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COMARCA DE XXXXXXXXXXXXXXX
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Como se verá adiante, o Autor está numa financeira muito difícil. Conforme
documento anexo, não está conseguindo honrar nem mesmo com uma simples conta de
telefone, precisa escolher qual dívida pagar de acordo com a necessidade e possibilidade.
O instituto da Justiça Gratuita inserto nos termos do Art. 98 do NCPC, pode ser
invocado quando a Pessoa Natural, mas também a Pessoa Jurídica não dispor de
suficientes recursos para pagar as custas, despesas processuais e os honorários
advocatícios.
Pelo sentido do instituto, não se confunde o conceito de pobreza com a acepção
jurídica do termo “pobreza”.
O artigo 2º da Lei 1.060/50 que regulamenta o benefícios é claro na orientação:
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"GRATUIDADE DE JUSTIÇA - PESSOA JURÍDICA SEM FINS
LUCRATIVOS -PROVA DA MISERABILIDADE -DISPENSA -
AGRAVO PROVIDO. As pessoas jurídicas sem fins
lucrativos, como entidades filantrópicas, sindicatos e
associações,fazem jus ao benefício da assistência
judiciária gratuita porque a presunção é a de que não podem
arcar com as custas e honorários do processo.Desnecessária,
por isso, a prova da dificuldade financeira para obter o
benefício". 199951920118260000 SP 0019995-
19.2011.8.26.0000, Relator: Renato Sartorelli, Data de
Julgamento: 01/03/2011, 26ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 04/03/2011)
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Não é demasiado relembrar que a própria lei diz que, não só os miseráveis
economicamente podem vir a ser beneficiários da Lei, mas todos aqueles cuja situação
econômica não lhes permita pagar as custas de um processo sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família.
Isto posto, devemos considerar que, ante a situação atual do AUTOR, que está
na iminência de perder os bens que se encontram penhorados devido as insistentes
execuções ilegais já propostas pelo Réu, demonstrada está sua impossibilidade de arcar
com as despesas deste processo sem graves prejuízos à sua manutenção.
Deve-se anotar ainda que, sobretudo, em atendimento ao Princípio
Constitucional de Facilitação do Acesso à Justiça, bem como ao PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, que jurisprudencial e doutrinariamente é estendido à
pessoa jurídica, está solidificado que não é necessário ser um “miserável” para a
concessão dos benefícios previstos na Lei, basta a declaração, a qual será apreciada
de acordo com o bom alvitre do Magistrado, de que não pode arcar com as despesas
processuais sem prejuízo da própria manutenção; como é o caso do AUTOR.
Traz à baila o AUTOR, ementas de acórdãos neste sentido. Vejamos:
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Assim sendo, ao contrário da atitude confiscatória do município, o judiciário
deve, por justiça, promover a efetividade do objetivo constitucional, e não o agravamento da
vida financeira do Autor que agora está em uma posição de extrema dependência de
deferimento da benesse da Justiça Gratuita.
DOS FATOS
O Clube Náutico Praia do Sol, ora Autor é isento de tributos municipais conforme
comprovam as leis municipais 3.033/80, 1.057/63 e 5.121/92, bem como declaração
extraído do acórdão proferido pela 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, ambos anexos a esta inicial.
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Segue relação de imóveis e respectivos valores inicialmente exigidos sem
atualização:
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agosto de 2016 o MM Juiz reconheceu a existência da isenção da qual o Autor é beneficiária
e julgou pela extinção dos títulos executivos por terem sido lançados de forma ilegal e,
portanto, serem ilegítimos.
Portanto, é com base nas leis e nas inúmeras decisões judiciais que o Autor
afirma que o seu direito existe e deve ser reconhecido por este MM Juiz para ver extintos
todos os títulos executivos lançados pelo Município.
DO DIREITO
Sabe-se que o princípio norteador do Direito Tributário é o da Legalidade. Por
esse princípio, tem-se que a isenção tributária deve ser concedida por lei, editada pela
pessoa política competente para tributar.
Todavia, como dito, o CLUBE NÁUTICO PRAIA DO SOL POSSUI ISENSÃO DE
IMPOSTOS MUNICIPAIS, CONFERIDA POR MEIO DE LEI MUNICIPAL VIGENTE,
DEMONSTRADA POR MEIO DE CERTIDÃO EXPEDIDA PELA PRÓPRIA CÂMARA
MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS E ANEXA À PRESENTE.
Como se não bastasse, o próprio Tribunal de Minas Gerais em recente
julgamento proferiu seu entendimento acerca do benefício da isenção ao Autor, conforme
se verifica abaixo:
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Ficou demonstrado definitivamente, que o Autor tem a seu favor dispositivo legal
em vigor que lhe garante a isenção de impostos municipais. “In ver bis”: ARTIGO 1º DA LEI
Nº 3.033/80, confirmado pelo Artigo 2º da lei 5.121/92, que diz:
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A lei municipal nº 3.033 de 1981, editada e publicada pelo município de Poços
de Caldas declara:
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No ensinamento de Santo Tomás de Aquino, lei é a autoridade que tem o
condão de mandar, permitir, proibir e castigar. Sua razão de existir encontra-se arraigada no
bem comum do povo, com a intenção de manter intacta a ordem e a justiça e sua
promulgação é a manifestação dos membros da comunidade, a fim de que possa ser
cumprida e se fazer cumprir.
É um contra-senso a atuação da Fazenda Pública do Município. Na verdade, é
evidente a ilegalidade e o abuso de poder por parte da autoridade pública que
claramente violou do direito líquido e certo do AUTOR.
Conforme entendimento de Alexandre de Moraes, “o princípio da legalidade é
basilar na existência do Estado Democrático de Direito, determinando a Constituição
Federal sua garantia, sempre que houver violação do direito, mediante lesão ou ameaça,
consoante o artigo 5º, XXXV da Norma Maior. Dessa forma, será chamado a intervir o Poder
Judiciário, que, no exercício da jurisdição, deverá aplicar o direito ao caso concreto”.
Maria Helena Diniz cita na sua obra o entendimento de Celso Ribeiro Bastos,
(“Curso de direito constitucional”, 20ª ed., atual., São Paulo, Saraiva, 1999, p. 78):
Como visto, é certo que qualquer ato que afronte as normais constitucionais não
são legítimas, e por isso devem ser amplamente combatido, a fim de que não reste
nenhum resquício de injustiça.
Desta maneira o texto constitucional do artigo 150, § 6º, é expresso, no sentido
de que qualquer isenção só poderá ser concedida mediante lei específica Municipal.
Por outro lado, a Lei 5.172/66, recepcionada pela Constituição da República com
o status de Lei Complementar, ou doravante Código Tributário Nacional, em seu artigo 175
e seguintes dispõe que, a isenção, enquanto requisito para exclusão do crédito tributário, é
sempre decorrente de lei específica e, por conseqüência, só pode ser revogada ou
modificada por Lei, tudo em consonância com o princípio da legalidade, viga mestra do
direito tributário.
Art. 175. Excluem o crédito tributário:
I - a isenção;
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sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua
duração.
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“as entidades de assistência social, educacionais, hospitalares,
ESPORTIVAS E/OU RECREATIVAS, inscritas no Registro Civil das
Pessoas Jurídicas da Comarca, RECONHECIDAS DE UTILIDADE
PÚBLICA POR LEI MUNICIPAL, bem como as instituições religiosas,
cultos e templos de qualquer natureza, FICAM ISENTAS DO
PAGAMENTO DE TRIBUTOS MUNICIPAIS A PARTIR DO EXERCÍCIO
DE 1981.”
Ademais, possui também a ratificação deste benefício dado pelo artigo 2º da Lei
Municipal nº5.121/92 que confirma o disposto no dispositivo acima:
A Lei Municipal nº 1057/63, por sua vez, declara o Clube como de utilidade
pública.
Destarte, estão demonstrados todos os fundamentos pelos quais o AUTOR
merece a antecipação dos efeitos da tutela, com fundamento no art. 489, do Código
Instrumental Pátrio.
Assim, uma vez evidente a grave lesão de difícil reparação, é plausível a
aplicação do artigo 300 do NCPC, para ser conferida suspensividade da exigibilidade do
imposto.
A verossimilhança das alegações estão claramente demonstradas pelas Leis
acima citadas, cujas cópias autênticas encontram-se anexas a esta. Diante da existência da
Lei Municipal isentiva, não há que se falar em débito tributário, quanto mais na sua
execução.
Como visto, a isenção retira do beneficiado qualquer obrigação de pagamento de
imposto. Por isso, está mais do que claro que referidos lançamentos são ilegais.
O bom direito do Autor está clarividente nas leis retromencionadas. Não existe
certeza, liquidez nem exigibilidade nos títulos executivos lançados pelo Município. Uma vez
que não existe fato gerador, é impossível haver débito tributário, quanto mais dívida ativa e
tampouco execução, que certamente há de acontecer caso não seja deferida a tutela
antecipada.
O perigo da demora é evidente! É certo que a qualquer momento a
municipalidade pode exigir por meio de execução o adimplemento dos tributos lançados em
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2015 e 2016. Caso isto ocorra, o Autor poderá perder seus bens, haja vista não ter
condições de custear provável garantia do juízo em caso de execução.
Inviabilizar a antecipação é violar a garantia prevista no art. 5º, LXXVIII da
Constituição Federal, instituto que visa a proteção do direito e celeridade processual, bem
como os meios que garantam a sua celeridade.
Por fim, sabe-se que a apreciação do dano ou ameaça ao direito deve ser
concedida de forma a se encaixar de acordo com o caso. No entanto, se o fato necessita
de uma apreciação urgente que possibilite a antecipação da tutela, não se pode
escusar, mesmo sendo contra a Fazenda Pública, quando visivelmente necessária sua
aplicação. Assim, a prestação jurisdicional deve ser viabilizada de forma eficaz, a fim de
promover a pacificação da justiça, de acordo com os preceitos constitucionais.
É por todo o exposto que requer, como medida de justiça, seja proferida
DECISÃO EM CARÁTER LIMINAR, A FIM DE SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DOS
DÉBITOS ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO NESTA DEMANDA E RETIRAR O NOME DO
AUTOR DO ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO, SERASA.
DOS PEDIDOS
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a) sejam concedidos, os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, uma vez
que o mesmo não possui condições de arcar com as custas processuais e os
honorários advocatícios sem prejuízo da sua própria manutenção;
d) ratificação da DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO NOS TERMOS DO
ARTIGO 1º DA LEI MUNICIPAL Nº 3.033/80, CONFIRMADA PELA LEI
MUNICIPAL Nº 5.121/92 conforme acórdão anexo;
g) a condenação da RÉ ao pagamento das custas, honorários
advocatícios e verbas de sucumbência;
e) a citação da Fazenda Pública Municipal, para, querendo, oferecer
resposta que entender cabível, sob pena de revelia e confissão de toda a matéria de
fato;
f) a produção de todos os meios de prova em direito admitidos;
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Cidade, DATA
ADVOGADO
OAB
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