquecimento sem causa, já que, com a economia estável, os juros remuneratórios
já pagam o preço do dinheiro emprestado.

Além do que, a capitalização deste juro nos termos do contrato, torna a dívida
impagável, transformando os tomadores de empréstimos em verdadeiros reféns da
ganância e da usura oficializada em potenciais inadimplentes.

Em resumo, a comissão de permanência - uma vez verificada quando da perícia -, não


deverá prevalecer no presente contrato, por se tratar de juros moratórios e que
encontra-se em discordância com a atual economia e jurisprudência reinante.
Na apuração dos valores, a Requerente excluiu dos cálculos as vaiares referentes ao
anatocismo, à sobretaxa ANBID e os índices de atualização monetária ilegais e
indevidos.

Assim, a Requerente procedeu à apuração do valor real, utilizando o montante de


juros legalmente admitidos (art. 192 - III da CF), calculando-os de forma simples e
utilizando os índices de atualização monetária legalmente admitidos.

Por tudo quanto se expôs, conclui-se pela ilegalidade das cláusulas contratuais
leoninas e abusivas, cujo adimplemento ensejaria à Requerida execrável
enriquecimento sem causa. Impõe-se, pois, a revisão da relação contratual com o
conseqüente ajuste do pactuado aos moldes legais, declarando-se a nulidade e a
conseqüente inexigibilidade do excesso cobrado pela Requerida.

Impõe-se, ainda, a devolução em dobro - nos termos do art. 964, do C. Civil - de tudo
quanto tenha a Requerida cobrado do autor indevidamente conforme também lhe
autoriza o Código do Consumidor (§ único, do art. 42, da Lei n.º 8.078/90).

4. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA E SEUS REQUISITOS

Dos fatos narrados infere-se que já houve lesão de direito da Autora sob vários
aspectos. Certo é que a Requerida está para lançar, se é que já não lançou e se o fez
foi indevidamente -, o nome da requerente no órgãos de proteção ao crédito - Serviço
de Centralização Bancária (SERASA), SPC, etc., estando a autora, tendo problemas
porque seu nome e CPF encontra-se inscrito em cadastro como o SERASA.

Outrossim, de forma arbitrária, a requerida tem procedido mensalmente a saques


compulsórios junto à conta corrente que a requerida mantém em Instituição Financeira
desvinculada da requerida, a despeito de sua expressa ordem proibitiva. Observe-se
que aludidos saques arbitrários, para abatimento de supostos débitos, causam
transtornos às contas da requerente.

A Requerida - como as demais instituições financeiras do país - dispõe de


mecanismos de coação contra os consumidores em geral, e os utiliza sem escrúpulos
para a realização das suas pretensões. O mais temido desses expedientes consiste na
oposição de restrições creditícias contra aqueles que, como a Autora, ousam discutir
valores e índices de juros e encargos. Tais restrições implicam na inclusão do nome
da pessoa física ou jurídica: sócios e avalistas desta nas chamadas "listas negras" do
Banco Central, cadastros do SERASA, Cadin e SPC.

Os efeitos nefastos de tais expedientes são arrasadores, sendo certo que,


principalmente em relação ao SERASA, há mais de uma modalidade de registro
negativo, de comunicação interbancária: muitas vezes, mesmo após a satisfação do
suposto crédito, o registro da antiga restrição não é de imediato cancelado e vem a
persistir, embaraçando o antigo "devedor" na iminência de celebrar novos negócios.

Considere-se, ainda, que a Autora está sendo vítima de crime de usura - como se
demonstrará no curso da lide - não podendo sofrer prejuízos por causa de atividade
ilegal da Requerida. Indício de prova é a discrepância encontrada quando se utiliza os
índices legalmente estabelecidos.
A Autora goza de excelente reputação e seu bom nome é ilibado; busca socorro junto
ao Poder Judiciário, porque as investidas inescrupulosas da Requerida poderão trazer
irreparáveis danos ao seu bom nome comercial, patrimônio de valor incomensurável.

Impõe-se, no caso vertente, antecipação da tutela, que deve compreender dito objeto
da relação contratual em apreço, até que fique definitivamente fixado o "quantum
debeatur", determinando que a Requerida se abstenha de efetuar qualquer tipo de
lançamento negativo ou restrição junto ao SERASA, SPC e Banco Central em relação
à Autora. Compreenderá, também, a ordem para que a Requerida se abstenha de
efetuar compulsoriamente saques na conta corrente da requerente junto ao Banco ....
e a levar a protesto qualquer título fundado nos contratos em tela, como vêm decidindo
a maioria das Câmaras Cíveis dos Egrégios Tribunais.

A jurisprudência tem coibido tal prática, tanto na negativação junto ao SPC, matéria já
sumulada pelo Tribunal de Justiça, como relativamente ao CADIN, como são
exemplos os acórdãos proferidos nos AI n.ºs ....... pelos Tribunais de Alçada do .........

"TUTELA JURISDICIONAL ANTECIPADA - ART. 273 DO CPC COM A NOVA


REDAÇÃO DA LEI N.º 8952/94 - NEGATIVAÇÃO DO NOME DO DEVEDOR: CADIN -
SUSPENSÃO LIMINAR - CABIMENTO - ART. 42 DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, que resguarda o devedor de constrangimentos ou ameaças na
cobrança e crédito, por implicar em coerção contra o outro litigante, estando em
discussão judicial a legitimidade do crédito, garantido por penhora. Graves reflexos na
vida privada do embargante, impedindo-o de realizar qualquer operação com órgãos e
entidades ligadas à União e possibilidade de acesso de outras empresas aos dados do
referido cadastro. Liminar mantida. AGRAVO IMPROVIDO."

DOS PEDIDOS

Isto posto, requer à Vossa Excelência se digne em conceder-lhe preliminarmente os


benefícios da justiça gratuita plena e ao empós, a antecipação de tutela no sentido de
evitar que seja encaminhado ao SERASA, Banco Central ou qualquer outra lista de
proteção de crédito, o nome e CPF da autora, bem como determinado que não efetue
saques junto à conta corrente da requerente e/ou encaminhe a protesto qualquer título
fundado no contrato que ora se discute, sob pena de multa diária a ser determinada
por este douto Juízo e, no mérito, requer:

A) Julgar totalmente procedente a presente ação, para operar a revisão integral das
cláusulas que disciplinam a presente relação contratual;

B) Declarar a nulidade das cláusulas abusivas, com o conseqüente expurgo do


anatocismo, comissão de permanência, a redução dos juros e encargos aos limites
legalmente definidos, todo calculado de forma simples e sem capitalização mensal, por
isto excluindo-se a "Tabela Price" de contagem de juros, a taxa ANBID e quaisquer
indexadores que contenham parcela remuneratória além da taxa inflacionária;

C) Declarar "incidenter tantum" a inconstitucionalidade dos juros incidentes no contrato


e consequentemente nula a cláusula que o estipula, por serem exorbitantes e
calculados de forma exponencial, ou seja, a utilização de juros diários e juros sobre
juros, configurando o ANATOCISMO, repudiado pelos nossos Tribunais;

D) Condenar a Ré na aplicação dos juros reais simples de 12% ao ano, com amparo
na legislação infraconstitucional, ex VI art. 1062 do Código Civil c/c art. 1º do Decreto
n.º 22626/33 ou então amparado no § 3º do art. 192, da Constituição Federal, que
recepcionou a Lei cie Usura (Dec. Supra citado), dando eficácia plena ao preceito
Constitucional;

E) Condenar a Ré na revisão dos cálculos, de todo o período contratual, tendo como


valor da dívida o que for apurado em perícia contábil, caso não seja demonstrada a
veracidade (forma de cálculo) do valor atual, se ainda existente, utilizando índice de
correção monetária a ser determinado por Vossa Excelência, com a incidência de
juros simples de 12% a.a., descontando-se os valores já pagos, condenando-se a ré
no cumprimento do que for determinado por Vossa Excelência, na solução da lide;

F) Condenar a Ré na quitação do suposto débito da Autora e após apurado pela


perícia, proceder à repetição de indébito de forma dobra nos termos do CDC, ex VI do
§ único, do art. 42.

Para tanto requer ainda:

a) a intimação da ré a apresentar cópia autenticada ou original do contrato e todos os


extratos mensais da utilização do cartão; sob pena de aplicação do art. 359, I e II do
CPC;

b) a citação da ré via posta no endereço citado na inicial, para que, querendo, conteste
a presente pedida, sob gene de confissão e revelia;

c) a condenação da ré no pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios, no importe máximo legal de 20%, calculados sobre o valor da causa;

d) a produção de todos os meios de provas em direito admitidas, em especial a


pericial, o qual requer-se de plano à inversão do ônus de prova, com os custos sendo
arcados exclusivamente pela requerida, juntada de novos documentos, oitiva de
testemunhas e depoimento pessoal do representante legal da Requerida.

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