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ESTADO DE SANTA CATARINA

PODER JUDICIÁRIO

Autos n°
Ação: /
:
:

Vistos, etc...

Relatório

APOIO SERVIÇOS LTDA- ME, devidamente qualificado, ajuizou ação de


revisão contratual com pedido de tutela antecipada contra BANCO DO BRASIL S/A,
também qualificado, aduzindo que firmou com o réu contrato de abertura de crédito em
conta corrente (18661-9) BB Giro Rápido nº 040.502.346 e um outro contrato para
desconto de cheques nº 00788654121.
Afirma que nos contratos em tela foram fixados: juros em manifesta
afronta ao art. 192, § 3º, da Constituição Federal, que estipula limitação de juros ao
percentual de 12% ao ano, norma esta que entende ser auto-aplicável; cobrança de juros
capitalizados em desacordo com a Súmula nº 121, do Colendo Supremo Tribunal
Federal; TR como índice de atualização monetária, contrariando orientação dos tribunais
quanto à utilização do INPC, proibição da cumulação de correção monetária com
comissão de permanência, a ilegalidade de multa contratual superior a 2% do valor das
prestações. Enfatiza, ainda, sua inferioridade na relação contratual, haja vista que por se
tratar de contrato de adesão não teve oportunidade de discutir suas cláusulas, bem como
de que teria firmado os contratos mediante coação, sendo este vício contratual fator que
anularia as avenças. Pleiteou a inversão do ônus da prova e a antecipação de tutela para
excluir o seu nome dos cadastros de proteção ao crédito enquanto perdurar a presente
ação. Por fim, requereu a condenação do réu a devolver em dobro o que cobrou a maior,
bem como a restituir os valores cobrados indevidamente.
O pedido de antecipação de tutela foi indeferido (fls.98/101).
Devidamente citado, apresentou o réu tempestiva contestação, argüindo
que os entendimentos doutrinário e jurisprudencial são contrários à pretensão do autor,
insurgindo-se contra a inversão do ônus da prova e pela impossibilidade de aplicação da
teoria revisionista diante do ato jurídico perfeito. Sustentou ser legal a aplicação dos juros
pactuados entre as partes, sem limite de 12%, bem como de ser possível os juros
remuneratórios não cumuláveis com a comissão de permanência. Defendeu, também,
que a comissão de permanência pode ser cobrada durante o período de inadimplência,
ressaltando, contudo, que não promoveu a cumulação da comissão de permanência com
a correção monetária. Sustentou, também a aplicação da multa contratual, aplicada em
2%, bem como registrou serem devidos os juros moratórios. Quanto à T.R, o requerido
afirmou que não foi utilizada nem pactuada em nenhum dos contratos firmados entre as
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partes, embora seja legal sua incidência. No que pertine à repetição de indébito, alegou
que não há motivos para declarar-se a nulidade dos contratos ou sua revisão, de sorte
que também não houve as ilegalidades apontadas pelo autor. Alegou, também, que o
simples fato de tratar-se de contrato de adesão, com cláusulas padrão pré-impressas,
não o torna nulo ou abusivo, ressaltando a inexistência de indícios de que tenha havido
vício de consentimento quando as partes celebraram os contratos. Rejeitou no mais,
todas as teses esposadas na inicial.
O autor impugnou a contestação através da petição de fls.102/103.
Vieram-me os autos conclusos.
Relatado, em síntese.
Por considerar caracterizada a hipótese de julgamento antecipado da
lide, consoante os termos do art. 330, inciso I, do Código de Processo Civil, passo a
decidir.
Fundamentação
Trata-se de Ação de Revisão de Contrato Bancário aforada pela autor
em face da instituição financeira ré, visando obter a tutela jurisdicional do Estado, no
sentido de rever as cláusulas dos contratos de abertura de crédito em conta corrente –
cheque especial - e de desconto de cheques.
Preliminarmente, três ponderações se impõem.
A primeira, que se evidencia desnecessária a realização de audiência de
instrução e julgamento uma vez dispensável a produção de prova oral, dada a suficiência
dos elementos de convicção colhidos a partir da análise da prova documental acostada,
mormente porque a matéria controvertida reúne apenas questões de direito.
A segunda, que se afigura dispensável a produção da prova pericial, já
que as questões ora submetidas a julgamento não dependem da deliberação técnica de
profissional contábil, comportando apenas em momento posterior a elaboração de
cálculo final, o qual poderá ser feito a partir dos delineamentos ora formulados por meio
de simples aritmética. Neste sentido, vem decidindo o egrégio Tribunal de Justiça do
Estado de Santa Catarina pela "desnecessidade de perícia quando, para apuração do
valor devido, basta observar o contrato e atualizar o débito por simples operação
aritmética com base em índices e tabelas oficiais" (Ap. cív. n. 97.000157-6, de
Brusque). Não fosse isto, sabe-se que a perícia não deve ser ordenada senão naquelas
hipóteses em que o juiz se convença da sua imprescindibilidade, como determina o
artigo 130, do Código de Processo Civil, não sendo este, seguramente, o caso dos autos.
E, finalmente, a terceira, de que, muito embora o Contrato de Abertura
de Crédito em Conta Corrente tenha deixado de ser admitido como título executivo,
obrigando com isso a parte interessada a mover ação ordinária mediante processo de
conhecimento, resta claro que prevalece hígida a obrigação decorrente da sua
formalização, porquanto se trate de negócio jurídico válido e eficaz.
Deste modo, constatando que o feito está a exigir imediata deliberação,
passo a julgá-lo antecipadamente, analisando as teses esposadas na inicial e
contestação, nos termos do art. 330, inciso I, do Código de Processo Civil.

I - Da Aplicação do Código de Defesa do Consumidor


Não há dúvida de que as operações bancárias são abrangidas pela
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regulamentação legal prevista no Código de Defesa do Consumidor, mormente
considerando que o dinheiro ou o crédito, produto dos estabelecimentos bancários,
constituem bens juridicamente consumíveis.
Neste sentido, preconiza a jurisprudência: "A teor do disposto no art. 3º,
§ 2º da Lei n. 8.078/90, considera-se a atividade bancária alcançada pelas normas do
Código de Defesa do Consumidor, incluídos a entidade bancária no conceito de
fornecedor e o aderente no de consumidor. Considerando o caráter de adesividade do
contrato bancário (CDC, art. 54) aplica-se a regra do art. 47 da Lei n. 8.078/90
interpretando-se de maneira mais favorável ao consumidor as cláusulas contratuais."
(TJSC, ACV n. 96.007744-8, de São Miguel do Oeste, rel. Des. Nelson Schaefer
Martins).
E, ainda: "CONTRATO BANCÁRIO - CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR – APLICABILIDADE. "Os bancos, como prestadores de serviços
especialmente contempladas no artigo 3º, parágrafo segundo, estão submetidas às
disposições do Código de Defesa do Consumidor" (STJ)." (AI n. 98.017996-3, de
Mondaí, rel. Des. Eder Graf).
Sendo assim, embora ao caso se aplique a inversão do ônus da prova,
convém gizar que qualquer medida neste sentido se afigura despicienda tendo em vista
que dos autos já constam os documentos necessários ao enfrentamento da controvérsia.

II – Do Vício Contratual – Coação


Sustenta o autor que, em razão de coação moral exercida pela banco
réu, foi levado a firmar os contratos de abertura de crédito em conta corrente e para
desconto de cheques anexados às fls. 70/74.
Dispõe o art. 147 do antigo Código Civil:
É anulável o ato jurídico:
I – por incapacidade relativa do agente (art. 6o);
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, ou fraude (arts.
86 a 113).
Acerca da coação, estabelece o art. 98 do mesmo diploma:
A coação, para viciar a manifestação da vontade, há de ser tal que incuta
ao paciente fundado temor de dano à sua pessoa, à sua família, ou a seus bens,
iminente e igual, pelo menos, ao receável do ato extorquido.
Sobre o tema, Washington de Barros Monteiro, com propriedade,
leciona:
"Em face do estatuído nesse dispositivo legal, cinco os requisitos
para que a coação se delineie como vício de consentimento:
a) deve ser a causa determinante do ato;
b) deve incutir ao paciente um temor justificado;
c) esse temos deve dizer respeito a dano iminente;
d) esse dano deve ser considerável;
e) finalmente, deve o dano referir-se à pessoa do paciente, à sua
família, ou a seus bens
[...]
Encerrando a análise dos requisitos da coação, é de recordar
advertência de DEMOGUE: raros os atos humanos que se praticam com
espontaneidade, desvinculados de qualquer causa extrínseca. Todos vivemos sob
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o império de circunstâncias mais ou menos opressivas. Entretanto, só quando a
pressão se reveste de anomalia se pode falar em coação, no sentido jurídico.
[...]
Realmente, para que se configure o vício, preciso será que a
ameaça seja injusta. Se justa, não existe coação, mas exercício normal de um
direito, embora com alteração do consentimento (qui suo jure utitur neminem
laedit).
Assim, excluída está qualquer idéia de violência se o credor por
dívida vencida, e não paga, ameaça o devedor de protestar o título, iniciar
execução ou requerer falência. Essa ameaça não é injusta (in Curso de direito civil,
v.1: parte geral, 39a ed., São Paulo, Saraiva, 2003, p. 239 e 242).
A par disso, entende o autor que foi coagido a praticar um ato contrário a
seus interesses, firmando os contratos mencionados a fim de evitar atos prejudiciais a
sua atividade comercial, dentre eles protesto de títulos, inscrição de nome nos órgãos
protetivos do crédito e ajuizamento de ações.
Contudo, a ameaça de cobrança judicial do débito ou o encerramento de
operações bancárias não caracteriza a coação, mas, tão-somente, o exercício regular do
direito da instituição financeira em reaver seus créditos.
Nesse sentido, colhe-se julgado do E. Tribunal de Justiça de Santa
Catarina:
"A coação, como causa de nulidade de um título de crédito, tem
como pressuposto de caracterização, uma promessa de ato injusto a ser exercido
como reprimenda à desobediência do coagido. A simples ameaça do credor de
tomar, contra o devedor, as providências inerentes ao seu crédito, a fim de que ele
componha débitos de sua responsabilidade, através da emissão de um novo título,
não se constitui na ameaça integradora da coação, não gerando a nulidade do
título de crédito assim obtido." (AC n. 1999.005721-6, de Blumenau, rel. Des. Trindade
dos Santos, j. em 18-4-2002).
"Não caracteriza coação, capaz de invalidar contrato firmado entre
as partes, a ameaça feita pela instituição financeira ao devedor de tomar as
medidas judiciais cabíveis para a cobrança de seu crédito".(Apelação Cível n.
2003.001174-9, de Tangará - Relator: Des. Fernando Carioni).
Além disso, impõe-se registrar que o autor não procurou o Poder
Judiciário para alegar dolo ou coação na celebração dos contratos firmados em 2003, até
o momento em que se deu a inadimplência e veio a instituição financeira reclamar pelo
empréstimo.
Neste sentido, norteia-se a Apelação Cível nº 1999.004852-7, de São
Bento do Sul, Rel.ª Des.ª Maria do Rocio Luz Santa Ritta, DJ de 1º.03.04.
Desse modo, não restou caracterizado o vício de consentimento capaz
de invalidar o contrato executado.

III – Do Limitação Constitucional dos Juros


Quanto aos juros, deflui da inicial que realmente foram pactuados em
percentual superior a limitação de 12% ao ano, porquanto não questionada esta
alegação, mas apenas defendida a viabilidade da exigência.
Todavia a limitação constitucional prevista no art. 192, § 3º, da Carta
Magna, foi revogada pela Emenda Constitucional nº 40, de 29 de maio de 2003, verbis:
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"Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a
promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da
coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de
crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a
participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.
§ 3º - (Revogado)."
Desta feita, esmaece a discussão acerca da limitação dos juros em 12%
ao ano.
E, dado que a emenda constitucional possui aplicabilidade imediata, os
parâmetros norteadores dos juros reais devem ser rechaçados de plano.
Além disso, o Decreto nº 22.626/33 (Lei de Usura), que limita os juros
remuneratórios ao dobro da taxa legal dos juros moratórios, não se aplica às instituições
financeiras, conforme estabelecido na Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal:
"As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de
juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas
ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional."

IV – Dos Juros Moratórios


Os juros de mora são devidos por força do art. 956, do Código Civil de
1916 e art. 396 do novo Código Civil, o qual dispõe que:
"Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais
juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado".
No caso dos autos, a taxa de juros moratórios foi devidamente estipulada
pelas partes, por ocasião da celebração do pacto, no patamar de 12% ao ano (cláusula
décima nona – fl. 81), constituindo-se de juros convencionais, perfeitamente aceitos,
desde que respeitado o limite fixado por lei.
Em assim sendo, deve ser mantida a cobrança dos juros moratórios, eis
que não convencionados acima do patamar de 12% ao ano.

V – Capitalização dos Juros


Quanto à capitalização mensal dos juros, cumpre lembrar que somente é
admitida em operações bancárias quando haja expressa autorização legal, tal como
ocorre com as cédulas e notas de crédito rural, comercial e industrial.
In casu, os títulos discutidos são um contrato de abertura de crédito fixo
e cheque especial denominado BB Giro Rápido e contrato para desconto de cheques, de
forma que é incabível a capitalização de juros.
A Súmula nº 596, do Supremo Tribunal Federal, não autoriza a
capitalização de juros em qualquer espécie de contrato firmado por instituição financeira
integrante do Sistema Financeiro Nacional, mas tão somente naqueles cuja legislação
específica permite o anatocismo.
Assim, alegada a capitalização mensal de juros e não se preocupando o
réu em produzir prova em sentido contrário, embora fosse este o seu dever como já dito,
merece guarida a pretensão do autor, para que sejam excluídos dos valores cobrados os
defluentes da capitalização mensal de juros.
Saliente-se que a capitalização não é excluída por completo, devendo os
juros ser capitalizados anualmente.
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VI –Da Correção Monetária – TR.
Alega o autor ser ilegal o emprego da T.R como índice de atualização.
Em contestação, o requerido afirma que referido índice não foi pactuado entre as partes,
muito embora defenda sua aplicação.
Com efeito, da análise dos contratos anexados aos autos pelo réu e que,
não foram impugnados pelo autor, não há pactuação de correção monetária pela TR, de
sorte que neste aspecto, o pedido deve ser julgado improcedente.

VII – Da Comissão de Permanência


Sobre a comissão de permanência, tem-se que consta expressamente
do contrato em sua cláusula 19ª alínea 'a' (fl. 81), a qual versa que, em caso de mora
incidirá "comissão de permanência à taxa de mercado, vigente no dia do pagamento".
Sobre a cobrança da comissão de permanência, a Súmula 294, do
Superior Tribunal de Justiça, estabeleceu que:
"Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de
permanência, calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco Central do
Brasil, limitada à taxa do contrato."
Este o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina,
que em acórdão da lavra do eminente Desembargador Salim Schead dos Santos assim
decidiu:
"É cabível a cobrança de comissão de permanência, desde que
contratada, calculada pela média praticada pelo mercado, respeitado o limite de juros
pactuado e não cumulada com a correção monetária, juros remuneratórios, multa
contratual ou com os juros moratórios" (Apelação cível nº 2001.000328-2).
Destarte, tem-se que sua cobrança na forma pactuada, encontra-se
respaldada por seguidas decisões dos tribunais superiores.
Por outro lado, é entendimento assente, que a comissão de permanência
não poderá ser cumulada com juros remuneratórios, correção monetária, juros de mora e
multa contratual (REsp nº 755.889/RS, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha).
In casu, apesar de negada a cumulação pelo réu, deve ser afastada a
incidência da comissão de permanência no período de inadimplência nos contratos em
questão, visto que está prevista com juros moratórios e multa, consoante se infere da
cláusula 19ª do contrato de fl. 81.
VIII - Da Cumulação de juros moratórios e multa
Os juros de mora e a multa contratual representam encargos
penalizantes e, portanto, não é concebível a incidência de um destes acessórios sobre o
outro; apenas e somente, é possível a incidência concomitante desses encargos.
Nesse sentido: "Embora seja admitida a coexistência da multa contratual
e dos juros moratórios sobre a mesma obrigação, não pode haver a incidência da
primeira sobre o produto do segundo, haja vista que ambas ser destinam a sancionar o
mesmo ato jurídico, ou seja a mora no cumprimento da obrigação" (Apelação cível nº
01.008477-5, Des. Mazoni Ferreira).
E ainda: "A cláusula penal é cumulativa, podendo ser adicionada ao
débito que inclui juros compensatórios, mas não incide sobre juros moratórios. A multa
de 10% prevista no contrato de abertura de crédito pode ser somada ao débito, aos juros
de mora, as custas e honorários, mas não deve ser calculada sobre encargos penais,
pois, do contrário, implicaria em penalizar duplamente o devedor" (Apelação cível nº
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33.955, de Des. Amaral e Silva).
No caso dos autos, é importante registrar que a multa prevista em
contrato é de 2%, não havendo que se dar guarida à pretensão do autor em reduzi-la,
posto que já fixada no patamar legal.
Além disso, a cláusula 19a do contrato, estabelece que multa " será
calculada nas datas das amortizações e, na liquidação, sobre o saldo devedor da
operação, e será debitada e exigida juntamente com as amortizações ou liquidação da
operação".
Destarte, impõe-se a procedência do pedido formulado na contestação,
devendo ser rechaçado o cálculo da multa sobre o valor dos juros moratórios, devendo
incidir concomitantemente.

IX - Da inscrição do nome do devedor nos órgãos de proteção ao


crédito.
Não havendo pagamento do valor devido pelo autor, segundo cálculo a
ser realizado nos moldes ditados na presente sentença, após o seu trânsito em julgado,
não há óbice a que o banco efetue a inscrição do nome do devedor nos cadastros de
proteção ao crédito.

X - Da Repetição de Indébito
Conforme já analisado, mostra-se totalmente viável a revisão de contrato
já liquidado ou liquidado em parte, admitindo-se que a parte considerada prejudicada
reclame o que lhe foi exigido de forma ilícita.
E uma vez refeitos os cálculos, constatando-se o pagamento indevido,
lícita é a pretensão de repetição manifestada pelo autor, questão esta a ser dirimida em
liquidação de sentença.
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido formulado
na inicial da presente ação de revisão de contrato, ajuizada por Apoio Serviços Ltda –
ME contra Banco do Brasil S/A e, em conseqüência:
a) Declaro a ilegalidade da capitalização mensal de juros praticada pelo
réu na vigência dos contratos ora revisionados;
b)Afasto a incidência da comissão de permanência no período de
inadimplência;
c) Afasto o cálculo da multa sobre o valor dos juros de mora;
d) CONDENO o autor a pagar ao réu o valor do débito oriundo dos
contratos ora revisionados (fls. 70/83), em conformidade com esta sentença, fazendo
incidir sobre o valor contratado os juros convencionados, com capitalização anual
(excluindo a capitalização mensal), encargos de mora e correção;
Após o trânsito em julgado, deverá o Banco réu apresentar
demonstrativo de débito atualizado nos moldes acima estabelecidos, intimando-se então
o réu para pagamento, no prazo de 15 dias.
Considerando a sucumbência recíproca e o disposto no art. 21, do
Código de Processo Civil, visto que o autor decaiu de grande parte do pedido, condeno-o
ao pagamento de 70% das custas processuais e R$ 1.000,00 a título de honorários
advocatícios. Condeno o réu ao pagamento de 30% das custas processuais e R$ 420,00
de honorários advocatícios, tendo em vista o julgamento antecipado da lide.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
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Com o trânsito em julgado, intimem-se para pagamento das custas
finais. Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses (art. 475-J, § 5o, do
Código de Processo Civil) arquivem-se.

(SC), .

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