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Módulo Controle da Incidência Tributária

SEMINÁRIO V - TRIBUTAÇÃO ADUANEIRA

Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8. ed. São
Paulo: Noeses, 2021. Capítulo III, item 3.3.4 (Impostos aduaneiros).
• CARVALHO, Paulo de Barros. Regra-matriz de incidência do imposto sobre
importação de produtos estrangeiros. Revista da Receita Federal: estudos
tributários e aduaneiros. Brasília, v. 01, n. 01, ago./dez. 2014.
• SEHN, Solon. Curso de direito aduaneiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
Capítulo III, item 1 (lançamento tributário); e Capítulo V, item 8 (reclassificação
aduaneira).

Leitura complementar
• BRITTO, Lucas Galvão de. Tributar na era da técnica: como as definições feitas
pelas agências reguladoras vêm interpretando as normas tributárias. São Paulo:
Noeses, 2018.
• SEHN, Solon. Imposto de importação. São Paulo: Noeses. Itens 3.1 a 3.1.2.3.
• HILU NETO, Miguel. Imposto sobre importações e imposto sobre exportações. São
Paulo: Quartier Latin. Capítulos 2, 4 e 5.
• SILVA, Felipe Ferreira. Tratados internacionais – procedimento de produção,
recepção por direito interno e questões correlatas”, In: SANTI, Eurico Marcos Diniz.
Curso de especialização em direito tributário: Estudos analíticos em homenagem a
Paulo de Barros Carvalho. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
• PINCELLI, Eduardo Pugliese. Sobre a relação entre os tratados internacionais em
matéria tributária e o sistema jurídico brasileiro: novas proposições a respeito de um
velho problema. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, v. 2,
2005, São Paulo. Segurança jurídica na tributação e estado de direito. São Paulo:
Noeses.
• TÔRRES, Heleno Taveira. Base de cálculo do imposto de importação e o acordo
de valoração aduaneira. In: TÔRRES, Heleno Taveira. Comércio internacional e
tributação. São Paulo: Quartier Latin, 2005.
• VITA, Jonathan Barros. Valoração aduaneira. São Paulo: RT-Fiscosoft, 2014.

IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS


Nome: Marcildes Araujo Barreto
Módulo: Controle de incidência tributária
Seminário nº 5 – Tributação Aduaneira
Data da Entrega: 31.05.2023
Módulo Controle da Incidência Tributária

Questões
1. Construa a RMIT dos Impostos de Importação e de Exportação. Qual o
conceito de produto para fins de incidência destes tributos?

RMIT dos Impostos de Importação


Antecedente:
 Critério material: importação de produtos estrangeiros; art.153, I, CF
 Critério espacial:território nacional, nas repartições aduaneiras;
Critério temporal: entrada da mercadoria em territorio nacional

Consequente:
 Critério pessoal:
SA: União
SP: Importador de produto estrangeiro
 Critério quantitativo:
BC: preço do produto;
A: específica
RMIT dos Impostos de Exportação

Antecedente:
Critério material:exportar produto nacional ou nacionalizado para extangeiro
 Critério espacial: saída das fronteiras do territorio nacional ;
 Critério temporal: saída do território nacional ;

Consequente:
 Critério pessoal:
SA: União
SP: exportador do produto nacional ou nacionalizado
 Critério quantitativo:
BC: preço do produto
A: específica
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Segundo Sebastião de Oliveira Lima, destaca quais elementos define o


conceitua produto de mercadoria, na forma seguinte: “Produto é gênero do qual
mercadoria é espécie e conceituados o primeiro como sendo um bem móvel e
corpóreo, enquanto que o segundo é um bem móvel, corpóreo e destinado a
comércio”.

2. A empresa “X” firmou contrato de fornecimento, formalizando a


aquisição de bem do exterior, datado de 10/05/2017. Os produtos
transpuseram a fronteira brasileira, por via marítima em 15/06/2017,
chegaram ao porto de Santos em 18/06/2017, em 25/06/2017 a empresa
registrou a operação junto ao SISCOMEX e os produtos foram
desembaraçados em 02/07/2017. No momento da realização do contrato
a alíquota do referido imposto era de 10%. No entanto, em 01/06/2017 o
Governo Federal publicou decreto que aumentou a alíquota aplicável à
importação do referido bem para 20%, em 16/06/2017 houve outro
aumento de alíquota para 30%, em 22/06/2017 para 35% e em 01/07/2017
para 38%. Pergunta-se: qual é a alíquota aplicável à operação de
importação em análise? Fundamente. (Vide anexo I e II)

Nota-se que alíquota aplicável seria de 38%, uma vez que a mesma foi
instituída em 01/07/2017 e o produto importado desembaraçado apenas no
dia 02/07/2017. Em relação a esse entendimento, destaco o art.19 CTN III, “O
fato gerador do imposto de importação: a entrada do produto estrangeiro no
território nacional”.
3. A reimportação de mercadoria exportada em caráter definitivo se equipara
à importação, ou seja, a mercadoria exportada perde a condição de
nacional, devendo se submeter ao Imposto de Importação ao ser
reimportada? (Vide anexo III)
Entendo que sim, a mercadoria exportada em caráter definitivo perde a
condição nacional. Porque não é de caráter de exportação temporária.
Segundo o STF na resp. n.662.882/RJ, está última está dispensada à obrigação
de apresentação de guia de importação, ficando assim isenta.
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4. O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema monista ou dualista?


Em face da resposta ao item anterior, defina os critérios para solução de
conflitos entre tratados e lei interna, no Direito Tributário Brasileiro. Há
hierarquia entre tratados e lei interna?
Nota-se que o ordenamento jurídico brasileiro é híbrido mistura as
acepções dos referidos termos, pretendendo justificar a unicida ou a
pluraridade sistêmica em função do procedimento adotado pela constituição
de 1988 para o ingresso dosacordos internacionais.

O direito entrado por via de tratado, está no mesmo plano de igualdade


que o direito elaborado internamente, não sendo superior a este. Esta teoria da
paridade entre as duas fontes estabelece que os tratados prevalecem sobre as
leis internas anteriores a sua promulgação. Mas existindo conflito entre o
tratado e a lei posterior, prevalece a lei interna. No entanto, segundo o art.98
CTN, “Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a
legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”.

5.Sobre os tratados, responda:


a) Defina o conceito de “tratado internacional”, descrevendo como se dá
seu ingresso no ordenamento jurídico, seu momento de vigência no
direito interno e sua posição hierárquica no sistema jurídico (vide §2º do
art. 5º da Constituição e o art. 98 do Código Tributário Nacional e o
entendimento exposto pelo STF anexo IV).

O vocábulo "tratado" é expressamente referido na Convenção de Viena,


que estabelece, no art. 2.o, o sentido em que o termo ali é empregado; Tratado
significa um acordo internacional, concluído entre Estados em forma escrita
regulado pelo Direito Internacional consubstanciado em um único instrumento ou
em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua designação
específica.

"Tratado internacional", segundo Hans Kelsen, "é o meio pelo qual os


sujeitos da comunidade jurídica internacional regulam a sua conduta recíproca,
vale dizer, a conduta dos seus órgãos e súditos em relação aos órgãos e súditos
dos outros. É o acordo de vontades através do qual são criadas normas que
impõem deveres e conferem direitos aos Estados contratantes.
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No sistema jurídico brasileiro, os tratados e convenções internacionais


estão hierarquicamente subordinados à autoridade normativa da CRFB, motivo
pelo qual não nenhum valor jurídico caso esteja, formal ou materialmente, em
desacordo com a Carta Magna. Sua posição hierárquica, como pode ser vista no
art.98 do CTN, é superior às normas do referido código.

b) Pode a União, visando a regular a política tarifária, versar sobre a


isenção de tributo de competência estadual?

Entendo que não, porque a Constituição Federal proíbe expressamente


a União de conceder isenções de tributos estaduais,municipais ou distritais
(art. 151, III).

c) Os tratados podem revogar ou suspender a eficácia das normas


tributárias inseridas no ordenamento jurídico brasileiro pelos Estados e
Municípios? Haveria violação ao princípio federativo e ao princípio da
autonomia dos Municípios consagrados na CF/88? (Vide anexos V e VI)
Tratado internacional não revoga norma de direito interno, em razão
de o direito positivo interno e o direito positivo internacional pertencerem a
sistemas jurídicos distintos. Contudo, uma vez inserido o teor do tratado
internacional no ordenamento jurídico brasileiro, este passa a ser norma
jurídica interna, em regra, com o status de lei ordinária. Nesse sentido, não
poder cogitar a possibilidade de revogação de norma jurídica tributária de
competência dos Estados e dos Municípios pelos tratados internacionais.
A norma jurídica que reproduz o conteúdo dos tratados internacionais
no sistema do direito positivo ora, lei ordinária, não pode revogar as normas
jurídicas tributárias criadas pelos Estados ou Municípios em virtude da
competência tributária conferida pela Constituição Federal de 1988 a cada um
dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Ademais,
caso houvesse a possibilidade de “revogação” de tais normas estaria diante
de uma inconstitucionalidade, por violação tanto do Princípio Federativo
quanto do Princípio da Autonomia dos Estados e dos Municípios ambos
consagrados constitucionalmente.
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6. Ao realizar a classificação aduaneira de um produto, a Receita Federal


pode divergir das normas e de entendimentos técnicos de órgãos
especializados? Fundamente sua resposta. (Vide anexos VIII e IX).

Sim. Segundo o parecer normativo Cosit n° 06/2018, “Países que internalizam


em seu ordenamento jurídico a Convenção Internacional sobre o Sistema
Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, a interpretação
das normas que regulam a classificação fiscal de mercadorias é de competência
de autoridades tributárias e aduaneiras”. No entanto, se o órgão especializado
for a ANVISA que classificou um produto ou serviço destinado à saúde pública,
a Receita Federal não dispõe de conhecimento técnico- científico para divergir
das normas instituídas pelo órgão competente.

7. Considerando o despacho aduaneiro de importação, responda (Vide


anexo X):
a)Quais as modalidades de lançamento tributário são aplicáveis ao
imposto de importação?
As modalidades consistem em:
 Lançamento por homologação,
 Lançamento de ofício
 Declaração.

b) A formalização de exigência no Siscomex tem natureza jurídica de


lançamento de ofício? Qual é a natureza jurídica do ato do sujeito
passivo que, cumprindo a exigência formalizada no Siscomex, retifica a
declaração de mercadorias, recolhendo a diferença do crédito tributário
e a multa?
Pelo que entendi, a formalização de exigência ocorre por parte do Fisco,
quando há alguma inconsistência na declaração do contribuinte. Portanto,
poderíamos entender que tal exigência é um lançamento de ofício com
fundamento no art. 149 do CTN, ou seja, houve um lançamento por parte do
contribuinte anteriormente, mas, em razão de algum equívoco nesse mesmo
lançamento, o Fisco realiza um novo lançamento (de ofício).
Entretanto, é possível entender que essa exigência faz parte do
lançamento de homologação. O lançamento por homologação é aquele que o
contribuinte realiza o lançamento, sendo possível a revisão por parte do Fisco.
Portanto, caso entenda que se trata do lançamento por homologação, então
a exigência do Siscomex faria parte do procedimento. Em outras palavras,
não haveria um novo lançamento.
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c) O desembaraço aduaneiro (liberação) constitui uma homologação do


lançamento? Considerar os diferentes canais de conferência aduaneira
(verde, amarelo, vermelho ou cinza).
Segundo Solon Sehn, entende-se que o desembaraço aduaneiro não é
homologação do lançamento, mas apenas o ato final da conferência
aduaneira.

 Verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da


mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da mercadoria;
 Amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo
constatada irregularidade, efetuado o desembaraço adua- neiro, dispensada
a verificação da mercadoria;
 Vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a
realização do exame documental e da verificação da mercadoria;
 Cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verifi- cação da
mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro,
para verificar elementos indiciários de frau- de, inclusive no que se refere ao
preço declarado da mercadoria, conforme estabelecido em norma específica.
d) A revisão aduaneira tem natureza de revisão de lançamento?

A revisão aduaneira tem por objeto todo os aspectos do despacho de


importação e, por isso mesmo, tem conteúdo mais amplo que uma revisão do
lançamento. Isso é próprio, aliás, da função aduaneira que, ao longo dos anos,
tem adqui- rido uma identidade própria, ainda relacionada, porém, cada vez
mais desvinculada da arrecadação de tributos.
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8. Um importador, ao registrar a declaração de mercadorias (DI -


Declaração de Importação - no Siscomex ou DUIMP - Declaração Única
de Importação – no Portal Único de Comércio Exterior), classificou
determinado produto como equipamento de raio X para uso médico não
destinado especificamente para diagnóstico (NCM 9022.14.901). A
declaração foi parametrizada no canal vermelho de conferência
aduaneira. A liberação (desembaraço) ocorreu sem oposição da Receita
Federal em relação ao enquadramento tarifário adotado. Entretanto,
após quatro anos, outro Auditor-Fiscal entendeu que, naquela
oportunidade, houve uma interpretação equivocada das regras da
Convenção Internacional do Sistema Harmonizado de Designação e
Codificação de Mercadorias (Decreto Legislativo nº 71/1988; Decreto nº
97.409/1988). Assim, em sede de revisão aduaneira, promoveu a
reclassificação do produto para a NCM 9022.14.192, relativa aos
aparelhos de raios X destinados a diagnósticos, lavrado auto de infração
e lançamento para a constituição da diferença de crédito tributário e
cominação das penalidades.
Diante disso, pergunta-se (Vide anexos X e XI):
a) Esse lançamento de ofício deve observar o art. 146 do CTN? Há
diferença se a parametrização, ao invés do canal vermelho, tivesse
ocorrido no canal verde?

Entendo que sim, porque envolve a possibilidade de revisão do


lançamento nos casos de “erro de direito”, em face da previsão no dispositivo
em questão.
Sim. Nota–se que o canal verde sistema registra o desembaraço
automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação
física da mercadoria, A dispensa da documentação acessória dificultaria a
reclassificação do produto por parte do órgão competente.

1 “9022.1 - Aparelhos de raios X, mesmo para usos médicos, cirúrgicos, odontológicos ou


veterinários, incluindo os aparelhos de radiofotografia ou de radioterapia: [...] 9022.14 -- Outros,
para usos médicos, cirúrgicos ou veterinários [...] 9022.14.1 De diagnóstico; [...] 9022.14.90
Outros”.
2 “9022.1 - Aparelhos de raios X, mesmo para usos médicos, cirúrgicos, odontológicos ou

veterinários, incluindo os aparelhos de radiofotografia ou de radioterapia: [...] 9022.14 -- Outros,


para usos médicos, cirúrgicos ou veterinários [...] 9022.14.1 De diagnóstico; [...] 9022.14.19
Outros”
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b) A reclassificação foi assentada no alegado equívoco de interpretação


das regras da Convenção Internacional do Sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias. Porém, as consequências
seriam as mesmas se a reclassificação fiscal tivesse se baseado na
constatação de que o equipamento importado apresenta
características diferentes das identificadas na conferência anterior?
Avaliar, nas duas hipóteses, se há erro de direito ou erro de fato.

Entendo que dependendo do tipo de equipamento, as consequências são


diferentes, até porque a cobrança do IPI feita pela União (art. 153, IV, da
CF), é regida precipuamente pelos princípios da seletividade.

Nota–se que erro de direito, uma vez que houve uma interpretação
equivocada das regras da Convenção Internacional do Sistema
Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias.

 O Erro de fato consiste na interpretação equivocada do evento ou dos fatos que


ocorram nele, sendo uma ideia errônea sobre o sentido exato de alguma coisa, o
que leva a crer em uma realidade que não é verdadeira;

 Há erro de direito quando o lançamento é feito ilegalmente, em virtude de


ignorância ou errada compreensão da lei.

• Artigo: BORGES, José Souto Maior. Isenções em tratados internacionais de


impostos dos Estados-Membros e Municípios. In: MELLO, Celso Antônio Bandeira
de (org.). Estudos em homenagem a Geraldo Ataliba. São Paulo: Malheiros, 1997.
• Artigo: CARVALHO, Paulo de Barros. IPI – Comentários sobre as regras gerais de
interpretação da tabela NBM/SH (TIPI/TAB). Revista Dialética de Direito Tributário.
São Paulo: Dialética, nº 12, p. 42-60, nov. 1996.
• Capítulo II, do Título I e capítulos I, II e III, do Título III, do livro Direito tributário
internacional do Brasil, de Alberto Xavier. São Paulo: Forense.
• Artigo: COSTA, Regina Helena. Notas sobre a existência de um direito aduaneiro.
In: FREITAS, Vladmir Passas de. Importação e exportação no direito brasileiro. São
Paulo: RT, p. 15-37, 2004.
• Artigo: HILÚ NETO, Miguel. O elo jurídico entre a valoração aduaneira e os preços
de transferência. In: FERNANDES, Edison Carlos (Coord.). Preços de
transferência. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 63-86.
• Estrutura do Imposto de Importação no Código Tributário Nacional, de Hamilton
Dias de Sousa. São Paulo: Resenha Tributária.
• Imposto de importação, de Américo Lourenço Masset Lacombe. São Paulo: RT,
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1979.
• Artigo: “Mercosul e tributos estaduais, municipais e distritais”, de Roque Antonio
Carrazza. Revista de direito tributário, São Paulo, n. 64, p. 182-191, 1994
• Artigo: “Segurança na ordem tributária nacional e internacional: tributação no
comércio exterior” de Luís Eduardo Schoueri. In: CONGRESSO NACIONAL DE
ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, v. 2, 2005, São Paulo. Segurança jurídica na tributação
e estado de direito. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Segurança na ordem tributária nacional e internacional – validade, vigência e
eficácia dos tratados internacionais”, de Felipe Ferreira Silva, in Segurança jurídica na
tributação e estado de direito, Eurico Marcos Diniz de Santi (Coord.). São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Sobre a relação entre os tratados internacionais em matéria tributária e o
sistema jurídico brasileiro: novas proposições a respeito de um velho problema”, de
Eduardo Pugliese Pincelli. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS
TRIBUTÁRIOS, v. 2, 2005, São Paulo. Segurança jurídica na tributação e estado
de direito. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Tratado internacional, em matéria tributária, pode exonerar tributos
estaduais?” de Estevão Horvath e Nelson F. de Carvalho. Revista de direito
tributário, São Paulo, n. 64, p. 262-268, 1996.
• Tratados internacionais em matéria tributária e ordem interna, de Betina Treiger
Grupenmacher. São Paulo: Dialética.
• A relação entre a ordem jurídica interna e os tratados internacionais, de Felipe
Ferreira Silva. Curitiba: Juruá.
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Anexo I
RE n. 225.602/CE
DJ 06/04/2001
IMPORTAÇÃO. ALÍQUOTAS. MAJORAÇÃO POR ATO DO EXECUTIVO.
MOTIVAÇÃO. ATO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. FATO GERADOR. C.F., art.
150, III, a e art. 153, § 1º. I- Imposto de importação: alteração das alíquotas, por
ato do Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei: C.F.,
art. 153, § 1º. A lei de condições e de limites é lei ordinária, dado que a lei
complementar somente será exigida se a Constituição, expressamente, assim
determinar. No ponto, a Constituição excepcionou a regra inscrita no art. 146, II.
II- A motivação do decreto que alterou as alíquotas encontra-se no procedimento
administrativo de sua formação, mesmo porque os motivos do decreto não vêm
nele próprio. III- Fato gerador do imposto de importação: a entrada do produto
estrangeiro no território nacional (CTN, art. 19). Compatibilidade do art. 23 do
D.L. 37/66 com o art. 19 do CTN. Súmula 4 do antigo T.F.R.. IV- O que a
Constituição exige, no art. 150, III, a, é que a lei que institua ou que majore
tributos seja anterior ao fato gerador. No caso, o decreto que alterou as alíquotas
é anterior ao fato gerador do imposto de importação. V- R.E. conhecido e
provido.

Anexo II
REsp n. 1.220.979/RJ

DJ 15/04/2011
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. COMPATIBILIDADE DO ART. 23 DO DECRETO-
LEI N. 37/66 COM O ART. 19 DO CTN. FATO GERADOR. DATA DO
REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. PRECEDENTES.
1. Não há incompatibilidade entre o art. 19 do Código Tributário Nacional e
o art. 23 do Decreto-Lei n. 37/66, porquanto o desembaraço aduaneiro completa
a importação e, consequentemente, representa, para efeitos fiscais, a entrada
de mercadoria no território nacional.
2. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, no caso de importação
de mercadoria despachada para consumo, o fato gerador do imposto de
importação ocorre na data do registro da declaração de importação. Desse
modo, deve ser aplicada para o cálculo do imposto a alíquota vigente nessa data.
3. Precedentes: EDcl no RESP 1.000.829/ES, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira
Turma, DJe 17.6.2010; AgRg no Ag 1.155.843/RJ, Rel. Min. Castro Meira,
Segunda Turma, DJe 30.9.2009; RESP 1.046.361/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon,
Segunda Turma, DJe 5.3.2009; RESP 139.658/PR, Rel. Min. Milton Luiz Pereira,
Primeira Turma, DJ 28.5.2001.
Recurso especial provido.
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Anexo III
REsp n. 662.882/RJ
DJ 13/02/2006

PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.


INOCORRÊNCIA. IMPORTAÇÃO. REIMPORTAÇÃO. ATIVIDADES
DISTINTAS. TIPICIDADE. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. IMPOSSIBILIDADE
DE INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA.

1. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal de origem,


embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão
posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um,
os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham
sido suficientes para embasar a decisão.

2. A importação e a reimportação de mercadorias são atividades distintas,


cabendo, portanto, à legislação tributária prever quais as hipóteses de incidência
de IPI para cada uma das mesmas respeitando-se suas especificidades.

3. O princípio mor da legalidade exige tipicidade estrita em sede tributária.


Inocorrendo a hipótese de incidência, tal como prevista na lei, inexigível é a
exação, e por isso mesmo, qualquer punição administrativa decorrente da
obrigação tributária.

4. O E. STJ assentou no Resp n.º 614.849, da Relatoria do e.Ministro


Castro Meira, publicado no DJ de 04.10.2004, verbis: "Por outro tanto, a
cobrança de multa advém da aplicação da legislação aplicável da importação de
mercadorias, hipótese distinta da reimportação, onde não se exige a emissão de
guias de importação, por se revestir de operação singular de reimportação de
bens nacionais (no caso fitas de videotape de gravação de novelas produzidas
pela Rede Globo, no território nacional).

Merece ressalvar o fato da exigência mencionada pela Fazenda somente


ser capaz de fazer sentido ao tempo em que outra era a sistemática do imposto
de importação, onde era previsto, como fato gerador da exação, a importação de
quaisquer mercadorias, inclusive as produzidas no Brasil, desde que de
procedência estrangeira.
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No caso em exame não há qualquer previsão legal para a apresentação


de guia de importação, nas hipóteses de reimportação e, assim sendo, é
incabível a sua exigência com base na legislação atinente à importação,
porquanto configura ofensa ao princípio da legalidade"

5. O Supremo Tribunal Federal, por seu turno, manifestou-se no RE


104.306-7/SP acerca do tema em análise, em voto de relatoria do eminente
Ministro Octavio Gallotti, cuja conclusão se destaca: "Não se poderia, pois, sem
ferir o artigo 21, I da Constituição Federal, entender a expressão "produto
estrangeiro", como igualmente abrangendo as mercadorias nacionais retiradas
temporariamente do Brasil, para a exposição em feiras no Exterior, numa prática
habitual de incentivo à exportação."

6. É insindicável pelo E. STJ (Súmula 07) a premissa fática da


configuração da violação da lei, firmada pelo tribunal local. In casu, restou
inequívoca do aresto recorrido, a conclusão de que: "Importa ressaltar que,
conforme reconhece a própria Fazenda Nacional, a situação fática não configura
hipótese de incidência de tributo a reimportação de fitas de vídeo exportadas
para fins de dublagem pelo regime de exportação temporária, nos termos dos
artigos 369, do Regulamento Aduaneiro, e 92, do Decreto-lei 37/66,
respectivamente.

Ademais, a multa é imposta em razão da equivocada infração


administrativa ao controle das importações, que consiste na ausência ou não da
apresentação de guia de importação, para o desembaraço aduaneiro.

(...) Por outro tanto, a cobrança da multa advém da aplicação da


legislação aplicável à importação de mercadorias, hipótese distinta da
reimportação, onde não se exige a emissão de guias de importação, por se
revestir de operação singular de reimportação de bens nacionais (no caso fitas
de videotape de gravação de novelas produzidas pela Rede Globo, no território
nacional).

Merece ressalvar o fato de exigência mencionada pela Fazenda somente


ser capaz de fazer sentido ao tempo em que outra era a sistemática do imposto
de importação, onde era previsto como fato gerador da exação a importação de
quaisquer mercadorias, inclusive as produzidas no Brasil, desde que de
procedência estrangeira.

No caso em exame não há qualquer previsão legal para a apresentação


de guia de importação, nas hipóteses de reimportação e, assim sendo, é
incabível a sua exigência com base na legislação atinente à importação,
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porquanto configura ofensa ao princípio da legalidade." 7. Forçoso concluir , à


semelhança do julgado atacado que in casu, o que houve foi a reimportação de
mercadorias, sob o regime de exportação temporária, não incidindo a obrigação
de apresentação de guia de importação na hipótese, prevista nos artigos 432 c/c
526, II do Regulamento Aduaneiro, por se tratar de fato distinto do previsto na
lei, restando vedada qualquer interpretação extensiva por força do artigo 111 do
CTN.

8. Recurso especial improvido. (REsp 662.882/RJ, Rel. Ministro LUIZ


FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/12/2005, DJ 13/02/2006, p. 672).

Anexo IV
REsp n. 662.882/RJ
DJ 18/05/2001
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – CONVENÇÃO N. 158/OIT –
PROTEÇÃO DO TRABALHADOR CONTRA A DESPEDIDA ARBITRÁRIA OU
SEM JUSTA CAUSA – ARGUIÇÃO DE ILEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL
DOS ATOS QUE INCORPORARAM ESSA CONVENÇÃO INTERNACIONAL
AO DIREITO POSITIVO INTERNO DO BRASIL (DECRETO LEGISLATIVO N.
68/92 E DECRETO N. 1.855/96) – POSSIBILIDADE DE CONTROLE
ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE DE TRATADOS OU CONVENÇÕES
INTERNACIONAIS EM FACE DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA –
ALEGADA TRANSGRESSÃO AO ART. 7º, I, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA E AO ART. 10, I DO ADCT/88 – REGULAMENTAÇÃO
NORMATIVA DA PROTEÇÃO CONTRA A DESPEDIDA ARBITRÁRIA OU SEM
JUSTA CAUSA, POSTA SOB RESERVA CONSTITUCIONAL DE LEI
COMPLEMENTAR – CONSEQUENTE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DE
TRATADO OU CONVENÇÃO INTERNACIONAL ATUAR COMO SUCEDÂNEO
DA LEI COMPLEMENTAR EXIGIDA PELA CONSTITUIÇÃO (CF, ART. 7º, I) –
CONSAGRAÇÃO CONSTITUCIONAL DA GARANTIA DE INDENIZAÇÃO
COMPENSATÓRIA COMO EXPRESSÃO DA REAÇÃO ESTATAL À
DEMISSÃO ARBITRÁRIA DO TRABALHADOR (CF, ART. 7º, I, C/C O ART. 10,
I DO ADCT/88) – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA CONVENÇÃO N. 158/OIT,
CUJA APLICABILIDADE DEPENDE DA AÇÃO NORMATIVA DO LEGISLADOR
INTERNO DE CADA PAÍS – POSSIBILIDADE DE ADEQUAÇÃO DAS
DIRETRIZES CONSTANTES DA CONVENÇÃO N. 158/OIT ÀS EXIGÊNCIAS
FORMAIS E MATERIAIS DO ESTATUTO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO –
PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR DEFERIDO, EM PARTE, MEDIANTE
INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO. PROCEDIMENTO
CONSTITUCIONAL DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS OU
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS.
É na Constituição da República – e não na controvérsia doutrinária que
Módulo Controle da Incidência Tributária

antagoniza monistas e dualistas – que se deve buscar a solução normativa para


a questão da incorporação dos atos internacionais ao sistema de direito positivo
interno brasileiro.
O exame da vigente Constituição Federal permite constatar que a execução
dos tratados internacionais e a sua incorporação à ordem jurídica interna
decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de um ato subjetivamente complexo,
resultante da conjugação de duas vontades homogêneas: a do Congresso
Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto legislativo, sobre
tratados, acordos ou atos internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da
República, que, além de poder celebrar esses atos de direito internacional (CF,
art. 84, VIII), também dispõe – enquanto Chefe de Estado que é – da
competência para promulgá-los mediante decreto.
O iter procedimental de incorporação dos tratados internacionais –
superadas as fases prévias da celebração da convenção internacional, de sua
aprovação congressional e da ratificação pelo Chefe de Estado – conclui-se com
a expedição, pelo Presidente da República, de decreto, de cuja edição derivam
três efeitos básicos que lhe são inerentes: (a) a promulgação do tratado
internacional; (b) a publicação oficial de seu texto; e (c) a executoriedade do ato
internacional, que passa, então, e somente então, a vincular e a obrigar no plano
do direito positivo interno. Precedentes.

SUBORDINAÇÃO NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS À


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
– No sistema jurídico brasileiro, os tratados ou convenções internacionais
estão hierarquicamente subordinados à autoridade normativa da Constituição da
República. Em consequência, nenhum valor jurídico terão os tratados
internacionais, que, incorporados ao sistema de direito positivo interno,
transgredirem, formal ou materialmente, o texto da Carta Política.
O exercício do treaty-making power, pelo Estado brasileiro – não obstante
o polêmico art. 46 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (ainda
em curso de tramitação perante o Congresso Nacional) -, está sujeito à
necessária observância das limitações jurídicas impostas pelo texto
constitucional.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE TRATADOS


INTERNACIONAIS NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO
– O Poder Judiciário – fundado na supremacia da Constituição da
República – dispõe de competência, para, quer em sede de fiscalização abstrata,
quer no âmbito do controle difuso, efetuar o exame de constitucionalidade dos
tratados ou convenções internacionais já incorporados ao sistema de direito
positivo interno. Doutrina e Jurisprudência.

PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMAS


Módulo Controle da Incidência Tributária

INFRACONSTITUCIONAIS DE DIREITO INTERNO


– Os tratados ou convenções internacionais, uma vez regularmente
incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro, nos
mesmos planos de validade, de eficácia e de autoridade em que se posicionam
as leis ordinárias, havendo, em consequência, entre estas e os atos de direito
internacional público, mera relação de paridade normativa. Precedentes.
No sistema jurídico brasileiro, os atos internacionais não dispõem de
primazia hierárquica sobre as normas de direito interno. A eventual precedência
dos tratados ou convenções internacionais sobre as regras infraconstitucionais
de direito interno somente se justificará quando a situação de antinomia com o
ordenamento doméstico impuser, para a solução do conflito, a aplicação
alternativa do critério cronológico (“lex posterior derogat priori”) ou, quando
cabível, do critério da especialidade. Precedentes.

TRATADO INTERNACIONAL E RESERVA CONSTITUCIONAL DE LEI


COMPLEMENTAR
– O primado da Constituição, no sistema jurídico brasileiro, é oponível ao
princípio pacta sunt servanda, inexistindo, por isso mesmo, no direito positivo
nacional, o problema da concorrência entre tratados internacionais e a Lei
Fundamental da República, cuja suprema autoridade normativa deverá sempre
prevalecer sobre os atos de direito internacional público.
Os tratados internacionais celebrados pelo Brasil – ou aos quais o Brasil
venha a aderir – não podem, em consequência, versar matéria posta sob reserva
constitucional de lei complementar. É que, em tal situação, a própria Carta
Política subordina o tratamento legislativo em determinado tema ao exclusivo
domínio normativo da lei complementar, que não pode ser substituída por
qualquer outra espécie normativa infraconstitucional, inclusive pelos atos
internacionais já incorporados ao direito positivo interno.

LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DA CONVENÇÃO N. 158/OIT, DESDE


QUE OBSERVADA A INTERPRETAÇÃO CONFORME FIXADA PELO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
– A Convenção n. 158/OIT, além de depender de necessária e ulterior
intermediação legislativa para efeito de sua integral aplicabilidade no plano
doméstico, configurando, sob tal aspecto, mera proposta de legislação dirigida
ao legislador interno, não consagrou, como única consequência derivada da
ruptura abusiva ou arbitrária do contrato de trabalho, o dever de os Estados-
Partes, como o Brasil, instituírem, em sua legislação nacional, apenas a garantia
da reintegração no emprego. Pelo contrário, a Convenção n. 158/OIT
expressamente permite a cada Estado-Parte (Artigo 10), que, em função de seu
próprio ordenamento positivo interno, opte pela solução normativa que se revelar
mais consentânea e compatível com a legislação e a prática nacionais,
adotando, em consequência, sempre com estrita observância do estatuto
Módulo Controle da Incidência Tributária

fundamental de cada País (a Constituição brasileira, no caso), a fórmula da


reintegração no emprego e/ou da indenização compensatória. Análise de cada
um dos artigos impugnados da Convenção n. 158/OIT (Artigos 4º a 10).

Anexo V
RE n. 627.280/RJ - RG

DJ 23/02/2012
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. BACALHAU (PEIXE
SECO E SALGADO). TRATAMENTO. ALCANCE DE ACORDO
INTERNACIONAL. GENERAL AGREEMENT ON TRADE AND TARIFFS.
DECRETO LEGISLATIVO 30/1994 E DECRETO 301.355/1994. PROPOSTA
PELO RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA. Tem
repercussão geral a discussão sobre a incidência do IPI sobre operações com
bacalhau (peixe seco e salgado), à luz do GATT, dos princípios da isonomia, da
seletividade e da extrafiscalidade e do conceito de industrialização.

Anexo VI
AI n. 764.951 AgRg/BA

DJ 13/03/2013
ICMS. IMPORTAÇÃO DE BACALHAU DA NORUEGA. PAÍS SIGNATÁRIO DO
GATT. ISENÇÃO HETERÔNOMA. TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO
PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. CONSTITUCIONALIDADE.
ALCANCE E LEGITIMIDADE DE ISENÇÕES À LUZ DA LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL. SIMILARIDADE ENTRE PRODUTOS NACIONAIS
E ESTRANGEIROS. APRECIAÇÃO EM SEDE EXTRAORDINÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA STF 279. A jurisprudência desta Suprema Corte
assentou-se no sentido da constitucionalidade das desonerações tributárias
estabelecidas, por meio de tratado, pela República Federativa do Brasil, máxime
no que diz com a extensão, às mercadorias importadas de países signatários do
GATT, das isenções de ICMS concedidas às similares nacionais (Súmula STF
575). Descabe analisar, em sede de recurso extraordinário, alegações
pertinentes à abrangência e à legitimidade de isenções frente à legislação
infraconstitucional, bem como a similaridade entre produtos nacionais e
estrangeiros para efeito da outorga do tratamento isonômico exigido pelo Acordo
Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT. Aplicação da Súmula STF
279. Agravo regimental conhecido e não provido.
Módulo Controle da Incidência Tributária

Anexo VII
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados

SEÇÃO 3
Interpretação de Tratados

Artigo 31
Regra Geral de Interpretação

1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum


atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e
finalidade.

2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além


do texto, seu preâmbulo e anexos:
a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão
com a conclusão do tratado;
b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com
a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo
ao tratado.

3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:


a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou
à aplicação de suas disposições;
b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se
estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação;
c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações
entre as partes.

4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que


essa era a intenção das partes.

Anexo VIII
REsp n. 1.555.004/SC
Julgamento: 16/02/2016
TRIBUTÁRIO. PRODUTO IMPORTADO. SABÃO ANTIACNE.
CLASSIFICAÇÃO PERANTE À ANVISA COMO COSMÉTICO. AUTORIDADE
ADUANEIRA QUE ENTENDE SER MEDICAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
ATRIBUIÇÃO DA AUTORIDADE SANITÁRIA (ANVISA) NA CLASSIFICAÇÃO
DO PRODUTO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. Incumbe à ANVISA regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços
que envolvam à saúde pública (art. 8º da Lei 9.782/99).
Módulo Controle da Incidência Tributária

2. Não pertence às atribuições fiscais e aduaneiras, alterar a classificação de um


produto, inclusive porque os seus agentes não dispõem do conhecimento
técnico-científico exigido para esse mister.
3. Produto classificado pela ANVISA como cosmético. Atribuição privativa da
Autoridade Sanitária, que refoge à competência da Autoridade Aduaneira.
4. Recurso Especial do contribuinte provido para restabelecer a sentença de fls.
974/975.
STJ. 1ª T. Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho. DJe 25/02/2016

Anexo IX
Parecer Normativo Cosit nº 06/2018

CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO


E ADUANEIRO. COMPETÊNCIA DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
DO BRASIL.
A legislação brasileira determina o cumprimento das normas internacionais
sobre classificação fiscal de mercadorias. Nos países que internalizaram em seu
ordenamento jurídico a Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado
de Designação e de Codificação de Mercadorias, a interpretação das normas
que regulam a classificação fiscal de mercadorias é de competência de
autoridades tributárias e aduaneiras. No Brasil, tal atribuição é exercida pelos
Auditores-Fiscais da RFB.
As características técnicas (assim entendidos aspectos como, por exemplo,
matérias constitutivas, princípio de funcionamento e processo de obtenção da
mercadoria) descritas em laudos ou pareceres elaborados na forma prescrita nos
artigos 16, inciso IV, 18, 29 e 30 do Decreto nº 70.235, de 1972, devem ser
observadas, salvo se comprovada sua improcedência, devendo ser
desconsideradas as definições que fujam da competência dos profissionais
técnicos.
Para fins tributários e aduaneiros, os entendimentos resultantes da aplicação da
legislação do Sistema Harmonizado devem prevalecer sobre definições que
tenham sido adotadas por órgãos públicos de outras áreas de competência,
como, por exemplo, a proteção da saúde pública ou a administração da
concessão de incentivos fiscais.
Dispositivos Legais: Constituição Federal, art. 37, XVIII, e art. 237; Lei nº 5.172,
de 25 de outubro de 1966, art. 96, art. 98, art. 108, art. 142, art. 194 e art. 196;
Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, art. 154 e art. 155; Decreto-Lei
nº 1.154, de 1º de março de 1971; Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972,
arts. 16 a 18 e art. 30; Decreto Legislativo nº 71, de 11 de outubro de 1988;
Decreto Legislativo nº 197, de 25 de setembro de 1991; Lei nº 9.782, de 26 de
janeiro de 1999, art. 8º; Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 48 a 50;
Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, art. 2º; Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015, art. 464, art. 465 e art. 470; Decreto nº97.409, de 22 de dezembro de 1988;
Módulo Controle da Incidência Tributária

Decreto nº 97.410, de 23 de dezembro de 1988; Decreto nº 350, de 21 de


novembro de 1991; Decreto nº 435, de 27 de janeiro de 1992; Decreto nº766, de
3 de março de 1993; Decreto nº 1.765, de 28 de dezembro de 1995; Decreto nº
2.092, de 10 de dezembro 1996; Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009,
art. 813; Decreto nº 9.003, de 13 de março de 2017, Anexo I, art. 25, XIX;
Instrução Normativa RFB nº 1063, de 10 de agosto de 2010; Instrução Normativa
RFB nº 1.800, de 21 de março de 2018, e Instrução Normativa RFB nº 1.747, de
28 de setembro de 2017. E-Dossiê nº 10030.000144/0718-31.

Anexo X
REsp n. 1.576.199/SC

JULGAMENTO: 13/04/2021

RECURSO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DO CPC/1973. ENUNCIADO


ADMINISTRATIVO Nº 2. PROCESSUAL CIVIL. ADUANEIRO. TRIBUTÁRIO.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC/1973. REVISÃO ADUANEIRA
REALIZADA NA VIGÊNCIA DO DECRETO N. 6.759/2009 (RA-2009) DENTRO
DA SISTEMÁTICA DE LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ALTERAÇÃO
DE CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DOS
ARTS. 50, 51, 52, 54, DO DECRETO-LEI 37/66, E DOS ARTS. 149, V E 150,
§4º DO CTN. APLICABILIDADE DA SÚMULA N. 227 DO EXTINTO TFR
APENAS PARA AS DECLARAÇÕES DE IMPORTAÇÃO DENTRO DA
SISTEMÁTICA DE LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO (ART. 147, DO CTN),
OU SEJA, DECLARAÇÕES REGISTRADAS DURANTE A VIGÊNCIA DO
DECRETO N. 91.030/85 (RA-85).
1. Ausente a alegada violação ao art. 535, do CPC/1973, tendo em vista a
manifestação suficiente sobre os artigos de lei e teses invocados pelo recorrente.
2. O “Despacho Aduaneiro” é um procedimento que se inicia com o registro da
“Declaração de Importação” (art. 44, do Decreto-Lei n. 37/66), passa pela
“Conferência Aduaneira” nos chamados canais “Verde”, “Amarelo”, “Vermelho”
e “Cinza” (art. 50, do Decreto-Lei n. 37/66 e art. 21, da IN/SRF n. 680/2006),
depois pelo “Desembaraço Aduaneiro” onde se libera a mercadoria importada
(art. 51, do Decreto-Lei n. 37/66) e pode ter sua conclusão submetida a condição
resolutória por 5 (cinco) anos, em razão da homologação (“Conclusão do
Despacho” via “Revisão Aduaneira”) prevista no art. 54, do Decreto-Lei n. 37/66
e art. 638, do Decreto n. 6.759/2009 - RA-2009).
3. Assim, o lançamento efetuado pela autoridade fiscal e aduaneira no
procedimento de “Revisão Aduaneira” tem por base o art. 54, do Decreto-Lei n.
37/66, o art. 150, §4º, do CTN, e o art. 638, do Decreto n. 6.759/2009 (RA-2009)
que permitem a reclassificação fiscal da mercadoria na NCM. Sua autorização
legal está nos incisos I, IV e V, do art. 149, do CTN.
4. São inconfundíveis a “Conferência Aduaneira” e o “Desembaraço Aduaneiro”
Módulo Controle da Incidência Tributária

e a “Conclusão do Despacho” (“Revisão Aduaneira”) que pode se dar 5 (cinco)


anos depois, tendo em vista a condição resolutória prevista tanto no art. 54, do
Decreto-Lei n. 37/66, quanto no art. 150, §4º, do CTN, e no art. 638, do Decreto
n. 6.759/2009 (RA-2009) que adotaram a sistemática do lançamento por
homologação.
5. É pacífica a jurisprudência desta Casa no sentido de que a “Conferência
Aduaneira” e o posterior “Desembaraço Aduaneiro” (arts. 564 e 571 do Decreto
n. 6.759/2009) não impedem que o Fisco realize o procedimento de “Revisão
Aduaneira”, respeitado o prazo decadencial de cinco anos da sistemática de
lançamento por homologação (art. 638, do Decreto 6.759/2009). Precedentes:
REsp. n. 1.201.845/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
julgado em 18.11.2014; REsp. n. 1.656.572/RS, Segunda Turma, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 18.04.2017; AgRg no REsp. n. 1.494.115/SC,
Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03.03.2015; REsp. n.
1.452.531/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
12.08.2014; REsp. n. 1.251.664/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 18.08.2011.
6. Indiferente os canais adotados para a “Conferência Aduaneira” (“Verde”,
“Amarelo”, “Vermelho” ou “Cinza”), somente há que se falar em lançamento
efetuado no ato de “Conferência Aduaneira” se houver a apresentação da
Manifestação de Inconformidade a que se refere o art. 42, §2º, da IN/SRF n.
680/2006. Não ocorrendo esse lançamento, as retificações de informações
constantes da Declaração de Importação - DI são atos praticados pelo próprio
contribuinte na condição de “autolançamento”, dentro da sistemática de
lançamento por homologação, apenas se cogitando da incidência do art. 146, do
CTN (modificação de “critérios jurídicos adotados pela autoridade
administrativa”), se esses atos se deram em razão de orientação expressa dada
pelo fisco no momento de sua feitura que há de ser comprovada nos autos.
7. A partir do advento do Decreto n. 4.543/2002 (RA-2002), a classificação da
mercadoria passou a ser ato praticado pelo CONTRIBUINTE importador na
“Declaração de Importação”, o que passou a caracterizar portanto, a figura do
“autolançamento” ou lançamento por homologação e não mais o lançamento por
declaração que vigorava anteriormente na vigência do Decreto n. 91.030/85 (RA-
85), pois o contribuinte passou a apontar todos os elementos constitutivos do
fato gerador e a adiantar o pagamento. Neste mesmo momento, a inserção da
“Revisão Aduaneira” dentro da sistemática do lançamento por homologação se
deu também com o advento do art. 570, §2º, I, do Decreto n. 4.543/2002 (RA-
2002), que passou a fazer alusão ao prazo do art. 54, do Decreto-Lei n. 37/66
(lançamento por homologação) e não mais ao do art. 149, parágrafo único
(revisão de ofício de lançamento), como o fazia o art. 456, do Decreto n.
91.030/85 (RA-85).
8. O registro é importante porque invariavelmente os contribuintes invocam
jurisprudência deste STJ, respaldada na Súmula n. 227 do extinto TFR (“A
mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão do
lançamento”) construída para a situação anterior [vigência do Decreto n.
Módulo Controle da Incidência Tributária

91.030/85 (RA-85)] onde o lançamento era por declaração para as situações que
tais (art. 147, do CTN), o que impossibilitava a realização de lançamento
suplementar pelo fisco para corrigir a classificação fiscal, já que seria um
segundo lançamento efetuado com base no art. 149, parágrafo único, do CTN,
havendo, portanto, o óbice do art. 146, do mesmo CTN.
Contudo, em se tratando de Declaração de Importação registrada após a
revogação do Decreto n. 91.030/85 (RA-85), na “Revisão Aduaneira” o que existe
é o lançamento em si efetuado por vez primeira dentro da sistemática do
lançamento por homologação (art. 150, § 4º, do CTN) e não uma revisão de
lançamento já efetuado, que seria um segundo lançamento realizado consoante
o art. 149, parágrafo único, do CTN.
9. Assim, para as Declarações de Importação registradas após a revogação do
Decreto n. 91.030/85 (RA-85) é inaplicável a Súmula n. 227 do extinto TFR (“A
mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão do
lançamento”) e, por conseguinte, são inaplicáveis os precedentes: REsp. n.
1.112.702/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20.10.2009; AgRg
no REsp. n. 1.347.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado
em 06.08.2013; REsp. n. 1.079.383/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 18.06.2009; AgRg no REsp 478389/PR, Segunda Turma,
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25.09.2007; REsp 654076/RJ, Segunda
Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 19.04.2005; REsp 412904/SC,
Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 07.05.2002; REsp. n. 27.564/RJ,
Segunda Turma, Rel. Ari Pargendler, julgado em 02.05.1996; dentre outros que
se referem à sistemática de lançamento anterior.
10. Recurso especial não provido.
STJ. 2ª T. Rel. Min. Mauro Campbell Marques. DJe 19/04/2021.

Anexo XI
TRF4 - APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 5001545-
79.2012.404.7201/SC

JULGAMENTO: 04/07/2013
EMENTA
TRIBUTÁRIO E ADUANEIRO. IMPORTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL.
REVISÃO ADUANEIRA DE DI PARAMETRIZADA PARA O CANAL VERMELHO
DE CONFERÊNCIA ADUANEIRA. DETERMINAÇÃO DE RECLASSIFICAÇÃO.
MODIFICAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE.
1. A revisão aduaneira trata-se procedimento administrativo previsto no art. 638
do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009), ato pelo qual é apurada,
após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e
dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício
fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração
de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação.
Módulo Controle da Incidência Tributária

2. Caso a DI revisada tenha sido selecionada para o canal vermelho de


conferência aduaneira - no qual há criteriosa análise documental de toda a
operação realizada, inclusive com a verificação física da mercadoria -, o fato de
a autoridade não ter, à época do desembaraço aduaneiro, apontado nenhum
erro quanto à classificação fiscal, embora não configure homologação formal
expressa dos procedimentos realizados pelo importador, sem dúvida causaria
neste uma expectativa de direito de utilizar-se novamente dos mesmos
procedimentos em importações futuras. Nesse contexto, seria possível concluir
por uma verdadeira mudança de critério jurídico, ainda que limitada à seara fática
da controvérsia.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a
Egrégia 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,
dar parcial provimento ao apelo da parte autora e negar provimento ao apelo da
União e à remessa oficial, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas
que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 02 de julho de 2013.
Desembargador Federal Otávio Roberto Pamplona
Relator

RELATÓRIO

Trata-se de ação anulatória de auto de infração que, após procedimento de


revisão aduaneira, cominou à autora penalidades de multa por erro de
classificação fiscal e ausência de licença de importação, além da necessidade
de recolhimento de diferenças tributárias em face da reclassificação da
mercadoria importada e já desembaraçada.

Processado o feito, sobreveio sentença que, entendendo inexistente alteração


de critério jurídico a embasar o ato administrativo, manteve a exigibilidade das
diferenças tributárias entre o valor pago e o efetivamente devido em face da
reclassificação fiscal. Por outro lado, reconhecendo a ocorrência de mero
equívoco na classificação e presente a boa-fé do importador, afastou as sanções
pecuniárias impostas pelo Fisco. Declarou a sucumbência recíproca, com a
determinação de compensação da verba honorária.

Apelam as partes.

O autor alega, em síntese, a impossibilidade de mudança do critério jurídico em


revisão aduaneira, sendo certo que o desembaraço aduaneiro é lançamento
tributário realizado após a conferência da classificação fiscal e o prévio
pagamento dos tributos, bem como que, consequentemente, se a autoridade
fiscal não se insurgiu contra a classificação indicada pelo contribuinte no
momento do desembaraço, não pode, posteriormente, proceder à revisão do
lançamento. Insurge-se, ainda, quanto à compensação dos honorários
Módulo Controle da Incidência Tributária

advocatícios, requerendo sua fixação na proporção da sucumbência de cada


parte.

A União aduz a legalidade do ato de revisão aduaneira, o qual pode ser realizado
no prazo de 5 (cinco) anos, a contar da conclusão do despacho aduaneiro.
Discorre sobre os conceitos de desembaraço aduaneiro, declaração de
importação e seleção parametrizada da DI, afirmando que nem todas as
mercadorias passam pela conferência aduaneira propriamente dita antes do
desembaraço aduaneiro, o que se mostraria inviável ante o número de
mercadorias negociadas no âmbito do comércio internacional. Alega que a
revisão aduaneira não implica a modificação do critério jurídico adotado por
ocasião do desembaraço aduaneiro, especialmente porquanto, relativamente
aos produtos para os quais houve, por parte do importador, ingresso perante a
RFB de processo de consulta quanto à classificação fiscal, esta foi mantida (na
revisão) de acordo com a orientação fornecida pelo órgão competente. Sustenta
que a própria autora reconhece a possibilidade da ocorrência de equívocos na
classificação fiscal dos produtos, alegando sua responsabilidade objetiva pela
infração tributária, nos termos do art. 136 do CTN. Aduz que as penalidades
aplicadas, tanto por erro na classificação fiscal quanto pela ausência de LI,
encontram-se bem fundamentadas e discriminadas no auto de infração,
ressaltando que para os casos em que a classificação adotada pelo importador
estava de acordo com a desta fiscalização, deixamos de aplicar a referida
sanção. Requer o provimento do recurso para que a ação seja julgada totalmente
improcedente, com a condenação da autora nos ônus da sucumbência.

Com as contra-razões, vieram os autos para julgamento.

É o relatório.

VOTO

Cinge-se a controvérsia à legalidade do ato de revisão aduaneira de 95 (noventa


e cinco) declarações de importação registradas pela autora entre os anos de
2006 e 2011(Evento 6 OUT4 e OUT5), do qual resultou a apuração de crédito
tributário - entre diferenças de impostos e multas por classificação fiscal errônea
e ausência de licenciamento para a operação - no valor de R$676.521,52
(Evento 6 OUT4 pág. 148).

Quanto à revisão aduaneira, trata-se procedimento administrativo previsto no art.


638 do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009):

Art.638. Revisão Aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço


aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais
gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da
exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de
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importação, ou pelo exportador na declaração de exportação (Decreto-lei no


37, de 1966 art. 54, com a redação dada pelo Decreto-lei n.º 2.472, de 1988,
art. 2.º , e Decreto-lei n.º 1.578, de 1977, art. 8.º).

§ 1.º Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade


aduaneira deverá observar os prazos referidos nos arts. 752 e 753..

§ 2.º A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos,


contado da data:

I - do registro da declaração de importação correspondente (Decreto-lei no 37,


de 1966, art. 54, com a redação dada pelo Decreto-lei no 2.472, de 1988, art.
2o); e

II - do registro de exportação.

§ 3.º Considera-se concluída a revisão aduaneira na data da ciência, ao


interessado, da exigência do crédito tributário apurado.

O art. 54 do Decreto-lei n.º 37, de 18/11/1966, por sua vez, dispõe o seguinte:

Art. 54 - A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais


gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da
exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma
que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos,
contado do registro da declaração de que trata o art. 44 deste Decreto-Lei.
(grifos acrescidos)

No caso dos autos, houve erro quanto à classificação fiscal, com repercussão,
em alguns casos, no recolhimento dos tributos devidos.

A boa-fé do importador foi reconhecida na sentença, não havendo apontamento


em contrário no recurso da União - que defende a tese da responsabilidade
objetiva -, e tampouco no auto de infração (Evento 6 RELT3) - no qual inexistem
informações sobre eventual tentativa de fraude ou dolo na conduta no
importador.

Também não há, no auto de infração, maiores dados relativos às operações


revisadas, especialmente quanto à parametrização das referidas (ou de algumas
das) 95 (noventa e cinco) declarações de importação para canais de conferência
diversos do verde.

Tal informação é de extrema relevância para que se conclua pela caracterização,


ou não, da mudança de critério de interpretação no proceder da autoridade
aduaneira.
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Afinal, caso uma parcela das DIs tenha sido selecionada para o canal vermelho,
por exemplo - no qual há criteriosa análise de toda a operação, com a
conferência documental e física da mercadoria -, o fato de a autoridade não ter,
à época do desembaraço aduaneiro, apontado nenhum erro quanto à
classificação fiscal e/ou ausência de LI, embora não configurasse homologação
formal expressa dos procedimentos realizados pelo importador, sem dúvida
causaria neste uma expectativa de direito de utilizar-se novamente dos mesmos
procedimentos em importações futuras. Nesse contexto, seria possível concluir,
diversamente do alegado pela União, por uma verdadeira mudança de critério
jurídico, ainda que limitada à seara fática da controvérsia.

Assim, tratando-se de tantas operações e em período tão extenso (5 anos),


entendo indispensável a presença de informação nos autos acerca da
parametrização das declarações de importação revisadas: todas foram
selecionadas para o canal verde de conferência aduaneira?

No concernente, como bem alegado pela própria União em seu apelo, nem todas
as mercadorias passam pela conferência aduaneira propriamente dita antes do
desembaraço aduaneiro, o que se mostraria inviável ante o número de
mercadorias negociadas no âmbito do comércio internacional. Nesses casos, em
que a DI é direcionada para o canal verde, quando não há exame físico nem
análise dos documentos instrutivos da operação, sendo a mercadoria
desembaraçada automaticamente, é possível a revisão aduaneira, nos moldes
ora realizados.

Nesse sentido, os seguintes excertos da sentença proferida nos autos dos


embargos à execução fiscal de nº 5008656-93.2012.404.7208/SC:

Na hipótese de conferência pelo canal verde, tendo em vista que o


desembaraço se dá de forma automática, não há participação efetiva da
autoridade administrativa, de sorte que não há que se falar em lançamento
homologado expressamente, nos termos do art. 150, caput, do Código
Tributário Nacional. O Fisco não revisa o lançamento e sim a declaração.
Havendo omissão ou inexatidão na declaração procederá ao lançamento de
ofício.

A revisão aduaneira no despacho aduaneiro em que ocorre lançamento por


homologação vem a ser uma revisão da declaração do importador/exportador,
uma vez que o lançamento stricto sensu, juridicamente considerado, só ocorre
quando da homologação tácita ou expressa. Até lá, o que existe é mera
atividade do obrigado. (MACHADO, Corintho Oliveira. A modificação de
critérios jurídicos adotados no lançamento tributário aduaneiro).

Impedir a revisão das declarações parametrizadas para o canal verde, ao


argumento de impossibilidade de revisão do lançamento, significa não se
atentar para as peculiaridades das normas aduaneiras e seus diferentes
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modos de conferência. Além disso, poderia fomentar a prática de fraudes, pois


88% das DIs são parametrizadas para este canal, o que poderia levar o
importador a correr o risco de sua DI não ser parametrizada para ele.

Neste caso, porém, não foi anexado o processo administrativo, onde seria
possível verificar, nas cópias das 95 DIs revisadas, as suas respectivas
parametrizações para os canais de conferência aduaneira.

Dessarte, entendendo que os autos não se encontravam prontos para


julgamento, ante a ausência de elementos (cópias das DIs revisadas) aptos à
análise do cerne da controvérsia, qual seja, a mudança de critério jurídico
utilizado pela autoridade aduaneira quando do desembaraço das mercadorias
importadas, a posição inicial deste relator foi no sentido de anular a sentença,
com o retorno dos autos à origem para reabertura da instrução probatória.

Levado o feito a julgamento, na sessão de 09/05/2013, o procurador da parte foi


inquirido, durante sua sustentação oral, a respeito da efetiva (in)existência de
documentos indicativos das parametrizações das DIs revisadas. Ante a incerteza
do advogado, que não soube precisar a informação, o julgamento foi suspenso.

No dia 15/05/2013 a parte autora peticionou nos autos, para, diante do pedido
de esclarecimento de matéria de fato realizado pelo Excelentíssimo
Desembargador Federal em sustentação oral, apresentar (...) planilha onde
constam as Declarações de Importação (DI's), objeto de autuação fiscal, que
passaram pelo canal vermelho e canal amarelo (Evento 5 PET1). Anexou
documentos (Evento 5 OUT2).

Devidamente intimada para manifestar-se sobre a documentação carreada ao


feito pela autora, a União alegou em sua defesa: a) que devem ser
desconsiderados referidos documentos, haja vista sua juntada em momento
processual impróprio e b) o fato demonstrado pelos comprovantes juntados, qual
seja, terem algumas declarações de importação sido selecionadas para o canal
vermelho, não possui o condão de deslegitimar a revisão aduaneira praticada.

Sem razão, contudo.

Com efeito, tendo por base os princípios da economia e celeridade processuais,


bem como considerando a ausência de qualquer prejuízo à parte contrária, que
teve vista da documentação anexada e sobre ela emitiu seu parecer de defesa,
entendo possível e até recomendável evitar a anulação da sentença -
providência que teria por finalidade justamente a produção da indispensável
prova ora apresentada pelo autor.

Dito isso, do cotejo das cópias dos comprovantes de importação juntados


(Evento 5 OUT2) com as DIs objeto do auto de infração (Evento 6 OUT4),
Módulo Controle da Incidência Tributária

verifica-se que, das 95 (noventa e cinco) revisadas, as seguintes operações


foram direcionadas para o canal vermelho de conferência aduaneira:

DI nº 08/1792872-8, registrada em 11/11/2008;


DI nº 10/0016440-5, registrada em 05/01/2010;
DI nº 10/0126486-1, registrada em 25/01/2010;
DI nº 10/0724762-4, registrada em 04/05/2010;
DI nº 10/0798270-7, registrada em 14/05/2010;
DI nº 09/0876445-0, registrada em 09/09/2009;
DI nº 09/1026439-7, registrada em 06/08/2009;
DI nº 09/1295995-3, registrada em 24/09/2009;
DI nº 09/1352780-1, registrada em 05/10/2009;
DI nº 11/0527068-0, registrada em 23/03/2011.

Em relação às importações elencadas, portanto, selecionadas para o canal


vermelho, tendo em vista os fundamentos já expostos, deve ser provido o
recurso da autora, para declarar inexigível o recolhimento de diferenças
tributárias em face da reclassificação da mercadoria importada e já
desembaraçada com criteriosa análise documental de toda a operação, inclusive
conferência física dos produtos adquiridos.

Nesse sentido, o precedente deste órgão julgador:

TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. DESEMBARAÇO


ADUANEIRO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. REVISÃO DE LANÇAMENTO.
ART. 570 DO REGULAMENTO ADUANEIRO - DECRETO Nº 4.543/2002.
O art. 149 do CTN autoriza a revisão do lançamento, dentre outras hipóteses,
quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento
definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória, ou
seja, quando há erro de direito. Se a autoridade fiscal não teve acesso à
mercadoria importada, deixando de examinar a sua qualidade, quantidade,
marca, modelo e outros atributos, é possível a revisão aduaneira, nos termos
do art. 570 do Regulamento Aduaneiro - Decreto nº 4.543/2002, combinado
com o art. 149 do CTN. (TRF4, APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº
5008656-93.2012.404.7208, 2ª Turma, Des. Federal LUCIANE AMARAL
CORRÊA MÜNCH, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM
10/05/2013)

O reconhecimento da procedência do feito não se estende às operações


originalmente direcionadas para o canal amarelo, no qual há apenas conferência
documental, não havendo verificação física da mercadoria que pudesse ensejar,
à época do desembaraço aduaneiro, a determinação de reclassificação fiscal.

Nesses casos, portanto, possível a revisão aduaneira nos moldes ora realizados.
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No tocante às multas aplicadas, tenho que merece ser mantida a bem lançada
sentença, nos seguintes termos, os quais me permito adotar, para evitar
tautologia, como razões de decidir, verbis:

Por outro lado, entendo que as multas por irregularidade na classificação fiscal
e inobservância normativa não se aplicam ao presente caso.

Conforme restou demonstrado nos autos, efetivamente não havia no Sistema


de Classificação Fiscal previsão expressa acerca de cada um dos produtos
importados, sendo presumível a boa-fé do importador que, por sua vez,
efetuou diversas consultas à autoridade administrativa para aferir a correta
classificação dos bens, passando a classificar os produtos, a partir de então,
conforme a orientação dada.

Embora a atividade administrativa esteja restringida pelo princípio da


legalidade, na situação concreta não houve qualquer prejuízo ao erário, tendo
a empresa autora providenciado o recolhimento dos tributos devidos e
atendido às determinações impostas.

Tratando-se de mero equívoco na classificação das mercadorias e não


havendo qualquer indício de que o importador tenha agido de má-fé, visando
proveito econômico, é de ser relevada a sanção imposta pelo Fisco.

Nesse sentido, colaciono os seguintes precedentes do TRF da 4ª Região:

EMENTA: ADUANEIRO. MULTA. ART. 69 DA LEI Nº 10.833/03.


IMPORTAÇÃO. DESCABIMENTO. ERRO MATERIAL. APLICAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.
Tendo restado demonstrado que a discrepância detectada na operação de
importação se deveu a mero equívoco por parte do importador quando do
preenchimento do formulário 'on line' do Sistema SISCOMEX, não havendo
qualquer indício de má-fé, tampouco de proveito econômico, deve ser
relevada a pena de multa aplicada ao importador, com fundamento nos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade. (TRF4, AC 5001445-
74.2010.404.7208, Segunda Turma, Relatora p/ Acórdão Luciane Amaral
Corrêa Münch, D.E. 01/03/2012)

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ADUANEIRO. REEXAME NECESSÁRIO.


CLASSIFICAÇÃO DAS MERCADORIAS. ERRO. DIFERENÇAS
TRIBUTÁRIAS. MULTA. JUROS DE MORA.
A correta classificação das mercadorias, no caso, exige a produção de prova
técnica, incompatível com o rito do mandado de segurança. As sanções
devem ser afastadas quando configurada a boa-fé na divergência quanto à
denominação das mercadorias. (TRF4 5002607-37.2010.404.7101, Primeira
Turma, Relatora p/ Acórdão Maria de Fátima Freitas Labarrère, D.E.
19/07/2012)
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ADUANEIRO E TRIBUTÁRIO. PRODUTOS À BASE DE TRIGO.


DENOMINAÇÃO DA MERCADORIA E CLASSIFICAÇÃO FISCAL. ERRO
ESCUSÁVEL E PLENAMENTE JUSTIFICADO. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ.
RELEVAÇÃO DA SANÇÃO APLICÁVEL.
1. 'As penalidades aplicadas em razão de divergência quanto à classificação
fiscal necessitam, além do evidente erro de fato quanto ao correto
enquadramento das mercadorias, a intenção de lesar o erário. Nessa banda,
importa a verificação, in concreto, da intenção do agente na consecução do
ato objeto de autuação' (MAS 2006.70.02.009354-1/PR).
2. Tratando-se de infração aduaneira cometida sem má-fé, decorrente de erro
escusável e plenamente justificado, que não resulte em falta ou insuficiência
no pagamento de imposto e sanada pelo infrator, releva-se a penalidade
aplicável. Precedentes desta Corte.
3. Apelação provida.
(TRF4, AC 2006.70.02.008321-3, Segunda Turma, Relator Otávio Roberto
Pamplona, D.E. 27/01/2010)

Ante o exposto, julgo PROCEDENTE, em parte, o pedido formulado na inicial,


havendo resolução do mérito, nos termos do art. 269, I, do Código de
Processo Civil, para:

a) declarar a nulidade das penalidades impostas à autora, por meio do auto


de infração nº 0920200.00826/11;

b) declarar o direito da parte-autora a compensar os valores indevidamente


recolhidos a esse título, observando-se o artigo 170-A do CTN, facultada a
repetição do indébito tributário corrigido pela taxa SELIC.

Mantenho a compensação da verba honorária determinada no decisum, ante a


sucumbência recíproca equivalente que não restou descaracterizada pelo
provimento ora alcançado.

Ante o exposto, voto por dar parcial provimento ao apelo da parte autora e negar
provimento ao apelo da União e à remessa oficial.

Desembargador Federal Otávio Roberto Pamplona


Relator

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