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Assim com esteio na Carta Magna, requer a concessão, por ora, dos benefícios da
justiça gratuita plena, até que possa auferir de condições para fazer frente as mesmas.
Face ao que restou expendido e do mais que será demonstrado nesta peça, claro
estão os interesses da requerente em ver-se desobrigada das cláusulas leoninas
pactuadas e principalmente que reste determinado eficazmente o "quantum" devidos
pela mesma à requerida, para quitação definitiva, quiçá, havendo, após respectiva
perícia contábil, saldo em favor da mesma, donde caberá repetição de indébito.
O MM Juízo há de aplacar os efeitos danosos e prejuízos a serem suportados pela
requerente. Atualmente a mesma encontra-se com saldo devedor junto à requerida
que concomitantemente às exigências de imediata quitação sem qualquer abatimento,
passou às vias das ameaças, pretendendo, a requerida coagir à requerente frente à
possibilidade de remessa de seu nome e CPF aos Institutos restritivos de créditos
(SPC e SERASA), o que por óbvio causaria uma série de transtornos, inclusive em
Instituições Financeiras diversas.
Ora, facilmente se vislumbra, que com a remessa do nome da requerente aos aludidos
órgãos, a mesma passará a sofrer toda a sorte de limitações de créditos,
impedimentos de compras à prazo, bloqueios, impedimento de retirada de talonários
de cheques, itens estes que já se incorporam à rotina comercial, e que por óbvio,
restaria por causar ainda mais prejuízos à mesma.
"O artigo 273 do Código e Processo Civil, impõem duas condições alternativas para a
concessão da tutela antecipatória: casos de perigo e casos de evidência do direito,
quando então a natureza discricionária do Juízo para a conexão torna-se um dever."
Esclareça-se igualmente, que a tutela ora requerida, não trará em seu bojo os efeitos
da irreversibilidade, face à sua natureza e a condição da requerente, se mister, em
oferecer caução ao Juízo, se assim Vossa Excelência determinar.
Ainda, o Magistrado citado anteriormente, comentou sobre o temor dos Magistrados,
relativamente à concessão da tutela antecipatória: a irreversibilidade dos efeitos da
concessão, "verbis":
"Nos casos em que a tutela antecipatória foi irreversível, deve-se verificar qual o maior
dano a ser causado. Deverá haver um balanceamento de interesses. Não pode o
magistrado negar provimento à medida, justificando a sua irreversibilidade."
".... prova inequívoca é prova tão robusta que não permite equívocos ou dúvidas,
infundido no espírito do juiz o sentimento de certeza e não de mero verossimilhança."
"TUTELA ANTECIPADA. Conversão para que o nome do devedor não seja incurso no
rol de inadimplentes do SERASA e organismo afim, admissibilidade, desde que o
débito esteja sendo objeto de discussão judicial." (2ª TA Civ. SP - 9ª Câm. AI 456.382-
00/8 - Rel. Juiz Francisco Casconi - p. 10.04.96)
DO MÉRITO
DOS FATOS
Ressalte-se, por oportuno, que a Autora nunca recebeu cópia do contrato firmado com
a Requerida, não obstante os insistentes apelos neste sentido. Requer, desde já, a
intimação da ré a apresentar cópia autenticada ou original dos contratos, sob pena de
aplicação do art. 359, I e II do CPC.
Melhor explicando:
Isto porque, no mês de ...... de ......, a requerente realizou uma composição de débito,
onde pagou uma entrada de R$ ...... e mais nove parcelas de R$ ......, para uma dívida
à época de R$..... conforme documentos em anexo.
Portanto, do Saldo Devedor apontado pela Requerida foi encontrado crédito porque
atualizados os valores pelos juros legais e corrigidos pelo IDJ.
Assustada com a evolução da dívida a autora buscou um recalculo da dívida com base
nos juros legais. Constatou o óbvio: estava pagando muito mais do que devia. A
evolução do débito, motivado pela capitalização dos juros e pela cobrança de juros
irreais, taxas e outros encargos não previstos em contrato, está na ordem de no
mínimo 300% há mais do que efetivamente devido nos últimos ....... meses.
POR ISSO URGE-SE A PRESENTE.
DO DIREITO
"Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos
ou serviços, sem que consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo".
Nesses casos, a vontade do autor ficou alijada de qualquer manifestação livre, como
bem assinala CARLOS ALBERTO DA COSTA PINTO (Trabalho cit., pg. 34):
Na questão "sub judice", restou à autora apenas concordar - através da adesão - com
as cláusulas e condições preestabelecidas pela Requerida - o que caracteriza
conforme ampla jurisprudência, ato típico de abuso do poder econômico.
Sabidamente o crédito é, hoje, uma necessidade vital tanto para a pessoa física
"quanta gares" às pessoas jurídicas, no caso em tela a utilização do cartão de crédito
na sociedade em que vivemos torna-se indispensável devido às possibilidades de
vantagens onde, em realidade, não se concretizam. Com efeito, o acesso ao crédito
para o indivíduo é condição de cidadania e, para a atividade empresarial, condição de
subsistência. Dentro desta ótica de necessidade, indispensável o crédito para sua
subsistência.
Ocorre que a modalidade de contrato em estudo obviamente subtrai a uma das partes
contratuais - o aderente - praticamente toda e qualquer manifestação da livre
autonomia na vontade de contratar, constrangendo-se, pela necessidade do crédito, à
realização do negócio jurídico sem maiores questionamentos.
Sob outro prisma, a comissão de permanência não pode ser cumulada com a multa
contratual, conforme reza o contrato e, até mesmo, com os juros legais de mora, por
determinação da Resolução 1.129 do Banco Central, editando decisão do Conselho
Monetário Nacional, proferido nos termos do artigo 4º, VI e IX da lei n.º 4.595, de
31.12.84. (Resp. n.º 5.635 - SP, Rel. Min. Athos Carneiro, in DJU de 09.09.91, pág.
12.205).
Na mesma ótica:
Os doutrinadores pátrios definem juro como sendo "o preço do uso do capital. Vale
dizer, é o fruto produzido pelo dinheiro, pois é como fruto civil que a doutrina a define.
Ele a um tempo remunera o credor por ficar privado de seu capital a pagar-lhe o risco
em que incorre de o não receber de volta". (Silvio Rodrigues - Direito Civil, vol. 02,
Saraiva, 1.991, pág. 317).
Além do que, a capitalização deste juro nos termos do contrato, torna a dívida
impagável, transformando os tomadores de empréstimos em verdadeiros reféns da
ganância e da usura oficializada em potenciais inadimplentes.
Por tudo quanto se expôs, conclui-se pela ilegalidade das cláusulas contratuais
leoninas e abusivas, cujo adimplemento ensejaria à Requerida execrável
enriquecimento sem causa. Impõe-se, pois, a revisão da relação contratual com o
conseqüente ajuste do pactuado aos moldes legais, declarando-se a nulidade e a
conseqüente inexigibilidade do excesso cobrado pela Requerida.
Impõe-se, ainda, a devolução em dobro - nos termos do art. 964, do C. Civil - de tudo
quanto tenha a Requerida cobrado do autor indevidamente conforme também lhe
autoriza o Código do Consumidor (§ único, do art. 42, da Lei n.º 8.078/90).
Dos fatos narrados infere-se que já houve lesão de direito da Autora sob vários
aspectos. Certo é que a Requerida está para lançar, se é que já não lançou e se o fez
foi indevidamente -, o nome da requerente no órgãos de proteção ao crédito - Serviço
de Centralização Bancária (SERASA), SPC, etc., estando a autora, tendo problemas
porque seu nome e CPF encontra-se inscrito em cadastro como o SERASA.
Considere-se, ainda, que a Autora está sendo vítima de crime de usura - como se
demonstrará no curso da lide - não podendo sofrer prejuízos por causa de atividade
ilegal da Requerida. Indício de prova é a discrepância encontrada quando se utiliza os
índices legalmente estabelecidos.
A Autora goza de excelente reputação e seu bom nome é ilibado; busca socorro junto
ao Poder Judiciário, porque as investidas inescrupulosas da Requerida poderão trazer
irreparáveis danos ao seu bom nome comercial, patrimônio de valor incomensurável.
Impõe-se, no caso vertente, antecipação da tutela, que deve compreender dito objeto
da relação contratual em apreço, até que fique definitivamente fixado o "quantum
debeatur", determinando que a Requerida se abstenha de efetuar qualquer tipo de
lançamento negativo ou restrição junto ao SERASA, SPC e Banco Central em relação
à Autora. Compreenderá, também, a ordem para que a Requerida se abstenha de
efetuar compulsoriamente saques na conta corrente da requerente junto ao Banco ....
e a levar a protesto qualquer título fundado nos contratos em tela, como vêm decidindo
a maioria das Câmaras Cíveis dos Egrégios Tribunais.
A jurisprudência tem coibido tal prática, tanto na negativação junto ao SPC, matéria já
sumulada pelo Tribunal de Justiça, como relativamente ao CADIN, como são
exemplos os acórdãos proferidos nos AI n.ºs ....... pelos Tribunais de Alçada do .........
DOS PEDIDOS
A) Julgar totalmente procedente a presente ação, para operar a revisão integral das
cláusulas que disciplinam a presente relação contratual;
D) Condenar a Ré na aplicação dos juros reais simples de 12% ao ano, com amparo
na legislação infraconstitucional, ex VI art. 1062 do Código Civil c/c art. 1º do Decreto
n.º 22626/33 ou então amparado no § 3º do art. 192, da Constituição Federal, que
recepcionou a Lei cie Usura (Dec. Supra citado), dando eficácia plena ao preceito
Constitucional;
b) a citação da ré via posta no endereço citado na inicial, para que, querendo, conteste
a presente pedida, sob gene de confissão e revelia;